You are on page 1of 11

Ciência e Natura

ISSN: 0100-8307
cienciaenaturarevista@gmail.com
Universidade Federal de Santa Maria
Brasil

Lazzerini, Fábio Tadeu; Bonotto, Daniel Marcos


O silício em águas subterrâneas do Brasil
Ciência e Natura, vol. 36, núm. 2, mayo-agosto, 2014, pp. 159-168
Universidade Federal de Santa Maria
Santa Maria, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=467546173010

Como citar este artigo


Número completo
Sistema de Informação Científica
Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal
Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
Artigo Original DOI:10.5902/2179460X13135

Ciência e Natura, Santa Maria, v. 36 n. 2 mai-ago. 2014, p. 159–168


Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas - UFSM
ISSN impressa: 0100-8307 ISSN on-line: 2179-460X

O silício em águas subterrâneas do Brasil


The silicon in Brazilian groundwater

Fábio Tadeu Lazzerini1, Daniel Marcos Bonotto 2


1,2
Universidade Estadual Paulista “Julio Mesquita Filho”, Rio Claro, SP, Brasil

Resumo

Elemento presente em processos ocorrendo desde a formação da Terra, o silício é o sólido mais abundante e disperso
no ambiente crustal. Sua ocorrência na geosfera, mesmo em baixas concentrações, é fundamental nos processos
geológicos, hidrológicos e biológicos. As águas minerais costumam conter o silício em sua forma biodisponível, de
comprovados benefícios para a saúde humana. Não estando prevista a classificação de águas silicatadas na legislação
brasileira e sendo poucos os estudos hidroquímicos enfocando suas potenciais aplicações à saúde humana, espera-se
com este trabalho contribuir com este conhecimento. Para tanto, foi realizada uma extensa revisão bibliográfica,
de exemplos internacionais, sobre sua utilização medicinal, hidroterapêutica e nutricional, bem como dos teores
adequados para silício nas águas. O inventário hidroquímico e geográfico elaborado permitiu avaliar e comparar
322 ocorrências do silício, em águas subterrâneas do país, entre si e com exemplos de outros países. A intersecção
entre os dois conjuntos de informações permitiu inferir que águas silicatadas são benéficas aos tecidos e estruturas
ósseas dos seres vivos, bem como no combate da toxicidade devido ao Al. Os teores encontrados são anormalmente
elevados e correlações hidroquímicas e hidrogeológicas, equivalentes à bibliografia consultada, indicam grande
potencial de aproveitamento destes recursos hídricos no Brasil.

Palavras-chave: silício. águas silicatadas. balneários. hidrogeologia. bioatividade.

Abstract

Element present in processes since the Earth formation, silicon is the most abundant and dispersed solid in the
crustal environment. Its occurrence in geosphere, even in low concentrations, is fundamental in geological,
hydrological and biological processes. The mineral waters often contain silicon in its bioavailable form of proven
benefits for human health. The Brazilian legislation does not classify siliceous waters and little hydrochemical
studies focus their potential application to human health, thus, this paper aims to increase this knowledge. For
this purpose, it was performed a large bibliographic review of international examples about their use in medicine,
hydrotherapy and nutrition, as well on the appropriate silicon contents in waters. The hydrochemical and
geographical inventory allowed evaluate and compare 322 occurrences of silicon in groundwater in the country,
with each other and with examples from other countries. The intersection between the two sets of information
permitted to infer that the siliceous waters are benefit to tissues and osseous structures of living beings, as well
as in Al toxicity prevention. The anomalously high Si levels reported in the database and the hydrochemical and
hydrogeological correlations equivalent to the bibliography consulted have indicated great potential of utilization
of these hydric resources in Brazil.

Keywords: silicon. siliceous waters. SPAs. hydrogeology. bioactivity.

Recebido: 12/03/2014 Aceito: 25/04/2014


Ciência e Natura, v. 36 n. 2 mai-ago. 2014, p. 159–168 160

1 Introdução relativamente pequenas, como constituinte secundário


dentre os demais solutos (Tabela 1).
A sílica (SiO2) é a substância mais abundante do pla- Tabela 1. Conteúdo médio de Si em diferentes
neta Terra, constituindo 59,12% da crosta (que representa materiais/reservatórios. Segundo HEM (1989),
0,4% da massa global), 45% do manto (representando KRAUSKOPF & LOAGUE (2003) e SHVARTSEV
67% da massa global), sendo também encontrada em (2008a).
menores proporções no núcleo (32,4% da massa global).
Material/Reservatório Unidade Valor
Como minerais, os silicatos possuem predomínio
ainda mais evidente na crosta terrestre, com a maior Granito ppm 323000
diversidade cristalográfica do reino mineral (mais de
500 espécies). Os aluminossilicatos, compostos dos três Basalto ppm 244000
elementos químicos mais abundantes (oxigênio, silício
e alumínio), representam 75% da massa litosférica total Xisto ppm 73000
e seus mais comuns minerais primários (endógenos) são
os feldspatos e secundários (exógenos ou de alteração) Arenito ppm 359000
as argilas. O grupo da sílica pura, principalmente sob a
forma de quartzo, distribui-se em 12% da massa global Solos ppm 330000
dos silicatos.
O silício fundamenta estruturas e processos geológi- Chuvas mg/L 0,7
cos, biológicos, antropológicos e econômicos, sendo um
dos principais componentes de toda matéria viva desde Lagos alpinos mg/L 0,8
sua origem. Nas condições ambientais atmosféricas e
subterrâneas, sua resistência e solidez caracterizam suas Oceanos mg/L 2,9
ocorrências. Na tabela periódica, o silício possui uma
das maiores condutividades térmicas, ponto de fusão Águas de solos mg/L 5,6
e de vaporização e tamanho das unidades cristalinas,
exibindo baixa condutividade elétrica. Na escala loga-
Sangue humano mg/L 6,1
rítmica de Mohs (1 a 10), a sílica tem dureza 7, ou seja,
Rios tropicais mg/L 9,5
é a quarta substância mais dura na natureza. E dentro
de sua diversidade, outro silicato, o talco, é o mais mole Rios temperados mg/L 3,3
ao risco físico, com dureza 1 desta escala.
Uma propriedade natural peculiar e interessante do Rios do mundo mg/L 5,5
silício ocorre nos minerais de quartzo e turmalina: o efeito
piezoelétrico. Consiste na capacidade de gerar campo Aquíferos do mundo mg/L 8,4
elétrico em sua superfície, quando esta é submetida à
pressão, especialmente se coincidente aos extremos de Aquíferos glaciais mg/L 4,1
seus eixos cristalográficos. Na mesma intensidade, mas
de maneira inversa, ao se aplicar voltagem, o volume Aquíferos tropicais mg/L 9,8
deste mineral sofre pequenas mudanças.
Os minerais de silicato são insumos para quase Aquíferos áridos mg/L 14,6
todos os setores econômicos e tipos de indústria: quí-
mica, metalúrgica, automobilística, bélica, agregados de Aquíferos temperados mg/L 6,2
construção civil, cerâmica, farmacosmética, alimentícia, Aquíferos em
nutrição, saúde ambiental, nanomateriais, biotecnologia, mg/L 7,1
montanhas
etc. O quartzo puro é consumido, sob a forma de areias Aquíferos em
industriais (abrasivos, refratários, vidraçaria), para mg/L 37,4
ultrabásicas
construção civil ou como cristal piezoelétrico, gerando
produtos finais de uso em diferentes áreas, inclusive Aquíferos em riolitos mg/L 25,6
associadas com o famoso “vale do silício”: elétrica,
eletrônica (rádio, TV, disco), medicina, óptica, química,
Aquíferos em granitos mg/L 3,7
relojoaria, telecomunicações, novos materiais, fibra ótica,
Aquíferos em basaltos mg/L 18,7
iluminação led, ultrassom e informática.
Quando em meios aquosos, nas diferentes condi- Aquíferos em arenitos mg/L 11,9
ções termodinâmicas naturais do sistema água-sílica,
possui comportamentos peculiares que caracterizam a Aquíferos em evaporitos mg/L 14,6
sua gênese e evolução. Na hidrosfera, está presente em
todos os tipos de corpos aquáticos e, em concentrações
161 LAZZERINI et al. O silício em águas....

Alguns fatores relacionados aos teores de Si dissolvido 2 Hidrogeoquímica da sílica


nas águas (raramente acima de 100 mg/L) são: origem em
minerais primários de difícil solubilização; mobilidade Nos processos geológicos, o estado de equilíbrio-
iônica menor que dos principais solutos presentes nas desequilíbrio do sistema águas-rochas-gases-matérias
águas (SiO2=0,2%, por exemplo, em comparação com orgânicas (vivas e não vivas) direciona a formação di-
Cl-=100% ou Ca2+=3%); consumo pela biomassa; cons- versificada dos tipos geoquímicos, hidroquímicos e de
tante de dissociação alterada pela força iônica da água minerais secundários associados aos fluidos mantélicos,
do mar ou presença de CO2; hidrólise relativamente magmáticos, hidrotermais, depósitos de minérios e de
lenta na faixa de pH naturalmente mais comum. Numa intemperismo (SHVARTSEV, 2008b).
evolução normal do sistema água-rocha, grande parte Em condições normais, a solubilidade da SiO2, sob a
do silício livre pela dissolução é prontamente absorvido forma de quartzo, é de 6,5 mg/L, podendo aumentar de
na formação de argilas resultantes das interações entre acordo com a composição, estrutura e granulometria (<10-4
minerais secundários (HEM, 1989; SZIKSZAY, 1993; cm) dos diferentes minerais silicátios, por exemplo, a sílica
SHVARTSEV, 2008a). amorfa pode solubilizar em até 115 mg/L (SZIKSZAY,
As águas superficiais e as de aquíferos rasos possuem 1993). Como principal reação de dissolução dos silicatos,
concentrações e formas de silício influenciadas pela tem- ocorre inicialmente a hidrólise, quando as superfícies
peratura atmosférica, presença de CO2, sílica livre nos de contato dos minerais silicáticos desequilibram-se em
solos, salinidade, matéria orgânica, tempo de contato e suas valências, permitindo o início da hidratação. Em
distância percorrida. Em especial, o calor aumenta sua condições normais, esta hidratação transforma a SiO2
solubilidade em regiões de climas tropicais (Tabela 1) e, em H4SiO4 e, em pH acima de 9, também para as formas
numa mesma região, durante as estações mais quentes de SiO32-, Si(OH)62- ou H3SiO3-. Independente do tipo
do ano (TARDY, 1971). Nas águas subterrâneas, o teor da rocha de origem (não carbonáticas), as águas onde
de Si costuma ser mais elevado, ao ponto deste aspecto o pH aumenta de 5 para 7 possibilitam uma maior con-
ser utilizado para indicar a autenticidade de uma água centração de sílica em solução. A solubilidade da sílica
mineral natural, bem como distingui-la de uma água é constante na faixa de pH 2-9, onde o pH ideal para a
superficial (BELTON et al., 2012). precipitação da sílica como coloide é próximo de 4,5;
Nas águas subterrâneas, os diferentes litotipos afetam em pH 8, existe a tendência de ocorrer como molécula
a presença do Si dissolvido, por exemplo: nas rochas dispersa (SJOBERG, 1996). Quando em meios de pH
cristalinas, sua hidrólise é menor que nas sedimentares extremos, ácido ou principalmente básico, seu potencial
arenosas, havendo maior dependência da participação de dissolução sofre aumento significativo, por exemplo
do CO2; os feldspatos alcalinos nos granitos (e gnaisses) na nascente de água fria de Aqua de Ney/California/
implicam em concentrações entre 4 e 10 mg/L de Si; nos EUA, que contém ~1870 mg/L de Si (pH=11,6) (FETH
dioritos, ocorre principalmente como SiO2 coloidal e et al., 1961).
pouco H4SiO4; nos basaltos, são comuns concentrações O CO2 promove a transição da sílica em solução. A
maiores que nos granitos, em torno de 20 mg/L; nos mi- presença de alumínio e fluoreto na água pode causar a
caxistos, a concentração média é de 9 mg/L e nos arenitos desintegração e retenção da sílica solúvel. A presença
de 12 mg/L (SZIKSZAY, 1993). A solubilidade da sílica do alumínio, mesmo que em baixa concentração, pode
nas águas provenientes de rochas ultrabásicas é mais aumentar, em muito, a quantidade de sílica precipitada
elevada devido à menor salinidade do meio (Tabela 1). sob a forma coloidal (GIMENO et al., 2009).
Análises espectroscópicas indicaram 20 espécies dis- A dependência da composição dos cátions sobre a
tintas de silicatos em águas naturais (EXLEY & SJÖBERG, química dos aluminossilicatos é mais claramente ma-
2014). Podem ocorrer como nanopartículas dispersas e nifestada nas águas mais frescas ou de circulação mais
sob a forma iônica dissolvida, sendo difícil a distinção rápida. Em soluções alcalinas, especialmente as conten-
devido ao seu comportamento atípico como um eletró- do sais de sódio, apesar do aumento da salinidade ser
lito (neutralidade de carga) e, também, às propriedades inversamente proporcional ao conteúdo de sílica, pode
incomuns para um coloide (HEM, 1989). Em condições ocorrer aumento da solubilidade da sílica na água em
normais, na maioria das águas, a espécie predominante até 50 vezes (com o NaHCO3 e NaOH) ou mesmo até
de Si ocorre como ácido ortossilícico (H4SiO4) e, mais 100 vezes (com o NaCl) (BRICKER, 1967).
raramente, como ácido metassilícico (H2SiO3). A forma Porém, o aumento de temperatura é o fator que
coloidal não iônica costuma predominar em águas su- mais influencia na solubilidade da sílica (TÖLGYESSY,
perficiais e águas dispersas nos solos, principalmente na 1993), explicando as elevadas concentrações ocorren-
presença de matéria orgânica. A polimerização da sílica do nas águas subterrâneas geotermais de gêiseres em
pelo rápido resfriamento das águas de fontes termais Yellowstone/EUA (~690 mg/L de Si), nas nascentes ter-
resulta, comumente, no predomínio composicional sob mais em Nevada/EUA (~490 mg/L de Si) ou em poços
a forma de precipitados coloidais nestas ocorrências de Nesjavellir/ISL (~320 mg/L de Si), onde são atingidas
(DOBRZYŃSKI & EXLEY, 2010). temperaturas de até 300 oC (DOUCET et al., 2001).
Ciência e Natura, v. 36 n. 2 mai-ago. 2014, p. 159–168 162

A termodinâmica do ambiente externo afeta a evolu- sedimentares na escala de tempo geológico.


ção dos sistemas água-rocha abaixo de 400oC e a menos A sílica também está presente nos vegetais em quan-
de 200m de profundidade, a composição dos materiais tidades equivalentes aos elementos essenciais cálcio,
envolvidos, as relações com agentes da superfície no magnésio e fósforo. Não há nenhum composto de Si–C,
decorrer do tempo geológico e o comportamento do Si–N ou Si–O–C/N em qualquer processo biológico
fluxo de água. Porém, especialmente ao ciclo hidroge- natural. O Si(OH)4 é um monômero neutro, em quase
ológico, são ainda mais relevantes o tempo de duração todas as condições fisiológicas possíveis. Como molécula,
das interações e as reações com os minerais secundários seu análogo mais próximo em sistemas biológicos é a
recém-formados, que geralmente são aluminossilicatos água. E, sob esta sua forma iônica mais simples, solúvel
(SHVARTSEV, 2008b). e comumente presente nas águas naturais, a sílica é
Diante da diversidade dos minerais silicáticos, a absorvida por grande quantidade de organismos como
maioria dos elementos presentes é solubilizada antes, diatomáceas, radiolárias, esponjas e, até mesmo, plantas
ou mais rapidamente, que o Si e o Al, originando re- superiores. Também é um constituinte fundamental nos
cristalização de minerais secundários, por exemplo, fenômenos de biomineralização, onde a capacidade dos
os hidróxi-aluminossilicatos, depois os argilominerais seres vivos em cristalizar novos minerais associa-se à
endógenos, que absorvem em suas cristalizações grande origem da vida no planeta, conforme identificado em
parte dos íons de silício disponíveis, que se fixam em fósseis das primeiras cianobactérias contendo o silício
suas estruturas ou precipitam-se, sem quase restar na junto ao cálcio (MATSKO et al., 2011; BELTON et al., 2012).
fase aquosa (DOUCET et al., 2001). As relações do silício com o alumínio, terceiro elemen-
A magnitude destes processos é observada por repre- to mais abundante na crosta terrestre, são importantes
sentar três dentre os sete tipos geoquímicos dominantes para a própria evolução da vida na Terra. Inicialmente,
de águas subterrâneas: alumínio-silício, silício-sódio e por ocorrerem juntos como constituintes principais dos
ácido silício-orgânico. A sua evolução, denominada “re- também abundantes argilominerais hidróxi-aluminossi-
ação reversa de alteração”, envolve o equilíbrio natural licatos, que, para o Al, representam grande parte de sua
de três argilominerais principais: caulinita, montmorilo- origem disponível ao ciclo litosférico. Embora todas as
nita e ilita. A liberação de gás carbônico destas reações espécies destes minerais possuam atividades biológicas
e a composição destes minerais secundários endógenos praticamente nulas, participam de maneira fundamental
proporcionam nova dinâmica geoquímica nestes sistemas na maior parte dos processos biogeoquímicos e algumas
(BRICKER, 1967; SHVARTSEV, 2008b). Este processo é, reações podem transformá-los em substâncias contendo
de tal maneira, comum e com parâmetros nitidamente o alumínio numa forma com maior bioatividade e po-
definidos, que fundamenta algumas classificações do tencial biodisponível. Uma vez que já é bem reconhecida
intemperismo através dos tipos de minerais recém- a toxicidade do Al, mesmo em baixas concentrações, o
formados, controlados pela intensidade da remoção da enfoque apresentado possui algum significado (EXLEY,
sílica, alumínio e das bases durante a decomposição da 2012).
rocha inicial (TARDY, 1971). Em zonas tropicais úmidas, certas características
biológicas são controladas por um particular processo
de intemperismo que, decompondo diversificados tipos
3 Ciclo biogeoquímico da sílica de rochas, resultam normalmente num mesmo material
argiloso de cor avermelhada e predominância de ferro
Embora a sílica esteja dentre os oito mais importantes e alumínio, devido a suas menores reatividades nestes
componentes biologicamente ativos na dinâmica dos ambientes. Assim, solos e águas superficiais em clima
ciclos biogeoquímicos globais, no geral, admite-se ser tropical costumam ser ácidos, também devido à ausência
o mais desconhecido deles. Em seu ciclo é observada de cálcio e outros metais capazes de neutralizar os ácidos
a influência predominante dos processos oceânicos orgânicos (HAZEN & SVERJENSKY, 2010).
devido ao volume total envolvido e o maior tempo de Tais controles geoquímicos das paisagens tropicais
permanência da sílica dissolvida em suas águas (~8000 úmidas são determinantes na bioquímica destes ecossis-
anos), por meio de mecanismos evolutivos bem mais temas, sendo dignos de nota (PEREL’MAN, 1962, 1986):
lentos que os observados nas águas continentais, espe- a explicação mais aceita atualmente sobre a exuberante
cialmente as superficiais. coloração de seus papagaios, beija-flores e outras aves
Resumidamente, os principais caminhos do ciclo tropicais, resultante de uma alimentação mais rica em
biogeoquímico da sílica são: nos continentes, ocorre alumínio que a de seus parentes habitantes de latitudes
sua dissolução através do intemperismo das rochas ou temperadas; a biocristalização de mineral silicático amor-
pelas alterações hidrogeológicas; a seguir, este material fo, de características muito similares à pedra preciosa
é transportado até os oceanos, onde então é assimila- opala, originada por atividades vegetais que ocorrem
do na fotossíntese por organismos marinhos, que, ao em árvores especialmente adaptadas pela evolução em
morrerem, depositam Si nos fundos oceânicos, o qual meio típico de umidade, calor e lamas tropicais.
retorna aos continentes após sua diagênese como rochas
163 LAZZERINI et al. O silício em águas....

4 Bioatividade do silício para ingestão e banhos para doenças ósseas, musculoes-


queléticas e metabólicas, especialmente para mulheres
Apesar de ainda não muito conhecidos, os benefícios (LI et al., 2010). Estudo realizado com água mineral da
do Si à saúde humana tiveram seus primeiros estudos Fonte Tersinka, em Kuznetsk (Rússia), indicou ativi-
no século XVI. São encontradas citações de suas for- dade terapêutica com 37 mg/L de Si, por intermédio
mas dissolvidas em águas nos tratados fundamentais de inalação de aerossóis por pacientes com sintomas
da medicina e da farmacopeia do século XIX, sendo clínicos de inflamação das vias respiratórias, secreção
célebre o comentário de Louis Pasteur: “os efeitos do nasal, bronquite crônica e asma brônquica. Por meio da
ácido silícico estão destinados a desempenhar papel ingestão destas mesmas águas silicatadas, observaram-se
da maior relevância nas principais terapias”. Trabalhos alterações hepáticas estruturais adaptativas a nível celular
experimentais iniciados no século XX reforçaram a sua e sub-celular, bem como mudanças físicas da bioenergia
importância, associando um melhor e mais saudável celular, relacionadas com os tamanhos e quantidades de
desenvolvimento dos seres vivos habitando ambientes suas ligações ultra-estruturais (KOROLEV & PANOVA,
enriquecidos em sílica (SCHEER, 1997; EXLEY, 2012). 1994; SMIRNOVA et al., 2003).
Tradicionais SPAs franceses (Bains-les-Bains, Barbo- Para observação dos benefícios à saúde, devido o
tan-les Thermes, Luxeuil-les-Bains e Neyrac-les-Bains) consumo cotidiano de águas contendo Si, estudos epi-
e da região de Saratoga/EUA (Red Springs) são conhe- demiológicos, em diversas regiões dos EUA, indicaram
cidos como de águas silicatadas ou silicosas, sendo a existência de correlação entre a potabilidade de águas
suas fontes com propriedades terapêuticas utilizadas com teores de 8-15 mg/L de Si e uma menor taxa de
há muitas décadas em banhos, ingestões, inalações ou mortalidade devido a doenças coronárias e problemas
mesmo como colírio (BAUDISCH, 1943; LACROIX & de coração na população. Na República Tcheca, foram
ABOYANS, 2005). realizados experimentos farmacológicos in vitro em
Atualmente, mesmo classificado como elemento traço voluntários que consumiram, num longo prazo, a água
ou micronutriente, é reconhecida internacionalmente a mineral da Fonte Trenčianske, em Teplice, com 18,9 mg/L
recomendação dietética de 35-45 mg/dia de Si, para se de Si, os quais indicaram efeito inibidor da peroxidação
evitar sintomas de sua deficiência. Por exemplo, obser- lipídica como propriedade antioxidante (PRESCHA et
va-se nos EUA que 10 milhões de pessoas, acima dos al., 2011).
cinquenta anos, apresentam osteoporose, enquanto outras Como evidência experimental do poder de absorção
34 milhões exibem baixa massa óssea, especialmente as e biodisponibilidade do Si em águas minerais, com-
mulheres (PRICE et al., 2012). parativamente à de outros alimentos, cita-se pesquisa
O Si compreende apenas 0,026% da massa total do comparativa entre dezenas de alimentos, onde análises
corpo humano e ocorre, naturalmente, em alimentos sob da urina excretada após seis horas de sua ingestão,
a forma de dióxido de silício e outros silicatos. Uma das realizadas em milhares de voluntários, demonstraram
melhores fontes nutricionais de Si ocorre pela ingestão de o maior teor de Si obtido a partir do consumo de meio
bebidas, especialmente em sua forma mais biodisponível, litro de água mineral contendo 14,5 mg/L de Si (da marca
quando dissolvido naturalmente nas águas minerais Volvic/França) (GILLETTE-GUYONNET et al., 2005).
(PRESCHA et al., 2011). Assim, sua biodisponibilidade Estudo epidemiológico foi conduzido em cinco regiões
para o consumo humano equivale entre 50 a 86% do Si francesas, do qual participaram 7598 mulheres com mais
ingerido e, tipicamente, contribuem no mínimo com 20% de 75 anos de idade, divididas em 15 diferentes grupos,
de seu consumo total cotidiano (MATSKO et al., 2011). as quais ingeriram, diariamente, um determinado tipo de
A presença de Si coloidal nas águas minerais costuma água (8 minerais engarrafadas e 7 potáveis públicas) de
desempenhar papel importante no controle da disponi- teor conhecido de Si, Al e Ca (GILLETTE-GUYONNET
bilidade biológica tóxica do alumínio, bem como no au- et al., 2005; RONDEAU et al., 2009; DOMINGO et al.,
mento da eficácia hidroterápica, melhoria da capacidade 2011). A metodologia utilizada (EPIDOS) é reconhecida
de absorção fisiológica dos alimentos. A sua interação para determinação do fator de risco associado à doença
com outros oligoelementos potencializa a bioatividade de Alzheimer e osteoporose. A avaliação do Al foi fun-
de outros elementos, por exemplo, do molibdênio (JUG- damentada em estudos que inferiram sua toxicidade
DAOHSINGH et al., 2002; JUGDAOHSINGH, 2007). como causa do Alzheimer e a observação de que Ca é
Não há consenso quanto ao teor mínimo de Si dissol- benéfico para a prevenção da osteoporose em idosas.
vido para uma água ser considerada minero-medicinal Assim, dentre as principais indicações terapêuticas
silicatada, pois, observa-se: Ucrânia = 25,3 mg/L; Sara- e de cosmetologia do Si estão (BAUDISCH, 1943; IOM,
toga Springs (EUA) = 27,3 mg/L; estâncias francesas = 1980; KOROLEV & PANOVA, 1994; SCHEER, 1997;
35 mg/L (BAUDISCH, 1943; LACROIX & ABOYANS, LAGUARDA, 2002; SMIRNOVA et al., 2003; LACROIX
2005). Alguns trabalhos com metodologia clínica abor- & ABOYANS, 2005; LI et al., 2010; DROBNIK et al.,
daram a potencial atividade biológica eficaz do Si em 2011): para a saúde de idosos- ação anti-inflamatória,
aplicações terapêuticas. Por exemplo, águas silicatadas antitóxica, diabetes, disfunção do metabolismo e sistema
de Fiji (Japão), com 39,7 mg/L de Si, têm sido indicadas imunológico, combate de irritações e afecções cutâneas
Ciência e Natura, v. 36 n. 2 mai-ago. 2014, p. 159–168 164

ou doenças dermatológicas pruriginosas; em cosmeto- de 37 mg/L de Si, neste trabalho, como o mínimo para
logia- emoliente, sedante, anti-inflamatória e aumento uma água silicatada, enquanto que o valor mínimo de
da elasticidade da pele e colágeno, aplicações externas bioatividade nutricional correspondeu a 11,2 mg/L de
ou tópicas; em balneoterapia- potencializa a adsorção Si. Os fatores de conversão dos compostos de silício são:
cutânea do ácido silícico, explicada pela necessidade 1 mg/L de SiO2 = 0,47 mg/L de Si = 1,3 mg/L de H2SiO3.
cutânea e a fina película formada por componentes A compilação de dados para as águas brasileiras foi
coloidais de ácido monossilícico presente nas águas; realizada buscando o maior número possível de infor-
mineralização dos ossos, endurecimento do tecido con- mações disponíveis, além dos teores de Si, isto é, formas
juntivo, prevenção da osteoporose, função nutricional de jazimento (nascente, poço ou poço jorrante), litologia,
óssea, auxilia na reparação dos tecidos, tratamento de coordenadas geográficas e análises hidroquímicas (STD-
doenças ósseas e musculoesqueléticas, importante no sólidos totais dissolvidos, temperatura, pH, vazão, etc..).
metabolismo, manutenção do tecido ósseo, formação, As palavras-chave nesta consulta foram: água OR fonte
crescimento e calcificação dos ossos e cartilagens, in- AND mineral OR medicinal OR sílica AND composição
fluencia na calcificação, agente de reticulação do tecido OR hidroquímica OR análise. Dentre os bancos de dados
conjuntivo; sua deficiência nutricional pode ocasionar utilizados citam-se google.com.br, scholar.google.com.
diminuição do crescimento esquelético; impede as alte- br, scielo.org, periodicos.capes.gov.br, sistemas.dnpm.
rações nos neurônios induzidas pela toxicidade do Al, gov.br/ sighidro/, siagasweb.cprm.gov.br e bancos de
proteção contra a arteriosclerose e doença de Alzheimer; teses e monografias de universidades brasileiras.
inibidor da peroxidação lipídica in vitro e ação antio- Foi possível localizar 322 ocorrências de águas sub-
xidante; aumento da permeabilidade das paredes dos terrâneas contendo dados de silício, cuja concentração
vasos sanguíneos e reduz o risco de doenças cardíacas; média correspondeu a 26,4 mg/L (LAZZERINI, 2013).
importante nutriente energizante; eficácia terapêutica Este valor é superior à média mundial de 10,1 mg/L
através da inalação de aerossóis por pacientes com para 2500 análises de águas engarrafadas, conforme
sintomas clínicos de inflamação das vias respiratórias, encontrado em mineralwaters.org. As legislações de
secreção nasal, bronquite crônica e asma brônquica; outros países para a classificação de águas minerais
alterações hepáticas estruturais adaptativas a nível silicatadas sugerem, como teores mínimos: Japão=17,9
sub-celular, mudanças fásicas da bioenergia celular, mg/L, Rússia=23,4 mg/L, Polônia=25,3 mg/L, Espanha=
relacionadas com os tamanhos e quantidades de suas 14,1 mg/L, Cuba=18,7 mg/L, EUA=45,1 mg/L (FAGUN-
ligações ultra-estruturais, melhorando a função hepática; DO et al., 2001).
doenças ginecológicas; benefícios para o fortalecimento No Brasil, foram encontrados poucos trabalhos so-
e crescimento da pele, unhas, cabelo e fibras colágenas; bre bioatividade ou indicação terapêutica de águas
benefícios par os olhos, como colírio; papel bioquímico silicatadas, sendo relacionados à propriedade sedante e
no mecanismo de homeostasia, absorção intestinal e emoliente, de interesse em dermatopatias pruriginosas
excreção urinária, evitando doenças gastro-intestinais e (MOURÃO, 1992; FRANGIPANI et al., 1995). O maior
compensando danos causados pelo consumo excessivo valor de Si encontrado na compilação realizada foi na
de álcool. Ilha de Marajó/PA, constituindo o poço PE-31 com 80
m de profundidade e concentração de 462,1 mg/L (Ta-
bela 2). Na Fig. 1 estão representadas 57 ocorrências de
5 Águas silicatadas no Brasil águas subterrâneas silicatadas no Brasil. A Fig. 2 ilustra
o diagrama de Piper para 207 ocorrências de águas
O Código de Águas Minerais do Brasil (Decreto-lei silicatadas, enquanto que na Fig. 3 consta o diagrama
No. 7841 de 8 de agosto de 1945) estabelece que as Durov para 57 ocorrências.
águas minerais deverão ser classificadas de acordo com Tabela 2. As dez principais ocorrências de Si em águas
o elemento predominante, íons ou substâncias dignas subterrâneas do Brasil. Valores em mg/L.
de nota (Brasil, 1945). Uma vez que a classificação de Município Estado Valor
água mineral silicatada (ou silicática) não está prevista Santa Cruz do Ararí PA 462,1
em legislação brasileira, exemplos de outros países ser- Cachoeira do Ararí PA 433,8
viram para a definição dos parâmetros iniciais. Assim,
Lagoa Seca PB 285,0
para sugerir possíveis aplicações no Brasil em crenote-
rapia, hidro-balneoterapia ou consumo dietético, foram Soure PA 279,1
consultadas legislações similares de outros países e Nhecolandia-Corumbá MS 274,0
publicações técnico-científicas sobre o assunto. As pa- Paraguaçu Paulista SP 100,0
lavras-chave adotadas foram: silicon OR siliceous AND Barra de Santa Rosa PB 97,0
water OR mineral water AND spa OR hydrotherapy Marília SP 95,6
OR balneotherapy OR crenology. Diferentes bancos
Brejo da madre de deus PE 81,2
de dados foram utilizados, dentre eles scholar.google.
com e sciencedirect.com. Com isto, foi adotado o valor Cambará PR 74,9
165 LAZZERINI et al. O silício em águas....

Figura 1- Principais ocorrências de águas subterrâneas silicatadas no Brasil.

Figura 2- Diagrama de Piper para 207 ocorrências de águas subterrâneas silicatadas no Brasil.
Ciência e Natura, v. 36 n. 2 mai-ago. 2014, p. 159–168 166

Figura 3- Diagrama Durov para 57 ocorrências de águas subterrâneas silicatadas no Brasil

Nas águas que percolam rochas compostas por para estes usos, bem como do histórico nas práticas e
minerais pouco reativos, principalmente quartzosos pesquisas médicas existentes. Outro aspecto ambiental
ou sílicas amorfas, a dissolução dos aluminossilicatos de importância no conjunto de bioatividades potencial-
torna-se inexpressiva, permitindo o incremento das mente terapêuticas, relacionadas às fontes hidrominerais,
concentrações e relações iônicas favoráveis ao silício são os fatores climáticos, inicialmente não poluídos e
em solução. A relação iônica SiO2/Na pode não ser tão controlados basicamente pelas latitudes, altitudes e
grande quando ocorre influência marinha, por exemplo condicionantes macrogeográficos. As informações ad-
arenitos das províncias costeiras ou granito-gnaisses do quiridas, neste trabalho sobre a presença de silício nas
escudo oriental próximos ao litoral. Mas, quando ocor- águas, contribuem com avanços significativos sobre o
rem fluxos mais profundos em aquíferos deste mesmo tema, possibilitando que vários enfoques possam ser
tipo litológico, a relação iônica SiO2/Na pode ser mais desenvolvidos, tais como: incremento do inventário das
alta, como se observa em arenitos da bacia Amazônica ocorrências de interesse, levantamento de parâmetros
(BERTOLO et al., 2007). ambientais regionais e locais, realização de estudos com-
As rochas carbonatadas costumam possuir baixas parativos de bioatividades ou aplicações terapêuticas,
concentrações de sílica, à exceção da Formação Corum- aprimoramento de análises de substâncias coloidais e
bataí na bacia sedimentar do Paraná, devido à presença diferentes formas do silício dissolvido e aprofundamento
de bancos de minerais silexíticos interestratificadas. de estudos sobre a bioatividade do silício em crenote-
Nesta mesma bacia sedimentar, é reconhecida a elevada rapias, balneoterapias e nutrição.
presença de Si nas águas subterrâneas, provavelmente
relacionada à ausência da influência marinha, de car-
bonatos ou sulfatos, nas áreas de recarga dos aquíferos Referências
e da existência de basaltos naquele sistema.
BAUDISCH, O. The importance of trace elements in
biologic activity. Journal of the American Medical
6 Conclusão Association, v. 123, n. 15, p. 959-966, 1943.

Nas localidades das fontes hidrominerais, as influ- BELTON, D. J.; DESCHAUME, O.; PERRY, C. C. An
ências fisiológicas começam pelos aspectos de beleza e overview of the fundamentals of the chemistry
preservação da natureza ou paisagismo urbano, conhe- of silica with relevance to biosilicification and
cimento dos recursos naturais com propriedades tera- technological advances. The FEBS Journal, v. 279, p.
pêuticas, da infra-estrutura favorável e bem adaptada 1710–1720, 2012.
167 LAZZERINI et al. O silício em águas....

BERTOLO, R. A.; HIRATA, R.; FERNANDES, A. FRANGIPANI, A.; CERIANI, C.; FLORA, F. M.;
Hidrogeoquímica das águas minerais envasadas do FILHO, M. U.; SIMÕES, R. A. P.; ALVISI, T. C.
Brasil. Revista Brasileira de Geociências, v. 37, n. 3, Termalismo no Brasil. Belo Horizonte: Sociedade
p. 515-529, 2007. Brasileira de Termalismo, Seção de Minas Gerais,
112 p. 1995.
BRASIL. Código de Águas Minerais: Decreto-Lei No.
7841 de 08/08/1945. Rio de Janeiro: Ministério de GILLETTE-GUYONNET, S.; ANDRIEU, S.;
Minas e Energia-MME, 1945. NOURHASHEMI, F.; DE LA GUÉRONNIÈRE,
V.; GRANDJEAN, H.; VELLAS, B. Cognitive
BRICKER, O. P. Cations and silica in natural waters: impairment and composition of drinking water in
control by silicate minerals. Int. Ass. Set. Hydrol. women: findings of the EPIDOS Study. American
Spec. Pub., v. 78, p. 110-119, 1967. Journal of Clinical Nutrition, v. 81, p. 897–902,
2005.
DOBRZYŃSKI, D.; EXLEY, C. Solubility control and
therapeutic potential of silicon in curative mineral GIMENO, M. J.; AUQUÉ, L. F.; GÓMEZ, J. B.;
waters of the Sudetes Mountains, Poland. Acta ACERO, P. Water-rock interaction modelling and
Balneologica, v. LII, n. 4, p. 296-304, 2010. uncertainties of mixing modelling, Site descriptive
modelling, SDM-Site Laxemar. Stockholm: Swedish
DOMINGO, J. L.; GÓMEZ, M.; COLOMINA, M. T. Nuclear Fuel and Waste Management Co., 365 p.
Oral silicon supplementation: an effective therapy 2009.
for preventing oral aluminum absorption and
retention in mammals. Nutrition Reviews, v. 69, n. HAZEN, R. M.; SVERJENSKY, D. A. Mineral
1, p. 41–51, 2011. Surfaces, Geochemical Complexities and
the Origins of Life. Cold Spring Harbor
DOUCET, F. J.; SCHNEIDER, C.; BONES, S. J.; Perspectives in Biology, v. 2, n. 5, p. 1-21,
KRETCHMER, A.; MOSS, I.; TEKELY, P.; EXLEY, 2010.
C. The formation of hydroxyaluminosilicates
of geochemical and biological significance. HEM, J. D. Study and Interpretation of
Geochimica et Cosmochimica Acta, v. 65, n. 15, p. the Chemical Characteristics of Natural
2461–2467, 2001. Waters. 3rd ed. Water Supply Paper, n.
2254. Washington: U.S. Geological Survey,
DROBNICK, M.; LATOUR, T.; SZIWA, D. The 263 p. 1989.
elements of specific biological activity in
therapeutic waters in Polish health resorts. Journal IOM (Institute of Medicine). The
of Elementology, v. 16, n. 4, p. 525-533, 2011. Contribution of Drinking Water to Mineral
Nutrition in Humans. In: IOM (Institute of
EXLEY, C. Reflections upon and recent Medicine) ed. Drinking Water and Health:
insight into the mechanism of formation of Safe Drinking Water Committee Board
hydroxyaluminosilicates and the therapeutic on Toxicology and Environmental Health
potential of silicic acid. Coordination Chemistry Hazards National Research Council, v. 3,
Reviews, v. 256, p. 82–88, 2012. 415 p. 1980.

EXLEY, C.; SJÖBERG, S. Silicon species in seawater. JUGDAOHSINGH, R. Silicon and bone
Spectrochimica Acta Correspondence (Part A) health. Journal of Nutrition Health Aging,
Molecular and Biomolecular Spectroscopy, v. 117, v. 11, n. 2, p. 99–110, 2007.
p. 820–821, 2014.
JUGDAOHSINGH, R.; ANDERSON, S. H.
FAGUNDO, J. R.; CIMA, A.; GONZÁLEZ, P. Revision C.; TUCKER, K. L.; ELLIOTT, H.; KIEL,
Bibliografica sobre Classificación de las Aguas D. P.; THOMPSON, R. P. H.; POWELL, J.
Minerales y Mineromedicinales. Havana: Centro J. Dietary silicon intake and absorption.
Nacional de Termalismo “Víctor Santamarina”, 27 American Journal of Clinical Nutrition, v.
p. 2001. 75, n. 5, p. 887–893, 2002.

FETH, J. H.; ROGERS, S. M.; ROBERSON, C. E. Aqua KOROLEV, I. N.; PANOVA, L. N. The ultra-
de Ney – California: a spring of unique chemical structural reactions of cells to the action
character. Geochimica et Cosmochimica Acta, v. 22, of potable silicon-containing waters. Vopr
n. 2, p. 75-77, 1961. Kurortol Fizioter Lech Fiz Kult, v. 5, p. 36-
Ciência e Natura, v. 36 n. 2 mai-ago. 2014, p. 159–168 168

38, 1994. F. A. Essential Nutrients for Bone Health


and a Review of their Availability in the
KRAUSKOPF, K. B.; LOAGUE, K. Average North American Diet. The Open
Environmental Geochemistry. 3rd ed. p. Orthopaedics Journal, v. 6, p. 143-149,
519–545, 2003. 2012.

LACROIX, P.; ABOYANS, V. Thermalisme RONDEAU, V.; JACQMIN-GADDA,


et médecine vasculaire: Thermatology H.; COMMENGES, D.; HELMER, C.;
and vascular medicine. EMC-Cardiologie DARTIGUES, J-F. Aluminum and silica in
Angéiologie, v. 2, p. 344–350, 2005. drinking water and the risk of Alzheimer’s
disease or cognitive decline: findings from
LAGUARDA, S. V. Balneoterapia en 15-year follow-up of the PAQUID cohort.
Dermatología. Medicina Estetica, v. 3, p. American Journal of Epidemiology, v. 169,
1-4, 2002. n. 4, p. 489–496, 2009.

LAZZERINI, F. T. Fontes Hidrominerais SCHEER, J. F. Silica: Health & beauty from


do Brasil: Componentes Naturais nature. Better Nutrition, v. 59, n. 12, p.
Biologicamente Ativos. Tese (Doutorado 1-38, 1997.
em Geologia Regional) –UNESP, Rio Claro.
388 pp. 2013. SHVARTSEV, S. L. Geochemistry of Fresh
Groundwater in the Main Landscape
LI, Z.; KARP, H.; ZERLIN, A.; LEE, T. Y.; Zones of the Earth. Geochemistry
CARPENTER, C.; HEBER, D. Absorption International, v. 46, n. 13, p. 1285-1398,
of silicon from artesian aquifer water 2008a.
and its impact on bone health in SHVARTSEV, S. L. Interaction in the
postmenopausal women: a 12 week pilot water–rock system as a new basis for the
study. Nutrition Journal, v. 14, p. 9-44, development of hydrogeology. Russian
2010. Journal of Pacific Geology, v. 2, n. 6, p.
465-475, 2008b.
MATSKO, N. B.; ZNIDARŠIC, N.;
LETOFSKY-PAPST, I.; DITTRICH, M.; SJOBERG, S. Silica in aqueous environments.
GROGGER, M.; ŠTRUS, J.; HOFER, F. Journal of Non-Crystalline Solids, v. 196,
Silicon: the key element in early stages p. 51-57, 1996.
of biocalcification. Journal of Structural
Biology, v. 174, p. 180–186, 2011. SMIRNOVA, I. N.; ZARIPOVA, T. N.;
KUZ’MENKO, D. I.; ANTIPOVA, I. I.
MOURÃO, B. M. Medicina Hidrológica: Anti-inflammatory effect of mineral water
moderna terapêutica das águas minerais e inhalation: validity of identification of
estâncias de cura. Poços de Caldas: PRIMA biochemical markers in nasal secretion.
Promotora de Informações Ltda, 733 p. Vopr Kurortol Fizioter Lech Fiz Kult, v. 4,
1992. p. 20-23, 2003.

PEREL’MAN, A. I. Geochemical barriers: SZIKSZAY, M. Geoquímica das Águas


theory and practical applications. Applied Subterrâneas. Boletim IG-USP Série
Geochemistry, v. 1, p. 669-680, 1986. Didática, v. 17, n. 20, p. 1-165, 1993.

PEREL’MAN, A. I. Geochemistry of ancient TARDY, Y. Characterization of the principal


landscapes. International Geology Review, weathering types by the geochemistry of
v. 4, n. 3, p. 253-262, 1962. waters from some European and African
crystalline massifs. Chemical Geology, v.
PRESCHA, A.; ZABŁOCKA, K.; NADUK, J.; 7, p. 253-271, 1971.
GRAJETA, H. Natural mineral and spring
waters and fruit juices as food sources of TÖLGYESSY, J. The chemistry of water. In:
silicon. Rocz Panstw Zakl Hig., v. 62, n. 3, TÖLGYESSY, J. ed. Chemistry and Biology
p. 289-293, 2011. of Water, Air and Soil: Environmental
Aspects. Amsterdam: Elsevier, v. 3, p. 14-
PRICE, C. T.; LANGFORD, J. R.; LIPORACE, 325, 1993.

You might also like