A proibição do acesso da iniciativa privada às acti- Lei n.o 88-A/97 vidades referidas nos artigos anteriores impede a apro- priação por entidades privadas dos bens de produção de 25 de Julho e meios afectos às actividades aí consideradas, bem como Regula o acesso da iniciativa económica privada as respectivas exploração e gestão, fora dos casos expres- a determinadas actividades económicas samente previstos no presente diploma, sem prejuízo da continuação da actividade das empresas com par- A Assembleia da República decreta, nos termos dos ticipação de capitais privados existentes à data da artigos 164.o, alínea d), e 169.o, n.o 3, da Constituição, entrada em vigor da presente lei e dentro do respectivo o seguinte: quadro actual de funcionamento. Artigo 1.o Artigo 4.o 1 — É vedado a empresas privadas e a outras enti- dades da mesma natureza o acesso às seguintes acti- 1 — O regime de acesso à indústria de armamento vidades económicas, salvo quando concessionadas: e do exercício da respectiva actividade será definido por decreto-lei, por forma a salvaguardar os interesses a) Captação, tratamento e distribuição de água da defesa e da economia nacionais, a segurança e a para consumo público, recolha, tratamento e tranquilidade dos cidadãos e os compromissos interna- rejeição de águas residuais urbanas, em ambos cionais do Estado. os casos através de redes fixas, e recolha e tra- 2 — Do diploma relativo à actividade no sector da tamento de resíduos sólidos urbanos, no caso indústria de armamento constará, designadamente: de sistemas multimunicipais e municipais; a) A obrigatoriedade de identificação dos accio- b) Comunicações por via postal que constituam o nistas iniciais, directos ou por interpostas pes- serviço público de correios; soas, com especificação do capital social a subs- c) Transportes ferroviários explorados em regime crever por cada um deles; de serviço público; b) Um sistema de controlo das participações sociais d) Exploração de portos marítimos. relevantes; c) A subordinação da autorização para o exercício 2 — Para efeitos do disposto na alínea a) do número de actividade no sector da indústria de arma- anterior, consideram-se, respectivamente, sistemas mul- mento, bem como para a sua manutenção, à timunicipais os que sirvam pelo menos dois municípios exigência de uma estrutura que garanta a ade- e exijam um investimento predominante a efectuar pelo quação e suficiência de meios financeiros, téc- Estado em função de razões de interesse nacional e nicos e humanos ao exercício dessa actividade; sistemas municipais todos os outros, incluindo os geridos d) A exigência de apresentação de lista de mate- através de associações de municípios. riais, equipamentos ou serviços que a empresa 3 — No caso de sistemas multimunicipais, as conces- se propõe produzir, bem como dos mercados sões relativas às actividades referidas na alínea a) do que pretende atingir; n.o 1 serão outorgadas pelo Estado e só podem ser atri- e) A exigência de submissão das empresas à cre- buídas a empresas cujo capital social seja maioritaria- denciação de segurança nacional e a legislação mente subscrito por entidades do sector público, nomea- especial sobre importação e exportação de material de guerra e seus componentes. damente autarquias locais. 4 — O serviço público de correios a que se refere a alínea b) do n.o 1 será definido mediante decreto-lei. Artigo 5.o 5 — A concessão de serviço público a que se refere a alínea c) do n.o 1 será outorgada pelo Estado ou por É revogada a Lei n.o 46/77, de 8 de Julho. municípios ou associações de municípios, carecendo, nestes casos, de autorização do Estado quando as acti- Aprovada em 3 de Julho de 1997. vidades objecto de concessão exijam um investimento O Presidente da Assembleia da República, António predominante a realizar pelo Estado. de Almeida Santos.
Artigo 2.o Promulgada em 18 de Julho de 1997.
A exploração dos recursos do subsolo e dos outros Publique-se. recursos naturais que, nos termos constitucionais, são O Presidente da República, JORGE SAMPAIO. pertencentes ao Estado será sempre sujeita ao regime de concessão ou outro que não envolva a transmissão Referendada em 24 de Julho de 1997. de propriedade dos recursos a explorar, mesmo quando a referida exploração seja realizada por empresas do O Primeiro-Ministro, em exercício, António Manuel sector público ou de economia mista. de Carvalho Ferreira Vitorino.