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Identificação de inferências espontâneas de traços (STIs) com o paradigma de associação livre modificada

(MFAP) e Priming baseado em palavras em STIs


António Saldanha, Bernardo Mendonça, Mariana Pampolim
Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa

I. Introdução III. Experiências


o Inferência espontânea de traços (STI) • Experiências: MFAP

• fenómeno que permite que as pessoas façam inferências de traços de personalidade a partir dos comportamentos dos • 1- Validar o uso de MFAP na deteção de STI’s
outros; ocorre sem intenção ou consciência, durante a codificação de descrições comportamentais.
• Resultados: O tempo de reação para gerar uma palavra foi mais curto na condição em que a frase tinha um traço implícito do que na frase
o SST – Spontaneous Trait Transference: tendência para transferir os traços inferidos para uma pessoa que apenas descreve semelhante sem traço ou numa condição neutra.
os comportamentos de outro ou que é simultaneamente apresentada com a informação comportamental
• 2- Comparação do MFAP com outras 2 medidas de ativação para deteção de inferências, a “naming task” e a “modified Stroop task”
o Geralmente este tipo de processos é investigado consoante os seguintes paradigmas experimentais: “cued recall”, “probe
recognition”, “savings in relearning” e “false recognition” (todos estes incluem tarefas de memória, mais associadas ao • Resultados: Na MFAP verificou-se um tempo de reação mais curto na condição com traço implícito em relação à condição semelhante sem
estudo de STIs, ao contrário de tarefas de ativação como “naming task”) traço. Na “naming task”e na “Stroop task” estes resultados não se replicaram.
• os autores propõem um outro paradigma MFAP Modified Free Association Paradigm (medida de ativação, • 3 - Testar a sensibilidade do MFAP para o SST
contrariando os modelos tradicionais, de memória)
• Resultados: O MFAP levou a efeitos distinguíveis nas condições STI e STT
o Estes paradigmas baseiam-se em descrições comportamentais escritas como base para observar comportamentos e inferir
traços.
• Experiências: Word Based Priming
• vantagem: mais fáceis de criar e de controlar que qualquer outro tipo de estímulo;
• 1- Separação dum conjunto de frases em 2 grupos. Grupo forte – Decisão mais rápida em frases com traço implícito do que em frases
reorganizadas. Existência de priming à base da frase. Grupo fraco – Decisão sem diferenças entre frases com traço e frases reorganizadas. Fraca
• problema: assume-se que o traço é uma inferência baseada na frase (traço ativado com base no significado da descrição evidência de priming à base da frase
de comportamento no seu todo). No entanto, o traço pode ser ativado por palavras específicas na descrição, devido a
mecanismos de priming da palavra.
• 2 – Avaliação intencional de traços no grupo fraco e forte. Ativação passiva não se sobrepõe a julgamento explícitos (não STI), logo não há
diferenças de ativação entre grupo fraco e forte
o Desta feita, os autores distinguem duas possíveis fontes de ativação do traço-alvo: uma é com base em associações puras
entre palavras específicas na frase e o traço-alvo a ser inferido; a outra é pelo processamento da frase como um todo.
Apenas o segundo pode ser considerado uma inferência real, visto que o traço implícito resulta de uma combinação do • 3 e 4 – Medidas imediatas e “delayed” são afetadas de forma diferente pelo priming à base da palavra. Com uma medida imediata, maior
conhecimento do leitor e o significado geral da frase. influência do priming na inferência e logo diferenças de resultados entre grupo fraco e forte. Com uma medida “delayed”, menor influência do
priming na inferência e logo resultados semelhantes no grupo fraco e forte.
• Ora, se numa frase tanto o priming de palavra e a inferência com base na frase levam à ativação do mesmo traço, é
impossível separá-los. Pode ser o caso de que o que está a ser detetado sejam apenas ativações inter-lexicais. IV. Discussão
II. Paradigmas Experimentais 1. o MFAP pode ser uma ferramenta viável para utilizar em futuras investigações sobre a inferência de traços: tem bons desempenhos
quer em tarefas imediatas (de ativação) quer em tarefas “delayed” (de memória) e pode ser útil para estudar as diferenças e
mecanismos existentes nos processos envolvidos no STI e no STT.
• Um paradigma adequado para detetar uma inferência, deve cumprir com, ao todo, 6 requisitos diferentes e os paradigmas
habitualmente utilizados, sejam de ativação ou de memória, geralmente não cumprem 1 ou mais, sendo por isso limitados 2. Apesar de não serem situações muito comuns ou recorrentes, é um facto que o “word-based priming” afeta a investigação de
de alguma forma. inferências de traços. No entanto, é necessário haver este tipo de mecanismos de controlo em investigação futura. Para além disso, os
estudos mostram que o priming de palavra é um inconveniente ou desvantagem para alguns paradigmas.

3. Não há um paradigma perfeito, pelo que as investigações devem ser conduzidas considerando diferentes paradigmas, nomeadamente
saber as suas vantagens e limitações e combinar mais do que um paradigma para responder à mesma pergunta, de modo a ganhar
confiança sobre o resultado

V. Referências
Orghian, D., Ramos, T., Garcia-Marques, L., & Uleman, J. S. (2019). Activation is not always inference: Word-based priming in spontaneous trait inferences. Social Cognition, 37(2), 145-173.
Orghian, D., Smith, A., Garcia-Marques, L., & Heinke, D. (2017). Capturing spontaneous trait inference with the modified free association paradigm. Journal of Experimental Social
Psychology, 73, 243-258.

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