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CADERNO DE DIREITO ADMINISTRATIVO – XXIX EXAME DA OAB

Capítulo 1 Introdução ao Direito Administrativo

1. Conceito
O Direito Administrativo está intimamente ligado ao surgimento do Estado
liberal. Com o crescimento do individualismo nas relações privadas, os próprios
cidadãos passaram a exigir uma maior participação do Estado nas relações regidas pelo
Direito Privado, fazendo com que o Estado passasse a limitar ao exercício dos direitos
individuais em benefício do bem-estar da sociedade.
A partir deste momento, o Direito Administrativo alcançou sua autonomia,
passando a integrar as matérias do ramo do Direito Público Interno, regulando as
relações que envolvem a administração pública e seus administrados.

2. Objeto
Modernamente, o Direito Administrativo visa regular as atividades
administrativas de forma a satisfazer os direitos fundamentais. Isso quer dizer que, o
objeto deste ramo do Direito não se restringe apenas a regular as relações jurídicas de
Direito Público, mas regular todas as relações entre a administração pública e
administrados, sejam elas de Direito Público ou de Direito Privado.
Importante destacar que, o Direito Administrativo abrange também as
atividades inerentes à administração pública, mas que por algum motivo é exercida
por particular sob o regime do Direito Público, como por exemplo, nas concessões de
serviço público.

3. Natureza Jurídica
O Direito Administrativo é ramo do Direito Público Interno, pois visa regular os
interesses da administração pública e seus administrados, com fim a atingir a
finalidade do Estado.

4. Fontes

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O Direito Administrativo brasileiro não encontra regulamentação em um corpo
de lei específico. Na verdade, as normas de cunho administrativo encontram previsão
no texto constitucional e em leis esparsas, além de outros diplomas normativos, como
atos, decretos, medidas provisórias e regulamentos.
Essas normas constituem a principal fonte do Direito Administrativo, mas não
podemos deixar de citar também como fonte a jurisprudência, súmula vinculante, a
doutrina, costumes e os princípios.

5. Características
O Direito Administrativo, assim como os demais ramos do Direito, possui
características próprias. São elas:

 É ramo do Direito Público Interno;

 Garante que o Estado atinja sua finalidade;


 As partes envolvidas são juridicamente desiguais;
 Rege todas as atividades administrativas do Estado;

 Concentra o estudo da administração pública.

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Capítulo 2 Princípios

1. Conceito
Princípio é uma das fontes do Direito e se caracteriza por representar o
conjunto dos valores fundamentais de um ordenamento jurídico. São classificados
como normas jurídicas, possuindo forte atuação ao lado das regras jurídicas no
controle da atuação estatal. Essa normatividade dos princípios veio com o surgimento
do neoconstitucionalismo, momento em que a forte visão positivista do Direito foi
superada.

2. Noções Gerais
Os princípios que regem o Direito Administrativo podem estar expressos no
texto constitucional ou implícitos/reconhecidos em legislação infraconstitucional.
Esses princípios estabelecem diretrizes para o bom desenvolvimento da atividade
estatal.

3. Princípios aplicáveis ao Direito Administrativo

3.1. Princípio da legalidade:


O princípio da legalidade está previsto no art. 37 da Constituição Federal de
1988. Este princípio possui duas vertentes: na primeira, a atuação do administrador
público deve ser conforme a lei, ou seja, a atuação da administração está limitada ao
que estiver disposto na lei.
Numa segunda vertente, o princípio da legalidade possui sentido de reserva de
lei, isto ocorre quando determinada matéria tiver que ser, obrigatoriamente, tratada
por lei, e não por outro ato administrativo.
Para grande parte da doutrina, a atuação do administrador público deve
pautar-se não só na lei, mas em todo o ordenamento jurídico, incluindo aqui os
princípios. Desta forma, o princípio da legalidade estaria inserido no princípio da
juridicidade.

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3.2. Princípio da impessoalidade:
Assim como o princípio da legalidade, o princípio da impessoalidade também
está previsto no art. 37 da Constituição Federal de 1988 e possui dois sentidos. No
primeiro, a atuação da administração pública deverá satisfazer o interesse público, ou
seja, a atuação administrava não pode visar atender os interesses dos seus agentes ou
de terceiros, sob pena de nulidade do ato praticado por desvio de finalidade.
O segundo sentido deste princípio está ligado à proibição da promoção pessoal
do administrador pelas realizações da administração pública. De acordo com o texto
constitucional, a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos dever ter caráter, meramente educativo, informativo e orientador.

3.3. Princípio da moralidade:


O princípio da moralidade exige que a atuação dos administradores públicos
seja pautada na ética e está previsto no texto constitucional em seu art. 37.
A legislação infraconstitucional prevê diversos instrumentos de controle da
moralidade, dentre eles, por exemplo, temos a ação de improbidade administrativa, as
sanções da lei anticorrupção e ação civil pública.

3.4. Princípio da publicidade:


A Constituição Federal de 1988 em seu art. 37 exige a publicação do ato
administrativo como requisito de eficácia deste. Somente a sua publicação torna o ato
apto para produzir efeitos no mundo externo, ressalvados os casos em que a
Constituição prevê o sigilo.
Este princípio prevê, ainda, a transparência da atuação da administração
pública. Desta forma, deve-se possibilitar o controle da administração pelos
administrados da forma mais ampla possível.

3.5. Princípio da eficiência:


O princípio da eficiência foi incluso no art. 37 do texto constitucional com a EC
19/1998. A ideia central deste princípio é tornar a administração mais célere no que se
refere à concretização das finalidades públicas. A eficiência é verificada, por exemplo,

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nas ações de planejamento, na redução do controle nas atividades-meio, na ampliação
da autonomia dos órgãos e entidades administrativas.

3.6. Princípio da supremacia do interesse público:


Por este princípio, toda vez que houver algum conflito entre o interesse público
e o interesse privado, deverá prevalecer o primeiro, respeitando sempre os direitos e
garantias fundamentais previstos na Constituição. Na proteção desses direitos e
garantias deve ser feita uma ponderação entre os interesses conflitantes.

3.7. Princípio da indisponibilidade do interesse público:


Os interesses públicos são indisponíveis. Esses interesses pertencem ao povo,
cabendo aos agentes públicos apenas a sua gestão. Este princípio impõe restrições ao
exercício de toda a atividade administrativa.

3.8. Princípio da razoabilidade e proporcionalidade:


O princípio da razoabilidade e da proporcionalidade, embora não expressos no
texto constitucional, são princípios básicos aplicáveis a todo e qualquer ramo do
Direito. No âmbito do Direito Administrativo, esses princípios encontram
aplicabilidade, especialmente, no controle dos atos administrativos discricionários.
O princípio da razoabilidade, para a doutrina majoritária, visa estabelecer uma
ligação entre os meios empregados e os fins desejados pelo ato administrativo.
Por sua vez, o princípio da proporcionalidade é uma das vertentes da
razoabilidade. A proporcionalidade tem como finalidade impedir que a administração
restrinja os direitos do particular além do necessário, ou seja, veda o abuso de poder.
Este princípio se subdivide em: adequação, necessidade e proporcionalidade em
sentido estrito.

3.9. Princípio da continuidade do serviço público:


A prestação do serviço público deve ser eficaz e contínua. Para este princípio a
expressão “serviço público” possui sentido amplo, abarcando todas as atividades
executadas sob o regime do Direito Público.
Em relação a este princípio algumas considerações devem ser feitas:

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 O serviço público poderá interrompido em decorrência do inadimplemento do


usuário, trata-se de uma exceção reconhecida pelo STJ por conta do disposto
no art. 6o, § 3o, II da Lei 8.987/95.
 Exceção ao contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus): o
particular concessionário de serviço público não poderá interromper a sua
prestação, ainda que o poder público não cumpra com o contrato.
 Direito de greve dos servidores públicos: diante da ausência de norma
regulamentadora, o STF reconheceu o direito de greve dos servidores públicos
por analogia a Lei 7.783/95.

3.10. Princípio da autotutela:


Pelo princípio da autotutela, a administração pública tem o poder de rever os
seus atos. Este controle dos atos administrativos pode ser realizado por duas vias:
legalidade e mérito.
No controle de legalidade, a administração tem a prerrogativa de anular os atos
ilegais por ela praticados. Já no controle de mérito, a administração faz um juízo de
conveniência e oportunidade para verificar se o ato deve continuar surtindo efeitos ou
não. Neste último caso há o que denominamos como revogação.

Caiu na OAB

1. João foi aprovado em concurso público promovido pelo Estado Alfa para o cargo de
analista de políticas públicas, tendo tomado posse no cargo, na classe inicial da
respectiva carreira. Ocorre que João é uma pessoa proativa e teve, como gestor,
excelentes experiências na iniciativa privada. Em razão disso, ele decidiu que não
deveria cumprir os comandos determinados por agentes superiores na estrutura
administrativa, porque ele as considerava contrárias ao princípio da eficiência, apesar
de serem ordens legais. A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) João possui total liberdade de atuação, não se submetendo a comandos superiores,
em decorrência do princípio da eficiência.

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b) A liberdade de atuação de João é pautada somente pelo princípio da legalidade,
considerando que não existe escalonamento de competência no âmbito da
Administração Pública.
c) João tem dever de obediência às ordens legais de seus superiores, em razão da
relação de subordinação decorrente do poder hierárquico.
d) As autoridades superiores somente podem realizar o controle finalístico das
atividades de João, em razão da relação de vinculação estabelecida com os superiores
hierárquicos.

Resposta: C

2. Determinada empresa apresenta impugnação ao edital de concessão do serviço


público metroviário em determinado Estado, sob a alegação de que a estipulação do
retorno ao poder concedente de todos os bens reversíveis já amortizados, quando do
advento do termo final do contrato, ensejaria enriquecimento sem causa do Estado.
Assinale a opção que indica o princípio que justifica tal previsão editalícia.
a) Desconcentração.
b) Imperatividade.
c) Continuidade dos Serviços Públicos.
d) Subsidiariedade.

Resposta: C

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Capítulo 3 Organização da Administração Pública

1. Introdução
Administração pública é o conjunto de órgãos, entidades e agentes que
integram a estrutura administrativa. O Estado Brasileiro possui sua organização
administrativa estabelecida no texto da Constituição Federal de 1988.
Antes de adentramos no tema da organização da administração pública
brasileira é de extrema importância a definição de alguns pontos que ajudam na
compreensão deste ponto.

1.1. Forma de Estado


No Brasil a forma adotada é a federativa. Esta forma de organização
caracteriza-se pela existência de diversos poderes políticos autônomos em um mesmo
território, sendo sua principal característica a descentralização política. Os entes
estabelecidos pela Constituição Federal de 1988 são: a União, os Estados, os
Municípios e o Distrito Federal.

1.2. Sistema de Governo


O Brasil adota o sistema presidencialista. Este sistema é marcado pela
existência de uma separação de poderes independentes e harmônicos entre si. A
Constituição Federal de 1988 estabelece a existência do Poder Legislativo, Executivo e
Judiciário.

1.3. Forma de Governo


A forma de governo adotada pelo Brasil é a republicana, cuja instituição se dá
por meio de eleições para a escolha de um governante que represente o povo por
período determinado. Este governante terá o dever de prestar contas ao povo. A
forma de governo republicana é marcada por uma forma representatividade popular.

2. Reforma da Administração Pública

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As sociedades atuais têm se tornado cada vez mais complexas e para
acompanhar essa nova realidade é imprescindível a adequação do Estado a essas
transformações.
O novo modelo de organização administrativa deve estar cada vez mais
próxima da sociedade, os órgãos e entes que compõem essa estrutura passam a ter
muito mais autonomia na busca da promoção do fim estatal. Com relação aos
particulares, a administração pública passa a ser mais consensual.
No Brasil, a Emenda Constitucional nº 19/1998 instituiu na administração
pública brasileira essas mudanças, passando de uma administração burocrática para
uma administração gerencial. Essa nova administração é caracterizada pela
descentralização política e pela eficiência.

3. Centralização, desconcentração e descentralização


Na repartição das suas funções, a administração pública pode ser exercida por
meio das seguintes técnicas: centralização, desconcentração e descentralização.

3.1. Centralização
A centralização é caracterizada pelo exercício das atividades pelo próprio
Estado, através de seus entes, órgãos e agentes. É a própria administração direta que
atua para atender ao fim estatal.

3.2. Desconcentração
A desconcentração diz respeito à organização interna dentro de uma mesma
estrutura, ou seja, a atividade administrativa também é exercida pelo próprio Estado,
mas por mais de um órgão público por meio de repartição de competências.

3.3. Descentralização
Ocorre a descentralização quando o Estado transfere a função administrativa
para uma terceira pessoa, que integre a administração pública direta. Para que haja
descentralização é imprescindível a existência de duas pessoas: o Estado e a pessoa
que receberá a atribuição para executar o serviço.

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Não há no fenômeno da descentralização uma relação de hierarquia entre o
executor do serviço, mas sim uma vinculação.
A descentralização poderá ocorrer por outorga ou por delegação. Na outorga o
Estado cria uma entidade por meio de lei para a prestação de serviço específico, é o
que ocorre na administração indireta. Já, na descentralização por delegação, o Estado
transfere por contrato ou ato unilateral a execução de determinado serviço.

4. Organização em setores
Em razão da alta complexidade da organização da estrutura administrativa do
Estado, a doutrina majoritária estabelece uma divisão em setores.

1o setor É o próprio Estado através da administração pública direta e indireta;

2o setor Fruto da descentralização; é o Estado atuando no mercado;

3o setor São as sociedades civis sem fins lucrativos.

Caiu na OAB

1. O Estado X e os Municípios A, B e C subscreveram protocolo de intenções para a


constituição de um consórcio com personalidade jurídica de direito privado para
atuação na coleta, descarte e reciclagem de lixo produzido no limite territorial
daqueles municípios. Com base no caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) Por se tratar de consórcio a ser constituído entre entes de hierarquias diversas, a
saber, Estado e Municípios, é obrigatória a participação da União.
b) O consórcio de direito privado a ser constituído pelo Estado e pelos Municípios não
está alcançado pela exigência de prévia licitação para os contratos que vier a celebrar.
c) O consórcio entre o Estado e os Municípios será constituído por contrato e adquirirá
personalidade jurídica mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil.
d) Por se tratar de consórcio para atuação em área de relevante interesse coletivo, não
se admite que seja constituído com personalidade de direito privado.

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Resposta: C

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Capítulo 4 Administração Pública Direta

1. Introdução
Entende-se por administração pública direta o conjunto entre os entes
federativos e seus respectivos órgãos. A atuação desses entes dá-se por meio dos seus
órgãos de forma centralizada.

2. Órgãos Públicos

2.1. Conceito
Decorrentes do fenômeno da desconcentração, os órgãos públicos são
repartições internas dentro da estrutura de uma pessoa política ou jurídica, ausentes
de personalidade jurídica própria. Possuem como objetivo principal, tornar a
administração pública mais eficiente, por isso mesmo, são dotados de autonomia
gerencial. Estes órgãos estabelecem com o seu ente ou entidade criadora, uma
verdadeira relação de subordinação.

2.2. Teoria do órgão


Ao longo da história, diversas teorias procuraram explicar a relação entre o
Estado e o órgão público.
Dentre as teorias mais citadas, a teoria do órgão é a adotada pela doutrina
majoritária. Para ela, os agentes que atuam nos órgãos públicos manifestam a vontade
do próprio Estado (teoria do órgão). A atuação do agente é imputada a pessoa política
ou jurídica a que pertence.

2.3. Criação e extinção


Os órgãos públicos são criados e extintos mediante lei. Antes da Emenda
Constitucional (EC) nº 32, de 2001, exigia-se lei para a criação, estruturação e
atribuições dos órgãos. Ou seja, atualmente, a estruturação e designação de
atribuições de órgãos públicos podem, por exemplo, ocorrerem por meio de decreto
do Chefe do Poder Executivo.

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No que concerne à competência para deflagrar o processo legislativo de tal lei
de criação ou extinção de órgão público, primeiro, é preciso atentar para o assunto
abordado pelo projeto de lei. No art. 61, §1º, II, da Constituição Federal, encontram-se
as hipóteses de iniciativa privativa do Presidente da República e, por conta do princípio
da simetria constitucional, dos demais Chefes do Poder Executivo.
Mais precisamente na alínea “e” do referido artigo encontra-se previsto que é
de iniciativa privativa do Presidente da República lei que disponha sobre criação ou
extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, em conformidade com o
art. 84, VI, também do texto constitucional.

2.4. Capacidade processual


Em regra, os órgãos públicos não possuem capacidade processual em
decorrência de serem entes despersonalizados. No entanto, é reconhecida a
capacidade processual aos denominados órgãos de cúpula na defesa das suas
prerrogativas institucionais, estes órgãos são os mais elevados do Poder Público, de
natureza constitucional.

Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas


personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus
direitos institucionais. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 22/04/2015.

2.4. Classificação

2.4.1. Quanto à posição administrativa

 Órgãos independentes: são os órgãos previstos no texto constitucional;


 Órgãos autônomos: ocupam posição inferior aos órgãos independentes. São os
denominados órgãos de cúpula, pois possuem autonomia administrativa;
 Órgãos superiores: são órgãos responsáveis pelas atribuições de direção e
controle, no entanto, não possuem autonomia. São subordinados a uma chefia.

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 Órgãos subalternos: são os órgãos de execução. Estão na base da pirâmide
hierárquica.

2.4.2. Quanto à estrutura

 Órgão simples: possuem apenas um centro de competência;


 Órgão composto: são resultantes da desconcentração, portanto, reúnem em
sua estrutura diversos órgãos.

2.4.3. Quanto à composição

 Órgãos singulares: são compostos por apenas um agente. Também são


denominados como unipessoais;
 Órgãos colegiados: ou coletivos, ou, ainda, pluripessoais, são órgãos que
possuem mais de um agente em sua estrutura.

Caiu na OAB

1. Fulano, servidor público federal lotado em órgão da administração pública federal


no Estado de São Paulo, contesta ordens do seu chefe imediato, alegando que são
proibidas pela legislação. A chefia, indignada com o que entende ser um ato de
insubordinação, remove Fulano, contra a sua vontade, para órgão da administração
pública federal no Distrito Federal, para exercer as mesmas funções, sendo certo que
havia insuficiência de servidores em São Paulo, mas não no Distrito Federal.
Considerando as normas de Direito Administrativo, assinale a afirmativa correta.
a) A remoção de Fulano para o Distrito Federal é válida, porque configura ato arbitrário
da Administração.
b) Não é cabível a remoção do servidor com finalidades punitivas, por se ter, em tal
hipótese, desvio de finalidade.
c) A remoção pode ser feita, uma vez que Fulano não pautou sua conduta com base
nos princípios e regras aplicáveis aos servidores públicos.

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d) O ato de insubordinação deveria ter sido constatado por meio de regular processo
administrativo, ao fim do qual poderia ser aplicada a penalidade de remoção.

Resposta: B

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Capítulo 5 Administração Pública Indireta

1. Conceito
A administração pública indireta resulta do fenômeno da descentralização, e é
composta pelas pessoas jurídicas criadas para exercerem atividades administrativas
vinculadas ao ente federativo criador.
Integram a administração pública indireta: as autarquias, as empresas públicas,
as sociedades de economia mista e as fundações públicas (de Direito Privado e de
Direito Público). Cada uma dessas entidades possui características próprias (que serão
apresentadas nos próximos tópicos).

2. Autarquias
Autarquia é pessoa jurídica de Direito Público criada por lei para exercer
atividade típica do Estado, integrando a estrutura da administração pública indireta.
De acordo com a legislação em vigor, autarquia é serviço autônomo, criado por
lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios para desempenhar
atividades típicas da administração pública que requeiram uma gestão descentralizada.

2.1. Criação e extinção


Como já mencionado no item anterior, as autarquias são criadas por meio de
lei. Conforme o texto constitucional a criação se dá através da edição de lei específica
que é ser de iniciativa privativa do Chefe do Poder ao qual esta autarquia estiver
vinculada. A extinção da autarquia ocorrerá da mesma forma pela qual foi criada.

2.2. Natureza Jurídica


A autarquia é pessoa jurídica de Direito Público, cuja personalidade jurídica tem
início a partir do momento em que esta lei criadora entrar em vigor.

2.3. Objeto
A autarquia será criada pera desempenhar atividade típica do Estado, ou seja,
objetivam a prestação de serviços públicos em sentido amplo.

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2.4. Regime de pessoal


O regime de pessoal será o regime jurídico único (estatutário).

2.5. Patrimônio
O patrimônio das autarquias são considerados bens públicos. Decorrem da
transferência dos bens do ente criador, passando a pertencer à entidade criada. Estes
bens gozam dos mesmos privilégios dos bens públicos em geral.

2.6. Atos e contratos


Em regra, os atos praticados pelas autarquias possuem as mesmas
particularidades dos atos emitidos pela administração pública direta, ou seja, devem
ser observados os requisitos de validade do ato, bem como os atributos de presunção
de legitimidade, autoexecutoriedade e imperatividade.
Da mesma forma, na celebração de contratos devem ser observadas as mesmas
regras constantes na Lei nº 8666/93.

2.7. Responsabilidade civil


As autarquias estão sujeitas a aplicação da responsabilidade objetiva, conforme
disposição prevista no art. 37, §6º da Constituição Federal de 1988.

2.8. Peculiaridades

 As autarquias gozam de imunidade tributária dos impostos referentes aos


bens, renda e serviços vinculados as finalidades essenciais das suas atividades;
 As autarquias gozam de certas prerrogativas processuais em razão de serem
enquadradas no conceito de Fazenda Pública;

3. Autarquias especiais

3.1. Agências executivas

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As agências executivas são autarquias de regime especial que celebram
contrato de gestão com o Ministério supervisor e que tenham um plano de
reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento.
Encontram-se previstas na Lei nº 9649/98 e no Decreto nº 2487/98, seu
principal objetivo é exercer a atividade estatal com mais eficiência. Em regra, são
criadas por meio de decreto do Presidente da República.

3.2. Agências reguladoras


As agências reguladoras são autarquias de regime especial que regulam
determinadas atividades econômicas e serviços públicos transferidos para o setor
privado.

3.3. Associações Públicas


As associações públicas são responsáveis por gerir os consórcios públicos da
administração pública indireta.

IMPORTANTE!!! AUTARQUIAS CORPORATIVAS – São os órgãos de fiscalização


profissional, cuja natureza foi firmada através da ADIn 1717. Estes conselhos possuem
natureza de autarquia e exercem poder de polícia. Na ocasião, o STF declarou
inconstitucional o art. 58 da Lei 9649/98.

4. Empresas Estatais
As empresas estatais são sociedades que estão sob o controle acionário do
Estado e integram a administração pública indireta. Podem apresentar-se sob a forma
de empresas públicas ou de sociedade de economia mista, previstas no Decreto-Lei nº
200/1967.
Em regra, as empresas estatais são criadas para que o Estado atue na
exploração de atividade econômica (Estado-empresário). No entanto, admite-se a
criação de estatais para a prestação de serviço público.

4.1. Empresa pública

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As empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado que integram a
administração pública indireta. São criadas por meio de autorização legal, podendo
assumir qualquer forma societária prevista em lei.

4.2. Sociedade de economia mista


Pessoas jurídicas de Direito Privado que integram a administração pública
indireta. São criadas por meio de autorização legal, devendo assumir a forma de
sociedade anônima.

4.3. Características semelhantes entre as empresas públicas e sociedades de economia


mista

Criação Autorização em lei específica.

Objeto Exploração de atividade econômica ou prestação de serviço


público.

Empresas exploradoras de atividade econômica: regras de


Regime jurídico Direito Privado;
Empresas que prestarem serviços públicos: regras de Direito
Público.

Controle Não há uma relação de hierarquia entre essas empresas e o ente


criador, mas sim mero controle finalístico.

Conforme entendimento da doutrina majoritária, somente as


Benefícios ficais e empresas públicas e sociedades de economia mista
Imunidade exploradoras de atividade econômica não gozam de benefícios
tributária fiscais. As prestadoras de serviço público podem receber
benefícios fiscais exclusivos.

Licitação Para a doutrina majoritária não se aplica as regras de licitação


quando o objeto do contrato estiver ligado à atividade-fim da
entidade.

Empresas exploradoras de atividade econômica:

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Responsabilidade responsabilidade subjetiva;


civil Empresas que prestarem serviços públicos: responsabilidade
objetiva.

Regime de pessoal Emprego público.

Em regra, não são considerados bens públicos. No entanto, nas


Bens empresas prestadoras de serviço público, os bens empregados
diretamente na prestação do serviço sujeitar-se-ão as
particularidades próprias dos bens públicos;

4.4. Características distintas entre as empresas públicas e sociedades de economia


mista
Para facilitar a compreensão do tema, montamos um quadro comparativo com
as principais distinções entre empresas públicas e sociedades de economia mista.

Empresa Pública Sociedade de Economia Mista

Forma jurídica Qualquer forma societária Sociedade anônima


admitida em lei

Capital Integralmente público Público e privado

Nas empresas públicas federais,


o foro será o da justiça federal.
Foro processual Justiça estadual
Nas empresas estaduais, será
competente o foro estadual.

5. Fundações Estatais
As fundações estatais são entidades criadas para integrar a administração
pública indireta com o objetivo de satisfazer objetivos sociais, portanto, não possuem
fins lucrativos. Quanto a natureza jurídica, a doutrina majoritária entende que podem
ser de Direito Público (autarquia fundacional) ou Privado.

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Criação Fundação estatal de Direito Público – Lei específica de iniciativa


do chefe do executivo;

Fundação estatal de Direito Privado – depende de autorização


legal, mas só passam a ter personalidade jurídica com o registro
dos atos constitutivos.

Objeto Atuação em atividades socialmente relevantes.

Regime de pessoal Fundação estatal de Direito Público – regime jurídico único;

Fundação estatal de Direito Privado – emprego público.

Patrimônio Fundação estatal de Direito Público – bem público;

Fundação estatal de Direito Privado – bem privado, no entanto


algumas prerrogativas dos bens públicos deverão ser observadas.

Responsabilidade Fundação estatal de Direito Público – responsabilidade objetiva;


civil
Fundação estatal de Direito Privado – responsabilidade objetiva
quando forem prestadoras de serviço público.

Foro processual Fundação estatal de Direito Público – Justiça Federal;

Fundação estatal de Direito Privado – justiça Estadual.

Controle Tribunal de Contas.

6. Consórcio Público
De acordo com a legislação em vigor, o consórcio público é a gestão associada
de serviços públicos, ou seja, a união de entes federativos para a criação de uma
pessoa jurídica para a prestação de determinado serviço. Trata-se de uma verdadeira
cooperação entre os entes.
Com a edição da Lei nº 11107/05, os consórcios públicos passam a ser tratados
como contratos, cuja celebração fica condicionada a um protocolo de intenção. Este
protocolo deverá ser aprovado pela casa legislativa de cada ente integrando do
consórcio, sendo aprovado e devidamente assinado, o consórcio torna de fato um
contrato. O consórcio público se exterioriza por meio de uma pessoa jurídica que

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poderá ser de Direito Público (são as denominadas associações públicas) ou de Direito
Privado.
Dois tipos de contrato são celebrados pelos consórcios públicos, são eles: o
contrato de rateio e o contrato de programa.

 O contrato de rateio viabiliza a transferência de recursos orçamentários dos


entes consorciados para o consórcio. Em regra, tem vigência máxima no prazo
de 01 ano.
 O contrato de programa possui como objeto a transferência de servidores,
bens ou serviços para o consórcio, ou seja, são obrigações diversas que não
envolvem recursos orçamentários. Continua vigente mesmo após a extinção do
consórcio.

Caiu na OAB

1. O Estado Alfa, mediante a respectiva autorização legislativa, constituiu uma


sociedade de economia mista para o desenvolvimento de certa atividade econômica
de relevante interesse coletivo. Acerca do Regime de Pessoal de tal entidade,
integrante da Administração Indireta, assinale a afirmativa correta.
a) Por se tratar de entidade administrativa que realiza atividade econômica, não será
necessária a realização de concurso público para a admissão de pessoal, bastando
processo seletivo simplificado, mediante análise de currículo.
b) É imprescindível a realização de concurso público para o provimento de cargos e
empregos em tal entidade administrativa, certo que os servidores ou empregados
regularmente nomeados poderão alcançar a estabilidade mediante o preenchimento
dos requisitos estabelecidos na Constituição da República.
c) Deve ser realizado concurso público para a contratação de pessoal por tal entidade
administrativa, e a remuneração a ser paga aos respectivos empregados não pode
ultrapassar o teto remuneratório estabelecido na Constituição da República, caso
sejam recebidos recursos do Estado Alfa para pagamento de despesas de pessoal ou
de custeio em geral.

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d) A entidade administrativa poderá optar entre o regime estatutário e o regime de
emprego público para a admissão de pessoal, mas, em qualquer dos casos, deverá
realizar concurso público para a seleção de pessoal.

Resposta: C

2. A sociedade “Limpatudo” S/A é empresa pública estadual destinada à prestação de


serviços públicos de competência do respectivo ente federativo. Tal entidade
administrativa foi condenada em vultosa quantia em dinheiro, por sentença transitada
em julgado, em fase de cumprimento de sentença.
Para que se cumpra o título condenatório, considerar-se-á que os bens da empresa
pública são
a) impenhoráveis, certo que são bens públicos, de acordo com o ordenamento jurídico
pátrio.
b) privados, de modo que, em qualquer caso, estão sujeitos à penhora.
c) privados, mas, se necessários à prestação de serviços públicos, não podem ser
penhorados.
d) privados, mas são impenhoráveis em decorrência da submissão ao regime de
precatórios.

Resposta: C

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Capítulo 6 Concessão e Permissão de Serviço Público

1. Concessão x permissão
Concessão e permissão são formas de delegação de serviço público e estão
previstas na Constituição Federal de 1988.
Antigamente, a concessão era concebida na forma de contrato e a permissão
como mero ato administrativo precário e discricionário. Desta forma, a concessão
deveria ser precedida de licitação, enquanto que para a permissão não havia essa
exigência. Com o advento da Lei 8987/95, a permissão de serviço público passou a ser
celebrada por meio de contrato. O STF trata a concessão e a permissão como
sinônimos, haja vista que o art. 175, p.u., I da CRFB afastou qualquer distinção entres
esses institutos.

Concessão Permissão

Delegatário Pessoa jurídica ou consórcio Pessoa física ou jurídica


público

Licitação Deve ser precedida de A lei não estabelece uma


licitação na modalidade modalidade em específico
concorrência

2. Modalidades de concessão
A concessão poderá ser: comum ou especial (parceria público-privada).

3. Concessão comum
A concessão comum é a forma pela qual o Poder Público delega a execução do
serviço para um terceiro mediante contrato, está prevista na Lei nº 8987/95. Vejamos
as principais características dessa modalidade de concessão:

Em regra, a remuneração do concessionário ocorre por meio da

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cobrança de tarifa, que ser fixada na proposta de licitação,


Remuneração podendo ser atualizada durante a execução do contrato. Além
da tarifa, o concessionário poderá instituir “receitas
alternativas” referentes a serviços privados ligados ao serviço
público.

Licitação A concessão sempre será precedida de licitação na modalidade


concorrência.

Em razão de ser um contrato administrativo, a lei estabelece


algumas prerrogativas ao poder concedente. Essas
Cláusulas essenciais prerrogativas estão elencadas no art. 23 da Lei nº 8987/95.
Dentre elas, temos: o preço do serviço, estipulação de
cronogramas físico-financeiros de execução, e, os direitos e
deveres dos usuários para obtenção e utilização do serviço.

Os contratos de concessão devem possuir prazo determinado,


no entanto, a lei que regula a concessão não estipula um prazo
Prazo máximo. Este prazo deverá ser estabelecido pelo ente federado
ou pelo poder concedente. O prazo do contrato poderá ser
prorrogado de forma excepcional.

É admitida a contratação de terceiro quando se tratar de


Subcontratação atividade inerente ao serviço público concedido. A relação entre
o concessionário e esse terceiro será de Direito Privado.

Somente será possível se houver previsão expressa no contrato,


Subconcessão bem como autorização expressa do poder concedente do
serviço público. Sendo possível a sua realização, a subconcessão
deverá ser precedida de licitação na modalidade concorrência.

O poder concedente tem a obrigação de fiscalizar, sendo


Encargos verificada alguma irregularidade, deverá aplicar as respectivas
sanções, intervir ou extinguir o contrato de concessão.

Responsabilidade Submetem-se ao regime da responsabilidade civil objetiva.

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civil

Ao término do contrato de concessão, o concessionário


Reversão dos bens transfere os bens afetados ao serviço público para o poder
concedente. O fundamento dessa transferência reside no
princípio da continuidade do serviço público.

4. Concessão especial
A concessão especial, ou parceria público-privada (PPP), é todo contrato
firmado entre o Estado e o particular para a execução de algum interesse público nas
modalidades previstas na Lei nº 11079/2004.
Esta modalidade de concessão se divide em: PPP patrocinada e PPP
administrativa.
Conforme estabelecido em lei, a PPP patrocinada será aquela em que há
contraprestação pecuniária do parceiro público para o particular, além da tarifa
cobrada dos usuários (tarifa + contraprestação). Tem como objeto a execução de
serviço público.
Por sua vez, a PPP administrativa é o contrato de prestação de serviço em que o
próprio Estado é o usuário, devendo envolver a execução de obra ou fornecimento e
instalação de bens. Nessa modalidade de concessão, o concessionário é remunerado
integralmente pelo poder público.
Vejamos outras particularidades da concessão especial:

Risco do negócio Há na concessão especial uma repartição objetiva de riscos a


ser definida no contrato, englobando os riscos ordinários e
extraordinários.

Valor mínimo e prazo Valor mínimo: R$ 10.000.000,00 (dez milhões);


Prazo: mínimo de 05 anos e máximo de 35.

 A minuta do edital e do contrato devem ser precedidas


de consulta pública;
 Para a realização da licitação é necessário autorização

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legislativa;
 Na fase interna da licitação deve-se observas as
Licitação exigências do art. 10 da Lei 11079/04, como por
exemplo, o procedimento de manifestação de
interesses (PMI);
 Deve ser realizada na modalidade concorrência, no
entanto, o poder concedente poderá inverter as fases
de habilitação e julgamento;

Responsabilidade civil Nas concessões que envolver a prestação de serviço a


responsabilidade será objetiva, mas demais valerá a regra da
responsabilidade subjetiva.

5. Autorização
A doutrina majoritária reconhece a autorização como forma de delegação de
serviço público, sendo esta considerada como mero ato administrativo precário e
discricionário.

Caiu na OAB

1. Um Estado da Federação lançou um grande programa de concessões como forma de


fomentar investimentos, diante das dificuldades financeiras por que vem passando.
Por meio desse programa, ele pretende executar obras de interesse da população e
ceder espaços públicos para a gestão da iniciativa privada. Como parte desse
programa, lançou edital para restaurar um complexo esportivo com estádio de futebol,
ginásio de esportes, parque aquático e quadras poliesportivas.
Diante da situação acima, assinale a afirmativa correta.
a) O Estado pode optar por celebrar uma parceria público-privada na modalidade de
concessão patrocinada, desde que o contrato tenha valor igual ou superior a R$
20.000.000,00 (vinte milhões de reais) e que as receitas decorrentes da exploração dos
serviços não sejam suficientes para remunerar o particular.

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b) A constituição de sociedade de propósito específico - SPE, sociedade empresária
dotada de personalidade jurídica e incumbida de implantar e gerir o objeto da
parceria, deve ocorrer após a celebração de um contrato de PPP.
c) O contrato deverá prever o pagamento de remuneração fixa vinculada ao
desempenho do parceiro privado, segundo metas e padrões de qualidade e
disponibilidade nele definidos.
d) A contraprestação do Estado deverá ser obrigatoriamente precedida da
disponibilização do serviço que é objeto do contrato de parceria público-privada; dessa
forma, não é possível o pagamento de contraprestação relativa à parcela fruível do
serviço contratado.

Resposta: A

2. Uma autarquia federal divulgou edital de licitação para a concessão da exploração


de uma rodovia que interliga diversos Estados da Federação. A exploração do serviço
será precedida de obras de duplicação da rodovia. Como o fluxo esperado de veículos
não é suficiente para garantir, por meio do pedágio, a amortização dos investimentos e
a remuneração do concessionário, haverá, adicionalmente à cobrança do pedágio,
contraprestação pecuniária por parte do Poder Público.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) Trata-se de um exemplo de parceria público-privada, na modalidade concessão
administrativa.
b) Trata-se de um consórcio público com personalidade de direito público entre a
autarquia federal e a pessoa jurídica de direito privado.
c) Trata-se de um exemplo de parceria público-privada, na modalidade concessão
patrocinada.
d) Trata-se de um exemplo de consórcio público com personalidade jurídica de direito
privado.

Resposta: C

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Capítulo 7 Terceiro Setor

1. Conceito
Terceiro setor diz respeito às entidades da sociedade civil sem fins lucrativos,
que celebram parcerias com o Estado para desempenhar atividades socialmente
relevantes. Essas entidades devem ser sempre de Direito Privado (associações ou
fundações).

2. Características

 São pessoas jurídicas de Direito Privado criadas por particulares;


 Não integram a administração pública indireta;

 Só podem ser associação civil ou fundação privada, portanto, são entidades


sem fins lucrativos. O eventual lucro decorrente do serviço prestado deverá
ser reinvestido na finalidade social;
 Prestam atividade socialmente relevante;
 Formalizam vínculos formais com o Estado;

 Recebem benefícios públicos que se inserem na ideia fomento público.

3. Entidades integrantes do Terceiro Setor


Conforme ensinamentos da doutrina majoritária, é preciso destacar as
organizações sociais (OS), as organizações da sociedade civil de interesse público
(OSCIP) e os serviços sociais autônomos (Sistema S).

3.1. Serviço Social Autônomo (Sistema S)


São entidades criadas por confederações privadas para exercerem atividades
de amparo relacionadas ao campo profissional. Dependem da edição de lei para serem
criadas e recebem contribuição social cobrada da iniciativa privada. São exemplos de
serviço social autônomo: SESC, SESI, SENAI, SENAT, SEBRAE, e SEST.

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3.2. Organização Social (OS)
As organizações sociais estão regulamentadas na Lei 9637/98. Trata-se de
entidades privadas que celebram contrato de gestão com o Estado para a busca de
metas sociais, em contrapartida recebem uma contraprestação pública. A qualificação
de uma entidade privada como organização social é atividade discricionária da
administração pública.

3.3. Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)


As organizações da sociedade civil de interesse público estão regulamentadas
na Lei 9790/99. Estas entidades celebram com o Estado termos de parceria para
atender os objetivos sociais estabelecidos em lei, dentre eles: a assistência social,
defesa do patrimônio histórico e artístico, preservação e conservação do meio
ambiente, combate à pobreza, e, implementação de tecnologias voltadas à mobilidade
das pessoas. A qualificação de uma entidade como OSCIP é atividade vinculada da
administração pública.

4. Aspectos relevantes

 Foro processual: Justiça Estadual;


 Controle: será exercido pelo ente parceiro, pelo Ministério Público e pelo
Tribunal de Contas;
 Regime de pessoal: emprego público, devendo o processo seletivo ser
realizado por meio de um processo seletivo objetivo, uma vez que essas
entidades recebem recursos públicos;
 Patrimônio: em regra são bens privados;
 Tributos: Gozam de tratamento tributário privilegiado.

5. Licitação
É entendimento majoritário a desnecessidade de licitação para a formalização
de parcerias com o terceiro setor, uma vez que essas parcerias possuem natureza
jurídica de convênio. No entanto, o poder público deverá respeitar o princípio da
impessoalidade ao firmar parcerias com essas entidades.

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Caiu na OAB

1. A Associação Delta se dedica à promoção do voluntariado e foi qualificada como


Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos – OSCIP, após o que formalizou
termo de parceria com a União, por meio do qual recebeu recursos que aplicou
integralmente na realização de suas atividades, inclusive na aquisição de um imóvel,
que passou a ser a sede da entidade.
Com base nessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta.
a) A Associação não poderia ter sido qualificada como OSCIP, considerando que o seu
objeto é a promoção do voluntariado.
b) A qualificação como OSCIP é ato discricionário da Administração Pública, que
poderia indeferi-lo, mesmo que preenchidos os requisitos legais.
c) A qualificação como OSCIP não autoriza o recebimento de recursos financeiros por
meio de termo de parceria, mas somente mediante contrato de gestão.
d) A Associação não tem liberdade para alienar livremente os bens adquiridos com
recursos públicos provenientes de termo de parceria.

Resposta: D

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Capítulo 8 Serviço Público

1. Conceito
Não há na doutrina um consenso a cerca do conceito de serviço público. A
doutrina majoritária brasileira adota o conceito amplo em que o serviço público é toda
atividade criada por lei, cujo o titular é o Estado ou particular delegatário, com o
objetivo de atender ao interesse público, sendo submetida ao regime do Direito
Público.

2. Criação
O serviço público é atividade criada pela lei ou pela Constituição.

3. Princípios
Ao longo da evolução histórica, diversos princípios foram absorvidos pelo
campo do serviço público. Abaixo, listaremos os principais princípios reconhecidos pela
doutrina majoritária:

3.1. Princípio da continuidade do serviço público


Para este princípio, o serviço público deve ser prestado de forma ininterrupta,
contínua. Importante destacar que essa continuidade se dará de acordo com as
necessidades da sociedade, podendo ser absoluta ou relativa.
Conforme já descrito no Capítulo 2 deste material, o princípio da continuidade
traz três grandes discussões, são elas:

 O serviço público poderá interrompido em decorrência do inadimplemento do


usuário, trata-se de uma exceção reconhecida pelo STJ por conta do disposto
no art. 6o, § 3o, II da Lei nº 8.987/95.

Esta questão chegou no STJ a partir do conflito entre duas normas: o art. 22 do CDC e
o art. 6o, § 3o, II da Lei nº 8.987/95. Em razão do princípio da especialidade, foi
consolidado o entendimento pela aplicabilidade da Lei 8.987/95. Porém, o próprio STJ

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traz uma exceção, que é quando o Estado é o usuário do serviço. Neste caso, a
concessionária não poderá efetuar o corte quando o Estado estiver prestando serviço
essencial para a coletividade, como por exemplo, em hospitais públicos e creches.

 Exceção ao contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus): o


particular concessionário de serviço público não poderá interromper a sua
prestação, ainda que o poder público não cumpra com o contrato.
 Direito de greve dos servidores públicos: diante da ausência de norma
regulamentadora, o STF reconheceu o direito de greve dos servidores públicos
por analogia a Lei nº 7.783/95. Respeitando sempre a prestação dos serviços
essenciais.

No ano de 2007, o STF no julgamento de três mandados de injunção impetrados – um


pelo Sindicato dos Servidores Policiais Civis do Espírito Santo (SINDIPOL), outro pelo
Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de João Pessoa (SINTEM), e
pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário do Estado do Pará (SINJEP) –
concluiu por assegurar aos seus associados o direito de greve estabelecido no art. 37,
VII, da CRFB em face da omissão legislativa. Tais decisões estão inseridas nos
informativos 308, 430, 462, 468, 480 e 484 do referido Tribunal.

3.2. Princípio da igualdade


Pelo princípio da igualdade, tanto o Poder Público quanto o particular
delegatário de serviço público, deverá prestá-lo igualmente para todos os usuários do
serviço.

3.3. Princípio da mutabilidade


O serviço público deve acompanhar as transformações da sociedade com o
objetivo de evitar sua deterioração.

3.4. Princípio da generalidade


A prestação do serviço público deverá atender ao maior número de pessoas.

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3.5. Princípio da modicidade


O valor cobrado para o usuário pela prestação do serviço deverá ser
proporcional ao custo deste serviço, com o fim de viabilizar o acesso ao maior número
de pessoas.

4. Classificação
A doutrina estabelece diversos critérios para a classificação do serviço público.
Vejamos abaixo as mais importantes:

4.1. Em relação ao usuário o serviço poderá ser:


 Uti singuli (específicos ou individuais): é aquele serviço prestado diretamente
a um indivíduo, como por exemplo o fornecimento de água. O pagamento é
através de uma taxa ou tarifa.
 Uti universi (gerais): são os serviços prestados para a coletividade. Em regra,
são cobrados por meio de impostos.

4.2. Em relação ao objeto será:


 Administrativo: quando executado pela administração pública para atender as
suas próprias necessidades. São as atividades-meio.
 Social: quando for executado para atender interesses de caráter social,
podendo ser prestado tanto pelo Poder Público quanto pelo particular.
 Econômico: são os serviços enquadrados como atividade econômica auferindo
renda para quem prestar este serviço.

4.3. Em relação à titularidade estatal, o serviço público poderá ser:


 Próprio: quando for de titularidade exclusiva do Estado e a execução for feita
pelo próprio ou por particular delegatário.
 Impróprio (ou virtual): quando se tratar de serviço cuja titularidade não for
exclusiva do Estado, mas for de relevante interesse social.

5. Modalidades

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A prestação do serviço público poderá ser prestada de forma direta ou indireta.


Será direta quando a prestação for executada pela própria administração pública, e,
indireta, quando prestada por um particular por meio de um contrato de concessão ou
permissão de serviço público.

6. CDC
Conforme a legislação em vigor, os serviços públicos submetem-se às regras do
Código de Defesa do Consumidor (CDC). A doutrina diverge bastante quanto a
amplitude da aplicação do CDC aos serviços públicos. Diversas teorias surgiram para
debater o tema, sendo tese majoritária atualmente a incidência do CDC apenas aos
serviços individuais (uti singuli) remunerados por meio de tarifa.

Caiu na OAB

1. O Estado Alfa, com o objetivo de articular a prestação dos serviços de saneamento


básico entre municípios limítrofes, instituiu uma região metropolitana, de modo a
promover a organização, o planejamento e a execução de tais atividades de interesse
comum.
Acerca da criação de regiões metropolitanas para a realização de serviços públicos,
assinale a afirmativa correta.
a) A instituição de região metropolitana para a organização, o planejamento e a
execução dos serviços públicos é de competência do Estado Alfa, por meio de lei
complementar.
b) A organização, o planejamento e a execução dos serviços de saneamento básico
entre municípios limítrofes deveria, necessariamente, ser promovida por meio de
consórcio público.
c) A competência para a criação de regiões metropolitanas é exclusiva da União, sob
pena de violar a autonomia dos municípios que seriam por elas alcançados.
d) A criação da região metropolitana pretendida pelo Estado Alfa não é possível, diante
da ausência de previsão para tanto no nosso ordenamento jurídico.

Resposta: A

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Capítulo 9 Poderes Administrativos

1. Conceito
Poderes administrativos são prerrogativas que a Administração Pública possui
para que, no exercício das suas atividades, concretize os interesses da coletividade.
Estes poderes podem ser utilizados de forma isolada ou conjunta.
No exercício desses poderes, a Administração Pública deverá atuar
estritamente conforme as hipóteses impostas da lei (poder vinculado) ou poderá atuar
fazendo um juízo de conveniência e oportunidade, tendo uma maior liberdade de
atuação, mas sempre dentro dos limites legais (poder discricionário).

2. Desvio e excesso de poder


Os poderes administrativos devem ser utilizados exclusivamente para alcançar
o interesse público. Quando o uso desses poderes for abusivo, violando o princípio da
supremacia do interesse público, haverá uma ilegalidade, ou seja, um verdadeiro
abuso de poder.
Este abuso de poder poderá ocorrer de duas formas:

 Excesso de poder: quando a atuação do agente público ultrapassa a esfera da


sua competência;
 Desvio de poder (ou desvio de finalidade): quando o agente público atua com
finalidade diversa ao interesse público.

3. Espécies de poder e suas características

3.1. Poder hierárquico:


O poder hierárquico pressupõe a existência de níveis de subordinação na
estrutura interna da Administração Pública. Importante lembrar que este poder
desenvolve-se sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica, ou seja, não há
hierarquia entre pessoas jurídicas distintas. Sendo assim, a relação existente entre as

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pessoas da Administração Direta e a Administração Indireta é meramente de


vinculação e não de hierarquia.
O poder hierárquico garante a Administração as prerrogativas de fiscalizar, dar
ordens, aplicar sanções, rever atos, controlar, resolver conflitos, delegar e avocar
competências.

3.2. Poder disciplinar:


O poder disciplinar consiste na aplicação de sanções às pessoas que possuem
algum vínculo com a Administração Pública, podendo este vínculo ser funcional
(punição aos seus servidores) ou negocial (infração administrativa praticada por
particular ligado à administração por vínculo jurídico específico).

3.3. Poder regulamentar ou normativo:


O poder regulamentar confere à Administração Pública a prerrogativa de editar
atos normativos. Este poder se materializa através dos seguintes tipos de decretos:

 Decretos regulamentares (ou de execução): atos secundários que definem


procedimentos para a fiel aplicação da lei. Sua edição é de competência
exclusiva do Chefe do Poder Executivo, não podendo ser delegada.
 Decretos autônomos: são atos primários que encontram fundamento na
própria Constituição. Os decretos autônomos podem conter normas dirigidas
aos cidadãos ou à organização e funcionamento da própria administração. A
competência para sua edição é do Chefe do Poder Executivo, podendo ser
delegada para outra autoridade.
 Regulamentos autorizados: ocorre quando o Poder Legislativo autoriza, por
meio de lei, o Poder Executivo a complementar disposições constantes nesta
lei. Esse complemento deve ser apenas de natureza técnica, como por exemplo
as normas editadas pelas agências reguladoras.

3.4. Poder de polícia:

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O poder de polícia é prerrogativa conferida à Administração Pública para


restringir e condicionar o exercício de direitos e práticas de atividades privadas, com o
fim de proteger os interesses da sociedade.
O conceito legal desse poder pode ser encontrado no art. 78 do CTN, sendo
considerado atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública
ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

3.4.1. Polícia administrativa x Polícia judiciária


Para a doutrina majoritária, o conceito de poder de polícia pode ser concebido
por dois sentidos: amplo e restritivo. O sentido amplo compreende toda e qualquer
atividade estatal que restrinja a liberdade individual. Por sua vez, o sentido restritivo
corresponde às restrições oriundas da atividade administrativa estatal, advindo daí a
ideia de polícia administrativa.
A polícia administrativa possui caráter meramente preventivo, incidindo sobre
bens, direitos e atividades. É exercida pelos diversos órgãos integrantes da
Administração Pública.
A ideia de polícia administrativa não se confunde com a polícia judiciária, pois
esta será exercida por corporações especializadas para a apuração e repressão a
crimes. Desta forma, concluímos que a polícia judiciária possui caráter repressivo,
incidindo apenas sobre pessoas.

3.4.2. Ciclos do poder de polícia


Para professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto, o poder de polícia de
desenvolve em ciclos, sendo eles: legislação, consentimento, fiscalização e sanção.

 Legislação (ou ordem de polícia): diz respeito a edição de normas que limitam
e condicionam o exercício de atividades privadas e uso de bens. Está atrelado
ao princípio da legalidade.

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 Consentimento: esta fase condiciona o exercício de alguma atividade ao


consentimento da Administração Pública. Esse consentimento ocorre por meio
da concessão de licenças ou autorizações.
 Fiscalização: a Administração Pública deve verificar se o particular está
cumprindo as exigências impostas pela legislação (ordem de polícia), bem como
se estão sendo observadas as condições impostas na licença ou autorização.
 Sanção: sendo verificada alguma infração a ordem de polícia ou ao
consentimento oriundo de licença/autorização, deverá ser aplicada sanção
correspondente.

Das fases apresentadas, as únicas que estão sempre presentes em qualquer poder de
polícia são: a legislação e a fiscalização. Isso ocorre, pois o consentimento existirá
quando for necessária a expedição de licença ou autorização; e, a sanção quando
houver alguma irregularidade.

3.4.3. Delegação do poder de polícia


A possibilidade de delegação do poder de polícia é tema amplamente debatido
pela doutrina. A tese majoritária e o próprio STF entendem que é possível a delegação
para as apenas para as pessoas jurídicas de Direito Público integrantes da
Administração Indireta.
O professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto sustenta a possibilidade de
delegação das fases de consentimento e fiscalização para as pessoas jurídicas de
direito privado integrantes da Administração Pública Indireta, pois são atividades que
não implicam na imposição de sanções.

3.4.4. Atributos do poder de polícia


O poder de polícia possui alguns atributos específicos, são eles:

 Discricionariedade: a Administração possui liberdade de atuação, seguindo os


critérios de conveniência e oportunidade, respeitando sempre os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade.

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 Autoexecutoriedade: a Administração pode praticar os seus atos


independentemente de prévia autorização judicial.
 Coercibilidade: as medidas adotadas pela Administração podem ser aplicadas
de forma coercitiva, inclusive mediante o emprego de força.

3.4.5. Limitações ao poder de polícia


O exercício do poder de polícia deverá observar os limites impostos pelo
ordenamento jurídico, bem como as garantias constitucionais. Destaca-se o respeito
ao princípio da proporcionalidade, não podendo o ato de polícia ultrapassar os seus
limites, sob pena de indenização para o particular atingido.

Caiu na OAB

1. Um fiscal de posturas públicas municipais verifica que um restaurante continua


colocando, de forma irregular, mesas para os seus clientes na calçada. Depois de lavrar
autos de infração com aplicação de multa por duas vezes, sem que a sociedade
empresária tenha interposto recurso administrativo, o fiscal, ao verificar a situação,
interdita o estabelecimento e apreende as mesas e cadeiras colocadas de forma
irregular, com base na lei que regula o exercício do poder de polícia correspondente. A
partir da situação acima, assinale a afirmativa correta.
a) O fiscal atuou com desvio de poder, uma vez que o direito da sociedade empresária
de continuar funcionando é emanação do direito de liberdade constitucional, que só
pode ser contrastado a partir de um provimento jurisdicional.
b) A prática irregular de ato autoexecutório pelo fiscal é clara, porque não
homenageou o princípio do contraditório e da ampla defesa ao não permitir à
sociedade empresária, antes da apreensão, a possibilidade de produzir, em processo
administrativo específico, fatos e provas em seu favor.
c) O ato praticado pelo fiscal está dentro da visão tradicional do exercício da polícia
administrativa pelo Estado, que pode, em situações extremas, dentro dos limites da
razoabilidade e da proporcionalidade, atuar de forma autoexecutória.
d) A atuação do fiscal é ilícita, porque os atos administrativos autoexecutórios, como
mencionado acima, exigem, necessariamente, autorização judicial prévia.

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Resposta: C

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Capítulo 10 Ato Administrativo

1. Conceito
Ato administrativo é espécie do gênero ato jurídico, que se caracteriza por ser
ato unilateral da Administração Pública ou de particular delegatário, sujeitos ao regime
do Direito Público para a produção de efeitos jurídicos com a finalidade de atender o
interesse público.
Os atos administrativos são típicos do Poder Executivo, mas também poderão
editar esses atos o Poder Legislativo e Judiciário no exercício de gestão interna.
Por vezes a Administração atua no âmbito do Direito Privado, isso ocorre
através das entidades que atuam no domínio econômico, como por exemplo, as
empresas públicas e sociedades de economia mista. Nestes casos, os atos emitidos por
essas entidades também serão considerados administrativos, quando editados no
exercício de atividade administrativa por imposição constitucional, sendo impugnáveis
através de mandado de segurança.

2. Fato administrativo
Trata-se de eventos materiais que repercutem no mundo jurídico. Em regra, é
mera consequência dos atos administrativos.

3. Elementos do ato administrativo


Prevalece na doutrina o entendimento de que são cinco os elementos que
constituem o ato administrativo: competência, forma, finalidade, motivo e objeto.

 Competência: somente agente público competente pode editar ato


administrativo. Somente a lei pode estabelecer competências, sendo assim,
este é um elemento vinculado. A competência é fixada em razão da matéria, do
território, da hierarquia e em razão do tempo. É, portanto, elemento
irrenunciável, intransferível, imodificável, imprescritível, improrrogável e de
exercício obrigatório.

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ATENÇÃO! Em certas ocasiões, a competência poderá ser modificada


por meio da delegação ou da avocação. Delegação é a transferência precária de
determinadas atribuições para outro agente público. Avocação é o ato pelo qual um
superior chama para si o exercício de atribuições outorgadas ao seu subordinado,
trata-se de medida excepcional e que deve ser justificadamente relevante.

 Finalidade: é o elemento do ato que atende ao interesse público, ou seja, é o


resultado pretendido pelo ato. Havendo qualquer desacordo com a finalidade
do ato, ficará configurado o desvio de finalidade (ou desvio de poder),
tornando o ato nulo, uma vez que o vício de finalidade não pode ser
convalidado.

 Forma: é o modo pelo qual o ato administrativo se exterioriza. Em regra, a


forma exigida é a escrita, mas em situações excepcionais os atos poderão
assumir a forma não escrita, como por exemplo, por meio de placas de trânsito
ou ordens verbais emitidas por superior hierárquico. Eventual vício de forma
será passível de convalidação, salvo quando a forma do ato for determinada
por lei.

 Motivo: é a situação de fato ou de direito que determina a prática do ato, ou


seja, é a causa do ato. O estudo do motivo do ato administrativo está
intimamente relacionado ao da motivação do ato. Entende-se por motivação a
exteriorização do motivo. É quando o agente público expõe os motivos da
edição de determinado ato.
ATENÇÃO! Teoria dos motivos determinantes – por esta teoria a
motivação deve guardar relação com os fatos que ensejaram a edição do ato
administrativo, ainda que a lei não exija motivação.

 Objeto: é o conteúdo do ato.

4. Ato discricionário e ato vinculado

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A liberdade de atuação do agente público será definida pela lei. Essa atuação
poderá ser discricionária ou vinculada.
A atuação será discricionária quando o legislador autorizar a edição do ato por
meio de critérios de conveniência e oportunidade. Já, na atuação vinculada, o agente
não possui nenhuma margem de liberdade, devendo seguir todos os elementos
previstos na norma.

4.1. Mérito administrativo


O mérito administrativo está presente nos atos discricionários, pois há neles
uma liberdade de apreciação dos critérios de conveniência e oportunidade. O agente
jaz um verdadeiro juízo de ponderação sobre o ato.

4.2. Controle do ato


O controle do ato administrativo poderá ser de legalidade ou de mérito. O
controle de legalidade é exercido pelo Poder Judiciário que poderá invalidar os atos
ilegais da administração (controle jurisdicional).
Já, o controle de mérito é aquele exercido pela própria Administração Pública
através da análise dos critérios de conveniência e oportunidade. É exercido através do
“princípio da autotutela” e já foi sumulado pelo STF.

Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

5. Atributos do ato
São atributos do ato administrativo: a presunção de legitimidade,
imperatividade e autoexecutoriedade.

5.1. Presunção de legitimidade

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Por este atributo presume-se que ato administrativo está conformidade com o
ordenamento. Este atributo é inerente a todo administrativo, independentemente de
norma, estando presente desde a edição do mesmo. Verificada alguma ilegalidade,
caberá ao administrado o ônus da prova de existência de vício no ato.

5.2. Imperatividade
A administração Pública pode, unilateralmente, criar obrigações ou impôr
restrições aos administrados.

5.3. Autoexecutoriedade
A Administração Pública pode executar atos independentemente de prévia
autorização judicial, inclusive utilizando-se da força, desde que de forma moderada.

6. Classificação

6.1. Quanto à formação da vontade administrativa:


 Simples: quando editados por um único órgão;
 Compostos: quando editados por dois órgãos. Sendo que um define o
conteúdo do ato, enquanto que o outro verifica a legitimidade.
 Complexo: quando um único ato for editado por mais de um órgão.

6.2. Quanto ao destinatário:


 Individual: quando destinado a indivíduo determinado;
 Geral ou normativo: quando destinado a indeterminadas pessoas.

6.3. Quanto aos efeitos:


 Constitutivo: é o ato que cria, modifica ou extingue direito;
 Declaratório: declara a existência de determinada situação ou reconhece
direitos;
 Enunciativo: atesta fato ou direito.

6.4. Quanto à imperatividade:

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 De império: quando for decorrente do exercício do poder de império;


 De gestão: quando a administração editar ato na qualidade de gestora. São os
atos típicos da administração de bens e serviços.

6.5. Quanto à competência:


 Vinculado: são atos cujos elementos estão previstos na legislação, o
administrador público não possui liberdade na sua atuação;
 Discricionário: são os atos que garantem ao administrador uma certa liberdade
na sua edição. Geralmente é feito um juízo de conveniência e oportunidade.

6.6. Quanto ao âmbito dos efeitos:


 Externo: atos cuja incidência ultrapassa os limites da Administração Pública,
atingindo, também, os particulares;
 Internos: surtem efeito apenas no âmbito da Administração Pública.

6.7. Quanto à retratabilidade:


 Revogável: são os atos que podem ser revogados a qualquer momento pelo
critério da conveniência e oportunidade;
 Irrevogáveis: são os atos que não podem ser revogados pela administração.

6.8. Em relação à executoriedade, o ato será:


 Executório: quando for editado por vontade da Administração Pública;
 Não executório: quando depender da manifestação do Poder Judiciário.

6.9. Quanto à exequibilidade:


 Perfeito: são os atos totalmente aptos a produzir efeitos a partir da sua
publicação;
 Imperfeitos: são os atos que ainda não estão completamente formados
dependem da edição de outro ato para se tornarem válidos;
 Pendentes: são atos perfeitos sujeitos a termo ou condição;
 Consumados: são os atos que já produziram os seus efeitos.

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7. Espécies

7.1. Ato normativo


São atos gerais e abstratos, cujo objetivo é dar o fiel cumprimento a lei. Estes
atos possuem conteúdo semelhando ao de uma lei, mas não inovam no ordenamento
jurídico. É exemplo de ato normativo o decreto regulamentar.

7.2. Ato ordinatório


São atos internos da Administração Pública que derivam do exercício do poder
hierárquico, como por exemplo, as ordens de serviço e as circulares.

7.3. Ato negocial


São atos editados quando o particular depende de prévio consentimento da
administração. Um bom exemplo de ato negocial são as licenças.

7.4. Ato enunciativo


A doutrina majoritária define o ato enunciativo como atos de conteúdo
declaratório. São tipos de ato enunciativo: certidão, atestado, parecer e apostila.

7.5. Atos punitivos


São atos que restringem direitos ou impõem obrigações aos que estiverem em
desconformidade com a lei. São exemplos de atos punitivos as multas e apreensões.

8. Extinção

8.1. Anulação
A anulação ocorrerá quando o ato possuir vício de legalidade. A ilegalidade do
ato está na sua origem, sendo assim, sendo anulado o ato, essa extinção terá efeito
retroativo. Porém em certas ocasiões por razões de segurança jurídica, o ato ilegal
poderá surtir efeito por decisão devidamente motivada, modulando-se assim os seus
efeitos. Vide súmula 473 do STF.

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8.2. Caducidade
Ocorre a caducidade quando o ato administrativo editado deixar de ser
compatível com nova norma jurídica.

8.3. Cassação
Extinção do ato administrativo em decorrência do descumprimento das
condições impostas pela Administração Pública.

8.4. Revogação
Ocorre a revogação quando o ato for extinto por critério de conveniência e
oportunidade da própria Administração Pública.

9. Convalidação ou sanatória
A convalidação ou sanatória ocorrerá sempre que o ato possuir vício sanável.
Neste caso, a convalidação surtirá efeitos retroativos. Poderá ser:

 Voluntária: quando decorrer de manifestação da própria administração, por


meio de ratificação, reforma ou conversão;
 Involuntária: opera-se pelo decurso do tempo. É a denominada decadência
administrativa.

Caiu na OAB

1. Ao realizar uma auditoria interna, certa entidade administrativa federal, no exercício


da autotutela, verificou a existência de um ato administrativo portador de vício
insanável, que produz efeitos favoráveis para a sociedade Tudo beleza S/A, a qual
estava de boa fé. O ato foi praticado em 10 de fevereiro de 2012. Em razão disso, em
17 de setembro de 2016, a entidade instaurou processo administrativo, que, após o
exercício da ampla defesa e do contraditório, culminou na anulação do ato em 05 de
junho de 2017.
Com relação ao transcurso do tempo na mencionada situação hipotética, assinale a
afirmativa correta.

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a) Não há decadência do direito de anular o ato eivado de vício, considerando que o


processo que resultou na invalidação foi instaurado dentro do prazo de 5 (cinco) anos.
b) Consumou-se o prazo prescricional de 5 (cinco) anos para o exercício do poder de
polícia por parte da Administração Pública federal.
c) O transcurso do tempo não surte efeitos no caso em questão, considerando que a
Administração pode anular seus atos viciados a qualquer tempo.
d) Consumou-se a decadência para o exercício da autotutela, pois, entre a prática do
ato e a anulação, transcorreram mais de 5 (cinco) anos.

Resposta: A

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Capítulo 11 Processo Administrativo

1. Conceito
O processo administrativo nada mais é que uma sequência de atos pelo qual é
possível obter uma decisão administrativa. Em âmbito federal, essa sequência de atos
é regulada pela Lei 9784/1999.

2. Classificação

2.1. Em relação à litigiosidade, o processo administrativo será:


 Não litigioso: quando não houver conflito de interesses;
 Litigioso: quando houver conflito de interesses entre a Administração Pública e
algum administrado.

2.2. Em relação aos interesses dos administrados:


 Ampliativo: é o processo que visa ampliar os direitos dos administrados.
 Restritivo: é o processo que tem por objetivo restringir direitos dos
administrados.

2.3. Quanto ao âmbito de incidência:


 Interno: diz respeito aos processos que envolvem a Administração Pública e
pessoa que com ela possua vínculo especial;
 Externo: são os processos que envolvem a Administração e algum particular;

2.4. Em relação ao conteúdo, o processo administrativo será:


 De controle: quando tiver como objetivo o controle de juridicidade de ato
administrativo;
 Punitivo: para apurar eventuais irregularidades;

3. Princípios

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3.1. Devido processo legal


Princípio consagrado pelo texto constitucional pelo qual a Administração
deverá respeitar todas as formalidades estabelecidas pela lei.

3.2. Contraditório e ampla defesa


O contraditório e a ampla defesa, também são princípios consagrados pela
Constituição Federal de 1988. Estes princípios garantem as partes o direito de serem
ouvidas e de se defenderem.

3.3. Oficialidade
Por este princípio a Administração pode instaurar e dar impulso ao processo,
independentemente de provocação da parte interessada.

3.4. Formalismo moderado


O processo administrativo não exige formalidades rígidas.

3.5. Publicidade
O processo administrativo deve ser transparente, com ampla publicidade de
todos os atos.

3.6. Duração razoável do processo


Princípio constitucional que garante as partes a razoável duração do processo
bem como a celeridade na tramitação.

3.7. Motivação
Este princípio garante a motivação de todos os atos administrativos.

3.8. Gratuidade
O princípio da gratuidade veda a cobrança de despesas processuais nos
processos administrativos, salvo quando for estipulado em lei.

3.9. Participação

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O novo modelo de Administração Pública é pautado numa maior participação


popular, é daí que decorre o princípio da participação.

3.10. Recorribilidade
Garante às partes a possibilidade de interposição de recursos contra decisões
em processos administrativos.

4. Fases do processo administrativo

4.1. Fase introdutória


Esta fase indica o início do processo administrativo, seja de ofício ou por
provocação de pessoa interessada.

4.2. Fase preparatória


Esta fase é caracterizada pela produção de provas e quaisquer outras
diligências cabíveis que contribuam para a decisão final do processo. O ônus da prova
cabe ao interessado, salvo quando ele declarar que os dados estão nos documentos
em posse da própria administração em que corre o processo.

4.3. Fase decisória


É a fase do processo administrativo que emite a decisão final da autoridade
competente.

5. Recursos

5.1. Recurso hierárquico próprio


Trata-se de impugnação feita para autoridade hierarquicamente superior
àquela que proferiu a decisão. Atenção para a súmula vinculante 21.

Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento


prévio de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

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5.2. Recurso hierárquico impróprio


É o recurso interposto para autoridade fora da entidade que proferiu a decisão.

5.3. Pedido de reconsideração


Trata-se de um pedido de reexame da decisão para a própria autoridade que a
proferiu.

5.4. Revisão
Através da revisão é possível solicitar a qualquer momento a revisão da decisão
quando surgir fato novo ou circunstância relevante.

6. Processo Administrativo Disciplinar – PAD


Processo Administrativo Disciplinar é o meio pelo qual se investiga e aplica
punições aos agentes públicos, sendo de competência de cada ente federativo a
edição de normas referentes aos seus respectivos processos administrativos.

6.1. Sindicância Administrativa


É a fase preliminar do PAD e tem como objetivo apurar os indícios de infração e
autoria. Possui caráter inquisitório.

6.2. Fases do Processo Administrativo


O PAD possui três fases: instauração, inquérito e decisória.

 Instauração: é a fase inicial do processo que pode ser de ofício ou por


provocação da parte interessada.
 Instrução: é a fase de produção de provas;
 Decisória: é a fase final do processo em que é emitida a decisão que poderá ser
condenatória ou absolutória.

Caiu na OAB

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1. Após a Polícia Federal colher farto material probatório, o Ministério Público


denunciou Ricardo, servidor público federal estável, por crime funcional e comunicou o
fato às autoridades competentes para eventual apuração administrativa.
Antes do recebimento da denúncia, diante da vasta documentação que demonstrava a
materialidade de violação de dever funcional remetida para a Administração, foi
instaurado o processo administrativo disciplinar, sem a realização de sindicância, que,
mediante regular processamento do inquérito administrativo, culminou na aplicação
da pena de demissão de Ricardo.
Sobre a situação hipotética narrada, assinale a afirmativa correta.
a) Ricardo não poderia ser demitido sem a realização de sindicância, que é
procedimento prévio imprescindível para a instauração de processo administrativo
disciplinar.
b) O recebimento da denúncia deveria ter suspendido o processo administrativo
disciplinar contra Ricardo, e o prosseguimento de tal apuração só poderia ocorrer após
a conclusão do Juízo criminal.
c) O processo administrativo disciplinar instaurado contra Ricardo é nulo, pois não é
cabível a utilização de prova produzida para a apuração criminal.
d) A hipótese não apresenta qualquer nulidade que contamine o processo
administrativo disciplinar instaurado contra Ricardo.

Resposta: D

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Capítulo 12 Licitação

1. Conceito
Em regra, toda vez que a Administração Pública for contratar ela deverá realizar
um procedimento prévio denominado licitação. A licitação tem por objetivo buscar a
proposta mais vantajosa observando sempre o princípio da isonomia.
A licitação terá como objeto o conteúdo do contrato a ser realizado,
estabelecendo a Lei 8666/93 quatro objetos: as obras, os serviços, compras e
alienações.

2. Princípios
O processo de licitação, além de respeitar os princípios expressos na
Constituição, deverá observar alguns princípios específicos. São eles:

2.1. Competitividade
O princípio da competitividade indica que a Administração Pública deverá
buscar a proposta mais vantajosa. Quanto mais a licitação for competitiva, mais
vantajosa será a proposta para a Administração.

2.2. Vinculação ao instrumento convocatório


O instrumento convocatório da licitação é o edital ou a carta convite. Esses
instrumentos são considerados como “lei” entre o Poder Público e os licitantes, por
este motivo, devem ser observadas as regras neles contidas sob pena de acarretar
ilegalidade ao certame.

2.3. Julgamento objetivo


O julgamento do processo de licitação deve ser pautado em critérios objetivos
estabelecidos no instrumento convocatório. Conforme a legislação em vigor, esses
critérios devem ser: menor preço, melhor técnica, técnica e preço, e, maior lance ou
oferta.

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2.4. Sigilo das propostas


As propostas apresentadas devem ser mantidas em sigilo até a data da
abertura de todas elas em conjunto.

3. Função regulatória da licitação


Conforme a doutrina majoritária, a licitação serve não só para a Administração
Pública contratar, mas serve também para atender outras funções públicas, como por
exemplo, promover um desenvolvimento sustentável e a inclusão de pessoas
deficientes. Uma verdadeira função regulatória.

4. Sistema de registro de preços


O sistema de registro de preços é o meio utilizado pela Administração Pública
para registrar as propostas mais vantajosas para futuras contratações. Em regra, é
realizado na modalidade concorrência ou pregão.
Será possível usar o sistema de registro de preços quando: houver necessidade
de contratações frequentes; for conveniente a aquisição de bens ou contratação de
serviço de forma parcelada; for conveniente a aquisição de bens ou contratação de
serviço para mais de um órgão ou entidade; e, for impossível quantificar a natureza do
objeto a ser demandado pela Administração.
Seu principal objetivo é racionalizar as contratações, ou seja, a Administração
realiza apenas uma única licitação para registrar preços para futuras contratações.
Ao final será elaborada uma “ata de registro de preços” em que ficarão
registrados todos os preços. Esta ata terá o prazo de validade de um ano.

4.1. Efeito Carona


O efeito carona ocorre quando um órgão ou entidade administrativa que não
participaram do registro de preço, utiliza a ata de registo de preços de outro órgão ou
entidade para realizar as suas contratações.

5. Destinatários

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Conforme legislação em vigor, são destinatários do processo de licitação os


entes da Administração Pública Direta e Indireta, bem como as entidades controladas
direta ou indiretamente pelo Estado.

6. Contratação direta
A regra para contratação pelo Poder Público é a licitação. No entanto, a lei em
vigor estabelece algumas situações em que o Poder Público poderá contratar
diretamente, seja por ser inviável por ausência de competição ou inconveniente.

6.1. Licitação dispensada


A licitação dispensada cabe nos casos elencados no art. 17, I e II da Lei 8666/93.
As hipóteses elencadas neste artigo são taxativas, não tendo a Administração Pública
qualquer possibilidade de discricionariedade. O principal objeto destes contratos é a
alienação de bens.

6.2. Dispensa de licitação


A dispensa de licitação está prevista no art. 22 da Lei 8666/93, que possui rol
taxativo, mas que cujas hipóteses dependem de um juízo de conveniência e
oportunidade da Administração Pública para que ocorra a dispensa.
Caberá dispensa de licitação quando: o valor da contratação for reduzido;
houver situação emergencial; a licitação for deserta; houver intervenção no domínio
econômico; a licitação for frustrada; houver contratação de entidades administrativas;
for caso de segurança nacional; houver compra e locação de imóveis; haver
necessidade de complementação do objeto contratual; for compra de gêneros
perecíveis; houver contratação com entidades sem fins lucrativos, entre outros.

6.3. Inexigibilidade de licitação


Ocorrerá inexigibilidade nas hipóteses previstas no art. 25 da Lei 8666/93, casos
em que a competição será inviável. O rol apresentado neste artigo é exemplificativo,
cabendo a Administração Pública verificar a impossibilidade de competição.
Será inexigível a licitação nos seguintes casos: fornecedor exclusivo, serviço
técnico especializado, artista consagrado e credenciamento.

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7. Modalidades de licitação
A legislação estabelece algumas modalidades de licitação cujos critérios devem
ser observados pela Administração Pública. Estas modalidades estão previstas na Lei
8666/93 (concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão), Lei 10520/2002
(pregão) e Lei 9986/2000 (consulta).
OBSERVAÇÃO! Há, ainda, outra modalidade denominada RDC (Regime
diferenciado de contratação), que será estudada com detalhes mais à frente.

7.1. Concorrência
É a modalidade utilizada para contratações de grande vulto, sendo cabível para
valores acima de R$ 1.500.000,00 nas contratações de obras e serviços de engenharia
e valor acima de R$ 650.000,00 para compras e demais serviços. É a regra para os
processos licitatórios e está prevista no art. 23 da Lei nº 8666/1993.

7.2. Tomada de preços


Esta modalidade é exigida para contratações de médio vulto, ou seja, para
obras e serviços de engenharia com valor até R$ 1.500.000,00 e para compras e
demais serviços de até R$ 650.000,00. A tomada de preços está prevista no art. 23 da
Lei nº 8666/1993.
Um item importante que não pode passar despercebido é quando na licitação
envolver consórcio público. Nestes casos, estes valores serão em dobro para
consórcios com até três entes federativos e será o triplo quando o consórcio for
formado por mais de três entes.

7.3. Convite
Convite é modalidade de licitação prevista no art. 23 da Lei nº 8666/1993
exigível para contratações de menor vulto. Desta forma, as obras e serviços de
engenharia de valor até R$ 150.000,00 e compras e demais serviços até R$ 80.000,00
seguirão a modalidade convite. Importante lembrar que, em relação aos consórcios
aplicar-se-ão as mesmas regras mencionadas no item anterior.

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Poderão participar do convite os convidados (cadastrados ou não) e os não


convidados (mas cadastrados) que manifestarem interesse até 24 horas antes da
apresentação das propostas.

7.4. Concurso
Haverá o concurso para escolha de trabalho técnico, artístico e científico,
mediante entrega de prêmio ou remuneração. Esta modalidade está prevista no art. 22
da Lei 8666/1993.
A modalidade concurso não se confunde com o concurso público, pois na
primeira o objetivo é a contratação de trabalho, e, na segunda o objetivo é o
provimento de cargo ou emprego público.

7.5. Leilão
O leilão está previsto no art. 22 da Lei nº 8666/1993, é a modalidade de
licitação para alienação de: bens móveis inservíveis, produtos legalmente apreendidos
ou penhorados e bens imóveis adquiridos em procedimentos judiciais ou mediante
dação em pagamento.
Será definido um valor mínimo de arrematação para o bem a ser leiloado,
sendo declarado vencedor aquele que oferecer maior lance (igual ou superior) ao valor
da avaliação.

7.6. Pregão
O pregão é modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns.
Está previsto na Lei nº 10520/2002.
Entende-se por bem ou serviço comum aqueles cujos padrões de desempenho
possam ser objetivamente definidos no edital, por meios das especificações usuais no
mercado.

7.7. Consulta
São as licitações realizadas pelas agências reguladoras. Encontra previsão na Lei
nº 9986/2000. Esta modalidade será cabível quando não for possível a realização de
licitação na modalidade pregão.

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8. Procedimento
O procedimento licitatório variará de acordo com a modalidade adotada.

8.1. Fase interna


É a fase preparatória da licitação, compreende os atos preparatórios antes da
publicação do instrumento convocatório. Não encontra previsão normativa.
Nesta fase há: requisição de objeto, exposição de motivos, pesquisa de
mercado, declaração orçamentária, autorização do ordenador de despesas, formação
da comissão licitante, elaboração da minuta da licitação e do contrato. Realizado todo
este processo, os documentos serão enviados para o órgão de consultoria jurídica que
elaborará parecer autorizando o início da fase externa.

8.2. Fase externa


É a fase em que o instrumento convocatório é publicado, tendo início aqui a
licitação. Caso algum cidadão verifique alguma irregularidade, ele poderá impugnar o
edital até 05 dias antes da data da abertura das propostas. A Administração Pública
deverá julgar e responder a impugnação em até três dias úteis. No caso de formulação
de pedido de esclarecimento, a interpretação vinculará a Administração e os demais
interessados, é o que decidiu o STJ no REsp 198665/RJ.

ADMINISTRATIVO. CONCORRÊNCIA PÚBLICA. CONSULTA. A resposta de consulta a


respeito de cláusula de edital de concorrência pública é vinculante; desde que a regra
assim explicitada tenha sido comunicada a todos os interessados, ela adere ao edital.
Hipótese em que, havendo dissídio coletivo pendente de julgamento, a resposta à
consulta deu conta a todos os licitantes de que os reajustes salariais dele decorrentes
seriam repassados para o preço-base; irrelevante o argumento de que o dissídio coletivo
assegurou reajuste salarial não previsto em lei, porque prevalece, no particular, a decisão
do Superior Tribunal do Trabalho, que se presume conheça e aplique a lei, de que é o
intérprete definitivo no seu âmbito de competência. Recurso especial não conhecido.
(REsp 198.665/RJ STJ)

8.3. Habilitação

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Nesta fase a Administração Pública verificará a idoneidade do particular que


com ela deseja contratar. A habilitação deve observar os requisitos estabelecidos em
lei, são eles:

 Habilitação jurídica: é o requisito que comprova a existência do licitante no


mundo jurídico, possuindo então capacidade para contrair direitos e
obrigações.
 Qualificação técnica: o licitante deve demonstrar que possui aptidão técnica
para executar o objeto do contrato.
 Qualificação econômico financeira: comprovação da capacidade financeira do
licitante para a execução do contrato. Essa comprovação pode ocorrer através
da apresentação do balanço patrimonial, das demonstrações contábeis do
último exercício social, certidão negativa de falência ou concordata, e, da
exigência de garantia do licitante, limitada a 1% do valor estimado para a
contratação.
 Regularidade fiscal e trabalhista: o licitante deve demonstrar que está
adimplente com as obrigações fiscais e trabalhistas. A comprovação da
regularidade fiscal ocorre por meio da apresentação de uma certidão negativa
de débitos ou certidão positiva com efeitos de negativa, e, a comprovação da
regularidade trabalhista será através de certidão negativa de débitos
trabalhistas (CNDT).
 Não exploração do trabalho infantil: o licitante deverá demonstrar que não
possui menor de 18 anos exercendo trabalho noturno, perigoso ou insalubre,
nem que possui trabalhadores menores de 16 anos, salvo na qualidade de
aprendiz, conforme disposto no art. 27, V da Lei nº 8666/1993 e art. 7º, XXXIII
da Constituição Federal de 1988.

8.4. Julgamento
Nesta fase, a Administração Pública irá selecionar a melhor proposta através
dos seguintes critérios objetivos: menor preço, melhor técnica, técnica e preço, e,
maior lance ou oferta.

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Ao término, a Administração Pública estabelecerá uma ordem classificatória em


que será declarado o vencedor da licitação.

8.5. Homologação e adjudicação


Na homologação será atestada a validade do procedimento licitatório e haverá
confirmação do interesse na contratação.
A adjudicação é o fim da licitação, que garante ao vencedor a garantia de que a
contratação será realizada com o primeiro colocado.

PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. REVOGAÇÃO.


LICITANTE VENCEDOR. DIREITO À CONTRATAÇÃO. INEXISTÊNCIA. - Os atos
administrativos, a despeito de gozarem de presunção de legitimidade e auto-
executoriedade, podem ser anulados ou revogados pela própria Administração, de
ofício, quando eivados de ilegalidade, ou por motivo de conveniência, na
preservação do interesse público. - É incontroverso na doutrina e na jurisprudência
que a adjudicação do objeto da licitação ao licitante vencedor confere mera
expectativa de direito de contratar, submetendo-se ao juízo de conveniência e
oportunidade da Administração Pública a celebração do negócio jurídico. - A
revogação de procedimento licitatório em razão da inexistência de suficientes
recursos orçamentários, bem como em razão da inconveniência da aquisição de
equipamentos sofisticados, não gera direito à contratação. - Mandado de
segurança denegado.
(STJ - MS: 4513 DF 1996/0021490-5, Relator: Ministro VICENTE LEAL, Data de
Julgamento: 01/08/2000, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: --> DJ
04/09/2000 p. 114)

9. Anulação e revogação
Ocorrerá anulação da licitação quando for verificada alguma ilegalidade no
procedimento, podendo ser declarada pela própria Administração Pública ou pelo
Poder Judiciário. Pode ser declarada a qualquer momento, não gerando, em regra o
dever de indenizar.
Já, a revogação ocorrerá por razões de interesse público ou de fatos
supervenientes devidamente comprovados. Somente a Administração Pública poderá
revogar licitação, podendo ser feita a qualquer momento. De acordo com a doutrina
majoritária, a revogação gera direito de indenização pelas despesas realizadas pelo
vencedor da licitação.

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CADERNO DE DIREITO ADMINISTRATIVO – XXIX EXAME DA OAB

10. Recursos administrativos


A Lei nº 8666/1993 admite a interposição de três recursos em sentido amplo:
recurso hierárquico, representação e pedido de reconsideração.
Em sentido estrito, caberá recurso nos casos de habilitação ou inabilitação,
julgamento de propostas, anulação ou revogação da licitação, indeferimento do
pedido de inscrição, rescisão do contrato e em casos de aplicação de algumas penas.
Nestes casos, o recurso será admitido no prazo de 05 dias a contar da intimação ou da
lavratura da ata. Este prazo de interposição será de 02 dias quando se tratar de
licitação na modalidade convite.

11. Microempresas e empresas de pequeno porte


As microempresas e empresas de pequeno porte recebem tratamento
diferenciado nos processos licitatórios. Vejamos alguns deles:

11.1. Regularidade fiscal e trabalhista


As microempresas e empresas de pequeno porte podem corrigir eventuais
falhas nos documentos de regularidade fiscal e trabalhista, no prazo de 5 dias úteis a
contar da declaração do vencedor do certame, prorrogável por igual período

11.2. Empate ficto ou presumido


Presume-se o empate quando as propostas apresentadas pelas microempresas
e empresas de pequeno porte forem iguais ou até 10% superiores a melhor proposta.

11.3. Licitação diferenciada


A legislação estabelece algumas hipóteses de licitações diferenciadas para as
microempresas e empresas de pequeno porte, são elas: licitações até o valor de R$
80.000,00 reservadas exclusivamente para essas empresas, exigência de que o licitante
realize subcontratações com essas empresas, e, reserva de cota de até 25% do objeto
em certames para aquisições de bens e serviços de natureza divisível.

12. Regime diferenciado de contratação – RDC

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O RDC está regulamentado no Decreto nº 7581/2011 e só poderá ser aplicado


aos casos enumerados no texto do decreto. A opção de uso pelo RDC afasta a
incidência da Lei nº 8666/1993, salvo quando houver disposição em contrário.
O RDC tem como objetivo a ampliação da eficiência nas contratações públicas e
a competitividade entre os licitantes, a promoção da troca de experiências e
tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefícios para o setor público,
fomento à inovação tecnológica, e, garantia de tratamento isonômico entre os
licitantes e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública.
Vejamos algumas características:

 Ocorre exclusivamente na modalidade pregão eletrônico;

 Inversão das fases de habilitação e julgamento;


 Adoção dos modos de disputa aberto e fechado;

Caiu na OAB

1. A Administração Federal irá realizar sucessivos contratos de compra de produtos de


papelaria, de uso contínuo nos órgãos para os quais os bens estão destinados. Para
tanto, pretende fazer uso dos mecanismos legais que melhor atendam ao princípio da
eficiência. No caso, acerca da modalidade de licitação a ser adotada, assinale a
afirmativa correta.
a) É cabível a utilização do regime diferenciado de contratações públicas (RDC).
b) Deverá ser utilizada a modalidade leilão para cada uma das compras a contratar.
c) É possível o processamento das compras pelo sistema de registro de preços,
mediante a utilização da modalidade pregão.
d) É obrigatória a utilização da modalidade convite, independentemente do valor
orçado.

Resposta: C

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Capítulo 13 Contratos Administrativos

1. Conceito
É o contrato firmado entre a Administração Pública e um particular para a
execução de atividades de relevante interesse público. Estes contratos possuem duas
espécies, são elas:

 Contratos administrativos: são marcados pela presença de um desequilíbrio

contratual, decorrente das normas de Direito Público e da presença de


cláusulas exorbitantes.
 Contratos privados da administração: possuem, em regra, um equilíbrio
contratual relativo, tendo em vista a ausência de cláusulas exorbitantes e são
regidos por normas de Direito Privado.

2. Características

 Formalismo moderado: a atuação da Administração Pública exige uma


formalidade muito maior que uma atuação privada.
 Bilateralidade: por se tratar de um contrato, este deverá ter um acordo de
vontade entre as partes.
 Comutatividade: as partes contratantes possuem obrigações recíprocas, de
forma proporcional. Trata-se do equilíbrio econômico financeiro do contrato.
 Personalíssimo: o contrato deverá ser celebrado com aquele que apresentou a
melhor proposta.
 Desequilíbrio: a Administração Pública está numa posição de superioridade em

relação ao particular.
 Instabilidade: A Administração Pública possui a prerrogativa de alterar
unilateralmente o contrato ou até mesmo de rescindi-los.

3. Sujeitos do contrato

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São partes no contrato administrativo a Administração Pública e o particular.

4. Formalização do contrato e garantias


Na elaboração do contrato, a Administração Pública deverá observar as
formalidades impostas pela Lei 8666/1993. Dentre elas destacamos:

 Cláusulas necessárias (art. 55);


 Realização de licitação (art. 62, § 1 o);

 Forma escrita (art. 60, PÚ);


 Possibilidade de exigência de garantia de 5% para contratação de obras,

serviços e compras (art. 56, caput e §§ 1o ao 5o);

5. Cláusulas exorbitantes
As cláusulas exorbitantes caracterizam-se pelo desequilíbrio contratual e estão
previstas no art. 58 da Lei nº 8666/1993. Vejamos abaixo as cláusulas exorbitantes
previstas na legislação.

5.1. Alteração unilateral


A Administração Pública poderá alterar unilateralmente o contrato para
atender o interesse público. Essa alteração poderá ser qualitativa ou quantitativa.
Para que esta alteração unilateral ocorra, alguns pontos devem ser observados.
São eles: a necessidade de motivação, o fato que enseja a alteração deve ser
superveniente, o objeto não pode ser descaracterizado, preservação do equilíbrio
econômico-financeiro, somente cláusulas regulamentares podem ser alteradas, e, os
efeitos econômicos devem ser respeitados.

5.2. Rescisão unilateral


A Administração Pública por rescindir o contrato, conforme dispõe o art. 58, II
da Lei nº 8666/1993. Essa rescisão poderá ocorrer por culpa do particular ou sem a
culpa deste, quando se tratar, por exemplo, de caso fortuito ou força maior.

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Quando se tratar rescisão por culpa da Administração, esta rescisão deverá dar-
se por meio de acordo na via administrativa ou mediante sentença decorrente da
propositura de ação judicial.

5.3. Fiscalização
A Administração Pública tem a obrigação de fiscalizar a execução do contrato.

5.4. Sanções
No caso de inexecução do contrato, seja parcial ou total, a Administração
Pública poderá aplicar as seguintes sanções: advertência, multa, suspensão temporária
de participação em licitação, impedimento de contratar com a Administração por até 2
anos e declaração de idoneidade.

5.5. Ocupação provisória


Havendo faltas contratuais, a Administração poderá apossar-se dos bens,
pessoal e serviços do contratado, de forma provisoriamente.

6. Equilíbrio econômico-financeiro
O equilíbrio econômico-financeiro garante ao contratado e a Administração
Pública a manutenção das condições pactuadas no contrato. Vejamos alguns
mecanismos utilizados para a manutenção deste equilíbrio.

6.1. Reajuste
O reajuste garante a preservação do valor do contrato em decorrência da
inflação. É aplicado anualmente por meio de índices de preços gerais, setoriais ou que
reflitam a variação dos custos de produção ou dos insumos utilizados no contrato.
Trata-se de cláusula necessária nos contratos que incidirá sempre sobre as
cláusulas econômicas e sobre fatos previsíveis.

6.2. Revisão
A revisão decorre da lei, podendo incidir em qualquer cláusula contratual.
Restaura o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, pois se referem a fatos

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imprevisíveis ou imprevisíveis, mas de consequências incalculáveis. Não possui


periodicidade mínima para que ocorra a revisão.

6.3. Atualização financeira


É semelhante ao reajuste, pois incide no contrato em razão da inflação. Mas,
incidirá apenas nos valores referentes a data final do adimplemento de cada parcela
até a data do pagamento.

6.4. Repactuação
A repactuação é admitida nos contratos de terceirização de serviços, devendo
considerar a variação de custos comprovada pelo contratado. Esta só poderá ser
efetivada após 12 meses.

7. Duração dos contratos


Em regra, a duração dos contratos administrativos fica vinculada a vigência dos
respectivos créditos orçamentários. Vejamos algumas exceções, em que o contrato
terá prazo superior à vigência do orçamento:

 Projetos previstos no plano plurianual;


 Serviços contínuos;
 Aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática;

 Contratações previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. 24 da Lei nº
8666/1993;

8. Prorrogação
A prorrogação do contrato é exceção. Somente é admitida se observar os
seguintes requisitos:

 Justificativa por escrito;

 Autorização de autoridade competente;

 Manutenção das demais cláusulas do contrato;

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 Manutenção do equilíbrio econômico do contrato;


 Previsão expressa em lei.

9. Inexecução contratual

9.1. Inexecução culposa

 Exceção de contrato não cumprido: tem o objetivo de paralisar o cumprimento


das obrigações contratuais enquanto a Administração Pública estiver
inadimplente.

9.2. Inexecução sem culpa


Trata-se da inexecução em virtude de fatos não imputáveis às partes. Quando
ocorrer algum desses fatos poderá ser feita a revisão do contrato para dar
continuidade ao mesmo ou, então, extingui-lo.

 Teoria da imprevisão (aplica-se aos eventos imprevisíveis, supervenientes e


extracontratuais de natureza econômica);
 Fato do príncipe (fato extracontratual praticado pela Administração Pública
que repercute no contrato, acarretando aumentos nos custos);
 Caso fortuito e força maior.

9.3. Extinção dos contratos


Em regra, os contratos se extinguem pelo decurso natural do tempo. Mas, o
contrato poderá extinguir-se também em decorrência de outros motivos abaixo
descritos.

 Motivos imputáveis ao contratado: é a hipótese em que a Administração


Pública rescinde o contrato unilateralmente nas hipóteses de inadimplemento
do contratado;

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 Motivos imputáveis à Administração: é a hipótese em que a Administração

rescinde o contrato por relevante interesse público. Trata-se de rescisão


unilateral;
 Motivo não imputado às partes: quando o contrato é extinto em caso de caso
fortuito ou força maior;
 Amigável: quando o contrato é extinto por acordo entre as partes;

 Judicial: quando a extinção ocorre por meio de sentença judicial.

10. Sanções administrativas


A Administração Pública poderá impor sanções quando for verificada a
inexecução total ou parcial do contrato. Estas sanções estão previstas no art. 87 da Lei
8666/1993, são elas: advertência, multa, suspensão temporária nos processos de
licitação, impedimento de contratar com a administração e declaração de idoneidade.
Importante destacar que, na aplicação dessas sanções deverá ser observado o
princípio constitucional do contraditório e ampla defesa.

Caiu na OAB

1. Uma das características dos contratos administrativos é a “instabilidade” quanto ao


seu objeto que decorre
a) do poder conferido à Administração Pública de alterar, unilateralmente, algumas
cláusulas do contrato, no curso de sua execução, na forma do artigo 58, inciso I da Lei
nº 8.666/93, a fim de adequar o objeto do contrato às finalidades de interesse público,
respeitados os direitos do contratado.
b) da possibilidade do contratado (particular) alterar, unilateralmente, a qualquer
tempo, algumas cláusulas do contrato, no curso de sua execução, de forma a atender
aos seus próprios interesses em face das prerrogativas da Administração Pública.
c) do poder conferido à Administração Pública de alterar, unilateralmente, algumas
cláusulas do contrato, no curso de sua execução, na forma do artigo 58, inciso I da Lei
n. 8.666/93, a fim de adequar o objeto do contrato aos interesses do contratado
(particular) em face das prerrogativas da Administração Pública.

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d) de não haver qualquer possibilidade de alteração do objeto do contrato


administrativo, quer pela Administração Pública, quer pelo contratado (particular),
tendo em vista o princípio da vinculação ao edital licitatório, do qual o contrato e seu
objeto fazem parte integrante; e o princípio da juridicidade, do qual aquele primeiro
decorre.

Resposta: A

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Capítulo 14 Intervenção do Estado na ordem econômica

1. Introdução: Estado liberal, social e regulador


O modo de intervenção do Estado na ordem econômica sofreu diversas
modificações ao logo do tempo. Abaixo, listaremos os principais modelos de
intervenção estatal.

1.1. Estado liberal


No Estado Liberal de Direito ou Estado Abstencionista, temos a figura do Estado
Mínimo, caracterizado pela ausência de interferência estatal. Surgiu como resposta ao
Estado Absolutista, priorizando a proteção de direitos individuais e políticos.

1.2. Estado social (welfare state)


O Estado Social de Direito ou Estado Intervencionista, teve início com o fim da II
Guerra Mundial. Este período é marcado pela forte desigualdade social ocasionada
pelo Estado Liberal. O Estado social é marcado pela forte intervenção do Estado na
economia para a satisfação de interesses sociais.

1.3 Estado Regulador


O Estado Regulador ou Estado Democrático de Direito, diminui o aparato
Estatal por meio da devolução de atividades econômicas e delegação de serviços
públicos a particulares, a serem regulados por agências reguladoras. A intervenção
estatal passa a ser indireta, marcada pela regulação das atividades.

2. Fundamento
A ordem econômica fundamenta-se na valorização do trabalho humano e na
livre iniciativa, conforme disposto no art. 170 da Constituição Federal de 1988.

2.1. Valorização do trabalho humano


A CRFB garante proteção ao trabalhador, intervindo, assim, ao editar normas
que efetivem essa proteção.

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2.2. Livre iniciativa


A livre iniciativa garante a liberdade para o desenvolvimento da atividade
econômica, independentemente de autorização do Poder Público, salvo quando a lei
assim determinar. A intervenção do Estado na economia só se justifica pela proteção
da dignidade da pessoa humana e da justiça social.

3. Espécies de intervenção
O Estado pode intervir na economia direta (quando o Estado atua na produção
de bens e serviços) ou indiretamente (quando impõe normas, regulação...).
As principais formas de intervenção do Estado na economia são: planejamento,
regulação, fomento, repressão ao abuso econômico e exploração direta da atividade
econômica.

4. Planejamento
A Intervenção do Estado na economia requer que seja feito um planejamento a
fim de indicar os motivos, meios e as metas que deverão ser implementadas para
atingir o interesse público.
O objetivo principal do planejamento encontra fundamento no Princípio da
Eficiência (art. 174 da CRFB).
Existem diversos instrumentos para que o planejamento se efetive. Os
principais são: o plano geral de governo, os programas sociais, o orçamento anual e o
programa financeiro de desembolso.

5. Regulação
Entende-se por regulação a atuação do Estado com o fim de coordenar
determinadas atividades privadas, garantindo a livre concorrência e a prestação de
serviços públicos. Trata-se de forma de intervenção indireta do Estado na economia. A
atividade regulatória do Estado possui as seguintes características: edição de normas,
implementação delas, fiscalização pelo cumprimento delas e punição pelas infrações.

5.1. Livre concorrência

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A livre concorrência caracteriza-se pela: liberdade de entrada, liberdade relativa de


preços, fragmentação da estrutura da prestação dos serviços públicos, e,
compartilhamento de infraestrutura.

6. Fomento
Entende-se por fomento os incentivos estatais para o desenvolvimento de
determinadas atividades com o objetivo de satisfazer o interesse público. O fomento
encontra previsão no art. 174 da Constituição Federal de 1988.

7. Repressão ao abuso econômico e proteção da concorrência

7.1. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC


O sistema brasileiro de defesa da concorrência é formado pelo CADE e pelo
SEAE.

 CADE: ou conselho administrativo de defesa econômica é uma autarquia


federal cujo objetivo é evitar e apurar abusos no poder econômico. É formada
pelo tribunal administrativo de defesa econômica, pela superintendência geral
e pelo departamento de estudos econômicos;
 SEAE: ou secretaria de acompanhamento econômico cujo objetivo é
acompanhar os preços do mercado, subsidiar decisões e reprimir condutas
anticoncorrenciais.

8. Estado Empresário: atuação na atividade econômica


A atuação do Estado como empresário é medida excepcional prevista a
Constituição Federal e por meio da criação de empresas públicas e sociedades de
economia mista.

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Capítulo 15 Intervenção do Estado na propriedade

1. Conceito
A intervenção do Estado na propriedade nada mais é que a imposição de
restrições ou de condições na propriedade para atender questões de interesse público
e a função social da propriedade.

2. Modalidades
Nossa legislação divide a intervenção do Estado na propriedade em dois
grandes grupos: intervenção restritiva e intervenção supressiva.

2.1. Intervenção restritiva


A intervenção restritiva ou branda não retira a propriedade do seu titular,
apenas impõe algumas restrições ou, até mesmo, algumas condições. As formas
previstas em nosso ordenamento são: servidão, requisição, ocupação temporária,
limitação administrativa e tombamento.

2.2. Intervenção supressiva


A intervenção supressiva ou drástica retira a propriedade do seu titular. Essa
intervenção ocorre por meio da desapropriação.

3. Servidão
Trata-se de um direito real público que autoriza que a Administração Pública
utilize propriedade imóvel particular para execução de obras ou serviço de interesse
público. Embora se assemelhe com o instituto da servidão prevista no Direito Civil,
uma não se confunde com a outra, pois a primeira ocorre no bojo de uma relação
privada enquanto que a servidão administrativa ocorre para atender interesse público.

3.1. Formas de instituição


A servidão administrativa poderá ocorrer de duas formas: por acordo ou por
sentença judicial. No acordo, o proprietário do bem e a Administração Pública

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formalizam acordo por escritura, garantindo o uso do imóvel para atender interesse
público. Quando não houver possibilidade de acordo, a servidão será instituída
mediante sentença judicial.

3.2. Indenização
Em regra, não há pagamento de indenização em decorrência da instituição da
servidão, pois não há perda de propriedade. No entanto, o proprietário do imóvel
poderá ser indenizado pelos eventuais danos ou prejuízos que o imóvel vier a sofrer.
Sendo necessário indenizar, a quantia não poderá elevar-se até o valor do bem.
Na indenização deverá estar incluso: juros moratórios, juros moratórios, correção
monetária, honorários advocatícios e despesas judiciais.

3.2. Extinção
A servidão administrativa é, em regra, permanente, permanecendo assim,
enquanto for necessária para que se atinja os objetivos que motivaram a sua
instituição.

4. Requisição
A requisição administrativa ocorre quando em situação de perigo público
iminente, o Estado utiliza um bem (móvel ou imóvel) pertencente a particular para
atender alguma situação urgente. Está previsto no art. 5o, XXV da Constituição Federal
de 1988.

4.1. Indenização:
O proprietário só será indenizado pelos danos que o bem vier a sofrer, sendo o
pagamento realizado após a utilização do bem.

4.2. Instituição e extinção:


A requisição administrativa será instituída de imediato, sem prévia autorização
já que se trata de situação de perigo público iminente. Finda a situação de perigo, a
requisição será extinta.

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5. Ocupação temporária
Ocupação temporária é a forma de intervenção estatal na propriedade em que
o Estado usa temporariamente imóvel particular para execução de obra e serviço
público.

5.1. Instituição e extinção


A ocupação temporária é instituída a partir de um ato administrativo em que a
Administração Pública determina a ocupação de imóvel particular temporariamente
em razão de obra ou serviço. A ocupação se extingue imediatamente com o término da
obra ou do serviço.

5.2. Indenização
O pagamento de indenização está condicionado aos danos que o imóvel vier a
sofrer por conta da ocupação.

6. Limitação
A limitação administrativa é o meio pelo qual a Administração Pública impõe
obrigações ao proprietário de imóvel, para que a propriedade atenda a sua função
social. É forma de intervenção na propriedade que deriva do poder de polícia.

6.1. Instituição e indenização


A limitação administrativa pode ser instituída mediante lei ou regulamento, e
não ensejam o pagamento de indenização.

7. Tombamento
O tombamento visa a proteção do patrimônio histórico e cultural, por
manifestação expressa da Administração Pública. Está previsto no art. 216, § 1 o da
Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelo Decreto-lei 25/1937.

7.1. Objeto
O tombamento pode ser realizado em bem móvel ou imóvel.

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7.2. Modalidades de tombamento:

 Voluntário: quando o próprio proprietário concorda com o tombamento;


 Compulsório: quando a própria Administração Pública faz a inscrição de
tombamento;
 Provisório: quando o processo de tombamento está em trâmite;
 Definitivo: é aquele após a efetiva conclusão do processo de tombamento,
com a inscrição no Livro do Tombo.
 De ofício: é o tombamento de bem público.
 Individual: quando um bem em específico é tombado.
 Geral: quando todos os bens de uma cidade ou bairro são tombados.

7.3. Processo de tombamento


O processo de tombamento de um bem móvel ou imóvel com oitiva do
proprietário envolve algumas etapas imprescindíveis, são elas:

 Parecer de órgão técnico competente;


 Notificação do proprietário da intenção de tombamento;

 Decisão do Conselho Consultivo responsável pelo tombamento;


 Por se tratar de processo, o proprietário tem a possibilidade de interpor
recurso contra a decisão que declara a necessidade de tombamento em
respeito ao princípio do contraditório e ampla defesa;
 Inscrição do bem no Livro do Tombo.

7.4. Efeitos
O tombamento gera importantes efeitos para o proprietário, para a
administração Pública e até mesmo, para terceiros. Vejamos esses efeitos:

 O proprietário deve proteger e conservar o bem, mantendo suas


características originais;
 Qualquer reparo que o bem necessite deverá ser comunicado ao órgão

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competente;
 Caso não possua recursos suficientes, o proprietário deverá comunicar o órgão

competente para que este execute as obras necessárias;


 A Administração Pública tem dever de vigilância sobre o bem tombado;

 Em caso de alienação, o proprietário deverá comunicar a Administração


Pública, possuindo ela o direito de preferência;
 Vizinhos de imóveis tombados não poderão realizar obras que impeçam a
visibilidade do bem tombado.

7.5. Indenização
A indenização depende da comprovação de prejuízo, sendo de 05 anos o prazo
prescricional para propositura de ação indenizatória.

8. Desapropriação
Desapropriação é forma de intervenção drástica/supressiva na propriedade
pela qual o Estado transfere para si a propriedade de bem imóvel alheio em razão de
utilidade ou necessidade pública, e, interesse social. Trata-se de forma originária de
aquisição da propriedade.
Esta forma de intervenção encontra fundamento no art. 5o, XXIV do testo
constitucional, que dispõe o seguinte: “a lei estabelecerá o procedimento de
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante
justa e prévia indenização em dinheiro”.

8.1. Modalidades

 Desapropriação comum (ou ordinária): é a desapropriação por utilidade


pública ou necessidade pública, ou por interesse social, com justa e prévia
indenização em dinheiro. A indenização justa abrange o valor do bem, os danos
emergentes e lucros cessantes decorrentes da perda da propriedade, se houver
dívidas fiscais, estas serão deduzidas do valor final. É forma regulada pelo
Decreto 3365/1941 e pela Lei 4132/1962.

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 Desapropriação urbana: é a desapropriação de imóvel em razão do não


atendimento a função social que está prevista no Estatuto da Cidade (Lei
10257/2001). Trata-se de desapropriação sancionatória, sendo esta a última
etapa de uma série de medidas que devem ser adotadas pelo Poder Público
para que o bem atenda a função social. As medidas são:

1o) Notificação do proprietário;


2o) Estipulação de IPTU progressivo, cuja alíquota pode ser majorada até 5 anos
consecutivos, devendo ser respeitada a alíquota máxima de 15%;
3o) Efetiva desapropriação, indenizável com o pagamento de títulos da dívida pública,
resgatáveis em até 10 anos.

 Desapropriação rural: é forma de desapropriação de imóvel rural que não


atende a função social para fins de reforma agrária. Também é desapropriação
sancionatória indenizável por meio de título da dívida agrária, resgatáveis em
até 20 anos.

 Expropriação confiscatória: é forma de desapropriação de imóvel que possuir


plantação de plantas psicotrópicas ou que sirva de exploração de trabalho
escravo. Estes imóveis serão destinados para a reforma agrária ou para
programa de habitação popular. Não há pagamento de indenização para o
proprietário.

8.2. Procedimento

 Fase declaratória: é a fase inicial da desapropriação em que o Poder Público


declara a existência de necessidade pública ou interesse social. Essa declaração
poderá ser emitida por declaração do ente federativo interessado ou por
portaria da ANEEL ou do DNIT. Formalizada a declaração, a autoridade poderá
ingressar no bem (inclusive com o auxílio de força policial), tendo o Poder
Público o prazo de 5 anos para promover a desapropriação.

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 Fase executória: é a fase que põe em prática a desapropriação na esfera


administrativa. Nesta fase, a autoridade faz uma proposta ao proprietário para
aquisição do bem. Possui competência para a fase executória, os entes
federativos, a ANEEL, o DNIT e o particular delegatário.

8.3. Ação de desapropriação


A ação de desapropriação caberá quando não for possível o acordo em via
administrativa. Vejamos algumas particularidades no processo de desapropriação que
merecem destaque.

8.3.1. Imissão provisória na posse


Conforme determina o art. 15 do Decreto-Lei 3365/1941, se o expropriante
alegar urgência e depositar indenização prévia, passará a ter a posse provisória do
bem. Este valor prévio será arbitrado pelo juiz.
A imissão provisória deverá ser registrada no registro geral de imóveis – RGI.

8.3.2. Resposta do Réu


A legislação limita a contestação do réu, sendo possível discutir apenas
questões processuais e impugnação de valores.

8.3.3. Sentença
A sentença põe fim ao processo de desapropriação, autorizando a imissão
definitiva na posse para o expropriante, com a devida transcrição da propriedade no
RGI.

8.4. Desapropriação indireta


Entende-se por desapropriação indireta a apropriação da propriedade pelo
Estado sem a observância do procedimento de desapropriação e sem a prévia e justa
indenização. Este instituto encontra fundamento legal no art. 35 do Decreto_lei
3365/1941.

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8.5. Desapropriação por zona
A desapropriação por zona ocorre quando uma grande extensão de área é
desapropriada para a realização de obra, ficando as áreas vizinhas reservadas para
continuação posterior de obra ou serviço ou para alienação em decorrência da
valorização da área.

8.6. Direito de extensão


É o direito que o proprietário do bem expropriado tem de exigir a
desapropriação total do bem, bem como a respectiva indenização em razão do
esvaziamento econômico do bem. Decorre da desapropriação parcial.

8.7. Tredestinação e retrocessão


Ocorre a tredestinação quando a Administração Pública dá ao bem destinação
diversa da prevista no decreto expropriatório, seja pela transferência do bem para
terceiro ou pelo desvio de finalidade.
Atualmente, a doutrina majoritária reconhece a possibilidade de tredestinação
lícita que ocorre quando a finalidade de atender o interesse público for mantida, ainda
que seja dada destinação diversa da prevista no decreto expropriatório.
Na retrocessão há o retorno do bem para o patrimônio do expropriado quando
não for dada a destinação pública para a qual o bem fora desapropriado ou em
decorrência de ilícito.

Caiu na OAB

1. O Estado “X” pretende fazer uma reforma administrativa para cortar gastos. Com
esse intuito, espera concentrar diversas secretarias estaduais em um mesmo prédio,
mas não dispõe de um imóvel com a área necessária. Após várias reuniões com a
equipe de governo, o governador decidiu desapropriar, por utilidade pública, um
enorme terreno de propriedade da União para construir o edifício desejado.
Sobre a questão apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) A União pode desapropriar imóveis dos Estados, atendidos os requisitos previstos
em lei, mas os Estados não podem desapropriar imóveis da União.

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b) Para que haja a desapropriação pelo Estado “X”, é imprescindível que este ente
federado demonstre, em ação judicial, estar presente o interesse público.
c) A desapropriação é possível, mas deve ser precedida de autorização legislativa dada
pela Assembleia Legislativa.
d) A desapropriação é possível, mas deve ser precedida de autorização legislativa dada
pelo Congresso Nacional.

Resposta: A

2. O Município Beta foi assolado por chuvas que provocaram o desabamento de várias
encostas, que abalaram a estrutura de diversos imóveis, os quais ameaçam ruir,
especialmente se não houver imediata limpeza dos terrenos comprometidos. Diante
do iminente perigo público a residências e à vida de pessoas, o Poder Público deve,
prontamente, utilizar maquinário, que não consta de seu patrimônio, para realizar as
medidas de contenção pertinentes. Assinale a opção que indica a adequada
modalidade de intervenção na propriedade privada para a utilização do maquinário
necessário.
a) Requisição administrativa.
b) Tombamento.
c) Desapropriação.
d) Servidão administrativa.

Resposta: A

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Capítulo 16 Bens Públicos

1. Conceito
A doutrina majoritária conceitua bem público a partir da redação do art. 98 do
Código Civil, pela qual considera-se bem público “os bens do domínio nacional
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno”.
Há discussão acerca dos bens pertencente à pessoa jurídica de Direito Privado,
pertencente à Administração Pública. Nestes casos, sujeitar-se-ão ao regime jurídico
do bem publico aqueles bens que estiverem sendo utilizados na prestação de algum
serviço público.

2. Características
Os bens públicos possuem algumas características que os distinguem dos bens
privados, que formam o regime jurídico dos bens públicos. Vejamos:

2.1. Alienação condicionada


Conforme o art. 100 do Código Civil vigente, os bens públicos de uso comum do
povo bem como os de uso especial são inalienáveis enquanto conservarem suas
características, na forma da lei. Ainda seguindo a redação do Código Civil, dispõe ao
art. 101 que os bens públicos dominicais poderão ser alienados.
A alienação dos bens públicos é relativa, incidindo apenas sobre os bens
indisponíveis.

2.2. Impenhorabilidade
A penhora nada mais é que o ato de constrição judicial de bens do devedor
para satisfazer o credor. Os bens públicos não são suscetíveis de penhora por
disposição prevista no texto constitucional.

2.3. Imprescritibilidade
Os bens públicos são imprescritíveis, ou seja, não podem ser adquiridos por
meio de usucapião.

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2.4. Não onerabilidade
Os bens públicos não podem ser gravados em garantia real, ou seja, não podem
ser dados em penhor, anticrese e hipoteca.

3. Classificação

3.1. Quanto à titularidade


Em relação à titularidade os bens públicos poderão ser federais, estaduais,
distritais ou municipais.

3.2. Quanto à destinação

 Uso comum do povo: são os bens destinados ao uso geral do povo;


 Uso especial: são os bens destinados à Administração Pública e aos serviços
públicos;
 Bem dominical: são os bens que não possuem uma destinação pública, mas
que pertencem à pessoa jurídica de Direito Público. Geralmente são utilizados
para a geração de renda para o Poder Público.

3.3. Quanto à disponibilidade

 Indisponíveis por natureza: são os bens de natureza não patrimonial que não
podem ser alienados e nem onerados;
 Patrimoniais indisponíveis: são os bens afetados por uma destinação pública e
que por isso a Administração Pública não pode dispor;
 Patrimoniais disponíveis: são os bens que podem ser alienados, na forma que a
lei estabelecer.

4. Afetação e desafetação
Estes institutos estão relacionados a vinculação ou não de um bem a uma
finalidade pública.

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Na afetação o bem está atrelado a finalidade pública, estes bens são de uso
comum do povo ou de uso especial. O bem ficará afetado por meio de disposição legal,
ato administrativo ou fato administrativo.
Já, na desafetação, é retirada do bem a sua destinação pública. São os bens
dominicais, podendo ser implementada da mesma forma que a afetação.

5. Formas de uso do bem público

5.1. Uso comum


Os bens de uso comum são aqueles destinados ao uso de todo e qualquer
indivíduo, sem distinções.

5.2. Uso especial


O uso do bem é destinado a quem preencher os requisitos impostos pela
Administração Pública.

5.3. Uso privado


Diz respeito às hipóteses em que o Poder Público consente o uso privativo do
bem. Este bem público pode ser utilizado por particular nos seguintes casos:
autorização, permissão, concessão, cessão de uso e uso por instrumento de direito
privado.

5.3.1. Autorização
Ato administrativo discricionário e precário que concede ao particular o uso de
bem público, baseado em critério de conveniência e oportunidade.

5.3.2. Permissão
Ato administrativo discricionário e precário que concede ao particular o uso de
bem público, atendendo interesse público e privado.

5.3.3. Concessão

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Contrato administrativo que concede ao particular o uso de bem público para
atender interesse público.

5.3.4. Cessão de uso


Na cessão de uso há a transferência de uso de forma gratuita entre entidades
da Administração Pública ou pessoas jurídicas de Direito Privado sem fins lucrativos.

5.3.5. Uso privativo por instrumento de Direito Privado


É a uso de bem público possibilitada através de um instrumento de Direito
Privado, como por exemplo, o contrato de locação.

6. Espécies

 Terras devolutas;
 Terrenos de marinha e acrescidos;
 Terrenos reservados;
 Terras indígenas;
 Plataforma continental;
 Ilhas;
 Faixa de fronteiras;
 Águas públicas.

Caiu na OAB

1. Determinado município é proprietário de um extenso lote localizado em área


urbana, mas que não vem sendo utilizado pela Administração há anos. Em
consequência do abandono, o imóvel foi ocupado por uma família de desempregados,
que deu à área uma função social. O poder público teve ciência do fato, mas, como se
tratava do final da gestão do então prefeito, não tomou qualquer medida para que o
bem fosse desocupado. A situação perdurou mais de trinta anos, até que o município
ajuizou a reintegração de posse. Sobre a questão apresentada, assinale a afirmativa
correta.

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a) O terreno não estava afetado a um fim público, razão pela qual pode ser adquirido
por usucapião.
b) O terreno é insuscetível de aquisição por meio de usucapião, mesmo sendo um bem
dominical.
c) O poder público municipal não poderá alienar a área em questão, dado que todos os
bens públicos são inalienáveis.
d) O bem será classificado como de uso especial, caso haja a reintegração de posse e o
município decida construir uma grande praça no local anteriormente ocupado pela
família.

Resposta: B

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Capítulo 17 Agentes Públicos

1. Conceito
Agentes públicos são as pessoas responsáveis por externalizar a vontade do
Estado e pelo exercício da função pública.

2. Espécies

2.1. Agentes públicos de direito


São as pessoas que têm vínculo formal com o Estado, mediante investidura
prévia em cargo, emprego ou função pública. São agentes públicos de direito os
agentes políticos, os servidores públicos e os particulares em colaboração.

2.1.1. Agentes políticos


A doutrina majoritária define agente político como sendo aquelas pessoas que
possuem destaque na estrutura do Estado e que são responsáveis pelas decisões
políticas. Vejamos algumas características dos agentes políticos:

 O acesso é por meio de eleições;


 Possui caráter transitório;

 Tomam decisões fundamentais para o Estado.

2.1.2. Servidores públicos


Os servidores públicos são as pessoas que possuem vínculo profissional com o
Estado. Compõem a maior parte dos agentes públicos. Podem ser: civis ou militares,
em relação à função exercida, e, estatutários, trabalhistas ou temporários, em relação
ao regime jurídico.

2.1.3. Particulares em colaboração


São as pessoas que exercem função pública de forma transitória, mas que não
ocupam cargo ou emprego público. Também são chamados de agentes honoríficos.

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2.2. Agentes públicos de fato


Os agentes públicos de fato são pessoas que não possuem vínculo com a
Administração Pública, mas que exercem alguma função pública. Estes agentes podem
ser putativos ou necessários.

 Putativos: são as pessoas que exercem função pública normalmente como se


fossem agentes públicos;
 Necessários: são as pessoas que exercem função pública em casos de
calamidade.

3. Cargo Público
Para iniciar este tópico, é importante estabelecer uma distinção entre cargo,
emprego e função pública. Desta forma:

 Cargo público: é o vínculo estabelecido entre a Administração Direta e


entidades de Direito Público com o servidor estatutário.
 Emprego público: é o vínculo contratual estabelecido entre o servidor
celetista e a entidade de Direito Privado.
 Função pública: diz respeito às atribuições impostas pela lei aos agentes
públicos.

3.1. Acesso a cargo, emprego e função


Conforme previsão no texto constitucional, o cargo, emprego é função pública
é acessível a todos os brasileiros e estrangeiros, desde que preenchidos os requisitos
da lei.

3.2. Classificação dos cargos

 Cargo isolado: são os cargos que não permitem progressão funcional;

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 Cargo de carreira: são os cargos divididos em classe, admitindo a progressão
funcional;
 Cargo efetivo: são os cargos que garante ao seu ocupante a estabilidade;
 Cargo vitalício: são os cargos que garante ao seu ocupante a vitaliciedade;
 Cargo em comissão: são cargos de livre nomeação e exoneração, não
dependendo da realização de concurso público para que seja ocupado. O cargo
em comissão não se confunde com a função de confiança, pois para o primeiro
pode ser nomeada pessoa que não integra o quadro funcional, enquanto que
na segunda deve ser ocupada exclusivamente por servidor estatutário.

3.3. Formas de provimento

3.3.1. Originário
O provimento originário ocorre quando o ocupante não possui vínculo anterior
com a Administração Pública. É formalizado através da nomeação de candidato
aprovado em concurso público, salvo exceções previstas na constituição (ministros do
STF e STJ e o quinto constitucional).

3.3.2. Derivado
O provimento derivado ocorre quando o ocupante já possui vínculo anterior
com a Administração Pública. São formas de provimento derivado:

 Promoção: trata-se da progressão funcional de servidor de um cargo de classe


inferior para um superior, dentro da mesma carreira.
 Readaptação: é a readaptação do servido em outro cargo compatível com as
limitações sofridas em sua capacidade física ou mental.
 Reversão: é o retorno do servidor aposentado quando for declarada a
ilegalidade da aposentadoria ou quando perícia médica verificar insubsistência
dos motivos da aposentadoria por invalidez.
 Aproveitamento: é o retorno do servidor posto em disponibilidade, com
rendimentos compatíveis ao do cargo anterior.

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 Reintegração: é o retorno do servidor demitido ilegalmente ao cargo anterior,
com ressarcimento dos rendimentos não recebidos.
 Recondução: é o retorno do servidor ao cargo de origem quando este servidor
for inabilitado em estágio probatório referente a outro cargo ou quando
houver reintegração de servidor demitido ilegalmente.

3.3.3. Vacância
Ocorre vacância quando determinado cargo não estiver ocupado. São fatos que
ensejam vacância, conforme determina a legislação brasileira: exoneração, demissão,
promoção, readaptação, aposentadoria, posse em outro cargo e falecimento.

3.3.4. Acumulação de cargo, emprego ou função


Em regra, é vedada a acumulação de cargo, emprego e função. No entanto,
admite-se a acumulação de forma excepcional quando: houver compatibilidade de
horários e obedecer o teto remuneratório; sendo admitida apenas nos casos previstos
na Constituição. Pode ocorrer a acumulação de:

 Dois cargos de professor;


 Um cargo de professor com outro técnico ou científico;
 Dois cargos ou emprego privativo de profissional de saúde, com profissões
regulamentadas.

4. Regime jurídico único – RJU


Antes de entrar propriamente no tema do regime jurídico único é importante
estabelecer os conceitos de regime estatutário, celetista e especial.

 Regime estatutário: é o regime próprio dos servidores que ocupam cargos


públicos. Possui como característica a pluralidade de normas (cade ente possui
autonomia para editar normas que regerão seus servidores) e o vínculo legal. A
competência para processar e julgar os servidores é da justiça comum.
 Regime celetista: é o regime próprio dos agentes que ocupam empregos
públicos. Possui como característica a unicidade normativa e o vínculo

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contratual. A competência para processar e julgar estes agentes é da justiça
trabalhista.
 Regime especial: é aplicável aos agentes públicos temporários, devendo ser
observada a existência de lei regulamentadora com previsão de contratação
temporária, o prazo da contratação, a necessidade temporária e o interesse
público que deverá ser excepcional. O vínculo com a administração será
contratual, sendo competente para processar e julgar esses agentes, a justiça
comum.

Feitas essas considerações iniciais, podemos iniciar o tema do regime jurídico


único. O RJU encontra previsão no art. 39 da Constituição Federal de 1988, determina
a sua instituição. A doutrina majoritária sempre entendeu que o RJU deve ser o regime
estatutário, ainda que o texto constitucional não definisse qual era o regime de
pessoal.
Com a reforma administrativa da EC nº 19/1998, foi retirado do art. 39 da CRFB
a obrigatoriedade do RJU, admitindo a adoção do regime celetista em certos casos.
Após, foi proposta a ADIN 2135/DF, que determinou o retorno do RJU,
declarando inconstitucional (por vício formal) a redação da EC nº 19/1998 estabelecida
para o art. 39 da CRFB.

5. Estabilidade
Estabilidade é garantia de permanência no cargo conferida ao servidor público
estatutário que ocupa cargo efetivo, após três anos de efetivo exercício (estágio
probatório) e com aprovação na avaliação especial de desempenho.

5.1. Estabilidade e efetividade

 Servidor efetivo e estável: servidor estatutário que adquiriu estabilidade;


 Servidor efetivo, mas não estável: servidor estatutário, mas que ainda não
adquiriu estabilidade;
 Servidor não efetivo e estável: servidor que entrou na regra do art. 19 do
ADCT;

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 Servidor não efetivo e não estável: são os empregados públicos.

5.2. Demissão e exoneração de servidor estável

 Por processo judicial, com sentença transitada em julgado;


 Pelo processo administrativo;
 Por insuficiência de desempenho;
 Pelo excesso de gasto orçamentário com despesa de pessoal.

6. Vitaliciedade
Vitaliciedade é garantia de permanência no cargo conferida ao servidor que
ocupa cargo vitalício, após o efetivo exercício no prazo de dois anos (estágio de
vitaliciamento). Por se tratar de uma garantia mais forte que a estabilidade, o
ocupante de cargo vitalício só poderá ser demitido após sentença judicial transitada
em julgado.
Possuem cargos vitalícios: ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas,
magistrados e membros do Ministério Público.

7. Concurso Público
O concurso público é a regra para o provimento de cargos públicos, salvo
estipulação em contrário. Trata-se de obrigatoriedade imposta pelo art. 37 do texto
constitucional, este próprio dispositivo enumera as situações em que o concurso será
inexigível. São elas: ocupantes de cargo em comissão, servidores temporários,
ministros dos tribunais superiores e dos Tribunais de Contas, magistrados que
ingressarem pelo quinto constitucional, agentes de saúde, agentes de combate à
endemias e ex-combatentes que participaram de operações bélicas na Segunda Guerra
Mundial.

7.1. Prazo de validade


O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, podendo ser
prorrogado uma vez pelo mesmo período. O prazo terá início com a homologação do
resultado final.

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8. Remuneração
O sistema de remuneração dos servidores públicos divide-se em dois grandes
grupos: vencimentos e subsídios. Entende-se por vencimento o somatório das parcelas
fixas e das vantagens pecuniárias. Já os subsídios são parcelas únicas fixadas por lei,
sendo vedado o recebimento de vantagens.

9. Associação sindical
A Constituição garante ao servidor o direito à livre associação sindical,
conforme art. 37, VI.

10. Greve
Aos servidores públicos é garantido o direito de greve, sendo necessária a
edição de lei ordinária específica para regulamentar este direito. Até o momento tal
norma ainda não foi editada.
Tendo em vista a inércia do nosso legislador, o Poder Judiciário em sede de
julgamento de mandado de injunção, determinou a aplicação temporária da lei de
greve do setor privado no setor público, no que couber.

Caiu na OAB

1. A partir do fato apresentado, acerca da acumulação de cargos públicos, assinale a


afirmativa correta.
a) Por exercer atividade militar, Marcelo não pode acumular os cargos em comento.
b) Marcelo pode acumular os cargos em questão, pois não existe, no ordenamento
pátrio, qualquer vedação à acumulação de cargos ou de empregos públicos em geral.
c) A acumulação de cargos por Marcelo não é viável, sendo cabível somente quando os
cargos pertencem ao mesmo ente da Federação.
d) É possível a acumulação de cargos por Marcelo, desde que haja compatibilidade de
horários.

Resposta: D

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2. O Município Beta procedeu ao recadastramento de seus servidores efetivos e


constatou que 06 (seis) bacharéis em contabilidade exerciam variados cargos na
estrutura administrativa, todos providos mediante concurso público. Verificou também
que existiam 10 (dez) cargos vagos de auditores fiscais de tributos, decorrentes de
aposentadorias havidas nos últimos anos.
O Município, considerando a necessidade de incrementar receitas, editou lei
reorganizando sua estrutura funcional de modo a reenquadrar aqueles servidores
como auditores fiscais de tributos.
Com base na hipótese apresentada, acerca do provimento de cargo público, assinale a
afirmativa correta.
a) A medida é inválida, porque o provimento originário de cargo efetivo em uma
determinada carreira exige concurso público específico.
b) A medida é válida, porque os servidores reenquadrados são concursados,
configurando-se na espécie mera transformação de cargos, expressamente prevista na
CRFB/88.
c) A medida é inválida, porque o provimento de todo e qualquer cargo faz-se
exclusivamente mediante concurso público.
d) A medida é válida, porque os servidores reenquadrados são concursados e não há
aumento de despesa, uma vez que os cargos preenchidos já existiam.

Resposta: A

Capítulo 18 Responsabilidade civil do Estado

1. Conceito
Diz respeito à obrigação que o Estado tem de indenizar os danos materiais e
morais praticados por seus agentes, quando estiverem atuando na qualidade de
agente público.

2. Evolução

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2.1. Teoria da irresponsabilidade do Estado


Essa teoria tem origem nos Regimes Absolutistas. Neste período, havia a
concepção de que o rei não erra (The king can do no wrong), ou seja, o Estado era
considerado divino, sendo impossível que houvesse falhas dos seus governantes.

2.2. Teoria da culpa individual


Essa teoria faz uma distinção entre dois tipos de atos emitidos pelo Estado: o
ato de gestão e o ato de império. O primeiro ato diz respeito a atuação do Estado em
igualdade com o particular e o segundo, o Estado se encontra em situação de
supremacia.
A possibilidade de responsabilização depende da identificação do agente que
praticou o ato, incidindo esta apenas sobre os atos de gestão.

2.3. Teoria da culpa anônima (culpa administrativa)


Pela teoria da culpa anônima, a vítima só tem direito à indenização se conseguir
comprovar a falha do serviço. Essa teoria é aplicada nos casos de não funcionamento
do serviço, serviço mal prestado ou atraso na execução do serviço.

2.4. Teoria do risco administrativo


A teoria do risco administrativo reconhece a possibilidade de indenizar o
particular, independentemente da falta do serviço ou da culpa de agente público,
basta que ocorra o dano.
Esta teoria dispensa a comprovação de culpa (responsabilidade objetiva), sendo
possível eximir a Administração Pública do dever de indenizar quando ficar
comprovada culpa exclusiva do particular ou quando for verificada alguma excludente.
É a teoria adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro.

2.5. Teoria do risco integral


Pela teoria do risco integral basta que exista o dano, sem que o Estado tenha a
possibilidade de alegar alguma causa excludente. O Estado responde integralmente

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pelos danos advindos de atividades por ele desenvolvidas ou fiscalizadas. Esta teoria
encontra aplicabilidade, atualmente, nas questões relativas ao Direito Ambiental.

3. Responsabilidade contratual e extracontratual


A responsabilização do Estado poderá decorrer de vínculo contratual ou
extracontratual. A primeira pressupõe a existência de uma relação contratual entre um
particular e o Estado com a consequente inexecução do contrato pelo Estado. Já, o
vínculo extracontratual está relacionado com a atuação estatal voltada para o cidadão.

4. Responsabilidade civil objetiva


A possibilidade de responsabilização objetiva do Estado encontra fundamento
na teoria do risco administrativo e na teoria da repartição dos encargos sociais. A
teoria do risco integral, já estudada no item anterior, admite a indenização pelo dano
independentemente de comprovação de culpa. Na repartição de encargos sociais,
todos aqueles que se beneficiarem de uma atividade desenvolvida pelo Estado devem
suportar igualmente os riscos resultantes dessa atividade.
Para que seja reconhecida a responsabilidade civil objetiva, é imprescindível a
existência de três elementos: conduta, dano e nexo causal.

 Conduta: é o fato administrativo. O dano deve ter relação com o exercício da


função pública.
 Dano: é a lesão provocada em algum bem jurídico. O dano poderá ser: material
ou moral. Entende-se por dano material a lesão no patrimônio da vítima,
podendo subdividir-se em dano emergente ou lucro cessante. É dano moral
aquele que incide sobre os direitos da personalidade.
 Nexo de causalidade: deve haver uma relação entre a conduta do Estado e o
dano sofrido pela vítima. Nosso ordenamento jurídico adota a teoria da
causalidade direta e imediata para explicar o nexo de causalidade, para esta
teoria, será causa necessária do dano, o evento que se vincular direta e
imediatamente com ele.

5. Causas excludentes do nexo de causalidade

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As excludentes de causalidade decorrem na norma constitucional que garante à
vítima o pagamento de indenização somente quando o dano for causado por ação ou
omissão do Estado. Vejamos abaixo as causas que excluem o nexo de causalidade.

5.1. Culpa exclusiva da vítima


Quando o dano for causado por fato exclusivo da vítima, o Estado não terá a
obrigação de indenizar.

5.2. Fato de terceiro


Não há dever de indenizar quando o dano for causado por terceiro que não
possui vínculo com o Estado.

5.3. Caso fortuito e força maior


Os danos causados por evento humano ou natural imprevisíveis excluem o
nexo de causalidade.

5.4. Causas concorrentes


Quando o Estado e a vítima contribuírem para que ocorra o evento danoso
haverá culpa concorrente. Neste caso, o Estado será responsabilizado na medida da
sua contribuição para o dano.

6. Pessoas responsáveis

6.1. Pessoa Jurídica de Direito Público


Em regra, as pessoas jurídicas de Direito Público, integrantes da Administração
Direta e Indireta, responderão de forma objetiva.

6.2. Pessoa Jurídica de Direito Privado


Aplica-se a regra da responsabilidade objetiva, conforme o item anterior. No
entanto, algumas particularidades devem ser observadas.

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 Responsabilidade das estatais: a responsabilização dependerá do objeto da


estatal. No caso de estatal prestadora de serviço público incidirá a
responsabilidade objetiva, enquanto que nas estatais exploradoras de
atividade econômica a responsabilidade será subjetiva. O Estado responderá
de forma subsidiária quando a estatal não dispor de recursos suficientes.
 Responsabilidade das concessionárias e permissionárias: a responsabilidade
será objetiva, independentemente se a vítima é usuária do serviço ou um
terceiro.

7. Responsabilidade civil por omissão


Nosso ordenamento jurídico não traz regra expressa em relação a
responsabilidade por omissão do Estado.
A doutrina majoritária e a jurisprudência baseiam, em regra, a responsabilidade
por omissão na teoria da culpa administrativa. Neste caso, a responsabilidade do
Estado será subjetiva, devendo a vítima comprovar que houve a omissão.

8. Responsabilidade por ato legislativo e ato judicial

8.1. Responsabilidade por ato legislativo


Em regra, os atos legislativos não acarretam responsabilização para o Estado.
No entanto, incidirá a responsabilidade nas seguintes situações: edição de lei
inconstitucional e na edição de lei de efeito concreto.

8.2. Responsabilidade por ato jurisdicional


Assim como nos atos legislativos, os atos jurisdicionais não acarretam
responsabilização para o Estado. Salvo quando se tratar de erro judicial, prisão além do
tempo fixado na sentença e demora na prestação jurisdicional, casos em que incidirá
responsabilização pelo Estado.

9. Ação de regresso

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O texto constitucional em seu art. 37, §6o garante à Administração Pública o
direito de regresso. Desta forma as pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

10. Responsabilidade administrativa, penal e civil


O ato administrador causador do dano pode incidir responsabilização na esfera
administrativa, penal e civil. A princípio, a responsabilização nessas esferas é
independente, no entanto, quando envolver responsabilização penal essa regra poderá
ser relativizada.

Caiu na OAB

1. José, acusado por estupro de menores, foi condenado e preso em decorrência da


execução de sentença penal transitada em julgado. Logo após seu recolhimento ao
estabelecimento prisional, porém, foi assassinado por um colega de cela. Acerca da
responsabilidade civil do Estado pelo fato ocorrido no estabelecimento prisional,
assinale a afirmativa correta.
a) Não estão presentes os elementos configuradores da responsabilidade civil do
Estado, porque está presente o fato exclusivo de terceiro, que rompe o nexo de
causalidade, independentemente da possibilidade de o Estado atuar para evitar o
dano.
b) Não estão presentes os elementos configuradores da responsabilidade civil do
Estado, porque não existe a causalidade necessária entre a conduta de agentes do
Estado e o dano ocorrido no estabelecimento estatal.
c) Estão presentes os elementos configuradores da responsabilidade civil do Estado,
porque o ordenamento jurídico brasileiro adota, na matéria, a teoria do risco integral.
d) Estão presentes os elementos configuradores da responsabilidade civil do Estado,
porque o poder público tem o dever jurídico de proteger as pessoas submetidas à
custódia de seus agentes e estabelecimentos.

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Resposta: D

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Capítulo 19 Controle da administração pública

1. Conceito
Controle da administração pública diz respeito ao conjunto de instrumentos
que possibilitam a fiscalização da atividade administrativa pela própria Administração
Pública ou por órgãos externos.

2. Espécies

2.1. Quanto à pessoa responsável pelo controle:

 Autocontrole: é o controle exercido pela própria Administração Pública;


 Controle externo: é o controle exercido pelo Poder Legislativo, Poder Judiciário
e Tribunal de Contas;
 Controle social: é o controle exercido pela sociedade.

2.2. Quanto ao momento do controle:

 Prévio: quando exercido antes da publicação do ato administrativo;


 Posterior: é exercido com o ato administrativo já vigente.

2.3. Quanto à atuação administrativa:

 Legalidade: no controle de legalidade verifica-se a compatibilidade do ato


administrativo com o ordenamento jurídico. Pode ser feito pela própria
Administração ou pelo Poder Judiciário;
 Mérito: é o controle exercido pela própria Administração para avaliar critérios
de conveniência e oportunidade.

3. Controle administrativo

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O controle administrativo é prerrogativa conferida à Administração Pública
para o controle dos seus próprios atos. Decorre do princípio da autotutela. Em regra,
ocorre por meio de processo administrativo instaurado de ofício ou por pessoa
interessada (em decorrência do direito de petição).

4. Controle legislativo
O controle legislativo sobre os atos da Administração Pública incide nos
critérios políticos e financeiros. Abaixo listamos os principais casos de controle
legislativo:

 Sustação de atos normativos que extrapolarem o poder regulamentar;


 Convocação de autoridades para prestarem informações sob pena de crime de
responsabilidade;
 Autorização ou aprovação a prática de algum ato administrativo;
 Instituição de comissões parlamentares de inquérito (CPIs);
 Processamento e julgamento do processo de impeachment;
 Julgamento das contas prestadas pelo Presidente da República;
 Fiscalização contábil da Administração Direta e Indireta.

5. Controle pelo Tribunal de Contas


O Tribunal de Contas auxilia o Poder Legislativo na fiscalização contábil,
financeira e orçamentária, mediante três tipos de controle: legalidade
(compatibilidade formal com a lei), legitimidade (compatibilidade com os princípios) e
economicidade (relação custo-benefício).
Conforme o texto constitucional, são atribuições do Tribunal de Contas que
auxiliam neste controle: consultiva, fiscalizadora, julgadora, registro, sancionadora,
corretiva e ouvidoria.

6. Controle judicial
É o controle exercido pelo Poder Judiciário. Este controle está restrito as
questões de legalidade.

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6.1. Instrumentos de controle judicial

Remédio constitucional que visa proteger o direito de


Habeas corpus liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Pode ser preventivo ou repressivo;

Mandado de Remédio constitucional cujo objetivo e proteger direito líquido


segurança individual e certo, contra ato ilegal ou abuso de poder.

Mandado de Remédio constitucional cujo objetivo e proteger direito


segurança coletivo coletivo e individual homogêneo, líquidos e certos, contra ato
ilegal ou abuso de poder.

Mandado de Ação que tem por objetivo suprimir omissão legislativa.


injunção

Ação que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de


Ação popular entidade, à moralidade, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural.

Ação civil pública Visa a prevenir ou reprimir dano ao patrimônio público e


social, do meio ambiente e de interesses difusos e coletivos.

Assegura o reconhecimento, retificação ou anotação de


Habeas Data informações da pessoa do impetrante, constantes em registro
ou bancos de dados públicos.

Ação de improbidade Aplicar sanções aos agentes públicos que praticarem atos de
administrativa improbidade.

Caiu na OAB

1. Em ação civil pública por atos de improbidade que causaram prejuízo ao erário,
ajuizada em desfavor de José, servidor público estadual estável, o Juízo de 1º grau,
após os devidos trâmites, determinou a indisponibilidade de todos os bens do
demandado, cujo patrimônio é superior aos danos e às demais imputações que

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constam na inicial. Apresentado o recurso pertinente, observa-se que a aludida
decisão
a) não merece reforma, na medida em que José deve responder com todo o seu
patrimônio, independentemente do prejuízo causado pelos atos de improbidade que
lhe são imputados.
b) deve ser reformada, considerando que somente podem ser objeto da cautelar os
bens adquiridos depois da prática dos atos de improbidade imputados a José.
c) deve ser reformada, pois não é possível, por ausência de previsão legal, a
determinação de tal medida cautelar em ações civis públicas por ato de improbidade.
d) deve ser reformada, porquanto a cautelar somente pode atingir tantos bens
quantos bastassem para garantir as consequências financeiras dos atos de
improbidade imputados a José.

Resposta: D

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Capítulo 20 Improbidade Administrativa

1. Conceito
A ação de improbidade administrativa tem por objetivo impor sanções àqueles
que praticarem atos de improbidade administrativa e encontra regulamentação legal
na Lei nº 8429/1992. Está intimamente ligada ao princípio da juridicidade.

2. Controle da improbidade

Instrumentos de controle preventivo Estatutos funcionais, código de ética,


Ministério Público, Tribunal de Contas;

Instrumentos de controle repressivo Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

3. Sujeitos

3.1. Sujeito passivo


É quem sofre o ato de improbidade. Conforme determinado na lei, são sujeitos
passivos: as pessoas da Administração Pública Direta e Indireta; empresas
incorporadas ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o
erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% por cento do patrimônio ou da
receita anual; entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou
creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário
haja concorrido ou concorra com menos de 50% por cento do patrimônio ou da receita
anual.

3.2. Sujeito ativo


É a pessoa que comete o ato de improbidade administrativa. Pode ser sujeito
ativo os agentes públicos e os terceiros.

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4. Atos de improbidade administrativa e suas respectivas sanções
São atos de improbidade administrativa: enriquecimento ilícito, dano ao erário
r a violação aos princípios da administração.

4.1. Enriquecimento ilícito


Constitui enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão de cargo, emprego, função ou mandato.
Aquele que receber vantagem indevida, sofrerá as seguintes penalidades:

 Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;


 Ressarcimento integral do dano, quando houver;
 Perda da função pública;
 Suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos;
 Pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial;
 Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos.

4.2. Dano ao erário


Pratica dano ao erário aquele que por ação ou omissão, dolosa ou culposa, que
enseja perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de
bens. A prática deste ato tem como sanção, nos termos da lei:

 Ressarcimento integral do dano;


 Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer
esta circunstância;
 Perda da função pública;
 Suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos;
 Pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano;
 Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos.

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4.3. Violação aos princípios da administração pública


Diz respeito a ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições. As sanções respectivas a este ato
de improbidade são:

 Ressarcimento integral do dano, se houver;


 Perda da função pública;
 Suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos;
 Pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida
pelo agente;
 Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.

5. Prescrição
Na forma da lei, o prazo prescricional será de:

 Até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão


ou de função de confiança;
 Dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares
puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de
cargo efetivo ou emprego;
 Até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação
de contas final pelas entidades especificadas pela lei.

6. Procedimento
O procedimento a ser verificado nas ações de improbidade administrativa está
descrito na própria lei. Abaixo, resumimos bem o trâmite dessa ação judicial.
A ação principal seguirá o rito ordinário, possuindo legitimidade para sua
propositura o Ministério Público e pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da
efetivação da medida cautelar.

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A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios
suficientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas. Estando a inicial em
devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para
oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e
justificações, dentro do prazo de 15 dias.
Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão
fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade,
da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento.
Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de
improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito.

Caiu na OAB

1. O Ministério Público estadual ajuizou ação civil pública por improbidade em


desfavor de Odorico, prefeito do Município Beta, perante o Juízo de 1º grau. Após os
devidos trâmites e do recebimento da inicial, surgiram provas contundentes de que
Odorico se utilizava da máquina administrativa para intimidar servidores e prejudicar o
andamento das investigações, razão pela qual o Juízo de 1º grau determinou o
afastamento cautelar do chefe do Poder Executivo municipal pelo prazo de sessenta
dias. Nesse caso, o Juízo de 1º grau:
a) não poderia ter dado prosseguimento ao feito, na medida em que Odorico é agente
político e, por isso, não responde com base na lei de improbidade, mas somente na
esfera política, por crime de responsabilidade.
b) não tem competência para o julgamento da ação civil pública por improbidade
ajuizada em face de Odorico, ainda que o agente tenha foro por prerrogativa junto ao
respectivo Tribunal de Justiça estadual.

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c) não poderia ter determinado o afastamento cautelar de Odorico, pois a perda da
função pública só se efetiva com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
d) agiu corretamente ao determinar o afastamento cautelar de Odorico, que, apesar
de constituir medida excepcional, cabe quando o agente se utiliza da máquina
administrativa para intimidar servidores e prejudicar o andamento do processo.

Resposta: D

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