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A Papel da TV Como Ferramenta Pedagógica

A educação em sua trajetória no Brasil tem muitos anos, mas só nas

últimas décadas sua expansão alcançou um significado maior e mais

importante para a sociedade. Seu crescimento se deu devido, principalmente

ao avanço científico sobre o desenvolvimento da criança e do seu

conhecimento.

As mudanças cruciais ocorridas na ultimas décadas, trazem consigo a

necessidade de repensarmos de forma profunda a estrutura de nossas

instituições de ensino, o que faz deste início de milênio um período tão singular

são as revoluções tecnológicas e o acesso massificado à informação. Só nos

resta questionar até que ponto é positivo todo esse domínio. Em que pode toda

essa tecnologia contribuir para a educação? Como trabalhar as informações

dentro de um contexto globalizado de forma a torná-la um instrumento de

educação mundial?

Com a mídia houve algumas perdas de importância de instituições de

família, escola e religião. Atualmente as mídias e a publicidade despontam

como matrizes culturais, que transmitem valores, visão de mundo, saberes e

percepções, causando a perda de importância de instituições de família, escola

e religião,sendo eles os principais responsáveis pela formação das pessoas.

A televisão exerce impactos no desenvolvimento da criança, pois tem

papel na socialização dos sujeitos, a além de reprodutora social e dos

mecanismos de controle.
A sociedade moderna se caracteriza pela multiplicidade de linguagem,

cuja fonte principal de informação é a mídia, sobretudo a televisiva. A televisão

reorganiza a forma de expressão, costumes e hábitos de um povo. A educação

não poderá ignorar essa realidade. A imagem e a palavra são fortes

instrumentos de comunicação no mundo midiatizado e essa cultura reflete a

satisfação do nosso tempo.

É importante a análise critica sobre os meios de comunicação de massa,

principalmente a televisão, para o desenvolvimento de ações para ampliar seu

papel social e democrático na sociedade, pois ensina sobre o mundo informam

e formam opiniões, veiculam uma visão da realidade podendo, portanto ser um

importante e indispensável instrumento pedagógico, que deve ser utilizado a

partir de uma perspectiva reflexiva no espaço escolar.

A escola é um espaço de socialização, mas ainda não se adaptou as

mudanças tecnológicas como a televisão, que faz parte da realidade das

crianças.

As escolas não podem mais deixar de lado uma educação para as

mídias, por que as crianças estão sendo alfabetizadas através dos logotipos, e

precisa aproveitar a grande influência da televisão de maneira correta.

Desde muito cedo, as crianças em idade pré-escolar e que vêem

televisão por longo tempo, acostumam-se a “ler” os logotipos dos produtos que

as interessam. Hoje em dia, uma criança de quatro anos vai ao supermercado

com os pais, sabe perfeitamente pegar da gôndola o iogurte que deseja beber,

e sabem dizer o seu nome. Sabe que aquelas sandálias são da Xuxa ou da

Sandy, pois estão muito familiarizadas com essas propagandas. Conhecem


símbolos de lojas, mercadorias, enfim sabem “ler” as marcas. São

alfabetizadas pelas imagens, através da televisão,sem nenhum professor.

Partindo desta realidade, precisa-se conscientizar o educador sobre a

necessidade de se realizar, em sala de aula, atividades que propiciem uma

leitura crítico-criativa dos programas de televisão. Para tanto, é necessário que

o educador esteja preparado e consciente de seu papel de "provocador".

Os vídeos educativos sugerem temas e atividades. É comum os alunos

terem, em suas casas, uma televisão, por ser muito difundida na sociedade,

devido seu baixo custo e fácil acesso. Os telespectadores em meio às

informações de signos verbais ou não verbais que se apresentam no conteúdo

dos programas, propagandas, notícias, anúncios são em sua grande maioria

passivos. As mensagens são vinculadas em qualquer conteúdo televisivo, até

em desenhos animados e programas infantis.

A presença massiva dos meios eletrônicos e de comunicação em nossas

vidas vem alertando os educadores para sua importância na transmissão/

construção de conhecimentos, valores, conceitos e culturas. Portanto usar a

televisão no ensino aprendizagem pode ser um meio para o educador alcançar

seus objetivos ao ensinar determinados conteúdos.

É importante a análise critica sobre os meios de comunicação de massa,

principalmente a televisão, para o desenvolvimento de ações para ampliar seu

papel social e democrático na sociedade, pois ensina sobre o mundo informam

e formam opiniões, veiculam uma visão da realidade podendo, portanto ser um

importante e indispensável instrumento pedagógico, que deve ser utilizado a

partir de uma perspectiva reflexiva no espaço escolar.


A leitura das imagens acontece de modo automático e contínuo não

permitindo ao espectador refletir sobre os conteúdos das imagens. Contudo o

público infanto-juvenil tem sido alvo das programações de modo geral. Pode-se

observar a atenção e o interesse da criança, desde muito pequena pela

televisão. Uma reportagem divulgada pela revista EDUCAÇÃO (1999) põe em

evidência a presença da TV na vida infanto-juvenil, representada através do

comportamento das crianças, sejam em linguagens ou atitudes, imitações dos

personagens de desenhos animados, programas, filmes, entre outros,

considerando que o período matutino da televisão é dedicado quase que

exclusivamente a programas infantis, como por exemplo, TV Globinho (Rede

Globo), Bom Dia & Cia (Sistema Brasileiro de Televisão-SBT), com desenhos

animados.

Encontra hoje muitas opiniões sobre televisão principalmente enquanto

influencia na vida das crianças e adolescentes. Para Belloni (2001) a opinião

majoritariamente positiva sobre a televisão como meio de informação, de

aprendizagem e de assiduidade com que os jovens assistem à TV são os

indicadores mais seguros da importância do papel da televisão no processo de

socialização das novas gerações.

Contudo, é visível que analisemos este fator por uma ótica mais

abrangente, pois além de tudo isso, a TV perpetua-se também no âmbito

cultural e literário diante a sociedade que a cerca, designando assim,

mudanças ou estagnação de valores, as representações e as normas coletivas,

ou seja, (as estruturas simbólicas). Tudo isso são apresentados para as

crianças e adolescentes como imagens e modelos idealizados e de uma forma

muito subjetiva, deixando nas “entrelinhas” suas reais ideologias. Segundo a


autora a criança vai incorporando estas imagens e modelos em sua

experiência, utilizando-se deles em suas interações, aceitando-os e testando

seus próprios limites.

Neste mundo de cultura fragmentada e mundializadas, cabe lembrar

uma evidencia a socialização das novas gerações, a produção e reprodução

das estruturas sociais, especialmente das estruturas simbólicas”. Sendo assim,

os jovens personagens identificatórios nos jogos eletrônicos e criam seus

próprios personagens nos jogos virtuais.

Nas sociedades contemporâneas, de economia globalizada, a

importância dos meios de comunicação é muito grande em todas as esferas da

vida social, com conseqüências claras para os processos culturais,

comunicacionais e educacionais.

A escola e a mídia desempenham o papel de guardiões e difusoras de

uma espécie de síntese dos valores homogênicos que formam o consenso

indispensável à vida social. A televisão tem um papel muito importante também

na dimensão semântica no processo de socialização na medida em que ela

fornece as significações (mitos, símbolos e representações) preenchendo o

universo simbólico da criança com imagens irreais. As significações

transmitidas pela televisão são apropriadas e reelaboradas pelas crianças a

partir de suas aparências e integram-se ao mundo vivido no decorrer de novas

experiências.

A TV não substitui a intersubjetividade, mas fornece os conteúdos para

as situações de interação entre a criança e o outro. A aprendizagem da criança

frente à televisão tem formas singulares, é essencialmente uma aprendizagem

por impregnação, ou seja, involuntária, inconsciente, sem querer, sem saber.


A sexualidade das crianças é atingida ou influenciada por mensagens de

televisão em níveis e temáticas diversificadas e sutilmente trabalhadas, a partir

de conhecimentos científicos sobre os processos perceptivos e cognitivos.

Outros elementos que constituem o universo de socialização também

vão sendo penetradas e influenciadas pelas regras de estilo das mídias e com

isso perdem ou diminuem seu potencial critico como é o caso da escola, da

família e da igreja.

Muitos outros indicadores mostram-nos o quanto as mensagens da

televisão são importantes na formação das crianças, especialmente com

relação aos papeis femininos e masculinos e, portanto, a sexualidade (Belloni

2001).

Diante de tudo isto, a questão da violência apresentada pela mídia, é

multifacetária, ou seja, tem muitas facetas, além tudo, são complexas. Logo,

muitas pesquisas têm revelado, de modo muitas vezes perturbador, o fascínio

exercido por imagens de violência para os jovens do mundo todo. Novas

linguagens, novos ícones, novas formas de comunicação, em que a violência é

ao mesmo tempo tema e linguagem, ou seja, conteúdo e forma.

A diferenciação entre o real e o fictício no discurso televisional é quase

sempre bem percebido mesmo entre crianças menores entre sete anos.

Belloni (2001) alerta que as mensagens violentas também têm efeito

desestabilizador no grupo de pares em situação de sala de aula. Em um país

de profundos contrastes sociais, minado pela miséria e pela ignorância, a

violência acaba sendo percebida como meio legitimo de sobrevivência.

Nas últimas décadas, uma quantidade bastante expressiva de

estudiosos das mais diversas áreas do conhecimento (educação, psicologia,


filosofia, sociologia, psiquiatra...) vêm se dedicando a compreender as

implicações da mídia no processo educativo das crianças. O interesse desses

estudiosos é justificado pela ação cada vez mais determinante das mídias no

cotidiano das crianças influenciando-as em diversos aspectos, inclusive em sua

aprendizagem.

A metodologia esta fundamentada na utilização da abordagem sistêmica

para o estudo de uma realidade da televisão na vida do educando. O tema este

no permite colocar em evidência os diferentes processos de aprendizagem em

prática pelos educadores e outros envolvidos também no sistema, mostrando a

inter-relações de causa e efeito, entre os diferentes elementos, tanto externos

com internos que constituem a sua estrutura.

A televisão como meio de comunicação de massa tem sido pouca

valorizada pelos educadores de uma forma geral, embora faça parte do

cotidiano de todas as classes sociais brasileiras. A atratividade gerada por ela

e conseqüência da linguagem clara que vem de encontro aos desejos,

preferências, hábitos e atitudes que habitam tanto o mundo real quanto ao

imaginário de seus usuários.

Assim, os educandos, têm tanto a possibilidade de tornarem-se

observadores críticos, quanto de tornarem-se vitimas acríticas que não

consegue determinar o que querem o que podem e o que devem assistir.

No mundo moderno, a criança passa muito mais tempo com os seus

heróis da TV do que com os pais ou professores. Muitas crianças suprem a

falta que sentem dos pais com a televisão, sempre presente, colorida e de fácil

acesso. Quanto menor e mais frágil for a criança, mais estará susceptível e

maior influência sofrerá se encontrar um herói violento ou mau caráter, no qual


se espelhará. Da mesma maneira que a família ea escola, a Tv também tem

um papel muito importante no desenvolvimento da criança.

Em relação aos conceitos de Vygotsky, as funções psicológicas

superiores dependem da aprendizagem, são as que envolvem, por exemplo,

consciência, intenção e planejamento. O homem nasce equipado com

características próprias, mas é o animal menos dotado para sobreviver,

necessita dos cuidados de alguém experiente. A internalização é o processo

em que fatos e fenômenos exteriores se transformam num processo

intrapessoal, interior, ou seja, uma atividade externa é reconstruída

internamente. A internalização é possível através da mediação de outros

(adultos ou crianças maiores) com o sujeito através da aprendizagem. Por isso,

diferentemente de Piaget, para Vygotsky o desenvolvimento ocorre mediante a

aprendizagem, ele depende da aprendizagem.

A publicidade, para atingir o seu público-alvo, o seu target, passa pelo

processo de internalização e utiliza instrumentos da sedução e da retórica,

conquistando e facilitando a apreensão pelo sujeito, tanto adulto quanto infantil.

São instrumentos simples e fáceis de serem assimilados, despertando os

órgãos do sentido e a memória e, com a repetição, acabam fazendo parte do

repertório do sujeito. Por exemplo, o logótipo da McDonald’s tantas vezes

apresentado a cada comercial, já é reconhecido por crianças que mal sabem

falar, o M estilizado da empresa já faz parte do repertório infantil, em diversos

lugares do mundo, onde existem lojas da rede.

Outro conceito importante para esse autor é o da zona de

desenvolvimento proximal. Muito antes de frequentar a escola, a criança já está

no processo de aprendizagem. Entre o nível de desenvolvimento real (como ela


está hoje) e o desenvolvimento potencial (o que ela virá a ser ou onde poderá

chegar), existe a zona de desenvolvimento proximal. A escola deve justamente

reconhecer essa zona, essa distância, e desenvolver atividades a para

promover o aprendizado.

Ao meu entender, a publicidade consegue captar essa zona de

desenvolvimento proximal e servir como agente facilitando o desenvolvimento

potencial; ela muitas vezes substitui o adulto, despertando o desejo de comer

um sanduíche ou uma salsicha, ou de brincar com determinado jogo ou com

bonecos de plástico. Na realidade, a propaganda estimula o desejo e o

consumo de valores e objetos numa sociedade específica. Vygotsky também

considera sempre a sociedade específica em que vive o sujeito e a sua cultura.

Tanto do ponto de vista piagetiano quanto do olhar de Vygotsky, a

publicidade é um fator de mudança e influencia o desenvolvimento e o

processo de aprendizagem da criança, porque faz parte da cultura. Ela não só

se utiliza da cultura, para estimular o consumo, mas transforma a cultura, é um

agente transformador. A publicidade e a propaganda mais ainda, causam

transformação de hábitos, de costumes e de consumo.

Segundo Valdemira Bidone de Azevedo e Souza (2003): "A

aprendizagem envolve representações culturalmente criadas e compartilhadas.

Assim, hábitos e formas de comportamento sociais são construídos numa

relação não só consigo mesmo, mas também com o mundo. A partir disto,

entende-se que pretender mudanças significa ter a consciência de que esta

associada ao aspecto motivacional."

Esta compreensão pressupõe a objetivação de novas aprendizagens para que

não deixemos que os programas de televisão em sala de aula se resumam a


mera transmissão de informações com base no senso comum, mas que sirvam

de estímulo à reflexão e à construção de novos conceitos e reconsideração das

próprias idéias. É preciso criar situações de conflito social e até mesmo

cognitivo para provocar a comparação entre as atitudes do seu grupo social e

as veiculadas nas mensagens midiáticas.

Segundo a LDB, a educação abrange todos os processos que se

desenvolvem dentro e fora da escola. Partindo dessa assertiva, nada mais

natural que usarmos os programas de televisão para auxiliar a construção de

uma nova forma de linguagem, mais denotativa, pois a imagem já está ali,

pronta, não tem muito que se imaginar. Isso não quer dizer que a televisão

venha em prejuízo do educando. Todas as mensagens têm sua ideologia e é aí

que entra o educador, tentando fazer do educando um observador, um

pesquisador, para que não aceite tudo o que vê como uma verdade irrefutável.

Isto permitirá que o educando aprenda sobre o mundo e sobre si mesmo.

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