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COLÉGIO DE [2ª FICHA DE AVALIAÇÃO SUMATIVA – LÍNGUA

ERMESINDE PORTUGUESA 9º ANO]

GRUPO I

Lê atentamente o seguinte excerto retirado da obra O Principezinho, de Saint Exúpery.

TEXTO A
Foi então que apareceu a raposa.
- Bom dia - disse a raposa.
- Bom dia - respondeu delicadamente o principezinho, que se voltou mas
não viu nada.
- Estou aqui - disse a voz -, debaixo da macieira.
- Quem és? - disse o principezinho. - És bem bonita...
- Sou uma raposa - disse a raposa.
- Anda brincar comigo - propôs-lhe o principezinho. - Estou tão triste...
- Não posso brincar contigo - disse a raposa. - Não estou cativada.
- Ah! Desculpa, - disse o principezinho. Mas, depois de reflectir,
acrescentou:
- O que significa "cativar"?
- Não és daqui - disse a raposa -, o que procuras?
- Procuro os homens, - disse o principezinho. - O que significa "cativar"?
- Os homens - disse a raposa - têm espingardas e caçam. É muito aborrecido! Também criam
galinhas. É a única coisa interessante que têm. Estás à procura de galinhas?
- Não - disse o principezinho -, procuro amigos. O que significa "cativar"?
- E uma coisa demasiado esquecida - disse a raposa. - Significa "criar laços...".
- Criar laços?
- Isso mesmo - disse a raposa. - Para mim tu não passas ainda de um rapazinho semelhante a
cem mil outros rapazinhos. E não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Para ti eu
não passo de uma raposa semelhante a cem mil outras raposas. Mas, se me cativares,
precisaremos um do outro. Para mim tu serás único no Mundo. Para ti eu serei única no
Mundo...
- Começo a compreender, - disse o principezinho. - Há uma flor... penso que ela me cativou...
- É possível - disse a raposa. - Vê-se de tudo na Terra...
- Oh! não é da Terra - disse o principezinho. A raposa pareceu ficar muito intrigada: - Noutro
planeta?
- Sim. - Nesse planeta, há caçadores?
- Não.
- Isso interessa-me! E galinhas?
- Não.
- Nada é perfeito - suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua ideia:
- A minha vida é monótona. Caço galinhas e os homens caçam-me. As galinhas são todas
parecidas e os homens são todos parecidos. Por isso aborreço-me um pouco. Mas se me
cativares a minha vida ficará como que iluminada. Passarei a distinguir uns passos que serão
diferentes de todos os outros. Os outros passos fazem-me esconder debaixo da terra. Os teus
irão levar-me a sair da toca como uma música. E depois, olha! Vês, além, os campos de trigo?
Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não evocam nada para mim.
E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres

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cativado! O trigo, que é dourado, irá fazer-me lembrar de ti. E gosta¬rei de ouvir o som do
vento no trigo...
A raposa calou-se e observou durante muito tempo o principezinho:
- Por favor... cativa-me! - disse ela.

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- Não me importo - respondeu o principezinho -, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos
para descobrir e muitas coisas para conhecer.
- Só se conhecem as coisas que se cativam - disse a raposa. - Os homens já não têm tempo
para conhecer seja o que for. Compram coisas já feitas nos comerciantes. Mas como não
existem comerciantes de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres ter um amigo,
cativa-me!
- O que é preciso fazer? - disse o principezinho.
- É preciso ter muita paciência - respondeu a raposa. - Primeiro sentas-te ali, na erva, assim
um pouco afastado de mim. Eu olho para ti de soslaio e tu não dizes nada. A linguagem é
uma fonte de mal-entendidos. Mas, de dia para dia, podes sentar-te cada vez mais perto... No
dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido preferível teres voltado à mesma hora - disse a raposa. - Se vieres, por exemplo,
às quatro horas da tarde, eu, a partir das três, já começo a ser feliz. Quanto mais se
aproximar a hora, mais feliz me sentirei. As quatro em ponto já estarei agitada e inquieta;
descobrirei o preço da felicidade! Mas se vieres a qualquer hora, ficarei sem saber a que
horas hei-de vestir o meu coração... Os rituais são necessários.
- O que é um ritual? - disse o principezinho.
- É também uma coisa demasiado esquecida - disse a raposa. - E o que faz com que um dia
seja diferente dos outros dias, uma hora das outras horas. Há, por exemplo, um ritual que é
praticado pêlos meus caçadores. Dançam às quintas-feiras com as raparigas da aldeia. Por
isso a quinta-feira é um dia maravilhoso! Vou passear até à vinha. Se os caçadores
dançassem num dia qualquer, os dias seriam todos parecidos e eu não teria férias. Foi assim
que o principezinho cativou a raposa.
Antoine de Saint-Exupéry. O Principezinho

1- Assinala com V ou F as afirmações que julgues verdadeiras ou falsas.


1.1. a) O principezinho já conhecia a raposa.
b) O principezinho mostrou-se perturbado com a chegada da raposa.
c) O principezinho mostrou-se interessado no conhecimento da raposa.

1.2. a) A cor do trigo não tem importância para a raposa.


b) A cor do trigo tem importância para a raposa por ser uma cor linda.
c) A cor do trigo só tem importância para a raposa por causa de uma circunstância.

1.3. a) O principezinho não queria cativar a raposa porque lhe era difícil.
b) O principezinho não sabia o que era cativar.
c) O principezinho tinha muitos amigos que lhe ocupavam todo o tempo.

1.44. a) Ter amigos é muito fácil.


b) Os homens não têm amigos porque não querem.
c) Os homens não têm amigos por falta de tempo para os conhecer.

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1.5. a) O principezinho não veio ao encontro combinado.


b) O principezinho chegou atrasado em relação à hora em que se deu o primeiro encontro.
c) A raposa não esperava o principezinho.

1.6. a) A felicidade exige determinadas condições.


b) A felicidade surge espontaneamente como uma flor.
c) A raposa não acredita na felicidade.

2. Indica as causas da tristeza do principezinho e da raposa.


2.1. Transcreve as expressões ou frases que exprimem essa tristeza.
3. Explica a importância da referência ao Sol e ao trigo por parte da raposa.
4. A raposa diz que "os passos" não são todos iguais. Porquê?
5. A raposa lembra ao principezinho que os "homens já não têm tempo para tomar
conhecimento de nada." e que "já não têm amigos".
5.1. O que quer dizer a raposa com a primeira afirmação?
5.2. Do ponto de vista da raposa, o que será preciso fazer para que os homens tenham
amigos?
6. "A linguagem é fonte de mal-entendidos."
6.1. Explica o sentido desta afirmação.
7. Faz a caracterização da raposa.
7.1. De que é símbolo este animal?
8. Descobre as etapas que o principezinho teve de percorrer para cativar a raposa.

Texto B
Lê as duas estrofes retiradas d’Os Lusíadas, a seguir transcrito, e responde, de forma
completa e bem estruturada, ao item 9.

19 Já no largo oceano navegavam, 20 Quando os Deuses no Olimpo


luminoso,
As inquietas ondas apartando;
Onde o governo está da humana
Os ventos brandamente
gente
respiravam,
Se ajuntam em consílio glorioso,
Das naus as velas côncavas
inchando; Sobre as cousas futuras do Oriente

Da branca escuma os mares se Pisando o cristalino Céu fermoso,


mostravam
Vem pela Via Láctea juntamente,
Cobertos, onde as proas vão
Convocados da parte do Tonante,
cortando Profª Cláudia Monteiro – 2010/11 4
Pelo neto gentil do Velho Atlante.
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9. Redige um texto expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 100 palavras


que inclua:
• uma parte introdutória em que identifiques o episódio a que pertencem as estrofes , bem
como os espaços e as acções nelas referidas;
• um desenvolvimento, em que refiras e exemplifiquem os diferentes planos narrativos aí
presentes;
• uma parte final, em que expliques , em que justifiques a importância deste episódio na
glorificação do herói de
Os Lusíadas.

Texto C

10- De acordo com o que aprendeste sobre o Canto I da obra de Luís de Camões, Os Lusíadas,
preenche o seguinte texto lacunar.

A obra épica de Camões inicia-se com a 1)_____________, onde o poeta


2)_________________________. Seguidamente invoca as 3)________________ para que estas
lhe dêem 4)___________________________ ajudando-o a levar a cabo tão importante
tarefa. Dedica depois o poema a 5)___________________ e dá início à narração "6)
_________________", expressão que significa que 7)_________________já com a frota no
oceano 8)________________ , junto à 10)_______________________ .
Realiza-se entretanto o 11)________________________ no 12)______________________.
____________________ , mensageiro dos 13)_____________ , convocou todos os deuses
para, em conjunto, decidirem sobre 14)___________________________________. Júpiter
entende que estes devem ser ajudados porque os 15)_______________ já o tinham
decidido, porque eram um povo 16)________________ que tinha lutado contra povos
com reconhecido valor guerreiro, e porque já estavam no 17)___________ havia longo
tempo.
18)______________ não partilha desta opinião alegando que se os portugueses
chegarem à Índia os deuses serão esquecidos e os lusos adorados.
Marte e 19)______________ defendem os portugueses, ele porque é o deus da
20)_____________ e admira o seu 21)_______________ guerreiro; ela porque acha a
22)__________________ portuguesa semelhante ao 23)____________ e porque vê nos
portugueses 24)________________ iguais às dos 25)______________, povo tão seu amado.
Júpiter concorda com as alegações de Marte e a decisão é
26)_____________________________

11- Retira um recurso expressivo da caixa e escreve-o no verso correspondente.

apóstrofe aliteração comparação eufemismo antítese hipérbato


metáfora Profª Cláudia Monteiro – 2010/11
perífrase 5
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a) "Pelo neto gentil do velho Atlante." (I, 20). ___________________

b) "Tanto de meu estado me acho incerto, /Que em vivo ardor tremendo estou frio."
_________________

c) "E tu, nobre Lisboa, que no mundo..." (III, 57). _________________________

d) "Tomai as rédeas vós do reino vosso:" (I, 15). __________________________

e) "Tirar Inês ao mundo determina," (III, 23). _____________________________

f) "...os duros/Casos que Adamastor contou, futuros" (V, 60). ______________________

Grupo II

1- Atenta nos seguintes versos:

Se vão da lei da morte libertando;

Cantando espalharei por toda parte,

Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

1.1- Diz a que classe ou classes morfológicas pertencem os dois SE destacados.

1.2- Refere o complemento directo da forma verbal «espalharei» nos versos


anteriores.

2- Divide e classifica as seguintes orações nas seguintes frases complexas retiradas do texto
A.

a) «(…) se me cativares, precisaremos um do outro.»

b) « Então será maravilhoso quando me tiveres cativado!»

c) « O trigo, que é dourado, irá fazer-me lembrar de ti.»

d) A raposa é tão esperta que todos a consideram a voz da razão.

3- Indica a função sintáctica das expressões destacadas nas frases do exercício anterior.

4- Diz em que tempo e modo se encontram as seguintes formas verbais retiradas das frases
do exercício 2: cativares; tiveres cativado.

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Grupo III

No texto A podemos ler, a certa altura que os " (…) homens já não têm tempo para tomar
conhecimento de nada." ; " (…) já não têm amigos".

1.1- Comenta a citação apresentada, apresentando o teu ponto de vista face ao


seu significado. Não te esqueças de respeitar a estrutura de um texto de opinião,
conforme estudaste em aula.

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