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34 Electrotecnia e Instalações Eléctricas

6. Motores Eléctricos
6.1 Potência Eléctrica, Potência Mecânica e Rendimento

Rede Eléctrica PEL


PMEC Carga Mecânica

Potência Eléctrica (PEL) Potência Mecânica (PMEC)


Motor de Corrente Contínua Seja x o número de rotações descritas num tempo t [s] por
um ponto da periferia do veio de raio R [m] que roda à
 Cabo de 2 condutores. velocidade constante N [r.p.m.].
r r
F1 = F2 = F
 PEL = UI
F1 N
d

R R θ
Motor Monofásico (Corrente Alternada) F1

 Cabo de 2 condutores activos.


F2

 PEL = UI ⋅ cos ϕ
F2
1
x=0 x= rotação
Motor Trifásico (Corrente Alternada) 6

F2 N F1 N
 Cabo de 3 condutores activos só permite d
arranque directo.
R R
 Cabo de 6 condutores activos permite não só
θ
arranque directo, mas também arranque Y - ∆.
θ

 Receptor equilibrado, logo d


F1 F2
PEL = 3 ⋅ U C ⋅ I ⋅ cos ϕ 1
x= rotação x = 1 rotação
2
 A tensão nominal do motor é o valor nominal
Ângulo de rotação θ [rad]: θ = 2π ⋅ x
da sua tensão composta. Percurso descrito pelo ponto d [m]: d = R ⋅ θ = R ⋅ 2π ⋅ x
Momento do binário (ou Binário) T [Nm]: T = 2 ⋅ F ⋅ R
Cabo eléctrico
Estator Trabalho W [J]: W = 2 ⋅ F ⋅ d = 2 ⋅ F ⋅ R ⋅ 2π ⋅ x = T ⋅ 2π ⋅ x
Caixa de terminais
Tampa W x
Tampa Potência mecânica PMEC [W]: PMEC = = T ⋅ 2π ⋅
Rotor t t
Veio
x N
= número de rotações por segundo =
t 60
Ventilador N
Potência mecânica PMEC [W]: PMEC = T ⋅ 2π ⋅
60

Rendimento (η
η)
Pútil P
η= = MEC < 1 = 100%
Pabsorvida PEL

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6.2 Característica Mecânica do Motor e Característica Mecânica da Carga

Característica Mecânica do Motor Característica Mecânica da Carga


Tmotor = f(N) Tresistente = f(N)

T T

NNM N NNC N
M - Ponto nominal do motor C - Ponto nominal da carga
TNM - Binário nominal do motor TNC - Binário nominal da carga
NNM - Velocidade nominal do motor NNC - Velocidade nominal da carga

A potência nominal do motor é a A potência nominal da carga é a


potência mecânica dada por: potência mecânica dada por:

N NM N NC
PNM = TNM ⋅ 2π ⋅ PNC = TNC ⋅ 2π ⋅
60 60

T TM = T C
TM > TC TM < T C

NNM NF NNC N
F - Ponto de funcionamento
TF - Binário de funcionamento
NF - Velocidade de funcionamento

Uma alteração no binário da carga implica a mudança


da característica mecânica da carga, o que dá origem a
um novo ponto de funcionamento.

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6.3 Obtenção da Característica Mecânica da Carga a Partir de um Conjunto de


Ensaios

T T

N N

T T

N N

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T T

N N

T T

N N

T T

N N

T T

N N

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6.4 O Motor Trifásico de Indução com Rotor em Gaiola de Esquilo


6.4.1 Velocidade de Sincronismo
f
Velocidade de sincronismo: NS [r.p.m.] NS = × 60 É a velocidade do campo magnético girante gerado pelas bobinas do estator.
p

f [Hz] – frequência de alimentação do motor


p – número de pares de pólos magnéticos do motor

Velocidade de sincronismo nominal: NSN [r.p.m.] – velocidade de sincronismo que se obtém quando se alimenta o motor
à sua frequência nominal fN (geralmente, 50Hz).

p Número de Pólos NSN (para fN=50Hz)


1 2 3000rpm
2 4 1500rpm
3 6 1000rpm
4 8 750rpm
5 10 600rpm
6 12 500rpm

6.4.2 Deslizamento
NS − N
Deslizamento: s s=
NS

NS [r.p.m.] - Velocidade de sincronismo


N [r.p.m.] - Velocidade de rotação do rotor
NS − 0
No arranque: N=0 ⇒ sA = = 1 = 100%
NS

NS − NS
No sincronismo: N = NS ⇒ sS = =0
NS

Um motor de indução pode funcionar como motor, como gerador ou como freio. No funcionamento como motor verifica-
se sempre que 0 ≤ N < N S . Então, verifica-se que

0 < s ≤1

NS − N F
No ponto de funcionamento: N = NF ⇒ sF =
NS
NF [r.p.m.] - Velocidade de funcionamento.

N SN − N NM
No ponto nominal do motor: N = N NM ⇒ sN = (deslizamento nominal do motor)
N SN
NNM [r.p.m.] - Velocidade nominal do motor.

Num motor trifásico de indução com rotor em gaiola de esquilo, NNM é sempre:
• inferior a NSN;
• muito próxima de NSN.
Por isso, sN é sempre superior a zero e muito pequeno. Valores típicos:
• menos de 0,5%, para motores de 1000kW ou mais;
• menos de 3%, para motores de 10kW ou menos.

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6.4.3 Característica Mecânica


Quando funciona como motor, um motor trifásico de indução com rotor em gaiola de esquilo possui
uma característica mecânica semelhante à da figura.

T
NSN - Velocidade de sincronismo nominal
M - Ponto nominal do motor
NNM - Velocidade nominal do motor
TNM - Binário nominal do motor
TAM TMáx - Binário máximo do motor
TAM - Binário de arranque do motor

0 NNM NSN N

Os dados que habitualmente constam nas tabelas permitem determinar, para cada motor:

• o ponto de sincronismo nominal (NSN, 0);

• o ponto nominal M (NNM, TNM);

• o ponto de arranque (0, TAM).

Entre o ponto nominal e o ponto de sincronismo nominal, a característica mecânica aproxima-se muito
de uma recta.

TAM

0 NNM NSN N

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6.4.4 Variação da Velocidade de Funcionamento por Variação da Frequência de Alimentação

 fN
 N SN = p × 60
 fN f
 ⇒ =
 N SN N S
f
 N S = × 60
 p

0 NS2 NSN NS1 N

f < fN f > fN

f = fN

fN f fN f
= 2 = 1
N SN N S2 N SN N S1

f 2 < f N ⇒ N S2 < N SN f1 > f N ⇒ N S1 > N SN

6.4.5 Inversão do Sentido de Rotação do Rotor


Para inverter o sentido de rotação do rotor basta trocar entre si, na caixa de terminais do motor, os
terminais de dois dos condutores que se encontram ligados às linhas 1, 2 e 3.

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6.4.6 Variação das Correntes Absorvidas pelo Motor com a Velocidade do Rotor

I
IAM

0 NNM NSN N

6.4.7 Legislação relativa ao arranque de motores

Nas Regras Técnicas das Instalações Eléctricas de Baixa Tensão, de 11 de Setembro de 2006, pode
ler-se:
553.2 — Limitação das perturbações devidas ao arranque dos motores.

A corrente absorvida por um motor durante o seu arranque (ou por um conjunto de motores que possam arrancar
simultaneamente) deve ser limitada a um valor que não seja prejudicial à conservação da instalação que o alimenta e não
seja origem de perturbações inaceitáveis ao funcionamento dos outros equipamentos ligados à mesma fonte de energia. No
caso de motores alimentados directamente por uma rede de distribuição, os seus arranques não originam, em regra,
perturbações excessivas se a intensidade de arranque não ultrapassar os valores indicados no quadro 55A.

QUADRO 55A
Corrente de arranque de motores alimentados directamente pela rede de distribuição (pública)

Para valores de intensidades de arranque superiores aos indicados no quadro 55A, a alimentação dos motores directamente
a partir da rede de distribuição (pública) carece de parecer favorável do distribuidor de energia, por forma a que sejam
tomadas as medidas apropriadas para tornar a sua utilização compatível com a exploração da instalação e a não criar
perturbações graves aos restantes utilizadores.

Regras Técnicas das Instalações Eléctricas de Baixa Tensão; Decreto-Lei n.º 226/2005, de 28 de Dezembro e Portaria
n.º 949-A/2006, de 11 de Setembro.

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6.4.8 Funcionamento em Estrela (Y) e Funcionamento em Triângulo (∆)


Para os três enrolamentos do estator do motor poderem ser ligados quer em estrela quer em triângulo,
a caixa de terminais do motor deve posssuir os 6 terminais dos enrolamentos.

TAM∆

TAMY

0 NNM NSN N

TAM∆
=3
TAMY

I
IA∆

IAY

0 NNM NSN N

I A∆
=3
I AY

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6.4.8.1 Ligações a Efectuar na Caixa de Terminais do Motor para Obter o Funcionamento em


Estrela (Y) ou o Funcionamento em Triângulo (∆)

W2 U2 V2

U1 V1 W1

Funcionamento em Estrela (Y) Funcionamento em Triângulo (∆)

W2 U2 V2 W2 U2 V2

U1 V1 W1 U1 V1 W1

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6.4.9 Arranque Directo (Arranque em Triângulo)

TAM∆

TAMY
TAC

0 NNM NSN N

I
IA∆

IAY

0 NSN N

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6.4.10 Arranque Estrela - Triângulo

TAM∆

TAMY
TAC

0 NNM NSN N

I
IA∆

IAY

0 NSN N

Vantagem:
• As correntes de arranque valem um terço das verificadas no arranque directo, para o mesmo motor.
Inconvenientes:
• Requer aparelhagem específica (ao contrário do arranque directo);
• O binário de arranque vale um terço do verificado no arranque directo, para o mesmo motor.
Limitação:
• Só é possível nos motores cujas caixas de terminais disponibilizam os seis terminais das três bobinas do estator.

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