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Recebido: 21/02/2014
Aprovado: 29/03/2014
Resumo
O presente artigo visa apresentar as principais características do Ritual estabelecido por Martinéz de Pas-
qually na Ordem dos Elus Cohen do Universo, desenvolvido em bases maçônicas, com fortes elementos de
magia e teurgia, que buscava a reintegração dos seres com as hostes angélicas. Perdendo-se a continuidade
regular, reaparece em 1943 em Paris, durante a ocupação nazista e, em 1945 e 1946, essa sistematização é
conferida por Lagresse a Robert Ambelain, “Sar Auriefer”.
Palavras-chave: Elus Cohen; Magia; Teurgia; Pasqually; Martinismo.
Abstract
This article presents the main features of Ritual established by Martínez Pasqualis the Order of Elus Cohen of
the Universe, developed in Masonic bases, with strong elements of magic and theurgy, which sought the
reintegration of beings with the angelic hosts. Regular continuity losing himself, reappears in 1943 in Paris
during the Nazi occupation and, in 1945 and 1946, this systematization is conferred by Lagresse Robert Am-
belain, "Sar Auriefer".
Keywords: Elus Cohen; magic; Theurgy; Pasqually; Martinism.
1
Mestre Instalado, MRA, SEM, KT, 32º REAA, Rosacruz, Martinista, Arcebispo da Igreja Templária Antiga. E-mail: franklinde-
mattos@gmail.com
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Mestre Maçom, Rosacruz, Martinista, Bispo da Igreja Templária Antiga. E-mail: pinajunior@gmail.com
3
Mestre Maçom, MRA, SEM, KT, 10º REAA, Martinista, Rosacruz, Bispo da Igreja Templária Antiga. E-mail: eduar-
do.ccxf@gmail.com
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cional Francesa Bineau com aproximadamente 700 “Proibimos todos os mestres e compa-
lojas e cerca de 15.000 membros em em 1990 e nheiros, operários e aprendizes do direito
Grande Loja Tradicional e Simbólica Operativa cerca de formar associações, ou mesmo assem-
de 1.650 membros. É preciso, ainda, mencionar a bleias entre eles, sob qualquer pretexto.
Em consequência, suprimimos todas as
Grande Loja Feminina de França fundada em 1945
confrarias que possam ter sido estabeleci-
com mais de 7200 Irmãs, a Grande Loja Independen-
das tanto pelos mestres dos corpos e co-
te e Soberana dos Ritos Unidos fundadas em 1976 e a munidades, como pelos companheiros e
Grande Loja Ecumênica Feminina do Oriente e Oci- operários, das artes e ofí-
dente fundada em 1980. Na Bélgica, a principal obe- cios” (Fonte: Recueil Général des Ancien-
diência é o Grande Oriente, muito próxima do Gran- nes Lois Françaises. 1774-1776).
de Oriente de França, enquanto que na Suíça a Gran- Leis como essa foram o tiro de misericór-
de Loja Suíça Alpina se aproxima da maçonaria ingle- dia para as poucas Lojas Operativas que
sa (DACHEZ, 2003). ainda tentavam sobreviver aos primeiros
Citamos o pequeno trecho de Kennyo Ismail anos da Revolução Industrial. Dessa for-
do site No Esquadro: ma, a Maçonaria Operativa desapareceu
de vez, ficando a Maçonaria Especulativa
como única e legítima herdeira de sua es-
O que exterminou a Maçonaria Operativa sência, responsável por preservar e passar
não foi a Especulativa, nem mesmo um adiante seus ensinamentos.4
processo de evolução cultural. O que pôs
fim à Maçonaria Operativa foi… a Revolu-
ção Industrial. A mudança no processo
produtivo, originada pelas invenções de Martinez de Pasqually
máquinas e impulsionada pelo surgimento
das indústrias, pôs fim à era de produção Não podemos iniciar essa abordagem sem ci-
manual baseada nas guildas. O trabalho tarmos como referência Martinez Pasqually, cujo no-
estritamente manual foi substituído pelo me completo era Jacques de Livron Joachin de la Tour
trabalho de controle de máquinas. A inici- de la Casa Martinez de Pasqually.
ativa inglesa rapidamente se espalhou Como a maioria dos grupamentos ocultistas
pela Europa, promovendo um êxodo rural
do século XVIII, a sociedade secreta iniciática e místi-
e o abandono dos ofícios artesanais e ma-
ca fundada por Martines de Pasquallys tomou, desde
nuais para atender a demanda por mão-
de-obra industrial. Ao fim do século XVIII, sua constituição, a forma de um rito maçônico. Marti-
o maçom operativo não teve outra esco- nez foi um grande homem que tentou durante toda a
lha a não ser se tornar operário fabril e sua vida, infundir a espiritualidade na Maçonaria.
trabalhar uma média de 80 horas por se- Existem muitas versões sobre as origens de
mana. Pasqually, a ponta de existir um dose significativa de
Muitos dos países europeus, preocupados mistério, vários aspectos míticos e com dose se as-
em consolidar o novo modelo econômico, pectos esotéricos e cabalísticos. Alguns afirmam ter
chegaram a adotar leis proibindo a Maço- nascido em 1727, na França. Seu pai tinha uma pa-
naria Operativa. Esse foi o caso do famoso tente maçônica emitida por Charles Stuart, Rei da
Ministro Turgot, da França, que determi-
Escócia, Irlanda e Inglaterra, datada de 20 de maio de
nou que:
1738, outorgando-lhe o cargo de Grande Mestre De-
4
Disponível em: <http://www.noesquadro.com.br/2012/03/historia-da-maconaria-para-adultos.html#sthash.1UpmXr9w.dpuf>
Acessado em: 22 de agosto de 2014, às 14h32
FinP | Rio de Janeiro, Vol. 2, n.1, p. 20-32, Jan/Abr, 2015.
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legado, com autoridade para levantar novos templos de desejo que considerava dignos de receber a sua
e para transmitir a referida Carta Patente a seu filho iniciação.
primogênito, desaparecido durante revolução fran- Fundamentadas em minucioso ritual, essas
cesa. Atualmente escritos encontrados por Papus operações permitiam ao discípulo colocar-se em con-
comprovam que seus sucessores na Ordem dos Elus tato com as entidades angélicas, que se manifesta-
Cohen tenham sido Caignet de Lestère, sucedido de- vam na câmara teúrgica apresentando caracteres ou
pois por Sébastien de Las Casas (RAMOS,2006) hieróglifos luminosos, que eram os sinais dos espíri-
tos evocados pelo operador, de modo a comprovar a
A Doutrina de Pasqually e a Ordem dos Elus Cohen veracidade das manifestações e reforçar a senda da
do Universo reintegração.
A base do trabalho iniciático dos Elus Cohen Essa doutrina prática e operativa era destina-
era a reintegração do homem mediante a prática te- da a uma “elite espiritual”, reunida sob o nome de
úrgica. Essa Teurgia, em última instância, apoiava-se “Elus Cohen” (Sacerdotes Eleitos), conhecendo um
no relacionamento do homem com as hierarquias grande êxito nos círculo esotéricos da época, mas as
angélicas, única via, segundo Pasqually, para sua re- operações teúrgicas permaneceriam sempre reserva-
conciliação com a Divindade. das. Até hoje pairam dúvidas sobre a autenticidade
desses rituais.
Sua doutrina, cujo caráter cristão não deixa
nenhuma dúvida, se apresenta como a chave de toda De 1754 até sua morte, em 1774, Martinez de
cosmogonia escatológica: Amadou (2011) Ambelain Pasqually trabalhou na construção de seu Templo
(1959), Baader (1900) e Papus (1976) nos permitem Cohen, utilizando a Maçonaria como apoio ao seu
apresentar os postulados básicos: próprio sistema. Até 1761 ele circulva por Montpelli-
er, Paris, Lion, Bordeaux, Marselha, Avignon. Nesse
Deus, a unidade principal, dá vontade própria mesmo ano constrói seu Templo particular em Bor-
aos seres “emanados” d’Ele. Mas Lúcifer, querendo deaux, onde residiu até 1766. Nessa época, a Ordem
exercer por si mesmo a potência criadora, cai vítima dos Elus Cohen se apresentava como um sistema de
de sua própria falta, arrastando determinados espíri- altos graus, colocados por sobre os graus da Maçona-
tos em sua queda. Ele se encontra aprisionado na ria Azul.
matéria, destinada por Deus para lhe servir de cárce-
re, visando sua evolução da matéria para o divino. O Após os três graus simbólicos, eram acrescen-
retorno ou a sua regeneração. tados o do Mestre Perfeito Eleito; em seguida temos
os graus Cohen propriamente ditos: Aprendiz Cohen,
A divindade gerou um ser andrógino e em um Companheiro Cohen, Mestre Cohen, Grande Arquite-
corpo glorioso, dotado de poderes imensos: o Adão to, Cavaleiro do Oriente, Comandante do Oriente e,
Kadmon. Mas ele pecou achando que poderia ter os finalmente, o último dos graus, a suprema consagra-
mesmos poderes de deus. Por isso ele caiu desse pa- ção, o de Réau-Croix.
raíso para o mundo material convertendo-se em
mortal fisicamente. Em 1766, em Paris, Martinez de Pasqually ins-
trui a Bacon de Chevalerie e retorna a Bordeaux. Em
Ele não pode fazer outra coisa se não tentar 1768, Willermoz recebe a iniciação do grau Réau-
elevar-se ou reintegrar-se ao mundo divino, transmu- Croix de Bacon de Chevalerie. Saint-Martin, iniciado
tando-se a si mesmo e a matéria que o envolve. Mas nos primeiros graus em 1765, se torna Comandante
isto só pode ser feito tendo o exemplo de Cristo, pela do Oriente em 1768. Martinez de Pasqually deixa no
esforço constante da busca da perfeição interior e futuro “Filósofo Desconhecido” uma magnífica im-
que é facilitada mediante operações teúrgicas que pressão.
somente Martinez de Pasqually ensinava aos homens
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Nos anos de 1769 e 1770 multiplicam-se os maio de 1760 foi eleito presidente da “Grande Loja
grupos de Elus-Cohen por toda a França. Saint-Martin dos Mestres Regulares” de Lyon e com o Ir-
deixa, então, seu regimento, no início de 1771, para mão Grandon recebeu do Conde de Clerment, o reco-
permanecer ao lado de Pasqually, como seu secretá- nhecimento da Grande Loja da França com o direito
rio partcicular, substituindo nesse posto ao Abade de realização de estudos dos Altos Graus Escoceses.
Fournié. Data desta mesma época o aperfeiçoamento Willermoz torna-se Grão Mestre da Grande
dos rituais, bem como a redação do livro “Tratado da Loja de Lyon em 1761 (aos 31 anos). Em 1764 junta-
Reintegração dos Seres”, base doutrinal da teosofia e mente com seu irmão Pierre-Jaques, funda “Capítulo
teurgia martinistas. dos Cavaleiros da Águia Negra”, onde seleciona os
Em 1772, Saint-Martin recebe o grau de Réau- mais aplicados irmãos das Lojas de Lyon. Neste perío-
Croix, mas Martinez de Pasqually parte, no mesmo do ele foi iniciado na "Ordem dos Cavaleiros Elus Co-
ano, para Santo Domingo [Haiti] a fim de receber hen do Universo” ou “Ordem dos Cavaleiros Maçons,
uma herança, morrendo naquela cidade em 1774. Sacerdotes Eleitos do Universo”, complementava os
Com sua morte a Ordem se desfaz. A partir de 1776 tradicionais três graus maçônicos (Aprendiz, Compa-
os Templos Cohen de La Rochelle, Marselha e Libour- nheiro e Mestre), com um sistema de Altos Graus que
ne se integram à Grande Loja da França. Em 1777 as buscava a reintegração do homem mediante a práti-
cerimônias parecem estar em desuso, conservando- ca teúrgica. Essa Teurgia era a de Pasqually.
se em apenas alguns cenáculos, como em Paris, Ver- Em face de uma dispersiva disparidade de Ri-
salhes e outros. tos e Sistemas Maçônicos na altura existentes Jean
Não se conhece muito das atividades maçôni- Baptiste Willermoz absorveu parte dos ensinamentos
cas de Martinez de Pasqually. Mas existem registros dos Elus Cohen, de seu Mestre Martinez de Pas-
de que instruiu maçons franceses de diversas Obedi- qually. Associando-os com os ensinamentos maçôni-
ências, que vagavam de sistemas filosóficos em siste- cos do Rito da Estrita Observância Templária,
mas filosóficos, vivenciando os aspectos exteriores de do Escocismo, e “mais suas próprias inspirações e sa-
Ritos Maçônicos. Promoveu um verdadeiro sistema bedoria acumulada ao longo de toda uma vida dedi-
de ensinamentos iniciáticos, suscetível e capaz de cada a Maçonaria e lançou então as bases do R.E.R. -
assumir aspectos de uma teologia, de uma cosmogo- Rito Escocês Retificado - em plena época da Revolu-
nia, de uma gnose e de uma filosofia muito restrita ção Francesa, um Rito que reflete todas essas ten-
nessa época (AMBELAIN, 1946). dências” e em 1782, os ensinamentos de Martinès
de Pasqually foram incorporados aos graus de Profes-
so e de Grande Professo. (RAMOS, 2007)
Jean-Baptiste Willermoz
Willermoz iniciou-se na maçonaria em 1750 Louis-Claude de Saint Martin
com 20 anos de idade e já em 1752 era Venerável
Mestre de sua loja e um ano mais tarde fundou a sua “O Filósofo Desconhecido” nasceu a 18 de ja-
loja “A Perfeita Amizade”, onde permaneceu Venerá- neiro de 1743 em Amboise, Tourraine, no centro da
vel por oito anos. Em 21 de novembro de 1756 obte- França, no seio de uma família nobre, mas pouco
ve a filiação de sua loja na Grande Loja da França. abastada e desconhecida. Logo depois do nascimento
de Saint-Martin, sua mãe faleceu, e ele foi criado pe-
Em 1760, com 30 anos de idade, fundou uma lo pai e por uma madrasta, pessoa amável e de bom
segunda loja: “Os verdadeiros Amigos”, juntamente coração, que o iniciou na leitura de Jacques Abbadie,
com o Venerável da sua primeira loja: “A Amizade”, o ministro protestante de Genebra. Com esse autor,
Irmão Jacques Irenée Grandon. Com as três lojas apreendeu a conhecer a si mesmo, relegando a um
agregadas ele funda então uma obediência. Em 04 de plano secundário a análise decepcionante dos filóso-
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o papel devolvido aos "Cavaleiros do Oriente", defini- meio de exorcismos mágicos, o grau de "Reau+Croix"
do pelos arquivos recolhidos por Papus5 (VIVENZA, ensinava os meios de se evocar as Potências Celestes,
2006). e de lhes atrair "simpaticamente" para esta mesma
O grau seguinte, "Grande-Eleito de Zoroba- aura terrestre. Mais além, elas permitiam, ao Re-
bel" (ou "Comendador do Oriente"), era equivalente au+Croix, por suas manifestações (auditivas ou visu-
ao "Companheiro Reau+Croix". Como todos os graus ais) aparentes, de julgar o grau de progresso que o
de Companheiro de vários "regimes" maçônicos, era evocador adquiriu, e de ver se ele se encontrava
tanto neutro como ambíguo, mal definido, mas pleno "reintegrado em seus poderes originais", segundo a
de mistério e de enigmas em sua ritualística. É um expressão do Mestre (BAADER, op.cit).
Grau no qual o equivalente Cohen se baseava sobre a Os Elus-Cohen tinham em seu Mestre, Marti-
lenda de Zorobabel, explicada em um nível superior. nez de Pasqually, o grande agente responsável pela
Estava relacionada com uma ponte, análoga à erigida sua comunicação com o invisível. Segundo os histori-
sobre o Rio Céfiso, a qual os iniciados deviam atraves- adores, eles se reuniam para invocar La Chose ou A
sar no retorno de Elêusis (CAILLET, 2011). Coisa (em tradução literal). Muitos acreditam até ho-
Neste grau, o afiliado tinha uma trégua das je que La Chose era uma inteligência planetária, ou-
"Operações" cerimoniais. Ele se recolhia, meditava tros dizem que era um ser espiritual chamado Metra-
por certo período, retornava às suas teorias funda- ton Sarphanim. La Chose quando se manifestava, não
mentais, e se preparava, através de um tipo de in- precisava de um corpo para sua manifestação; ela
trospecção (verdadeira acumulação, restrição psíqui- materializava-se. Ora, mas para isso precisava de vá-
ca), à sua futura ordenação de Reau+Croix. rios elementos Mágicos para facilitar esse processo e
dado o poder destas sessões, muitos discípulos de
A "Classe Secreta" era a dos Réau+Croix. Ela Pasqually cobriam os olhos temendo o fenômeno
compreendia, segundo dizem todos os historiadores (JOLY, 1938).
da Ordem, (BAADER, op.cit) somente um grau. Mas
certos comentários abreviados que encontramos nas Arthur Edward WAITE (1911, 1922, 1923)
cartas de Louis-Claude de Saint-Martin, na época em apresenta outra escala de graus diferente da sugerida
que ele era secretário do Mestre, (em lugar de P. Bul- por Ambelain no que se refere aos estudos dos
let, já desaparecido), fazem-nos acreditar que esta "Sacerdotes Eleitos" ou "Elus Cohen":
classe compreendia dois graus: Em efeito, é um grau
abreviado em duas letras: G. R., do qual fala Saint- Quinto Grau Aprendiz Eleito Cohen: a ins-
Martin em algumas cartas. E isto nos faz questionar trução deste grau divide o conhecimento
se talvez atrás do grau secreto de Reau+Croix, teria sobre a existência do Grande Arquiteto do
existido outro ainda mais secreto chamado "Grande Universo e sobre o princípio da emanação
Reau+Croix" ou "Grande Reau" (G. R.) (AMBELAIN, espiritual do homem. Mesmo a Ordem é
op.cit). emanada do Criador e tem sido perpetua-
da até nossos dias por Adão, de Adão para
O propósito desta classe, por seus ensinamen- Noé, de Noé para Melquizedeque, portan-
tos esotéricos, era o de colocar os dignitários em co- to a Abraão, Moisés, Salomão, Zorobabel e
munhão com os mundos do Além, aqueles dos Pode- Cristo. O sentido desta transmissão dog-
res Celestes, isto feito pelas Evocações da Alta Magia. mática é que sempre tem existido uma
Enquanto o grau de "Grande-Arquiteto" ensinava a Tradição Secreta no mundo, e que sucessi-
expelir os Poderes Demoníacos da aura da Terra por vas épocas a tem manifestado com suces-
5
Documentos manuscritos recolhidos por Phillipe Encause, filho de Papus, na sede da Gestapo de Paris, em 1944, após a liberta-
ção da cidade pelas forças aliadas.
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sivas custódias. È com este sentido que a Décimo Primeiro Grau Cavaleiro Reaux
Ordem diz ter o propósito de manter o Croix: sem dados. Supõe-se que simboliza
homem e sua virtude primitiva, com seus a realização de Cristo.
poderes espirituais e divinos.
Sexto Grau Companheiro Eleito Cohen: o
O Ritual Cohen
estudante aprende a Caída do Homem. Ele
é passado da perpendicular ao triângulo, O Ritual é bastante assemelhado a abertura
ou da união do Primeiro Princípio ao da de loja maçônica simbólica, num diálogo instrutivo
triplicidade das coisas existentes. O grauentre o Venerável Mestre e os Vigilantes, com sinais,
de Companheiro tipifica essa transição. Aotoques e palavras, além de batidas específicas para
Candidato desfazer a Queda, na qual seu cada grau. Apesar disso, Martinès de Pasqually, em
próprio espírito se acha submerso.
suas instruções aos seus discípulos alertava categori-
Sétimo Grau Mestre Eleito Cohen: simboli- camente:
camente o Candidato passa do triângulo
ao círculo. Trabalha nos círculos de expia-
ção que dizem ser seis, em correspondên- Apenas a precisão da Cerimônia não bas-
cia com as seis concepções utilizadas pelo ta. É necessária uma grande exatidão e
Grande Arquiteto na construção do Tem- santidade, de conduta de vida, uma pre-
plo Universal. Se explica o simbolismo do paração espiritual feita pela prece, retiro,
Templo de Salomão. Estimula-se os mem- jejum e meditação... (M. Pasqually, Discur-
bros deste Grau a caridade, aos bons so de Iniciação de um Reau-Croix, Ma-
exemplos e a todos os deveres da Ordem, nusc. do Séc. 18. In: AMBELAIN, op.cit).
para a reintegração de seus princípios indi-
viduais, simbolizados no Mercúrio, o Enxo-
fre e o Sal. Martinès de Pasqually entendia que a ascen-
são do homem só poderia se operar pela Teurgia, ou
Oitavo Grau Grande Mestre Eleito Cohen:
o candidato entra no círculo da reconcilia-
seja, por um conjunto complexo de práticas ritualísti-
ção. Estimula-o a abraçar a causa da luta cas, visando obter sua reintegração com a Divindade
contra o mal sobre a terra, que tenta des- com intermediação angélica. Para isso salmos eram
truir a Lei divina. Devem ser soldados do recitados, nomes divinos, sinais cabalísticos, dese-
Reconciliador, o Cristo. Se adverte o candi- nhos em tapetes mágicos ou operativos eram dese-
dato a não ingressar em ordens secretas nhados especificamente para cada tipo de operação
que pervertem os ensinamentos recebi- (LE FORESTIER, 2003 e 2011).
dos. Simbolicamente o candidato tem 33
anos.
Caillet (op.cit) descreve detalhadamente os
rituais de Aprendiz Simbólico, Companheiro Simbóli-
Nono Grau Grande Arquiteto ou Cavaleiro co, Mestre simbólico, Mestre Elu Cohen, Grande
do Este: simbolicamente o candidato tem
Mestre Elu Cohen, Grand Elu de Zarobabel, Coman-
80 anos. É um Grau de Luz e o Templo se
abre com todas as luzes acesas. Existem
dante do Oriente e Réau-Croix. Em cada grau, há
quatro Guardiões, que representam aos sempre um procedimento para que todo o material
quatro ângulos dos quatro pontos cardeais ritualístico, decorativo, as vestes e o próprio templo
do céu. Se estudam os mistérios das Tá- passavam por rituais de exorcismo, purificação e con-
buas Enoquianas de John Dee. sagração, individualmente. Letras hebraicas e ou no-
Décimo Grau Grande Eleito de Zorobabel mes de seres angélicos e divinos são citados em mui-
ou Comandante do Este: o Candidato tra- tas fases do processo.
balha sobre a Redenção. É muito pouco do Ressalta ainda que todos os graus “são iniciá-
que se pode dizer desse Grau.
FinP | Rio de Janeiro, Vol. 2, n.1, p. 20-32, Jan/Abr, 2015.
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zada a reivindicar, sem com isso negar a ris, France: Èditions Dervy. 2011
validade de outros ramos de espírito dife-
AMBELAIN, R. La Franc-maçonnerie occultiste et mys-
rente, a filiação misteriosa que J. B. Willer-
moz desejou e chegou a incluir na Ordem tique (1643-1943). Le Martinisme, histoire et doctri-
Interior dos Cavaleiros Benfei-tores da Ci- ne. Paris: Editions Niclaus, 1946.
dade Santa. ___________ (b) Le Martinisme. Paris: Editions Ni-
claus, 1946
Conclusão ___________ Martinez de Pascuallis et le Martinis-
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Trata-se de um ritual de bases maçônicas re-
« Cahiers de Documentation Esotérique Tradition-
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mênicas, que se perdeu e foi sistematizado em 1943
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onam sua viabilidade prática. Como sistema maçôni- BAADER, F. Von. Les Enseignements Secrets de Marti-
co, foge a toda a estrutura da maçonaria contempo- nez de Pasqually. Paris: Bibliothec Charcornac, 1900.
rânea, mantendo apenas algumas semelhanças ritua-
CAILLET, S. Les Sept Sceaux des Élus Coëns. Paris: Edi-
lísticas.
tions Le Mercure Dauphinois, 2011.
Os defensores da viabilidade desse sistema
CAVALCANTE, S. Antigos manuscritos: As Origens da
teúrgico alegam que faltam elementos morais e éti-
Francomaçonaria, Ediado pelo Autor, João pessoa,
cos aos atuais praticantes que não seguem os precei-
PB, 358pp.
tos fundamentais de Pasqually, tais como a abstinên-
cia de álcool, carnes, fumo e um regime celibatário, DACHEZ, R. Histoire de la franc-maçonnerie française.
conjugados as práticas diárias, longas e repetitivas, Paris: PUF, 2003.
principalmente as individuais que requerem grandes FAIVRE, A. L’Ésotérisme au XVIIIº siècle, Paris:
espaços físicos e reservados. Seghers, 1973.
Outros alegam que existem caminhos mais LE FORESTIER, R. La Franc-Maçonnerie Templière et
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munhão divina, a chamada via cardíaca, proposta por
_________ La Franc-Maçonnerie Occultiste au XVIIIº
Saint-Martin e os martinistas contemporâneos.
Siècke et l’Ordre des élus Coëns. Archè Milano, 2010.
Não existem rituais originais disponibilizados.
GALTIER, G. Maçonnerie Egyptienne Rose-Crioix et
Na maioria dos casos e com o advento das grandes
Neo Chevalerie. Paris: Editions du Rocher, 1989.
mídias virtuais e a disponibilização desse material na
internet, muitos dos seguidores têm usado arquivos JOLY, A. Um Mystique Lyonnais et les Secrets de la
virtuais, de fonte e tradução duvidosas, para todos os Franc-maçonnerie. Paris: Protat, 1938.
fins. Acreditamos que com a disponibilização de ma- MARQUES, A.J. Introdução ao Pensamento de Saint-
nuscritos originais, muitas das informações e achis- Martin e Jacob Boehme. Sapere Editora, 2013.
mos possam ser corrigidas evitando-se problemas de
RAMOS, W, S. (Ir. Montecristo). Um Mistério Chama-
toda a sorte, quer materiais, autorais, mentais e psi-
do Dom Martinez de Pasqually. Campinas: Edições
cológicos.
Hermanubis, 2006.
___________ Jean Baptiste Willermoz lly. Campinas:
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