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Dizem que a melhor coisa de se
equipe:
escrever é o dinheiro. Embora
Redação: Gustavo Martins,
seja verdade que o dinheiro é
Bryan Dias, Eirea, Mooner,
a motivação para se começar a Biancardine
escrever — assim como em qual-
Colaboradores: TAXD,
quer trabalho —, é a paixão pela
Hanzo, LukPla60
escrita que mantém um escritor
Diagramação: Aero
na arte.
Artifinalismo: Aero
Todo escritor se lembra do
Edição: (vaga em aberto)
seu primeiro texto, como foi
emocionante completá-lo. É
uma emoção equivalente a ter
o primeiro filho, só que… Com
menos sangue. E provavelmente
o vínculo emocional será menor.
E também o seu filho será mais
duramente criticado durante sua
vida. Mas estou divagando.
É com grande prazer que cada
um destes escritores nesta revista
criou seu conto, para seu prazer
e seu divertimento, caro leitor.
Eles escrevem por você, e ape-
nas um pouco pelo dinheiro que
todo que-remos ganhar desta
Contato:
revista. Portanto, aproveite as
histórias que com tanto carinho projetoredacao@gmail.com
confeccionamos. E também faça
uma doação, se estiver se sentindo
Boa-Leitura.
generoso. Aceitamos Paypal!
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Sumário
Apresentação . ................................................................. 3

Sumário ........................................................................... 4

Sagas ............................................................................. 5
Chantel Capítulo 6 ........................................................ 5
World of Humans Capítulo 7 ....................................... 13
Guerreiros Predestinados Capítulo 5 .......................... 18
Dis Irae Capítulo 5 ....................................................... 23
Manual para Iniciantes no Inferno .............................. 29

Contos e Crônicas ........................................................ 34


Amarrado e Amordaçado ............................................. 35
Pedido de Casamento . ................................................ 37
Queda ........................................................................... 40
Extras
Stand Up Scrita............................................................. 42

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Chantel

Capítulo 6
Esse cara é realmente bom. Por puro reflexo defendeu
meu golpe surpresa. Qualquer outro já estaria no chão, não importa
quão forte fosse. Isso sem considerar o ganho de força pela velocidade e
o princípio da dinâmica. Sem dúvidas, ele é um monstro:
—Você realmente vai se deixar usar por aquela mulher?
Ele muda de posição, tentando passar confiança ao mesmo
tempo em que muda também o tom de voz e a expressão. Espero que
não pense que cairei num truque barato como esse:
—Nem tente. Seu controle mental não vai funcionar comigo.
—Já notou? – Ele volta à pose anterior. – É uma pena. Isso
realmente me pouparia trabalho.
Ele balança a espada contra mim, mas é tão lento que bem sequer
preciso dar um passo para tentar parar o golpe. Apenas bloqueio—o
com minha própria arma e...
BAM
Sinto uma forte pancada no meu braço esquerdo. Numa olhada
rápida vejo que ele tentou me atingir com um chute. Se não tivesse
reagido ele teria acertado minha cabeça. Ele usa a perna com que chutou
para me empurrar para o lado enquanto tenta me acerta com a espada,
agora na mão esquerda. Jogo—me na direção na qual ele me empurra. O
aço frio da lâmina é seguido pela sensação quente e molhada do sangue
que sai do corte. Mais um pouco e ele me atravessaria o abdômen:
—Que estilo mais selvagem...
—Esse é meu estilo de combate. Alternando chutes e golpes de
espada quebro a defesa de qualquer um.
—Você fala demais, mas acho que vou ter que te levar a sério.
Cruzar espadas contra ele seria idiotice e não tenho Mana o
suficiente para me manter e usar algo forte o suficiente para derrubar ele
num acerto. Tudo que posso fazer no momento é ganhar tempo para a
Helena.
Não há muito no que pensar.
Começo a atacar o mais rápido que posso. Não posso dar brecha
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Chantel
de reação para ele.
O cara consegue defender todos os golpes. Mas não importa, só
tenho que ganhar tempo.
Mas ele realmente é bem melhor do que eu esperava. Conseguir
se mover tão rápido mesmo com essa armadura pesada, cara, ele
realmente tem experiência de combate.
Concentre—se, droga. Se perder o foco você vai...
Pulo para trás a tempo de desviar de um golpe direcionado à
minha cabeça. Se não fossem os reflexos melhorados desse corpo não
teria conseguido desviar.
Ele exagerou na força! Agora é minha chance!
—Você perdeu!
Avanço sobre ele o mais rápido que posso e antes que ele possa
fazer algo acerto seu pescoço.
De repente sinto algo segurar minha perna e sou jogado contra
uma árvore.
O gosto de sangue toma minha boca e a minha respiração
começa a arder.
Como ele pode ter saído ileso?
Eu senti a espada bater nele!
O guarda passa a mão no cabelo e entra novamente em pose de
combate:
—Não achou que fosse ser tão fácil, não é?
Como isso é possível?

Que bela casa essa. Quadros de óleo sobre tela por todos os lados
e iluminação à base de lâmpadas de óleo. O tipo de coisa que se esperaria
da mansão de campo de algum milionário.
Será que o Paul está bem? Me sinto meio mal por deixá—lo
lutando daquele jeito. E pensar que tinha prometido que ia cuidar de
qualquer ameaça dessa vez. Bem, acho que o melhor que tenho a fazer é
terminar logo com isso.
Ouço o barulho de passos se aproximando rápido.
Me escondo por trás de uma coluna e espero para ver quem é.
Trata—se de um rosto conhecido. Uma mulher vestida num
terno passa carregando um livro.
Espero até o momento em que ela não possa ver e sigo—a.

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Chantel
Ela para em frente a uma porta de ferro e coloca a mão no painel
de vidro ao lado desta.
O caminho é liberado revelando uma barreira e uma segunda
porta.
Ela entra na barreira e então a perco de vista.
Eles realmente se preocupam com a privacidade.
Caminho até o painel de vidro.
Várias linhas douradas espalhadas por debaixo da placa saltam à
vista.
Tecnologia Masquerade sem dúvidas, e das caras. Pelo visto tem
gente grande envolvida nisso.
O painel parece ser do tipo que lê o Mana de quem coloca a mão
por cima.
Desenho uma fórmula de Ômega sobre o vidro que começa a
brilhar em verde em reação. Faço alguns ajustes na fórmula e pronto, a
luz se torna azul e a porta abre.
—Estou ficando boa nisso.
Atrás da barreira há um enorme corredor. As paredes, decorações
e desenho geral simétrico denunciam que tudo é uma barreira. As quatro
paredes do lugar, assim como o chão e o teto são absolutamente iguais.
Um perfeito cubo rubro.
A simetria exagerada serve para confundir senso de direção e
localização de quem entra, assim fazendo com que qualquer conexão
com o mundo interior seja cortada quando ele entra.
Esse tipo de barreira mental só pode ser quebrada se você percebe
ela. O problema é que a maioria das pessoas não percebe. Além disso
esse tipo de defesa tem a vantagem de bloquear a ação de ESPers.
Muito cuidadoso. Tão cuidadoso que chega a ser estranho eu
entrar tão facilmente.
Tateando a parede no lado oposto do corredor encontro uma
maçaneta.
Abro a porta e...
Chego ao mesmo lugar onde estava antes?
Parece que a barreira não é tão simples quanto eu pensei. Em
algum ponto eles trocaram a entrada e a saída.
Não, isso seria muito trabalhoso. Eles teriam de reescrever toda a
estrutura espacial do lugar. Devo ter errado em algum ponto na invasão

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Chantel
do sistema do painel. Com isso eu já devo ter sido notada. Bem, ao
menos sei que não restam muitas opções agora.
Atravesso a barreira novamente penetrando no corredor
novamente.
Tudo está exatamente igual ao que vi antes. Isso elimina a
reestruturação espacial.
Com isso restam apenas duas opções.
Caminho em direção à parede lateral do lugar. Tudo normal, ao
que parece.
Apoio o pé direito na parede e então o segundo.
Como pensei, eles modificaram a maneira como a gravidade
funciona aqui. Tenho admitir que foi inteligente já que ninguém em sã
consciência pensaria em andar ma parede.
Mas se esse é o truque então há na verdade dois cômodos
idênticos. Aquele pelo qual entrei pela primeira vez e aquele pelo qual
entrei pela segunda vez.
Isso realmente quebraria qualquer um.
Sigo até o teto e tateio até achar a porta no que seria o chão.
Tenho que admitir que até eu estou um tanto confusa com tudo
isso.
Acho a maçaneta e puxo—a.
Do outro lado, em rente ao batente da porta está uma escada
curta. Um artifício para regular o senso de direção, provavelmente.
Subo por ela e chego à uma pequena ponte de metal no final da
qual fica uma enorme escadaria em espiral. A única iluminação que há é
o luar que entra pelo teto de vidro.
Olhando para baixo não dá para enxergar absolutamente nada.
Começo a lentamente descer os degraus. A cada vinte ou trinta
degraus há uma lâmpada. Não é algo perceptível à distância então nunca
se sabe o que pode aparecer na próxima virada.
Após alguns minutos chego ao fim da escada.
Subitamente as luzes se acendem.
—Mas que...
Atrás de mim prateleiras de livros se espalham até perder de
vista. A quantidade deve facilmente passar dos milhões. É simplesmente
absurdo:
—O que é isso? – Me pergunto.

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—Ao menos um exemplar de cada livro sobre magia e ciência já
escrito na história.
Viro—me na direção de onde a voz veio e lá está a mesma
mulher de antes, colocando um livro numa das prateleiras:
—Fico lisonjeada que tenha se impressionado com a nossa
coleção. Sra. Helena Arks, suponho.
—Então você sabe quem eu sou? Isso acelera as coisas. Mas
antes de te prender tem algumas perguntas que gostaria de fazer.
—Antes poderia dizer—me como chegou até mim?
—Ninguém tropeça em montanhas, mas sim nas pedrinhas.
Você maquiou seus gigantescos desvios de verba incrivelmente bem. O
único problema é que você esqueceu de falar para os seus subordinados
não pagarem motéis com nosso dinheiro.
Ela leva a mão ao rosto, claramente desapontada.
Não a culpo. Eu ficaria do mesmo jeito se algum idiota derrubasse
chocolate em documentos importantes:
—Já dei sua resposta e agora é minha vez de perguntar. Porque
a Halo, a empresa contratado para intermediar a compra de tecnologia
dos Masquerades, desviou mais de vinte milhões de zefires do dinheiro
público?
—Acho que o certo seria “para quê”.
—Certo. Para que esse dinheiro foi desviado?
Ela levanta a camisa revelando na barriga uma tatuagem de uma
espada sobre uma coroa de rosas:
—Rosenscherwt...
A sensação de ter sido enganada me toma por completo. Como
pudemos permitir que eles se infiltrassem dentro do Instituto:
—O inimigo estava tão próximo de vocês e ainda assim não
notaram. Deveriam se envergonhar. – Diz ela, abaixando a camisa.
—Você tem razão. Mas eu vou começar a limpar o nome do
Instituto agora mesmo!
Solto o cabelo e olho diretamente nos olhos dela:
—Pelo poder a mim concebido pela Coroa de Albion, eu, Helena
Arks, condeno você, Caroline Howard, pelo crime de desvio de verba e
associação para fins ilícitos.
—Você precisava mesmo fazer toda essa pose?
—Faz parte do charme da coisa.

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—Infelizmente não posso te deixar me prender.
Ela me olha e sua expressão assume um tom irritante de
arrogância:
—Sabe que sou liberada para usar a força, não sabe? – Digo me
aproximando dela.
Ignorando meu aviso ela dá de costas para mim e pega um livro
numa das estantes:
—Dizem que já criaram tudo que havia para ser criado e que
tudo mais é território divino. Mas se isso é verdade por que as pessoas
ainda querem estudar magia?
—Aonde quer chegar?
Ela ignora minha pergunta e continua seu quase monólogo:
—Magos perderam a razão de existir. Desde a Era dos Deuses
não se cria algo completamente novo. O IPDM está preso ao passado
desde que o Rosenscherwt se desligou dele. Pior do que isso apenas sua
atitude imatura de caçar todos que vão contra a estagnação.
Ela abre o livro e olha diretamente para meus olhos. A expressão
arrogante se intensifica ao ponto de se tornar repulsiva:
—É melhor você não tentar resistir. Você não tem a mínima
chance contra mim. — respiro profundamente — Não cause problemas
desnecessários.
—Tem razão, numa situação normal eu não teria uma chance
sequer contra alguém do seu nível... — Ela passa a mão pelas páginas do
livro e fecha os olhos, como se estivesse tentando sentir algo — Porém
essa não é uma situação normal.
Caroline abre os olhos lentamente. Sua íris brilha num tom de
verde muito claro.
Ouço o som de vidro trincando e olho para cima. O teto é pouco
visível desse ponto, mas mesmo daqui é possível vê-lo começando a se
romper, forçado por alguma coisa.
Mas o que é que está causando isso?
Em poucos instantes tudo vem abaixo numa chuva de vidro e...
Pétalas?
Milhares de pétalas de flores multicoloridas caem numa torrente
brilhante.
Explodo o mana sob meus pés e saio de lá a tempo de evitar ser
atingida:

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—Você está dentro da minha fortaleza, cercada por uma floresta.
— olho para Caroline, ainda parada no mesmo lugar de antes — É você
quem não tem a mínima chance.

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world of humans

Capítulo 7
O dia estava perfeitamente lindo. O sol brilhava
imponentemente no centro do céu azul-claro. Nenhuma nuvem fazia
companhia à ele.
Porém ao olharem para baixo , os garotos conseguiam ver a
realidade momentânea , que por sinal , não era nada linda. Poucos prédios
restavam de pé. Ao passarem pela Av. Paulista puderam ver os reais
estragos. Torres gigantes tombadas preenchendo todo a av. deitada.O
MASP em ruínas , não sobrando pedra sobre pedra.
O tempo foi passando , mas as destruições continuaram. Ao
passar pelo Rio de Janeiro puderam ver grandes focos de incêndio que
pegavam desde o início do Complexo do Alemão até o término da Vila
Cruzeiro , e uma imagem mais assustadora estava por vir. Os Garotos
ouviram barulhos de pedras quebrando. Ao olharem ao lado puderam ver
, no alto do Corcovado , aquele que com os braços abertos convidavam
os turistas e os próprios brasileiros a relaxarem e “ se sentirem em casa”
desabando , começara a ruir , na frente dos meninos , que , Leonardo
, com reflexos ágeis conseguiu escapar dos destroços , que caíam um
após o outro na orla da praia carioca , provocando enormes ondas que
inundavam os destroços dos prédios que ficavam na beira da praia ,
levando assim , tudo para o fundo do mar.
Ao ver isso Larissa virou o rosto para o ombro de João , que
ao perceber a atitude da menina , a beijou no cocuruto da cabeça, e
retribuiu o abraço dela, só que mais apertado e mais forte.
Com o passar das horas , Thiago pode ver que não era só São
Paulo que tinha sido palco de tamanha guerra. Rio de Janeiro , Belo
Horizonte e , concluindo , o Brasil todo. Até o momento.
Enfim , cerca de 4 horas depois de saírem de SP os garotos
chegaram no DF. A viagem foi tranqüila até lá , tirando as imagens
fortes de destruição que não saiam da cabeça deles. Porém um sinal de
alerta foi emitido do helicóptero. Estavam acabando a gasolina.
Leonardo já avisara que iam pousar e procurava um lugar para
pousar , em meio a destroços da tão famosa cidade planejada. Obras
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world of humans
perfeitamente organizadas jaziam destroçadas no chão.
Até que os jovens conseguiram avistar o que parecia ser a praça
dos 3 poderes , com todos os monumentos caídos ao chão.
Obras geniais como o Congresso Nacional do Brasil , o Palácio
da Alvorada , o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal
estavam em ruínas , graças a tamanha destruição.
“ Vamos fazer um pouso de emergência aqui.” Disse Leonardo
apontando para um espaço no de grama , o vulgo “gramadão” que ficava
na frente do congresso .” Segurem-se!”
E com um pouso quase perfeito , finalmente o helicóptero tocou
o chão.
Um a um os garotos foram saindo e esperavam João , que se
postou na frente do grupo , liderando-os pelo caminho.
Mas no meio deste, o garoto parou e olhou para cima. Estava
escurecendo.
“ Vamos ver isso daqui.” Disse João abrindo sua mala e pegando
o envelope que continha a JUANES. Ao abrir o notebook ligou-o.
Apareceu um vídeo , no qual mostrava uma planta de um lugar.
“Eu conheço esse lugar ” Apontou Leonardo para a tela.” É o
Palácio da Alvorada , a residência do presidente do Brasil!”
“Ele deve estar lá , vamos correndo”Disse Kimberly.
Aos passos longos , os garotos foram para a direção do que
parecia ser o Palácio da Alvorada , que estava cercada de um lago , no
qual antes era um espelho d’água , e transformou-se em rio em meados
do ano anterior a todos esse eventos que ocorreram.
“Vamos atravessar nadando.” Disse Thiago , sendo o primeiro a
entrar colocando sua mala acima de sua cabeça para não molhar e em
seguida todos os demais fizeram o mesmo que ele.
O lago em sim não era muito fundo , podendo assim ser
atravessado quase que tranquilamente.
De repente todos pararam. Uma ponta fria cobriu a espinha
dos garotos. Um grito de dor foi ecoado às costas deles. Era um grito
familiar a eles. Eram aqueles meta-humanos. Os corpos deles ficaram
paralisados , até que ao fixarem os olhos podem ver , na sombra que se
sobressaia detrás dos garotos , cerca de 100 dessas criaturas correndo na
direção deles.
“VAMOS CORRER!” Gritou João que agora foi o último a

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world of humans
entrar no lago e rumou para a entrada do Palácio , mantendo o laptop
no alto , que conforme chegavam perto da entrada do palácio , emitia
um som de aviso , alertando que estavam mais perto do local indicado
no mapa.
Ao chegarem na entrada do palácio , os meta-humanos chegaram
do lado do helicóptero deles e tombaram-no.
“A entrada está lacrada.” Disse Larissa apontando para um
pedaço de destroço que ficava à frente da entrada , impossibilitando a
entrada dos garotos.
“Eles estão chegando mais perto!” Disse Kimberly.
“Deixem ele comigo.” Falou firmemente Thiago colocando a
mão na sua mala e retirando 2 armas dela. Duas metralhadoras , uma
AR-15 e uma M 16. “ Fernando , João e Leonardo , empurrem esse
destroço para fora , Kimberly e Larissa , peguem uma arma cada uma
em suas malas e me ajudem a acertá-los”
“Sim Thiago” Falaram todos em conjunto.
Ao primeiro tiro Thiago acertara um que estava mais a frente.
Este caíra e levantara outra vez , correndo mais ferozmente em direção
aos garotos.
Os 100 humanos geneticamente modificados se aproximavam
conforme a faixa da sombra ia aumentando , e cada vez mais ia
estrangulando a simples faixa de sol que tinha .
Até que com um barulho muito alto veio e com ele uma fala.
“Conseguimos” Disse Leonardo.
“Agora vamos todos.” Falou João , entrando primeiro.
“Podem ir , corram , eu ficarei um pouco a mais dando uma
retaguarda para vocês” Disse Thiago , com um olhar fixo ao de Kimberly
, esperando o que ela falaria após isso.
“Não Thiago!” Disse ela que pareceu entender o olhar dele . “
Não deixarei você aqui sozinho.”
“ Não , podem ir , eu alcanço vocês depois. Vá Kimberly por
favor , aqui vai ficar muito perigoso.” Disse Thiago aproximando-se
cada vez mais de Kimberly e abafando sua fala . Suas bocas novamente
estavam muito perto uma da outra. Estavam milímetros novamente se
de beijarem , até que Larissa puxou a garota pelo braço e a levou com os
demais.

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world of humans
“Agora o negócio é comigo e com vocês!” Disse Thiago apontando
as armas para as criaturas , nas quais estavam na beira da lagoa ; porém
parados , pelo fato de nela haver uma fresta de sol.
Thiago enfiara a mão na sua mala , pegara uma granada e colocara
no bolso. Depois colocou sua mala nas costas , pegou as duas armas e
voltou a atirar nos meta-humanos.
Agora restavam cerca de 90 deles , e se aproximavam cada vez
mais. O primeiro deles já adentrava na lagoa.
Cada segundo que passava a briga se tornava mais intensa , e o
filete de sol ia se estreitando , e os monstros avançando.
Thiago ainda atirando , olhou de reflexo para o céu. Avistou
densas nuvens negras de chuva , que antes não faziam-se presentes no
céu.
De um céu límpido azul celeste e sem nuvens , agora estava um
céu “carrancudo” , cinza e com pesadas nuvens de chuva. Parecia um
furacão chegando. Até que várias gotas d’água começaram a cair , e
fortes ventos fizeram-se presentes.
Os monstros estavam cada vez mais pertos , já passando da
metade da lagoa.
“É , terá que haver sacrifícios para um bem maior.” Sussurrou
Thiago que colocara a mão no bolso e foi de frente , ao encontro as
criaturas , contrapondo os gritos de dor delas , ele cedeu um grito de
bravura , em meio a chuva que apertara no momento.
Neste instante podíamos ver o confronto de luz x escuridão , de
uma única pessoa contra várias. A coragem transpôs o limite da razão ,
e estava acoplado aquele garoto. Ele era só um , porém com a força de
milhões no seu peito , nos seus braços e nas suas pernas.Um sacrifício
era necessário.
Um forte estampido fez-se presente. Kimberly parou do nada no
meio do caminho. Uma lágrima caíra-lhe ao rosto.

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guerreiros predestinados
“Há poucos dias, eu encontrei um Cavaleiro inconsciente perto da
Montanha Amir, ele deve ter tentado escalá-la, mas caiu, então cuidei
dele e lhe forneci frutas e comida, além de um par de Adagas de Madeira,
mas agora ele está frente a frente com um Dragão de duas cabeças”.

capítulo5
O Dragão pousa exatamente na frente de Hércules,
um simples bater de asas faz com que ele voe longe devido ao vento
provocado. A mochila de Hércules vai parar do outro lado. Hércules
pega umas pedras e começa a jogar no Dragão, mas ele nem sente, suas
escamas são duras demais. Hércules pensa:
- Nesse planeta, há mesmo criaturas mitológicas! Heymore
estava falando a verdade!
O Dragão possui uma cabeça vermelha e outra azul, a cabeça
vermelha, abre sua boca e cospe uma baforada de fogo, Hércules pula e
consegue escapar por um triz; mas enquanto está caído no chão; a cabeça
azul aproveita e cospe uma baforada de gelo, não há como escapar, então
em um reflexo rápido Hércules empunha o escudo para sua defesa.
É surpreendente, o escudo faz uma redoma de energia em volta
de Hércules, protegendo-o completamente.
- Que escudo poderosíssimo – pensa Hércules surpreso – vê-se
que não é um escudo comum, deve ser mágico.
Ele vê vindo em sua direção, uma estranha Ave, está coberta por
um tipo de pele laranja que não parece atrapalhá-lo de voar, Hércules
pensa:
- Será mais um inimigo?
A Ave ataca o Dragão, dando tempo para Hércules sair de perto
e se distanciar. A Ave deve ter uns 90 centímetros de comprimento e uns
1,10 metros de altura.
O Dragão que nem sentiu muito, se recompõe, olha atentamente
para a Montanha Amir e por fim, voa na direção dela, a Ave voa atrás do
Dragão.
Hércules pensa:
- O ninho, o Dragão vai subir na Montanha para comer os ovos
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guerreiros predestinados
que está no ninho, este Es-cudo Mágico que peguei estava lá para fazer
uma redoma em torno do ninho impedindo que as criaturas comessem
os ovos, este Escudo pertence aquela Ave. E agora por minha culpa,
aquele Dragão vai devorar os futuros filhotes dela.
Hércules pega sua bolsa, tira as Adagas e corre para a Montanha,
pelo lado do Deserto não é necessário escalar, pois há um tipo de trilha,
Hércules pensa:
- Espero que a Ave o detenha por um tempo.
Hércules leva um tempo para subir correndo, mas chega lá. A Ave está
enfrentando o Dra-gão, mas não vai segurá-lo por muito tempo. A
cabeça azul abre sua boca, e Hércules pensa:
- A baforada de gelo, ele vai congelar a Ave.
Hércules pega as Adagas de Tarim e joga as duas na cabeça azul, ela
desvia o rosto e a ba-forada atinge a cabeça vermelha, que fica congelada,
a Ave usa suas garras e corta a cabeça azul que restava ativa no Dragão.
- Obrigado Ave – Diz Hércules colocando o escudo no ninho –
se eu soubesse, não o teria pegado, me perdoe, por favor.
O Dragão começa a sumir em meio a uma neblina azul e
vermelha, Hércules pensa:
- Acho que neste planeta, nada mais me surpreende.
Fica no local um pequeno baú. Hércules abre o baú e encontra
os tesouros que o Dragão acumulara, uma Espada de Aço de uns 90
centímetros, um Escudo de Bronze, e um par de Botas de Prata. Agora
a armadura de Hércules fica assim: um Bracelete de Prata Direito, um
Cinto de Couro, uma Espada de Aço, um Escudo de Bronze e um para
de Botas de Prata, e 50 moedas de Bronze.
Hércules se despede da Ave e desce a Montanha pelo lado da
Floresta, com a corda de ci-pós que havia deixado perto do topo, então
ele chega até a gruta de Tarim, entra e encontra o garoto lá:
- Senhor Hércules, o senhor retornou – diz Tarim - que bom!
Encontrou suas armas?
- Sim – Hércules mostra a Espada e o Escudo, já vestindo as
Botas – agora posso retornar a Vila I e posso ser treinado por Samir.
Aqui estão suas Adagas de volta.
- Senhor Hércules pode ficar, eu forjei outras para mim. Senhor,
eu gostaria de saber, você disse que veio de outro planeta não é?
- Sim!

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guerreiros predestinados
- Então você deve ser o Cavaleiro da Esperança, o Cavaleiro
da Lenda de Terak: quando o mal ameaçasse o planeta de Terak, cinco
guerreiros especiais viriam de todos os cantos do planeta para protegê-lo,
e talvez, viriam até de um outro mundo se necessário fosse. No planeta
Terak onde até hoje esta lenda é contada de geração em geração, estes
cinco guerreiros são chamados de Guerreiros Predestinados. Você é o
Cavaleiro Predestinado não é?
- Sim, é o que dizem, mas tudo o que quero é retornar para meu
planeta, mas para ter uma chance, precisarei salvar as crianças, treinar
com Samir e cumprir a promessa de resgatar o Mago Heymore que foi
petrificado. Depois eu lhe conto a história toda.
- Senhor, você deixaria que eu fosse seu Escudeiro, sei que só
tenho 14 anos, mas já sei me virar.
- Você tem noção dos perigos que tenho passado? Não posso
arriscar a vida de uma crian-ça! Seria responsabilidade demais para mim
se você morresse ou se ferisse gravemente.
- Eu não me importo, não tenho nada a perder, não possuo pais,
nem família, tudo o que quero é ser útil para o planeta quando o mal
da profecia acontecer, por favor, eu serei o-bediente farei sempre o que
pedir sem questionar e quando houver perigo excessivo, eu fugirei e me
esconderei até tudo ficar bem se o senhor desejar, por favor?
- Tudo bem, eu tenho mesmo uma dívida de gratidão com você
Tarim, mas se você me de-sobedecer, está fora ouviu, e quando eu voltar
para meu planeta, quero que siga sua pró-pria vida tudo bem?
- De acordo mestre. Agora serei o Escudeiro Predestinado.
- Mestre?
- É assim que o Ajudante chama o Guerreiro a quem segue. Se
desejar, posso carregar sua Espada e Escudo, afinal é minha função.
- Não, tudo bem; devemos apenas voltar para a Vila I, se sairmos
pela manhã, chegaremos lá à noite, poderemos dormir em minha casa
e falarmos no outro dia com Samir. Quem fi-cará cuidando do seu
refúgio?
- Eu deixarei um amigo cuidado dele.
Pela manhã eles partem e a noite chegam a Vila I, Theros está
em frente à casa de Hércules esperando:
- Senhor Hércules, que bom que voltou bem, estive orando pelo
senhor e vigiando sua casa.

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guerreiros predestinados
- Na verdade sofri alguns ferimentos leves, mas graça a ajuda
de alguns amigos, eu escapei dos perigos com vida – Diz Hércules –
obrigado por vigiar minha casa rapaz.
- Conseguiu as armas?
- Sim!
- Então vá logo até o Mestre Samir.
- Amanhã Theros, amanhã. A propósito, este é Tarim, meu novo
Escudeiro. Tarim, este é Theros, meu amigo.
- É um prazer conhece-lo Theros – Tarim estende a mão - sou
Tarim do Povo das Folhas.
- O prazer é meu – Theros aperta a mão de Tarim – sou Theros
do Povo do Fogo. Senhor Hércules; vou comunicar minha mãe que o
senhor retornou com sucesso.
- Tudo bem – diz Hércules – nos veremos amanhã Theros, boa
noite.
- Boa noite, senhor Hércules, boa noite Tarim.
- Boa noite Theros – Diz Tarim.
- Hércules e Tarim se recolhem para a casa de Hércules para
descansarem da viajem.

“Como será o treinamento do Senhor Hércules? Tarim suportará ser


um Escudeiro? As cri-anças das Colinas de Hércule serão salvas?”.

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Dies Irae

Capítulo 5
-Então não temos um plano?
_Ora, é claro que temos um plano! Nós chegamos perto do castelo, e lá
decidimos o que fazer...
_Isso significa que não temos um plano!
_Um plano por vez, está bem?
_Aldebarand confia em moça bonita, moça bonita é inteligente...
_Vê, Firleu? Ele é sensato!
_Há! O cara que bateu na árvore porque não quis sair nenhuma dríade
de dentro é sensato?
_Cale-se Avenel! – Melian replicou segurando o riso.
Eles estavam viajando para o norte há pouco mais de uma semana,
e estavam bem perto da fronteira. O objetivo era simples: chegar ao
castelo, entrar lá e roubar o grimório. Porém não seria tão simples assim,
e nenhum deles, nem sequer Melien, havia conseguido pensar em um
bom plano. Após um dia inteiro de cavalgada eles adentraram uma
floresta, buscando um rio que, segundo Avenel deveria passar por ali.
A floresta era escura, e o ar, sufocante. O anoitecer parecia ter chegado
mais cedo lá. Eles ouviram um barulho similar a estalidos, e começaram
a andar mais devagar. Seus corações se encheram de receio, e nenhum
deles ousava falar uma palavra. Eles desmontaram e continuaram a pé, e
os estalos continuavam incessantes. Sem precisar dizer uma palavra, eles
decidiram que o melhor a fazer era seguir o som.
Foi então que o viram, e chegaram a uma conclusão assustadora: não
eram meros estalos, o som era de ossos se chocando. A criatura era um
dragão-esqueleto. No meio dele, podia-se ver uma luz azulada, como
uma chama flutuante, aonde deveria ser o coração. O que provava que o
monstro só pôde ter sido criado com magia. Eles ainda tentaram recuar
sem serem notados, mas o dragão os viu antes.
Antes que eles pudessem fazer qualquer coisa, o dragão investiu contra
eles, e acertou a Aldebarand, com um golpe de garra e a Firleu com um
golpe de cauda. Aldebarand se manteve firme em sua posição, enquanto
Firleu foi arremessado para trás. Melian subiu em uma árvore e Avenel
24
Dies Irae
tentou acertar a flecha no fogo azul no momento em que Aldebarand
sacava seu machado e Firleu se recompunha.
A flecha passou direto pela luz, e nada aconteceu. Aldebarand investiu,
tentando quebrar o osso da perna do dragão, enquanto Avenel se enchia
de pânico. Melian saltou da árvore, parando sobre o dragão, que acertou
Avenel com sua asa e o desmaiou. Firleu hesitou, pos tinha medo de
ferir à Melian.
Essa hesitação fez com que ele fosse novamente atingido com a cauda,
enquanto o dragão balançava, Melian perdeu o equilíbrio e ficou
pendurada, segurando apenas a vértebra que liga a coluna ao pescoço, mas
foi agarrada e puxada pelo dragão-esqueleto, que a lançou de encontro
a uma árvore. Ao vê-la desmaiada, Aldebarand golpeia novamente (e
com mais fúria) o fêmur do dragão, que se parte e ele cai, mas tentando
esmaga-lo com uma forte patada antes.
Firleu agora era o único consciente dentre os quatro, e precisava de uma
idéia rápido. Ele conseguiu saltar quando o dragão tentou golpeá-lo
novamente com a cauda, e foi parar logo nas costas dele. Então, ele
compreendeu o que Melian tentou fazer. Ele agarrou a mesma vértebra
e puxou com toda a sua força, todavia ela não se mexeu. O dragão batia
as asas de ossos tentando acerta-lo, mas não conseguia o alcançar. Ele
saiu e com cautela, foi buscar o machado de Aldebarand. O dragão
começou a tentar se levantar. Ele deu a volta pela frente, para não ser
atingido pela cauda, e escapou por pouco de uma mordida.
Com um salto, ele escalou as costelas da criatura e começou a golpear
a vértebra com o machado. Foram momentos de verdadeira luta, e por
vezes ele era quase tombado pelos movimentos do dragão. A visão de
sua amada e de seus companheiros caídos o dava forças para continuar.
Até que ele finalmente conseguiu. A vértebra se partiu, e ele a puxou. Os
ossos foram caindo no chão um a um, e a luz azul se apagou.
Firleu teve muito trabalho nessa noite. Alguma coisa o dizia para
enterrar os ossos do dragão bem longe um do outro, pois poderia haver
uma probabilidade deles se reorganizarem (não é possível saber o que se
pode esperar da magia). Após isso, ele teve que montar o acampamento
por ali mesmo, e deixar todos os companheiros em segurança, após
dar uma rápida examinada em cada um deles – graças a Deus nenhum
deles tinham ferimentos muito sérios. Apenas ficariam dias cheios de
hematomas.

25
Dies Irae
Os cavalos fugiram durante a luta contra o dragão-esqueleto, e
provavelmente não mais apareceriam. Então resolveu ignorar o cansaço
e aproveitar o silencia da noite, mas não teve tempo para isso. Logo ele
escutou um barulho, e, ao se virar, encontrou Aldebarand.
_Que bom que acordou!
_Aldebarand confuso. Cadê esqueleto grandão?
_Desmontado e espalhado por aí. Derrotamos o dragão, Aldebarand.
_Aldebarand desmaiou. Aldebarand fraco, não conseguiu derrotar o
dragão...
_Bom, se você não tivesse partido o osso da perna dele, ele não teria
caído e não teria sido derrotado. Só consegui vencer o dragão por sua
causa.
_Aldebarand feliz. Obrigado.
_Disponha!
_Príncipe quer dormir? Aldebarand forte. Pode ficar de guarda.
_Não há necessidade. Estou sem sono. Apenas veja se Melian está bem...
_Moça bonita acordada, mas sentindo dor. Moço do arco sabe examinar,
mas moço do arco ainda não acordou.
_Chame-a aqui. Preciso falar com ela. Pode ir dormir depois.
Após suspirar, ele olhou para o alto, e conseguiu ver as estrelas. Afinal,
apesar de a floresta ser muito fechada, eles estavam às margens de um
riacho. Agora não tinham mais montaria, e seria um desafio continuar.
Ele precisava falar com Melian. Se alguém podia ter alguma idéia do
que fazer, com certeza seria ela. Então, ele sentiu um toque suave em
seu ombro.
_Sua Alteza mandou me chamar?
_Melian. Você está bem?
_Sim. Apenas sinto muita dor nas costas e nos ombros. Mas sua Alteza
não mandou me chamar por isso, mandou?
_Melian, minha querida, já a disse muitas vezes que pode me chamar
pelo nome. – Como ela não respondeu, ele continuou. – Mas não foi
apenas essa a razão pela qual eu a chamei. Sente aqui ao meu lado. Como
pode ver, nossas montarias fugiram durante a última batalha. Temo que
seja praticamente impossível chegarmos ao nosso destino antes que seja
tarde demais e nossas tropas sejam massacradas.
_Prometo pensar em algo. Sua Alteza deseja mais algo?
_Para começar desejo que me chame pelo meu nome. E quero saber

26
Dies Irae
algo... Porque tenta se manter distante? Nós já conversamos, já deixamos
claro nosso amor um pelo outro. Mas ainda assim você me evita. Parece
desviar todas as suas forças para não se aproximar muito de mim. Por
quê?
_Me compreenda, Alt... Firleu. Depois de eu ter sido exilada, o que já
não é algo muito agradável, fui encontrada por um clã de ladrões. Lá eu
via de perto a traição e os jogos de poder. Aprendi a manter cautela. Vi
meu pai de criação ser assassinado por alguém que queria o seu posto. O
vinguei, fugi e aprendi a me virar sozinha. Nesse período, não me deixei
distrair em nenhum instante, sempre estive atenta e alerta a qualquer
traição, assim, eu já previa o movimento antes que me atacassem. Em
toda a minha vida, só me senti traída uma vez. E fui justamente por
quem mais amava, no único período de minha vida no qual achei que
nada pudesse me atingir. E eu sei que, caso eu deixe esse sentimento
tomar controle de mim, ficarei imprudente de novo.
_Minha amada. Entenda uma coisa, e entenda já. – Ele pegou no rosto
dela e o puxou para perto – Eu nunca mais, NUNCA, deixarei qualquer
coisa ruim acontecer com você. Eu te prometo. É uma promessa real,
feita por seu servo devoto, escravo desse amor por você. Você passou por
momentos difíceis, e agora eu vou te proteger – ele a abraça – confie em
mim. Eu irei cuidar de você até o último instante de minha vida, por
mais breve que ela possa ser. – Firleu se afasta, toma o rosto dela entre as
mãos e continua – Você sabe que estamos em uma missão suicida. Não
sabemos se sobreviveremos à missão, e nem quando iremos morrer. Não
temos tempo para pensar nas decepções que poderíamos ter. Eu a amo,
e a quero como minha esposa.
Os dois se beijam pela primeira vez. Ele se sente flutuando. Se sente
inundado por essa sensação nova, e se vê tomado pela certeza de que
estaria com ela pelo resto da vida. Sua mente, seu corpo agia de modo
diferente, como se tivesse vontade própria, até que ela se afasta.
_Aconteceu algo?
_Escutou isso? – E acena com a cabeça para uma direção.
_Do que está falando? – Firleu diz e se vira na direção do barulho.
Ele vê algo similar a um homem, de vestes esfarrapadas e carne putrefata.
O mau-cheiro da morte começou a se espelhar. Atrás dele, apareceram
mais outros quatro.
_Em nome de Deus! São mortos-vivos! Essa floresta só pode ser

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Dies Irae
amaldiçoada!
_Melian! Acorde Aldebarand, depois, veja se Avenel está apto. Em
seguida, arme-se e encontre-me aqui.

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29
MANUAL PARA INICIANTES NO INFERNO

Capítulo 1
Existe uma teoria que diz que o Universo engloba oitenta
e nove universos diferentes numa casca de ovo prestes a ser quebrada.
Existe outra teoria que diz que a teoria anterior são as insanidades de um
velho cientista moribundo desesperado em deixar uma última marca no
mundo da ciência antes de sua morte. Ambas as teorias estão corretas,
mas também perderam o ponto crucial: Que tem um fazendeiro caipira
muito zangado prestes a quebrar o nosso ovo em menos de um bilhão
de anos.
Mas enfim. Segundas. Segundas, segundo cientistas secundários,
é a forma que o Universo tem de nos informar de forma sutil porém
firme de que ele quer cada um de nós morto, preferivelmente de formas
horríveis e traumáticas. Muitas pessoas especulam o porquê disso, mas
a conclusão é bem simples: O próprio Universo não consegue agüentar
Segundas.
Esta história começa numa Segunda bem irritante em particular,
já que o Universo decidiu que seria “Hilário” atirar seis carros no mar
de uma forma tão inexplicável que criou oito novas religiões, fazendo
morrer outras cinco. Um homem, no entanto, não estava interessado
em acontecimentos mundiais. Este homem estava ocupado dirigindo às
quatro da manhã, na chuva. Seu nome era Sid.
Sid era um homem incomum. Não por suas capacidades físicas
ou mentais — ele não tinha nenhuma das duas —, ou por seus talentos
para alguma determinada tarefa, mas sim por uma anomalia natural.
Sid era um ser vivo sem qualquer importância. Ele não tinha motivos
para existir, e a Natureza fazia o possível para retirar essa superfluidade
do mundo o mais rápido quanto fosse possível. É claro que o próprio
homem não sabia disso, para ele, sua vida era apenas muito, muito ruim.
Ele dirigia sob a chuva às quatro da manhã pois estava com
fome, e sua ex-namorada havia levado dele tudo, desde a geladeira a até
mesmo sua cama, deixando o apartamento apenas porque este estava
seguramente preso ao solo (Até onde ela sabia). Procurava por uma
fonte de comida que ainda estivesse aberta, como um restaurante ou
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MANUAL PARA INICIANTES NO INFERNO
um supermercado, mas nada encontrava. Só foi depois de uma hora
que encontrou uma biblioteca/Supermercado 24H aberta (Devido à
problemas no orçamento, o dono fora obrigado a abrir uma filial do
Wal-Mart em suas premissas). Parando seu Chevette em frente à loja/
biblioteca, entrou.
— Bom dia, e bem-vindo ao Wal-Mart/Biblioteca Nacional —
sussurrou um jovem por detrás do caixa. Sid assustou-se com o número
de espinhas em sua face, e seus cabelos ruivos estavam cheios de caspa.
Conseguiu, no entanto, esconder seu desdém —, o melhor lugar para se
comprar coisas ou ler livros.
— Obrigado. — Falou, sem convicção, e logo recebeu “Shh”s
como resposta, pedindo que ele sussurrasse naquele estabelecimento.
Ignorou a ignóbil hipocrisia — os alto-falantes praticamente berravam
promoções —, e seguiu caminho até a seção dos enlatados.
É fato muito bem conhecido que a seção dos enlatados é a última
coisa que um homem visita antes de cometer suicídio. Talvez seja uma
última tentativa desesperada do suicida de ver que a vida vale a pena. Ou,
muito provavelmente, a visagem de uma lata de SPAM seja o suficiente
para destruir a fé de um homem na vida e na humanidade. De qualquer
forma, Sid estava vendo uma lata de SPAM, quando decidiu cometer
suicídio. Talvez fosse seu reflexo pálido, de olhos castanhos cansados e
cheios de olheiras, cabelos negros secos e sem brilho, ou talvez fosse o
fato dele estar ponderando com seriedade comer uma lata de SPAM
sabor Queijo. Levou a lata ao caixa.
— Bom dia… — O caixa sussurrou hipocraticamente, esfregando
os olhos espinhentos com sono.
— Bom dia. Gostaria de comprar esta lata de SPAM sabor
Queijo, por favor.
— Você tem certeza? — Perguntou, gaguejando. Seus olhos
demonstravam puro terror, como se dissessem “Não faça isso. Você
ainda tem muito pelo que viver”. No entanto, ele processou a ordem, e
Sid saiu, indo em direção ao seu carro. E foi então que ele a viu.
“Aquela mulher era especial”, ele pensaria dias depois, quando
tudo que ele imaginava ser verdadeiro já havia virado um Martini no
estômago do Deus-Sol. Seus cabelos eram loiros, seus lábios carnudos,
seu busto era largo, seu traseiro grande e bem-definido, e seus olhos —
como ele notou depois — eram azuis. Provavelmente era uma prostituta,

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MANUAL PARA INICIANTES NO INFERNO
para ir à uma biblioteca/loja às cinco da manhã, mas ele gostaria de ter
tido apenas uma noite com ela.
Quando voltou a si, já estava dirigindo até sua casa. Comia da
lata o SPAM, mas não sabia como a abriu em primeiro lugar. Deu de
ombros, e continuou a comer, sentindo náuseas enquanto o fazia. Dirigiu
por entre duas ruas, quase terminando o presunto enlatado, quanto
subitamente absolutamente tudo explodiu de uma forma nuclear e nada
gentil, matando a todos.
Sid acordou, provavelmente horas depois, e já estava claro.
Ao seu redor, no entanto, não havia mais a cidade cinza e deprimente
pela qual ele nutria amor e ternura. Tudo havia sido substituído por
campos verdes nojentos, lindas florestas decrépitas, cachoeiras de tirar o
fôlego — tanto de forma boa quanto ruim — e ele estava deitado numa
planície, coberto com flores. Ao seu lado, um homem vestido de fada,
com restolhos de barba cobrindo sua face assim como cortes e usando
óculos escuros, flutuava com gentileza e ressaca.
— Quem é você? — Sid gritou, assustado.
— Ah! — O homem apertou os ouvidos dolorosamente — Não
grite. Não vê que estou de ressaca?
— Desculpe — sussurrou —, mas quem é você?
— Sou seu guia por estas bandas. Eu queria vender seus órgãos
para pagar pelo meu apartamento, mas aparentemente isso não é
mais permitido pela Associação de Fadas Guias. Bando de burocratas
hipócritas… — Começou a resmungar.
— Com licença — Sid perguntou, interrompendo-o —, onde
estamos?
— Ah, você não sabe?
— Não.
— Deve ser um recém-chegado então, suponho eu.
— Provavelmente. O que aconteceu com a cidade?
— Deve estar bem. Você deveria se preocupar consigo mesmo.
— Por que?
— Pois está morto.
— Morto?! — Gritou, fazendo mais uma vez com que o homem
apertasse as orelhas — Como eu morri?!
— Estupro. — O homem deu de ombros. Aparentemente,
estupro era uma causa de morte muito comum por ali.

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MANUAL PARA INICIANTES NO INFERNO
— Como que estupro mataria alguém?
— O pênis poderia cortar uma artéria do seu… Ânus. —
Obviamente, o homem não sabia do que falava.
— Isso é impossível. E eu nem fui estuprado. Estava no meu
carro, dirigindo, quando de repente tudo ficou escuro. Depois, eu acordei
neste lugar gay.
— Viu? Estupro. Seu… — Ele pensou por um segundo — Carro
te estuprou.
— Isso não faz o menor sentido!
— Não? Ou será que faz… Todo o sentido?
— Você não estava de ressaca?
— Ainda estou, mas gosto de rir de novatos.
— Que lugar é este, afinal de contas?
— Ah, sim, claro. Bem-vindo ao inferno. Terra dos demônios,
unicórnios, rios de chocolates, e também daqueles biscoitos duros,
“Cracker” alguma coisa. E eu sou seu guia, a fada Bob.
— Ah, maravilha.

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34
contos e crônicas

Amarrado e Amordaçado
Por que... Só por que eu não queria? Tinha que haver outra

explicação, só a minha falta de vontade não seria motivo para isso...
Pois é, eu andei muito ocupado nos meus últimos dias, e acabei
sendo desafiado pelo meu editor a escrever uma história diferente, pois
ele não considerava meus contos bons... Eu tentei fazer, só que não saiu
algo que meu editor esperava...
Eu havia explicado a situação para ele... Quando, subitamente,
surgem homens musculosos na porta de seu escritório, eles me agarraram,
puseram uma doninha adormecida pintada com spray cor-de-rosa na
minha boca, me amarraram junto à um outro homem, que parecia ser o
zelador que havia se recusado a limpar o banheiro de um dos guardas do
edifício no qual o editor trabalhava.
Eles nos puseram em um quarto, bem iluminado e um pouco
espaçoso, mas com um fedor imenso... Se é que dá para medir um odor.
Eu não queria ter sido desafiado, eu me achava um incompetente,
não sabia escrever diferente, eu adorava escrever, só que, mesmo assim,
não me consideravam bom...
Os homens foram embora, com sorrisos bêbados em suas caras,
logo soube que tinham acabado de almoçar junto com o editor... Este
sim adorava embebedar as pessoas, inclusive a si mesmo.
Quando a porta foi fechada, o homem no qual eu estava amarrado
ficou se debatendo, e começou a fazer acenos com a cabeça em direção à
única janela presente naquele cômodo... Tentou andar, mas, para isso, eu
teria de ajudá-lo a se apoiar..,
A partir do nada, comecei a sentir algo muito estranho em minha
garganta, acho que a doninha tinha acordado naquela hora e começado
a se mexer dentro de minha boca... Eu abri a boca com esperanças de
que ela sairia facilmente para fora, mas ela foi para o outro lado... Por
uns instantes fiquei asfixiado, achei aquela sensação horrível, o gosto
do spray era péssimo e a doninha ia cada vez mais fundo da minha

35
contos e crônicas
garganta...
Logo a doninha entalou, e vi que tossindo ela não saia... Decidi
engolir.
Quando percebi que havia engolido uma doninha inteira, eu
percebi que era capaz de tudo...
Me sentindo o máximo pelo meu feito, ajudei o homem à ir até
a janela, ele subiu em cima de uma mesa, pegou uma tesoura, que estava
na estante ao lado da janela, usando a cabeça e o ombro como apoio,
fez a tesoura cair na mesa e eu peguei a tesoura com a minha boca, que,
agora, estava desocupada.
Pus a tesoura na mão do homem, ele cortou as cordas da minha
costa, e acabou quebrando a tesoura ao cortar a última corda que me
prendia...
Eu fiquei livre e ele ficou lá... Amarrado e amordaçado...
Como eu me sentia capaz de tudo, decidi escrever sobre aquele
momento, para ver se meu editor gostava... Pois nunca me senti tão
competente naquele momento!
Ao concluir minha pequena história, peguei os restos da tesoura
e tentei serrar as cordas que prendiam o homem, que parecia impaciente,
ao ver que preferi escrever primeiro e depois ajudá-lo...
Como a tesoura parecia não ser feita para serrar, a corda não era
cortada...
Decidi roer a corda... Afinal, eu havia engolido uma doninha,
não é mesmo? Por que não tentar?
Quando a corda se desfiou com meus dentes, o homem se soltou,
e tirou uma meia esverdeada da boca e começou a falar muitas coisas,
mas eu não prestei atenção...
Afinal, eu era capaz de tudo, mas isso não significava que eu
precisava fazer de tudo...

36
contos e crônicas

Pedido de casamento
A casa estava lotada, era para ele o show mais esperado.
Se sentir nervoso era normal, mas não para ele... Nem mesmo
com seu whiskey ele melhorara, nem jogando sinuca com seu amigo e
baterista, nem comendo seu x-bacon de sempre ele conseguiu relaxar.
O que quer que fosse acontecer antes do que ele planejara não
poderia interromper o show.
Faltavam apenas três minutos para subir no palco. Logo ele
estava terminando seu aquecimento, e assim olhava seus comparsas, um
apelido que dava aos amigos, enquanto terminavam seus próprios ritos
para tocarem.
Iam tocar apenas seis musicas previstas, mas ele queria uma
sétima. Uma em especial, para alguém em especial.
Prestes a subir no palco, ele tentou, infrutiferamente, afastar dos
olhos parte do cabelo que insistia em ficar sob seu rosto, já ocultado por
seus óculos escuros de motoqueiro.
- Que seja, vamos lá ver no que vai dar isso... – disse ele para
tentar aliviar um pouco de seu nervosismo.
Ele estava lá como sempre, algo naquele palco semi-destruido o
acalmava, ao desenrolar da segunda musica, ele passou a encarar não a
platéia, mas o próprio palco. Lembrando de tudo que já havia acontecido
com ele e sua banda. A vez em que jogaram uma bomba de festa junina
que fez com que um dos cabos se rompesse e o show fosse interrompido.
A vez em que fãs malucas driblaram a segurança e pularam no palco e
destruíram a bateria e alguns amplificadores. Varias memorias vieram
ao mesmo tempo, então para não se perder ao meio da letra, ele parou
e voltou a encarar a platéia, mesmo que não tivessem percebido que ele
não estava os encarando.
Em meio à platéia, ele pode ver ela. Estava linda como sempre,
talvez até mais do que o normal, estava com uma camiseta da banda,
justamente a camiseta em que somente seu rosto era visto, ou parte dele...

37
contos e crônicas
já que ele nunca era visto sem seus óculos ou o cabelo lhe ocultando
parte do rosto. Os outros membros da banda já sabiam que ele tinha
um caso com ela, mesmo que ele nunca tivesse apresentado-a para eles.
Sabiam que ele era um cara supersticioso, mas ele já havia passado dos
vinte e sete anos, estava na hora de apresentá-la.
Ao final da sexta musica. O pessoal dos bastidores já queria
encerrar, mas ele já havia combinado de tocarem uma musica extra. As
pessoas que já estavam se encaminhando para a saída ou para o bar,
voltaram para frente do palco para ver o que iria acontecer. A musica
já estava bem a frente, já era hora de ele começar a cantá-la, mas ele
simplesmente tirou seus óculos, os jogou para alguém na platéia, e disse:
- Esse, é um momento especial para mim. Ontem foi meu
aniversario e eu decidi que já era hora de fazer algo que eu já tinha
vontade de fazer a algum tempo... Há muito tempo, na minha época de
adolescente, eu conheci uma garota. Acho que da banda, só meu amigo
baterista ali que a conheceu. Hoje ela está aqui, como em grande parte
das nossas apresentações... Patrícia, eu quero que você venha até o palco.
Todos estavam à procura dela, e em meio a confusão, ela se
encaminhou para as escadas e quando as subiu, todos começaram a
aplaudir. Até mesmo ele a aplaudiu.
A cena era até um pouco engraçada. Ele era realmente muito
alto em comparação a ela.
- Achei que não teria coragem de subir ao palco mocinha.
- Já disse que não sou mocinha, e nem você um mocinho, nós
crescemos com o tempo, ou você não percebeu?
- O tempo pra mim é irrelevante, e você sabe... Mas o que eu
quero, não é discutir isso – disse ele ao ouvir a platéia assoviar – Sabe que
hoje, faz quatorze anos, três meses e alguns dias que nós nos conhecemos.
- É? Eu nunca contei – disse ela rindo
- E dizem que os homens é que são desligados. Patrícia... –
começou ele se ajoelhando – você gostaria de desposar o homem mais
problemático, confuso e munido de raiva do mundo? – completou ele
tirando de um de seus bolsos, uma pequena caixa com uma aliança
dourada, e aquele que tivesse uma boa visão para o escuro poderia talvez
ver os dizeres “Patty e Luigi”.

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Nesse momento, uma grande onda de aplausos, assovios, gritos, berros
e tudo mais que se tinha direito foi feito. Um grande silêncio se seguiu
após essa pequena confusão. Todos aguardavam a resposta à pergunta
feita.
- Mesmo todo problemático como é, apesar do quanto isso
seja estranho, você ainda é o homem mais fofo que já conheci então eu
digo a você que sim, eu quero desposar o homem mais problemático do
mundo.
Dessa vez, não houve quem se conteve para comemorar o
acontecido. Até mesmo os membros da banda que não haviam parado
de tocar nem mesmo por um momento, passaram a aplaudir.
Um beijo longo e quente. Só foi interrompido quando viram que
eles não iriam se separar cedo.
- Cara, vamos parar ai antes que a coisa fique quente demais... –
disse o baterista arremessando uma baqueta em sua canela – Fôlego de
vocalista é uma coisa incrível...
- Mais incrível foi ela não ter morrido sem fôlego. – disse alguém
em meio à massa que era a platéia.
- Bem caras, eu estou de ótimo humor agora... Dessa vez passa.
– disse ele abraçado a sua, agora, noiva.

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Queda
Lá estava ele.
O responsável por tudo que me ocorreu. Aquele que chamam de
“imortal” e “invencível”. O homem chamado Roth Rovena.
Por quanto tempo esperei que se distraísse por um instante, que
baixasse a guarda tida como impenetrável.
A hora finalmente chegara.
A espada banhada pelo sangue de mais de mil homens repousava
sobre uma pedra. O escudo que nenhuma lâmina jamais perfurara não
estava em suas mãos. Não vestia a armadura escarlate que o tornou
intocável.
Despido de seus equipamentos lendários ele era como qualquer
homem. Sua altivez incomparável e a aura tão densa quanto as muralhas
de um castelo não o acompanhavam. Tudo que havia frente a mim era
um homem a banhar-se.
Um homem culpado pela morte de todos que eu amei. Um
homem que por vingança pela perda de quem amava trouxe o mesmo
sofrimento a centenas de outros. Ele deveria pagar.
E foi para isso que eu me preparei por tanto tempo. Eu faria
aquilo que nenhum homem antes conseguira. Eu seria a justiça divina a
cair sobre um demônio.
Retesei meu arco e peguei a flecha banhada no veneno do
basilisco.
Ele estava em campo aberto e eu contava com a proteção das
árvores. Não havia vento ou qualquer outra coisa que pudesse desviar o
curso da seta.
Iria acertá-lo nas costas e deixaria seu corpo ser consumido pela
peçonha.
A flecha entre os meus dedos implorava para ser disparada.
Tremia, puxava, assoviava, ansiava pela vida daquele homem.

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Mas ainda não era hora.
Ele ainda estava dentro da água. Não podia disparar agora, pois
mesmo que acertasse o veneno seria lavado.
Os segundos pareciam mais longos do que jamais foram. Meus
músculos começavam a sentir a pressão de flexionar o arco. A dor aguda
começava a me desconcentrar.
Deveria manter o foco. Aquilo não era nada comparado ao que
muitos outros sofreram.
Finalmente ele se levantou.
Não havia mais nenhum impedimento. Era minha chance.
Soltei a flecha que cruzou os ares sibilando até encontrar seu
alvo.
Foi perfeito.
A ponta da seta atravessou a carne do homem e um jorro de
sangue tingiu a água de vermelho. Um grito de dor ecoou por toda a
floresta até que ele afundou na água.
Meu trabalho estava feito.
Permaneci sentada de costas para o lago por longos minutos. A
justiça fora feita, mas mesmo assim algo me incomodava. Mesmo que
meu marido e filho finalmente pudessem descansar em paz, ainda sentia
que algo não estava no lugar. Talvez devesse checar o corpo.
Subitamente senti algo me agarrar por trás.
Fui jogada no chão violentamente. Minha boca avermelhou-se
com o sangue que saia do meus pulmões feridos. Abri os olhos e vi...
Ele ainda vivia.
Seus olhos cheios de fúria pareciam os de uma fera humilhada prestes
a se vingar.
Debati-me enquanto ele arrancava minhas roupas. Gritei ao ser
tocada por aquelas mãos imundas. Chorei ao ser invadida várias e várias
vezes até não ter mais energias para resistir.
Ao final, derrotada e humilhada, jazia sem vida na terra.

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42
Por Thiago, o Diretor

Primeiramente venho alertando que HÁ ERROS DE


PORTUGUÊS no título. Sim, fiquem calmos, não sou analfabeto. Esse
foi um título que EU achei bom,... Só eu. Mas tudo bem, o que vale é a
aparência, estou certo?
Hoje em dia o que se faz presente e o que é realmente valorizado
é a aparência. Imaginemos você, um rapaz elegante, ou você, uma moça
elegante, mas nunca você, o “meio-termo”. Brincadeira, quero dizer que
não sou homofóbico , até gosto de gays ( BEM longe de mim... ).
Mas então, vamos imaginar uma pessoa elegante. Você está numa
balada. Chega a você uma moça ou um rapaz MARAVILHOSA (O)
! . Você, além de não prestar atenção no que a pessoa diz, e concordar
tudo freneticamente com um aceno de cabeça positivamente, mesmo
não entendendo nada, e restringindo seu olhar da cabeça aos seios da
mulher (focalizando mais nos seios). Isso é a tal aparência, a estética.
Agora, apliquemos isso ao contrário. Você está numa balada e
chega a você uma “CRIATURA”. Não vou nem falar se é homem ou
mulher, pois ela está abaixo dessa classificação. Ela chega pra falar com
você e seu primeiro instinto é rezar baixo: “tomara que não seja comigo,
tomara que não seja comigo... DROGA!” E eis que ela chega à sua
frente. Você desvia o olhar, desvia a atenção e ela começa a puxar assunto.
Mesmo que o assunto seja bom, você nunca vai gostar realmente, pelo
fato dela ter NÃO ter uma boa aparência, ter uma estética horripilante.
Nisso você arrisca um olhar para ela. Você percebe que ela está falando
com você, mas mesmo não atingindo um olhar direto a você. Nisso
você acha estranho, e repara melhor. É ela tem cabelo ruim e ensebado,
maquiagem MUITO forte e desproporcional, dentes tortos, mau-
hálito, corpo de sanfona (só as dobrinhas), voz de macho (mais para a
de um travesti), um pouco de pelo na região da barba E do buço. E para
melhorar tudo isso, ela é estrábica.
Sim, essa foi uma visão do inferno, desculpem fazê-los imaginar
isso logo na primeira edição do “STAND UP SCRITA”.
Com tudo isso , podemos concluir que nos dias de hoje , mais
se vale uma carinha bonita e/ou um corpinho bonito do que algo que
realmente importa , que é a essência. Raríssimas pessoas ficam com a

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outra por causa da essência ( SALVE A EXCESSÃO REYNALDO
GIANECCHINI e a MARÍLIA GABRIELA) , por isso , você , amigo
(a) zuados , vão se arrumar , malhar , ou tentar diminuir a feiúra CASO
queiram ficar com beldades. Caso contrário , continue lendo a próxima
edição de “STAND UP SCRITA”.
Nesta edição não teremos um tema principal para abortar, mais
a partir da próxima vamos ter (Isso se tiver a próxima postagem desta
“série”).
A opinião de vocês são muito importante para nosso trabalho,
então, caso for boa, nos envie, se for ruim... Dane-se. (risos) Brincadeira,
qualquer opinião, critica elogios, s2, e afins são muito bem recebidos.
Espero que gostem dessa parte de “comédia” (entenderam as aspas?
Hein?) desse projeto.

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