uma de suas ruas o nome de Talvino Attilio Volpato. É muito normal uma personalidade querida, ao falecer, ter seu nome aplicado a uma rua. Mas em Cascavel até isso é digno de menção, pois é espantoso o que temos de ruas com nomes de pessoas que jamais moveram um dedo em favor ou sequer conheceram a cidade.
É também um espanto o número de injustiças cometidas com a
troca de nomes de ruas, como a injustificável mudança do nome da importante e histórica avenida Foz do Iguaçu para “Tancredo Neves”. Mas com Talvino Volpato se fez justiça. Talvino e família, bem como a família Ghiggi, de sua esposa, d. Asteria, merecem eterna lembrança por participar da construção de Cascavel nos seus anos mais difíceis. Pioneiros, em Cascavel, são aqueles que vieram entre as décadas de 20 a 60. Quem veio depois se beneficiou de toda a base que os eslavos (que nós carinhosamente sempre chamamos de “polacos”, mesmo sendo russos ou ucranianos), os caboclos e os italianos construíram, no muque. Volpato chega a Cascavel justamente em 1960, há exatamente meio século, para legar à região uma família de elevada consciência política e social, ativa participação na comunidade e trabalho diário. Talvino, com seu corpanzil, alma de menino, diálogo fácil, era suave na apreciação mas duro com os engabeladores. Quando ele nos deixou, aos bem vividos 88 anos, saiu da vida como um homem feliz, dançando, como gostava, bem pertinho de onde saiu para construir Cascavel (a catarinense Joaçaba). Ele morreu no paraíso de Piratuba, que também com inteira justiça merece ser chamada de “cidade das águas”, por amá-las e saber o quanto valem, ao contrário de Cascavel, que despreza suas doces águas e nascentes.
Começando em Cascavel suas atividades na construção, logo ao
chegar, Talvino se destacou no movimento profissional dos taxistas, ao lado de Nilo Ghiggi, Moacir Bordignon, Original Mendes e outros, sendo um dos fundadores do sindicato da categoria, da qual participou também como dirigente. Era fácil encontrá-lo diariamente nos arredores do Bar do Natalício, na rua Souza Naves, onde começou a distribuição dos pontos de táxi na cidade. Depois, no comércio, no dia a dia de Cascavel, sofreu com as angústias da população, participou de suas alegrias e nos deu uma turma de amigos: seus filhos Armando, Romeu, Ivanil, Gilberto e Luiz Carlos, que deixei por último por ser um dos meus irmãos além do sangue. Tomara a vida nos reserve um saldo tão positivo em trabalho, consciência e participação quanto o de Talvino Volpato, para que possamos também terminar a vida como ele: em paz e dançando feliz num paraíso de águas.