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Será que existem raças humanas?

O conceito de raça humana “foi usado, pela primeira vez, nos estudos de George Cuvier
no início do século XIX 3” por questões sociais de modo a classificar os membros
dentro das populações. Esta classificação era definida “pela presença / ausência /
qualidade de certas características (cor da pele, formas dos lábios e do nariz, etc.) 2 ”.
“Na base do conceito de “raça” está a crença de que existe uma ligação entre
características mentais, de atitude e de comportamento. Foi comprovado cientificamente
que a palavra “raça”, entendida como conceito biológico, não tem sentido. Em 2006, a
comunidade científica de biólogos considerou que ninguém poderia, graças ao
progresso científico, falar de raças humanas. (…) O conceito de raça pode ser definido
somente dentro de espécies cujos vários grupos foram isolados uns dos outros por um
tempo suficientemente longo para que seu património genético se diferencie. De onde se
conclui que, na espécie humana, esta diferenciação é tão pouco pronunciada que o
conceito de raças humanas não é operacional."”
http://www.entrekulturas.pt/AlguemSabe.aspx?to=113

É muitas vezes utilizada a palavra “raça” sem se pensar que o sentido literal da palavra é
errado quando referencia a espécie humana. Apesar das inúmeras teses a fim de
dividir/catalogar a espécie humana por raças, todas elas apresentam lacunas, erros e
falta de comprovação científica. A questão das raças dentro da espécie humana, não faz
qualquer sentido, o modelo treliça citado por Templeton em 1999, parece ser o mais
ajustado. A espécie humana é só uma, que parte de um ancestral comum, e que sofre
uma evolução constante - O “fluxo restrito de genes, recombinação contínua no tempo e
no espaço ou isolamento pela distância com alto fluxo gênico entre populações
geograficamente próximas 1” dão origem a árvores evolucionárias muito consistentes e
complexas. Os diferentes traços entre populações são “traços adaptativos tropicais que
foram favorecidos nas populações humanas vivendo em um meio-ambiente apropriado
– populações que não são independentes, na perspectiva evolucionária, porque elas
estiveram e estão em contacto genético 1”, “pois os humanos tendem a acasalar
primariamente com outros nascidos próximos e, frequentemente, fora do próprio grupo
natal 1”.
Cada humano tem uma combinação genética única que é uma combinação de genes
herdada dos seus pais em cerca de metade cada. À excepção dos “casos de gémeos
“verdadeiros”, não há 2 indivíduos geneticamente idênticos. 2”

A palavra “raça” parecia fazer algum sentido perante um sistema etnocêntrico, onde
habitam vários grupos sociais distintos, mas a sociedade apenas valoriza/reconhece o
grupo entendido como grupo dominante, discriminando os outros grupos e tentando
assim que os excluídos se “convertam” em indivíduos do grupo dominante. A estes
grupos são chamados etnias – “a humanidade não se divide em espécies, nem tampouco
pode ser classificada, embora, ao longo da história, algumas tentativas tenham sido
feitas nesse sentido, com interesses de dominação de alguns grupos sobre outros. Hoje,
para as ciências biológicas, a raça humana é única e os grupos que a compõem ficam
mais bem designados como étnicos 3”.
“Quando uma das etnias dentre todas as que formam o sistema interétnico é apresentada
como modelo, temos um sistema etnocêntrico que se consolida ideologicamente. Porém,
de que forma a ideologia possibilita essa consolidação? 3”
Uma ideologia são “as linguagens, os conceitos, as categorias, as imagens do
pensamento e os sistemas de representação – que diferentes classes e grupos sociais
empregam para dar sentido, definir, decifrar e tornar inteligível o modo como a
sociedade opera 3”, podendo até existir um símbolo “ideológico: é o caso, por exemplo,
da foice e do martelo como emblema da União Soviética3”.
“ Os grupos ideológicos podem chegar a funcionar, precisamente, como um continente
que abrange e delimita, ao mesmo tempo descrimina e consolida a ideologia e a
identidade dos membros que o constituem 3”
Às etnias que não a etnia dominante são associados atributos negativos e são lhes
negadas socialmente identidades positivas. As etnias de origem africana tendem a negar
a “sua negritude e buscarem a maior aproximação possível dos valores cultuados pelo
homem branco3”.
1
- Citado de “Raça, evolução humana e as (in) certezas da genética” de Josué Laguardia
2
- Citado de “O que é a raça? Um debate entre a antropologia e a biologia” de António Amorim
3
- Citado em “A relação entre ideologia e sistema etnocêntrico” de Denize Terezinha Teis e Mirtes Aparecida Teis

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