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SUMÁRIO

1 A CONTABILIDADE............................................................................................ 04
1.1O Início do pensamento contábil....................................................................... 04
1.2 As primeiras literaturas contábeis..................................................................... 04
1.3 O início da contabilidade no Brasil.................................................................... 05
1.4 Princípios contábeis geralmente aceitos.......................................................... 06
1.4.1 Os postulados contábeis................................................................................ 06
2 OS PRINCIPIOS CONTÁBEIS............................................................................ 07
3 AS CONVENÇÕES............................................................................................. 08
4 CONTABILIDADE E O PATRIMÔNIO DA EMPRESA....................................... 10
4.1 Representação gráfica do patrimônio............................................................... 13
4.2 Equivalência patrimonial................................................................................... 14
5 CONTAS.............................................................................................................. 17
6 VARIAÇÕES PATRIMONIAIS............................................................................ 28
7 REGISTRO CONTÁBIL....................................................................................... 33
8 OPERAÇÕES COM MERCADORIAS................................................................... 40
9 A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL: LIVROS, LANÇAMENTOS E REGIMES
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CONTÁBEIS...........................................................................................................
10 O TÉRMINO DE UM EXERCÍCIO SOCIAL: LANÇAMENTOS E
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DENOMINAÇÕES CONTÁBEIS............................................................................
REFERÊNCIAS................................................................................................. 61
APRESENTAÇÃO

Você já imaginou um barco navegando em alto-mar... sem bússola? E o que dizer de


uma empresa... sem contabilidade?

Essas imagens apontam para a importância da contabilidade como instrumento


norteador dos rumos de uma empresa e, em conseqüência, pra a grande
responsabilidade dos profissionais dessa área que, ao lado da capacidade técnica,
devem ter, sobretudo, prudência, zelo e integridade em suas ações.

Comparar a contabilidade com uma bússola tem sentido quando se pensa que, ao
cumprir seu principal objetivo, ela influirá diretamente no funcionamento adequado dos
setores da empresa e, indiretamente, no sucesso de sua atuação externa.

Além de apresentar seu amplo campo de atuação e explicitar os objetivos da


contabilidade empresarial, esta apostila desenvolve os conteúdos fundamentais ao
domínio das técnicas básicas de controle e registro do patrimônio.

Esperamos ajudá-lo a compreender a importância desse estudo para a administração


da empresa e a adquirir a base necessária ao exercício de suas atividades
profissionais.

1 A CONTABILIDADE

Este item introdutório tem a finalidade de mostrar resumidamente a


evolução histórica da contabilidade, apresentando as descobertas, as necessidades e
os avanços que levaram ao estabelecimento de princípios contábeis que passaram a
ser respeitados e aceitos em todo o mundo. Estas causas são, portanto, a base
fundamental para o correto entendimento do conceito de contabilidade.

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1.1O Início do pensamento contábil

A história da contabilidade data dos tempos mais remotos da


civilização.desde que o homem começou a controlar quantidades (de comida, de
animais etc.), passou também a fazer contas e a se utilizar da contabilidade.Antes
mesmo de escrever e calcular, o homem, através de pinturas ou marcações em
rochas ou ossos, identificava objetos relacionando-os às suas quantidades. Assim, as
primeiras contas realizadas pelo homem representam a mais antiga manifestação do
pensamento contábil.
Nas primeiras tribos primitivas, já existiam pessoas responsáveis pelo
controle e guarda das riquezas dos chefes da tribo.Posteriormente, com o surgimento
e o desenvolvimento dos reinados, pessoas também controlavam e guardavam a
riqueza desses reis. São outros os exemplos que provam a presença da contabilidade
na vida do homem, porque na historia da humanidade sempre houve a necessidade
de se controlarem coisas.
Com a evolução do conhecimento humano, assim como o aparecimento
da escrita, o desenvolvimento da matemática e o surgimento de estruturas
administrativas, houve um sensível desenvolvimento nas formas de registro contábil.
Nestes tempos ainda bem antigos, o escriba era considerado um
profissional altamente qualificado, e como dominava o saber da escrita, estava
capacitado a compreender o mecanismo de controle das riquezas e a registrá-lo
corretamente.
Na Idade Média, com a evolução do comercio, que se expandiu a lugares
longínquos, com o aparecimento de organizações empresariais mais
estruturadas, e com o surgimento da figura do mercador (pessoa que viajava em
caravanas ou em embarcações e trazia mercadorias para os comerciantes de um
determinado local), aperfeiçoou-se ainda mais o pensamento contábil, pois havia a
preocupação e a necessidade de se controlar,basicamente:

 As saídas de recursos para financiar os mercadores em suas viagens;


 As entradas e saídas de mercadorias trazidas pelos mercadores, os preços que
as mercadorias custavam, e o preço pelo qual seriam vendidas pelos
comerciantes aos consumidores; e
 O tempo de duração que as mercadorias ficavam em estoque antes de serem
vendidas (essa informação era muito importante para saber se o comerciante
precisaria, numa próxima ocasião, adquirir maior ou menor quantidade de
produtos).

1.2 As primeiras literaturas contábeis

Desde a Idade Média, então, já havia a preocupação com o


aperfeiçoamento da contabilidade, mas só a partir do século XI é que apareceram
livretos manuscritos abordando assuntos contábeis. Porem tal literatura sói ganhou
impulso com o advento da imprensa, e isso após o ano de 1494, com a publicação de
um livro escrito por um frei italiano, chamado Luca Paccioli, editado em Veneza, em
novembro.
Embora esse livro fosse de Matemática, ele possuía um capítulo dedicado
a explicar o Método das Partidas Dobradas (que estudaremos mais detalhadamente

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no capítulo 5 desta apostila), e que é a base da escrituração contábil, desde aquela
época até os dias de hoje.
A partir de então, começou a surgir um interesse maior por assuntos
ligados à contabilidade, tornando-se vasta a publicação de livros contábeis, o que
ocasionou o surgimento de novas teorias e pensamentos mais estruturados sobre o
assunto.
Dentre as teorias desenvolvidas, a que permanece até os nossos dias é a
Teoria Patrimonialista, criada pelo italiano Vicenzo Mazi, e que preceitua que o objeto
de estudo da contabilidade é o patrimônio da empresa.
Até o final do século XIX, a Itália era o grande centro de desenvolvimento
contábil, e de lá surgiu a maioria dos estudiosos de contabilidade. No final do século
XIX e início do século XX, em face do surgimento das grandes corporações, surgiu a
necessidade de novas formas de registro e controle contábil. Por esse motivo, os EUA
passaram a se dedicar mais intensamente ao assunto, desenvolvendo critérios
práticos para registro e controle contábeis, criando, assim, uma nova forma de
pensamento contábil e oferecendo um razoável avanço dessa doutrina. Esse fato
evidenciou-se ainda mais porque naquele país começava a haver um aumento
razoável de empresas de grande porte. Por outro lado, com a Segunda Guerra
Mundial, os países da Europa e o Japão sofreram enormes danos materiais e
monetários, e necessitavam recomeçar, com certo atraso, os estudos sobre o
assunto, partindo dos conhecimentos adquiridos até então.

1.3 O início da contabilidade no Brasil

Na época da colonização do Brasil, pessoas eram escolhidas para controlar


os montantes de produtos enviados para Portugal, e quando surgiram as primeiras
organizações empresariais brasileiras, os comerciantes também já destacavam
pessoas para a realização da tarefa de controlar mercadorias.
Até a primeira metade do século XX, a pessoa responsável pela
contabilidade da empresa era conhecida como guarda-livros (nome dado porque
essas pessoas registravam as operações da empresa em livros contábeis grandes e
sempre encadernados na cor preta). Esse trabalho, inicialmente, era exclusivo dos
homens.
Como os guarda-livros ficavam numa sala especifica da empresa, fazendo
cálculos e cercados de documentos, papeis e livros de capa preta, tendo como única
preocupação registrar as operações que a empresa havia realizado (fatos passados),
esse profissional não era visto como executor de atividades de prestigio. Mas com o
desenvolvimento da contabilidade no mundo, o Brasil começou a dar maior
importância à tão antiga questão do controle do patrimônio.
Hoje em dia, com a globalização e a integração dos mercados, os
conhecimentos contábeis estão mais difundidos e os estudos nessa área são cada
vez mais constantes e mais profundos. Aqui no Brasil, a figura do contador, e mesmo
do técnico em contabilidade, ganhou importância e adquiriu prestigio, pois verificou-se
que um bom sistema de contabilidade exerce papel fundamental na administração dos
negócios da empresa.
A contabilidade atualmente não se restringe somente a registrar fatos
passados, mas se preocupa também em fazer projeções e fornecer informações que
dizem respeito ao futuro da empresa. Com a era da informática, os contadores já não
são conhecidos como guarda-livros, e o que se espera de pessoas que trabalham
nessa área é que tenham também, alem de perfeito entendimento das técnicas

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contábeis, conhecimentos em outras áreas, como Administração, Economia e
Sociologia.

1.4 Princípios contábeis geralmente aceitos

O objetivo da contabilidade sempre foi fornecer informações úteis sobre o


patrimônio de alguém. Os chefes de tribos precisavam conhecer o montante da
riqueza que possuíam e os monarcas e os reis também; os comerciantes da Idade
Média precisavam controlar o preço das mercadorias, da mesma forma que hoje os
acionistas (pessoas que participam da empresa) necessitam conhecer o preço de
suas ações no mercado.
Com o desenvolvimento da contabilidade e sua difusão entre os países,
surgiu a necessidade de uma padronização nos registros, ou seja, o estabelecimento
de princípios contábeis, para toda organização empresarial, independente do tipo de
atividade, porte, região ou país em que esteja localizada.
 Princípios são regras aceitas por todos e vistas como básicas e fundamentais
para o entendimento de uma ciência.
Todos os princípios contábeis utilizados atualmente advêm da Teoria
Patrimonialista, e acostumamos dizer que são geralmente aceitos porque é possível
que em alguns paises, por questões políticas, haja alterações relevantes na
abrangência desses princípios em suas técnicas contábeis.
Os princípios contábeis servem para nortear e fundamentar as técnicas
contábeis efetuadas e desenvolvidas pelas empresas no controle de suas operações.
Eles costumam se classificar em três categorias básicas: postulados, princípios
propriamente ditos e convenções.

1.4.1 Os postulados contábeis

São princípios gerais que caracterizam o ambiente ou as condições em que


a contabilidade atua. Tais princípios são também denominados postulados
ambientais, pois existem independentemente da própria contabilidade. São os
seguintes:
 Postulado da Entidade Contábil
Quando um grupo de pessoas se reúne com o objetivo de formar uma
empresa, esta, ao ser formada, passa a ser então uma entidade, que não deve se
confundir com as pessoas (sócios) que a constituíram. Sendo assim, a contabilidade
está voltada para o controle do patrimônio da entidade (organização formada), e não
para o controle do patrimônio dos sócios dessa entidade.

 Entidade significa qualquer organização, ou sociedade, que tem como


finalidade o lucro. Em nosso estudo, principalmente a partir do capitulo 2,
utilizaremos também a palavra empresa quando nos referimos à
entidade.
 Postulado Continuidade
“Para a contabilidade, a entidade é um organismo vivo, que irá viver
(operar) por um longo de tempo (indeterminado), até que surjam fortes evidencias em
contrário...”.
Em decorrência desse postulado, entende-se que a contabilidade considera
que a empresa é uma entidade capaz de produzir riqueza e gerar valor continuamente
(sem interrupções).

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Quando vemos as empresas preocupadas em fazer projeções e
planejamentos para o futuro, entendemos que elas estão seguindo esse
postulado.Todos acreditam que a empresa não irá acabar; pois se assim fosse, qual
então o objetivo de se estabelecerem metas e elaborarem planos futuros?

2 OS PRINCIPIOS CONTÁBEIS

São aqueles que decorrem da aplicação da contabilidade, e sem os quais


esta não atingiria suas finalidades.

 Princípio do Custo como Base de Valor


Define que a contabilidade deve basear seus registros no preço de
aquisição (preço de compra) de um bem, ou, quando for o caso, na soma dos
recursos despendidos para colocar esse bem em condições de uso pela empresa,
seja para utilização própria ou para venda. Tais registros devem acontecer sempre em
moeda de poder aquisitivo atual e constante, que no caso especifico do Brasil é o real.
Assim, quando a empresa adquirir qualquer bem para si, deve registrar
contabilmente o preço que pagou, e não mudá-lo, mesmo que haja diferenças
posteriores no valor de mercado desse bem.
 Princípio do Denominador Comum Monetário
Determina que as informações fornecidas pela contabilidade, através dos
registros e demonstrações, a respeito da situação da empresa, devem ser expressas
em moeda nacional de poder aquisitivo na data em que tais informações foram
oferecidas.
É um princípio que destaca a dimensão essencialmente financeira da
contabilidade. A importância dele reside no fato de que de nada adiantaria a
contabilidade oferecer informações com valores em uma moeda diferente da utilizada
no país, se sobre a qual não há meios práticos de se estabelecer uma comparação.
 Princípios da Realização da Receita
A receita representa um ganho para a empresa; sendo assim, este princípio
define que a contabilidade só deve registrar os ganhos pela venda de mercadorias ou
produtos quando estes forem efetivamente transferidos para terceiros (outras
empresas ou consumidores finais).
A contabilidade não pode considerar como receita realizada os produtos
estocados e ainda não vendidos, mesmo sabendo que muito provavelmente isso
acontecerá.
 Princípios do Confronto das Despesas com as Receitas e com os
Períodos Contábeis
Todas as despesas e perdas ocorridas em determinado período deverão
ser confrontadas com as receitas reconhecidas nesse mesmo período.Esse princípio
contábil assume grande importância pelo fato de que, através desse confronto
(despesas e receitas), a empresa pode saber se teve lucro ou prejuízo, ao final de um
período.
3 AS CONVENÇÕES

São conhecidas com restrições aos princípios, no sentido de delimitar-lhes


conceitos, atribuições e direções, e de sedimentar a experiência e o bom senso da
profissão no trato de problemas contábeis.

 Convenção da Materialidade

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Destaca que a contabilidade deve sempre avaliar a influencia e a
materialidade da informação evidenciada ao usuário, através da relação custo-
benefício.
 Materialidade, aqui, traduz a idéia de importância, ou ainda de ser
fundamental. E o usuário é toda pessoa que se utiliza da informação
contábil no intuito de avaliação, tomada de decisão, ou qualquer outro
tipo de realização em sua empresa.
Sob o ponto de vista do usuário, é material a informação ou o valor que, se não
evidenciado (ou mesmo mal evidenciado), poderia levar o usuário a sério erro na
avaliação do seu empreendimento ou de suas tendências.
 Convenção do Conservadorismo
Numa situação em que haja a possibilidade de ser escolher entre duas
alternativas igualmente válidas para a avaliação do patrimônio, a contabilidade deve
sempre escolher a que apresentar o menor valor para a entidade como um todo.
Essa convenção tem a finalidade de “frear” os excessos de entusiasmo e de
valorizações, por parte da administração e dos proprietários da entidade mantendo-os
as características de resguardo e neutralidade nessas situações.
 Convenção da Objetividade
A contabilidade deve sempre registrar eventos que puderem ser comprovados
por documentos e critérios objetivos, e quando isso não for possível os que puderem
ser ratificados por pessoas qualificadas na profissão.
 Convenção da Consistência
Os procedimentos contábeis utilizados pela empresa na avaliação de seu
patrimônio não devem ser modificados. Quando houver necessidade de qualquer
mudança de procedimento, tal alteração deve ser evidenciada em notas explicativas,
onde se informam inclusive os possíveis efeitos decorrentes dessas modificações.
Esta convenção visa dar a possibilidade de comparação de dados e resultados
contábeis de uma empresa no decorrer dos anos, o que seria impossível, caso a
empresa utilizasse procedimentos diferenciados em cada ano.

EXERCÍCIO I

1)Qual a representação mais antiga de controle, e o que significa a idéia do


pensamento contábil?

2)Qual foi o grande marco do desenvolvimento do pensamento contábil na


Idade Média e quando aconteceu?

3)O que preceitua a Teoria Patrimonialista, e quem a criou?

4)Por que os contadores eram chamados antigamente de guarda-livros?

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5)Analise as questões abaixo e descreva qual postulado, princípio ou
convenção foi desobedecido em cada situação. Justifique sua resposta.

a) O proprietário de uma empresa quer saber o montante de seu


patrimônio. Para isso, ele adiciona a esse patrimônio os seus bens
pessoais, já que as despesas de sua família são pagas com cheques da
empresa.

b) A empresa Cinco S.A. adquiriu um terreno no valor de R$


40.000,00.Após cinco anos, a área onde este terreno estava localizando
sofreu grande valorização, chegando algumas empresas interessadas
nele a oferecer até R$ 150.000,00 para adquiri-lo. A empresa Cinco S.A.
resolveu então não se desfazer do terreno, e decidiu lançar, em seu
registro contábil, um novo valor a ele, compatível com as quantias
oferecidas pelo mercado.

c) Uma empresa adquiriu uma máquina de segunda mão de um


comerciante que fechou o seu pequeno comercio para voltar à sua terra
natal. A compra foi feita sem nenhum documento que comprovasse a
transferência, mas a empresa registrou assim mesmo a aquisição da
maquina na sua contabilidade.

d) O proprietário de uma empresa diz que não faz planejamento de


operações futuras, pois não sabe o que acontecerá amanhã, e portanto
deve se preocupar somente com as operações correntes.

e) A empresa Dia Bom Ltda. Está com um processo judicial contra um


fornecedor, com grande perspectiva de vencer. Sendo assim, a empresa
já contabilizou o valor referente ao processo.

f) A empresa Pituba Ltda. Adquiriu um automóvel por R$ 1.000,00; porém


no momento de retirar o veiculo teve que pagar R$ 100,00 pelo seguro
do transporte e R$ 200,00 pelo frete. A empresa registrou o veículo no
valor de R$ 1.000,00.
4 CONTABILIDADE E O PATRIMÔNIO DA EMPRESA

Lendo esse item você conhecerá os objetivos da contabilidade e seu


campo de atuação. Além disso, terá explicitados os conceitos básicos de estrutura e
equivalência patrimonial necessários à análise do principal objeto de estudo da
contabilidade – o patrimônio empresarial.

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Campo de atuação

A contabilidade está invariavelmente relacionada ao universo das


organizações. E as organizações podem ser classificadas como entidades sem fins
lucrativos (as associações, igrejas, instituições filantrópicas etc.) ou como empresas
que objetivam o lucro (os bancos, as lojas etc.).
Toda organização surge da associação de duas ou mais pessoas que,
formando uma sociedade, buscam atingir um objetivo comum. Por isso, as
organizações também podem ser classificadas como sociedades civis ou como
sociedades comerciais.

 Sociedades civis são as organizações que têm apenas finalidade social


– as entidades sem fins lucrativos.
 Sociedades comerciais, por sua vez, são as organizações que visam o
lucro – às empresas comerciais, industriais e de serviços.
Vale aqui ressaltar que, embora exerçam atividade lucrativa, as sociedades
que prestam serviços profissionais relativos a atividades regulamentadas (advogados,
médicos, contadores etc.) e as que negociam com imóveis são consideradas pela lei
como sociedades civis.
As empresas ou sociedades comerciais – também podem ser
classificadas quanto à sua natureza jurídica, isto é, a forma como seu capital está
dividido, indicando o grau de participação de cada sócio. Desse modo, temos:

 Sociedade por cotas, na qual o capital é dividido em partes iguais – as


cotas. Nesse tipo de sociedade a responsabilidade de cada sócio se limita ao valor de
suas cotas.
 Responsabilidade, aqui, tem o sentido da participação dos sócios.
Assim, aqueles que assinam pela empresa se denominam sócios-gerentes; os
demais, que tão-somente participam dos lucros, são os sócios-cotistas.
É fácil identificar as sociedades por cotas, uma vez que o nome da empresa vem
sempre acompanhado da expressão Ltda., abreviatura de Limitada.
 Sociedade Cooperativa, que visa ao beneficio particular dos
associados, e não diretamente ao lucro, tendo, portanto, um objetivo mais social do
que econômico.
Nesse tipo de sociedade, os associados têm o direito de deliberar, de decidir nas
assembléias gerais e também na administração da cooperativa, o que não impede a
contratação de diretores ou gerentes técnicos para esse fim.
 Firma Individual,formada por uma pessoa jurídica pertencente a
uma única pessoa física, que assume todo o risco, recebendo os lucros ou sofrendo
os prejuízos decorrentes de sua atividade.
 Sociedade Anônima,ou apenas S.A., cujo capital social
é dividido em ações.
 Capital social são os recursos aplicados pelos sócios para
dar inicio às atividades da empresa. Esses recursos podem ser tanto financeiros
(dinheiro) quanto econômicos (materiais, equipamentos etc.).
 Ações são títulos de propriedade, representativos das
partes iguais em que se subdivide o capital social de uma sociedade.

As sociedades anônimas são regidas, atualmente, pela Lei n° 6404/76.


Essa lei determina, entre outros aspectos, que toda as decisões de uma sociedade

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anônima sejam tomadas em assembléia. Prevê, ainda, que para dar inicio às suas
atividades a sociedade anônima precisa subscrever e integralizar seu capital.

 Subscrição do capital é o ato de os sócios se responsabilizarem


pelo deposito de determinada quantia em favor da sociedade.
 Integralização do capital é o ato de os sócios pagarem
efetivamente a responsabilidade assumida. Para melhor entender esses conceitos,
analise o exemplo a seguir:

Rogério, Marcela, Vera e Bernardo resolveram constituir uma


sociedade anônima. O capital social de R$ 12.000,00 foi dividido em 120 ações,
no valor unitário de R$ 100,00. Cada um dos quatro sócios se responsabilizou
pela compra de 30 ações.
Rogério e Marcela integralizaram todas as ações subscritas, isto é,
pagaram pelas ações, tendo cada um, então, desembolsado R$ 3.000,00.
Na mesma data, Vera e Bernardo integralizavam apenas 15 ações cada
um, comprometendo-se ambos os sócios a saldar a divida em 60 dias.

Nessa situação, você pôde observar que:


O valor subscrito é de R$ 12.000,00 (capital social);
O valor integralizado foi de R$ 9.000,00 (R$ 3.000,00 de Rogério, R$
3.000,00 de Marcela, R$ 1.500,00 de Vera e R$ 1.500,00 de Bernardo);
E o valor a ser integralizado é de R$ 3.000,00 (R$ 1.500,00 de Vera e R$
1500,00 de Bernardo).
As sociedades anônimas podem ser de capital aberto ou de capital
fechado. O que diferencia uma da outra é que, no primeiro caso, as ações são
negociadas livremente em bolsa de valores; já as sociedades anônimas de capital
fechado não têm ações negociadas em bolsa.
Uma empresa também recebe denominação segundo seu porte: micro-
empresa, empresa de pequeno porte, empresa de médio porte, empresa de grande
porte. Mas vale saber que o porte, nesse caso, não tem a ver com o tamanho físico,
nem com a quantidade de filiais que possui, tampouco com o número de empregados
que lá trabalham. O que o governo toma por base para essa classificação é o
faturamento da empresa, ou seja, o valor total por ela recebido com a venda de seus
bens e serviços.

OBJETIVOS

Toda organização – assim como qualquer um de nós – tem um patrimônio.


 O patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma
pessoa, seja ela física ou jurídica.
E o que seriam bens, direitos e obrigações?

Bens são valores materiais pertencentes à organização e que estão em


seu poder. Por exemplo, dinheiro, veículos, mercadorias, máquinas etc.
Direitos são valores materiais pertencentes à organização, mas que estão
em poder de terceiros. Por exemplo, o dinheiro por ela depositado em bancos, os
valores que tem a receber por vendas efetuadas a prazo etc.

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Obrigações são valores materiais pertencentes a terceiros, mas que estão
em poder da organização. Por exemplo, empréstimos por ela contraídos, valores que
tem a pagar por compras efetuadas a prazo etc.
Toda organização realiza também operações econômico-financeiras com a
finalidade de ampliar seu patrimônio. São os dados e as informações decorrentes
dessas operações que vão para a contabilidade.

Mas o que faz a contabilidade?

Compete à contabilidade de uma empresa garantir a análise, o registro e o


controle de seu patrimônio. E, devido à expansão das atividades desenvolvidas pelo
homem, aliada à complexidade das transações, a contabilidade – seja publica, seja
privada – apresenta diversas especializações, como, por exemplo: contabilidade
comercial, contabilidade bancaria, contabilidade de seguros entre outras.
Ao cumprir sua finalidade, a contabilidade faz um “retrato” da empresa.
Esse retrato é apresentado em relatórios econômico-financeiros – os demonstrativos
contábeis - , preparados justamente com a finalidade de subsidiar os demais setores
da empresa em suas respectivas decisões. Os demonstrativos contábeis devem
também estar á disposição de outras empresas interessadas, bem como do governo
federal, uma vez que é atribuição da contabilidade cuidar de toda a documentação por
ele exigida para o pagamento de taxas e impostos, estando aí implícito o cálculo
desses valores. É importante ressaltar que a legislação brasileira obriga algumas
empresas – especialmente as de capital aberto – a apresentarem publicamente seus
demonstrativos contábeis. De um modo geral, os demonstrativos contábeis permitem
que:
o Os proprietários da empresa verifiquem os lucros, planejem novas
operações e visualizem o alcance das metas estabelecidas;
BALANÇO PATRIMONIAL
Ativo Passivo
Caixa R$ 5.000,00
Mercadorias R$ 3.000,00 Fornecedores R$ 8.000,00
Imóveis R$ 20.000,00 Capital R$ 20.000,00

Total R$ 28.000,00 Total R$ 28.000,00


o Os investidores escolham o rumo de suas aplicações, isto é, se
passam a investir mais, menos ou se simplesmente deixam de
empregar seu capital naquela empresa;
o Os administradores se preocupem com o próprio andamento do
negocio, decidindo sempre pelo que é mais favorável à empresa;
o Os fornecedores julguem sobre a concessão ou não de novos
créditos, após verificarem se a empresa tem condições de quitar as
dívidas por ela contraídas;
o O governo verifique se o valor recebido está de acordo com o
efetivamente contabilizado pela empresa, uma vez que ele arrecada
tributos sobre os produtos ou serviços por ela vendidos, bem como
sobre seu lucro.

Como se vê, os demonstrativos contábeis são instrumentos fundamentais


para a empresa, pois é a partir de sua análise que decisões vitais são tomadas.

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Pos isso, justamente com a finalidade de averiguar a veracidade das
informações apuradas pela contabilidade para a elaboração desses relatórios, as
empresas estão sujeitas a um exame analítico e pericial que segue o desenvolvimento
das operações contábeis – a auditoria.
Uma auditoria pode ser interna ou externa. No primeiro caso ela ocorre por
decisão da própria empresa e, no segundo, por exigência da legislação.
Entre as empresas sujeitas à auditoria externa estão os bancos – privados
ou públicos -, as seguradoras, as industrias e grandes firmas comerciais.
Pelo que você viu ate agora, são duas as principais finalidades para os
quais se utiliza a informação contábil:

o Como controle, para verificar se a empresa está agindo em


conformidade com os planos e a política traçados por sua
administração;
o Como planejamento, para decidir o caminho a ser percorrido, no
futuro, pela empresa.

4.1 Representação gráfica do patrimônio

Com o objetivo de facilitar as atividades dos profissionais da área de


contabilidade, assim como as das pessoas que consultam as demonstrações
contábeis, todo patrimônio precisa ser apresentado de modo adequado, dentro de
modelos e de formas fixas.
Por esse motivo, o patrimônio das empresas recebe uma representação
gráfica padronizada, na qual sua estrutura se divide sempre em duas partes:

 Ativo, onde são relacionados os bens e direitos;


 Passivo, onde são relacionadas as obrigações.

Dessa maneira, o patrimônio de uma empresa fica graficamente


representado da seguinte forma:

ATIVO PASSIVO
Obrigações:
Bens + Direitos  para com terceiros
 para com os sócios

Você deve ter percebido que as obrigações se subdividem em dois


grupos.Por isso, muitos contadores optam pro dividir também o passivo justamente
conforme o tipo de obrigação. Assim, as obrigações para com terceiros são
relacionadas no passivo exigível e as obrigações para com os sócios são
relacionadas no patrimônio líquido.

 Obrigações para com terceiros se referem às operações da empresa


com outras empresas ou, até mesmo, com pessoas físicas.
 Obrigações para com os sócios se referem aos lucros ou prejuízos da
empresa e, também, ao capital investido pelos próprios sócios ou
acionistas.

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Nesse caso, a estrutura do patrimônio ficaria assim representada:

Passivo Exigível
Ativo Patrimônio Líquido

As duas formas de representação do patrimônio estão corretas. Nesta


apostila, porém, utilizaremos a primeira como padrão, por entendermos que ela
permite melhor visualização.
Para a estrutura do patrimônio ter validade, é preciso que os bens, direitos
e obrigações relacionados estejam acompanhados dos seus respectivos valores
monetários, que se posicionarão ao lado de cada componente patrimonial.

 Obs.: Ao longo de seu estudo, você terá oportunidade de observar um exemplo


de estrutura patrimonial, apresentando os valores monetários correspondentes a cada
componente.

4.2 Equivalência patrimonial

Contabilmente, a estrutura do patrimônio deve obedecer ao principio da


equivalência patrimonial, que consiste em uma equação bastante simples:

ativo = passivo
ou
ativo = passivo exigível + patrimônio líquido

Pela equivalência patrimonial, então, o total do ativo tem que ser sempre
igual ao total do passivo.

• Situação líquida

Apesar do principio de igualdade entre os totais do ativo e do passivo,


eventualmente ocorre alguma diferença. Essa diferença que porventura venha a
existir será coberta pela situação liquida – ou patrimônio líquido, segundo alguns
autores – justamente com o objetivo de atingir a equivalência patrimonial. A situação
líquida de uma empresa pode ser:

 nula, quando o total do ativo (bens + direitos) é igual ao total do passivo


(obrigações).
Veja:

Ativo Passivo
Bens 1.000,00 Obrigações 1.800,00
Direitos 800,00
Total 1.800,00 Total 1.800,00
 positiva, quando o total do ativo (bens + direitos) é o maior que o total do
passivo (obrigações). Observe que:

Ativo Passivo
Bens 1.000,00 Obrigações 1.500,00
Direitos 800,00 Situação Líquida (+) 300,00
Total 1.800,00 Total 1.800,00
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 negativa, quando o total do ativo (bens + direitos) é menor que o total do
passivo (obrigações). Assim:

Ativo Passivo
Bens 1.000,00 Obrigações 2.000,00
Direitos 800,00 Situação Líquida (-) - 200,00
Total 1.800,00 Total 1.800,00

Como você viu, então, a situação líquida de uma empresa representa o


resultado final das operações por ela realizadas, ou seja, seu lucro ou prejuízo. A
apuração desse resultado implica sempre uma tomada de decisão por parte dos
sócios. Desse modo:
o se a situação liquida for positiva, isto é, apresentar lucro, o valor
pertencente aos sócios, que devem determinar o destino desse lucro: se
será distribuído entre eles ou guardado pra novos investimentos;
o se a situação líquida for negativa, isto é, apresentar prejuízo, a
responsabilidade de cobrir essa diferença também pertence aos sócios.
Portanto, a situação líquida de uma empresa, seja ela positiva ou negativa, é sempre
apresentada no passivo, pois representa uma obrigação – uma divida – da empresa
para com seus próprios sócios.

EXERCÍCIO II

1) As sociedades se distinguem umas das outras por sua natureza jurídica, entre
outros aspectos. O que diferencia uma sociedade por cotas de uma sociedade
anônima?
Na sociedade por cotas o Capital social é dividido em partes iguais e a
responsabilidade de cada sócio se limita à parte declarada, ou seja o valor
da cota. Na Sociedade por ações, o capital social é divido em ações, ou seja
os sócios participam do capital da empresa em partes proporcionais do
Capital social da empresa (a responsabilidade vai depender da quantidade
de ações adquiridas).

2) Fernanda, Marcos e Rita resolveram constituir uma sociedade e combinaram que


cada um se responsabilizaria pelo valor de R$ 20.000,00, para formação do capital
social. Fernanda entregou sua parte integralmente. Marcos e Rita, porem, entregaram
apenas 50% do valor, responsabilizando-se por completar a quantia no mês seguinte.
Considerando a situação, responda:

a) Qual o total do capital integralizado?

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Sócios Capital
Integralizado
Fernand 20.000,00
a
Marcos 10.000,00
Rita 10.000,00
TOTAL 40.000,00

b) Qual o total do capital subscrito?

Sócios Capital
Subscrito
Fernand 20.000,00
a
Marcos 20.000,00
Rita 20.000,00
TOTAL 60.000,00

3) Escreva O, B ou D dentro dos parênteses, conforme os itens a seguir se


identifiquem, respectivamente, com Obrigações, Bens ou Direitos de uma empresa:

(B) Maquinas e Equipamentos


(D) Dinheiro depositado em banco
(O) Empréstimo contraído pela empresa
(O) Valores de compras efetuadas a prazo
(B) Veículos
(D) Valores de vendas efetuadas a prazo

4) Explique a importância da contabilidade em relação aos demais setores de uma


empresa.

5) Uma determinada empresa apresenta a seguinte situação:


Total dos direitos.........................R$ 15.800,00
Total das obrigações....................R$ 30.000,00
Total dos Bens.............................R$ 17.100,00
Com base nesses dados, faça o que se pede:

a) Monte a estrutura do patrimônio, classificado corretamente os


componentes patrimoniais no ativo e no passivo.

ATIVO PASSIVO
Bens 17.100 Obrigações 30.00
0
Direitos 15.800 SITUAÇÃO 2.900
LÍQUIDA

TOTAL 32.900 TOTAL 32.90


0

b) Indique o tipo de situação líquida encontrada nessa estrutura.

16
ATIVO = Bens +Direitos = 17.100 + 15.800 = 32.90
0
PASSIVO = OBRIGAÇÕES = 30.000 = 30.00
0
SITUAÇÃO = Bens + Direitos – = 17.100 + 15.800 – = 2.900
LÍQUIDA Obrigações 30.000

5 CONTAS

Este item mostra a importância do registro das contas pela contabilidade


para a análise da situação econômico-financeira de uma empresa. Apresenta a
nomenclatura e a classificação das contas e, finalmente, explicita um plano de contas,
identificando sua finalidade na empresa.
Conta é o nome dado para identificar tudo o que a empresa compra, vende,
recebe ou paga. É através das contas que a empresa pode analisar de forma mais
realista sua situação econômico-financeira, conhecendo os valores de cada bem,
direito ou obrigação, assim como as alterações (diminuições e aumentos) sofridas no
ativo, no passivo e na situação líquida da empresa.

• Classificação

A contabilidade classifica as contas de uma empresa em dois grandes grupos:

 Conta patrimonial – representando os bens, direitos e obrigações


 Conta de resultado – representando as despesas e receitas da empresa.

 Despesas são gastos realizados por uma empresa, com objetivo de


gerar receitas.
 Receitas são ganhos obtidos pela empresa.

Mas por que conta de resultado?

Ao final de um período, todas as despesas são tomadas e seu total é


confrontado com a soma de todas as receitas, para que se possa apurar o lucro ou o
prejuízo da empresa. Como somente o resultado final desse confronto aparece nas
demonstrações contábeis, todas as contas de despesa e de receita são denominadas
contas de resultado.

• Nomenclatura

Para a nomeação de uma conta, é preciso observar, pelo menos, dois


aspectos importantes:

o Clareza – o nome da conta tem de identificar o que de fato ela


representa.
Assim, por exemplo, não se deve nomear uma conta de Despesas diversas ou Outras,
pois esses nomes nada identificam. Já nomes mais precisos, tais como Aluguel ou
Despesa de salários, permitem que qualquer pessoa identifique o assunto a que se
referem essas contas.

17
o Abrangência – o nome da conta deve possibilitar que nela sejam
envolvidos assuntos afins ou materiais semelhantes.
Desse modo, se uma empresa possui um ônibus, por exemplo, não deve criar uma
conta de nome Ônibus, pois caso adquira um caminhão ou um carro de passeio não
poderá classificá-los nessa conta. Porém, se forem empregados termos mais
abrangentes, como Veículos, tanto o ônibus quanto o caminhão ou o carro de passeio
poderão estar representados nessa mesma conta.
O nome que se dá a cada uma das contas pode variar, pois é uma escolha pessoal do
contador ou técnico em contabilidade que as utiliza. Algumas contas, porém, são
padronizadas, e sua utilização já está consagrada por contadores e autores de livros
da área de contabilidade. Veja, nos exemplos a seguir, alguns nomes de contas e o
que elas representam.
o Caixa – dinheiro disponível na empresa.
o Banco ou Banco conta movimento – dinheiro da empresa
depositado em conta bancária
o Capital ou Capital social – valor inicial aplicado pelos sócios ou
acionistas para a constituição da sociedade.
o Mercadorias – todo bem adquirido com fins de revenda. Assim, se a
empresa vende maquinas, por exemplo, estas representam a sua
Mercadoria; se vende brinquedos, são eles a mercadoria da
empresa.
o Veículos – qualquer tipo de meio de transporte motorizado para o
uso da empresa.
o Máquinas – todo e qualquer tipo de máquina para uso da empresa.
o Máquinas e equipamentos – todo e qualquer tipo de máquina e
equipamento para uso da empresa.
o Móveis e utensílios – todo o mobiliaria e material da empresa
(cadeiras, mesas, grampeadores, furadores etc.).
o Imóveis – todos os bens imóveis da empresa (casas, terrenos, salas,
lojas etc.).
o Reservas – retenção de ganhos da empresa (o lucro não distribuído
aos sócios, seja para atender à legislação, seja pela valorização de
um bem etc.).
o Clientes, Contas a receber ou Duplicatas a receber – valores que
a empresa tem a receber por vendas efetuadas a prazo.
o Fornecedores, Contas a pagar ou Duplicatas a pagar – valores
que a empresa tem a pagar por compras efetuadas a prazo.
o Títulos a pagar – valores que a empresa tem a pagar por compra de
imóveis efetuada a prazo.
o Títulos a receber – valores que a empresa tem a receber por venda
de imóveis efetuada a prazo.
Todos esses exemplos de contas são classificados como patrimoniais, pois
representam bens, direitos ou obrigações da empresa. Com relação às despesas e
receitas, classificadas como conta de resultado, o comum é utilizar, simplesmente, o
nome da despesa ou receita, acrescido ou não das expressões Despesa ou Receita,
respectivamente. Assim, é possível empregar, indiferentemente:
Salários ou Despesa de salários
Aluguel ou Receita de aluguel (quando do recebimento do valor)/Despesa de aluguel
(quando do pagamento)

18
Telefone ou Despesa de telefone
Vendas ou Receita de vendas

• Organização: o plano de contas

Para orientar de forma padronizada os registros das operações efetuadas,


a contabilidade organiza um plano – o plano de contas. Esse plano é uma listagem de
todas as contas que poderão ser utilizadas pela empresa.
Todo plano de contas recebe uma codificação, que tem a finalidade de
identificar a natureza da conta na estrutura patrimonial da empresa, isto é, se ela faz
parte do ativo, do passivo, se é despesa ou receita.
No plano de contas, os registros das operações podem ser realizados de
forma sintética ou analítica.

 Sintética é a forma resumida pela qual são registrados os fatos


acontecidos na empresa.
 Analítica, ao contrario, é a forma de registro discriminativo.

Observe o exemplo:

A empresa Alamanda possui seu dinheiro depositado em diferentes


bancos: Banco Aimoré (R$ 50.000,00), Banco Paranapuã (R$ 40.000,00) e Banco
Suruí(R$ 20.000,00).
Nesse caso, o registro sintético será:

. Bancos 110.000,00
E o registro analítico será:
Bancos 110.000,00
Banco Aimoré 50.000,00
Banco Paranapuã 40.000,00
Banco Suruí 20.000,00

O plano de contas é formulado antes de as operações serem efetuadas


pela empresa, levando em consideração características básicas, tais como seu
tamanho; o interesse dos usuários sejam eles administradores, proprietários,
fornecedores; o ramo de atividade etc.
Assim, por exemplo, em uma empresa prestadora de serviços dificilmente
se encontrará a conta Estoque de mercadorias, uma vez que não existe a
necessidade de armazenar produtos para serem vendidos.
Quanto maior o tamanho da empresa, maior deve ser o detalhamento de
sua contabilidade através do plano de contas. O plano de contas, que orienta o
registro das operações e possibilita a uniformização das contas utilizadas, não deve
ser rígido. Pelo contrario, deve permitir modificações durante o período de sua
execução (como retirar uma conta que não mais será usada e acrescentar outras
contas que surjam). Deve possuir, portanto, tantas contas quantas sejam necessárias
à clareza e à precisão de seus registros.
Para a elaboração de um plano de contas é preciso, primeiramente,
separá-las em quatro grandes grupos, atribuindo-lhes códigos numéricos, de acordo
com as seguintes características:

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Grupo 1 – ativo (bens e direitos)
Grupo 2 – passivo (obrigações)
Grupo 3 – despesa (diminuição da situação líquida)
Grupo 4 – receita (aumento da situação líquida)

Esses grupos determinam o primeiro algarismo da seqüência numérica que


identifica e localiza, respectivamente, uma certa conta no ativo, no passivo, na
despesa ou na receita.
O próximo passo é reunir as contas com características semelhantes,
distribuindo-as pelas subdivisões de cada um dos quatro grupos. Isso vai representar
o segundo algarismo da seqüência numérica.
Vamos começar pelo Grupo 1 – ATIVO. Esse grupo se subdivide em Ativo
Circulante, que teria o código 1.1, Ativo Não Circulante, com o código 1.2.
O critério de classificação das contas no grupo do ativo é o tempo de
transformação do bem ou direito em dinheiro (LIQUIDEZ).

Desse modo, bens e direitos que saem (circulam) com rapidez são
classificados no Ativo Circulante. Já os que têm um prazo maior para transformação
em dinheiro e aqueles que permanecerão por tempo indeterminado na empresa são
classificados no Ativo Não Circulante. Veja os exemplos de contas que se seguem:

o Caixa é classificada no Ativo Circulante, uma vez que representa


dinheiro.
o Contas a receber pode ser classificada tanto no Ativo Circulante quanto
no Ativo Não Circulante: tudo depende do prazo de recebimento do valor
pela empresa.

De um modo geral, se o recebimento acontecer antes do final do exercício


social seguinte, a conta se classificara no Ativo Circulante; mas se o prazo
estabelecido para recebimento ultrapassar o final do exercício social seguinte, ela
estará localizada no Ativo Não Circulante.

 Exercício social é o período compreendido entre a elaboração de


duas demonstrações contábeis. A elaboração de uma
demonstração contábil indica o termino de um exercício social e o
início de outro. Geralmente, um exercício social compreende um
período de 12 meses, com seu início e término coincidindo com o
ano civil (de janeiro a dezembro do mesmo ano), o que não
impede, porém, que a empresa estabeleça prazos e datas iniciais
diferentes.

o Máquinas é conta classificada no Ativo Não Circulante - Imobilizado,


pois representa todo e qualquer tipo de equipamento utilizado na
produção de uma empresa; portanto, de longa permanência.
o
O ativo Não Circulante é o único grupo de contas do ativo que apresenta
uma subdivisão, a saber: Realizável a Longo Prazo, investimentos, imobilizado e
Intangível.

20
O Realizável a longo Prazo são direitos que têm um prazo maior para
transformação em dinheiro;
Os investimentos são bens e direitos que não têm qualquer relação com a
atividade-fim da empresa, sendo por ela adquiridos como aplicação para obtenção de
lucro. Assim, por exemplo, uma loja cuja atividade-fim é a venda de calçados e investe
parte de seu capital na compra de uma obra de arte deve classificar este bem
adquirido no Ativo Não Circulante - Investimentos;
O imobilizado se refere a todos os bens e direitos essenciais ao bom
desenvolvimento das atividades da empresa. Desse modo, em uma loja que
comercializava roupas, por exemplo, o balcão de atendimento ao cliente, as estantes
e os cabides onde as peças são expostas, o telefone, entre outros, são classificados
no Ativo Não Circulante - Imobilizado.
O Intangível é todo o direito que a empresa possui em logomarcas,
patentes de produtos ou serviços registrados juridicamente são exemplos de
situações classificadas no Ativo Não Circulante - Intangível.

O Grupo 2 – passivo – se subdivide em Passivo Circulante, que teria


então o código 2.1., Passivo Não circulante, código 2.2. e finalmente Patrimônio
Líquido, com código 2.3.

As contas se distribuem nesse grupo de acordo com o prazo para


pagamento das obrigações (Exigibilidade). Dessa forma, Passivo Circulante e Não
Circulante representam as obrigações para com terceiros, isto é, as dívidas da
empresa para com pessoas que de alguma forma com ela se relacionam, sem, no
entanto, serem sócios ou acionistas.
O subgrupo Patrimônio Líquido – representa as obrigações da empresa
para com os próprios sócios. Essas obrigações podem se relacionar ao capital por
eles investido, às reservas e ao lucro ou prejuízo apurado. Veja os exemplos de
contas que se seguem:

• Salários a pagar e Impostos a pagar classificam-se no Passivo


Circulante, pois, de certa forma, representam dívidas de curto prazo
da empresa para com terceiros.
• Fornecedores pode-se localizar tanto no Passivo Circulante quanto
no Passivo Não Circulante. Isso vai depender do tempo de que a
empresa dispõe para pagar sua divida, antes ou depois do final do
exercício social seguinte.
• Capital social, Reservas, Lucros ou Prejuízo acumulado são contas
que se no Patrimônio Líquido, pois representam obrigações da
empresa com seus sócios.

Como você pôde observar, o critério para a classificação de contas nos


grupos ou do passivo é sempre relacionado ao tempo: no ativo, o tempo em que o
bem ou direito se transforma em dinheiro (entra dinheiro na empresa); no passivo, o
tempo de pagamento das obrigações por parte da empresa (sai dinheiro da empresa).
Já no que diz respeito às contas localizadas em despesa ou receita, no
entanto, tal critério não existe. O que se costuma fazer é agrupar, reunir os gastos
(despesas) ou os recebimentos (receitas) da empresa de acordo com suas
semelhanças. É isso que você vai ver a seguir.

21
O Grupo 3 – Despesas – se subdivide em Operacionais, obtendo o código
3.1., e Não-operacionais com código 3.2.

 Despesa operacional é todo gasto cuja realização depende da


vontade da empresa, isto é, decorre de seus atos administrativos.
Dessa forma, o pagamento do salário dos trabalhadores e o
montante despendido com a divulgação externa do produto
comercializado pela empresa são exemplos de despesas
operacionais.
 Despesa não-operacional, por sua vez, é toda aquela cuja efetivação
não depende da vontade da empresa. As multas por atraso no
pagamento de impostos e as perdas relativas à parte não coberta por
seguro de veículos utilizados pela empresa são exemplos de
despesas não-operacionais.

O Grupo 4 – Receitas – se subdivide em Operacionais, com código 4.1., e Não-


operacionais, código 4.2..
 Receita operacional é um ganho decorrente de procedimentos da
administração, seja no que diz respeito à atividade-fim da empresa,
seja no que diz respeito a aplicações ou investimentos por ela
realizados.Assim, o valor apurado com a venda dos produtos
comercializados pela empresa, os juros cobrados pro pagamentos
em atraso dos clientes são exemplos de receitas operacionais.
 E receita não-operacional é toda aquela que não decorre da vontade
da empresa, ou seja, não é conseqüência de seus atos
administrativos.
Existe ainda um quinto grupo, que destaca a conta Resultado de Exercício, utilizada
no encerramento do exercício social, quando se faz a apuração do resultado. Sendo
assim, temos o código 5.1. caracterizando a conta.
Como você pode observar, através do plano de contas podemos identificar
todas as contas, reconhecendo a sua origem e localização através do código a ela
atribuído.
Exemplos:
1.1.1 – Caixa
1 1 1 → Caixa
Conta
Ativo Circulante
Ativo

2.1.3 – Salários a pagar


2 1 3 → Salários a pagar
Conta
Passivo Circulante
Passivo

Pois bem. É chegado, agora, o momento de você ver um plano de


contas montado. De acordo co a necessidade da empresa, o plano de contas pode ter
muito mais desdobramentos do que os já citados neste capitulo. Contudo, no modelo
a seguir alcançaremos um máximo de quatro algarismos na seqüência numérica.
Esse exemplo se refere ao plano de contas de uma empresa comercial. Observe-o
com atenção.

22
1 – ATIVO
1.1 CIRCULANTE
1.1.1 Caixa
1.1.2 Banco
1.1.2.1 Banco Itajaí S/A
1.1.2.2 Banco Mamoré S/A
1.1.3 Aplicações financeiras
1.1.3.1 Banco Jaguaripe S/A
1.1.3.2 Banco Japurá
1.1.4 Estoque de mercadorias
1.1.5 Almoxarifado
1.1.5.1 Material de escritório
1.1.5.2 Material de limpeza
1.1.6 Clientes
1.1.7 (-) Provisão para devedores duvidosos
1.1.8 (-) Duplicatas descontadas
1.1.9 Adiantamento a fornecedores
1.1.10 Adiantamento a empregados
1.1.11 Impostos a recuperar
1.1.11.1 ICMS a recuperar
1.1.11.2 IPI a recuperar
1.2 NÃO CIRCULANTE
1.2.1 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
1.2.1.1 Contas a receber
1.2.1.2 Títulos a receber
1.2.1.3 Outros valores a receber
1.2.2 Investimentos
1.2.2.1 Incentivos fiscais
1.2.2.2 Participação em outras empresas
1.2.3 Imobilizado
1.2.3.1 Imóveis
1.2.3.2 Ferramentas
1.2.3.3 Instalações
1.2.3.4 Máquinas
1.2.3.5 Móveis e utensílios
1.2.3.6 Veículos
1.2.3.7 (-) Depreciação acumuladas
1.2.4 Intangível
1.2.4.1 Marcas e Patentes
1.2.4.2 Uso de Produtos Proprietários

2 – PASSIVO
2.1 CIRCULANTE
2.1.1 Fornecedores
2.1.2 Empréstimos
2.1.3 Salários a pagar
2.1.4 Títulos a pagar
2.1.5 Encargos sociais a recolher
2.1.5.1 INSS a recolher
2.1.5.2 FGTS a recolher
2.1.5.3 IR-FONTE a recolher
2.1.5.4 Contribuição sindical a recolher
2.1.6 Impostos e contribuições a recolher
2.1.6.1 ICMS a recolher
2.1.6.2 ISS a recolher
2.1.6.3 IPI a recolher
2.1.6.4 COFINS a recolher
2.1.6.5 IRPJ a recolher
2.1.6.6 Contribuição social a recolher

23
2.1.7 Adiantamento de clientes
2.2 NÃO CIRCULANTE
2.2.1 Fornecedores
2.2.2 Contas a pagar
2.2.3 Títulos a pagar
2.2.4 Empréstimos
2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
2.4.1 Capital
2.4.1.1 Capital subscrito
2.4.1.2 (-) Capital a Integralizar
2.4.2 Reserva de capital
2.4.2.1 Correção monetária do capital
2.4.3 Reserva de lucro
2.4.3.1 Reserva legal
2.4.3.2 Reserva para investimentos
2.4.4 Reserva de reavaliação
2.4.5 Lucros ou prejuízos acumulados

3 - DESPESA
3.1 OPERACIONAIS
3.1.1 Despesas administrativas
3.1.1.1 Aluguel e condomínio
3.1.1.2 Material de expediente
3.1.1.3 Conservação e limpeza
3.1.1.4 Energia elétrica
3.1.1.5 Telefone
3.1.1.6 Água
3.1.1.7 Manutenção e conserto
3.1.2 Despesas comerciais
3.1.2.1 Propaganda e marketing
3.1.2.2 Fretes
3.1.2.3 Viagens e estadias
3.1.2.4 Comissões
3.1.2.5 Combustíveis e lubrificantes
3.1.2.6 Devedores duvidosos
3.1.2.7 Descontos comerciais
3.1.3 Despesas com pessoal
3.1.3.1 Salários
3.1.3.2 Férias
3.1.3.3 13º Salário
3.1.3.4 Previdência social
3.1.3.5 FGTS
3.1.4 Despesas financeiras
3.1.4.1 IOF
3.1.4.2 Descontos concedidos
3.1.4.3 Juros financeiros
3.1.5 Outras despesas operacionais
3.1.5.1 Depreciação
3.1.5.2 Amortização
3.2 NÃO-OPERACIONAIS
3.2.1 Perdas com sinistros
3.2.2 Multas

4 – RECEITA
4.1 OPERACIONAIS
4.1.1 Receitas com vendas
4.1.2 Receitas financeiras
4.1.2.1 Rendimentos de aplicações financeiras
4.1.2.2 Descontos obtidos
4.1.2.3 Juros financeiros

24
4.2 NÃO-OPERACIONAIS
4.2.1 Receitas não-operacionais

•Obs.: Você estudará esse assunto com maior profundidade em


outros momentos de seu curso.
• Observação para o item 1.1.7 do plano de contas
Todas as contas do ativo apresentam saldo devedor. Mas, como toda
regra, essa também tem sua exceção: são as contas redutoras (ou contas
retificadoras) do ativo que, apesar de apresentarem saldo credor – devendo, portanto,
constar do passivo – localizam-se no ativo. Isso acontece porque as contas redutoras
decorrem de outras que estão no ativo e, no plano, devem ser colocadas junto à conta
que as originou. É por isso que na sua passagem do passivo para o ativo, o sinal da
conta é invertido. Nesse caso, especificamente, a conta Provisão para devedores
duvidosos é decorrente da conta Clientes.

• Observação para o item 2.4.1.2 do plano de contas

Já as contas redutoras (ou contas retificadoras) do passivo, apesar de


apresentarem saldo devedor – devendo, portanto, constar do ativo – localizam-se no
passivo justamente porque são decorrentes de contas que lá estão. É por isso que
seu sinal se torna negativo.

EXERCÍCIO III

1) Responda às questões que se seguem:


a) Em que consiste o registro das contas pela contabilidade e qual sua
finalidade?
Conta é o nome dado para identificar tudo o que a empresa compra, vende, recebe ou paga. É através
das contas que a empresa pode analisar de forma mais realista sua situação econômico-financeira,
conhecendo os valores de cada bem, direito ou obrigação, assim como as alterações (diminuições e
aumentos) sofridas no ativo, no passivo e na situação líquida da empresa.

b) Que papel desempenha o plano de contas em uma empresa?


Para orientar de forma padronizada os registros das operações efetuadas, a contabilidade organiza um
plano de contas. Esse plano é uma listagem de todas as contas que poderão ser utilizadas pela
empresa. Dessa forma, o PLANO DE CONTAS tem a finalidade de identificar a natureza da conta na
estrutura patrimonial da empresa, isto é, se ela faz parte do ativo, do passivo, se é despesa ou receita.

c) Qual o critério de classificação das contas no ativo ou no passivo?


O Ativo é classificado em ordem Decrescente de Liquidez
O Passivo é classificado em ordem Decrescente de Exigibilidade

2) Classifique as contas abaixo, escrevendo, dentro dos parênteses, P, no caso de


conta Patrimonial e R, no caso de conta de Resultado:
(R) Salários (P) Máquinas (R) Aluguel
(P) Títulos a pagar (P) Adiantamentos a fornecedores (P) Clientes
(R) Vendas (P) Banco (R) Propaganda
(P) Veículos (R) Juros (P) Capital
(R) Telefone (P) Imóveis

3) No exercício 1 você estabeleceu o critério de classificação de uma conta no ativo


ou no passivo. Agora, escreva A ao lado de cada conta que você classificaria no Ativo
e P ao lado de cada uma do Passivo.

25
(A) Depreciação acumulada (P) Reserva de lucro
(A) Títulos a receber (A) Adiantamentos a clientes
(P) Capital (A) Veículos
(A) Estoque (P) Lucro acumulado
(P) Fornecedores (P) Empréstimos
(A) Imóveis (A) Móveis e utensílios

4) Você foi convidado a auxiliar o contador da empresa na montagem de um plano de


contas. Descreva as principais etapas dessa atividade, destacando seus pontos mais
importantes.
1 – Relacionar todos os Bens Direitos e Obrigações da empresa;
2 – Relacionar todas as despesas e receitas que a empresa irá fazer;
3 – Classificar os Bens, Direitos, Obrigações, despesas e receitas da empresa (1 – ATIVO, 2 –
PASSIVO, 3 – Despesas e 4 – Receitas)

5) Tomando como modelo o Plano de Contas apresentado neste capítulo, elabore um


plano de contas que contemple as contas a seguir:

Salários a pagar Caixa Estoque


Fornecedores Máquinas Reserva de lucro
Lucros acumulados Fretes Móveis e utensílios
Salários Banco Capital
Empréstimos Clientes Depreciação acumulada
Despesa de juros Multas Títulos a receber
Obras de arte Telefone Depreciação

1 ATIVO 2 PASSIVO 3 DESPESAS


1.1 CIRCULANTE 2.1 CIRCULANTE Frete
1.1.1 Caixa 2.1.1. Obrigações Trabalhistas Despesa de Juros
1.1.2 Banco 2.1.1.1 Salários a Pagar Salários
1.1.3 Clientes 2.1.2 Fornecedores Multas
1.1.4 Estoque 2.1.2.1 Fornecedor A Telefone
1.2 NÃO CIRCULANTE 2.1.3 Empréstimos
1.2.1 Realizável a Longo Prazo 2.1.3.1 Empréstimo Banco A 4 RECEITAS
1.2.1.2 Títulos a Receber 2.2.1 NÃO CIRCULANTE
1.2.2 Investimentos
1.2.2.1 Obras de Arte 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
1.2.3 Imobilizado 2.3.1 Capital
1.2.3.1 Móveis e Utensílios 2.3.2 Reserva de Lucro
1.2.3.2 Máquinas 2.3.3 Lucros Acumulados
1.2.3.3 (-) Depreciação Acumulada

6 VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Este item destaca uma das funções da contabilidade: o registro da variação


do patrimônio de uma empresa. Através da indicação de uma classificação
apropriada, aqui são definidas as diferentes variações que podem ocorrer na estrutura
patrimonial de uma empresa.

• Gestão patrimonial: ato e fato administrativo

Quando nos referimos ao conjunto de todos os procedimentos e ações


relativos à administração de uma empresa estamos, na verdade, falando sobre a
gestão empresarial. No percurso de uma gestão, a administração pode alterar ou não
o patrimônio da empresa, realizando os atos e fatos administrativos.

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 Ato administrativo é qualquer ação praticada pela administração
da empresa que não altera seu patrimônio. Desse modo, a
admissão de um empregado, o pedido de compra de
,mercadorias, o arquivo de documentos são exemplos de atos
administrativos.
 Fato administrativo, por sua vez, é qualquer ação praticada pela
administração da empresa que altera seu patrimônio. Como
exemplos de fatos administrativos destacam-se compras ou
vendas efetuadas pela empresa, bem como os recebimentos ou
pagamentos por ela realizados, pois nessas operações ocorre
movimentação de valores, o que modifica o saldo das contas,
interferindo, portanto, na estrutura patrimonial.

Muitos dos atos administrativos praticados podem vir a se tornar fatos


administrativos, alterando o patrimônio da empresa. O ato de admitir um funcionário
não altera em nada o patrimônio de uma empresa. Entretanto, Quando esse mesmo
funcionário vier a receber seu salário acontecera um fato, pois haverá saída de
dinheiro da empresa para o seu pagamento. Essa saída de dinheiro é considerada um
fato administrativo pois provoca diminuição no ativo da empresa.

• Fatos contábeis

Quando uma empresa compra mercadorias, realiza um fato


administrativo.Quando contabiliza esse fato, isto é, atribui valor à operação, ele se
torna um fato contábil.

 Fato contábil é o registro de um fato administrativo, acompanhado do


valor monetário da operação realizada pela empresa. Os fatos
contábeis podem-se classificar em permutativos, modificativos e
mistos.

• Fatos permutativos

Os fatos contábeis permutativos são aqueles que provocam somente uma


troca de valores nos componentes do ativo e/ou do passivo, sem alterar a situação
líquida da empresa. As compras efetuadas à vista ou a prazo são exemplos de fatos
permutativos. Os fatos contábeis permutativos se classificam em:
→ Permutativo ativo – são os fatos que alteram somente o ativo;
→ Permutativo passivo – são os fatos que alteram somente o
passivo;
→ Permutativo compensativo – são os fatos que aumentam,
temporariamente, o total do ativo e do passivo, sem, contudo,
alterar a situação líquida.
Quer ver um exemplo? Suponha que a PJ & M Ltda., uma empresa comercial,
apresente a seguinte estrutura patrimonial:
ATIVO PASSIVO
Caixa 5.000,00 Capital 7.000,00
Máquinas 2.000,00
Total 7.000,00 Total 7.000,00

27
A empresa realiza, então, as seguintes operações:

A – compra de mercadorias à vista no valor de R$ 3.000,00;


B – compra de máquinas a prazo no valor de R$ 1.000,00.
Observe as modificações ocorridas no patrimônio da empresa, com relação à
operação A:

ATIVO PASSIVO
Caixa 2.000,00 Capital 7.000,00
Máquinas 2.000,00
Estoque Mercadorias 3.000,00
Total 7.000,00 Total 7.000,00

Uma análise comparativa das duas estruturas patrimoniais mostra que


ambas têm a mesma situação líquida (no caso, nula). E isso caracteriza um fato
permutativo. Você pode observar, ainda, que o valor R$ 3.000,00 “saiu” da conta
Caixa e passou a incorporar a nova conta Estoque de mercadorias.
O efeito da operação A sobre o patrimônio, então, foi o acréscimo de uma
conta (Estoque de mercadorias) no ativo, com redução do valor equivalente em uma
outra conta (Caixa) no mesmo ativo. Por isso o fato é classificado como permutativo
ativo. Vamos analisar, agora, as alterações na estrutura patrimonial, após a realização
da operação B:

ATIVO PASSIVO
Caixa 2.000,00 Fornecedores 1.000,00
Estoque Mercadorias 3.000,00
Máquinas 3.000,00 Capital 7.000,00
Total 8.000,00 Total 8.000,00

Observe que, apesar de a estrutura patrimonial apresentar um aumento nos


totais do ativo e do passivo, a situação líquida permanece a mesma (nula, no caso),
caracterizando, como já foi visto, um fato permutativo. Você deve ter reparado,
também, que a conta Máquinas, do ativo, foi acrescida em R$ 1.000,00. Já no passivo
foi colocado exatamente o mesmo valor.

O efeito da operação B sobre o patrimônio da empresa, então, foi o


seguinte: o ativo sofreu um acréscimo de R$ 1.000,00, com a inclusão da conta
Máquinas. O passivo, por sua vez, também foi acrescido do mesmo valor, por causa
da dívida contraída (obrigações a pagar aos fornecedores), o que demonstra ter
ocorrido, contabilmente, um fato permutativo compensativo. Compensativo porque tão
logo a empresa efetue o pagamento os totais do ativo e do passivo voltarão a ser os
anteriores ao acontecimento da operação.

• Fatos modificativos

Os fatos contábeis modificativos são os que alteram o patrimônio,


modificando a situação líquida da empresa.
O pagamento de despesas e o recebimento de receitas são exemplos de
operações que alteram o patrimônio por meio de um fato modificativo.
Os fatos modificativos podem ser: aumentativos – quando provocam
aumento da situação líquida – ou diminutivos – quando causam diminuição da

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situação líquida. Vamos ver mais um exemplo da PJ&M Ltda., agora com outra
estrutura patrimonial.

ATIVO PASSIVO
Caixa 4.000,00 Capital 7.000,00
Estoque Mercadorias 3.000,00

Total 7.000,00 Total 7.000,00

Suponhamos que a empresa realiza as seguintes operações:

A – pagamento de R$ 500,00 de juros por atraso na quitação de mercadoria


adquirida;
B – recebimento de R$ 300,00 referentes ao aluguel de uma de suas salas
comerciais.

Veja, agora, o efeito da operação A no patrimônio da empresa:

ATIVO PASSIVO
Caixa 3.500,00 Capital 7.000,00
Estoque Mercadorias 3.000,00 Situação Líquida (-) - 500,00

Total 6.500,00 Total 6.500,00

Observe que a operação A alterou o total do ativo, o do passivo e, ainda, a


situação líquida, que de nula passou a negativa no valor de R$ 500,00. Isso
caracteriza um fato modificativo. E como a modificação aconteceu para menor, o fato
é classificado como fato modificativo diminutivo. Analise, dessa vez, a modificação
sofrida no patrimônio após a operação B:

ATIVO PASSIVO
Caixa 3.800,00 Capital 7.000,00
Estoque Mercadorias 3.000,00 Situação Líquida (-) - 200,00

Total 6.800,00 Total 6.500,00

Em relação à estrutura patrimonial anterior, note que os totais do ativo e do


passivo aumentaram, passando de R$ 6.500,00 para R$ 6.800,00. A situação líquida
da empresa – sua liquidez – também aumentou, apesar de continuar negativa, pois
totalizava um prejuízo de R$ 500,00 e, agora, somente de R$ 200,00. Essa alteração
na estrutura patrimonial da empresa caracteriza, então, um fato modificativo
aumentativo.

• Fatos mistos

Os fatos contábeis mistos são aqueles que alteram o patrimônio, tanto no


que diz respeito à situação liquida da empresa quanto no que se refere à troca de
valores nos componentes do ativo e/ou do passivo.
Esses fatos são, na verdade, uma junção dos dois tipos de fatos anteriores
– permutativos e modificativos – em uma única operação. O fato misto também pode
ser aumentativo ou diminutivo. Desta vez, imagine que a empresa PJ&M Ltda.
Apresente a seguinte estrutura:

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ATIVO PASSIVO
Caixa 5.000,00 Fornecedores 4.000,00
Estoque Mercadorias 1.000,00
Contas a Receber 3.000,00 Capital 5.000,00
Total 9.000,00 Total 9.000,00

A empresa realiza, então, esta operações:


A – pagamento aos fornecedores de dívida no valor de R$ 4.000,00, com acréscimo
de 10% sobre esse montante, como multa pelo atraso;
B – recebimento de divida de clientes no valor de R$ 2.000,00, acrescida de 10% de
juros sobre esse valor, correspondente à multa pelo atraso.
Veja como a operação A modifica a estrutura patrimonial da empresa:

ATIVO PASSIVO
Caixa 600,00 Capital 5.000,00
Estoque 1.000,00 Situação Líquida (-) (400,00)
Contas a receber 3.000,00
Total 4.600,00 Total 4.600,00

Observe que na mesma operação A aconteceram dois fatos distintos:

 um permutativo compensativo, referente ao pagamento a fornecedores


no valor de R$ 4.000,00, visto que esse valor foi retirado da conta Caixa
a fim de quitar a divida. As contas Caixa (ativo) e Fornecedores (passivo)
sofreram, então, uma redução de R$ 4.000,00;
 e outro modificativo diminutivo, relativo ao pagamento dos juros. Como
os juros representam uma despesa, houve diminuição da situação
líquida da empresa que, de nula, passou a ser negativa no valor de R$
400,00.

Tendo em vista esses dois acontecimentos na mesma operação, o fato é


classificado como misto. Analise agora os efeitos da operação B na estrutura
patrimonial da PJ$M Ltda.

ATIVO PASSIVO
Caixa 2.800,00 Capital 5.000,00
Estoque 1.000,00
Contas a receber 1.000,00 Situação Líquida(-) (200,00)
Total 4.800,00 Total 4.800,00

As modificações em relação à estrutura anterior foram as seguintes:

 o valor de R$ 2.000,00, relativo ao recebimento de divida de clientes,


foi transferido de Contas a receber para Caixa (ambas contas do ativo),
caracterizando um fato permutativo ativo;
 o valor de R$ 200,00, cobrado a titulo de juros, representa uma
receita que, portanto, provoca um aumento da situação líquida da empresa e um
acréscimo de valor na conta Caixa. A liquidez, que era negativa no valor de R$
400,00, continua negativa, só que no valor de R$ 200,00. E isso caracteriza um fato
modificativo aumentativo.

30
EXERCÍCIO IV

1) Uma empresa realiza os fatos contábeis relacionados a seguir. Classifique-os.


 Pagamento de salários – Fato modificativo diminutivo
 Recebimento de valores de clientes com juros – Fato misto aumentativo
 Recebimento de aluguel – Fato modificativo aumentativo
 Pagamento de fornecedores com juros – Fato Misto diminutivo
 Compra de móveis e utensílios a prazo – Fato Permutativo
 Venda de máquinas à vista – Fato Modificativo

2) O supermercado Jandaia Ltda., constituído com um capital inicial de R$


20.000,00, realizou as seguintes operações:

OPERAÇÂO Descrição
1 compra de mercadorias a prazo no valor de R$ 5.000,00
2 compra de máquinas a prazo no valor de R$ 2.000,00
3 pagamento de salários no valor de R$ 6.000,00
4 pagamento de aluguel no valor de R$ 800,00
5 compra de mercadorias a prazo no valor de R$ 7.000,00
6 venda de mercadorias à vista no valor de R$ 4.000,00
7 Pagamento a fornecedores no valor de R$ 4.000,00.
Para cada uma das operações efetuadas, faça uma representação gráfica da
estrutura patrimonial do supermercado. Depois, classifique os fatos contábeis
realizados nas operações.

Operação Conta Saldo Anterior Aplicação Origem Saldo Atual


CAPITAL 0 0 20.000 20.000
Constituição da empresa
CAIXA 0 20.000 0 20.000
Fornecedores 0 5.000 5.000
Operação 1
Mercadorias 0 5.000 5.000
Fornecedores 5.000 0 2.000 7.000
Operação 2
Máquinas 0 2.000 0 2.000
Caixa 20.000 0 6.000 14.000
Operação 3
Desp. c/ salários 0 6.0000 0 6.000
Caixa 14.000 0 800 13.200
Operação 4
Desp c/ Aluguel 0 800,00 0 800,00
Fornecedores 7.000 0 7.000 14.000
Operação 5
Mercadorias 5.000 7.000 12.000
Receita c/ vendas 0 0 4.000 4.000
Operação 6
Caixa 13.200 4.000 0 17.200
Caixa 17.200 0 4.000 13.200
Operação 7
Fornecedor 14.000 4.000 0 10.000

Situação Incial OPERAÇÂO 1


ATIVO PASSIVO ATIVO PASSIVO
Caixa 20.000,00 Caixa 20.000,00 Fornecedores 5.000,00
Capital 20.000,00 Mercadorias 5.000,00 Capital 20.000,00
Total 20.000,00 Total 20.000,00 Total 25.000,00 Total 25.000,00

Operação 2
ATIVO PASSIVO
Caixa 20.000,00 Fornecedores 7.000,00
Mercadorias 5.000,00 Capital 20.000,00
Máquinas 2.000,00

Total 27.000,00 Total 27.000,00

31
OPERAÇÂO 3
ATIVO PASSIVO
Caixa 14.000,00 Fornecedores 7.000,00
Mercadorias 5.000,00 Capital 20.000,00
Máquinas 2.000,00 Situação Líquida -6.000,00

Total 21.000,00 Total 21.000,00

OPERAÇÂO 4
ATIVO PASSIVO
Caixa 13.200,00 Fornecedores 7.000,00
Mercadorias 5.000,00 Capital 20.000,00
Máquinas 2.000,00 Situação Líquida -6.800,00

Total 20.200,00 Total 20.200,00

OPERAÇÂO 5
ATIVO PASSIVO
Caixa 13.200,00 Fornecedores 14.000,00
Mercadorias 12.000,00 Capital 20.000,00
Máquinas 2.000,00 Situação Líquida -6.800,00

Total 27.200,00 Total 27.200,00

OPERAÇÂO 6
ATIVO PASSIVO
Caixa 17.200,00 Fornecedores 14.000,00
Mercadorias 12.000,00 Capital 20.000,00
Máquinas 2.000,00 Situação Líquida -2.800,00

Total 31.200,00 Total 31.200,00

OPERAÇÂO 7
ATIVO PASSIVO
Caixa 13.200,00 Fornecedores 10.000,00
Mercadorias 12.000,00 Capital 20.000,00
Máquinas 2.000,00 Situação Líquida -2.800,00

Total 27.200,00 Total 27.200,00

7 REGISTRO CONTÁBIL

Partindo do método utilizado para a elaboração do registro contábil, este


capítulo identifica os critérios de classificação de contas (debito ou credito). Explica
também a importância e a finalidade do balancete de verificação e estabelece a
diferença entre os regimes de competência e de caixa.
O registro contábil tem por finalidade permitir o controle do patrimônio das
empresas. Trata-se de um processo que, no seu final, vai revelar a situação
econômico-financeira da empresa.
E como se dá esse processo?
Em linhas muito gerais, pode-se dizer que ele tem início com o lançamento
das contas patrimoniais e das contas de resultado nos razonetes, instrumentos que
auxiliam na apuração dos saldos. Os saldos, por sua vez, serão apresentados nos
balancetes de verificação, demonstrativos contábeis geralmente mensais a partir dos
quais se pode elaborar o balanço patrimonial – retrato econômico-financeiro da
empresa correspondente a um determinado exercício social. Você entendera melhor
esse processo quando analisá-lo, logo a seguir.

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O registro contábil obedece ao Método das Partidas Dobradas, registrado
pela primeira vez pelo frade italiano Luca Paccioli, em 1494, num capítulo de seu livro
de matemática. Esse capítulo foi introduzido no livro em face das observações por ele
feitas, sobre as praticas comuns de controle dos comerciantes da época. Dentre as
várias que existiam, esta foi a que lhe pareceu mais completa, e por esta razão
constou em seu livro.
Esse método parte do pressuposto de que toda operação contábil envolve,
no mínimo, duas contas, sendo que se uma for débito (conta devedora), certamente a
outra será crédito (conta credora) e terão, necessariamente, o mesmo valor. Desse
modo, não há debito sem crédito. A pergunta que fica agora é: como saber quando
uma conta é devedora ou credora?

• As contas patrimoniais

É importante lembrar que as empresas realizam vários tipos de operação:


compram,vendem, emprestam, trocam bens, direitos etc. E, de acordo com o tipo de
operação realizada, uma conta será classificada como débito ou como crédito. Uma
conta é classificada como débito (conta devedora) toda vez que ela representar:

o Uma aplicação de recursos (aquisição de bens e direitos);


o Um valor recebido de alguém.
Nesses casos, então, o registro se dá por uma entrada de valor da conta.
Por outro lado uma conta será classificada como crédito (conta credora) toda vez que
ela representar:
o Uma origem de recursos (venda de bens ou gastos na aquisição de
bens);
o Um valor a pagar a alguém (obrigação).
Vamos ver uns exemplos?

Caso I

Imagine que a empresa Inda Ltda. Tenha adquirido uma máquina, a prazo.
A contabilidade dessa empresa deve, então, fazer os seguintes registros:
o Um débito na conta Máquinas, pois a máquina comprada representa
um bem adquirido pela empresa;
o Um crédito em Contas a pagar, pois esse valor deverá ser quitado
em um prazo determinado.
Suponha, agora, que a mesma empresa tenha vendido a máquina, à vista.
Desta vez, o contador deverá fazer o seguinte registro:
o Um débito na conta Caixa, pois a empresa recebe, à vista, um valor
pela venda do bem;
o Um crédito na conta Máquinas, pois a empresa está vendendo um
bem.

Caso 2

A firma de advocacia e contabilidade Tavares & Filhos Ltda. Está


adquirindo, a prazo, móveis novos para seu escritório. No registro dessa operação,
deve-se simultaneamente:

33
o Debitar à conta Móveis e utensílios, porque representa uma
aquisição de bens;
o Creditar à conta Contas a pagar (ou fornecedores ou Duplicatas a
pagar), pois representa uma dívida, ou seja, uma obrigação a pagar.
Suponha que, depois de alguns dias, a empresa efetue o pagamento da obrigação.
Desta vez, o registro deve ser:
o Debitar à conta Contas a pagar (ou Fornecedores ou Duplicatas a
pagar), pois indica que a obrigação foi paga;
o Creditar à conta Caixa, pois houve saída de dinheiro para pagamento da
obrigação.

Você pôde constatar, através desses exemplos, que uma conta patrimonial
será debitada ou creditada dependendo do tipo de operação realizada pela empresa.

• As contas de resultado

As contas de resultado obedecem a uma regra diferente daquela utilizada


pelas contas patrimoniais. Você poderá perceber essa diferença analisando os
exemplos a seguir.

Caso I

A Indústria de Alimentos Ijuí S.A. efetuou o pagamento de sua conta de luz.


No registro dessa operação, deve-se ao mesmo tempo:
o Creditar à conta Caixa, pois há saída de dinheiro para
pagamento da despesa;
o Debitar à conta Despesa de luz (ou Energia elétrica),
simplesmente porque ela representa uma despesa. E toda
despesa deve ser debitada, já que significa uma saída de
dinheiro sem retorno correspondente.

 Sem retorno correspondente, em contabilidade,


significa que: a despesa representa uma saída de
dinheiro pela qual a empresa não recebe nenhum bem
em troca;
A receita representa uma entrada de dinheiro pela qual a empresa não precisa se
desfazer de nenhum bem em troca.

Caso 2

A empresa Guaíba Moda Feminina Ltda. Aluga vestidos de noite, pelos


quais cobra à vista. No seu registro contábil, a empresa deve:
o Debitar à conta Caixa pela entrada de dinheiro;
o Creditar à conta Receita de aluguel de roupas. Credita-se a
receita, pois a empresa recebe o dinheiro sem precisar se
desfazer de nenhum de seus bens, pois as roupas são apenas
alugadas.
Pelo que você pôde observar nos dois exemplos, no registro das contas de
resultado toda despesa é debitada e toda receita é creditada.

34
• Razonete

O razonete é um gráfico que representa o registro dos débitos e créditos de


uma conta. Tem como objetivo possibilitar uma viabilização mais fácil da
movimentação que nela é feita. É assim que se representa um razonete:

(Nome da conta)
(coluna de débitos) (coluna de créditos)

Total Total

Através do exemplo a seguir, você poderá observar algumas estruturas de


razonetes. A empresa Guararapes Comércio e Representações Ltda. foi constituída
com um capital inicial de R$ 500.000,00. Em razonetes, a operação deveria estar
assim representada:

(Caixa) (Capital)
500.000,00 500.000,00

Portanto, houve movimentação em duas contas: na conta Caixa,


representando dinheiro, e na conta Capital, representando o valor inicial aplicado
pelos sócios da empresa. Observe como o Método das Partidas Dobradas foi
obedecido na operação:

o A conta caixa foi debitada, porque representa uma entrada de


valor;
o A conta Capital foi creditada, porque representa uma
obrigação da empresa para com os sócios.

Após sua constituição, a mesma empresa Guararapes adquiriu mercadorias


à vista no valor de R$ 100.000,00. Os razonetes, após as duas operações, estariam
assim:

Mercadorias Caixa Capital


100.000 500.000 100.000 500.000

Observe que a conta Caixa foi creditada, pois ocorreu uma saída de
dinheiro. Porém, ela permaneceu com valor maior na coluna de débitos. Através dos
razonetes observamos, claramente, que ainda restam R$ 400.000,00 na conta Caixa
da empresa.
Note também que a conta Mercadorias foi debitada, pois houve uma
aquisição de bens. Já a conta Capital não foi movimentada, porque o capital da
empresa se manteve inalterado.

• Saldo

Ao final de um período, os débitos e os créditos dos razonetes devem ser


somados e comparados, a fim de se chegar a um saldo.

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 Saldo é a diferença existente entre o total dos débitos e o total dos
créditos de uma conta. O saldo será:

→ Devedor, se a soma dos débitos for superior à soma dos


créditos;
→ Credor, se a soma dos créditos for superior que a soma dos
débitos.

Quando se trata de contas patrimoniais, o saldo desempenha um papel


fundamental em sua localização no patrimônio da empresa. Isso significa que é
através do saldo das contas que podemos situá-las no ativo ou no passivo.
No ativo se localizam as contas representativas de bens e direitos. E você
já sabe que aquisições de bens e direitos são sempre debitadas. Portanto, o saldo
dessas contas também será sempre devedor, e constará do ativo.
No passivo, por outro lado, se localizam as contas representativas das
obrigações (as dívidas). E, como já foi visto, todos os valores a pagar são sempre
creditados. Portanto, o saldo dessas contas também será sempre credor, e constará
do passivo. Pode-se resumir assim a situação dos saldos das contas patrimoniais:

Ativo ↔ contas com saldo devedor


Passivo ↔ contas com saldo credor

Com relação às contas de despesa e receita (as contas de resultado), que


não pertencem ao patrimônio – e, por isso, não participam do ativo ou do passivo
mas alteram a situação líquida da empresa, ocorre o seguinte:

 as receitas são sempre credoras, e todo crédito aumenta a situação líquida da


empresa;
 as despesas são sempre devedoras, e todo débito diminui a situação líquida da
empresa.

A situação dos saldos das contas de resultado pode, então, ser assim
resumida:

Receita ↔ contas com saldo credor


Despesa ↔ contas com saldo devedor

Uma vez que tanto receita como despesa alteram o patrimônio liquido da
empresa, as contas de resultado serão sempre apresentadas na situação líquida –
que se localiza no passivo – da seguinte forma:

o Se a receita for maior do que a despesa, então a situação


líquida da empresa é positiva, isto é, apresenta lucro;
o Se a receita for menor do que a despesa, então a situação
líquida da empresa é negativa, isto é, apresenta prejuízo.

36
Desse modo, seja positiva ou negativa, a situação líquida da empresa
estará representada no passivo por meio de uma conta patrimonial, que poderá ser
Lucro acumulado ou Prejuízo acumulado, dependendo do caso. Veja:

Lucro acumulado ↔ situação líquida positiva


Prejuízo acumulado ↔ situação líquida negativa

 Balancete de verificação

Sempre que uma conta movimentada pela empresa tiver saldo diferente de
zero, ela será representada em um demonstrativo – o balancete de verificação. Trata-
se de um instrumento interno cuja finalidade é facilitar a visualização do saldo das
contas: se devedor ou credor. Auxilia, assim, na tomada de decisões e no
planejamento das operações a serem realizadas posteriormente.
O balancete de verificação – ou, simplesmente, balancete – é feito no
decorrer do ano, geralmente a cada mês. É o conjunto desses demonstrativos que vai
permitir, ao final de um exercício social, a elaboração do principal demonstrativo
contábil de uma empresa – o balanço patrimonial, que você vai conhecer no capítulo 8
deste livro.
A representação gráfica do balancete varia em função do numero de
colunas. E vale observar que são contadas apenas as colunas que contêm valores.
Assim, existem balancetes de duas colunas (somente de saldos), de quatro colunas,
de oito e até de 16 colunas. Nesse último caso é apresentado, inclusive, o saldo das
contas do balancete anterior. Observe a seguir um modelo de balancete com quatro
colunas.

CONTAS DÉBITOS CRÉDITOS SALDO DEVEDOR SALDO CREDOR


Caixa 500.000,00 100.000,00 400.000,00
Mercadorias 300.000,00 150.000,00 150.000,00
Fornecedores 100.000,00 100.000,00
Capital 450.000,00 450.000,00
Totais 800.000,00 800.000,00 550.000,00 550.000,00

Para estar correto, o balancete de verificação precisa apresentar a coluna de débitos


com um total da coluna de créditos. Da mesma forma, os totais das colunas de saldos
– devedor e credor – também devem ser iguais.

EXERCÍCIO V

1)A empresa PJ&M Ltda. efetue as operações relacionadas a seguir. Para cada uma
indique em que conta deverá ser feito o débito e em que conta deverá ser registrado o
crédito:
a) Venda de veículos à vista
Débito: Caixa
Crédito: Receita com Vendas
b) Pagamento de salários
Débito: Salários
Crédito: Caixa
c) Compra de mercadorias a prazo
Débito: Mercadorias
Crédito: Fornecedores
d) Venda de máquinas a prazo

37
Débito: Clientes
Crédito: Receita com Vendas
e) Depósito no banco
Débito: Banco conta Movimento
Crédito: Caixa
f) Pagamento da conta de telefone
Débito: Telefone
Crédito: Caixa
g) Pagamento de dívidas
Débito: Contas a Pagar
Crédito: Caixa
h) Compra de imóveis a prazo
Débito: Imóveis
Crédito: Fornecedores
i) Compra de ferramentas à vista
Débito: Ferramentas
Crédito: Caixa
j) Venda de móveis e utensílios à vista
Débito: Caixa
Crédito: Móveis e Utensílios
k) Venda de imóveis a prazo
Débito: Contas a Receber
Crédito: Imóveis
l) Recebimento de aluguel
Débito: Caixa
Crédito: Alugueis
m) Recebimento de contas (clientes)
Débito: Caixa
Crédito: Clientes
n) Pagamento de dívidas (fornecedores) através de cheque
Débito: Fornecedores
Crédito: Banco
o) Compra de ferramentas, sendo uma parte à vista e outra a prazo
Débito: Ferramentas Débito: Ferramentas
Crédito: Caixa Crédito: Contas a Pagar

2) Estas são seis operações realizadas por uma empresa. Identifique as que
movimentam a conta Caixa, assinalando um X na coluna Débito ou na coluna Crédito,
conforme o caso. Depois, justifique suas respostas.

Débito Crédito
a) Pagamento da conta de luz ( ) (x)
b) Compra de ferramentas a prazo ( ) ( )
c) Compra de material de limpeza à vista ( ) (x)
d) Venda de imóveis à vista (X) ( )
e) Depósito de dinheiro em conta bancária ( ) (x)
f) Venda de mercadorias a prazo ( ) ( )

3) Elabore os razonetes das operações listadas a seguir. Depois, apure o


saldo de cada conta e apresente um balancete de verificação.

a. Constituição de uma sociedade com capital inicial de R$ 45.000,00


b. Compra de mercadorias a prazo no valor de R$ 3.800,00
c. Compra de máquinas à vista no valor de R$ 2.500,00
d. Compra de mercadorias no valor de R$ 4.200,00 à vista
e. Venda de mercadorias à vista no valor de R$ 1.300,00

38
f. Pagamento a fornecedores no valor de R$ 1.850,00
g. Compra de mercadorias a prazo no valor de R$ 2.000,00
h. Pagamento a fornecedores no valor de R$ 1.500,00
i. Venda de mercadorias à vista no valor de R$ 3.600,00
j. Venda de máquinas à vista no valor de R$ 1.500,00

Respostas:
Lançamentos
a Débito: CAIXA Aplicou o dinheiro no caixa
Crédito: CAPITAL O dinheiro veio do valor entregue pelos sócios na
empresa

b Débito: Usou o dinheiro para comprar mercadorias


Mercadorias
Crédito: O dinheiro veio dos fornecedores (virou uma
Fornecedor obrigação)

c Débito: Maquinas Aplicou o dinheiro em Máquinas


Crédito: CAIXA Usou o dinheiro em Caixa para pagar as máquinas

d Débito: Aplicou o dinheiro em Mercadorias


Mercadorias
Crédito: Caixa Usou o dinheiro em Caixa para pagar as mercadorias

e Débito: CAIXA Colocou o dinheiro das vendas das mercadorias no


CAIXA
Crédito: Vendeu as mercadorias e colocou o dinheiro no caixa
Mercadorias

f Débito: Aplicou o dinheiro no pagamento de fornecedores


Fornecedor
Crédito: CAIXA Usou o dinheiro para pagar fornecedores

b Débito: Usou o dinheiro para comprar mercadorias


Mercadorias
Crédito: O dinheiro veio dos fornecedores (virou uma
Fornecedor obrigação)

f Débito: Aplicou o dinheiro no pagamento de fornecedores


Fornecedor
Crédito: CAIXA Usou o dinheiro para pagar fornecedores

e Débito: CAIXA Colocou o dinheiro das vendas das mercadorias no


CAIXA
Crédito: Vendeu as mercadorias e colocou o dinheiro no caixa
Mercadorias

j Débito: CAIXA Colocou o dinheiro das vendas das mercadorias no


CAIXA
Crédito: Máquinas Vendeu as máquinas e colocou o dinheiro no caixa

RAZONETES

CAIXA CAPITAL MERCADORIAS FORNECEDORES


45.000 2.500 45.000 3.800 1.300 3.800
1.300 4.200 4.200 3.600 1.850 2.000
3.600 1.850 2.000 1.500
1.500 1.500

39
MÁQUINAS
2.500 1.500

Verificando os saldos das contas


Saldo Débit Crédit Saldo
CONTAS
Anterior os os Atual
CAIXA 51.400 10.500 40.900
CAPITAL 45.000 45.000
MERCADORIA
10.000 4.900 5.100
S
FORNECEDO
3.350 5.800 2.450
RES
MÁQUINAS 2.500 1.500 1.000

OBS: Nas situações de venda de mercadorias, não foram consideradas as margens


de lucro nas operações.Esse é um assunto que estudaremos no próximo capítulo.

8 OPERAÇÕES COM MERCADORIAS

Neste item, estudaremos o registro de operações envolvendo mercadorias.


As empresas, de um modo geral, movimentam esta conta de forma muito intensa,
envolvendo grande soma de valores, daí ser de fundamental importância o perfeito
entendimento e conhecimento das peculiaridades desses registros. Este capítulo
apresenta também os métodos utilizados pelas empresas para controle de seus
estoques.
No item anterior, foi visto que o registro das operações de uma empresa
acontece por meio de débitos e créditos nas contas. Observou-se também que esses
débitos e créditos resultam sempre num saldo final em cada uma dessas contas, e, no
caso específico das contas patrimoniais, as do passivo sempre saldo credor,
excetuando-se, é claro, as contas retificadoras. Sendo assim, quando a empresa
adquire máquinas à vista, ela deve registrar:

Débito: Máquinas
Crédito: Caixa

A partir do momento em que a empresa quiser se desfazer dessa máquina, ao vendê-


la deve registrar:

Débito: Caixa
Crédito: Máquinas

Portanto, uma conta do ativo, como Máquinas, por exemplo, pode ser
debitada ou creditada, dependendo da operação. No entanto, independente de tal
ocorrência, o seu saldo será sempre devedor. No exemplo dado, de forma alguma se
conseguiria vender uma máquina usada a um preço superior ao da data de sua
compra, quando nova.
Um outro exemplo bastante claro é o da conta Caixa. Se debitamos a
entrada de valor em caixa do montante de R$ 10.000,00, de forma alguma poderemos
creditar uma saída de valor (R$ 10.000,00), o que deixaria a conta Caixa com saldo
zero. Porém, é possível creditar-se, por exemplo, R$ 3.000,00, deixando um saldo de
R$ 7.000,00 em caixa.

40
Sendo assim, pode-se afirmar que a conta Caixa, assim como a conta
Máquinas, pode apresentar vários débitos e vários créditos, porém a soma dos
débitos destas contas será sempre superior à soma dos créditos.
Isso acontece com todas as contas do ativo. Porém, quando se trata da
conta Mercadorias, é preciso realizar um procedimento diferenciado. Deve-se usar
uma conta especifica para a compra de mercadorias e outra para a venda. Mas por
que é necessário utilizar esse procedimento diferenciado para essa conta? Vamos
estudar a questão a partir de agora.

• A conta estoque de mercadorias

Antes de se iniciar o estudo do registro das operações com mercadorias,


vamos fazer algumas considerações importantes sobre esta conta.
A mercadoria de uma empresa representa o objeto do seu negócio, ou seja,
a razão pela qual ela existe. Uma loja de calçados existe para vender sapatos, assim
como o objetivo de uma loja de doces é vender chocolates e doces diversos. Assim, é
natural que a empresa, ao vender suas mercadorias, acrescente uma margem de
lucro ao valor de aquisição.
Uma mercadoria, antes de ser vendida, fica guardada (estocada) em algum
lugar na empresa, seja num depósito, numa vitrine ou numa prateleira. Por essa
razão, é bastante comum nomear essa conta com o título Estoque de mercadorias,
estoque de produtos, ou simplesmente Estoque (para registrar as compras de
mercadorias). No nosso estudo, utilizaremos a primeira opção.

• Operações com mercadorias

Imagine o seguinte exemplo:


A empresa Gester S.A. adquiriu 10 unidades da mercadoria X ao valor
unitário de R$ 100,00, efetuando o seguinte registro:
Débito: Estoque de Mercadorias
Crédito: Contas a pagar 1.000,00

Observando o resultado dessa operação em razonetes, temos:


Estoque de Mercadorias Contas a Pagar
1.000,00 1.000,0

Dois dias após a compra, a empresa vendeu 8 unidades, colocando um


acréscimo de 30% no valor da compra. Sendo assim, cada unidade foi vendida por R$
130,00 e o valor total da venda totalizou R$ 1.040,00 (R$ 130,00 x 8). A empresa
registrou a operação.

Débito: Caixa
Crédito: Receita de Vendas 1.040,00
Observando os razonetes, temos:

Estoque de Mercadorias Contas a Pagar


1.000,00 1.000,00

Caixa Receita de Vendas


1.040,00 1.040,00

41
Observe que a conta creditada para registro da venda (Recita de Vendas)
não foi a mesma utilizada na compra (Estoque de mercadorias). Isto ocorre porque o
preço de venda das mercadorias (R$ 1.040,00) é maior do que o preço de compra (R$
1.000,00), e se ambos os registros acontecessem na conta Estoque de Mercadorias,
tornariam o seu saldo credor, o que não é possível pois, como foi visto no capítulo
anterior, um bem, por estar classificado no ativo, deve apresentar sempre saldo
devedor. Essa é a razão pela qual, numa situação de venda de mercadorias, deve-se
utilizar a conta Receita de vendas ao invés da conta Estoque de mercadorias.
Uma observação mais acurada nos razonetes das contas utilizadas nessas
operações nos dará a certeza de que os registros efetuados, apesar de corretos,
ainda não representam a realidade dos fatos, principalmente com relação ao saldo da
conta Estoque de mercadorias. Pois veja só: se a empresa comprou 10 unidades ao
preço de R$ 100,00 cada uma, totalizando R$ 1.000,00 no débito da conta, por que a
conta apresenta ainda este valor como saldo devedor, mesmo após a venda de oito
unidades?
Para ajustar essa diferença, há necessidade de um segundo lançamento: o
do custo da mercadoria vendida, ou simplesmente, CMV.

 CMV é a conta que registra quanto custaram à empresa as


mercadorias por ela vendidas.
Assim, como cada uma das oito unidades vendidas custou para a empresa
R$ 100,00, deve-se ainda realizar o seguinte registro:

Débito: Custo das Mercadorias Vendidas (CMV)


Crédito: Estoque de Mercadorias 800,00

Os razonetes então, após este último lançamento, apresentariam os


seguintes saldos:
Estoque de Mercadorias Contas a Pagar Custo das Mercadorias Vendidas
1.000,00 800,00 1.000,00 800,00

Caixa Receita de Vendas


1.040,00 1.040,00

Pode-se concluir, então, que numa situação de venda de mercadorias são


necessários dois registros: o primeiro para registrar o valor total da venda, utilizando-
se a conta Receita de Vendas; e o segundo para registrar o valor do custo (ou seja, do
preço de aquisição) das mercadorias que foram vendidas, utilizando-se a conta Custo
das Mercadorias Vendidas.
Nesse segundo registro, deve-se multiplicar a quantidade de mercadorias
vendidas pelo seu preço de aquisição, pois é este o valor a ser retirado (creditado) da
conta Estoque de mercadorias.
Realizando esses procedimentos, a contabilidade da empresa estará
registrando corretamente o que de fato aconteceu no saldo das contas, após a
operação de venda de mercadorias.

• Mètodos de controle de estoque

42
Como é bastante comum a compra e venda de mercadorias nas empresas
comerciais, torna-se importante manter um controle contábil dessas entradas e
saídas. Para tanto, existem alguns métodos, que passaremos a comentar a seguir.

• Método PEPS

O método PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) controla as


entradas e saídas de mercadorias de acordo com a seguinte proposição: o preço das
mercadorias que entraram primeiro no estoque da empresa deve ser o primeiro a sair.
Sendo assim, se uma empresa possui dez mercadorias em estoque, cinco delas
adquiridas em janeiro ao preço unitário de R$ 10,00 e cinco adquiridas em fevereiro
ao preço unitário de R$ 12,00, na primeira venda que a empresa fizer, devem ser
retiradas as mercadorias do estoque pelo preço de R$ 10,00, e só depois que estas
terminarem é que se deve considerar o valor das últimas, ou seja, R$ 12,00. Vamos
ver um exemplo. A empresa Tornado Ltda. realizou as seguintes operações em um
determinado mês:

• Comprou 10 unidades e um produto ao preço unitário de R$ 10,00 no dia 02;


• Comprou mais 10 unidades ao preço de R$ 11,00 no dia 28;
• Vendeu 12 unidades no último dia do mês.

DATA ENTRADA SAIDA SALDO


Q Valor Valor Q Valor Valor Q Valor Valor
Unitário Total Unitário Total Unitário Total
02 10 10,00 100,00 10 10,00 100,00

28 10 11,00 110,00 10 10,00 100,00


10 11,00 110,00
20 210,00

30 10 10,00 100,00
2 11,00 22,00 8 11,00 88,00
TOTAIS 20 210,00 12 122,00 8 88,00

Como pode ser observado, na data da venda retiram-se primeiramente dez


mercadorias pelo preço de aquisição do dia 02, e depois duas com o preço de compra
do dia 28, para totalizar a venda efetuada. Nas colunas relativas ao saldo, registrou-se
a sobra das mercadorias compradas no dia 28.
Uma forma de se verificar se os registros foram feitos corretamente é a
confrontação dos totais de entrada e saída de mercadorias com relação às
quantidades e aos valores. O resultado da subtração de um pelo outro deve coincidir
com o saldo lançado no último dia do mês, ou período considerado.
No nosso exemplo temos 20 unidades na entrada e 12 na saída, restando 8
em estoque (a mesma quantidade apresentada como saldo no dia 30). As
mercadorias foram adquiridas por um valor total de R$ 210,00, e vendidas por R$
122,00, apresentando, portanto, um saldo de R$ 88,00 (exatamente igual ao saldo
final do último dia do mês).

43
• Método UEPS

O método UEPS (Último que Entra, Primeiro que Sai) é exatamente o


oposto do método anterior. Por ele, as mercadorias devem ser retiradas do estoque,
inicialmente, pelo preço das últimas compras efetuadas.

DATA ENTRADA SAIDA SALDO


Q Valor Valor Q Valor Valor Q Valor Valor
Unitário Total Unitário Total Unitário Total
02 10 10,00 100,00 10 10,00 100,00

28 10 11,00 110,00 10 10,00 100,00


10 11,00 110,00
20 210,00

30 10 11,00 110,00
2 10,00 20,00 8 10,00 80,00
TOTAIS 20 210,00 12 130,00 8 80,00

Com base nos dados do exemplo anterior, veja como fica o registro final
das operações, com a utilização do método UEPS.
Observe que há uma pequena diferença no saldo final de mercadorias em
estoque, em relação ao anterior, devido aos custos apurados na venda efetuada no
dia 30. Da mesma forma que o método anterior, é possível verificar, através dos totais
de entradas e saídas, se o controle de estoque foi apurado corretamente.

• Método Custo Médio

Este método difere dos demais na medida em que considera a média de


preços de mercadorias em estoque para definir o valor das saídas. Observe o
resultado do controle de mercadorias, do mesmo exemplo anterior, apresentado no
método do custo médio.

DATA ENTRADA SAIDA SALDO


Q Valor Valor Q Valor Valor Q Valor Valor
Unitário Total Unitário Total Unitário Total
02 10 10,00 100,00 10 10,00 100,00

28 10 11,00 110,00 20 10,50 210,00

30 12 10,50 126,00
8 10,50 84,00
TOTAIS 20 210,00 12 126,00 8 84,00

Inicialmente, a empresa Tornado Ltda. adquiriu mercadorias ao valor


unitário de R$ 10,00. Em seguida, comprou nova remessa, agora pelo preço unitário
de R$ 11,00. Pelo método do custo médio, é preciso realizar o seguinte cálculo para
saber o valor unitário das mercadorias:

a) somar os valores totais de ambas as compras (R$ 100,00 + R$ 110,00 = R$


210,00);

44
b) dividir o resultado pela quantidade de mercadorias (10 + 10 = 20)
R$ 200,00/20 = R$ 10,50

A quantia de R$ 10,50 será o valor unitário registrado na saída de todas as


mercadorias, no dia da venda.

EXERCÍCIOS

1) De acordo com as operações abaixo, registre-as em razonetes, apure o saldo das


contas e, em seguida, levante um balancete de verificação.
a. Constituição de uma sociedade com capital inicial de R$ 50.000,00;
b. Compra de mercadorias à vista no valor de R$ 10.000,00;
c. Compra de máquinas a prazo no valor de R$ 5.000,00;
d. Venda de mercadorias a prazo no valor de R$ 7.500,00. O custo das mercadorias
vendidas totalizou R$ 4.500,00;
e. Compra de mercadorias a prazo no valor de R$ 3.000,00;
f. Venda de mercadorias a prazo no valor de R$ 8.300,00. O custo das mercadorias
vendidas totalizou R$ 5.200,00;
g. Pagamento de obrigações com fornecedores no valor de R$ 4.800,00, sendo R$ 2.500
da compra das máquinas e R$ 2.300 da compra de mercadorias;
h. Recebimento de contas no valor de R$ 5.500,00;
i. Venda de mercadorias no valor de R$ 2.300,00. O custo das mercadorias vendidas
somou R$ 1.000,00;
j. Pagamento dos salários do mês: R$ 8.700,00.

Lançamentos
a Débit CAIXA Aplicou o dinheiro no caixa
o:
Crédit CAPITA O dinheiro veio do valor entregue pelos 50.00
o: L sócios na empresa 0

b Débito: Mercado Usou o dinheiro para comprar


rias mercadorias
Crédito Caixa O dinheiro do Caixa foi usado 10.00
: na compra 0

c Débito: Aplicou o dinheiro em Máquinas


Maquinas
Crédito:Contas a Usou o dinheiro dos Fornecedores para 5.000
Pagar pagar as máquinas

VENDA DAS MERCADORIAS


d Débito: Aplicou em um direito a receber
Clientes
Crédito: O dinheiro (direito de receber) foi originado na 7.500
Vendas venda das meradorias

BAIXA NO ESTOQUE
d Débito: Custo das Mercadorias Reconhecendo o custo das
Vendidas meradorias
Crédito: Mercadorias Baixa no estoque das 4.500
mercadorias

e Débito: Aplicou o crédito de fornecedores em


Mercadorias mercadorias
Crédito: Usou o crédito do fornecedor para 3.00
Fornecedor comprar mercadorias 0

45
VENDA DAS MERCADORIAS
F Débito: Aplicou em direito de receber valores dos clientes
Clientes
Crédito: O dinheiro (direito de receber) foi originado na 8.300
Vendas venda das meradorias

BAIXA NO ESTOQUE
F Débito: Custo das Mercadorias Reconhecendo o custo das
Vendidas meradorias
Crédito: Mercadorias Baixa no estoque das 5.200
mercadorias

g Débito: Aplicou o dinheiro no pagamento de


Fornecedor fornecedores
Crédito: CAIXA Usou o dinheiro para pagar 2.300
fornecedores

g Débito: Contas a Aplicou o dinheiro no pagamento de


Pagar fornecedores
Crédito: CAIXA Usou o dinheiro para pagar 2.500
fornecedores

h Débito: Usou o dinheiro para receber o dinheiro


Caixa pago pelos clientes
Crédito: Os clientes pagaram parte dos débitos 5.50
Clientes 0

VENDA DAS MERCADORIAS


I Débito: Aplicou o dinheiro das vendas no caixa
Caixa
Crédito: O dinheiro foi originado na venda das mercadorias 2.300
Vendas

BAIXA NO ESTOQUE
I Débito: Custo das Mercadorias Reconhecendo o custo das
Vendidas meradorias
Crédito: Mercadorias Baixa no estoque das 1.000
mercadorias

j Débito: Salários Pagou as despesas com salários com o


dinheiro do CAIXA
Crédito: Caixa Usou o dinheiro em Caixa para Pagar os 8.700
salários

RAZONETES

Caixa CAPITAL Custo Mercadoria Mercadorias


Vendida
50.000 10.000 50.00 4.500 10.00 4.500
0 0
5.500 4.800 5.200 3.000 5.200
2.300 8.700 1.000 1.000

Fornecedores Máquinas CLIENTES VENDAS


2.300 3.000 5.000 7.500 7.500
8.300 8.300
2.300

46
Salários Contas a Pagar
8.700 2.500 5.000

2) Efetue o controle de estoque de mercadorias adquiridas e


vendidas, conforme relação abaixo, pelos métodos PEPS,
UEPS e custo médio.
a. Compra de 20 unidades ao preço unitário de R$ 15,00;
b. Venda de 5 unidades;
c. Compra de 15 unidades ao preço unitário de R$ 22,00;
d. Venda de 15 unidades;
e. Compra de 5 unidades ao preço unitário de R$ 22,00;
f. Compra de 20 unidades ao preço unitário de R$ 24,00;
g. Venda de 25 unidades.

PEPS
DATA ENTRADA SAIDA SALDO
Q Vr Vlr Q Vlr Vlr Q Vlr Vlr
Unitário Total Unitário Total Unitário Total
03/01/20 20 15,00 300,00 2 15,00 300,00
11 0
10/01/20 5 15,00 75,00 1 15,00 225,00
11 5
11/01/20 15 22,00 330,00 1 22,00 330,00
11 5

12/01/20 15 15,00 225,0 15 22,00 330,00


11 0
13/01/20 5 22,00 110,00 2 22,00 440,00
11 0
14/01/20 20 24,00 480,00 2 24,00 480,00
11 0
15/01/20 20 22,00 440,0
11 0
5 24,00 120,0 15 24,00 360,00
0
TOTAIS 6 1.220, 4 860, 1 360,00
0 00 5 00 5

UEPS
DATA ENTRADA SAIDA SALDO
Q Vr Vlr Q Vlr Vlr Q Vlr Vlr
Unitário Total Unitário Total Unitário Total
03/01/20 20 15,00 300,00 2 15,00 300,00
11 0
10/01/20 5 15,00 75,00 1 15,00 225,00
11 5
11/01/20 15 22,00 330,00 1 22,00 330,00
11 5

12/01/20 15 22,00 330,00 15 15,00 225,00


11
13/01/20 5 22,00 110,00 5 22,00 110,00
11
14/01/20 20 24,00 480,00 2 24,00 480,00

47
11 0
15/01/20 20 24,00 480,00
11
5 22,00 110,00 15 15,00 225,00
TOTAIS 6 1.220, 4 995,0 1 225,00
0 00 5 0 5

MPM
DATA ENTRADA SAIDA SALDO
Q Vr Vlr Q Vlr Vlr Q Vlr Vlr
Unitário Total Unitário Total Unitário Total
03/01/20 20 15,00 300,00 2 15,00 300,00
11 0
10/01/20 5 15,00 75,00 1 15,00 225,00
11 5
11/01/20 15 22,00 330,00 3 18,50 555,00
11 0
12/01/20 15 18,50 277,5 15 18,50 277,50
11 0
13/01/20 5 22,00 110,00 2 19,37 387,50
11 0
14/01/20 20 24,00 480,00 4 21,69 867,60
11 0
15/01/20 25 21,69 542,2 15 21,69 325,35
11 5
TOTAIS 6 1.220, 4 894, 1 325,35
0 00 5 75 5

3) Faça os razonetes, apure o saldo das contas e levante um


balancete de verificação das operações registradas abaixo,
controlando o estoque de mercadorias pelo método PEPS.

Obs: Fazer primeiro o controle de estoque para saber o valor do custo das
mercadorias nas operações de venda.

Uma empresa comercial foi constituída com capital de R$ 5.000,00. Ela negocia
somente um tipo de produto. Realizou, em seguida, as operações abaixo:
a. Compra de 10 unidades ao preço unitário de R$ 50,00 à vista;
b. Venda de 5 unidades a prazo pelo valor total de R$ 450,00;
c. Pagamento do aluguel do mês: R$ 300,00;
d. Compra de 20 unidades ao preço unitário de R$ 80,00;
e. Venda de 20 unidades a prazo pelo valor total de R$ 1.900,00;
f. Recebimento de contas no valor de R$ 450,00;
g. Compra de 5 unidades ao preço unitário de R$ 100,00;
h. Venda de 8 unidades pelo valor total de R$ 950,00.

PEPS
DAT ENTRADA SAIDA SALDO
A
Q Vr Vlr Q Vlr Vlr Q Vlr Vlr
Unitário Total Unitário Total Unitário Total
A 10 50 500,00 1 50 500,00
0
B 5 50 250 5 50 250,00
D 20 80 1.600, 2 80 1.600,

48
00 0 00
E 5 50 250,0
0
15 80 1.200, 5 80 400,00
00
2 1.450
0 ,00
G 5 100 500,00 5 100 500,00
H 5 80 400,0
0
3 100 300,0
0
8 700,0 2 100 200,00
0

Constituição A
Débit Caixa Débit Mercadorias Para
o o revenda
Crédit Capital 5.000, Crédit Caixa 500,0
o Subscrito 00 o 0

B B
Débit Client Débit Custo da Mercadoria
o es o Vendida
Crédit Venda 450,0 Crédit Mercadoria Para 250,0
o s 0 o Revenda 0

C D
Débit Despesas c/ Débit Mercadoria para
o Aluguel o Revenda
Crédit Caixa 300,0 Crédit Caixa 1.600,
o 0 o 00

E E
Débit Clientes Débit Custo da Mercadoria
o o Vendida
Crédit Vendas 1.900, Crédit Mercadoria Para 1.450,
o 00 o Revenda 00

F G
Débit Caixa Débit Mercadoria para
o o Revenda
Crédit Clientes 450,0 Crédit Caixa 500,0
o 0 o 0

H H
Débit Caixa Débit Custo da Mercadoria
o o Vendida
Crédit Vendas 950,0 Crédit Mercadoria Para 700,0
o 0 o Revenda 0

UEPS
DAT ENTRADA SAIDA SALDO
A
Q Vr Vlr Q Vlr Vlr Q Vlr Vlr
Unitário Total Unitário Total Unitário Total
A 10 50 500,00 1 50 500,00
0

49
B 5 50 250 5 50 250,00
D 20 80 1.600, 2 80 1.600,
00 0 00
E 20 80 1.600, 5 50 250,00
00
G 5 100 500,00 5 100 500,00
H 5 100 500,0
0
3 50 150,0
0
8 650,0 2 50 100,00
0

Constituição A
Débit Caixa Débit Mercadorias Para
o o revenda
Crédit Capital 5.000, Crédit Caixa 500,0
o Subscrito 00 o 0

B B
Débit Client Débit Custo da Mercadoria
o es o Vendida
Crédit Venda 450,0 Crédit Mercadoria Para 250,0
o s 0 o Revenda 0

C D
Débit Despesas c/ Débit Mercadoria para
o Aluguel o Revenda
Crédit Caixa 300,0 Crédit Caixa 1.600,
o 0 o 00

E E
Débit Clientes Débit Custo da Mercadoria
o o Vendida
Crédit Vendas 1.900, Crédit Mercadoria Para 1.600,
o 00 o Revenda 00

F G
Débit Caixa Débit Mercadoria para
o o Revenda
Crédit Clientes 450,0 Crédit Caixa 500,0
o 0 o 0

H H
Débit Caixa Débit Custo da Mercadoria
o o Vendida
Crédit Vendas 950,0 Crédit Mercadoria Para 650,0
o 0 o Revenda 0

MPM
DAT ENTRADA SAIDA SALDO
A
Q Vr Vlr Q Vlr Vlr Q Vlr Vlr
Unitário Total Unitário Total Unitário Total
A 10 50 500,00 1 50 500,00
0

50
B 5 50 250 5 50 250,00
D 20 80 1.600, 2 74 1.850,
00 5 00
E 20 74 1.480 5 74 370,00
G 5 100 500,00 1 87 870,00
0
H 8 74 696,0 2 87 174,00
0

Constituição A
Débit Caixa Débit Mercadorias Para
o o revenda
Crédit Capital 5.000, Crédit Caixa 500,0
o Subscrito 00 o 0

B B
Débit Client Débit Custo da Mercadoria
o es o Vendida
Crédit Venda 450,0 Crédit Mercadoria Para 250,0
o s 0 o Revenda 0

C D
Débit Despesas c/ Débit Mercadoria para
o Aluguel o Revenda
Crédit Caixa 300,0 Crédit Caixa 1.600,
o 0 o 00

E E
Débit Clientes Débit Custo da Mercadoria
o o Vendida
Crédit Vendas 1.900, Crédit Mercadoria Para 1.480,
o 00 o Revenda 00

F G
Débit Caixa Débit Mercadoria para
o o Revenda
Crédit Clientes 450,0 Crédit Caixa 500,0
o 0 o 0

H H
Débit Caixa Débit Custo da Mercadoria
o o Vendida
Crédit Vendas 950,0 Crédit Mercadoria Para 696,0
o 0 o Revenda 0

9 A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL: LIVROS, LANÇAMENTOS E REGIMES


CONTÁBEIS

Este item aponta a importância e a finalidade da escrituração contábil –


atividade diária básica e fundamental do trabalho do contabilista. Partindo da
classificação dos livros contábeis, aqui são discriminados os elementos essenciais
aos lançamentos efetuados no Livro Diário. Em seguida, são apresentados os regimes
contábeis de registro das operações, que devem ser observados quando da
escrituração dos lançamentos no Livro Diário.

51
• Escrituração

Escrituração é o registro de todas as operações realizadas pela empresa,


dispostas em ordem cronológica, isto é, na ordem em que aconteceram, e expressas
em valores monetários. O registro contábil das operações realizadas pela empresa
costumava ser feito de acordo com os seguintes sistemas de escrituração:

• Escrituração manual

Como o próprio nome sugere, era feita a mão. Esse sistema caiu em
desuso, tendo em vista sua lentidão e também por oferecer maior probabilidade de
erro, em face do aumento da complexidade e da variedade das operações realizadas
pelas empresas, nos dias atuais.

• Escrituração maquinizada ou mecanizada

Também caiu em desuso, pelo aparecimento sistemas mais modernos e


ágeis de escrituração. As maquinas utilizadas nesse sistema eram especificas para
contabilidade. Hoje em dia, as empresas utilizam um sistema de Escrituração
eletrônica ou computadorizada, que vem sendo cada vez mais usado, exatamente por
oferecer maior rapidez na realização das operações e menor probabilidade de erro.
Hoje em dia há inúmeros softwares no mercado, possibilitando a escrituração via
computador.

• Livros contábeis

Os registros contábeis são efetuados em livros próprios, que se dividem em


três grandes grupos, de acordo com sua utilização.

 Os livros Contábeis Fiscais são aqueles que atendem às exigências


do fisco municipal, estadual ou federal, isto é, dos órgãos do governo
que, em cada nível, arrecadam e fiscalizam os tributos (impostos,
contribuições etc.).Geralmente esses livros fornecem informações
relativas ao valor dos tributos a serem pagos pela empresa. Os livros
contábeis mais comuns são:

 Livro de Registro de Entrada de Mercadorias;


 Livro de Registro de Saída de Mercadorias;
 Livro de Apuração de ICMS;
 Livro de Apuração de ISS;
 Livro de Apuração de IPI;
 Livro de Registro de Inventário;
 Livro de Inspeção do Trabalho;
 Livro de registros de Empregados;
 Livro de Registro de Utilização de Documentos Fiscais e
Termos de Ocorrência.

52
 Os Livros Contábeis Sociais são aqueles exigidos
somente em determinado tipo de sociedade, como as
sociedades anônimas, por exemplo.
Os Livros Contábeis Sociais mais comumente usados nesse tipo de sociedade são:

 Livro de Registro de Atas de Assembléia;


 Livro de Registro de Atas de Reunião do Conselho de
Administração;
 Livro de Registro de Atas de Reunião da Diretoria;
 Livro de Registro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal;
 Livro de Registro de Presença de Acionistas.

 Os Livros Contábeis de Escrituração são aqueles que registram as


operações de compra, venda, pagamento etc., realizadas pela empresa.
Os mais comuns são:

 Livro Diário;
 Livro Razão;
 Livro Caixa;
 Livro Contas–Correntes.

• Obs.: Esses livros você conhecerá a seguir, com mais


detalhes, tendo em vista que, contabilmente, são eles os
responsáveis pela atualização e pelo controle do
patrimônio das empresas.
• Livro diário
Dentre os Livros de Escrituração utilizados pela contabilidade para registro
e controle das operações da empresa, o mais importante é o Livro Diário. Trata-se de
um livro obrigatório e exigido por lei. Nele são feitos os lançamentos.
 Lançamento, em contabilidade, é o registro individual de uma
operação. Por ser obrigatório, o Livro Diário deve obedecer a certas
formalidades extrínsecas (gerais) e intrínsecas (especificas).

 As formalidades extrínsecas se relacionam à apresentação do livro,


isto é, a seu aspecto, estrutura e características:
 Encadernação na cor preta;
 Folhas numeradas tipograficamente;
 Existência de Termo de Abertura na primeira página e Termo
de Encerramento na última;
 Registro em órgão competente.

 As formalidades intrínsecas, por sua vez, relacionam-se


com o ato da escrituração em si, na qual não se admite:
 Pular linhas;
 Rabiscos ou lembretes em qualquer canto das
paginas;
 Rasuras ou sujeiras;
 Desobediência à ordem cronológica dos fatos.

53
Atualmente, com a informatização dos procedimentos contábeis, o Livro
Diário não necessita mais ser escriturado pelos nomes das contas, podendo ser
substituído por códigos, conforme o plano de contas da empresa. Pode também ser
escriturado em folhas destacáveis, contanto que sejam encadernadas posteriormente.
Nesse caso, o registro por órgão competente acontece somente após a escrituração
do livro.
“ A página de um Livro Diário deve ter a seguinte estrutura”

 Indústria de Alimentos Ijuí Ltda.


Niterói, 9 de agosto 1988
Caixa
a Máquinas
Venda de máquinas de
Escrever com NF 03412 300 00

Banco
a Caixa
Pelo depósito efetuado 100 00
nessa data

• Livro razão
Trata-se de um livro auxiliar da escrituração contábil. Apesar de não-
obrigatório, mostra-se fundamental para a correta escrituração dos fatos, pois nele o
saldo de cada uma das contas movimentadas é facilmente identificável.
No Livro Razão há uma página especifica para cada conta, já que seu
registro consiste justamente em individualizá-las. A escrituração nesse livro é feita de
modo metódico, sistemático, isto é, dentro de normas, de padrões estabelecidos.
Registram-se, em cada página, todos os débitos e créditos relativos àquela
conta, possibilitando, assim, extrair o saldo dessa conta ao final de um determinado
período. Como não é obrigatório, o Livro Razão pode ser substituído por fichas
individuais e o nome das contas por códigos que identifiquem cada uma delas.

Reprodução de uma página do Livro Razão

 Indústria de Alimentos Ijuí Ltda.


Móveis e Utensílios

1998 DÉBITO 1998 CRÉDITO


01/04 a Caixa 15 000 00 03/05 Caixa 2 000 00
01/04 a Caixa 10 000 00 05/05 Caixa 3 000 00
20/05 a Contas a 5 000 00 15/05 Contas a 2 000 00
pagar receber

• Livro caixa
A conta Caixa é bastante utilizada nas operações de uma empresa, visto
que a quase totalidade das operações movimenta recursos financeiros. Dessa forma,
o Livro Caixa tem a função de controlar o fluxo de caixa – a entrada e a saída de
dinheiro – através do registro de todos os débitos e créditos ocorridos naquela conta.

54
Reprodução de uma página do Livro Caixa
 Indústria de Alimentos Ijuí Ltda.
Caixa

1998 DÉBITO 1998 CRÉDITO


01/05 a Vendas 28 000 00 03/05 Banco 2 000 00
06/05 a Máquinas 2 000 00 04/05 Salários 20 000 00
10/05 a Vendas 10 000 00 05/05 Aluguel 1 000 00
18/06 a Vendas 5 000 00 14/05 Estoque 12 000 00

• Livro contas-correntes

Geralmente as empresas possuem contas em um ou mais bancos e


movimentam tais contas por meio de grande quantidade de operações. Sendo assim,
a empresa pode-se utilizar de livros específicos – os Livros Contas-Correntes – para o
controle do saldo de cada uma delas.

Reprodução de uma página do Livro Contas-Correntes


• BANCO FLORESTAL S.A. c/c nº13847-1

DATA DÉBITO DÉBITO CRÉDITO DC SALDO


31/0 9 Saldo 3 00 00 D 30 000 00
8 8 anterior 0 0
02/0 9 Cheque 5 00 0 D 25 000 00
8 8 1337 0 0
03/0 9 Cheque 4 00 0 D 21 000 00
9 8 1338 0 0
04/0 9 Depósito 3 00 00 24 000 00
9 8 0
10/0 9 Cheque 10 00 0 D 14 000 00
9 8 1339 0 0
11/0 9 Depósito 2 00 00 2 00 0 D 16 000 00
9 8 0 0 0
15/0 9 Cheque 6 00 0 D 10 000 00
9 8 1340 0 0

• Registro de escrituração contábil

Como você pôde perceber, o Livro Diário é o mais importante dentre todos
os livros de escrituração utilizados pela Contabilidade. É, também, o único exigido por
lei, independentemente do tipo de empresa que o utiliza. No Livro Diário são feitos os
lançamentos que, para serem considerados devidamente corretos, precisam conter
todos os elementos tidos como essenciais. São eles:

55
o Data – que mostra a cronologia dos fatos;
o Conta devedora – obedecendo ao método das partidas
dobradas;
o Conta credora – obedecendo ao método das partidas
dobradas;
o Histórico – que relata, resumidamente, o fato ocorrido;
o Valor – expressando a operação em valores monetários;
o Barras de encerramento – que determinam o término de um
lançamento e o conseqüente início de outro.
o
Porém, dependendo do software utilizado, podem existir algumas diferenças:
o No corpo do lançamento não é utilizado o histórico, existindo
códigos específicos para relacionar históricos-padrão
(resumidos pré-elaborados que atendem a diversas
operações);
o As contas devedoras e credoras, em vez de escritas, são
substituídas por um código que as identifique conforme o
plano de contas da empresa.

PJ & M
São Luis, 13 de maio de 2011
Máquinas
Caixa
Valor Referente à compra de quatro
máquinas de calcular da marca GRAPHO
conforme nota fiscal 001 600 00

Para estar devidamente correto, além de conter todos os elementos


essenciais, um lançamento precisa também estar estruturado de forma correta, de
acordo com os espaços previamente determinados na folha do Livro Diário. Observe
isso no exemplo a seguir. A PJ&M Ltda. comprou algumas máquinas. O fato
administrativo, então,é a compra de máquinas, à vista, no valor de R$ 600,00. O
lançamento é assim:

• Estrutura do lançamento no livro diário

Nessa página do Livro Diário você deve ter observado que:


o Cada elemento teve início exatamente abaixo do anterior,
começando de um mesmo ponto, à exceção do valor;
o O valor posicionou-se sempre ao lado do histórico. Como este
ocupou mais de uma linha, o valor foi colocado ao lado da
linha final, ou seja, onde o histórico terminou;
o O valor final do lançamento ficou (e sempre deve ficar) na
terceira coluna do lado direito;
o As barras de encerramento ocuparam todo o espaço
destinado ao histórico, com uma breve interrupção no centro,

56
feita por dois pequenos traços verticais. Esses traços indicam
continuidade, confirmando a existência de um outro
lançamento a seguir, na mesma data. Sendo assim, o último
lançamento de cada dia não deve conter esses traços
verticais;
o Já nas duas barras de encerramento relativas ao valor
ocuparam todo o espaço da coluna e foram feitas exatamente
em cima das linhas horizontais do Livro Diário.
Repare, ainda, na existência de um “a” antes da conta Caixa. Trata-se de uma
convenção da contabilidade para facilitar a classificação das contas credoras nos
lançamentos.Desse modo, toda conta credora vem antecedida pela letra “a”, variando,
apenas, sua posição, que pode ser antes da margem (como no exemplo mostrado) ou
alinhada pela esquerda.
O Livro Diário apresenta duas colunas estreitas no lado esquerdo. A primeira é
utilizada para se colocar o número da página onde a conta escriturada está localizada
no Livro Razão, já que esse livro separa as contas por página. A segunda coluna é
destinada à escrituração da letra “a”, que, como já foi visto, indica a conta credora no
lançamento. Veja:

PJ & M
04 Veículos
02 à Caixa
Valor referente á compra de
uma camioneta conforme Nota
Fiscal 010 12 000 00

57
Como você pôde observar, os números da primeira coluna estreita à esquerda,
anterior ao espaço do histórico, indicam que, no Livro Razão, a conta Veículos
(devedora) está na página 4 e a conta Caixa (credora), na página 2.

Você deve ter reparado, ainda, que o Livro Diário também apresenta em
suas páginas três colunas do lado direito, após o espaço destinado ao histórico. A
última coluna é sempre a do total geral. A coluna do meio é utilizada quando ocorrem
subtotais que se somam para formar o total geral. A primeira coluna, a menos
utilizada, é escriturada sempre que houver valores que se somam ao subtotal da
coluna do meio. No exemplo, o total geral (terceira coluna) é de R$ 12.000,00.
Logicamente,estamos apresentando um exemplo tradicional.Contudo, você
pode encontrar páginas de diário com algumas diferenças, em função de registros
codificados (código das contas, ao invés dos nomes).
• Regimes contábeis

PJ & M

Cabo Frio,13 de maio


de 1998
Máquinas
A Caixa
Valor referente à
compra de
Quatro máquinas de
calcular da
Marca Grapho,
conforme
Nota Fiscal 001 600 00

A contabilidade registra suas operações seguindo o método das partidas, e


os lançamentos dos registros são escriturados no Livro Diário. Contudo, tais registros
podem seguir dois regimes contábeis diferentes. São eles:
o Regime de competência,
no qual as despesas e receitas são registradas quando efetivamente acontecem,
independentemente do seu pagamento ou recebimento;

 Regime de caixa,

58
no qual as despesas e receitas só devem ser registradas na data do seu efetivo
pagamento ou recebimento.

Analise, por exemplo, o fato de uma despesa efetuada em fevereiro, porém


paga em março.
Pelo regime de competência, ela deveria ser registrada em fevereiro,pois
esse foi o mês em que a despesa efetivamente aconteceu. Já pelo regime de caixa, a
despesa seria registrada somente em março, pois foi nesse mês que houve a saída
de dinheiro para efetuar o pagamento da despesa.
As empresas comerciais e industriais, de um modo geral, registram suas
operações pelo regime de competência. Os bancos e as administradoras, por sua vez,
operam com o regime de caixa, porque só efetuam transações mediante
apresentação, no caixa, de documentos para registro (guias de depósito,
comprovantes de pagamento etc.).
Com relação ao regime de competência, alguns pontos merecem especial
atenção:

 A despesa incorrida gera uma obrigação. Esta deve ser registrada


por meio de uma conta que apresente o nome da despesa seguido
da expressão a pagar ou a recolher.
 Despesa incorrida, em contabilidade, é uma despesa que já
aconteceu mas ainda não foi paga.
Tome, como exemplo, a despesa de salários do mês de maio, cujo pagamento se
efetua no mês seguinte. Em maio, então, o registro será:

 Débito: Salários (representando uma despesa)


 Crédito: Salários a pagar (representando uma obrigação)

Diz-se que esse registro provisiona os salários a serem pagos no mês


seguinte, pois representa uma obrigação a ser quitada.

 Provisionar, em contabilidade, é fazer uma provisão, ou seja,


munir-se de reservas em dinheiro ou em valores. E em junho,
mês do pagamento da despesa, o registro será:

 Débito: Salários a pagar (representando quitação de


uma obrigação)
 Crédito: Caixa ou Banco (representando saída de valor)
Note que ao se quitar a obrigação, no mês de junho, a conta Salários a
pagar foi debitada, ficando zerada.Isso aconteceu porque toda obrigação deixa de ser
crédito quando do seu pagamento. Portanto, no pagamento de uma obrigação, a
empresa deve debitar à conta correspondente.

 A receita incorrida gera um direito. Este deve


ser registrado por meio de uma conta que
apresente o nome da receita, seguido da
expressão a receber.
Pense agora no caso de uma receita de aluguel do mês de julho, cujo
recebimento se realiza no mês de agosto. Em julho, então, o registro será:

59
 Débito: Aluguel a receber(representando um direito)
 Crédito: Aluguel(representando uma receita)

Diz-se que esse registro provisiona uma receita de aluguel a ser recebida
no mês seguinte, uma vez que representa um direito devido. Já em agosto, quando do
recebimento da receita, o registro será:

 Débito:Caixa ou Banco(representando entrada de valor)


 Crédito:Aluguel a receber(representando recebimento de direito)

Repare que ao receber o direito, a conta Aluguel a receber foi creditada,


ficando zerada. Isso porque todo direito deixa de ser quando do seu recebimento.
Portanto, no recebimento do direito a empresa deve creditar à conta correspondente.

EXERCÍCIOS

1) O que diferencia os Livros Fiscais dos Livros de Escrituração?

2) Descreva as principais características dos Livros Contábeis de Escrituração.

3) Faça a escrituração de cada uma das operações listadas a seguir, levando em


consideração que elas aconteceram em Cuiabá, em 12 de dezembro de 1998.

a) compra de mercadorias a prazo no valor de R$ 20.000,00, conforme Nota Fiscal nº


33.401;
b) pagamento de salários no valor de R$ 50.000,00;
c) venda de moveis e utensílios à vista no valor de R$ 30.000,00, conforme Nota
Fiscal nº 1.432;
d) deposito em banco no valor de R$ 7.500,00;
e) compra de máquinas no valor de R$ 4.000,00, conforme Nota Fiscal nº 432;
f) recebimento de aluguel no valor de R$ 1.200,00;
g) pagamento a fornecedores no valor de R$ 9.000,00;
h) recebimento de contas no valor de R$ 5.000,00;
i) compra de sala comercial a prazo no valor de R$ 45.000,00, conforme escritura em
Cartório do 1º Oficio;
j) venda de veículo Ford, modelo 1990, no valor de R$ 10.200,00, conforme Nota
Fiscal nº 10.012.

10 O TÉRMINO DE UM EXERCÍCIO SOCIAL: LANÇAMENTOS E DENOMINAÇÕES


CONTÁBEIS.

60
Foi visto nos itens anteriores que toda operação realizada pela empresa é
registrada pela contabilidade. Este item final dá ênfase aos lançamentos e
demonstrações contábeis apurados no término de um exercício social: o balanço
patrimonial e a demonstração do resultado do exercício.

A APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Pelo acumulo de registros que a empresa realiza, ao término de um


exercício social e antes da elaboração das demonstrações contábeis, é necessário
apurar o resultado das operações efetuadas, e transferir o saldo de todas as contas
de resultado (receitas e despesas) para uma única conta chamada Resultado do
Exercício.
Com esse procedimento, todas as contas de despesas e receitas são
encerradas, permanecendo uma única conta de resultado, na qual pode-se visualizar
mais facilmente o resultado final do exercício, ou seja, se a empresa obteve lucro ou
prejuízo. Vamos ver como isso funciona. Observe o exemplo a seguir.

A empresa Campus S.A., no final de um exercício social, apresentou


os seguintes saldos nas contas de resultado:

Receitas de vendas R$ 15.000,00 Despesa de salários R$ 7.500,00


Despesa de aluguel R$ 4.000,00 Despesa de telefone R$ 1.200,00
Receitas financeira R$ 150,00

Como você sabe, as contas de despesa apresentam saldo devedor, e as


contas de receita, saldo credor. Sendo assim, temos os seguintes razonetes:

Receitas de vendas Despesa de salários

15.000,00 7.500,00

Despesa de aluguel Despesa de telefone

4.000,00 1.200,00
Receitas financeira
150,00

Para “zerar” uma conta, ou seja, encerrar o seu saldo, basta lançarmos, no
lado oposto ao saldo, o mesmo valor dele. Nas contas de receita, que apresentam
saldo devedor, nós creditamos. A contrapartida de todas essas contas, nesse caso, é
sempre a conta Resultado do Exercício.

Receitas de vendas Despesa de salários Despesa de aluguel


15.000,00 15.000,00 7.500,00 7.500,00 4.000,00 4.000,00

61
Saldo = 0 Saldo = 0 Saldo = 0

Despesa de telefone Receitas financeira Resultado do


Exercício
150,00 150,00 7.500,00
15.000,00
1.200,00 1.200,00
4.000,00 150,00
1.200,00
12.700,00
15.150,00

Saldo credor = 2.450,00

Como o saldo da conta Resultado do Exercício é credor, isso indica que o


total das receitas foi superior ao total das despesas, significando que a empresa
Campus S.A. apurou um lucro de R$ 2.450,00 ao final desse exercício social. Caso a
conta Resultado do Exercício apresentasse saldo devedor, implicaria um prejuízo,
visto que representaria a soma das despesas superior à soma das receitas.

• O destino dos lucros apurados

Quando a empresa apura lucros ao final de um exercício social, ela precisa


tomar uma importante decisão: o que fazer com esses lucros? A empresa tem as
seguintes opções:

 Distribuir o lucro em dinheiro aos acionistas, que


passariam, então, a receber dividendos por sua
participação na empresa;
 Transferir esse dinheiro para aumento do capital da
empresa. Nesse caso, os acionistas não recebem
dividendos (dinheiro), mas sim bonificações (novas
ações), passando, então, a possuir mais ações do que
possuíam anteriormente;
 Guardar esse lucro na empresa, para investimentos
futuros, ou para prevenção de prejuízos futuros.
Em quaisquer dessas situações, o registro das operações consiste em
retirar valores da conta Resultado do Exercício, diminuindo, portanto, o seu saldo, e
transferindo-os para outras contas.
Tomando como exemplo a apuração do resultado do exercício da empresa
Campus S.A., vamos considerar que ela resolveu distribuir 50% do seu lucro de R$
2.450,00 aos acionistas; do restante do lucro,25% foram para aumentar o seu capital
e 25% para criar uma reserva. Temos, então, os seguintes valores:

R$ 1.225,00 para distribuição aos acionistas;


R$ 612,50 para aumento do capital da empresa;
R$ 612,50 para criação de reserva.

62
Os lançamentos seriam:

o Na distribuição aos acionistas:


Débito: Resultado do Exercício
Crédito: Lucro Acumulado 1.225,00
o No aumento do capital da empresa:
Débito: Resultado do Exercício
Crédito: Capital 612,50
o Na criação da reserva:
Débito: Resultado do Exercício
Crédito: Reserva de Lucro* 612,50

*Existem vários tipos de reservas de lucro, mas não abordaremos esse detalhe neste
livro. Em razonetes, teríamos o seguinte:

Resultado do Exercício Lucro Acumulado Capital

1.225,00 2.450,00 1.225,00 (*) Saldo anterior


612,50
612,50

Saldo = 0

Resultado de Lucro
612,50

* Para haver aumento de capital, seria lógico que já houvesse um valor (saldo
anterior) na conta Capital.

Observe que após essas operações a conta de Resultado do Exercício teve


seu saldo encerrado (saldo = 0), com os valores sendo transferidos para contas
patrimoniais. Sendo assim, a partir de então, não existem mais contas de resultado
neste exercício, mas somente contas patrimoniais. Podemos afirmar, portanto, que ao
final de um exercício social todas as contas de resultado têm seus saldos encerrados,
isso significando que no próximo exercício começarão com saldo zero.
• Demonstrações contábeis

Todos esses lançamentos anteriores são efetuados para que sejam


elaboradas as demonstrações contábeis, que, como você já viu anteriormente, podem
sair publicadas em jornais, sendo, portanto, instrumentos externos de que a empresa
dispõe para divulgar sua situação econômico-financeira.
Para bem cumprir sua finalidade, as demonstrações contábeis compõem-se
de gráficos, notas explicativas, pareceres de auditores externos, e relatório da
direção da empresa ratificando os valores e as informações presentes nelas.

 Auditor é aquele profissional que averigua se os


registros contábeis foram efetuados

63
corretamente. Diz-se que o auditor é interno se
for um empregado da empresa, e externo se for
pessoa ou firma contratada para tal serviço.
No nosso estudo faremos alusão somente aos dois principais tipos de demonstrações
contábeis – o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício -
,pois são os que contêm o maior numero de informações necessárias para os
usuários.
 Usuário é toda pessoa que de algum modo se
utiliza das informações contidas nas
demonstrações contábeis.

• Balanço patrimonial

Dentre as demonstrações contábeis, a mais importante é o balanço


patrimonial (ou simplesmente balanço), que apresenta, discriminadamente, todos os
bens, direitos e obrigações da empresa, acompanhados de seus respectivos valores
monetários.
Por permitir uma visão mais geral da realidade econômico-financeira da
empresa, o balanço tem um grande “peso” na obtenção de empréstimos, ou na
participação em licitações, por exemplo, em que se exige, dentre outros documentos,
o último balanço da empresa( e, algumas vezes, até os dois, ou mais, últimos
balanços).
O balanço apresenta o patrimônio da empresa em duas colunas (ativo e
passivo), onde os componentes patrimoniais (bens,direitos e obrigações) são
classificados em grupos, conforme suas características e definições. O balanço
patrimonial segue, então, a seguinte estrutura:

ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
Permanente Resultados de Exercícios Futuros
Investimentos Patrimônio Líquido
Imobilizado
Diferido

No decorrer deste material de estudo você viu um plano de contas, a partir


de uma distribuição em quatro grandes grupos. Caso julgue necessário, retome as
informações a respeito das contas classificadas nos grupos ativo e passivo de uma
empresa.

• Demonstração do resultado do exercicio

Esta é outra demonstração contábil importante, cujo objetivo é relacionar,


de forma sistematizada, todas as receitas e todas as despesas (contas de resultado)
da empresa durante um exercício social, a fim de apresentar o resultado final do
período (lucro ou prejuízo).

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCICIO

Receita de Vendas
(-) Custo das Mercadorias Vendidas
= Resultado Bruto
(-) Despesas Operacionais
Comerciais
Administrativas
+ ou (-) Saldo Financeiro
Outras despesas operacionais
= Resultado operacional
(-) Despesas não-operacionais
(-) Imposto de Renda e Contribuição Social
= Resultado Líquido

As despesas comerciais são aquelas diretamente relacionadas com a


atividade de vendas, como a comissão dos vendedores e as despesas com
propaganda. Já as despesas administrativas estão relacionadas à manutenção da
empresa, tais como: aluguel, telefone, água, luz etc. Os juros e os descontos
financeiros são exemplos clássicos de contas de despesas e de receitas financeiras,
mas somente o resultado (saldo) do confronto entre ambas é apresentado na
Demonstração do Resultado do Exercício. Se as receitas financeiras forem superiores
às despesas financeiras, o valor do saldo é positivo; caso contrário, é negativo. Outras
despesas operacionais são aquelas que não se enquadram em nenhum dos itens
anteriores; a depreciação é o seu exemplo mais clássico-assunto que será visto no
decorrer do seu curso.

EXERCÍCIOS

1) Com base nos dados a seguir elabore razonetes para apurar os saldos das contas,
faça os lançamentos de apuração do resultado do exercício, e levante um Balanço
Patrimonial, destacando os grupos de contas do ativo e do passivo (somente aqueles
que o exercício apresenta).

Saldo das contas ao final do exercício.


CONTA VALOR CONTA VALOR CONTA VALOR
Caixa 10.200,00 Capital 9.000,00 Receita de Vendas 13.000,00

65
Fornecedores 1.000,00 Máquinas 4.500,00 Despesas Comerciais 4.000,00
Despesas Administrativas 4.300,00

A empresa resolveu distribuir 40% do resultado apurado aos acionistas e com os 60%
restantes criou uma reserva de lucros.

2) Com base nos dados a seguir, elabore uma Demonstração do Resultado do


Exercício. (desconsiderar Imposto de Renda e Contribuição Social).
Despesas Comerciais R$ 15.000,00
CMV R$ 32.000,00
Despesas Financeiras R$ 1.800,00
Despesas Administrativas R$ 18.000,00
Receita de Vendas R$ 71.000,00
Despesas não-operacionais R$ 800,00

3) Com base nos dados abaixo, elabore um Balanço Patrimonial.


CONTA VALOR CONTA VALOR
Capital 20.000,00 Móveis e Utensílios 5.000,00
Contas a pagar 3.000,00 Lucro Acumulado 200,00
Caixa 6.000,00 Estoque 12.000,00
Clientes (Longo Prazo) 6.000,00 Fornecedores 4.000,00
Empréstimos (Longo Prazo) 500,00 Máquinas 1.500,00

4) Responda:

a) Qual a diferença entre dividendos e bonificação?

b) Qual a finalidade da criação da conta Resultado do Exercício, ao final de cada


exercício social?

c)Por que as contas de resultado não aparecem no Balanço Patrimonial de uma


empresa?

d) Qual a finalidade de elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício?

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