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O senhor Whitson ensinava ciências para a 6ª série. No primeiro dia de aula ele nos
falou sobre uma criatura chamada cattywampus , um animal noturno extinto durante a
Era do Gelo. Ele passou para os alunos um crânio enquanto falava. Todos nós fizemos
anotações e depois respondemos a um teste sobre a aula.
O professor Whitson disse que esperava que aprendêssemos uma lição dessa
experiência. Professores e livros didáticos não são infalíveis. Na verdade, ninguém é.
Ele nos disse para nunca deixar nosso cérebro ficar desatento e a tomar satisfação
sempre que pensássemos que ele ou qualquer livro estivessem errados.
Toda aula com o professor Whitson era uma aventura. Ainda posso lembrar de
algumas aulas de ciências do começo até o final. Um dia ele nos disse que seu carro
era um organismo vivo. Nós demoramos dois dias para bolar um argumento contrário
que ele aceitasse. Ele não nos deixava sossegar até que houvéssemos provado não só
que sabíamos o que era um organismo, mas também que tínhamos força para
defender a verdade.
Nós levamos nosso recém-adquirido ceticismo para todas as nossas aulas. Isso
causou problemas para os outros professores, que não estavam acostumados a
serem desafiados. Nosso professor de história começava a falar sobre algum assunto
e de repente alguém limpava a garganta com um “ram-ram” e dizia “cattywampus”.
Nem todo mundo vê valor nisso. Uma vez contei sobre o senhor Whitson a um
professor de ensino fundamental, que ficou horrorizado. “Ele não devia ter enganado
você assim”, disse.
O texto acima é um dos materiais mais interessantes que já vi sobre como o professor
pode – e deve – ser o veículo de transformação de maior importância para os alunos.
Sou da opinião que a proposta de ensino do prof. Whitson deve ser a pedra
fundamental na formação de novos professores e na reciclagem dos veteranos,
principalmente – mas não somente – nas disciplinas ligadas à Ciência.
Esse texto é uma tradução de um artigo de David Owen publicado no Reader´s Digest
(Edição Asiática) em abril de 1992, extraído e disponibilizado na página do professor
Aaron Tan Tuck Choy, da Universidade Nacional de Singapura. Chegou a mim via Twitter
por um RT da @NatureNews dado por Leonardo Gedraite (@LeoGed).