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Na atual conjuntura capitalista, cada vez mais as empresas buscam o lucro instantâneo e o
crescimento acelerado. Diariamente, a concorrência multiplica-se e isso obriga as empresas a
tomarem decisões rápidas.
Para sustentar-se e permanecer nesse mercado altamente competitivo, uma empresa deve ter
como prioridade trabalhar diferenciais em sua organização interna para refletir positivamente
em seu mercado. Dentre esses diferenciais, uma das principais ferramentas que trazem um
resultado maior à empresa é a criatividade. A inovação pode ser um diferencial.
A mentalidade das empresas tem que mudar para competir e sobressair nesse mercado. Ir
mais além do que simplesmente definir missão, visão, objetivos e metas. Saber aplicar
conceitos, inclusive os organizacionais, de forma estratégica é essencial para que a
organização não seja simplesmente mais uma.
Assim, o endomarketing pode contribuir com esse pensamento: valorizar o funcionário e criar
um ambiente favorável à criatividade e à inovação é o desafio que as empresas devem ter em
mente se quiserem competir. Promover mudanças de atitude, colaboração, comprometimento,
entre outras, é o ponto inicial. A vantagem competitiva pode, muitas vezes, começar por aí.
Nesse estudo, o problema de pesquisa definido busca resposta para a seguinte pergunta:
como a criatividade e a motivação dos funcionários podem gerar crescimento para a
organização através das estratégias de endomarketing?
Assim, para a redação desse artigo optou-se pela metodologia de revisão bibliográfica,
utilizando-se diversas fontes para a pesquisa secundária.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Atualmente, não basta apenas satisfazer o cliente. Hoje a idéia vai além da satisfação. Prestar
mais que um bom atendimento e dar a atenção que o consumidor merece, faz toda a diferença.
Encantar o consumidor significa oferecer um pouco mais do que ele está esperando. É
proporcionar a ele uma experiência tão agradável que possa levá-lo a trazer novos clientes
para a empresa.
Para se chegar a esse ponto, de os funcionários de uma empresa prestarem com excelência
um atendimento, é necessário que eles percebam que são ponto-chave nesse processo. E a
forma mais eficaz de se conseguir é aplicando o marketing dentro da organização. Para Bekin
(1995, p.17), Endomarketing constitui-se de
(...) ações de marketing para o publico interno – funcionários – das empresas e organizações.
Conceito de Endomarketing é o processo cujo foco é sintonizar e sincronizar, para implementar
e operacionalizar, a estrutura de marketing da empresa ou organização que visa ação para
mercado. Objetivo de Endomarketing é facilitar e realizar trocas construindo relacionamentos
com o publico interno, compartilhando os objetivos da empresa ou organização, harmonizando
e fortalecendo essas ligações.
Outro grande fator que alterou completamente a economia mundial foi o crescimento
econômico e a entrada da Índia e da China na lista dos países que grandes empresas
gostariam de investir. Tal fato se deu pelo ato de mudanças políticas internas, propiciando a
acelerada arrancada desses países como centros de produção mais baratos principalmente na
área de tecnologia.
Empresas que antes reinavam no mercado com seus produtos e serviços únicos que atendiam
às necessidades e expectativas de seus clientes, hoje travam uma verdadeira batalha de
sobrevivência com outras empresas fornecedoras de produtos e serviços semelhantes.
Segundo Baumann (1996, p.44):
(...) num sistema globalizado as diversas unidades nacionais passam a ser componentes da
mesma estrutura integrada de geração de valor, cujas estratégias globais levam à procura de
redução de custos, à especialização das linhas de produção, entre outros atributos que visam à
crescente eficiência e ao maior grau de competitividade. As estratégias empresariais se voltam
para estes objetivos, buscando combinar e aplicar os atributos existentes direcionados para a
consecução da sua meta, ou seja, visando a criar vantagens competitivas dentro deste
ambiente concorrencial.
Como conseqüência desse mercado cada vez mais competitivo, globalizado, a fidelização do
cliente tornou-se mais trabalhosa e mais focada. Hoje, para tornarem suas empresas
competitivas, os empresários não estão preocupados somente com a qualidade dos produtos e
serviços prestados, mas também com a valorização de seus funcionários.
Segundo Brum (2005, p.37) "(...) muitos empresários estão preocupados em estabelecer um
clima organizacional favorável, em que os funcionários os ajudem a fazer o que precisa ser
feito para se adaptar e sobreviver." Passaram a atentar também para a real necessidade do
uso de estratégias para seu mantimento no mercado.
Castro et al. (1996, p.139) resumem a importância da estratégia, afirmando o seguinte:
(...) são as estratégias competitivas utilizadas pelas firmas em seu processo de enfrentamento
no mercado, ou seja, como conquistam e/ou mantêm suas posições competitivas e,
principalmente, como constroem e renovam seus potenciais competitivos ao longo do tempo,
que passam a ocupar um lugar de destaque na formulação do discurso econômico. Na base
destas estratégias, a existência de diferentes capacitações, graus de competência e objetivos
ocupam uma posição fundamental para a explicação dos fenômenos econômicos.
Para que as empresas consigam competir e agüentar as pressões impostas pelo mercado sua
mentalidade tem que mudar. Os esforços de endomarketing, se bem coordenados, podem
funcionar perfeitamente.
Cerqueira (1994, p.133) resume os objetivos de um projeto de endomarketing:
(...) criar um sistema de avaliação coletiva, por área de trabalho, visando à premiação de cada
um dos seus componentes em função dos resultados obtidos por todos; • aperfeiçoar os
índices de produtividade, Qualidade, segurança no trabalho, limpeza, ordem, etc.; • avaliar,
através da mensuração dos resultados, quais áreas necessitam de maior ajuda e
acompanhamento técnico e operacional; • gerar, em toda empresa, o espírito de unidade de
time sadio com capacidade de realizar bem o seu trabalho, aceitando sempre novos desafios.
O primeiro passo a ser dado por uma organização que vai implementar o trabalho de
endomarketing é identificar, através de pesquisas, quem são seus clientes internos.
Reconhecê-los como seres humanos é fundamental, uma vez que poderão ser agregados
valores pela empresa. Valores agregados são eternos e os tornarão profissionais de qualidade,
além de verdadeiros seres humanos.
De acordo com Brum (2005, p.37),
Vivemos o fim da revolução e a era da reinvenção, da mudança pacífica. Isso significa que
somente num clima favorável é possível gerar novas idéias (...) acrescenta ainda que, (...) o
caminho é buscar a sinergia do grupo.
Existirão ruídos na comunicação, por isso, o profissional responsável deve ficar muito atento
para corrigir os possíveis desvios, antes que virem boatos. Para Brum (2005, p. 51):
(...) o que a maioria das empresas necessita é estabelecer canais oficiais de comunicação
interna; afinal, são esses canais que combatem a famosa "rádio corredor" ou "rádio peão". Já
foi cientificamente constatado que, à medida que o processo de endomarketing se desenvolve,
os boatos tendem a cair.
Com a concorrência cada vez mais acirrada, a prática motivacional ganha cada vez mais
importância dentro das empresas. Disputas entre equipes, premiações e ascensões
profissionais são práticas cada vez mais utilizadas para incentivar a produtividade dos
funcionários nas organizações. Para FERRELL et al (2000, p. 10):
Empregados motivados, satisfeitos e identificados com a empresa têm maior compromisso com
seu trabalho, engajam-se bem mais na busca de resultados e, em conseqüência, se
empenham de forma mais dedicada na conquista e na satisfação da clientela.
Cerqueira (1994, p.42) afirma que "a motivação de um ser humano é um estado interno e varia
a cada instante em função das suas necessidades". Para Cobra (1992, p.221), a motivação
"advém dos drives, ou forças propulsoras conscientes e inconscientes que levam as pessoas,
sob algumas circunstâncias, à ação". Segundo Bekin (1995, p.68):
(...) a motivação é um processo global que tem como objetivo final comprometer o funcionário
com as causas e objetivos da empresa para integrá-lo a cultura organizacional. Este
comprometimento implica no aprimoramento do desempenho do funcionário por meio de sua
valorização e sua satisfação como indivíduo que pertence a uma organização.
Para Brum (2005, p.29), "O melhor caminho para a motivação é a capacidade que algumas
empresas têm de passar aos seus funcionários mensagens inspiradoras e serem coerentes ao
fazer isso." A empresa é um todo, formada pelo somatório individual de idéias, sonhos,
expectativas e realizações. As pessoas efetivamente se envolvem, "vestem" a camisa, quando
se emocionam pelo que fazem, percebem a possibilidade de criar, inovar, fazer diferente.
Já no que diz respeito à criatividade, por se tratar de uma definição bastante complexa, muitos
a reduzem a uma ferramenta exclusiva do marketing, publicidade, propaganda e outras áreas
afins das artes. Mas, para Dualib & Simonsen (2000) a criatividade é "uma técnica para se
resolver problemas", divergindo assim, e muito, do pré-conceito arraigado como estereótipo
social no que refere à criatividade. Com esta definição ampliamos assim a criatividade como
ferramenta para outras áreas da ciência.
King e Schilicksupp (1999) ressaltam, então, que a criatividade pode ser encontrada tanto em
experiências ou imaginação individual ou por experiência de um grupo, logo a criatividade é
adquirida por aprendizagem. Sendo então um fator cognitivo, adquirido.
Pode-se, então, definir criatividade como instinto de exploração e impulso de inovação, uma
transformação do projeto existencial. Ou seja, é intrínseco no ser humano o fator da mudança e
da inovação, sendo deste instinto que se adquire a criatividade.
Vale lembrar ainda que Kao (1997), guru da criatividade empresarial, afirma que "a prioridade
de uma empresa nesta virada de século deve ser transformar-se em uma fábrica de idéias.
Para isso, precisará instituir processos para a geração, o desenvolvimento e a colheita de
novas idéias."
No âmbito empresarial, torna-se cada vez mais importante a busca pela valorização do fator
humano. As empresas vivem um novo tempo e, por isso, devem buscar propiciar condições
para que seus funcionários realizem suas necessidades.
Uma das mais importantes teorias de motivação é a conhecida teoria de Maslow que acredita
serem os desejos e as necessidades, na verdade, organizados em prioridades e hierarquias,
sendo que esta hierarquização obedeceria a uma escalonagem na qual se passaria de um
nível a outro mais alto, à medida que o anterior fosse satisfeito.
Desta forma, a classificação das necessidades proposta por Maslow, em ordem crescente, se
dá da seguinte forma:
• Fisiológicas - Alimento, descanso, água, proteção contra elementos da natureza. • Segurança
- Proteção contra possíveis privações e perigos. • Sociais - Dar e receber afeto, sentir-se aceito
pelos outros. • Auto-Estima - Estima própria (confiança em si mesmo, competência profissional,
conhecimento) estima por parte de outros. • Auto-realização - Conseguir o desenvolvimento e
a utilização de todas as potencialidades que a pessoa tem.
Helzberg (apud Bertolino, 1998), nos anos 60, formulou sua teoria sobre motivação, que em
muitos aspectos se assemelhou à teoria de Maslow. No entanto, em relação a Maslow,
Herzberg não ficou apenas no plano da psicologia individual, pois dimensionou suas
investigações sobre os motivos que influem no trabalho dos homens dentro da empresa. Esta
teoria ficou conhecida como higiene-motivação e também procurou apurar o que afetava a
satisfação das necessidades dos trabalhadores, fossem elas inferiores (higiênicos) ou
superiores (motivadores).
Para Herzberg, os fatores de higiene são caracterizados por salário, supervisão, condições de
trabalho, regulamentações e modo de operar a empresa, entre outros. Já os fatores
motivadores são êxito pessoal, reconhecimento, responsabilidade, possibilidades de promoção
e capacidade de auto-satisfação. Desta forma, como se vê, é possível relacionar a teoria de
Herzberg à teoria de Maslow no que diz respeito à similaridade existente entre os fatores de
higiene e fatores inferiores e, fatores motivadores e fatores superiores.
A motivação precisa ser encarada como forma de valorizar o funcionário, que deve se sentir
parte integrante da empresa, deve se sentir um verdadeiro colaborador. Para que haja
motivação, é necessário que o funcionário esteja disposto a se motivar. Manter a sua equipe
motivada tem sido uma busca constante pelas empresas. E, por esse motivo, é que o maior
investimento de uma empresa deve estar nas pessoas, pois é nelas em que está o poder de
decisão em fazer ou não fazer, fazer bem feito ou fazer mais ou menos. Vale lembrar que uma
equipe motivada pode se superar. Superar inclusive as expectativas da empresa.
A discussão de se ter uma equipe motivada e criativa é realidade. Contudo, grande parte das
empresas não está preparada para aplicar ações eficazes de endomarketing. Muitas usam
estratégias artificiais para tentar motivar seus funcionários. Criam programas em que os
funcionários são recompensados por um bom desempenho e tenta-se estimulá-los chamando
palestrantes que os deixam realmente motivados, até que, pouco tempo depois a realidade
bate à porta novamente.
Muitos empresários ainda acreditam que a motivação é obtida apenas através de salários.
Esse tipo de processo motivacional tende há durar pouco tempo, pois o homem é um ser
insaciável, uma vez satisfeita uma necessidade, conseqüentemente surgirão outras. As
pessoas são interessadas e são motivadas pelos seus próprios objetivos, pelos seus próprios
interesses. Para garantir a motivação, é preciso outros estímulos, como integração social,
valorização pessoal, profissional, entre outros.
Valorizar o funcionário é o que as empresas devem ter em mente. Para alcançar o sucesso e
ter os seus funcionários comprometidos, a empresa tem que estar em constante atualização.
Manter a equipe sempre qualificada é um dos desafios. Outro aspecto interessante é o de
valorizar o potencial criativo de seus funcionários. Contudo, não basta somente gerar idéias, é
preciso analisá-las e implementá-las. A busca da criatividade pode vir em suprir alguma
necessidade ou dificuldade na qual empresa se encontra. Deve-se entender a competência
criativa, como capacidade de agregar valor ao negócio, através do patrimônio pessoal,
estimulando tanto o desenvolvimento pessoal, quanto o grupal e empresarial. Para que isso
aconteça, a empresa deve ser capaz de oferecer a seus funcionários autonomia para que
possam exercer sua criatividade. Deve a todo instante desafiá-los para que não caiam na rotina
e não fiquem desmotivados. Em tempos de competitividade acirrada, o potencial criativo
desses colaboradores pode fazer a diferença.
Manter funcionários motivados, tentar que objetivos individuais sejam satisfeitos juntamente
com os da organização, aumentar a produtividade, manter um espírito sadio de equipe, entre
outros, tem sido uma busca constante pelos responsáveis em comportamento. Pode-se
considerar que o líder de uma equipe tem papel fundamental para a motivação de um grupo de
trabalho. A ele compete administrar as diferenças individuais e conciliá-las rumo às metas a
serem alcançadas pela organização.
O líder deve analisar os interesses dos funcionários, isto é, que atividades eles são capazes de
realizar, e aquilo que suas tarefas podem lhes proporcionar em termos de auto-realização.
Dessa maneira, cada tarefa pode ser percebida pelo funcionário como um verdadeiro desafio
para seus potenciais ainda não explorados. Assim percebido, o sentido de desafio dado à
tarefa terá grande probabilidade de desencadear no funcionário o processo autêntico de
motivação. Quando o homem percebe em sua tarefa um verdadeiro desafio, um potencial para
satisfazer suas necessidades de auto-realização é que ele se dedica plenamente, não
simplesmente para realizá-la, mas para fazê-la da melhor maneira possível. É diante desses
desafios é que ele passa a usar mais o seu potencial criativo, e sua produtividade vai além de
qualquer limite esperado. O "indivíduo criativo" é regido pela auto-realização. Ele busca novos
desafios e procura soluções criativas para os problemas, tornando-se motivante e auto-
motivador. O desafio ao uso da criatividade no trabalho leva à motivação, favorecendo a
participação ativa. Quando se bloqueia a inteligência criativa há o desinteresse de participar,
opinar e envolver-se mais. Felippe (www.administradores.com.br) apresenta algumas dicas
para manter o funcionário motivado:
Estabeleça metas claras e atingíveis - Pouco adianta uma meta inatingível, ou facilmente
atingível, no lugar de incentivar gera frustração, elas deverão ser desafiadoras. Divulgue a
todos - Estabeleça a regra do jogo para todos, não importa quantas pessoas participam do
programa, e possibilite meios de atingir as metas. Estimule a criação de slogans, campanhas,
etc. Propicie condições físicas, tecnológicas, materiais e psicológicas para a conquista. Envolva
- Há metas que abrangem somente um departamento, outras vários, ou até a empresa toda.
Propicie um clima interno de incentivo.
3 CONCLUSÃO
Com o objeto de estudo em questão, pôde-se perceber que o endomarketing pode contribuir
para trazer sucesso para a organização. Basta que as empresas ampliem sua visão e o
aceitem como uma ferramenta de gestão, que veio para propiciar uma relação sadia e
duradoura entre colaborador e empresa.
REFERÊNCIAS
BAUMANN, Renato (Org.). O Brasil e a economia global. Rio de Janeiro: Campus, 1996.
BEKIN, Saul Faingaus. Conversando Sobre Endomarketing. São Paulo: Makron Books, 1995.
BRUM, A. M. Endomarketing: como estratégia de gestão. 3.ed. Porto Alegre: L&PM, 2005.
CASTRO, Antônio Barros; POSSAS, Mário Luiz; PROENÇA, Adriano (Org.). Estratégias
empresarias na indústria brasileira: discutindo mudanças. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1996.
DUALIB, Roberto e SIMONSEN, Harry. Criatividade & Marketing. São Paulo: Makron Books,
2000.
FELLIPE, Maria Inês. Os desafios da motivação. Fonte: Portal Administradores. Disponível em:
< www.administradores.com.br . Acesso em 28/09/2008.
FERRAZ, João Carlos; KUPFER, David; HAGUENAUER, Lia. Made in Brazil: desafios
competitivos para indústria. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
FERRELL, O. C., HARTLINE, Michael D., LUCAS JUNIOR, George H., LUCK, David.
Estratégia de marketing. São Paulo: Atlas, 2000.
KAO, John. Jamming: a Arte e a Disciplina da Criatividade na Empresa. São Paulo: Campus,
1997.