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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE IMPERATRIZ


DEPARTAMENTO DE LETRAS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA

ISAQUIA DOS SANTOS BARROS FRANCO

PRODUÇÃO TEXTUAL:
Uma atividade que deverá ser desenvolvida com prazer
Imperatriz
2007
ISAQUIA DOS SANTOS BARROS FRANCO

PRODUÇÃO TEXTUAL:
Uma atividade que deverá ser desenvolvida com prazer

Artigo científico apresentado ao Departamento de


Letras da Universidade Estadual do Maranhão – Centro
de Estudos Superiores de Imperatriz, como requisito
para a obtenção do grau de especialista em Língua
Portuguesa.

Orientadora: Profª M. Sc. Maria do Socorro Gomes

Imperatriz
2007
2

PRODUÇÃO TEXTUAL: Uma atividade que deverá ser desenvolvida com prazer

1
Isaquia dos Santos Barros Franco

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo ressaltar a importância de se cativar o aluno para o ato
de escrever, levando-se em consideração que a modalidade escrita assume papel de grande
significação para a vida social e acadêmica do mesmo. A partir de algumas considerações
feitas sobre a produção de textos, este artigo aborda questões referentes às funções da escrita,
bem como os tipos de texto e os padrões de textualidade da expressão escrita. Partindo do
princípio que o papel do professor é de fundamental importância nesse processo, torna-se
clara a necessidade que estes se proponham a criar um ambiente propício e profícuo para o
trabalho com a escrita. Apresenta-se algumas sugestões para a realização da prática de
produção de textos, assim como, a forma mais adequada de avaliação dos textos dos alunos.

Palavras-chave: Produção de textos. Cativar. Professor. Sugestões

ABSTRACT

The present work has for objective to stand out the importance of if captivating the pupil for
the act to write, taking itself in consideration that the written modality assumes role of great
significação for the social and academic life of the same. From some considerações made on
the production of texts, the article approaches referring questions to the functions of the
writing, as well as the types of text and the standards of textualidade of the written expression.
Leaving of the principle that the paper of the professor is of basic importance in this process,
one becomes clear the necessity that these if consider to create an environment propitiate and
profícuo for the work with the writing. The practical one of production of texts is presented
some suggestions, as well as, the adjusted form more of evaluation of the texts of the pupils.

Key word: Production of texts. To captivate. Professor. Suggestions.

1
Pós-graduanda do Curso de Especialização em Língua Portuguesa, Pós-graduada em Psicopedagogia pela
Universidade Estadual do Maranhão.
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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, exige-se do aluno a capacidade para criar textos coerentes, coesos e


eficazes. Contudo, é necessário estar em contato com os diferentes usos da língua, o que só é
possível através da leitura de diferentes tipos de textos. A vivência com diferentes tipos de
textos irar ajudar a conhecer, interagir e a perceber as manifestações da língua escrita.
No entanto, sabe-se que para muitos, o ato de escrever não é agradável, pois quase
sempre não há um contato sistemático com bons materiais de leitura e com adultos leitores, ou
com situações que exijam práticas de leitura e de escrita.
Cabe à escola despertar aqueles que têm dificuldades em escrever, fazendo com
que esses leiam, escrevam bastante e consigam sanar essa dificuldade. Para isso, a produção
de textos deve fazer parte de uma prática constante em sala de aula, organizada em torno de
situações que permitam lidar com uma grande variedade de textos e desenvolvida em um
ambiente de camaradagem e respeito, de prazer e trabalho.
Com tudo isso, a importância deste estudo está ligada à possibilidade de se apostar
em uma proposta educativa que possibilite aos alunos adquirirem progressivamente uma
competência em relação à linguagem escrita. Assim, o presente estudo poderá ser aproveitado
por professores, visando o melhor domínio da expressão escrita.

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO DE TEXTOS

Vivendo em uma sociedade que prestigia a linguagem escrita como um dos


instrumentos de comunicação, é imprescindível a aplicabilidade da mesma de forma eficiente
na escola, a fim de que possa introduzir o aluno no mundo da escrita, tornando-o um cidadão
funcionalmente letrado, capaz de fazer uso da linguagem para as suas necessidades
individuais e para atender as várias demandas dessa sociedade.
Escrever é um dos mais adequados meios para a formação da personalidade do
homem, tornando-o livre, independente, realizado intimamente. Quem escreve é levado a
isolar-se, a pensar, a refletir. Aí está o mérito da redação. Quem escreve, analisa, concentra-
se, valoriza-se, raciocina, critica, apresenta soluções próprias, aprende a ver profundidade e
luta contra os que o impinge idéias prontas, frases feitas para substituir seu pensamento e sua
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linguagem.
Pressupõe-se que o ato de escrever seja uma busca, uma investigação do mundo
ou de si mesmo. Essa busca deve proporcionar prazer. Portanto, o prazer é o próprio escrever
e assim as atividades executadas pelo aluno devem ser resgatadas no momento da criação de
textos.
É preciso, portanto, facilitar a produção de texto do aluno, dando-lhe as condições
ideais para o mesmo tornar-se um escritor competente, um produtor de significados e não um
mero reprodutor de textos. Para Felizardo (1985, p. 5) “ensinar um aluno a redigir é prepará-
lo cuidadosamente para aquisição e desenvolvimento de tal habilidade, dada a extrema
importância que a mesma deva assumir em suas perspectivas individuais e sociais”.
Ao desenvolver a habilidade de escrever, criam-se caminhos que levam a adquirir
atitudes e conhecimentos indispensáveis ao desempenho educacional. É na comunicação
escrita que o homem encontra registro dos fatos pesquisados ou marcos e deixa registrado o
que concluiu em sua busca ao deciframento do saber.
Por esses motivos à escola precisa dedicar-se ao ensino da língua escrita de modo
que esta contribua para o desenvolvimento do homem na sociedade em que está inserido.
Entre as variáveis existentes que garantem as condições ideais para a produção de
textos está fazer o aluno refletir sobre as inúmeras possibilidades que o código lingüístico lhe
oferece para expressar o conhecimento de si, de suas emoções, da própria realidade, incluindo
a projeção de seu imaginário por meio de uma linguagem expressiva, marcada de
intencionalidades, que procurarão tocar positivamente o leitor. Além disso, inclui-se seu
posicionamento ideológico, sua visão de mundo.
Inclui-se também o conhecimento das regularidades da língua, o manejo das
estruturas subjacentes, enfim, o domínio de uma gramática do texto. E, principalmente, inclui-
se a progressão discursiva que garante a coesão e a coerência do texto responsável pela
distinção entre um simples amontoado de frases e um conjunto organizado lógica e
semanticamente.

2.1 Funções da língua escrita

Verifica-se que a habilidade de escrever permite ao homem agir no mundo que o


cerca e como interagir. Entende-se que interage quem tem o que dizer (seqüência de
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informações em relação ao mundo que o cerca), a quem dizer (interlocutor real) e o porquê e
para que dizer (objetivos a que se propõe e aos assuntos tratados).
A opção pela interação por meio da escrita, segundo Soares (1990, p. 7), se dá nas
seguintes condições:

Escreve-se para superar os limites de espaço e de tempo (escreve-se quando o


interlocutor não está presente aqui, agora); escreve-se quando se precisa de tempo
para organizar o pensamento, as opiniões que se quer expressar; escreve-se como
apoio a memória (escreve-se para não esquecer, para retornar ao que se pensou);
escreve-se como catarse, como forma de clarear para si mesmo pensamentos,
sentimentos, escreve-se como forma de expressão estética, artística.

São essas as principais funções da linguagem escrita para o cidadão. Cabe ao


professor criar situações que, a despeito do inevitável artificialismo das condições escolares, o
uso da escrita se imponha para atender essas necessidades.

2.2 Tipos de redação

É imprescindível que o trabalho com a produção de textos abranja todos os tipos


de textos. Entendendo-se aqui por tipos de textos a classificação tradicional em narrativos,
descritivos e dissertativos. Cada um deles com uma função distinta.

⇒Texto narrativo
No texto narrativo relata-se um fato real ou imaginário, seguindo um tempo
cronológico ou psicológico. Nele os termos introdução, desenvolvimento e conclusão podem
ser substituídos respectivamente por exposição, enredo e desfecho. Na exposição comenta-se
o que vai ser narrado e determina-se tempo e cenário, explica-se a causa dos fatos e apresenta-
se personagens, no enredo detalhe-se como tudo aconteceu e no desfecho relata-se como tudo
terminou ou quais foram as conseqüências.
Segundo Bilac (apud BAÇAN, 1999, p. 85) “a exposição dá a conhecer o local e
enredo e o memento da ação, apresenta as personagens e fornece todos os antecedentes que
preparam e podem influir sobre o desfecho”.
Um texto narrativo tem quatro características básicas: a primeira é que ele é um
conjunto de transformação de situações referentes a personagens determinadas ou coisas
particulares num tempo preciso e num espaço bem configurado; a segunda é que ele apresenta
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predominantemente termos concretos; a terceira é que em seu interior há sempre uma


progressão temporal entre os acontecimentos relatados e a quarta é que a narração é posterior
a história contada.
É importante o aluno conhecer essas quatro características, pois elas devem estar
presentes na narração.

⇒Texto descritivo
No texto descritivo representa-se um objeto, uma cena, uma pessoa, um lugar,
uma coisa, etc., por meio de palavras, procurando explorar os cinco sentidos humanos, através
dos quais mantêm-se contato com o mundo. A descrição é um texto constituído de três partes.
Na introdução prepara-se para fazer a descrição, dispõe de certa liberdade; no
desenvolvimento faz-se a descrição, há de se obedecer a determinadas normas; e na conclusão
termina-se a narração.
São cinco as características do texto descritivo: a primeira é que ele é um texto
figurativo; a segunda é que não relata propriamente mudanças de situação; nele, ações e
qualidades são vistas como um estado único; a terceira é que não existe relação de
anterioridade e posterioridade entre seus enunciados; a quarta é que nele os tempos verbais
básicos utilizados são o presente e o pretérito perfeito; e a quinta é que sua organização é
espacial.
Baçan (1999, p. 77) em suas considerações sobre a descrição comenta: “Uma boa
descrição é viva, animada e realista, sem ater-se ao vulgar. Os detalhes devem ser
empolgantes e escolhidos dispensando-se comentários”.

⇒Texto dissertativo
Nos textos dissertativos impõe-se idéias a respeito de um tema e defendendo uma
posição a respeito dele. Pode ser dividido em introdução, desenvolvimento e conclusão. Na
introdução apresenta-se o tema e dois ou três argumentos significativos em relação a ele; no
desenvolvimento esclarece se os argumentos apresentados na introdução; e na conclusão
sintetiza se as argumentações e faz-se a conclusão.
O texto dissertativo é temático, ou seja, trata de análises e interpretações, mostra
mudanças de situação, tem uma ordenação que obedece às relações lógicas e seu tempo por
excelência é o presente no seu valo atemporal.
Para Fiorin e Saviolli (2000, p. 253) “o texto dissertativo é mais abstrato que os
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outros dois, ele explica os fatos concretos da realidade”. Exatamente por esse motivo, numa
dissertação, as narrações ou descrições que aparecem em seu interior, ocorrem apenas para
argumentar a favor delas ou contra elas.
Não raramente se pensa que é só na dissertação que o produtor do texto expressa
seu ponto de vista sobre o objetivo posto em discussão. No entanto, é possível perceber que
também na narração e na descrição estão presentes os pontos de vista de quem escreve o
texto. A diferença entre os tipos de textos é a maneira como o escritor apresenta seu ponto de
vista.
O trabalho com os diferentes tipos de textos deve ser prático, fornecendo aos
alunos elementos para uma assimilação dos princípios básicos de um bom texto, capacitando-
o a preparar-se adequadamente para escrever.

2.3 Padrões de textualidade da expressão escrita

Para qualquer uma das funções da língua escrita e em qualquer dos tipos de
redação apresentados é imprescindível desenvolver no aluno o domínio dos padrões de
textualidade da expressão escrita. A cada um desses padrões correspondem normas cujo
domínio pelo aluno deve ser sistemática e progressivamente orientado.
Segundo Soares (1990, p. 16) esses padrões e normas estão sintetizados da
seguinte forma:

• Padrão de organização
Normas: deve haver uma idéia central que oriente toda a redação; a redação de se
compor de introdução desenvolvimento e conclusão; a disposição na página deve ser
adequada.
• Padrão de unidade
Normas: todas as idéias devem ser relevantes para a idéia central e relacionar-se
com ele; divisão em parágrafos deve ser adequada: não deve haver fragmentação da
mesma idéia em vários parágrafos, nem apresentação de muitas idéias num só
parágrafo; em cada parágrafo divisão das idéias em períodos deve ser adequada: uso
conveniente de períodos simples e composto por coordenação e subordinação.
• Padrão de coerência e coesão
Normas: as idéias devem se desenvolver em ordem lógica; a seqüência dos
parágrafos na redação e dos períodos nos parágrafos deve ser natural e coerente; a
organização de cada período deve expressar com propriedade as relações entre as
idéias; a transição entre os parágrafos e entre os períodos deve ser adequada: uso
apropriado das partículas de transição e palavras de referência.
• Padrão de clareza e concisão
Normas: não deve haver por menores excessivos, palavras ou expressões
desnecessárias; não deve haver redundâncias; o vocabulário usado deve ser exato
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preciso e adequado.

As normas citadas são indissociáveis, todas elas devem estar presentes em toda e
qualquer redação, por isso, o uso das mesmas deve ser o objetivo de todos os exercícios de
redação.
Vale lembrar que não são apenas os exercícios de redação que levam os alunos ao
domínio dessas normas. Nos exercícios de gramática, por exemplo, ele aprende a usar
convenientemente período simples e composto. Além disso, os desenvolvimentos de
habilidades de redação estão presentes também em inúmeras oportunidades que surgem, a
cada momento na sala de aula, permitindo ou exigindo o uso da expressão escrita.
Cabe ao professor se valer de todas essas oportunidades para fazer com que os
alunos dominem todas essas normas e assim, possam escrever sem muita dificuldade.

2.4 Leitura, valiosa auxiliar da redação

O trabalho com leitura, além de objetivar a formação de leitores competentes,


constitui a matéria prima para o ato de escrever, pois só mesmo quem tem o hábito de leitura é
capaz de escrever sem grandes dificuldades. Isso porque quem lê com freqüência dispõe de
um vocabulário mais rico e compreende melhor a estrutura gramatical e as normas
ortográficas da Língua Portuguesa.
Segundos Martos e Mesquita (1995, p. 9) “a leitura desenvolve o potencial criador
da imaginação humana”. Por isso, quanto mais variados, interessantes e diversificados forem
os textos lidos maiores serão as chances do leitor se tornar um escritor competente.
Um escritor precisa ler para observar e absorver o que foi lido. Um escritor
precisa ler para se enriquecer culturalmente. Um escritor precisa ler bons textos para escrever
de forma coerente e coesa de acordo com a situação de produção.
A leitura tem a função também de organizar as informações adquiridas ao longo
dos anos. À medida que se lê, um mundo de magia e conhecimento, de informações e ritmos,
de certezas e possibilidades se revela àquele que tem, nas mãos e nos olhos, a chave do
tesouro a ser descoberto. A leitura é necessária e, assim como a arte, tem inúmeras
atribuições. Por outro lado, antes de se buscar a leitura, faz-se indispensável escolher bem o
texto a ser lido, pois para que o leitor se informe é necessário que haja entendimento daquilo
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que ele lê.


O próximo passo a ser tomado é fazer uma leitura crítica, isto é, reconhecer a
pertinência dos conteúdos apresentados, tendo como base o ponto de vista do autor. Ler
criticamente é, sobretudo, ler cuidadosamente.
O sujeito que pretende desenvolver a capacidade de formar opiniões críticas e
chegar a avaliações pessoais necessita ler por iniciativa própria. Não ler apenas por
conveniência, mas acima de tudo ler por prazer, por desejo próprio de se divertir ou conhecer
algo.
A leitura deve ser útil, deve aproximar aquele que lê daquele que escreve e deve
propiciar, antes de qualquer coisa, a reflexão. No ensino de Língua Portuguesa, ao se tratar de
produção de texto devemos automaticamente pensar em leitura. Na verdade, a prática de
leitura é parte fundamental no processo de elaboração de um texto. Câmara Jr. (2001, p. 61)
se referiu a esse aspecto textual: “A arte de escrever precisa assentar, numa atividade
preliminar já radicada, que parte do ensino escolar e de um hábito de leitura inteligentemente
conduzido”. A esta afirmação pode-se acrescentar, de forma mais radical, que quem não lê,
não escreve com facilidade.
Portanto, há de se reforçar o que Garcia (1992) disse: “aprender a escrever é
aprender a pensar”. Pode-se completar essa afirmação com a idéia de que para se pensar, ou
melhor, refletir a respeito de algo, é preciso conhecer a temática a ser abordada e, adquire-se
conhecimentos vivenciando experiências, conversando, lendo com bastante freqüência.

2.5 O professor na formação do escritor

O papel do professor constitui-se basicamente em ajudar a aprender em todos os


aspectos, isto é, na aquisição e desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, valores,
idéias ou qualquer tipo de aprendizagem ainda não desenvolvida e julgada importante e
necessária para o educando, tanto pessoal como socialmente.
Nessa perspectiva, entende-se que o papel do professor é despertar o interesse dos
alunos para os estudos em sala e extra-sala, indo muito além de simplesmente transmitir
informações.
Quanto à aprendizagem da escrita, o papel do professor é o de ensinar o processo
de produção de texto e não somente o ato mecânico de desenhar palavras. O ato de escrever
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na escola não deve se caracterizar por um momento enfadonho, que provoque bloqueio na
expressão do aluno.
O ato de escrever deve se concretizar em uma atmosfera que traduza o prazer de
escrever. Nesse sentido Jolibert (1994, p. 16) afirma: “prazer de inventar, de construir um
texto, prazer de compreender como ele funciona, prazer de encontrar o tipo de escrita e as
formulações mais adequadas à situação, prazer de progredir, prazer da tarefa levada ata o fim,
do texto bem apresentado”.
Cabe então ao professor dominar uma metodologia que lhe permita desenvolver
nos alunos a habilidade de exercitar a expressão escrita, com encadeamento lógico, interesse
por adquirir novos vocábulos e cuidado em expressar-se de forma coerente. Como observa
Lima (1980, apud VIEIRA, 1988, p. 44) “metodologia é um elemento crucial”. Ele afirma
ainda que “a resistência à aprendizagem de modo geral tem como causa a estratégia utilizada
pelo professor”.
É importante ressaltar que mesmo ficando aos professores de Língua Portuguesa a
difícil, porém, necessária tarefa de levar os alunos a se comunicarem, lingüisticamente por
escrito, isso não tira dos professores de outras disciplinas escolares a responsabilidade pelo
ensino da língua, cabendo a eles exigirem escrita adequada à situação de produção, avaliar a
ordenação gráfica dos trabalhos solicitados e fugir da mecanização dos testes que eliminam do
ensino uma das suas características essenciais que é escrever.
Em síntese, para que os alunos façam uma boa redação, faz-se necessário que eles
sejam orientados e sintam-se motivados, como comenta Felizardo (1985, p. 5) “escrever bem,
com criatividade e prazer, poucos conseguem sem o procedimento necessário do professor”.

1 SUGESTÕES À PRÁTICA DE PRODUÇÃO DE TEXTOS

No sentido de cativar o aluno para o ato de escrever e implementar uma prática


continuada de produção de textos na escola, sugere-se ao professor:
• Descartar o lugar comum de que, por força da imagem (televisão, vídeos, jogos
eletrônicos, computador), os alunos não gostam de ler e não lêem nada. O
escritor Umberto Eco afirma: “Falar de uma guerra entre o visual e a escrita á
totalmente ultrapassada”. Isso significa que não se pode dissociar a produção
de texto da leitura de texto, e da leitura de imagens. Ambas constituem fonte
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de estímulo ao ato de escrever, suscitam o diálogo.


• Proporcionar a desinibição, encorajar a expressão espontânea, estimular a
fluência de idéias, criar o respeito, valendo-se de situações que levem o aluno a
expressar-se oralmente.
• Provocar a vontade de escrever por meio de leituras orais, feitas pelo professor,
ou pelos próprios alunos.
• Propor, eventualmente, situações de produção de textos, em pequenos grupos,
nas quais os alunos discutam determinado assunto e, em seguida, criem um
texto coletivamente.
• Promover encontros com escritores. A partir do diálogo com os alunos, o autor
pode contar como escreveu a obra, como criou os personagens e muitas
curiosidades que ocorrem na leitura de um livro.

Para que essas atividades constituam um desafio à criatividade e ao desempenho


dos alunos e permitam desenvolver sua competência escrita é necessário que o professor crie
um ambiente especial para a produção de textos e trabalhe sempre que possível com projetos.

→Espaço de criação
A fim de estimular cada vez mais os alunos, o professor pode decorar uma sala
ambiente, contendo elementos que forneçam sugestões para a criação de um trabalho escrito.
O ideal seria uma sala que se destinasse exclusivamente a esse fim, mas como em grande
parte das escolas isso não é possível, o ambiente pode ser criado na própria sala de aula.
O professor organiza a sala com alguns materiais de apoio, como: diversidade de
textos, revistas, jornais, recortes, dicionários, enciclopédias, aparelho de som, DVD e os
materiais criados pelos alunos.

→Projetos
Os projetos consistem em propor situações que os alunos produzam textos em
condições reais de interação verbal escrita. Eles são uma ótima oportunidade para que os
alunos possam produzir textos com intenção clara. Os projetos devem ter um objetivo bem
definido e os alunos precisam entender que as pesquisas, entrevistas, as leituras, se destinam a
um fim combinado em conjunto entre a classe e o professor.
Os projetos podem durar uma semana ou alguns meses e envolver várias
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disciplinas. Os resultados podem ser a organização de um livro com as próprias histórias dos
alunos, a organização de antologias, a apresentação de um jornal falado, a confecção de um
jornal mural ou impresso, uma exposição, uma feira de livros, uma revista, etc. A grande
vantagem é que eles obrigatoriamente exigem o envolvimento e o compromisso de todos os
alunos. Com isso, mesmo tarefas que em outro contexto pareciam sem sentido – como copiar,
corrigir várias vezes o texto – tornam-se reais e necessárias, já que os alunos conhecem o
objetivo de seu trabalho e sabem que ele será lido por leitores de fora da classe.

2.6 Avaliação da produção de texto

Ressalta-se a importância da correção dos textos dos alunos, não que seja
necessário corrigir toda e qualquer produção, mas é necessário avaliar o processo pelo qual
passa o aluno individualmente e a turma como todo, interferindo nesse processo, a fim de
fazer os ajustes precisos.
Há alternativas de correção de redação que, ao mesmo tempo que poupam ao
professor tempo e trabalho, apresentam inegáveis vantagens, porque associam a avaliação à
aprendizagem.

⇒ Algumas sugestões:
• Não se preocupar exaustivamente com a correção dos erros, mas com a ousadia
dos acertos.
• Marcar as incoerências segundo um código preestabelecido, isto é, um sinal
diferente para cada tipo de situação ou abordagem inadequada, quando esse
código é automatizado pelos alunos a sinalização dos erros se faz rapidamente.
• Desenvolvida a redação, solicitar aos alunos, que corrijam, em sala se aula,
individualmente ou em grupos as falhas marcadas com o uso de um dicionário,
de gramática e com orientação do professor.
• Selecionar algumas redações e levar os alunos a analisá-las.
• Propor a troca de redações entre os alunos para que cada um corrija a de um
colega.
• Indicar trechos obscuros para que o próprio aluno redija de forma clara,
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precisa.

O importante sempre é que a correção das redações seja antes um procedimento


de orientação aos alunos, no uso da língua escrita, que é uma avaliação do produto que resulta
desse uso.

3 CONCLUSÃO

Não há jeito especial para se fazer uma redação, ao contrário do que muita gente
pensa. Há apenas falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vencem. Não
esquecendo que comunicar-se é uma necessidade vital do ser humano. E encontrar uma forma
satisfatória de expressar uma idéia é motivo de realização pessoal.
Espera-se, através das idéias aqui abordadas, contribuir para que o ensino de
Língua Portuguesa, no que se refere à produção de textos, passe a ser mais produtivo e tenha
um real sentido para educadores e educandos.
Tudo que foi dito pretende evidenciar que o ensino de redação voltado para uma
prática constante que possibilite trabalhar uma grande variedade de textos, objetivando
enriquecer as experiências dos alunos, dentro de um ambiente de prazer e trabalho, os tornará
participantes, interessados e ativos, desejosos de comunicarem-se por meio da palavra escrita.
Além disso, procura-se mostrar que as atividades de leitura e de escrita não podem
ser exercidas separadamente, pois se forem integradas uma a outra, e a todas disciplinas que o
aluno estuda, o ensino-aprendizagem se tornará mais ágil e eficaz.
Acredita-se em um ensino de produção de textos que seja um instrumento de
comunicação e interação, para que os alunos transformem-se realmente em cidadãos capazes
de expressar por escrito, e de modo conciso, coerente e coeso seus sentimentos,
conhecimentos, pensamentos, suas expressões e opiniões.
Então, é nesse contexto que situa se o presente trabalho, como mais um
instrumento a favorecer o desenvolvimento dos alunos, quanto à prática de produção de
textos.
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REFERÊNCIAS

BAÇAN, Lourivaldo Pez. Redação: passo a passo. Londrina: Valdyr Oeda, 1999.

BLOOM, Harold. Como e por que ler. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

CÂMARA JR, Joaquim Matosso. Manual de expressão oral e escrita. 21. ed. Petrópolis:
Vozes, 2001.

FELIZARDO, Zoleva C. Teoria e prática de redação. 4. ed. São Paulo: Nacional, 1985.

FIORIM, José Luís; SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação. 4. ed.
São Paulo: Ática 2000.

GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. 15. ed. Rio de Janeiro:
Fundação Getulio Vargas, 1992.

JOLIBERT, Joset. Formando crianças leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

KATO, Mary. A. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística. 2. ed. São Paulo:
Ática, 1987

MARTOS, Cloder Rivas; MESQUITA, Roberto Melo. Técnica e criatividade de redação.


10. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. A leitura no contexto escolar. Série idéias. n. 5. São
Paulo:FDE,1988.

SOARES, Magda. Português através de textos. São Paulo: Moderna, 1990 (Coleção
Didática).

VIEIRA, Maria Divanete. Metodologia da redação para alunos que não gostam de ler e
escrever. São Paulo: Saraiva, 1985.

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