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Amor e Juventude

“Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem
sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é
o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne
em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas.” Lázaro¹

Nesta citação, podemos perceber a clara trajetória que todos construímos ao longo de nossa
infinita existência. As experiências vivenciadas uns com os outros revelam nossos saberes
sobre nós mesmos e demarcam nossas possibilidades de progresso espiritual. Tanto numa
escala macro de nossa existência, a qual Lázaro pronuncia, tanto numa escala micro, olhando
apenas para a nossa atual encarnação, vemos essa linha assim construída.
Ainda crianças nossa necessidade de atenção se resume na aprendizagem de amor vindo de
nossos pais. Sim, é com eles que aprendemos a amar. Dizemos aprender porque é mesmo
assim. Se não fosse por isso, não conseguiríamos desenvolver em nós a capacidade latente de
amar. Atrofiaríamos nossa mente, nossa capacidade de aprender, de desenvolver, de construir,
definharíamos literalmente. Ainda jovens, o amor nos guia mundo afora. Aprendemos a amar
com nossos pares; formar e manter laços de amizade, descobrir novas possibilidades de dar
continuidade aquilo que aprendemos em nosso lar. Quando adultos, somos sempre resgatados
de nossas dores pelo amor, nos sentimos recuperados e refeitos, fortalecidos e confiantes
quando acrescemos nossa vida de amor.
Poderia ser assim bem simples, não é mesmo? Mas ainda não é. Não é, porque não está
desenvolvido plenamente a condição de amar em nós. A educação dos sentimentos não está
entre nós como prioridade dos lares, das escolas, das organizações públicas e privadas, não é
prioridade psicossocial.
Nossos jovens demonstram essa fragilidade através de suas escolhas, de suas vivências
pessoais e sociais. O jovem pós-contemporâneo vive correndo o risco de repetir velhas
condutas, velhas posturas. Veem demonstrando a inquietação e insegurança daquele que
sofregamente busca o preenchimento de seu ser. Falta-lhes amor. Aquele “sol interior que
reúne as aspirações e revelações sobre-humanas.” Precisam ver e sentir essa força interior que
nos reveste de coragem e disposição no prosseguir e sonhar. Precisam acreditar que é possível
amar plenamente como forma de fortalecimento das convicções morais, as quais os tornarão
aptos para estabelecerem a construção de uma nova sociedade. Negar-lhes essas experiências
é negar-lhes o direito ao progresso espiritual.
A moralidade está intimamente ligada à condição de amar. Só aquele que ama é capaz de
respeitar, de ser caridoso, probo, humilde, justo. Só aquele que ama é capaz de ser chamado
de homem de bem, de ser perfeito.
Se nossa preocupação em torno de nossos jovens é de que tenham condições intelectuais para
conquistarem um lugar na sociedade, que seja também a de ter condições morais para
vivenciá-las; se lotamos sua agenda de atividades físicas, escolares e lazer, que seja também a
de reservar momentos em família de oração e conversações edificantes e esclarecedoras; se
nosso empenho está em ajudá-los a se relocarem no mundo do trabalho, que seja também de
perceberem que sua força braçal poderá ajudar aquele que não teve a mesma condição que
ele, exercendo a caridade.
Por fim, tratemos de aprender para ensiná-los a serem conscientes para escolher, justos para
dar, probos para renovar e humildes para amar.
Nas belas palavras de Emmanuel deixamos a todos uma breve reflexão:
“Diante de todos os que começam a luta, a senha será sempre - “velar e compreender” - afim
de que saibamos semear e construir, porque, em todos os tempos, onde a juventude é
desamparada, a vida perece.”²

Referências:
1.KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo.11. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,
2001. cap.XI, item 8, p. 186.
2. XAVIER, Francisco C. Religião dos espíritos. 20. ed. Rio de Janeiro: 2007. p. 137-139.

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