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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CAMPUS X – TEIXEIRA DE FREITAS
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – LICENCIATURA

Desde a primeira aula, quando nos conhecemos e iniciamos as nossas atividades em


sala de aula, combinei comigo mesmo que vocês não seriam apenas alunos, e sim meus colegas.
Colegas professores, educadores e principalmente cientistas (sim, todo cientista é um educador
em potencial e vice-versa), com objetivos sólidos de transformarmos nossos sonhos de educação
e ciência em realidade.
Sonhos estes que se iniciaram com grandes mestres da educação e da ciência tais
como Mendel, Piaget, Darwin, Freinet, Lamarck, Pasteur, Vigotscky, Albert Einstein, Anísio
Teixeira, Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Darcy Ribeiro, Paulo Freire, Rubem Alves e outros tantos
sonhadores que viveram, morreram e ainda vivem (alguns em nossos pensamentos) apaixonados
pela ciência e pela educação.
Fiquei imaginando o que falar neste momento ímpar em suas vidas, nada melhor do
que mergulhar nos livros e iniciar uma grande viagem pelo mundo e pelos séculos com vários
filósofos, cientistas, poetas, escritores, pesquisadores, e tantos outros educadores.
Tentarei descrever para vocês a minha fascinante e fantástica experiência que tive ao
viajar pelo maravilhoso mundo do conhecimento através dos tempos.
Iniciei minha jornada na China do séc. VI a. C., onde ao me encontrar com o filósofo
Lao Tsé fui presenteado com dois ensinamentos dos quais nunca me esquecerei. Disse-me ele:
‘Uma viagem de mil quilômetros começa com apenas um passo.’ A partir desse
momento notei que tudo tornou-se muito próximo, não existe nenhum caminho que vocês não
possam seguir. E para vocês cientistas-educadores ele deixou uma pérola de frase como presente:
‘Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se o ensinares
a pescar, vais alimentá-lo toda a vida.’
Depois desta minha visita à China de Lao Tsé, reiniciei a minha viagem. Passei pela
Itália do séc. XVI, terra de grandes artistas, cientistas, filósofos e gênios como Galileu Galilei. Ao
encontrar com este cientista disse-me ele: ‘Não se pode ensinar alguma coisa a alguém,
pode-se apenas auxiliar a descobrir por si mesmo.’ Refleti e conclui que na verdade tudo
depende de nossas forças. Vocês escolhem o caminho a seguir, mas chegar até o final só
dependerá de suas próprias forças.
Fiquei perambulando pelas minhas idéias e pensamentos, imaginando o que poderia
acontecer se eu tomasse um caminho errado, quando de repente me vi na América do Norte,
mais precisamente nos EUA no final do séc. XIX, onde me encontrei com o escritor Elbert
Hubbard, que ao notar o meu receio de errar disse-me: ‘O maior erro que você pode
cometer na vida é o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum.’ A partir de
agora jamais tenham medo de errar.
Ainda neste séc. XIX (por sinal, riquíssimo em grandes nomes da ciência e da
educação), passei pela França e fui de encontro com o grande cientista Louis Pasteur, que também
tinha uma grande preocupação com a educação das crianças. No nosso bate-papo ele me falou
uma grande verdade: ‘Dois sentimentos me assaltam quando me aproximo de uma
criança: um de ternura pelo presente; outro de respeito pelo que ela pode se tornar
um dia.’ A partir deste momento confirmei o que eu imaginava, devemos respeitar todas as
crianças e seus potenciais, pois um dia ela tornar-se-á um adulto e quem sabe um grande líder
mundial.
Nesta viagem surreal e atemporal consegui chegar ao séc. XX. Na Europa tive a
chance de conversar com dois grandes educadores, o suíço e biólogo Jean Piaget e o francês
pedagogo Célestin Freinet.

Discurso Proferido Pelo Professor Homenageado M. Sc. Jorge Luiz Fortuna na Colação de Grau da Turma de
Licenciatura em Ciências com Habilitação em Biologia da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – Campus X –
Teixeira de Freitas em 11 de Julho de 2008.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CAMPUS X – TEIXEIRA DE FREITAS
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – LICENCIATURA

Piaget, ao perceber a minha preocupação com a educação das gerações, disse-me sem
rodeios: ‘Levar as pessoas a criar coisas novas em vez de repetir o que as gerações
anteriores fizeram. Isso é educar.’ Enquanto isso Freinet me presenteou com um grande
ensinamento, disse-me ele: ‘A educação não é uma fórmula de escola, mas sim uma obra
de vida.’ Não preciso nem dizer como fiquei extasiado com tantos ensinamentos vindo destes
dois ilustres gênios da educação. Espero que vocês também.
Agora vocês devem estar se perguntando. E o Brasil? E os grandes educadores e
cientistas brasileiros? Fiquem calmos, pois esta viagem está chegando ao seu destino final. A
educação e a ciência brasileira.
A minha fantástica viagem, continua pelo início do século XX, onde me encontrei com
dois grandes nomes da ciência brasileira e mundial, Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, sendo o
primeiro um lutador contra as enfermidades que assolavam a capital brasileira na época, a minha
querida cidade de nascimento, o Rio de Janeiro. Vocês, biólogos, devem se lembrar da famosa
Revolta da Vacina, onde o povo ignorante da época não aceitava a campanha de vacinação contra a
febre amarela proposta por Oswaldo Cruz. Este teve que praticamente reeducar o povo para que
entendesse a importância daquela campanha. Isto mesmo a educação auxiliando a ciência e vice-
versa mais uma vez. A partir desta experiência Oswaldo Cruz expôs sua idéia: ‘Pelos erros dos
outros, o homem sensato corrige os seus.’ Talvez por isso, hoje nós todos sabemos a
importância das campanhas de vacinação.
Carlos Chagas, um cientista brasileiro e mundial digno de menção por ser singular na
história da ciência, pois foi o único cientista que descobriu e descreveu o agente etiológico, o
transmissor e o quadro clínico de uma mesma doença (Doença de Chagas), estava no canto da
sala com sua inseparável bengala e chapéu de coco, observando o meu bate-papo com seu
orientador Oswaldo Cruz, aproveitou a deixa do seu mentor e disse: ‘Para saber se um
comportamento é ético, basta pensar no que acontecerá se todos resolvessem agir
daquela maneira.’ Mas uma vez a ficha cai em meus pensamentos e reflito sobre a importância
de todos vocês, seja na vida profissional e/ou na sociedade, serem sempre éticos sem passarem
por cima de ninguém.
Continuando a minha viagem fantástica, surgem em minha mente os ideais de dois
grandes gênios da educação: Paulo Freire e Rubem Alves. Se por um acaso eu fosse presenteado
com algum tipo de desejo, tenho certeza que eu pediria para que todos os educadores brasileiros
seguissem os pensamentos e os ideais destes dois mestres da educação.
Nesta viagem pelo mundo da educação, tive o prazer de entrar em contato com Paulo
Freire que foi logo dizendo de sopetão: ‘Sem a curiosidade que move, que me inquieta,
que me insere na busca, não aprendo nem ensino.’ E com uma única pausa fez com que eu
aprendesse mais, ao me falar que: ‘Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si
mesmo, os homens se educam entre si mediados pelo mundo.’
A partir deste momento, de completa felicidade, tudo parecia um sonho. Foi neste
instante que surgiu o Rubem Alves e disse-me quase sussurrando: ‘A educação é um processo
pelo qual aprendemos uma forma de humanidade.’ E para vocês cientistas-educadores
deixou um ensinamento: ‘Professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por
amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de
um grande amor, de uma grande esperança.’
Chego ao fim desta minha jornada aproveitando o que uma vez me disse um poeta
irlandês: ‘Espalhei meus sonhos aos seus pés. Caminhem devagar, pois vocês estarão
pisando neles.’ Obrigado!!

Discurso Proferido Pelo Professor Homenageado M. Sc. Jorge Luiz Fortuna na Colação de Grau da Turma de
Licenciatura em Ciências com Habilitação em Biologia da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – Campus X –
Teixeira de Freitas em 11 de Julho de 2008.

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