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FACULDADE PARA O

DESENVOLVIMENTO DE PERNAMBUCO

PÓS-GRADUAÇÃO EM AUDITORIA
FISCAL E TRIBUTÁRIA

[CONTABILIDADE AVANÇADA]

PROFO. ORLEANS SILVA MARTINS

USO RESTRITO PARA O ACOMPANHAMENTO DAS AULAS


FACULDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERNAMBUCO

Curso:
ESPECIALIZAÇÃO EM AUDITORIA FISCAL E TRIBUTÁRIA
Disciplina: Semestre:
CONTABILIDADE AVANÇADA 2008.2
Professor: Carga Horária:
ORLEANS SILVA MARTINS 22 horas

Conteúdo Programático:
1. Aspectos avançados da contabilidade e a análise das demonstrações financeiras;
2. Análise avançada das demonstrações financeiras;
3. Análise do capital de giro;
4. Elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa
5. Gestão baseada em valor;
6. EVA;
7. Custo de capital.

ASPECTOS AVANÇADOS DA CONTABILIDADE E A Em 1915, determinava o Federal Reserve Board (o Banco


ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Central dos Estados Unidos) que só poderiam ser renegociados
os títulos de empresas que tivessem apresentado seu balanço
O objeto de estudo da Contabilidade é o Patrimônio das ao banco, medida instituiu o uso das demonstrações financeiras
Entidades. Seus conhecimentos são obtidos a partir de uma como base para a concepção de crédito.
metodologia racional, com as condições de generalidade,
certeza e busca das causas, em nível qualitativo semelhante às No Brasil, até 1968, a análise de balanço era pouco utilizada na
demais ciências sociais. Por conseqüência, todas as suas prática. Nesse ano foi criada a SERASA empresa que surgiu
classificações – método, conjunto de procedimentos, técnica, para operar como central de análise de balanços dos bancos
sistema, arte, para citarmos as mais correntes – referem-se às comerciais, onde este mesmo autor organizou sua parte técnica.
simples facetas usualmente concernentes à sua aplicação Alguns dos índices que surgiram inicialmente permanecem em
prática, na solução de questões concretas. uso até hoje, porém, as técnicas foram aprimoradas.

A contabilidade, na qualidade de ciência aplicada, com ANÁLISE AVANÇADAS DAS DEMONSTRAÇÕES


metodologia especialmente criada para captar, registrar, FINANCEIRAS
acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as
situações patrimoniais e econômicas de qualquer ente possui As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados
este aspecto de prevenção dos riscos e a continuidade dos sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A análise das
empreendimentos. demonstrações financeiras transforma esses dados em
informações e, assim, facilita e torna mais eficiente a análise e
A análise de balanço surgiu dentro do sistema bancário que foi interpretação desses dados. Esta análise, por sua vez, servirá
seu principal usuário, em 1895 o Conselho Executivo da como base informacional tanto para os agentes internos como
Associação dos Bancos no estado de New York orienta a seus para os externos.
membros a pedir aos tomadores de empréstimo declarações
escritas e assinadas de seus ativos e passivos. Acredita que Análises Vertical e Horizontal
nessa época é pouco provável que existissem técnicas analíticas
que possibilitassem a medição quantitativa nos dados dos Através dessas análises pode-se inferir, por exemplo, qual foi a
balanços, as idéias eram vagas em relação ao que comparar. variação da participação de cada credor na empresa, se a
Com o passar dos anos foi se desenvolvendo a noção de empresa teve reduzida ou aumentada sua margem de lucro etc.
comparação de diversos itens sendo o mais comum o ativo
circulante com o passivo circulante.

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Análise Horizontal “O percentual de cada conta mostra sua real importância no
Objetivo: mostrar a evolução de cada conta das demonstrações conjunto”.
contábeis e, pela comparação entre si, permitir tirar conclusões
sobre a evolução da empresa. • Baseia-se em valores percentuais das demonstrações
contábeis;
“A evolução de cada conta mostra os caminhos trilhados pela • Toma como base para o cálculo do percentual de
empresa e as possíveis tendências”. representatividade de cada conta, o valor total do ativo ou
das receitas da empresa;
• Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de
demonstrações contábeis em relação à demonstração Relação entre análise vertical e horizontal
anterior e/ou em relação a uma demonstração contábil • É recomendável que estes tipos de análises sejam usados
básica, geralmente a mais antiga da série. conjuntamente, pois, uma análise horizontal pode
• Essa análise pode ser expressa através de percentuais ou apresentar grande variação em uma conta, no entanto,
de “números-índice”, onde todos os valores da essa conta não represente um valor significativo em relação
demonstração base são representados por 100. ao balanço da empresa.
• Análise Horizontal Encadeada: é efetuada através do Ex: a conta investimentos da empresa pode apresentar uma
cálculo das variações em relação a um ano base. Ex: variação de 2.300% horizontalmente, no entanto, essa evolução
X1 X2 X3 X4 foi de 0,2% para 0,7% do ativo total da empresa.
Estoques 1.500 1.000 1.200 1.500
AHe 100% 67% 80% 100% ANÁLISE VERTICAL (AV): Sua finalidade principal é
apontar o crescimento da representatividade dos
• Análise Horizontal Anual *: é efetuada através do cálculo elementos patrimoniais do balanço patrimonial e da
das variações em relação ao ano anterior. Ex: demonstração de resultado do exercício da empresa,
X1 X2 X3 X4 tendo como base de comparação o ativo total ou a receita
Estoques 1.500 1.000 1.200 1.500 bruta da empresa, a fim de caracterizar tendências.
AHa - 33% + 20% + 25% Conta (item patrimonial)
AV =
* Esta análise não é aconselhável de ser feita de forma Ativo total ou Receita Bruta
isolada.

ANÁLISE HORIZONTAL (AH): Sua principal utilidade é ANÁLISE DOS ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS
acompanhar o crescimento/decrescimento de cada
elemento patrimonial da empresa, ao longo dos períodos. 1) ÍNDICE DE LIQUIDEZ: é utilizado para avaliar a
A análise horizontal pode ser caracterizada de duas capacidade de pagamento da empresa, isto é, constitui
formas: uma apreciação sobre a capacidade de saldar seus
compromissos.
a) Análise Horizontal Encadeada (AHe): É
realizada tomando-se como base um único exercício a) Índice de Liquidez Corrente (LC): Tem como objetivo
social (ano). Exemplo: podemos realizá-la na empresa avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
Beta, utilizando 3 exercícios sociais (2005, 2006 e 2007). obrigações a curto prazo (passivo circulante), utilizando
Assim, tomaremos como base comparativa o ano de todos os seus recursos a curto prazo (ativos circulantes).
2005. Então, 2006 e 2007 serão comparados a 2005. Ativo Circulante (AC)
LC =
20X2 (ano a ser analisado) Passivo Circulante (PC)
AHe = -1
20X1 (ano base)
b) Índice de Liquidez Seca (LS): Tem como objetivo
b) Análise Horizontal Anual (AHa): É realizada avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
através da comparação do exercício social que se deseja obrigações a curto prazo (passivo circulante), utilizando
analisar, com o ano imediatamente anterior. Exemplo: ou seus recursos de maior liquidez (caixa, bancos e
seja, ao analisarmos a empresa Beta, compararemos aplicações) mais seus direitos a curto prazo (duplicatas a
2006 tendo como base 2005, e analisaremos 2007 tendo receber). Ou seja, seu ativo circulante menos os
como base 2006. estoques, por terem menos liquidez.
20X2 (ano a ser analisado) Ativo Circulante – Estoques –
AHa = -1 LS = Despesas Antecipadas
20X1 (ano imediatamente anterior)
Passivo Circulante (PC)
Análise Vertical
Objetivo: mostrar a importância de cada conta em relação à c) Índice de Liquidez Imediata (LI): Tem como objetivo
demonstração contábil a que pertence e, através da comparação avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa obrigações a curto prazo (passivo circulante)
em anos anteriores, permitir inferir se há itens fora das imediatamente, utilizando todos os seus recursos
proporções normais. disponíveis naquele momento (caixa, bancos e aplicações
financeiras).

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Disponibilidades Imobilização Ativo Permanente
LI =
Passivo Circulante (PC) dos Recursos
Exigível a Longo Prazo
Permanentes =
d) Índice de Liquidez Geral (LG): Tem como objetivo
avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas 4) ÍNDICE DE RENTABILIDADE: Expressar a
obrigações, a curto e longo prazos, utilizando todos os rentabilidade da empresa em termos absolutos não tem
seus recursos, a curto e longo prazos. muita utilidade informativa. Por exemplo, dizer que a
Ativo Circulante (AC) + Realizável a Longo General Motors teve um lucro de $ 5 bilhões no exercício
Prazo (RELP) de 2006 e que, no mesmo exercício, a empresa Quitanda
LG =
Passivo Circulante (PC) + Exigível a Longo LTDA. teve um lucro de $ 10 mil, pode impressionar em
Prazo (PELP) termos quantitativos, mas pode ser que a rentabilidade da
GM tenha sido menor do que a da empresa Quitanda.
2) ÍNDICE DE ATIVIDADE: revela os indicadores de
movimentação de estoque, compras e vendas da Sendo assim, devemos relacionar o lucro de um
empresa. empreendimento com algum valor que expresse a
dimensão relativa do mesmo.
a) Prazo Médio de Estocagem: Indica o tempo médio
necessário para a completa renovação dos estoques da a) Retorno sobre o Ativo: revela o retorno produzido
empresa. pelo total das aplicações realizadas por uma empresa em
Prazo Médio de Estoque Médio seus ativos.
X 360 Lucro Operacional
Estocagem = CPV ROA =
Ativo Total
b) Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores: relata
o tempo médio que a empresa tarda em pagar suas b) Retorno sobre o Investimento Total: mostra o
dívidas. retorno produzido pelos recursos deliberadamente
Contas a Pagar levantados pela empresa e aplicados em suas operações.
Prazo Médio de a Fornecedores Lucro Operacional
ROI =
Pagamento a (média) X 360 Patrimônio Líquido
Fornecedores = Compras
Anuais a Prazo c) Retorno Sobre o Patrimônio: calcula o retorno sobre
o investimento realizado pelo empresário:
c) Prazo Médio de Cobrança: revela o tempo médio que Retorno Sobre o Lucro Líquido
a empresa depende em receber suas vendas realizadas a Patrimônio = Patrimônio Líquido
prazo.
Vendas a Rec. d) Margem de Lucro Sobre as Vendas: compara o lucro
Provenientes da empresa com suas vendas líquidas.
Prazo Médio de de Vendas a Lucro Operacional
X 360 Margem Operacional =
Cobrança = Prazo (media) Vendas Líquidas
Vendas Anuais
a Prazo Lucro Líquido
Margem Líquida =
Vendas Líquidas

3) ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO E ESTRUTURA: revela Outros indicadores que também possuem grande utilização são
a composição do capital e do endividamento da empresa. os indicadores de análise das ações. Como exemplo temos o
Lucro por Ação e o Preço de Mercado da Ação pelo Lucro
a) Relação Capital de Terceiros/Capital Próprio: revela da Ação.
o nível de dependência da empresa em relação a seu
financiamento por meio de recursos próprios. CAPITAL DE GIRO
Exigível Total
CT/CP =
Patrimônio Líquido Os recursos são aplicados na empresa de duas maneiras
diferentes: em ativos fixos e em ativos circulantes. A
b) Relação do Capital de Terceiros/Passivo Total: administração do capital de giro caracteriza-se pela
mede a percentagem dos recursos totais da empresa que gestão dos ativos e passivos circulantes. Os ativos
se encontra financiada por capital de terceiros. circulantes seriam Caixa e Bancos, Estoques, Contas a
Exigível Total Receber e Outros Ativos Circulantes. A gestão dos
CT/PT = passivos circulantes caracteriza-se pela gestão das
Passivo Total
contas a pagar em especial.
c) Imobilização dos Recursos Permanentes: revela a
percentagem dos recursos ativos a longo prazo que se O ativo circulante nada mais é do que o conjunto de
encontra imobilizada em vários itens do ativo permanente. recursos de capital que se transformam em recursos
monetários no decorrer de um ciclo operacional.

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As necessidades ou aplicação de capital de giro seriam Método Direto
os valores necessários para a empresa girar seus
negócios que seriam compostos pelas contas: Caixa, Este modelo de apresentação parte das entradas e saídas de
Bancos, Estoques, Duplicatas a Receber, Outros Valores caixa que ocorrem pelos recebimentos de clientes e pagamentos
realizáveis a curto-prazo. a fornecedores ou despesas operacionais. Esta vem a ser a
diferença entre as duas formas de apresentação do Fluxo de
As necessidades são satisfeitas por recursos próprios da caixa. Este método é o proposto no anteprojeto de alteração da
empresa e recursos de terceiros, chamados comumente Lei6404/76. Assim, os fatos que geraram movimentações no
de “cobertura do capital de giro”, isto é, de onde se caixa são divididos em três grupos, de acordo com o FAS 95:
originam os recursos que a empresa aplica no seu capital Operações, Financiamentos e Investimentos.
de giro. Nas Operações são classificados os itens de recebimentos e
pagamentos, relacionados à operação da empresa. Em
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA Financiamentos, classificam-se os fatos que geraram entradas
ou saídas de recursos próprios ou de terceiros, como: aumento
A estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa é de capital em espécie, pagamento de dividendos, aumento das
composta por três partes: exigibilidades de curto prazo ou amortização delas. Vale
• Atividades Operacionais. ressaltar que, no grupo de Financiamentos, devem classificar-se
• Atividades de Investimentos. apenas as amortizações de empréstimos e financiamentos; os
• Atividades de Financiamentos. juros são registrados como sendo da operação. Em
Investimentos, são apresentadas as aquisições de ativos
Existem duas modalidades para elaboração da DFC. O
permanentes ou baixas deles. Ainda de acordo com esse
método direto e o método indireto. A principal diferença é
modelo, que é encorajado pelo FASB, após os agrupamentos se
quanto à apresentação das atividades operacionais. A
faz necessária a reconciliação do lucro, como é feito no início do
metodologia direta divulga informações mais complexas e
método indireto.
de melhor qualidade, enquanto a metodologia indireta é
mais simples, e, conseqüentemente, requer menos Conclui-se, assim, que este modelo vem trazer melhores
trabalho sua elaboração. informações para análise da posição financeira da empresa, pois
efetivamente mostra os fatos que ocorreram e a influência que
Uma das principais finalidades da DFC é “detectar possíveis tiveram nas disponibilidades da empresa.
escassezes ou excedentes de caixa para que, baseados nestas
identificações, sejam tomadas, em tempo hábil, as providências Método Indireto
necessárias tanto no que concerne à aplicação dos saldos, Por meio dessa técnica de apresentação do Fluxo de Caixa,
como na captação de recursos financeiros para cobrir possíveis utiliza-se basicamente o modelo da Demonstração de Origens e
necessidades de caixa.” Aplicações de Recursos. Dessa forma, a demonstração é
iniciada pelas origens das operações da empresa, com o Lucro
Ainda convém ressaltar que, por essa demonstração, Líquido e seus ajustes (os quais já foram comentados na
fica evidenciada a política de pagamentos da empresa, fato que composição da DOAR), acrescentado das variações ocorridas
será uma “bela vitrine” para investidores, caso a empresa tenha nas contas do Circulante − exceto o Disponível. O total das
pontualidade no pagamento de seus compromissos. É evidente origens das operações é o Caixa gerado pelas operações. Após
que, numa situação inversa, a empresa má pagadora sofrerá esse subtotal, são demonstradas outras entradas de caixa por
duramente com a publicação da referida demonstração, porque recursos aplicados pelos próprios acionistas (recursos próprios),
as informações serão apresentadas de forma bastante como aumentos do capital social realizado em espécie, ou ainda,
transparente (nesse sentido, deve-se ressaltar que as leis não pela captação de recursos de terceiros.
são propostas para encobrir os maus pagadores).
É importante ressaltar o seguinte ponto: como na DOAR, as
De forma mais objetiva, faz-se oportuno colocar como origens das operações devem apresentar somente os fatos que
funciona o sistema de normatização contábil norte-americano. foram gerados pelas efetivas atividades da empresa. Assim
Existe um órgão normatizador (FASB – Financial Accounting sendo, não consideramos as operações entradas de recursos
Standards Board), que é responsável pela elaboração das com aumento de empréstimos ou financiamentos de terceiros
normas e rotinas contábeis utilizadas; essa normatização se faz (neste caso, apenas os juros são classificados como sendo da
por meio de documentos chamados FAS (Financial Accounting operação da empresa) ou próprios; esses fatos deverão ser
Standards). Assim, cada “FAS” possui um número e trata de apresentados logo após o Caixa Gerado pelas Operações.
assuntos diferentes: impostos, conversões de moeda etc.
Atualmente, existem 140 FAS’s, e o que trata da apresentação
da Demonstração dos Fluxos de Caixa é o FAS 95.

FORMAS DE APRESENTAÇÃO
Existem duas formas básicas de apresentação do Fluxo de
Caixa, o Método Indireto e o Direto. A seguir analisaremos com
mais detalhes cada um dos tipos.

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RESERVA X PROVISÃO A constituição da provisão tem como finalidade
reconhecer as perdas decorrentes de créditos concedidos
O passivo representa as fontes de recursos utilizados
a maus pagadores.
pela empresa, podendo tais recursos serem provenientes
de terceiros (dívidas) ou próprio (dos sócios), por meio de b. Provisão para Perdas em Estoque
aporte de capital ou de lucro gerado pela própria
Esta provisão torna-se necessária quando no estoque
empresa.
figurarem itens danificados, estragados, obsoletos, de
Com suas contas dispostas em grau decrescente de giro extremamente lento, de forma a possibilitar a
exigibilidade, o passivo pode ser dividido em passivo apresentação do valor real dos estoques que estão
exigível e passivo não exigível. contribuindo para a geração de caixa.
Passivo Circulante c. Provisão para Desvalorização de Estoque
Passivo Exigível a Longo Prazo
Essa provisão está intimamente ligada à convenção do
Resultado de Exercícios Futuros
conservadorismo, à medida que objetiva resguardar o
Patrimônio Líquido
patrimônio da entidade quando o valor de mercado do
As reservas apresentam características específicas estoque estiver inferior ao valor contábil. Em síntese, esta
quanto a que se referem a sua formação. Representam provisão deve ser efetuada sempre que o valor de
“reservas” de recursos obtidos pela empresa, seja através mercado das mercadorias em estoque for inferior ao valor
do lucro do exercício ou dos acréscimos ao patrimônio contábil, e seu cálculo é feito através dessa diferença.
provenientes da valorização do patrimônio da empresa.
d. Provisão para Perdas em Investimentos
Já as provisões representam encargos e riscos,
Permanentes
conhecidos e calculáveis, mesmo que por estimativa, com
seu reconhecimento intimamente relacionado com o Esta provisão é constituída normalmente para
regime de competência dos exercícios. investimentos avaliados pelo método de custo, uma vez
que, na maioria das vezes, pelo método da equivalência
patrimonial, os ganhos e perdas relativos a participações
PROVISÕES em outras companhias são reconhecidos por ocasião do
encerramento do exercício, quando são realizados os
As provisões estão intimamente relacionadas ao regime
cálculos de equivalência entre patrimônio e investimentos
de competência de exercícios, visto que seu registro
anterior e atual. No entanto, isto não impede que haja a
contábil independe da ocorrência ou não do desembolso
provisão para as participações avaliadas pela
de caixa.
equivalência patrimonial.
Estas representam a redução do ativo (quando
Assim, as provisões poderão ser realizadas desde que
relacionadas a bens e direitos) e ao aumento do passivo
haja perdas efetivas a partir da equivalência patrimonial
(quando relacionadas ao reconhecimento da despesa).
da coligada ou controlada ou quando o custo contábil do
Em qualquer das hipóteses, a provisão provoca
investimento avaliado pelo custo for inferior ao valor do
obrigatoriamente a redução do resultado e
investimento.
conseqüentemente do patrimônio líquido das entidades.
Estas provisões figurarão logo após suas devidas contas As provisões relacionadas ao reconhecimento da
de origem. despesa:
Entre as provisões relacionadas ao reconhecimento de O reconhecimento das despesas e receitas é fator
perdas prováveis de direitos a receber ou desgaste de preponderante para a determinação do resultado da
bens, destacam-se: empresa em certo período. Segundo o regime de
competência de exercícios, tanto as receitas como as
a. Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa
despesas devem ser reconhecidas por seu fato gerador,
De acordo com o art. 43 da Lei n. 8.981/95, a partir de independentemente de recebimento ou pagamento.
01/01/1995 poderão ser registrados como custo ou
a. Provisão para 13º Salário
despesa operacional os valores necessários à formação
da provisão. Seu cálculo é efetuado tomando-se como parâmetro a
fração igual ou superior a quinze dias que o empregado
A importância dedutível como provisão para crédito de
tenha trabalhado no mês e é provisionada basicamente
liquidação duvidosa será necessária a tornar a provisão
para atender a dois objetivos: reconhecer a despesa
suficiente para absorver as perdas que provavelmente
efetivamente incorrida no mês e demonstrar a
ocorrerão.
administração o montante a ser desembolsado por
Para efeito da determinação do saldo adequado da ocasião do pagamento.
provisão, aplicar-se-á, sobre o montante dos créditos a
No cálculo são considerados todos os valores recebidos
receber pela empresa, o percentual obtido pela relação
pelos empregados a título de remuneração. Na provisão
entre a soma das perdas efetivamente ocorridas nos
são provisionados, além do valor a receber pelo
últimos três anos-calendários, relativas aos créditos
funcionário, os valores dos encargos referentes ao 13º.
decorrentes do exercício da atividade econômica.
b. Provisão para Férias
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A provisão para férias é constituída com base na c. Doações
remuneração mensal do empregado mais os encargos, e
As doações recebidas pela entidade caracterizam-se
tem a finalidade de evidenciar o montante real de
como Reservas de Capital e como tal não transitam pelo
despesa incorrida no período e demonstrar à
resultado do período. Essas doações devem ser
administração a necessidade de manter um suporte de
registradas pelo valor de mercado, mesmo que essa
caixa necessário para cumprir o pagamento das férias,
definição seja difícil.
visto que em períodos de férias os empregados não
trabalham, mas recebem. d. Subvenções para Investimentos
Convém lembrar que além da provisão normal de férias Subvenções são incentivos dados pelos governos federal,
deve-se constituir concomitantemente uma provisão estadual ou municipal, visando incrementar o
correspondente a mais um terço da remuneração e desenvolvimento de setores econômicos ou áreas
respectivos encargos para atender ao disposto na carentes de recursos. Estas subvenções devem ser
constituição de 1988. registradas como reservas de capital.
c. Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Reserva de Lucro
Social
As reservas de lucro são constituídas mediante
As provisões para imposto de renda (IRPJ) e contribuição transferência de parte dos Lucros para a respectiva conta
social (CSLL) devem ser constituídas observando a de reserva.
legislação fiscal, independentemente do período em que
a. Reserva Legal
ocorrerem os recolhimentos. Este procedimento é
amparado pela legislação societária (Lei 6.404/76), que Do lucro líquido do exercício, 5% serão aplicados, antes
define que as obrigações, encargos e riscos, conhecidos de qualquer destinação, na constituição da Reserva
como calculáveis, serão computados pelo valor atualizado Legal, que não excederá em 20% o Capital Social, ou, em
até a data do balanço. 30% o somatório do Capital Social mais as Reservas de
Capital.
Sua constituição obedece ao princípio da competência, à
medida que reconhece os encargos com o tributo no Sua finalidade é assegurar a integridade do Capital Social
período em que o fato gerador ocorrer, e somente poderá ser utilizada para compensar Prejuízos
independentemente do pagamento. ou aumentar o capital.
b. Reservas Estatutárias
RESERVAS São reservas previstas no estatuto social da empresa. O
De acordo com o art. 182 da Lei n. 6.404/76, o patrimônio estatuto pode criar reservas desde que, para cada uma,
líquido deve ser composto pelo Capital Social, pelas indique de modo preciso e completo, sua finalidade, fixe
critérios para determinar a parcela anual dos lucros que
Reservas e pelos Lucros ou Prejuízos.
serão destinados a sua constituição e estabeleça o limite
Reservas de Capital máximo de reservas.
São classificados como reserva de capital a contribuição c. Reserva para Contingência
do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e
a parte do preço de emissão das ações, o produto da Representa parte do lucro líquido destinado à formação
alienação de partes beneficiárias, o prêmio recebido na de reserva com a finalidade de compensar, em exercícios
emissão de debêntures, as doações e subvenções para futuros, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada
investimento, entre outros. provável, cujo valor possa ser estimado.
A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a
a. Ágio na Emissão de Ações
causa da perda prevista e justificar, com as razões de
Ações caracterizam-se como a menor parcela em que se prudência que recomendem, a constituição da reserva.
divide o capital de uma sociedade anônima. O ágio
representa a diferença verificada entre o preço pago d. Reserva Orçamentária (ou de expansão)
pelos acionistas e o valor nominal das ações. Este fato Representa a parcela do lucro líquido da empresa que
ocorre por que na conta Capital Social as ações devem poderá ser retirada para expansão da empresa quando
figurar pelo valor nominal. Quando o valor nominal for prevista em orçamento de capital aprovado em
inferior ao valor pago, ocorre então o ágio, que deve ser assembléia geral.
registrado como Reserva de Capital.
e. Reserva de Lucros a Realizar
b. Correção Monetária do Capital Realizado
Pode haver parte do lucro líquido que ainda não foi
A Lei n. 9.249/95 extinguiu a correção monetária do realizada, financeiramente. Um caso conhecido é o ganho
balanço. Todavia, os aspectos relacionados à Reserva de que vem “engordar” o lucro líquido, mas não significa, no
Capital, no que tange à correção monetária, persistirão momento, um acréscimo financeiro, isto é, aquele
meio contábil até que se processem todas as montante não acresceu (ganho econômico), em valor
capitalizações dessas reservas ou sejam estas correspondente, ao caixa. Dessa forma, a reserva é
absorvidas por prejuízos de exercícios vindouros. criada com o objetivo de resguardar o patrimônio da
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empresa, tendo em vista que não seria justo pagar Se uma empresa for capaz de remunerar seus
dividendos sobre a parcela não realizada proprietários exatamente no limite de suas expectativas
financeiramente, caso contrário enfraqueceria a situação mínimas de retorno, seu valor de mercado restringe-se ao
financeira da empresa. montante necessário que se despenderia para edificá-la,
ou seja, a empresa não agrega valor algum, e sua
Tal reserva possui como limite de constituição o excesso
cotação de mercado é igual ao valor de reposição de
entre os lucros a realizar da empresa e o total das
seus ativos.
reservas anteriormente já discutidas e possivelmente
constituídas. O valor é criado ao acionista somente quando as receitas
operacionais superarem todos os dispêndios (custos e
f. Dividendos
despesas) incorridos, inclusive o custo de oportunidade
Parte do lucro que se destina aos acionistas da do capital próprio. Nesse caso, o valor da empresa
companhia denomina-se Dividendos. excederia o de realização de seus ativos (investimentos),
indicando esse resultado adicional uma agregação de
O percentual do lucro que é divido e distribuídos aos riqueza pelo mercado conhecida por Market Value Added
acionistas é o dividendo, e é estabelecido pela empresa a (MVA) ou Goodwill.
partir do lucro líquido do exercício, definindo o percentual
de distribuição em seu estatuto. Caso o estatuto seja Modelo de Gestão Baseada no Valor
omisso, a empresa deverá distribuir, a título de dividendo,
O referido modelo objetiva a maximização da riqueza dos
50% de seu lucro do exercício.
proprietários de capital, expressa no preço de mercado
das ações.
GESTÃO BASEADA EM VALOR O principal indicador de agregação de riqueza é a criação
de valor econômico, que se realiza mediante a adoção
A gestão nas empresas vem apresentando importantes eficiente de estratégias financeiras e capacidades
avanços em sua forma de atuação, saindo de uma diferenciadoras.
postura convencional de busca de lucro e rentabilidade
para um enfoque preferencialmente voltado à riqueza dos Capacidades diferenciadoras
acionistas.
São entendidas como estratégias adotadas que permitem
O objetivo de criar valor aos acionistas demanda outras às empresas atuarem com um nível de diferenciação em
estratégias financeiras e novas medidas do sucesso relação a seus concorrentes de mercado, assumindo uma
empresarial, todas elas voltadas a agregar riqueza a seus vantagem competitiva e maior agregação de valor a seus
proprietários. Criar valor para uma empresa ultrapassa o proprietários.
objetivo de cobrir os custos explícitos identificados nas
Estratégias financeiras
vendas. Incorpora o entendimento e o cálculo da
remuneração dos custos implícitos (custo de Assim como as capacidades diferenciadoras, estão
oportunidade do capital investido), não cotejado pela voltadas ao objetivo da empresa em criar valor a seus
contabilidade tradicional na apuração dos demonstrativos acionistas. Estas, por sua vez, podem ser divididas em
de resultados e, conseqüentemente, na quantificação da operacionais, de financiamento e de investimento.
riqueza dos acionistas.
Valor Econômico Agregado (VEA)
Uma empresa é criadora de valor quanto for capaz de
É uma medida de criação de valor identificada no
oferecer a seus proprietários de capital (credores e
desempenho operacional da própria empresa, conforme
acionistas) uma remuneração acima de suas expectativas
retratado nos relatórios financeiros. O VEA pode ser
mínimas de ganho.
entendido como o resultado apurado pela sociedade que
Custo de Oportunidade excede à remuneração mínima exigida pelos proprietários
de capital (credores e acionistas).
Um custo de oportunidade retrata quanto uma pessoa
(empresa) sacrificou de remuneração por ter tomado a O cálculo do VEA exige o conhecimento do custo total de
decisão de aplicar seus recursos em determinado capital da empresa (WACC), o qual é determinado pelo
investimento alternativo, de risco semelhante. Por custo de cada fonte de financiamento (própria e de
exemplo, uma empresa, ao avaliar um projeto de terceiros) ponderado pela participação do respectivo
investimento, deve considerar como custo de capital no total do investimento realizado (fixo e de giro).
oportunidade a taxa de retorno que deixa de receber por Representa, em essência, o custo de oportunidade do
não ter aplicado os recursos em outra alternativa possível capital aplicado por credores e acionistas como forma de
de investimento. compensar o risco assumido no negócio.
Valor para o Acionista Estrutura básica de cálculo do VEA:
O investimento do acionista revela atratividade econômica Lucro operacional (líquido do IR)
somente quando a remuneração oferecida for suficiente (-) Custo total de capital (WACC x Investimento)
para remunerar o custo de oportunidade do capital próprio = Valor Econômico Agregado (VEA)
aplicado no negócio.
WACC = custo médio do capital aplicado
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O VEA ainda pode ser obtido através da fórmula: Representa o valor líquido das aplicações (deduzidas das
dívidas a curto prazo) processadas no ativo (capital)
VEA – (ROI – WACC) x Investimento
circulante da empresa. Assim, a forma mais direta de se
Onde o ROI é o retorno sobre o investimento (ROI = obter o valor do capital de giro líquido é mediante a
Lucro operacional / Patrimônio Líquido), o WACC é o simples diferença entre o ativo circulante e o passivo
custo médio ponderado do capital (WACC = [custo do circulante, ou seja:
capital de terceiro x capital de terceiros] x [custo do
CGL (CCL) = Ativo circulante – Passivo circulante
capital próprio x capital próprio]), e o investimento é o
total do ativo que é utilizado pela empresa no ou
desempenho de suas atividades.
CGL (CCL) = (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo
Outra forma alternativa de cálculo do VEA é: Prazo) – (Ativo Permanente + Realizável
a Longo Prazo).
VEA = Lucro operacional – [WACC x investimento]
Medida de Valor para o Acionista
Capital de Giro Próprio
Nesse objetivo de agregação do valor, uma medida
alternativa de valor e derivada do VEA é o spread do Indica o valor de capital de giro muitas vezes utilizado na
capital próprio, obtido pela diferença entre o retorno prática é o denominado capital de giro próprio, e é
auferido pelo patrimônio líquido (ROE) e o custo de comumente obtido pela seguinte expressão:
oportunidade do acionista.
Patrimônio Líquido
Avaliação do Desempenho pelo MVA (-) Aplicações Permanentes
Ativo Permanente
A medida de valor agregado pelo mercado (MVA – Market
Realizável a Longo Prazo
Value Added) reflete a expansão monetária da riqueza
= Capital de Giro Próprio
gerada aos proprietários de capital determinada pela
capacidade operacional da empresa em produzir O valor assim obtido é interpretado como o volume de
resultados superiores a seu custo de oportunidade. recursos próprios que uma empresa tem aplicado em seu
Reflete, dentro de outra visão, quanto a empresa vale ativo circulante.
adicionalmente ao que se gastaria para repor todos os
seus ativos a preços de mercado (ou a valores históricos Ciclos operacionais
corrigidos, conforma é geralmente usado). As atividades operacionais de uma empresa envolvem,
O MVA pode ser obtido a partir da seguinte fórmula: de forma seqüencial e repetitiva, a produção de bens e
serviços e, em conseqüência, a realização de vendas e
MVA = VEA / WACC respectivos recebimentos. Nessas operações básicas
procura a empresa obter determinado volume de lucros,
de forma a remunerar as expectativas de retorno de suas
ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO diversas fontes de financiamento (credores e
proprietários).
A administração do capital de giro (circulante) envolve
basicamente as decisões de compra e venda tomadas Principais ciclos:
pela empresa, assim como suas mais diversas atividades
PME = prazo médio de estocagem de matérias-primas
operacionais e financeiras. Nessa abrangência, coloca-se
de forma nítida que a administração do capital de giro PMF = prazo médio de fabricação
deve garantir a uma empresa a adequada consecução de
sua política de estocagem, compra de materiais, PME/PMV = prazo médio de estocagem dos produtos
produção, venda de produtos e mercadorias e prazo de terminados/prazo médio de venda
recebimento. PMC = prazo médio de cobrança
Capital de Giro PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores
O capital de giro corresponde ao ativo circulante de uma Investimento em Capital de Giro
empresa. Em sentido amplo, o capital de giro representa
o valor total dos recursos demandados pela empresa para É sabido que o ativo circulante constitui-se, para diversos
financiar seu ciclo operacional, o qual engloba as segmentos, no grupo patrimonial menos rentável. Os
necessidades circulantes identificadas desde a aquisição investimentos em capital de giro não geram diretamente
de matérias-primas até a venda e o recebimento dos unidades físicas de produção e venda, meta final do
produtos elaborados. processo empresarial de obtenção de lucros. A
manutenção de determinado volume de recursos aplicado
CG = Ativo Circulante no capital de giro visa, fundamentalmente, à sustentação
Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante de atividade operacional de uma empresa.
Líquido (CCL) Financiamento do Capital de Giro

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O custo do capital de giro financiado a longo prazo é mais
caro do que o financiado a curto prazo. Ou seja, quanto
Referências:
maior for o prazo de concessão de um empréstimo, maior
será seu custo em razão do risco que o credor assume ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços. 7.
em não obter um retorno condizente com os padrões de ed. São Paulo: Atlas, 2002.
juros da época.
FAVERO, H.L.; LONARDONI, M.; SOUZA, C.; TAKAKURA, M.
Abordagem para o Financiamento do Capital de Giro Contabilidade: teoria e prática – vol. 2. São Paulo: Atlas, 2007.
Considerando-se o risco e retorno envolvido nas FIPECAFI. Manual de Contabilidade das sociedades por ações.
operações de financiamento do capital de giro, deve-se 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
buscar a melhor composição do passivo da empresa, de
MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços:
forma que se obtenha o equilíbrio entre risco e retorno.
abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
Nesse sentido, o capital de giro pode ser divido em fixo e
variável (sazonal). IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 1998.
Capital de giro fixo
É determinado pela atividade normal da empresa, e seu
montante definido pelo nível mínimo de necessidade de
recursos demandados pelo ciclo operacional em
determinado período.
Capital de giro sazonal
É determinado pelas variações temporárias que ocorrem
normalmente nos negócios de uma empresa.
a. Abordagem pelo equilíbrio financeiro tradicional
De acordo com essa abordagem o ativo permanente e o
capital de giro permanente são financiados, também, por
recursos de longo prazo (próprios ou de terceiros). As
necessidades sazonais de capital de giro, por sua vez,
são cobertas por exigibilidades de curto prazo.
b. Abordagem do risco mínimo
Esta abordagem postula a minimização do risco que pode
ser adotada a partir de uma abordagem conservadora
para o financiamento do capital de giro. Nessa
abordagem, a empresa encontra-se totalmente financiada
por recursos permanentes (longo prazo), inclusive em
suas necessidades sazonais de fundos. O capital de giro
líquido, nessa situação, é igual ao capital de giro (ativo
circulante) da empresa.
c. Outras abordagens de financiamento
Outras formas de composição do financiamento do capital
de giro podem, evidentemente, ser estabelecidas.

Necessidade de Investimento em Capital de Giro


A necessidade de investimento em capital de giro, ou
simplesmente em giro, reflete o volume líquido e recursos
demandado pelo ciclo operacional da empresa,
determinado em função de suas políticas de compras,
vendas e estocagem. É essencialmente uma necessidade
de capital de longo prazo, que deve lastrear
financeiramente os investimentos cíclicos – que se
repetem periodicamente – em cada capital de giro.

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PÓS-GRADUAÇÃO EM AUDITORIA
FISCAL E TRIBUTÁRIA

[CONTABILIDADE AVANÇADA]

PROFO. ORLEANS SILVA MARTINS

USO RESTRITO PARA O ACOMPANHAMENTO DAS AULAS


FACULDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERNAMBUCO

Curso:
ESPECIALIZAÇÃO EM AUDITORIA FISCAL E TRIBUTÁRIA
Disciplina: Semestre:
CONTABILIDADE AVANÇADA 2008.2
Professor: Carga Horária:
ORLEANS SILVA MARTINS 22 horas

Conteúdo Programático:
1. Aspectos avançados da contabilidade e a análise das demonstrações financeiras;
2. Análise avançada das demonstrações financeiras;
3. Análise do capital de giro;
4. Elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa
5. Gestão baseada em valor;
6. EVA;
7. Custo de capital.

ASPECTOS AVANÇADOS DA CONTABILIDADE E A Em 1915, determinava o Federal Reserve Board (o Banco


ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Central dos Estados Unidos) que só poderiam ser renegociados
os títulos de empresas que tivessem apresentado seu balanço
O objeto de estudo da Contabilidade é o Patrimônio das ao banco, medida instituiu o uso das demonstrações financeiras
Entidades. Seus conhecimentos são obtidos a partir de uma como base para a concepção de crédito.
metodologia racional, com as condições de generalidade,
certeza e busca das causas, em nível qualitativo semelhante às No Brasil, até 1968, a análise de balanço era pouco utilizada na
demais ciências sociais. Por conseqüência, todas as suas prática. Nesse ano foi criada a SERASA empresa que surgiu
classificações – método, conjunto de procedimentos, técnica, para operar como central de análise de balanços dos bancos
sistema, arte, para citarmos as mais correntes – referem-se às comerciais, onde este mesmo autor organizou sua parte técnica.
simples facetas usualmente concernentes à sua aplicação Alguns dos índices que surgiram inicialmente permanecem em
prática, na solução de questões concretas. uso até hoje, porém, as técnicas foram aprimoradas.

A contabilidade, na qualidade de ciência aplicada, com ANÁLISE AVANÇADAS DAS DEMONSTRAÇÕES


metodologia especialmente criada para captar, registrar, FINANCEIRAS
acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as
situações patrimoniais e econômicas de qualquer ente possui As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados
este aspecto de prevenção dos riscos e a continuidade dos sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A análise das
empreendimentos. demonstrações financeiras transforma esses dados em
informações e, assim, facilita e torna mais eficiente a análise e
A análise de balanço surgiu dentro do sistema bancário que foi interpretação desses dados. Esta análise, por sua vez, servirá
seu principal usuário, em 1895 o Conselho Executivo da como base informacional tanto para os agentes internos como
Associação dos Bancos no estado de New York orienta a seus para os externos.
membros a pedir aos tomadores de empréstimo declarações
escritas e assinadas de seus ativos e passivos. Acredita que Análises Vertical e Horizontal
nessa época é pouco provável que existissem técnicas analíticas
que possibilitassem a medição quantitativa nos dados dos Através dessas análises pode-se inferir, por exemplo, qual foi a
balanços, as idéias eram vagas em relação ao que comparar. variação da participação de cada credor na empresa, se a
Com o passar dos anos foi se desenvolvendo a noção de empresa teve reduzida ou aumentada sua margem de lucro etc.
comparação de diversos itens sendo o mais comum o ativo
circulante com o passivo circulante.

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Análise Horizontal “O percentual de cada conta mostra sua real importância no
Objetivo: mostrar a evolução de cada conta das demonstrações conjunto”.
contábeis e, pela comparação entre si, permitir tirar conclusões
sobre a evolução da empresa. • Baseia-se em valores percentuais das demonstrações
contábeis;
“A evolução de cada conta mostra os caminhos trilhados pela • Toma como base para o cálculo do percentual de
empresa e as possíveis tendências”. representatividade de cada conta, o valor total do ativo ou
das receitas da empresa;
• Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de
demonstrações contábeis em relação à demonstração Relação entre análise vertical e horizontal
anterior e/ou em relação a uma demonstração contábil • É recomendável que estes tipos de análises sejam usados
básica, geralmente a mais antiga da série. conjuntamente, pois, uma análise horizontal pode
• Essa análise pode ser expressa através de percentuais ou apresentar grande variação em uma conta, no entanto,
de “números-índice”, onde todos os valores da essa conta não represente um valor significativo em relação
demonstração base são representados por 100. ao balanço da empresa.
• Análise Horizontal Encadeada: é efetuada através do Ex: a conta investimentos da empresa pode apresentar uma
cálculo das variações em relação a um ano base. Ex: variação de 2.300% horizontalmente, no entanto, essa evolução
X1 X2 X3 X4 foi de 0,2% para 0,7% do ativo total da empresa.
Estoques 1.500 1.000 1.200 1.500
AHe 100% 67% 80% 100% ANÁLISE VERTICAL (AV): Sua finalidade principal é
apontar o crescimento da representatividade dos
• Análise Horizontal Anual *: é efetuada através do cálculo elementos patrimoniais do balanço patrimonial e da
das variações em relação ao ano anterior. Ex: demonstração de resultado do exercício da empresa,
X1 X2 X3 X4 tendo como base de comparação o ativo total ou a receita
Estoques 1.500 1.000 1.200 1.500 bruta da empresa, a fim de caracterizar tendências.
AHa - 33% + 20% + 25% Conta (item patrimonial)
AV =
* Esta análise não é aconselhável de ser feita de forma Ativo total ou Receita Bruta
isolada.

ANÁLISE HORIZONTAL (AH): Sua principal utilidade é ANÁLISE DOS ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS
acompanhar o crescimento/decrescimento de cada
elemento patrimonial da empresa, ao longo dos períodos. 1) ÍNDICE DE LIQUIDEZ: é utilizado para avaliar a
A análise horizontal pode ser caracterizada de duas capacidade de pagamento da empresa, isto é, constitui
formas: uma apreciação sobre a capacidade de saldar seus
compromissos.
a) Análise Horizontal Encadeada (AHe): É
realizada tomando-se como base um único exercício a) Índice de Liquidez Corrente (LC): Tem como objetivo
social (ano). Exemplo: podemos realizá-la na empresa avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
Beta, utilizando 3 exercícios sociais (2005, 2006 e 2007). obrigações a curto prazo (passivo circulante), utilizando
Assim, tomaremos como base comparativa o ano de todos os seus recursos a curto prazo (ativos circulantes).
2005. Então, 2006 e 2007 serão comparados a 2005. Ativo Circulante (AC)
LC =
20X2 (ano a ser analisado) Passivo Circulante (PC)
AHe = -1
20X1 (ano base)
b) Índice de Liquidez Seca (LS): Tem como objetivo
b) Análise Horizontal Anual (AHa): É realizada avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
através da comparação do exercício social que se deseja obrigações a curto prazo (passivo circulante), utilizando
analisar, com o ano imediatamente anterior. Exemplo: ou seus recursos de maior liquidez (caixa, bancos e
seja, ao analisarmos a empresa Beta, compararemos aplicações) mais seus direitos a curto prazo (duplicatas a
2006 tendo como base 2005, e analisaremos 2007 tendo receber). Ou seja, seu ativo circulante menos os
como base 2006. estoques, por terem menos liquidez.
20X2 (ano a ser analisado) Ativo Circulante – Estoques –
AHa = -1 LS = Despesas Antecipadas
20X1 (ano imediatamente anterior)
Passivo Circulante (PC)
Análise Vertical
Objetivo: mostrar a importância de cada conta em relação à c) Índice de Liquidez Imediata (LI): Tem como objetivo
demonstração contábil a que pertence e, através da comparação avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa obrigações a curto prazo (passivo circulante)
em anos anteriores, permitir inferir se há itens fora das imediatamente, utilizando todos os seus recursos
proporções normais. disponíveis naquele momento (caixa, bancos e aplicações
financeiras).

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Disponibilidades Imobilização Ativo Permanente
LI =
Passivo Circulante (PC) dos Recursos
Exigível a Longo Prazo
Permanentes =
d) Índice de Liquidez Geral (LG): Tem como objetivo
avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas 4) ÍNDICE DE RENTABILIDADE: Expressar a
obrigações, a curto e longo prazos, utilizando todos os rentabilidade da empresa em termos absolutos não tem
seus recursos, a curto e longo prazos. muita utilidade informativa. Por exemplo, dizer que a
Ativo Circulante (AC) + Realizável a Longo General Motors teve um lucro de $ 5 bilhões no exercício
Prazo (RELP) de 2006 e que, no mesmo exercício, a empresa Quitanda
LG =
Passivo Circulante (PC) + Exigível a Longo LTDA. teve um lucro de $ 10 mil, pode impressionar em
Prazo (PELP) termos quantitativos, mas pode ser que a rentabilidade da
GM tenha sido menor do que a da empresa Quitanda.
2) ÍNDICE DE ATIVIDADE: revela os indicadores de
movimentação de estoque, compras e vendas da Sendo assim, devemos relacionar o lucro de um
empresa. empreendimento com algum valor que expresse a
dimensão relativa do mesmo.
a) Prazo Médio de Estocagem: Indica o tempo médio
necessário para a completa renovação dos estoques da a) Retorno sobre o Ativo: revela o retorno produzido
empresa. pelo total das aplicações realizadas por uma empresa em
Prazo Médio de Estoque Médio seus ativos.
X 360 Lucro Operacional
Estocagem = CPV ROA =
Ativo Total
b) Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores: relata
o tempo médio que a empresa tarda em pagar suas b) Retorno sobre o Investimento Total: mostra o
dívidas. retorno produzido pelos recursos deliberadamente
Contas a Pagar levantados pela empresa e aplicados em suas operações.
Prazo Médio de a Fornecedores Lucro Operacional
ROI =
Pagamento a (média) X 360 Patrimônio Líquido
Fornecedores = Compras
Anuais a Prazo c) Retorno Sobre o Patrimônio: calcula o retorno sobre
o investimento realizado pelo empresário:
c) Prazo Médio de Cobrança: revela o tempo médio que Retorno Sobre o Lucro Líquido
a empresa depende em receber suas vendas realizadas a Patrimônio = Patrimônio Líquido
prazo.
Vendas a Rec. d) Margem de Lucro Sobre as Vendas: compara o lucro
Provenientes da empresa com suas vendas líquidas.
Prazo Médio de de Vendas a Lucro Operacional
X 360 Margem Operacional =
Cobrança = Prazo (media) Vendas Líquidas
Vendas Anuais
a Prazo Lucro Líquido
Margem Líquida =
Vendas Líquidas

3) ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO E ESTRUTURA: revela Outros indicadores que também possuem grande utilização são
a composição do capital e do endividamento da empresa. os indicadores de análise das ações. Como exemplo temos o
Lucro por Ação e o Preço de Mercado da Ação pelo Lucro
a) Relação Capital de Terceiros/Capital Próprio: revela da Ação.
o nível de dependência da empresa em relação a seu
financiamento por meio de recursos próprios. CAPITAL DE GIRO
Exigível Total
CT/CP =
Patrimônio Líquido Os recursos são aplicados na empresa de duas maneiras
diferentes: em ativos fixos e em ativos circulantes. A
b) Relação do Capital de Terceiros/Passivo Total: administração do capital de giro caracteriza-se pela
mede a percentagem dos recursos totais da empresa que gestão dos ativos e passivos circulantes. Os ativos
se encontra financiada por capital de terceiros. circulantes seriam Caixa e Bancos, Estoques, Contas a
Exigível Total Receber e Outros Ativos Circulantes. A gestão dos
CT/PT = passivos circulantes caracteriza-se pela gestão das
Passivo Total
contas a pagar em especial.
c) Imobilização dos Recursos Permanentes: revela a
percentagem dos recursos ativos a longo prazo que se O ativo circulante nada mais é do que o conjunto de
encontra imobilizada em vários itens do ativo permanente. recursos de capital que se transformam em recursos
monetários no decorrer de um ciclo operacional.

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As necessidades ou aplicação de capital de giro seriam Método Direto
os valores necessários para a empresa girar seus
negócios que seriam compostos pelas contas: Caixa, Este modelo de apresentação parte das entradas e saídas de
Bancos, Estoques, Duplicatas a Receber, Outros Valores caixa que ocorrem pelos recebimentos de clientes e pagamentos
realizáveis a curto-prazo. a fornecedores ou despesas operacionais. Esta vem a ser a
diferença entre as duas formas de apresentação do Fluxo de
As necessidades são satisfeitas por recursos próprios da caixa. Este método é o proposto no anteprojeto de alteração da
empresa e recursos de terceiros, chamados comumente Lei6404/76. Assim, os fatos que geraram movimentações no
de “cobertura do capital de giro”, isto é, de onde se caixa são divididos em três grupos, de acordo com o FAS 95:
originam os recursos que a empresa aplica no seu capital Operações, Financiamentos e Investimentos.
de giro. Nas Operações são classificados os itens de recebimentos e
pagamentos, relacionados à operação da empresa. Em
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA Financiamentos, classificam-se os fatos que geraram entradas
ou saídas de recursos próprios ou de terceiros, como: aumento
A estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa é de capital em espécie, pagamento de dividendos, aumento das
composta por três partes: exigibilidades de curto prazo ou amortização delas. Vale
• Atividades Operacionais. ressaltar que, no grupo de Financiamentos, devem classificar-se
• Atividades de Investimentos. apenas as amortizações de empréstimos e financiamentos; os
• Atividades de Financiamentos. juros são registrados como sendo da operação. Em
Investimentos, são apresentadas as aquisições de ativos
Existem duas modalidades para elaboração da DFC. O
permanentes ou baixas deles. Ainda de acordo com esse
método direto e o método indireto. A principal diferença é
modelo, que é encorajado pelo FASB, após os agrupamentos se
quanto à apresentação das atividades operacionais. A
faz necessária a reconciliação do lucro, como é feito no início do
metodologia direta divulga informações mais complexas e
método indireto.
de melhor qualidade, enquanto a metodologia indireta é
mais simples, e, conseqüentemente, requer menos Conclui-se, assim, que este modelo vem trazer melhores
trabalho sua elaboração. informações para análise da posição financeira da empresa, pois
efetivamente mostra os fatos que ocorreram e a influência que
Uma das principais finalidades da DFC é “detectar possíveis tiveram nas disponibilidades da empresa.
escassezes ou excedentes de caixa para que, baseados nestas
identificações, sejam tomadas, em tempo hábil, as providências Método Indireto
necessárias tanto no que concerne à aplicação dos saldos, Por meio dessa técnica de apresentação do Fluxo de Caixa,
como na captação de recursos financeiros para cobrir possíveis utiliza-se basicamente o modelo da Demonstração de Origens e
necessidades de caixa.” Aplicações de Recursos. Dessa forma, a demonstração é
iniciada pelas origens das operações da empresa, com o Lucro
Ainda convém ressaltar que, por essa demonstração, Líquido e seus ajustes (os quais já foram comentados na
fica evidenciada a política de pagamentos da empresa, fato que composição da DOAR), acrescentado das variações ocorridas
será uma “bela vitrine” para investidores, caso a empresa tenha nas contas do Circulante − exceto o Disponível. O total das
pontualidade no pagamento de seus compromissos. É evidente origens das operações é o Caixa gerado pelas operações. Após
que, numa situação inversa, a empresa má pagadora sofrerá esse subtotal, são demonstradas outras entradas de caixa por
duramente com a publicação da referida demonstração, porque recursos aplicados pelos próprios acionistas (recursos próprios),
as informações serão apresentadas de forma bastante como aumentos do capital social realizado em espécie, ou ainda,
transparente (nesse sentido, deve-se ressaltar que as leis não pela captação de recursos de terceiros.
são propostas para encobrir os maus pagadores).
É importante ressaltar o seguinte ponto: como na DOAR, as
De forma mais objetiva, faz-se oportuno colocar como origens das operações devem apresentar somente os fatos que
funciona o sistema de normatização contábil norte-americano. foram gerados pelas efetivas atividades da empresa. Assim
Existe um órgão normatizador (FASB – Financial Accounting sendo, não consideramos as operações entradas de recursos
Standards Board), que é responsável pela elaboração das com aumento de empréstimos ou financiamentos de terceiros
normas e rotinas contábeis utilizadas; essa normatização se faz (neste caso, apenas os juros são classificados como sendo da
por meio de documentos chamados FAS (Financial Accounting operação da empresa) ou próprios; esses fatos deverão ser
Standards). Assim, cada “FAS” possui um número e trata de apresentados logo após o Caixa Gerado pelas Operações.
assuntos diferentes: impostos, conversões de moeda etc.
Atualmente, existem 140 FAS’s, e o que trata da apresentação
da Demonstração dos Fluxos de Caixa é o FAS 95.

FORMAS DE APRESENTAÇÃO
Existem duas formas básicas de apresentação do Fluxo de
Caixa, o Método Indireto e o Direto. A seguir analisaremos com
mais detalhes cada um dos tipos.

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RESERVA X PROVISÃO A constituição da provisão tem como finalidade
reconhecer as perdas decorrentes de créditos concedidos
O passivo representa as fontes de recursos utilizados
a maus pagadores.
pela empresa, podendo tais recursos serem provenientes
de terceiros (dívidas) ou próprio (dos sócios), por meio de b. Provisão para Perdas em Estoque
aporte de capital ou de lucro gerado pela própria
Esta provisão torna-se necessária quando no estoque
empresa.
figurarem itens danificados, estragados, obsoletos, de
Com suas contas dispostas em grau decrescente de giro extremamente lento, de forma a possibilitar a
exigibilidade, o passivo pode ser dividido em passivo apresentação do valor real dos estoques que estão
exigível e passivo não exigível. contribuindo para a geração de caixa.
Passivo Circulante c. Provisão para Desvalorização de Estoque
Passivo Exigível a Longo Prazo
Essa provisão está intimamente ligada à convenção do
Resultado de Exercícios Futuros
conservadorismo, à medida que objetiva resguardar o
Patrimônio Líquido
patrimônio da entidade quando o valor de mercado do
As reservas apresentam características específicas estoque estiver inferior ao valor contábil. Em síntese, esta
quanto a que se referem a sua formação. Representam provisão deve ser efetuada sempre que o valor de
“reservas” de recursos obtidos pela empresa, seja através mercado das mercadorias em estoque for inferior ao valor
do lucro do exercício ou dos acréscimos ao patrimônio contábil, e seu cálculo é feito através dessa diferença.
provenientes da valorização do patrimônio da empresa.
d. Provisão para Perdas em Investimentos
Já as provisões representam encargos e riscos,
Permanentes
conhecidos e calculáveis, mesmo que por estimativa, com
seu reconhecimento intimamente relacionado com o Esta provisão é constituída normalmente para
regime de competência dos exercícios. investimentos avaliados pelo método de custo, uma vez
que, na maioria das vezes, pelo método da equivalência
patrimonial, os ganhos e perdas relativos a participações
PROVISÕES em outras companhias são reconhecidos por ocasião do
encerramento do exercício, quando são realizados os
As provisões estão intimamente relacionadas ao regime
cálculos de equivalência entre patrimônio e investimentos
de competência de exercícios, visto que seu registro
anterior e atual. No entanto, isto não impede que haja a
contábil independe da ocorrência ou não do desembolso
provisão para as participações avaliadas pela
de caixa.
equivalência patrimonial.
Estas representam a redução do ativo (quando
Assim, as provisões poderão ser realizadas desde que
relacionadas a bens e direitos) e ao aumento do passivo
haja perdas efetivas a partir da equivalência patrimonial
(quando relacionadas ao reconhecimento da despesa).
da coligada ou controlada ou quando o custo contábil do
Em qualquer das hipóteses, a provisão provoca
investimento avaliado pelo custo for inferior ao valor do
obrigatoriamente a redução do resultado e
investimento.
conseqüentemente do patrimônio líquido das entidades.
Estas provisões figurarão logo após suas devidas contas As provisões relacionadas ao reconhecimento da
de origem. despesa:
Entre as provisões relacionadas ao reconhecimento de O reconhecimento das despesas e receitas é fator
perdas prováveis de direitos a receber ou desgaste de preponderante para a determinação do resultado da
bens, destacam-se: empresa em certo período. Segundo o regime de
competência de exercícios, tanto as receitas como as
a. Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa
despesas devem ser reconhecidas por seu fato gerador,
De acordo com o art. 43 da Lei n. 8.981/95, a partir de independentemente de recebimento ou pagamento.
01/01/1995 poderão ser registrados como custo ou
a. Provisão para 13º Salário
despesa operacional os valores necessários à formação
da provisão. Seu cálculo é efetuado tomando-se como parâmetro a
fração igual ou superior a quinze dias que o empregado
A importância dedutível como provisão para crédito de
tenha trabalhado no mês e é provisionada basicamente
liquidação duvidosa será necessária a tornar a provisão
para atender a dois objetivos: reconhecer a despesa
suficiente para absorver as perdas que provavelmente
efetivamente incorrida no mês e demonstrar a
ocorrerão.
administração o montante a ser desembolsado por
Para efeito da determinação do saldo adequado da ocasião do pagamento.
provisão, aplicar-se-á, sobre o montante dos créditos a
No cálculo são considerados todos os valores recebidos
receber pela empresa, o percentual obtido pela relação
pelos empregados a título de remuneração. Na provisão
entre a soma das perdas efetivamente ocorridas nos
são provisionados, além do valor a receber pelo
últimos três anos-calendários, relativas aos créditos
funcionário, os valores dos encargos referentes ao 13º.
decorrentes do exercício da atividade econômica.
b. Provisão para Férias
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A provisão para férias é constituída com base na c. Doações
remuneração mensal do empregado mais os encargos, e
As doações recebidas pela entidade caracterizam-se
tem a finalidade de evidenciar o montante real de
como Reservas de Capital e como tal não transitam pelo
despesa incorrida no período e demonstrar à
resultado do período. Essas doações devem ser
administração a necessidade de manter um suporte de
registradas pelo valor de mercado, mesmo que essa
caixa necessário para cumprir o pagamento das férias,
definição seja difícil.
visto que em períodos de férias os empregados não
trabalham, mas recebem. d. Subvenções para Investimentos
Convém lembrar que além da provisão normal de férias Subvenções são incentivos dados pelos governos federal,
deve-se constituir concomitantemente uma provisão estadual ou municipal, visando incrementar o
correspondente a mais um terço da remuneração e desenvolvimento de setores econômicos ou áreas
respectivos encargos para atender ao disposto na carentes de recursos. Estas subvenções devem ser
constituição de 1988. registradas como reservas de capital.
c. Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Reserva de Lucro
Social
As reservas de lucro são constituídas mediante
As provisões para imposto de renda (IRPJ) e contribuição transferência de parte dos Lucros para a respectiva conta
social (CSLL) devem ser constituídas observando a de reserva.
legislação fiscal, independentemente do período em que
a. Reserva Legal
ocorrerem os recolhimentos. Este procedimento é
amparado pela legislação societária (Lei 6.404/76), que Do lucro líquido do exercício, 5% serão aplicados, antes
define que as obrigações, encargos e riscos, conhecidos de qualquer destinação, na constituição da Reserva
como calculáveis, serão computados pelo valor atualizado Legal, que não excederá em 20% o Capital Social, ou, em
até a data do balanço. 30% o somatório do Capital Social mais as Reservas de
Capital.
Sua constituição obedece ao princípio da competência, à
medida que reconhece os encargos com o tributo no Sua finalidade é assegurar a integridade do Capital Social
período em que o fato gerador ocorrer, e somente poderá ser utilizada para compensar Prejuízos
independentemente do pagamento. ou aumentar o capital.
b. Reservas Estatutárias
RESERVAS São reservas previstas no estatuto social da empresa. O
De acordo com o art. 182 da Lei n. 6.404/76, o patrimônio estatuto pode criar reservas desde que, para cada uma,
líquido deve ser composto pelo Capital Social, pelas indique de modo preciso e completo, sua finalidade, fixe
critérios para determinar a parcela anual dos lucros que
Reservas e pelos Lucros ou Prejuízos.
serão destinados a sua constituição e estabeleça o limite
Reservas de Capital máximo de reservas.
São classificados como reserva de capital a contribuição c. Reserva para Contingência
do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e
a parte do preço de emissão das ações, o produto da Representa parte do lucro líquido destinado à formação
alienação de partes beneficiárias, o prêmio recebido na de reserva com a finalidade de compensar, em exercícios
emissão de debêntures, as doações e subvenções para futuros, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada
investimento, entre outros. provável, cujo valor possa ser estimado.
A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a
a. Ágio na Emissão de Ações
causa da perda prevista e justificar, com as razões de
Ações caracterizam-se como a menor parcela em que se prudência que recomendem, a constituição da reserva.
divide o capital de uma sociedade anônima. O ágio
representa a diferença verificada entre o preço pago d. Reserva Orçamentária (ou de expansão)
pelos acionistas e o valor nominal das ações. Este fato Representa a parcela do lucro líquido da empresa que
ocorre por que na conta Capital Social as ações devem poderá ser retirada para expansão da empresa quando
figurar pelo valor nominal. Quando o valor nominal for prevista em orçamento de capital aprovado em
inferior ao valor pago, ocorre então o ágio, que deve ser assembléia geral.
registrado como Reserva de Capital.
e. Reserva de Lucros a Realizar
b. Correção Monetária do Capital Realizado
Pode haver parte do lucro líquido que ainda não foi
A Lei n. 9.249/95 extinguiu a correção monetária do realizada, financeiramente. Um caso conhecido é o ganho
balanço. Todavia, os aspectos relacionados à Reserva de que vem “engordar” o lucro líquido, mas não significa, no
Capital, no que tange à correção monetária, persistirão momento, um acréscimo financeiro, isto é, aquele
meio contábil até que se processem todas as montante não acresceu (ganho econômico), em valor
capitalizações dessas reservas ou sejam estas correspondente, ao caixa. Dessa forma, a reserva é
absorvidas por prejuízos de exercícios vindouros. criada com o objetivo de resguardar o patrimônio da
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empresa, tendo em vista que não seria justo pagar Se uma empresa for capaz de remunerar seus
dividendos sobre a parcela não realizada proprietários exatamente no limite de suas expectativas
financeiramente, caso contrário enfraqueceria a situação mínimas de retorno, seu valor de mercado restringe-se ao
financeira da empresa. montante necessário que se despenderia para edificá-la,
ou seja, a empresa não agrega valor algum, e sua
Tal reserva possui como limite de constituição o excesso
cotação de mercado é igual ao valor de reposição de
entre os lucros a realizar da empresa e o total das
seus ativos.
reservas anteriormente já discutidas e possivelmente
constituídas. O valor é criado ao acionista somente quando as receitas
operacionais superarem todos os dispêndios (custos e
f. Dividendos
despesas) incorridos, inclusive o custo de oportunidade
Parte do lucro que se destina aos acionistas da do capital próprio. Nesse caso, o valor da empresa
companhia denomina-se Dividendos. excederia o de realização de seus ativos (investimentos),
indicando esse resultado adicional uma agregação de
O percentual do lucro que é divido e distribuídos aos riqueza pelo mercado conhecida por Market Value Added
acionistas é o dividendo, e é estabelecido pela empresa a (MVA) ou Goodwill.
partir do lucro líquido do exercício, definindo o percentual
de distribuição em seu estatuto. Caso o estatuto seja Modelo de Gestão Baseada no Valor
omisso, a empresa deverá distribuir, a título de dividendo,
O referido modelo objetiva a maximização da riqueza dos
50% de seu lucro do exercício.
proprietários de capital, expressa no preço de mercado
das ações.
GESTÃO BASEADA EM VALOR O principal indicador de agregação de riqueza é a criação
de valor econômico, que se realiza mediante a adoção
A gestão nas empresas vem apresentando importantes eficiente de estratégias financeiras e capacidades
avanços em sua forma de atuação, saindo de uma diferenciadoras.
postura convencional de busca de lucro e rentabilidade
para um enfoque preferencialmente voltado à riqueza dos Capacidades diferenciadoras
acionistas.
São entendidas como estratégias adotadas que permitem
O objetivo de criar valor aos acionistas demanda outras às empresas atuarem com um nível de diferenciação em
estratégias financeiras e novas medidas do sucesso relação a seus concorrentes de mercado, assumindo uma
empresarial, todas elas voltadas a agregar riqueza a seus vantagem competitiva e maior agregação de valor a seus
proprietários. Criar valor para uma empresa ultrapassa o proprietários.
objetivo de cobrir os custos explícitos identificados nas
Estratégias financeiras
vendas. Incorpora o entendimento e o cálculo da
remuneração dos custos implícitos (custo de Assim como as capacidades diferenciadoras, estão
oportunidade do capital investido), não cotejado pela voltadas ao objetivo da empresa em criar valor a seus
contabilidade tradicional na apuração dos demonstrativos acionistas. Estas, por sua vez, podem ser divididas em
de resultados e, conseqüentemente, na quantificação da operacionais, de financiamento e de investimento.
riqueza dos acionistas.
Valor Econômico Agregado (VEA)
Uma empresa é criadora de valor quanto for capaz de
É uma medida de criação de valor identificada no
oferecer a seus proprietários de capital (credores e
desempenho operacional da própria empresa, conforme
acionistas) uma remuneração acima de suas expectativas
retratado nos relatórios financeiros. O VEA pode ser
mínimas de ganho.
entendido como o resultado apurado pela sociedade que
Custo de Oportunidade excede à remuneração mínima exigida pelos proprietários
de capital (credores e acionistas).
Um custo de oportunidade retrata quanto uma pessoa
(empresa) sacrificou de remuneração por ter tomado a O cálculo do VEA exige o conhecimento do custo total de
decisão de aplicar seus recursos em determinado capital da empresa (WACC), o qual é determinado pelo
investimento alternativo, de risco semelhante. Por custo de cada fonte de financiamento (própria e de
exemplo, uma empresa, ao avaliar um projeto de terceiros) ponderado pela participação do respectivo
investimento, deve considerar como custo de capital no total do investimento realizado (fixo e de giro).
oportunidade a taxa de retorno que deixa de receber por Representa, em essência, o custo de oportunidade do
não ter aplicado os recursos em outra alternativa possível capital aplicado por credores e acionistas como forma de
de investimento. compensar o risco assumido no negócio.
Valor para o Acionista Estrutura básica de cálculo do VEA:
O investimento do acionista revela atratividade econômica Lucro operacional (líquido do IR)
somente quando a remuneração oferecida for suficiente (-) Custo total de capital (WACC x Investimento)
para remunerar o custo de oportunidade do capital próprio = Valor Econômico Agregado (VEA)
aplicado no negócio.
WACC = custo médio do capital aplicado
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O VEA ainda pode ser obtido através da fórmula: Representa o valor líquido das aplicações (deduzidas das
dívidas a curto prazo) processadas no ativo (capital)
VEA – (ROI – WACC) x Investimento
circulante da empresa. Assim, a forma mais direta de se
Onde o ROI é o retorno sobre o investimento (ROI = obter o valor do capital de giro líquido é mediante a
Lucro operacional / Patrimônio Líquido), o WACC é o simples diferença entre o ativo circulante e o passivo
custo médio ponderado do capital (WACC = [custo do circulante, ou seja:
capital de terceiro x capital de terceiros] x [custo do
CGL (CCL) = Ativo circulante – Passivo circulante
capital próprio x capital próprio]), e o investimento é o
total do ativo que é utilizado pela empresa no ou
desempenho de suas atividades.
CGL (CCL) = (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo
Outra forma alternativa de cálculo do VEA é: Prazo) – (Ativo Permanente + Realizável
a Longo Prazo).
VEA = Lucro operacional – [WACC x investimento]
Medida de Valor para o Acionista
Capital de Giro Próprio
Nesse objetivo de agregação do valor, uma medida
alternativa de valor e derivada do VEA é o spread do Indica o valor de capital de giro muitas vezes utilizado na
capital próprio, obtido pela diferença entre o retorno prática é o denominado capital de giro próprio, e é
auferido pelo patrimônio líquido (ROE) e o custo de comumente obtido pela seguinte expressão:
oportunidade do acionista.
Patrimônio Líquido
Avaliação do Desempenho pelo MVA (-) Aplicações Permanentes
Ativo Permanente
A medida de valor agregado pelo mercado (MVA – Market
Realizável a Longo Prazo
Value Added) reflete a expansão monetária da riqueza
= Capital de Giro Próprio
gerada aos proprietários de capital determinada pela
capacidade operacional da empresa em produzir O valor assim obtido é interpretado como o volume de
resultados superiores a seu custo de oportunidade. recursos próprios que uma empresa tem aplicado em seu
Reflete, dentro de outra visão, quanto a empresa vale ativo circulante.
adicionalmente ao que se gastaria para repor todos os
seus ativos a preços de mercado (ou a valores históricos Ciclos operacionais
corrigidos, conforma é geralmente usado). As atividades operacionais de uma empresa envolvem,
O MVA pode ser obtido a partir da seguinte fórmula: de forma seqüencial e repetitiva, a produção de bens e
serviços e, em conseqüência, a realização de vendas e
MVA = VEA / WACC respectivos recebimentos. Nessas operações básicas
procura a empresa obter determinado volume de lucros,
de forma a remunerar as expectativas de retorno de suas
ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO diversas fontes de financiamento (credores e
proprietários).
A administração do capital de giro (circulante) envolve
basicamente as decisões de compra e venda tomadas Principais ciclos:
pela empresa, assim como suas mais diversas atividades
PME = prazo médio de estocagem de matérias-primas
operacionais e financeiras. Nessa abrangência, coloca-se
de forma nítida que a administração do capital de giro PMF = prazo médio de fabricação
deve garantir a uma empresa a adequada consecução de
sua política de estocagem, compra de materiais, PME/PMV = prazo médio de estocagem dos produtos
produção, venda de produtos e mercadorias e prazo de terminados/prazo médio de venda
recebimento. PMC = prazo médio de cobrança
Capital de Giro PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores
O capital de giro corresponde ao ativo circulante de uma Investimento em Capital de Giro
empresa. Em sentido amplo, o capital de giro representa
o valor total dos recursos demandados pela empresa para É sabido que o ativo circulante constitui-se, para diversos
financiar seu ciclo operacional, o qual engloba as segmentos, no grupo patrimonial menos rentável. Os
necessidades circulantes identificadas desde a aquisição investimentos em capital de giro não geram diretamente
de matérias-primas até a venda e o recebimento dos unidades físicas de produção e venda, meta final do
produtos elaborados. processo empresarial de obtenção de lucros. A
manutenção de determinado volume de recursos aplicado
CG = Ativo Circulante no capital de giro visa, fundamentalmente, à sustentação
Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante de atividade operacional de uma empresa.
Líquido (CCL) Financiamento do Capital de Giro

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O custo do capital de giro financiado a longo prazo é mais
caro do que o financiado a curto prazo. Ou seja, quanto
Referências:
maior for o prazo de concessão de um empréstimo, maior
será seu custo em razão do risco que o credor assume ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços. 7.
em não obter um retorno condizente com os padrões de ed. São Paulo: Atlas, 2002.
juros da época.
FAVERO, H.L.; LONARDONI, M.; SOUZA, C.; TAKAKURA, M.
Abordagem para o Financiamento do Capital de Giro Contabilidade: teoria e prática – vol. 2. São Paulo: Atlas, 2007.
Considerando-se o risco e retorno envolvido nas FIPECAFI. Manual de Contabilidade das sociedades por ações.
operações de financiamento do capital de giro, deve-se 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
buscar a melhor composição do passivo da empresa, de
MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços:
forma que se obtenha o equilíbrio entre risco e retorno.
abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
Nesse sentido, o capital de giro pode ser divido em fixo e
variável (sazonal). IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 1998.
Capital de giro fixo
É determinado pela atividade normal da empresa, e seu
montante definido pelo nível mínimo de necessidade de
recursos demandados pelo ciclo operacional em
determinado período.
Capital de giro sazonal
É determinado pelas variações temporárias que ocorrem
normalmente nos negócios de uma empresa.
a. Abordagem pelo equilíbrio financeiro tradicional
De acordo com essa abordagem o ativo permanente e o
capital de giro permanente são financiados, também, por
recursos de longo prazo (próprios ou de terceiros). As
necessidades sazonais de capital de giro, por sua vez,
são cobertas por exigibilidades de curto prazo.
b. Abordagem do risco mínimo
Esta abordagem postula a minimização do risco que pode
ser adotada a partir de uma abordagem conservadora
para o financiamento do capital de giro. Nessa
abordagem, a empresa encontra-se totalmente financiada
por recursos permanentes (longo prazo), inclusive em
suas necessidades sazonais de fundos. O capital de giro
líquido, nessa situação, é igual ao capital de giro (ativo
circulante) da empresa.
c. Outras abordagens de financiamento
Outras formas de composição do financiamento do capital
de giro podem, evidentemente, ser estabelecidas.

Necessidade de Investimento em Capital de Giro


A necessidade de investimento em capital de giro, ou
simplesmente em giro, reflete o volume líquido e recursos
demandado pelo ciclo operacional da empresa,
determinado em função de suas políticas de compras,
vendas e estocagem. É essencialmente uma necessidade
de capital de longo prazo, que deve lastrear
financeiramente os investimentos cíclicos – que se
repetem periodicamente – em cada capital de giro.

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PÓS-GRADUAÇÃO EM AUDITORIA
FISCAL E TRIBUTÁRIA

[CONTABILIDADE AVANÇADA]

PROFO. ORLEANS SILVA MARTINS

USO RESTRITO PARA O ACOMPANHAMENTO DAS AULAS


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Curso:
ESPECIALIZAÇÃO EM AUDITORIA FISCAL E TRIBUTÁRIA
Disciplina: Semestre:
CONTABILIDADE AVANÇADA 2008.2
Professor: Carga Horária:
ORLEANS SILVA MARTINS 22 horas

Conteúdo Programático:
1. Aspectos avançados da contabilidade e a análise das demonstrações financeiras;
2. Análise avançada das demonstrações financeiras;
3. Análise do capital de giro;
4. Elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa
5. Gestão baseada em valor;
6. EVA;
7. Custo de capital.

ASPECTOS AVANÇADOS DA CONTABILIDADE E A Em 1915, determinava o Federal Reserve Board (o Banco


ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Central dos Estados Unidos) que só poderiam ser renegociados
os títulos de empresas que tivessem apresentado seu balanço
O objeto de estudo da Contabilidade é o Patrimônio das ao banco, medida instituiu o uso das demonstrações financeiras
Entidades. Seus conhecimentos são obtidos a partir de uma como base para a concepção de crédito.
metodologia racional, com as condições de generalidade,
certeza e busca das causas, em nível qualitativo semelhante às No Brasil, até 1968, a análise de balanço era pouco utilizada na
demais ciências sociais. Por conseqüência, todas as suas prática. Nesse ano foi criada a SERASA empresa que surgiu
classificações – método, conjunto de procedimentos, técnica, para operar como central de análise de balanços dos bancos
sistema, arte, para citarmos as mais correntes – referem-se às comerciais, onde este mesmo autor organizou sua parte técnica.
simples facetas usualmente concernentes à sua aplicação Alguns dos índices que surgiram inicialmente permanecem em
prática, na solução de questões concretas. uso até hoje, porém, as técnicas foram aprimoradas.

A contabilidade, na qualidade de ciência aplicada, com ANÁLISE AVANÇADAS DAS DEMONSTRAÇÕES


metodologia especialmente criada para captar, registrar, FINANCEIRAS
acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as
situações patrimoniais e econômicas de qualquer ente possui As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados
este aspecto de prevenção dos riscos e a continuidade dos sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A análise das
empreendimentos. demonstrações financeiras transforma esses dados em
informações e, assim, facilita e torna mais eficiente a análise e
A análise de balanço surgiu dentro do sistema bancário que foi interpretação desses dados. Esta análise, por sua vez, servirá
seu principal usuário, em 1895 o Conselho Executivo da como base informacional tanto para os agentes internos como
Associação dos Bancos no estado de New York orienta a seus para os externos.
membros a pedir aos tomadores de empréstimo declarações
escritas e assinadas de seus ativos e passivos. Acredita que Análises Vertical e Horizontal
nessa época é pouco provável que existissem técnicas analíticas
que possibilitassem a medição quantitativa nos dados dos Através dessas análises pode-se inferir, por exemplo, qual foi a
balanços, as idéias eram vagas em relação ao que comparar. variação da participação de cada credor na empresa, se a
Com o passar dos anos foi se desenvolvendo a noção de empresa teve reduzida ou aumentada sua margem de lucro etc.
comparação de diversos itens sendo o mais comum o ativo
circulante com o passivo circulante.

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Análise Horizontal “O percentual de cada conta mostra sua real importância no
Objetivo: mostrar a evolução de cada conta das demonstrações conjunto”.
contábeis e, pela comparação entre si, permitir tirar conclusões
sobre a evolução da empresa. • Baseia-se em valores percentuais das demonstrações
contábeis;
“A evolução de cada conta mostra os caminhos trilhados pela • Toma como base para o cálculo do percentual de
empresa e as possíveis tendências”. representatividade de cada conta, o valor total do ativo ou
das receitas da empresa;
• Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de
demonstrações contábeis em relação à demonstração Relação entre análise vertical e horizontal
anterior e/ou em relação a uma demonstração contábil • É recomendável que estes tipos de análises sejam usados
básica, geralmente a mais antiga da série. conjuntamente, pois, uma análise horizontal pode
• Essa análise pode ser expressa através de percentuais ou apresentar grande variação em uma conta, no entanto,
de “números-índice”, onde todos os valores da essa conta não represente um valor significativo em relação
demonstração base são representados por 100. ao balanço da empresa.
• Análise Horizontal Encadeada: é efetuada através do Ex: a conta investimentos da empresa pode apresentar uma
cálculo das variações em relação a um ano base. Ex: variação de 2.300% horizontalmente, no entanto, essa evolução
X1 X2 X3 X4 foi de 0,2% para 0,7% do ativo total da empresa.
Estoques 1.500 1.000 1.200 1.500
AHe 100% 67% 80% 100% ANÁLISE VERTICAL (AV): Sua finalidade principal é
apontar o crescimento da representatividade dos
• Análise Horizontal Anual *: é efetuada através do cálculo elementos patrimoniais do balanço patrimonial e da
das variações em relação ao ano anterior. Ex: demonstração de resultado do exercício da empresa,
X1 X2 X3 X4 tendo como base de comparação o ativo total ou a receita
Estoques 1.500 1.000 1.200 1.500 bruta da empresa, a fim de caracterizar tendências.
AHa - 33% + 20% + 25% Conta (item patrimonial)
AV =
* Esta análise não é aconselhável de ser feita de forma Ativo total ou Receita Bruta
isolada.

ANÁLISE HORIZONTAL (AH): Sua principal utilidade é ANÁLISE DOS ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS
acompanhar o crescimento/decrescimento de cada
elemento patrimonial da empresa, ao longo dos períodos. 1) ÍNDICE DE LIQUIDEZ: é utilizado para avaliar a
A análise horizontal pode ser caracterizada de duas capacidade de pagamento da empresa, isto é, constitui
formas: uma apreciação sobre a capacidade de saldar seus
compromissos.
a) Análise Horizontal Encadeada (AHe): É
realizada tomando-se como base um único exercício a) Índice de Liquidez Corrente (LC): Tem como objetivo
social (ano). Exemplo: podemos realizá-la na empresa avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
Beta, utilizando 3 exercícios sociais (2005, 2006 e 2007). obrigações a curto prazo (passivo circulante), utilizando
Assim, tomaremos como base comparativa o ano de todos os seus recursos a curto prazo (ativos circulantes).
2005. Então, 2006 e 2007 serão comparados a 2005. Ativo Circulante (AC)
LC =
20X2 (ano a ser analisado) Passivo Circulante (PC)
AHe = -1
20X1 (ano base)
b) Índice de Liquidez Seca (LS): Tem como objetivo
b) Análise Horizontal Anual (AHa): É realizada avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
através da comparação do exercício social que se deseja obrigações a curto prazo (passivo circulante), utilizando
analisar, com o ano imediatamente anterior. Exemplo: ou seus recursos de maior liquidez (caixa, bancos e
seja, ao analisarmos a empresa Beta, compararemos aplicações) mais seus direitos a curto prazo (duplicatas a
2006 tendo como base 2005, e analisaremos 2007 tendo receber). Ou seja, seu ativo circulante menos os
como base 2006. estoques, por terem menos liquidez.
20X2 (ano a ser analisado) Ativo Circulante – Estoques –
AHa = -1 LS = Despesas Antecipadas
20X1 (ano imediatamente anterior)
Passivo Circulante (PC)
Análise Vertical
Objetivo: mostrar a importância de cada conta em relação à c) Índice de Liquidez Imediata (LI): Tem como objetivo
demonstração contábil a que pertence e, através da comparação avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa obrigações a curto prazo (passivo circulante)
em anos anteriores, permitir inferir se há itens fora das imediatamente, utilizando todos os seus recursos
proporções normais. disponíveis naquele momento (caixa, bancos e aplicações
financeiras).

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Disponibilidades Imobilização Ativo Permanente
LI =
Passivo Circulante (PC) dos Recursos
Exigível a Longo Prazo
Permanentes =
d) Índice de Liquidez Geral (LG): Tem como objetivo
avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas 4) ÍNDICE DE RENTABILIDADE: Expressar a
obrigações, a curto e longo prazos, utilizando todos os rentabilidade da empresa em termos absolutos não tem
seus recursos, a curto e longo prazos. muita utilidade informativa. Por exemplo, dizer que a
Ativo Circulante (AC) + Realizável a Longo General Motors teve um lucro de $ 5 bilhões no exercício
Prazo (RELP) de 2006 e que, no mesmo exercício, a empresa Quitanda
LG =
Passivo Circulante (PC) + Exigível a Longo LTDA. teve um lucro de $ 10 mil, pode impressionar em
Prazo (PELP) termos quantitativos, mas pode ser que a rentabilidade da
GM tenha sido menor do que a da empresa Quitanda.
2) ÍNDICE DE ATIVIDADE: revela os indicadores de
movimentação de estoque, compras e vendas da Sendo assim, devemos relacionar o lucro de um
empresa. empreendimento com algum valor que expresse a
dimensão relativa do mesmo.
a) Prazo Médio de Estocagem: Indica o tempo médio
necessário para a completa renovação dos estoques da a) Retorno sobre o Ativo: revela o retorno produzido
empresa. pelo total das aplicações realizadas por uma empresa em
Prazo Médio de Estoque Médio seus ativos.
X 360 Lucro Operacional
Estocagem = CPV ROA =
Ativo Total
b) Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores: relata
o tempo médio que a empresa tarda em pagar suas b) Retorno sobre o Investimento Total: mostra o
dívidas. retorno produzido pelos recursos deliberadamente
Contas a Pagar levantados pela empresa e aplicados em suas operações.
Prazo Médio de a Fornecedores Lucro Operacional
ROI =
Pagamento a (média) X 360 Patrimônio Líquido
Fornecedores = Compras
Anuais a Prazo c) Retorno Sobre o Patrimônio: calcula o retorno sobre
o investimento realizado pelo empresário:
c) Prazo Médio de Cobrança: revela o tempo médio que Retorno Sobre o Lucro Líquido
a empresa depende em receber suas vendas realizadas a Patrimônio = Patrimônio Líquido
prazo.
Vendas a Rec. d) Margem de Lucro Sobre as Vendas: compara o lucro
Provenientes da empresa com suas vendas líquidas.
Prazo Médio de de Vendas a Lucro Operacional
X 360 Margem Operacional =
Cobrança = Prazo (media) Vendas Líquidas
Vendas Anuais
a Prazo Lucro Líquido
Margem Líquida =
Vendas Líquidas

3) ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO E ESTRUTURA: revela Outros indicadores que também possuem grande utilização são
a composição do capital e do endividamento da empresa. os indicadores de análise das ações. Como exemplo temos o
Lucro por Ação e o Preço de Mercado da Ação pelo Lucro
a) Relação Capital de Terceiros/Capital Próprio: revela da Ação.
o nível de dependência da empresa em relação a seu
financiamento por meio de recursos próprios. CAPITAL DE GIRO
Exigível Total
CT/CP =
Patrimônio Líquido Os recursos são aplicados na empresa de duas maneiras
diferentes: em ativos fixos e em ativos circulantes. A
b) Relação do Capital de Terceiros/Passivo Total: administração do capital de giro caracteriza-se pela
mede a percentagem dos recursos totais da empresa que gestão dos ativos e passivos circulantes. Os ativos
se encontra financiada por capital de terceiros. circulantes seriam Caixa e Bancos, Estoques, Contas a
Exigível Total Receber e Outros Ativos Circulantes. A gestão dos
CT/PT = passivos circulantes caracteriza-se pela gestão das
Passivo Total
contas a pagar em especial.
c) Imobilização dos Recursos Permanentes: revela a
percentagem dos recursos ativos a longo prazo que se O ativo circulante nada mais é do que o conjunto de
encontra imobilizada em vários itens do ativo permanente. recursos de capital que se transformam em recursos
monetários no decorrer de um ciclo operacional.

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As necessidades ou aplicação de capital de giro seriam Método Direto
os valores necessários para a empresa girar seus
negócios que seriam compostos pelas contas: Caixa, Este modelo de apresentação parte das entradas e saídas de
Bancos, Estoques, Duplicatas a Receber, Outros Valores caixa que ocorrem pelos recebimentos de clientes e pagamentos
realizáveis a curto-prazo. a fornecedores ou despesas operacionais. Esta vem a ser a
diferença entre as duas formas de apresentação do Fluxo de
As necessidades são satisfeitas por recursos próprios da caixa. Este método é o proposto no anteprojeto de alteração da
empresa e recursos de terceiros, chamados comumente Lei6404/76. Assim, os fatos que geraram movimentações no
de “cobertura do capital de giro”, isto é, de onde se caixa são divididos em três grupos, de acordo com o FAS 95:
originam os recursos que a empresa aplica no seu capital Operações, Financiamentos e Investimentos.
de giro. Nas Operações são classificados os itens de recebimentos e
pagamentos, relacionados à operação da empresa. Em
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA Financiamentos, classificam-se os fatos que geraram entradas
ou saídas de recursos próprios ou de terceiros, como: aumento
A estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa é de capital em espécie, pagamento de dividendos, aumento das
composta por três partes: exigibilidades de curto prazo ou amortização delas. Vale
• Atividades Operacionais. ressaltar que, no grupo de Financiamentos, devem classificar-se
• Atividades de Investimentos. apenas as amortizações de empréstimos e financiamentos; os
• Atividades de Financiamentos. juros são registrados como sendo da operação. Em
Investimentos, são apresentadas as aquisições de ativos
Existem duas modalidades para elaboração da DFC. O
permanentes ou baixas deles. Ainda de acordo com esse
método direto e o método indireto. A principal diferença é
modelo, que é encorajado pelo FASB, após os agrupamentos se
quanto à apresentação das atividades operacionais. A
faz necessária a reconciliação do lucro, como é feito no início do
metodologia direta divulga informações mais complexas e
método indireto.
de melhor qualidade, enquanto a metodologia indireta é
mais simples, e, conseqüentemente, requer menos Conclui-se, assim, que este modelo vem trazer melhores
trabalho sua elaboração. informações para análise da posição financeira da empresa, pois
efetivamente mostra os fatos que ocorreram e a influência que
Uma das principais finalidades da DFC é “detectar possíveis tiveram nas disponibilidades da empresa.
escassezes ou excedentes de caixa para que, baseados nestas
identificações, sejam tomadas, em tempo hábil, as providências Método Indireto
necessárias tanto no que concerne à aplicação dos saldos, Por meio dessa técnica de apresentação do Fluxo de Caixa,
como na captação de recursos financeiros para cobrir possíveis utiliza-se basicamente o modelo da Demonstração de Origens e
necessidades de caixa.” Aplicações de Recursos. Dessa forma, a demonstração é
iniciada pelas origens das operações da empresa, com o Lucro
Ainda convém ressaltar que, por essa demonstração, Líquido e seus ajustes (os quais já foram comentados na
fica evidenciada a política de pagamentos da empresa, fato que composição da DOAR), acrescentado das variações ocorridas
será uma “bela vitrine” para investidores, caso a empresa tenha nas contas do Circulante − exceto o Disponível. O total das
pontualidade no pagamento de seus compromissos. É evidente origens das operações é o Caixa gerado pelas operações. Após
que, numa situação inversa, a empresa má pagadora sofrerá esse subtotal, são demonstradas outras entradas de caixa por
duramente com a publicação da referida demonstração, porque recursos aplicados pelos próprios acionistas (recursos próprios),
as informações serão apresentadas de forma bastante como aumentos do capital social realizado em espécie, ou ainda,
transparente (nesse sentido, deve-se ressaltar que as leis não pela captação de recursos de terceiros.
são propostas para encobrir os maus pagadores).
É importante ressaltar o seguinte ponto: como na DOAR, as
De forma mais objetiva, faz-se oportuno colocar como origens das operações devem apresentar somente os fatos que
funciona o sistema de normatização contábil norte-americano. foram gerados pelas efetivas atividades da empresa. Assim
Existe um órgão normatizador (FASB – Financial Accounting sendo, não consideramos as operações entradas de recursos
Standards Board), que é responsável pela elaboração das com aumento de empréstimos ou financiamentos de terceiros
normas e rotinas contábeis utilizadas; essa normatização se faz (neste caso, apenas os juros são classificados como sendo da
por meio de documentos chamados FAS (Financial Accounting operação da empresa) ou próprios; esses fatos deverão ser
Standards). Assim, cada “FAS” possui um número e trata de apresentados logo após o Caixa Gerado pelas Operações.
assuntos diferentes: impostos, conversões de moeda etc.
Atualmente, existem 140 FAS’s, e o que trata da apresentação
da Demonstração dos Fluxos de Caixa é o FAS 95.

FORMAS DE APRESENTAÇÃO
Existem duas formas básicas de apresentação do Fluxo de
Caixa, o Método Indireto e o Direto. A seguir analisaremos com
mais detalhes cada um dos tipos.

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RESERVA X PROVISÃO A constituição da provisão tem como finalidade
reconhecer as perdas decorrentes de créditos concedidos
O passivo representa as fontes de recursos utilizados
a maus pagadores.
pela empresa, podendo tais recursos serem provenientes
de terceiros (dívidas) ou próprio (dos sócios), por meio de b. Provisão para Perdas em Estoque
aporte de capital ou de lucro gerado pela própria
Esta provisão torna-se necessária quando no estoque
empresa.
figurarem itens danificados, estragados, obsoletos, de
Com suas contas dispostas em grau decrescente de giro extremamente lento, de forma a possibilitar a
exigibilidade, o passivo pode ser dividido em passivo apresentação do valor real dos estoques que estão
exigível e passivo não exigível. contribuindo para a geração de caixa.
Passivo Circulante c. Provisão para Desvalorização de Estoque
Passivo Exigível a Longo Prazo
Essa provisão está intimamente ligada à convenção do
Resultado de Exercícios Futuros
conservadorismo, à medida que objetiva resguardar o
Patrimônio Líquido
patrimônio da entidade quando o valor de mercado do
As reservas apresentam características específicas estoque estiver inferior ao valor contábil. Em síntese, esta
quanto a que se referem a sua formação. Representam provisão deve ser efetuada sempre que o valor de
“reservas” de recursos obtidos pela empresa, seja através mercado das mercadorias em estoque for inferior ao valor
do lucro do exercício ou dos acréscimos ao patrimônio contábil, e seu cálculo é feito através dessa diferença.
provenientes da valorização do patrimônio da empresa.
d. Provisão para Perdas em Investimentos
Já as provisões representam encargos e riscos,
Permanentes
conhecidos e calculáveis, mesmo que por estimativa, com
seu reconhecimento intimamente relacionado com o Esta provisão é constituída normalmente para
regime de competência dos exercícios. investimentos avaliados pelo método de custo, uma vez
que, na maioria das vezes, pelo método da equivalência
patrimonial, os ganhos e perdas relativos a participações
PROVISÕES em outras companhias são reconhecidos por ocasião do
encerramento do exercício, quando são realizados os
As provisões estão intimamente relacionadas ao regime
cálculos de equivalência entre patrimônio e investimentos
de competência de exercícios, visto que seu registro
anterior e atual. No entanto, isto não impede que haja a
contábil independe da ocorrência ou não do desembolso
provisão para as participações avaliadas pela
de caixa.
equivalência patrimonial.
Estas representam a redução do ativo (quando
Assim, as provisões poderão ser realizadas desde que
relacionadas a bens e direitos) e ao aumento do passivo
haja perdas efetivas a partir da equivalência patrimonial
(quando relacionadas ao reconhecimento da despesa).
da coligada ou controlada ou quando o custo contábil do
Em qualquer das hipóteses, a provisão provoca
investimento avaliado pelo custo for inferior ao valor do
obrigatoriamente a redução do resultado e
investimento.
conseqüentemente do patrimônio líquido das entidades.
Estas provisões figurarão logo após suas devidas contas As provisões relacionadas ao reconhecimento da
de origem. despesa:
Entre as provisões relacionadas ao reconhecimento de O reconhecimento das despesas e receitas é fator
perdas prováveis de direitos a receber ou desgaste de preponderante para a determinação do resultado da
bens, destacam-se: empresa em certo período. Segundo o regime de
competência de exercícios, tanto as receitas como as
a. Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa
despesas devem ser reconhecidas por seu fato gerador,
De acordo com o art. 43 da Lei n. 8.981/95, a partir de independentemente de recebimento ou pagamento.
01/01/1995 poderão ser registrados como custo ou
a. Provisão para 13º Salário
despesa operacional os valores necessários à formação
da provisão. Seu cálculo é efetuado tomando-se como parâmetro a
fração igual ou superior a quinze dias que o empregado
A importância dedutível como provisão para crédito de
tenha trabalhado no mês e é provisionada basicamente
liquidação duvidosa será necessária a tornar a provisão
para atender a dois objetivos: reconhecer a despesa
suficiente para absorver as perdas que provavelmente
efetivamente incorrida no mês e demonstrar a
ocorrerão.
administração o montante a ser desembolsado por
Para efeito da determinação do saldo adequado da ocasião do pagamento.
provisão, aplicar-se-á, sobre o montante dos créditos a
No cálculo são considerados todos os valores recebidos
receber pela empresa, o percentual obtido pela relação
pelos empregados a título de remuneração. Na provisão
entre a soma das perdas efetivamente ocorridas nos
são provisionados, além do valor a receber pelo
últimos três anos-calendários, relativas aos créditos
funcionário, os valores dos encargos referentes ao 13º.
decorrentes do exercício da atividade econômica.
b. Provisão para Férias
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A provisão para férias é constituída com base na c. Doações
remuneração mensal do empregado mais os encargos, e
As doações recebidas pela entidade caracterizam-se
tem a finalidade de evidenciar o montante real de
como Reservas de Capital e como tal não transitam pelo
despesa incorrida no período e demonstrar à
resultado do período. Essas doações devem ser
administração a necessidade de manter um suporte de
registradas pelo valor de mercado, mesmo que essa
caixa necessário para cumprir o pagamento das férias,
definição seja difícil.
visto que em períodos de férias os empregados não
trabalham, mas recebem. d. Subvenções para Investimentos
Convém lembrar que além da provisão normal de férias Subvenções são incentivos dados pelos governos federal,
deve-se constituir concomitantemente uma provisão estadual ou municipal, visando incrementar o
correspondente a mais um terço da remuneração e desenvolvimento de setores econômicos ou áreas
respectivos encargos para atender ao disposto na carentes de recursos. Estas subvenções devem ser
constituição de 1988. registradas como reservas de capital.
c. Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Reserva de Lucro
Social
As reservas de lucro são constituídas mediante
As provisões para imposto de renda (IRPJ) e contribuição transferência de parte dos Lucros para a respectiva conta
social (CSLL) devem ser constituídas observando a de reserva.
legislação fiscal, independentemente do período em que
a. Reserva Legal
ocorrerem os recolhimentos. Este procedimento é
amparado pela legislação societária (Lei 6.404/76), que Do lucro líquido do exercício, 5% serão aplicados, antes
define que as obrigações, encargos e riscos, conhecidos de qualquer destinação, na constituição da Reserva
como calculáveis, serão computados pelo valor atualizado Legal, que não excederá em 20% o Capital Social, ou, em
até a data do balanço. 30% o somatório do Capital Social mais as Reservas de
Capital.
Sua constituição obedece ao princípio da competência, à
medida que reconhece os encargos com o tributo no Sua finalidade é assegurar a integridade do Capital Social
período em que o fato gerador ocorrer, e somente poderá ser utilizada para compensar Prejuízos
independentemente do pagamento. ou aumentar o capital.
b. Reservas Estatutárias
RESERVAS São reservas previstas no estatuto social da empresa. O
De acordo com o art. 182 da Lei n. 6.404/76, o patrimônio estatuto pode criar reservas desde que, para cada uma,
líquido deve ser composto pelo Capital Social, pelas indique de modo preciso e completo, sua finalidade, fixe
critérios para determinar a parcela anual dos lucros que
Reservas e pelos Lucros ou Prejuízos.
serão destinados a sua constituição e estabeleça o limite
Reservas de Capital máximo de reservas.
São classificados como reserva de capital a contribuição c. Reserva para Contingência
do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e
a parte do preço de emissão das ações, o produto da Representa parte do lucro líquido destinado à formação
alienação de partes beneficiárias, o prêmio recebido na de reserva com a finalidade de compensar, em exercícios
emissão de debêntures, as doações e subvenções para futuros, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada
investimento, entre outros. provável, cujo valor possa ser estimado.
A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a
a. Ágio na Emissão de Ações
causa da perda prevista e justificar, com as razões de
Ações caracterizam-se como a menor parcela em que se prudência que recomendem, a constituição da reserva.
divide o capital de uma sociedade anônima. O ágio
representa a diferença verificada entre o preço pago d. Reserva Orçamentária (ou de expansão)
pelos acionistas e o valor nominal das ações. Este fato Representa a parcela do lucro líquido da empresa que
ocorre por que na conta Capital Social as ações devem poderá ser retirada para expansão da empresa quando
figurar pelo valor nominal. Quando o valor nominal for prevista em orçamento de capital aprovado em
inferior ao valor pago, ocorre então o ágio, que deve ser assembléia geral.
registrado como Reserva de Capital.
e. Reserva de Lucros a Realizar
b. Correção Monetária do Capital Realizado
Pode haver parte do lucro líquido que ainda não foi
A Lei n. 9.249/95 extinguiu a correção monetária do realizada, financeiramente. Um caso conhecido é o ganho
balanço. Todavia, os aspectos relacionados à Reserva de que vem “engordar” o lucro líquido, mas não significa, no
Capital, no que tange à correção monetária, persistirão momento, um acréscimo financeiro, isto é, aquele
meio contábil até que se processem todas as montante não acresceu (ganho econômico), em valor
capitalizações dessas reservas ou sejam estas correspondente, ao caixa. Dessa forma, a reserva é
absorvidas por prejuízos de exercícios vindouros. criada com o objetivo de resguardar o patrimônio da
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empresa, tendo em vista que não seria justo pagar Se uma empresa for capaz de remunerar seus
dividendos sobre a parcela não realizada proprietários exatamente no limite de suas expectativas
financeiramente, caso contrário enfraqueceria a situação mínimas de retorno, seu valor de mercado restringe-se ao
financeira da empresa. montante necessário que se despenderia para edificá-la,
ou seja, a empresa não agrega valor algum, e sua
Tal reserva possui como limite de constituição o excesso
cotação de mercado é igual ao valor de reposição de
entre os lucros a realizar da empresa e o total das
seus ativos.
reservas anteriormente já discutidas e possivelmente
constituídas. O valor é criado ao acionista somente quando as receitas
operacionais superarem todos os dispêndios (custos e
f. Dividendos
despesas) incorridos, inclusive o custo de oportunidade
Parte do lucro que se destina aos acionistas da do capital próprio. Nesse caso, o valor da empresa
companhia denomina-se Dividendos. excederia o de realização de seus ativos (investimentos),
indicando esse resultado adicional uma agregação de
O percentual do lucro que é divido e distribuídos aos riqueza pelo mercado conhecida por Market Value Added
acionistas é o dividendo, e é estabelecido pela empresa a (MVA) ou Goodwill.
partir do lucro líquido do exercício, definindo o percentual
de distribuição em seu estatuto. Caso o estatuto seja Modelo de Gestão Baseada no Valor
omisso, a empresa deverá distribuir, a título de dividendo,
O referido modelo objetiva a maximização da riqueza dos
50% de seu lucro do exercício.
proprietários de capital, expressa no preço de mercado
das ações.
GESTÃO BASEADA EM VALOR O principal indicador de agregação de riqueza é a criação
de valor econômico, que se realiza mediante a adoção
A gestão nas empresas vem apresentando importantes eficiente de estratégias financeiras e capacidades
avanços em sua forma de atuação, saindo de uma diferenciadoras.
postura convencional de busca de lucro e rentabilidade
para um enfoque preferencialmente voltado à riqueza dos Capacidades diferenciadoras
acionistas.
São entendidas como estratégias adotadas que permitem
O objetivo de criar valor aos acionistas demanda outras às empresas atuarem com um nível de diferenciação em
estratégias financeiras e novas medidas do sucesso relação a seus concorrentes de mercado, assumindo uma
empresarial, todas elas voltadas a agregar riqueza a seus vantagem competitiva e maior agregação de valor a seus
proprietários. Criar valor para uma empresa ultrapassa o proprietários.
objetivo de cobrir os custos explícitos identificados nas
Estratégias financeiras
vendas. Incorpora o entendimento e o cálculo da
remuneração dos custos implícitos (custo de Assim como as capacidades diferenciadoras, estão
oportunidade do capital investido), não cotejado pela voltadas ao objetivo da empresa em criar valor a seus
contabilidade tradicional na apuração dos demonstrativos acionistas. Estas, por sua vez, podem ser divididas em
de resultados e, conseqüentemente, na quantificação da operacionais, de financiamento e de investimento.
riqueza dos acionistas.
Valor Econômico Agregado (VEA)
Uma empresa é criadora de valor quanto for capaz de
É uma medida de criação de valor identificada no
oferecer a seus proprietários de capital (credores e
desempenho operacional da própria empresa, conforme
acionistas) uma remuneração acima de suas expectativas
retratado nos relatórios financeiros. O VEA pode ser
mínimas de ganho.
entendido como o resultado apurado pela sociedade que
Custo de Oportunidade excede à remuneração mínima exigida pelos proprietários
de capital (credores e acionistas).
Um custo de oportunidade retrata quanto uma pessoa
(empresa) sacrificou de remuneração por ter tomado a O cálculo do VEA exige o conhecimento do custo total de
decisão de aplicar seus recursos em determinado capital da empresa (WACC), o qual é determinado pelo
investimento alternativo, de risco semelhante. Por custo de cada fonte de financiamento (própria e de
exemplo, uma empresa, ao avaliar um projeto de terceiros) ponderado pela participação do respectivo
investimento, deve considerar como custo de capital no total do investimento realizado (fixo e de giro).
oportunidade a taxa de retorno que deixa de receber por Representa, em essência, o custo de oportunidade do
não ter aplicado os recursos em outra alternativa possível capital aplicado por credores e acionistas como forma de
de investimento. compensar o risco assumido no negócio.
Valor para o Acionista Estrutura básica de cálculo do VEA:
O investimento do acionista revela atratividade econômica Lucro operacional (líquido do IR)
somente quando a remuneração oferecida for suficiente (-) Custo total de capital (WACC x Investimento)
para remunerar o custo de oportunidade do capital próprio = Valor Econômico Agregado (VEA)
aplicado no negócio.
WACC = custo médio do capital aplicado
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O VEA ainda pode ser obtido através da fórmula: Representa o valor líquido das aplicações (deduzidas das
dívidas a curto prazo) processadas no ativo (capital)
VEA – (ROI – WACC) x Investimento
circulante da empresa. Assim, a forma mais direta de se
Onde o ROI é o retorno sobre o investimento (ROI = obter o valor do capital de giro líquido é mediante a
Lucro operacional / Patrimônio Líquido), o WACC é o simples diferença entre o ativo circulante e o passivo
custo médio ponderado do capital (WACC = [custo do circulante, ou seja:
capital de terceiro x capital de terceiros] x [custo do
CGL (CCL) = Ativo circulante – Passivo circulante
capital próprio x capital próprio]), e o investimento é o
total do ativo que é utilizado pela empresa no ou
desempenho de suas atividades.
CGL (CCL) = (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo
Outra forma alternativa de cálculo do VEA é: Prazo) – (Ativo Permanente + Realizável
a Longo Prazo).
VEA = Lucro operacional – [WACC x investimento]
Medida de Valor para o Acionista
Capital de Giro Próprio
Nesse objetivo de agregação do valor, uma medida
alternativa de valor e derivada do VEA é o spread do Indica o valor de capital de giro muitas vezes utilizado na
capital próprio, obtido pela diferença entre o retorno prática é o denominado capital de giro próprio, e é
auferido pelo patrimônio líquido (ROE) e o custo de comumente obtido pela seguinte expressão:
oportunidade do acionista.
Patrimônio Líquido
Avaliação do Desempenho pelo MVA (-) Aplicações Permanentes
Ativo Permanente
A medida de valor agregado pelo mercado (MVA – Market
Realizável a Longo Prazo
Value Added) reflete a expansão monetária da riqueza
= Capital de Giro Próprio
gerada aos proprietários de capital determinada pela
capacidade operacional da empresa em produzir O valor assim obtido é interpretado como o volume de
resultados superiores a seu custo de oportunidade. recursos próprios que uma empresa tem aplicado em seu
Reflete, dentro de outra visão, quanto a empresa vale ativo circulante.
adicionalmente ao que se gastaria para repor todos os
seus ativos a preços de mercado (ou a valores históricos Ciclos operacionais
corrigidos, conforma é geralmente usado). As atividades operacionais de uma empresa envolvem,
O MVA pode ser obtido a partir da seguinte fórmula: de forma seqüencial e repetitiva, a produção de bens e
serviços e, em conseqüência, a realização de vendas e
MVA = VEA / WACC respectivos recebimentos. Nessas operações básicas
procura a empresa obter determinado volume de lucros,
de forma a remunerar as expectativas de retorno de suas
ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO diversas fontes de financiamento (credores e
proprietários).
A administração do capital de giro (circulante) envolve
basicamente as decisões de compra e venda tomadas Principais ciclos:
pela empresa, assim como suas mais diversas atividades
PME = prazo médio de estocagem de matérias-primas
operacionais e financeiras. Nessa abrangência, coloca-se
de forma nítida que a administração do capital de giro PMF = prazo médio de fabricação
deve garantir a uma empresa a adequada consecução de
sua política de estocagem, compra de materiais, PME/PMV = prazo médio de estocagem dos produtos
produção, venda de produtos e mercadorias e prazo de terminados/prazo médio de venda
recebimento. PMC = prazo médio de cobrança
Capital de Giro PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores
O capital de giro corresponde ao ativo circulante de uma Investimento em Capital de Giro
empresa. Em sentido amplo, o capital de giro representa
o valor total dos recursos demandados pela empresa para É sabido que o ativo circulante constitui-se, para diversos
financiar seu ciclo operacional, o qual engloba as segmentos, no grupo patrimonial menos rentável. Os
necessidades circulantes identificadas desde a aquisição investimentos em capital de giro não geram diretamente
de matérias-primas até a venda e o recebimento dos unidades físicas de produção e venda, meta final do
produtos elaborados. processo empresarial de obtenção de lucros. A
manutenção de determinado volume de recursos aplicado
CG = Ativo Circulante no capital de giro visa, fundamentalmente, à sustentação
Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante de atividade operacional de uma empresa.
Líquido (CCL) Financiamento do Capital de Giro

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O custo do capital de giro financiado a longo prazo é mais
caro do que o financiado a curto prazo. Ou seja, quanto
Referências:
maior for o prazo de concessão de um empréstimo, maior
será seu custo em razão do risco que o credor assume ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços. 7.
em não obter um retorno condizente com os padrões de ed. São Paulo: Atlas, 2002.
juros da época.
FAVERO, H.L.; LONARDONI, M.; SOUZA, C.; TAKAKURA, M.
Abordagem para o Financiamento do Capital de Giro Contabilidade: teoria e prática – vol. 2. São Paulo: Atlas, 2007.
Considerando-se o risco e retorno envolvido nas FIPECAFI. Manual de Contabilidade das sociedades por ações.
operações de financiamento do capital de giro, deve-se 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
buscar a melhor composição do passivo da empresa, de
MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços:
forma que se obtenha o equilíbrio entre risco e retorno.
abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
Nesse sentido, o capital de giro pode ser divido em fixo e
variável (sazonal). IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 1998.
Capital de giro fixo
É determinado pela atividade normal da empresa, e seu
montante definido pelo nível mínimo de necessidade de
recursos demandados pelo ciclo operacional em
determinado período.
Capital de giro sazonal
É determinado pelas variações temporárias que ocorrem
normalmente nos negócios de uma empresa.
a. Abordagem pelo equilíbrio financeiro tradicional
De acordo com essa abordagem o ativo permanente e o
capital de giro permanente são financiados, também, por
recursos de longo prazo (próprios ou de terceiros). As
necessidades sazonais de capital de giro, por sua vez,
são cobertas por exigibilidades de curto prazo.
b. Abordagem do risco mínimo
Esta abordagem postula a minimização do risco que pode
ser adotada a partir de uma abordagem conservadora
para o financiamento do capital de giro. Nessa
abordagem, a empresa encontra-se totalmente financiada
por recursos permanentes (longo prazo), inclusive em
suas necessidades sazonais de fundos. O capital de giro
líquido, nessa situação, é igual ao capital de giro (ativo
circulante) da empresa.
c. Outras abordagens de financiamento
Outras formas de composição do financiamento do capital
de giro podem, evidentemente, ser estabelecidas.

Necessidade de Investimento em Capital de Giro


A necessidade de investimento em capital de giro, ou
simplesmente em giro, reflete o volume líquido e recursos
demandado pelo ciclo operacional da empresa,
determinado em função de suas políticas de compras,
vendas e estocagem. É essencialmente uma necessidade
de capital de longo prazo, que deve lastrear
financeiramente os investimentos cíclicos – que se
repetem periodicamente – em cada capital de giro.

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PÓS-GRADUAÇÃO EM AUDITORIA
FISCAL E TRIBUTÁRIA

[CONTABILIDADE AVANÇADA]

PROFO. ORLEANS SILVA MARTINS

USO RESTRITO PARA O ACOMPANHAMENTO DAS AULAS


FACULDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERNAMBUCO

Curso:
ESPECIALIZAÇÃO EM AUDITORIA FISCAL E TRIBUTÁRIA
Disciplina: Semestre:
CONTABILIDADE AVANÇADA 2008.2
Professor: Carga Horária:
ORLEANS SILVA MARTINS 22 horas

Conteúdo Programático:
1. Aspectos avançados da contabilidade e a análise das demonstrações financeiras;
2. Análise avançada das demonstrações financeiras;
3. Análise do capital de giro;
4. Elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa
5. Gestão baseada em valor;
6. EVA;
7. Custo de capital.

ASPECTOS AVANÇADOS DA CONTABILIDADE E A Em 1915, determinava o Federal Reserve Board (o Banco


ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Central dos Estados Unidos) que só poderiam ser renegociados
os títulos de empresas que tivessem apresentado seu balanço
O objeto de estudo da Contabilidade é o Patrimônio das ao banco, medida instituiu o uso das demonstrações financeiras
Entidades. Seus conhecimentos são obtidos a partir de uma como base para a concepção de crédito.
metodologia racional, com as condições de generalidade,
certeza e busca das causas, em nível qualitativo semelhante às No Brasil, até 1968, a análise de balanço era pouco utilizada na
demais ciências sociais. Por conseqüência, todas as suas prática. Nesse ano foi criada a SERASA empresa que surgiu
classificações – método, conjunto de procedimentos, técnica, para operar como central de análise de balanços dos bancos
sistema, arte, para citarmos as mais correntes – referem-se às comerciais, onde este mesmo autor organizou sua parte técnica.
simples facetas usualmente concernentes à sua aplicação Alguns dos índices que surgiram inicialmente permanecem em
prática, na solução de questões concretas. uso até hoje, porém, as técnicas foram aprimoradas.

A contabilidade, na qualidade de ciência aplicada, com ANÁLISE AVANÇADAS DAS DEMONSTRAÇÕES


metodologia especialmente criada para captar, registrar, FINANCEIRAS
acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as
situações patrimoniais e econômicas de qualquer ente possui As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados
este aspecto de prevenção dos riscos e a continuidade dos sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A análise das
empreendimentos. demonstrações financeiras transforma esses dados em
informações e, assim, facilita e torna mais eficiente a análise e
A análise de balanço surgiu dentro do sistema bancário que foi interpretação desses dados. Esta análise, por sua vez, servirá
seu principal usuário, em 1895 o Conselho Executivo da como base informacional tanto para os agentes internos como
Associação dos Bancos no estado de New York orienta a seus para os externos.
membros a pedir aos tomadores de empréstimo declarações
escritas e assinadas de seus ativos e passivos. Acredita que Análises Vertical e Horizontal
nessa época é pouco provável que existissem técnicas analíticas
que possibilitassem a medição quantitativa nos dados dos Através dessas análises pode-se inferir, por exemplo, qual foi a
balanços, as idéias eram vagas em relação ao que comparar. variação da participação de cada credor na empresa, se a
Com o passar dos anos foi se desenvolvendo a noção de empresa teve reduzida ou aumentada sua margem de lucro etc.
comparação de diversos itens sendo o mais comum o ativo
circulante com o passivo circulante.

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Análise Horizontal “O percentual de cada conta mostra sua real importância no
Objetivo: mostrar a evolução de cada conta das demonstrações conjunto”.
contábeis e, pela comparação entre si, permitir tirar conclusões
sobre a evolução da empresa. • Baseia-se em valores percentuais das demonstrações
contábeis;
“A evolução de cada conta mostra os caminhos trilhados pela • Toma como base para o cálculo do percentual de
empresa e as possíveis tendências”. representatividade de cada conta, o valor total do ativo ou
das receitas da empresa;
• Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de
demonstrações contábeis em relação à demonstração Relação entre análise vertical e horizontal
anterior e/ou em relação a uma demonstração contábil • É recomendável que estes tipos de análises sejam usados
básica, geralmente a mais antiga da série. conjuntamente, pois, uma análise horizontal pode
• Essa análise pode ser expressa através de percentuais ou apresentar grande variação em uma conta, no entanto,
de “números-índice”, onde todos os valores da essa conta não represente um valor significativo em relação
demonstração base são representados por 100. ao balanço da empresa.
• Análise Horizontal Encadeada: é efetuada através do Ex: a conta investimentos da empresa pode apresentar uma
cálculo das variações em relação a um ano base. Ex: variação de 2.300% horizontalmente, no entanto, essa evolução
X1 X2 X3 X4 foi de 0,2% para 0,7% do ativo total da empresa.
Estoques 1.500 1.000 1.200 1.500
AHe 100% 67% 80% 100% ANÁLISE VERTICAL (AV): Sua finalidade principal é
apontar o crescimento da representatividade dos
• Análise Horizontal Anual *: é efetuada através do cálculo elementos patrimoniais do balanço patrimonial e da
das variações em relação ao ano anterior. Ex: demonstração de resultado do exercício da empresa,
X1 X2 X3 X4 tendo como base de comparação o ativo total ou a receita
Estoques 1.500 1.000 1.200 1.500 bruta da empresa, a fim de caracterizar tendências.
AHa - 33% + 20% + 25% Conta (item patrimonial)
AV =
* Esta análise não é aconselhável de ser feita de forma Ativo total ou Receita Bruta
isolada.

ANÁLISE HORIZONTAL (AH): Sua principal utilidade é ANÁLISE DOS ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS
acompanhar o crescimento/decrescimento de cada
elemento patrimonial da empresa, ao longo dos períodos. 1) ÍNDICE DE LIQUIDEZ: é utilizado para avaliar a
A análise horizontal pode ser caracterizada de duas capacidade de pagamento da empresa, isto é, constitui
formas: uma apreciação sobre a capacidade de saldar seus
compromissos.
a) Análise Horizontal Encadeada (AHe): É
realizada tomando-se como base um único exercício a) Índice de Liquidez Corrente (LC): Tem como objetivo
social (ano). Exemplo: podemos realizá-la na empresa avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
Beta, utilizando 3 exercícios sociais (2005, 2006 e 2007). obrigações a curto prazo (passivo circulante), utilizando
Assim, tomaremos como base comparativa o ano de todos os seus recursos a curto prazo (ativos circulantes).
2005. Então, 2006 e 2007 serão comparados a 2005. Ativo Circulante (AC)
LC =
20X2 (ano a ser analisado) Passivo Circulante (PC)
AHe = -1
20X1 (ano base)
b) Índice de Liquidez Seca (LS): Tem como objetivo
b) Análise Horizontal Anual (AHa): É realizada avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
através da comparação do exercício social que se deseja obrigações a curto prazo (passivo circulante), utilizando
analisar, com o ano imediatamente anterior. Exemplo: ou seus recursos de maior liquidez (caixa, bancos e
seja, ao analisarmos a empresa Beta, compararemos aplicações) mais seus direitos a curto prazo (duplicatas a
2006 tendo como base 2005, e analisaremos 2007 tendo receber). Ou seja, seu ativo circulante menos os
como base 2006. estoques, por terem menos liquidez.
20X2 (ano a ser analisado) Ativo Circulante – Estoques –
AHa = -1 LS = Despesas Antecipadas
20X1 (ano imediatamente anterior)
Passivo Circulante (PC)
Análise Vertical
Objetivo: mostrar a importância de cada conta em relação à c) Índice de Liquidez Imediata (LI): Tem como objetivo
demonstração contábil a que pertence e, através da comparação avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa obrigações a curto prazo (passivo circulante)
em anos anteriores, permitir inferir se há itens fora das imediatamente, utilizando todos os seus recursos
proporções normais. disponíveis naquele momento (caixa, bancos e aplicações
financeiras).

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Disponibilidades Imobilização Ativo Permanente
LI =
Passivo Circulante (PC) dos Recursos
Exigível a Longo Prazo
Permanentes =
d) Índice de Liquidez Geral (LG): Tem como objetivo
avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas 4) ÍNDICE DE RENTABILIDADE: Expressar a
obrigações, a curto e longo prazos, utilizando todos os rentabilidade da empresa em termos absolutos não tem
seus recursos, a curto e longo prazos. muita utilidade informativa. Por exemplo, dizer que a
Ativo Circulante (AC) + Realizável a Longo General Motors teve um lucro de $ 5 bilhões no exercício
Prazo (RELP) de 2006 e que, no mesmo exercício, a empresa Quitanda
LG =
Passivo Circulante (PC) + Exigível a Longo LTDA. teve um lucro de $ 10 mil, pode impressionar em
Prazo (PELP) termos quantitativos, mas pode ser que a rentabilidade da
GM tenha sido menor do que a da empresa Quitanda.
2) ÍNDICE DE ATIVIDADE: revela os indicadores de
movimentação de estoque, compras e vendas da Sendo assim, devemos relacionar o lucro de um
empresa. empreendimento com algum valor que expresse a
dimensão relativa do mesmo.
a) Prazo Médio de Estocagem: Indica o tempo médio
necessário para a completa renovação dos estoques da a) Retorno sobre o Ativo: revela o retorno produzido
empresa. pelo total das aplicações realizadas por uma empresa em
Prazo Médio de Estoque Médio seus ativos.
X 360 Lucro Operacional
Estocagem = CPV ROA =
Ativo Total
b) Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores: relata
o tempo médio que a empresa tarda em pagar suas b) Retorno sobre o Investimento Total: mostra o
dívidas. retorno produzido pelos recursos deliberadamente
Contas a Pagar levantados pela empresa e aplicados em suas operações.
Prazo Médio de a Fornecedores Lucro Operacional
ROI =
Pagamento a (média) X 360 Patrimônio Líquido
Fornecedores = Compras
Anuais a Prazo c) Retorno Sobre o Patrimônio: calcula o retorno sobre
o investimento realizado pelo empresário:
c) Prazo Médio de Cobrança: revela o tempo médio que Retorno Sobre o Lucro Líquido
a empresa depende em receber suas vendas realizadas a Patrimônio = Patrimônio Líquido
prazo.
Vendas a Rec. d) Margem de Lucro Sobre as Vendas: compara o lucro
Provenientes da empresa com suas vendas líquidas.
Prazo Médio de de Vendas a Lucro Operacional
X 360 Margem Operacional =
Cobrança = Prazo (media) Vendas Líquidas
Vendas Anuais
a Prazo Lucro Líquido
Margem Líquida =
Vendas Líquidas

3) ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO E ESTRUTURA: revela Outros indicadores que também possuem grande utilização são
a composição do capital e do endividamento da empresa. os indicadores de análise das ações. Como exemplo temos o
Lucro por Ação e o Preço de Mercado da Ação pelo Lucro
a) Relação Capital de Terceiros/Capital Próprio: revela da Ação.
o nível de dependência da empresa em relação a seu
financiamento por meio de recursos próprios. CAPITAL DE GIRO
Exigível Total
CT/CP =
Patrimônio Líquido Os recursos são aplicados na empresa de duas maneiras
diferentes: em ativos fixos e em ativos circulantes. A
b) Relação do Capital de Terceiros/Passivo Total: administração do capital de giro caracteriza-se pela
mede a percentagem dos recursos totais da empresa que gestão dos ativos e passivos circulantes. Os ativos
se encontra financiada por capital de terceiros. circulantes seriam Caixa e Bancos, Estoques, Contas a
Exigível Total Receber e Outros Ativos Circulantes. A gestão dos
CT/PT = passivos circulantes caracteriza-se pela gestão das
Passivo Total
contas a pagar em especial.
c) Imobilização dos Recursos Permanentes: revela a
percentagem dos recursos ativos a longo prazo que se O ativo circulante nada mais é do que o conjunto de
encontra imobilizada em vários itens do ativo permanente. recursos de capital que se transformam em recursos
monetários no decorrer de um ciclo operacional.

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As necessidades ou aplicação de capital de giro seriam Método Direto
os valores necessários para a empresa girar seus
negócios que seriam compostos pelas contas: Caixa, Este modelo de apresentação parte das entradas e saídas de
Bancos, Estoques, Duplicatas a Receber, Outros Valores caixa que ocorrem pelos recebimentos de clientes e pagamentos
realizáveis a curto-prazo. a fornecedores ou despesas operacionais. Esta vem a ser a
diferença entre as duas formas de apresentação do Fluxo de
As necessidades são satisfeitas por recursos próprios da caixa. Este método é o proposto no anteprojeto de alteração da
empresa e recursos de terceiros, chamados comumente Lei6404/76. Assim, os fatos que geraram movimentações no
de “cobertura do capital de giro”, isto é, de onde se caixa são divididos em três grupos, de acordo com o FAS 95:
originam os recursos que a empresa aplica no seu capital Operações, Financiamentos e Investimentos.
de giro. Nas Operações são classificados os itens de recebimentos e
pagamentos, relacionados à operação da empresa. Em
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA Financiamentos, classificam-se os fatos que geraram entradas
ou saídas de recursos próprios ou de terceiros, como: aumento
A estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa é de capital em espécie, pagamento de dividendos, aumento das
composta por três partes: exigibilidades de curto prazo ou amortização delas. Vale
• Atividades Operacionais. ressaltar que, no grupo de Financiamentos, devem classificar-se
• Atividades de Investimentos. apenas as amortizações de empréstimos e financiamentos; os
• Atividades de Financiamentos. juros são registrados como sendo da operação. Em
Investimentos, são apresentadas as aquisições de ativos
Existem duas modalidades para elaboração da DFC. O
permanentes ou baixas deles. Ainda de acordo com esse
método direto e o método indireto. A principal diferença é
modelo, que é encorajado pelo FASB, após os agrupamentos se
quanto à apresentação das atividades operacionais. A
faz necessária a reconciliação do lucro, como é feito no início do
metodologia direta divulga informações mais complexas e
método indireto.
de melhor qualidade, enquanto a metodologia indireta é
mais simples, e, conseqüentemente, requer menos Conclui-se, assim, que este modelo vem trazer melhores
trabalho sua elaboração. informações para análise da posição financeira da empresa, pois
efetivamente mostra os fatos que ocorreram e a influência que
Uma das principais finalidades da DFC é “detectar possíveis tiveram nas disponibilidades da empresa.
escassezes ou excedentes de caixa para que, baseados nestas
identificações, sejam tomadas, em tempo hábil, as providências Método Indireto
necessárias tanto no que concerne à aplicação dos saldos, Por meio dessa técnica de apresentação do Fluxo de Caixa,
como na captação de recursos financeiros para cobrir possíveis utiliza-se basicamente o modelo da Demonstração de Origens e
necessidades de caixa.” Aplicações de Recursos. Dessa forma, a demonstração é
iniciada pelas origens das operações da empresa, com o Lucro
Ainda convém ressaltar que, por essa demonstração, Líquido e seus ajustes (os quais já foram comentados na
fica evidenciada a política de pagamentos da empresa, fato que composição da DOAR), acrescentado das variações ocorridas
será uma “bela vitrine” para investidores, caso a empresa tenha nas contas do Circulante − exceto o Disponível. O total das
pontualidade no pagamento de seus compromissos. É evidente origens das operações é o Caixa gerado pelas operações. Após
que, numa situação inversa, a empresa má pagadora sofrerá esse subtotal, são demonstradas outras entradas de caixa por
duramente com a publicação da referida demonstração, porque recursos aplicados pelos próprios acionistas (recursos próprios),
as informações serão apresentadas de forma bastante como aumentos do capital social realizado em espécie, ou ainda,
transparente (nesse sentido, deve-se ressaltar que as leis não pela captação de recursos de terceiros.
são propostas para encobrir os maus pagadores).
É importante ressaltar o seguinte ponto: como na DOAR, as
De forma mais objetiva, faz-se oportuno colocar como origens das operações devem apresentar somente os fatos que
funciona o sistema de normatização contábil norte-americano. foram gerados pelas efetivas atividades da empresa. Assim
Existe um órgão normatizador (FASB – Financial Accounting sendo, não consideramos as operações entradas de recursos
Standards Board), que é responsável pela elaboração das com aumento de empréstimos ou financiamentos de terceiros
normas e rotinas contábeis utilizadas; essa normatização se faz (neste caso, apenas os juros são classificados como sendo da
por meio de documentos chamados FAS (Financial Accounting operação da empresa) ou próprios; esses fatos deverão ser
Standards). Assim, cada “FAS” possui um número e trata de apresentados logo após o Caixa Gerado pelas Operações.
assuntos diferentes: impostos, conversões de moeda etc.
Atualmente, existem 140 FAS’s, e o que trata da apresentação
da Demonstração dos Fluxos de Caixa é o FAS 95.

FORMAS DE APRESENTAÇÃO
Existem duas formas básicas de apresentação do Fluxo de
Caixa, o Método Indireto e o Direto. A seguir analisaremos com
mais detalhes cada um dos tipos.

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RESERVA X PROVISÃO A constituição da provisão tem como finalidade
reconhecer as perdas decorrentes de créditos concedidos
O passivo representa as fontes de recursos utilizados
a maus pagadores.
pela empresa, podendo tais recursos serem provenientes
de terceiros (dívidas) ou próprio (dos sócios), por meio de b. Provisão para Perdas em Estoque
aporte de capital ou de lucro gerado pela própria
Esta provisão torna-se necessária quando no estoque
empresa.
figurarem itens danificados, estragados, obsoletos, de
Com suas contas dispostas em grau decrescente de giro extremamente lento, de forma a possibilitar a
exigibilidade, o passivo pode ser dividido em passivo apresentação do valor real dos estoques que estão
exigível e passivo não exigível. contribuindo para a geração de caixa.
Passivo Circulante c. Provisão para Desvalorização de Estoque
Passivo Exigível a Longo Prazo
Essa provisão está intimamente ligada à convenção do
Resultado de Exercícios Futuros
conservadorismo, à medida que objetiva resguardar o
Patrimônio Líquido
patrimônio da entidade quando o valor de mercado do
As reservas apresentam características específicas estoque estiver inferior ao valor contábil. Em síntese, esta
quanto a que se referem a sua formação. Representam provisão deve ser efetuada sempre que o valor de
“reservas” de recursos obtidos pela empresa, seja através mercado das mercadorias em estoque for inferior ao valor
do lucro do exercício ou dos acréscimos ao patrimônio contábil, e seu cálculo é feito através dessa diferença.
provenientes da valorização do patrimônio da empresa.
d. Provisão para Perdas em Investimentos
Já as provisões representam encargos e riscos,
Permanentes
conhecidos e calculáveis, mesmo que por estimativa, com
seu reconhecimento intimamente relacionado com o Esta provisão é constituída normalmente para
regime de competência dos exercícios. investimentos avaliados pelo método de custo, uma vez
que, na maioria das vezes, pelo método da equivalência
patrimonial, os ganhos e perdas relativos a participações
PROVISÕES em outras companhias são reconhecidos por ocasião do
encerramento do exercício, quando são realizados os
As provisões estão intimamente relacionadas ao regime
cálculos de equivalência entre patrimônio e investimentos
de competência de exercícios, visto que seu registro
anterior e atual. No entanto, isto não impede que haja a
contábil independe da ocorrência ou não do desembolso
provisão para as participações avaliadas pela
de caixa.
equivalência patrimonial.
Estas representam a redução do ativo (quando
Assim, as provisões poderão ser realizadas desde que
relacionadas a bens e direitos) e ao aumento do passivo
haja perdas efetivas a partir da equivalência patrimonial
(quando relacionadas ao reconhecimento da despesa).
da coligada ou controlada ou quando o custo contábil do
Em qualquer das hipóteses, a provisão provoca
investimento avaliado pelo custo for inferior ao valor do
obrigatoriamente a redução do resultado e
investimento.
conseqüentemente do patrimônio líquido das entidades.
Estas provisões figurarão logo após suas devidas contas As provisões relacionadas ao reconhecimento da
de origem. despesa:
Entre as provisões relacionadas ao reconhecimento de O reconhecimento das despesas e receitas é fator
perdas prováveis de direitos a receber ou desgaste de preponderante para a determinação do resultado da
bens, destacam-se: empresa em certo período. Segundo o regime de
competência de exercícios, tanto as receitas como as
a. Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa
despesas devem ser reconhecidas por seu fato gerador,
De acordo com o art. 43 da Lei n. 8.981/95, a partir de independentemente de recebimento ou pagamento.
01/01/1995 poderão ser registrados como custo ou
a. Provisão para 13º Salário
despesa operacional os valores necessários à formação
da provisão. Seu cálculo é efetuado tomando-se como parâmetro a
fração igual ou superior a quinze dias que o empregado
A importância dedutível como provisão para crédito de
tenha trabalhado no mês e é provisionada basicamente
liquidação duvidosa será necessária a tornar a provisão
para atender a dois objetivos: reconhecer a despesa
suficiente para absorver as perdas que provavelmente
efetivamente incorrida no mês e demonstrar a
ocorrerão.
administração o montante a ser desembolsado por
Para efeito da determinação do saldo adequado da ocasião do pagamento.
provisão, aplicar-se-á, sobre o montante dos créditos a
No cálculo são considerados todos os valores recebidos
receber pela empresa, o percentual obtido pela relação
pelos empregados a título de remuneração. Na provisão
entre a soma das perdas efetivamente ocorridas nos
são provisionados, além do valor a receber pelo
últimos três anos-calendários, relativas aos créditos
funcionário, os valores dos encargos referentes ao 13º.
decorrentes do exercício da atividade econômica.
b. Provisão para Férias
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A provisão para férias é constituída com base na c. Doações
remuneração mensal do empregado mais os encargos, e
As doações recebidas pela entidade caracterizam-se
tem a finalidade de evidenciar o montante real de
como Reservas de Capital e como tal não transitam pelo
despesa incorrida no período e demonstrar à
resultado do período. Essas doações devem ser
administração a necessidade de manter um suporte de
registradas pelo valor de mercado, mesmo que essa
caixa necessário para cumprir o pagamento das férias,
definição seja difícil.
visto que em períodos de férias os empregados não
trabalham, mas recebem. d. Subvenções para Investimentos
Convém lembrar que além da provisão normal de férias Subvenções são incentivos dados pelos governos federal,
deve-se constituir concomitantemente uma provisão estadual ou municipal, visando incrementar o
correspondente a mais um terço da remuneração e desenvolvimento de setores econômicos ou áreas
respectivos encargos para atender ao disposto na carentes de recursos. Estas subvenções devem ser
constituição de 1988. registradas como reservas de capital.
c. Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Reserva de Lucro
Social
As reservas de lucro são constituídas mediante
As provisões para imposto de renda (IRPJ) e contribuição transferência de parte dos Lucros para a respectiva conta
social (CSLL) devem ser constituídas observando a de reserva.
legislação fiscal, independentemente do período em que
a. Reserva Legal
ocorrerem os recolhimentos. Este procedimento é
amparado pela legislação societária (Lei 6.404/76), que Do lucro líquido do exercício, 5% serão aplicados, antes
define que as obrigações, encargos e riscos, conhecidos de qualquer destinação, na constituição da Reserva
como calculáveis, serão computados pelo valor atualizado Legal, que não excederá em 20% o Capital Social, ou, em
até a data do balanço. 30% o somatório do Capital Social mais as Reservas de
Capital.
Sua constituição obedece ao princípio da competência, à
medida que reconhece os encargos com o tributo no Sua finalidade é assegurar a integridade do Capital Social
período em que o fato gerador ocorrer, e somente poderá ser utilizada para compensar Prejuízos
independentemente do pagamento. ou aumentar o capital.
b. Reservas Estatutárias
RESERVAS São reservas previstas no estatuto social da empresa. O
De acordo com o art. 182 da Lei n. 6.404/76, o patrimônio estatuto pode criar reservas desde que, para cada uma,
líquido deve ser composto pelo Capital Social, pelas indique de modo preciso e completo, sua finalidade, fixe
critérios para determinar a parcela anual dos lucros que
Reservas e pelos Lucros ou Prejuízos.
serão destinados a sua constituição e estabeleça o limite
Reservas de Capital máximo de reservas.
São classificados como reserva de capital a contribuição c. Reserva para Contingência
do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e
a parte do preço de emissão das ações, o produto da Representa parte do lucro líquido destinado à formação
alienação de partes beneficiárias, o prêmio recebido na de reserva com a finalidade de compensar, em exercícios
emissão de debêntures, as doações e subvenções para futuros, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada
investimento, entre outros. provável, cujo valor possa ser estimado.
A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a
a. Ágio na Emissão de Ações
causa da perda prevista e justificar, com as razões de
Ações caracterizam-se como a menor parcela em que se prudência que recomendem, a constituição da reserva.
divide o capital de uma sociedade anônima. O ágio
representa a diferença verificada entre o preço pago d. Reserva Orçamentária (ou de expansão)
pelos acionistas e o valor nominal das ações. Este fato Representa a parcela do lucro líquido da empresa que
ocorre por que na conta Capital Social as ações devem poderá ser retirada para expansão da empresa quando
figurar pelo valor nominal. Quando o valor nominal for prevista em orçamento de capital aprovado em
inferior ao valor pago, ocorre então o ágio, que deve ser assembléia geral.
registrado como Reserva de Capital.
e. Reserva de Lucros a Realizar
b. Correção Monetária do Capital Realizado
Pode haver parte do lucro líquido que ainda não foi
A Lei n. 9.249/95 extinguiu a correção monetária do realizada, financeiramente. Um caso conhecido é o ganho
balanço. Todavia, os aspectos relacionados à Reserva de que vem “engordar” o lucro líquido, mas não significa, no
Capital, no que tange à correção monetária, persistirão momento, um acréscimo financeiro, isto é, aquele
meio contábil até que se processem todas as montante não acresceu (ganho econômico), em valor
capitalizações dessas reservas ou sejam estas correspondente, ao caixa. Dessa forma, a reserva é
absorvidas por prejuízos de exercícios vindouros. criada com o objetivo de resguardar o patrimônio da
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empresa, tendo em vista que não seria justo pagar Se uma empresa for capaz de remunerar seus
dividendos sobre a parcela não realizada proprietários exatamente no limite de suas expectativas
financeiramente, caso contrário enfraqueceria a situação mínimas de retorno, seu valor de mercado restringe-se ao
financeira da empresa. montante necessário que se despenderia para edificá-la,
ou seja, a empresa não agrega valor algum, e sua
Tal reserva possui como limite de constituição o excesso
cotação de mercado é igual ao valor de reposição de
entre os lucros a realizar da empresa e o total das
seus ativos.
reservas anteriormente já discutidas e possivelmente
constituídas. O valor é criado ao acionista somente quando as receitas
operacionais superarem todos os dispêndios (custos e
f. Dividendos
despesas) incorridos, inclusive o custo de oportunidade
Parte do lucro que se destina aos acionistas da do capital próprio. Nesse caso, o valor da empresa
companhia denomina-se Dividendos. excederia o de realização de seus ativos (investimentos),
indicando esse resultado adicional uma agregação de
O percentual do lucro que é divido e distribuídos aos riqueza pelo mercado conhecida por Market Value Added
acionistas é o dividendo, e é estabelecido pela empresa a (MVA) ou Goodwill.
partir do lucro líquido do exercício, definindo o percentual
de distribuição em seu estatuto. Caso o estatuto seja Modelo de Gestão Baseada no Valor
omisso, a empresa deverá distribuir, a título de dividendo,
O referido modelo objetiva a maximização da riqueza dos
50% de seu lucro do exercício.
proprietários de capital, expressa no preço de mercado
das ações.
GESTÃO BASEADA EM VALOR O principal indicador de agregação de riqueza é a criação
de valor econômico, que se realiza mediante a adoção
A gestão nas empresas vem apresentando importantes eficiente de estratégias financeiras e capacidades
avanços em sua forma de atuação, saindo de uma diferenciadoras.
postura convencional de busca de lucro e rentabilidade
para um enfoque preferencialmente voltado à riqueza dos Capacidades diferenciadoras
acionistas.
São entendidas como estratégias adotadas que permitem
O objetivo de criar valor aos acionistas demanda outras às empresas atuarem com um nível de diferenciação em
estratégias financeiras e novas medidas do sucesso relação a seus concorrentes de mercado, assumindo uma
empresarial, todas elas voltadas a agregar riqueza a seus vantagem competitiva e maior agregação de valor a seus
proprietários. Criar valor para uma empresa ultrapassa o proprietários.
objetivo de cobrir os custos explícitos identificados nas
Estratégias financeiras
vendas. Incorpora o entendimento e o cálculo da
remuneração dos custos implícitos (custo de Assim como as capacidades diferenciadoras, estão
oportunidade do capital investido), não cotejado pela voltadas ao objetivo da empresa em criar valor a seus
contabilidade tradicional na apuração dos demonstrativos acionistas. Estas, por sua vez, podem ser divididas em
de resultados e, conseqüentemente, na quantificação da operacionais, de financiamento e de investimento.
riqueza dos acionistas.
Valor Econômico Agregado (VEA)
Uma empresa é criadora de valor quanto for capaz de
É uma medida de criação de valor identificada no
oferecer a seus proprietários de capital (credores e
desempenho operacional da própria empresa, conforme
acionistas) uma remuneração acima de suas expectativas
retratado nos relatórios financeiros. O VEA pode ser
mínimas de ganho.
entendido como o resultado apurado pela sociedade que
Custo de Oportunidade excede à remuneração mínima exigida pelos proprietários
de capital (credores e acionistas).
Um custo de oportunidade retrata quanto uma pessoa
(empresa) sacrificou de remuneração por ter tomado a O cálculo do VEA exige o conhecimento do custo total de
decisão de aplicar seus recursos em determinado capital da empresa (WACC), o qual é determinado pelo
investimento alternativo, de risco semelhante. Por custo de cada fonte de financiamento (própria e de
exemplo, uma empresa, ao avaliar um projeto de terceiros) ponderado pela participação do respectivo
investimento, deve considerar como custo de capital no total do investimento realizado (fixo e de giro).
oportunidade a taxa de retorno que deixa de receber por Representa, em essência, o custo de oportunidade do
não ter aplicado os recursos em outra alternativa possível capital aplicado por credores e acionistas como forma de
de investimento. compensar o risco assumido no negócio.
Valor para o Acionista Estrutura básica de cálculo do VEA:
O investimento do acionista revela atratividade econômica Lucro operacional (líquido do IR)
somente quando a remuneração oferecida for suficiente (-) Custo total de capital (WACC x Investimento)
para remunerar o custo de oportunidade do capital próprio = Valor Econômico Agregado (VEA)
aplicado no negócio.
WACC = custo médio do capital aplicado
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O VEA ainda pode ser obtido através da fórmula: Representa o valor líquido das aplicações (deduzidas das
dívidas a curto prazo) processadas no ativo (capital)
VEA – (ROI – WACC) x Investimento
circulante da empresa. Assim, a forma mais direta de se
Onde o ROI é o retorno sobre o investimento (ROI = obter o valor do capital de giro líquido é mediante a
Lucro operacional / Patrimônio Líquido), o WACC é o simples diferença entre o ativo circulante e o passivo
custo médio ponderado do capital (WACC = [custo do circulante, ou seja:
capital de terceiro x capital de terceiros] x [custo do
CGL (CCL) = Ativo circulante – Passivo circulante
capital próprio x capital próprio]), e o investimento é o
total do ativo que é utilizado pela empresa no ou
desempenho de suas atividades.
CGL (CCL) = (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo
Outra forma alternativa de cálculo do VEA é: Prazo) – (Ativo Permanente + Realizável
a Longo Prazo).
VEA = Lucro operacional – [WACC x investimento]
Medida de Valor para o Acionista
Capital de Giro Próprio
Nesse objetivo de agregação do valor, uma medida
alternativa de valor e derivada do VEA é o spread do Indica o valor de capital de giro muitas vezes utilizado na
capital próprio, obtido pela diferença entre o retorno prática é o denominado capital de giro próprio, e é
auferido pelo patrimônio líquido (ROE) e o custo de comumente obtido pela seguinte expressão:
oportunidade do acionista.
Patrimônio Líquido
Avaliação do Desempenho pelo MVA (-) Aplicações Permanentes
Ativo Permanente
A medida de valor agregado pelo mercado (MVA – Market
Realizável a Longo Prazo
Value Added) reflete a expansão monetária da riqueza
= Capital de Giro Próprio
gerada aos proprietários de capital determinada pela
capacidade operacional da empresa em produzir O valor assim obtido é interpretado como o volume de
resultados superiores a seu custo de oportunidade. recursos próprios que uma empresa tem aplicado em seu
Reflete, dentro de outra visão, quanto a empresa vale ativo circulante.
adicionalmente ao que se gastaria para repor todos os
seus ativos a preços de mercado (ou a valores históricos Ciclos operacionais
corrigidos, conforma é geralmente usado). As atividades operacionais de uma empresa envolvem,
O MVA pode ser obtido a partir da seguinte fórmula: de forma seqüencial e repetitiva, a produção de bens e
serviços e, em conseqüência, a realização de vendas e
MVA = VEA / WACC respectivos recebimentos. Nessas operações básicas
procura a empresa obter determinado volume de lucros,
de forma a remunerar as expectativas de retorno de suas
ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO diversas fontes de financiamento (credores e
proprietários).
A administração do capital de giro (circulante) envolve
basicamente as decisões de compra e venda tomadas Principais ciclos:
pela empresa, assim como suas mais diversas atividades
PME = prazo médio de estocagem de matérias-primas
operacionais e financeiras. Nessa abrangência, coloca-se
de forma nítida que a administração do capital de giro PMF = prazo médio de fabricação
deve garantir a uma empresa a adequada consecução de
sua política de estocagem, compra de materiais, PME/PMV = prazo médio de estocagem dos produtos
produção, venda de produtos e mercadorias e prazo de terminados/prazo médio de venda
recebimento. PMC = prazo médio de cobrança
Capital de Giro PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores
O capital de giro corresponde ao ativo circulante de uma Investimento em Capital de Giro
empresa. Em sentido amplo, o capital de giro representa
o valor total dos recursos demandados pela empresa para É sabido que o ativo circulante constitui-se, para diversos
financiar seu ciclo operacional, o qual engloba as segmentos, no grupo patrimonial menos rentável. Os
necessidades circulantes identificadas desde a aquisição investimentos em capital de giro não geram diretamente
de matérias-primas até a venda e o recebimento dos unidades físicas de produção e venda, meta final do
produtos elaborados. processo empresarial de obtenção de lucros. A
manutenção de determinado volume de recursos aplicado
CG = Ativo Circulante no capital de giro visa, fundamentalmente, à sustentação
Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante de atividade operacional de uma empresa.
Líquido (CCL) Financiamento do Capital de Giro

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O custo do capital de giro financiado a longo prazo é mais
caro do que o financiado a curto prazo. Ou seja, quanto
Referências:
maior for o prazo de concessão de um empréstimo, maior
será seu custo em razão do risco que o credor assume ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços. 7.
em não obter um retorno condizente com os padrões de ed. São Paulo: Atlas, 2002.
juros da época.
FAVERO, H.L.; LONARDONI, M.; SOUZA, C.; TAKAKURA, M.
Abordagem para o Financiamento do Capital de Giro Contabilidade: teoria e prática – vol. 2. São Paulo: Atlas, 2007.
Considerando-se o risco e retorno envolvido nas FIPECAFI. Manual de Contabilidade das sociedades por ações.
operações de financiamento do capital de giro, deve-se 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
buscar a melhor composição do passivo da empresa, de
MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços:
forma que se obtenha o equilíbrio entre risco e retorno.
abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
Nesse sentido, o capital de giro pode ser divido em fixo e
variável (sazonal). IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 1998.
Capital de giro fixo
É determinado pela atividade normal da empresa, e seu
montante definido pelo nível mínimo de necessidade de
recursos demandados pelo ciclo operacional em
determinado período.
Capital de giro sazonal
É determinado pelas variações temporárias que ocorrem
normalmente nos negócios de uma empresa.
a. Abordagem pelo equilíbrio financeiro tradicional
De acordo com essa abordagem o ativo permanente e o
capital de giro permanente são financiados, também, por
recursos de longo prazo (próprios ou de terceiros). As
necessidades sazonais de capital de giro, por sua vez,
são cobertas por exigibilidades de curto prazo.
b. Abordagem do risco mínimo
Esta abordagem postula a minimização do risco que pode
ser adotada a partir de uma abordagem conservadora
para o financiamento do capital de giro. Nessa
abordagem, a empresa encontra-se totalmente financiada
por recursos permanentes (longo prazo), inclusive em
suas necessidades sazonais de fundos. O capital de giro
líquido, nessa situação, é igual ao capital de giro (ativo
circulante) da empresa.
c. Outras abordagens de financiamento
Outras formas de composição do financiamento do capital
de giro podem, evidentemente, ser estabelecidas.

Necessidade de Investimento em Capital de Giro


A necessidade de investimento em capital de giro, ou
simplesmente em giro, reflete o volume líquido e recursos
demandado pelo ciclo operacional da empresa,
determinado em função de suas políticas de compras,
vendas e estocagem. É essencialmente uma necessidade
de capital de longo prazo, que deve lastrear
financeiramente os investimentos cíclicos – que se
repetem periodicamente – em cada capital de giro.

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PÓS-GRADUAÇÃO EM AUDITORIA
FISCAL E TRIBUTÁRIA

[CONTABILIDADE AVANÇADA]

PROFO. ORLEANS SILVA MARTINS

USO RESTRITO PARA O ACOMPANHAMENTO DAS AULAS


FACULDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERNAMBUCO

Curso:
ESPECIALIZAÇÃO EM AUDITORIA FISCAL E TRIBUTÁRIA
Disciplina: Semestre:
CONTABILIDADE AVANÇADA 2008.2
Professor: Carga Horária:
ORLEANS SILVA MARTINS 22 horas

Conteúdo Programático:
1. Aspectos avançados da contabilidade e a análise das demonstrações financeiras;
2. Análise avançada das demonstrações financeiras;
3. Análise do capital de giro;
4. Elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa
5. Gestão baseada em valor;
6. EVA;
7. Custo de capital.

ASPECTOS AVANÇADOS DA CONTABILIDADE E A Em 1915, determinava o Federal Reserve Board (o Banco


ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Central dos Estados Unidos) que só poderiam ser renegociados
os títulos de empresas que tivessem apresentado seu balanço
O objeto de estudo da Contabilidade é o Patrimônio das ao banco, medida instituiu o uso das demonstrações financeiras
Entidades. Seus conhecimentos são obtidos a partir de uma como base para a concepção de crédito.
metodologia racional, com as condições de generalidade,
certeza e busca das causas, em nível qualitativo semelhante às No Brasil, até 1968, a análise de balanço era pouco utilizada na
demais ciências sociais. Por conseqüência, todas as suas prática. Nesse ano foi criada a SERASA empresa que surgiu
classificações – método, conjunto de procedimentos, técnica, para operar como central de análise de balanços dos bancos
sistema, arte, para citarmos as mais correntes – referem-se às comerciais, onde este mesmo autor organizou sua parte técnica.
simples facetas usualmente concernentes à sua aplicação Alguns dos índices que surgiram inicialmente permanecem em
prática, na solução de questões concretas. uso até hoje, porém, as técnicas foram aprimoradas.

A contabilidade, na qualidade de ciência aplicada, com ANÁLISE AVANÇADAS DAS DEMONSTRAÇÕES


metodologia especialmente criada para captar, registrar, FINANCEIRAS
acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as
situações patrimoniais e econômicas de qualquer ente possui As demonstrações financeiras fornecem uma série de dados
este aspecto de prevenção dos riscos e a continuidade dos sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A análise das
empreendimentos. demonstrações financeiras transforma esses dados em
informações e, assim, facilita e torna mais eficiente a análise e
A análise de balanço surgiu dentro do sistema bancário que foi interpretação desses dados. Esta análise, por sua vez, servirá
seu principal usuário, em 1895 o Conselho Executivo da como base informacional tanto para os agentes internos como
Associação dos Bancos no estado de New York orienta a seus para os externos.
membros a pedir aos tomadores de empréstimo declarações
escritas e assinadas de seus ativos e passivos. Acredita que Análises Vertical e Horizontal
nessa época é pouco provável que existissem técnicas analíticas
que possibilitassem a medição quantitativa nos dados dos Através dessas análises pode-se inferir, por exemplo, qual foi a
balanços, as idéias eram vagas em relação ao que comparar. variação da participação de cada credor na empresa, se a
Com o passar dos anos foi se desenvolvendo a noção de empresa teve reduzida ou aumentada sua margem de lucro etc.
comparação de diversos itens sendo o mais comum o ativo
circulante com o passivo circulante.

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Análise Horizontal “O percentual de cada conta mostra sua real importância no
Objetivo: mostrar a evolução de cada conta das demonstrações conjunto”.
contábeis e, pela comparação entre si, permitir tirar conclusões
sobre a evolução da empresa. • Baseia-se em valores percentuais das demonstrações
contábeis;
“A evolução de cada conta mostra os caminhos trilhados pela • Toma como base para o cálculo do percentual de
empresa e as possíveis tendências”. representatividade de cada conta, o valor total do ativo ou
das receitas da empresa;
• Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de
demonstrações contábeis em relação à demonstração Relação entre análise vertical e horizontal
anterior e/ou em relação a uma demonstração contábil • É recomendável que estes tipos de análises sejam usados
básica, geralmente a mais antiga da série. conjuntamente, pois, uma análise horizontal pode
• Essa análise pode ser expressa através de percentuais ou apresentar grande variação em uma conta, no entanto,
de “números-índice”, onde todos os valores da essa conta não represente um valor significativo em relação
demonstração base são representados por 100. ao balanço da empresa.
• Análise Horizontal Encadeada: é efetuada através do Ex: a conta investimentos da empresa pode apresentar uma
cálculo das variações em relação a um ano base. Ex: variação de 2.300% horizontalmente, no entanto, essa evolução
X1 X2 X3 X4 foi de 0,2% para 0,7% do ativo total da empresa.
Estoques 1.500 1.000 1.200 1.500
AHe 100% 67% 80% 100% ANÁLISE VERTICAL (AV): Sua finalidade principal é
apontar o crescimento da representatividade dos
• Análise Horizontal Anual *: é efetuada através do cálculo elementos patrimoniais do balanço patrimonial e da
das variações em relação ao ano anterior. Ex: demonstração de resultado do exercício da empresa,
X1 X2 X3 X4 tendo como base de comparação o ativo total ou a receita
Estoques 1.500 1.000 1.200 1.500 bruta da empresa, a fim de caracterizar tendências.
AHa - 33% + 20% + 25% Conta (item patrimonial)
AV =
* Esta análise não é aconselhável de ser feita de forma Ativo total ou Receita Bruta
isolada.

ANÁLISE HORIZONTAL (AH): Sua principal utilidade é ANÁLISE DOS ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS
acompanhar o crescimento/decrescimento de cada
elemento patrimonial da empresa, ao longo dos períodos. 1) ÍNDICE DE LIQUIDEZ: é utilizado para avaliar a
A análise horizontal pode ser caracterizada de duas capacidade de pagamento da empresa, isto é, constitui
formas: uma apreciação sobre a capacidade de saldar seus
compromissos.
a) Análise Horizontal Encadeada (AHe): É
realizada tomando-se como base um único exercício a) Índice de Liquidez Corrente (LC): Tem como objetivo
social (ano). Exemplo: podemos realizá-la na empresa avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
Beta, utilizando 3 exercícios sociais (2005, 2006 e 2007). obrigações a curto prazo (passivo circulante), utilizando
Assim, tomaremos como base comparativa o ano de todos os seus recursos a curto prazo (ativos circulantes).
2005. Então, 2006 e 2007 serão comparados a 2005. Ativo Circulante (AC)
LC =
20X2 (ano a ser analisado) Passivo Circulante (PC)
AHe = -1
20X1 (ano base)
b) Índice de Liquidez Seca (LS): Tem como objetivo
b) Análise Horizontal Anual (AHa): É realizada avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
através da comparação do exercício social que se deseja obrigações a curto prazo (passivo circulante), utilizando
analisar, com o ano imediatamente anterior. Exemplo: ou seus recursos de maior liquidez (caixa, bancos e
seja, ao analisarmos a empresa Beta, compararemos aplicações) mais seus direitos a curto prazo (duplicatas a
2006 tendo como base 2005, e analisaremos 2007 tendo receber). Ou seja, seu ativo circulante menos os
como base 2006. estoques, por terem menos liquidez.
20X2 (ano a ser analisado) Ativo Circulante – Estoques –
AHa = -1 LS = Despesas Antecipadas
20X1 (ano imediatamente anterior)
Passivo Circulante (PC)
Análise Vertical
Objetivo: mostrar a importância de cada conta em relação à c) Índice de Liquidez Imediata (LI): Tem como objetivo
demonstração contábil a que pertence e, através da comparação avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas
com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa obrigações a curto prazo (passivo circulante)
em anos anteriores, permitir inferir se há itens fora das imediatamente, utilizando todos os seus recursos
proporções normais. disponíveis naquele momento (caixa, bancos e aplicações
financeiras).

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Disponibilidades Imobilização Ativo Permanente
LI =
Passivo Circulante (PC) dos Recursos
Exigível a Longo Prazo
Permanentes =
d) Índice de Liquidez Geral (LG): Tem como objetivo
avaliar a capacidade de a empresa saldar todas as suas 4) ÍNDICE DE RENTABILIDADE: Expressar a
obrigações, a curto e longo prazos, utilizando todos os rentabilidade da empresa em termos absolutos não tem
seus recursos, a curto e longo prazos. muita utilidade informativa. Por exemplo, dizer que a
Ativo Circulante (AC) + Realizável a Longo General Motors teve um lucro de $ 5 bilhões no exercício
Prazo (RELP) de 2006 e que, no mesmo exercício, a empresa Quitanda
LG =
Passivo Circulante (PC) + Exigível a Longo LTDA. teve um lucro de $ 10 mil, pode impressionar em
Prazo (PELP) termos quantitativos, mas pode ser que a rentabilidade da
GM tenha sido menor do que a da empresa Quitanda.
2) ÍNDICE DE ATIVIDADE: revela os indicadores de
movimentação de estoque, compras e vendas da Sendo assim, devemos relacionar o lucro de um
empresa. empreendimento com algum valor que expresse a
dimensão relativa do mesmo.
a) Prazo Médio de Estocagem: Indica o tempo médio
necessário para a completa renovação dos estoques da a) Retorno sobre o Ativo: revela o retorno produzido
empresa. pelo total das aplicações realizadas por uma empresa em
Prazo Médio de Estoque Médio seus ativos.
X 360 Lucro Operacional
Estocagem = CPV ROA =
Ativo Total
b) Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores: relata
o tempo médio que a empresa tarda em pagar suas b) Retorno sobre o Investimento Total: mostra o
dívidas. retorno produzido pelos recursos deliberadamente
Contas a Pagar levantados pela empresa e aplicados em suas operações.
Prazo Médio de a Fornecedores Lucro Operacional
ROI =
Pagamento a (média) X 360 Patrimônio Líquido
Fornecedores = Compras
Anuais a Prazo c) Retorno Sobre o Patrimônio: calcula o retorno sobre
o investimento realizado pelo empresário:
c) Prazo Médio de Cobrança: revela o tempo médio que Retorno Sobre o Lucro Líquido
a empresa depende em receber suas vendas realizadas a Patrimônio = Patrimônio Líquido
prazo.
Vendas a Rec. d) Margem de Lucro Sobre as Vendas: compara o lucro
Provenientes da empresa com suas vendas líquidas.
Prazo Médio de de Vendas a Lucro Operacional
X 360 Margem Operacional =
Cobrança = Prazo (media) Vendas Líquidas
Vendas Anuais
a Prazo Lucro Líquido
Margem Líquida =
Vendas Líquidas

3) ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO E ESTRUTURA: revela Outros indicadores que também possuem grande utilização são
a composição do capital e do endividamento da empresa. os indicadores de análise das ações. Como exemplo temos o
Lucro por Ação e o Preço de Mercado da Ação pelo Lucro
a) Relação Capital de Terceiros/Capital Próprio: revela da Ação.
o nível de dependência da empresa em relação a seu
financiamento por meio de recursos próprios. CAPITAL DE GIRO
Exigível Total
CT/CP =
Patrimônio Líquido Os recursos são aplicados na empresa de duas maneiras
diferentes: em ativos fixos e em ativos circulantes. A
b) Relação do Capital de Terceiros/Passivo Total: administração do capital de giro caracteriza-se pela
mede a percentagem dos recursos totais da empresa que gestão dos ativos e passivos circulantes. Os ativos
se encontra financiada por capital de terceiros. circulantes seriam Caixa e Bancos, Estoques, Contas a
Exigível Total Receber e Outros Ativos Circulantes. A gestão dos
CT/PT = passivos circulantes caracteriza-se pela gestão das
Passivo Total
contas a pagar em especial.
c) Imobilização dos Recursos Permanentes: revela a
percentagem dos recursos ativos a longo prazo que se O ativo circulante nada mais é do que o conjunto de
encontra imobilizada em vários itens do ativo permanente. recursos de capital que se transformam em recursos
monetários no decorrer de um ciclo operacional.

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As necessidades ou aplicação de capital de giro seriam Método Direto
os valores necessários para a empresa girar seus
negócios que seriam compostos pelas contas: Caixa, Este modelo de apresentação parte das entradas e saídas de
Bancos, Estoques, Duplicatas a Receber, Outros Valores caixa que ocorrem pelos recebimentos de clientes e pagamentos
realizáveis a curto-prazo. a fornecedores ou despesas operacionais. Esta vem a ser a
diferença entre as duas formas de apresentação do Fluxo de
As necessidades são satisfeitas por recursos próprios da caixa. Este método é o proposto no anteprojeto de alteração da
empresa e recursos de terceiros, chamados comumente Lei6404/76. Assim, os fatos que geraram movimentações no
de “cobertura do capital de giro”, isto é, de onde se caixa são divididos em três grupos, de acordo com o FAS 95:
originam os recursos que a empresa aplica no seu capital Operações, Financiamentos e Investimentos.
de giro. Nas Operações são classificados os itens de recebimentos e
pagamentos, relacionados à operação da empresa. Em
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA Financiamentos, classificam-se os fatos que geraram entradas
ou saídas de recursos próprios ou de terceiros, como: aumento
A estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa é de capital em espécie, pagamento de dividendos, aumento das
composta por três partes: exigibilidades de curto prazo ou amortização delas. Vale
• Atividades Operacionais. ressaltar que, no grupo de Financiamentos, devem classificar-se
• Atividades de Investimentos. apenas as amortizações de empréstimos e financiamentos; os
• Atividades de Financiamentos. juros são registrados como sendo da operação. Em
Investimentos, são apresentadas as aquisições de ativos
Existem duas modalidades para elaboração da DFC. O
permanentes ou baixas deles. Ainda de acordo com esse
método direto e o método indireto. A principal diferença é
modelo, que é encorajado pelo FASB, após os agrupamentos se
quanto à apresentação das atividades operacionais. A
faz necessária a reconciliação do lucro, como é feito no início do
metodologia direta divulga informações mais complexas e
método indireto.
de melhor qualidade, enquanto a metodologia indireta é
mais simples, e, conseqüentemente, requer menos Conclui-se, assim, que este modelo vem trazer melhores
trabalho sua elaboração. informações para análise da posição financeira da empresa, pois
efetivamente mostra os fatos que ocorreram e a influência que
Uma das principais finalidades da DFC é “detectar possíveis tiveram nas disponibilidades da empresa.
escassezes ou excedentes de caixa para que, baseados nestas
identificações, sejam tomadas, em tempo hábil, as providências Método Indireto
necessárias tanto no que concerne à aplicação dos saldos, Por meio dessa técnica de apresentação do Fluxo de Caixa,
como na captação de recursos financeiros para cobrir possíveis utiliza-se basicamente o modelo da Demonstração de Origens e
necessidades de caixa.” Aplicações de Recursos. Dessa forma, a demonstração é
iniciada pelas origens das operações da empresa, com o Lucro
Ainda convém ressaltar que, por essa demonstração, Líquido e seus ajustes (os quais já foram comentados na
fica evidenciada a política de pagamentos da empresa, fato que composição da DOAR), acrescentado das variações ocorridas
será uma “bela vitrine” para investidores, caso a empresa tenha nas contas do Circulante − exceto o Disponível. O total das
pontualidade no pagamento de seus compromissos. É evidente origens das operações é o Caixa gerado pelas operações. Após
que, numa situação inversa, a empresa má pagadora sofrerá esse subtotal, são demonstradas outras entradas de caixa por
duramente com a publicação da referida demonstração, porque recursos aplicados pelos próprios acionistas (recursos próprios),
as informações serão apresentadas de forma bastante como aumentos do capital social realizado em espécie, ou ainda,
transparente (nesse sentido, deve-se ressaltar que as leis não pela captação de recursos de terceiros.
são propostas para encobrir os maus pagadores).
É importante ressaltar o seguinte ponto: como na DOAR, as
De forma mais objetiva, faz-se oportuno colocar como origens das operações devem apresentar somente os fatos que
funciona o sistema de normatização contábil norte-americano. foram gerados pelas efetivas atividades da empresa. Assim
Existe um órgão normatizador (FASB – Financial Accounting sendo, não consideramos as operações entradas de recursos
Standards Board), que é responsável pela elaboração das com aumento de empréstimos ou financiamentos de terceiros
normas e rotinas contábeis utilizadas; essa normatização se faz (neste caso, apenas os juros são classificados como sendo da
por meio de documentos chamados FAS (Financial Accounting operação da empresa) ou próprios; esses fatos deverão ser
Standards). Assim, cada “FAS” possui um número e trata de apresentados logo após o Caixa Gerado pelas Operações.
assuntos diferentes: impostos, conversões de moeda etc.
Atualmente, existem 140 FAS’s, e o que trata da apresentação
da Demonstração dos Fluxos de Caixa é o FAS 95.

FORMAS DE APRESENTAÇÃO
Existem duas formas básicas de apresentação do Fluxo de
Caixa, o Método Indireto e o Direto. A seguir analisaremos com
mais detalhes cada um dos tipos.

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RESERVA X PROVISÃO A constituição da provisão tem como finalidade
reconhecer as perdas decorrentes de créditos concedidos
O passivo representa as fontes de recursos utilizados
a maus pagadores.
pela empresa, podendo tais recursos serem provenientes
de terceiros (dívidas) ou próprio (dos sócios), por meio de b. Provisão para Perdas em Estoque
aporte de capital ou de lucro gerado pela própria
Esta provisão torna-se necessária quando no estoque
empresa.
figurarem itens danificados, estragados, obsoletos, de
Com suas contas dispostas em grau decrescente de giro extremamente lento, de forma a possibilitar a
exigibilidade, o passivo pode ser dividido em passivo apresentação do valor real dos estoques que estão
exigível e passivo não exigível. contribuindo para a geração de caixa.
Passivo Circulante c. Provisão para Desvalorização de Estoque
Passivo Exigível a Longo Prazo
Essa provisão está intimamente ligada à convenção do
Resultado de Exercícios Futuros
conservadorismo, à medida que objetiva resguardar o
Patrimônio Líquido
patrimônio da entidade quando o valor de mercado do
As reservas apresentam características específicas estoque estiver inferior ao valor contábil. Em síntese, esta
quanto a que se referem a sua formação. Representam provisão deve ser efetuada sempre que o valor de
“reservas” de recursos obtidos pela empresa, seja através mercado das mercadorias em estoque for inferior ao valor
do lucro do exercício ou dos acréscimos ao patrimônio contábil, e seu cálculo é feito através dessa diferença.
provenientes da valorização do patrimônio da empresa.
d. Provisão para Perdas em Investimentos
Já as provisões representam encargos e riscos,
Permanentes
conhecidos e calculáveis, mesmo que por estimativa, com
seu reconhecimento intimamente relacionado com o Esta provisão é constituída normalmente para
regime de competência dos exercícios. investimentos avaliados pelo método de custo, uma vez
que, na maioria das vezes, pelo método da equivalência
patrimonial, os ganhos e perdas relativos a participações
PROVISÕES em outras companhias são reconhecidos por ocasião do
encerramento do exercício, quando são realizados os
As provisões estão intimamente relacionadas ao regime
cálculos de equivalência entre patrimônio e investimentos
de competência de exercícios, visto que seu registro
anterior e atual. No entanto, isto não impede que haja a
contábil independe da ocorrência ou não do desembolso
provisão para as participações avaliadas pela
de caixa.
equivalência patrimonial.
Estas representam a redução do ativo (quando
Assim, as provisões poderão ser realizadas desde que
relacionadas a bens e direitos) e ao aumento do passivo
haja perdas efetivas a partir da equivalência patrimonial
(quando relacionadas ao reconhecimento da despesa).
da coligada ou controlada ou quando o custo contábil do
Em qualquer das hipóteses, a provisão provoca
investimento avaliado pelo custo for inferior ao valor do
obrigatoriamente a redução do resultado e
investimento.
conseqüentemente do patrimônio líquido das entidades.
Estas provisões figurarão logo após suas devidas contas As provisões relacionadas ao reconhecimento da
de origem. despesa:
Entre as provisões relacionadas ao reconhecimento de O reconhecimento das despesas e receitas é fator
perdas prováveis de direitos a receber ou desgaste de preponderante para a determinação do resultado da
bens, destacam-se: empresa em certo período. Segundo o regime de
competência de exercícios, tanto as receitas como as
a. Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa
despesas devem ser reconhecidas por seu fato gerador,
De acordo com o art. 43 da Lei n. 8.981/95, a partir de independentemente de recebimento ou pagamento.
01/01/1995 poderão ser registrados como custo ou
a. Provisão para 13º Salário
despesa operacional os valores necessários à formação
da provisão. Seu cálculo é efetuado tomando-se como parâmetro a
fração igual ou superior a quinze dias que o empregado
A importância dedutível como provisão para crédito de
tenha trabalhado no mês e é provisionada basicamente
liquidação duvidosa será necessária a tornar a provisão
para atender a dois objetivos: reconhecer a despesa
suficiente para absorver as perdas que provavelmente
efetivamente incorrida no mês e demonstrar a
ocorrerão.
administração o montante a ser desembolsado por
Para efeito da determinação do saldo adequado da ocasião do pagamento.
provisão, aplicar-se-á, sobre o montante dos créditos a
No cálculo são considerados todos os valores recebidos
receber pela empresa, o percentual obtido pela relação
pelos empregados a título de remuneração. Na provisão
entre a soma das perdas efetivamente ocorridas nos
são provisionados, além do valor a receber pelo
últimos três anos-calendários, relativas aos créditos
funcionário, os valores dos encargos referentes ao 13º.
decorrentes do exercício da atividade econômica.
b. Provisão para Férias
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A provisão para férias é constituída com base na c. Doações
remuneração mensal do empregado mais os encargos, e
As doações recebidas pela entidade caracterizam-se
tem a finalidade de evidenciar o montante real de
como Reservas de Capital e como tal não transitam pelo
despesa incorrida no período e demonstrar à
resultado do período. Essas doações devem ser
administração a necessidade de manter um suporte de
registradas pelo valor de mercado, mesmo que essa
caixa necessário para cumprir o pagamento das férias,
definição seja difícil.
visto que em períodos de férias os empregados não
trabalham, mas recebem. d. Subvenções para Investimentos
Convém lembrar que além da provisão normal de férias Subvenções são incentivos dados pelos governos federal,
deve-se constituir concomitantemente uma provisão estadual ou municipal, visando incrementar o
correspondente a mais um terço da remuneração e desenvolvimento de setores econômicos ou áreas
respectivos encargos para atender ao disposto na carentes de recursos. Estas subvenções devem ser
constituição de 1988. registradas como reservas de capital.
c. Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Reserva de Lucro
Social
As reservas de lucro são constituídas mediante
As provisões para imposto de renda (IRPJ) e contribuição transferência de parte dos Lucros para a respectiva conta
social (CSLL) devem ser constituídas observando a de reserva.
legislação fiscal, independentemente do período em que
a. Reserva Legal
ocorrerem os recolhimentos. Este procedimento é
amparado pela legislação societária (Lei 6.404/76), que Do lucro líquido do exercício, 5% serão aplicados, antes
define que as obrigações, encargos e riscos, conhecidos de qualquer destinação, na constituição da Reserva
como calculáveis, serão computados pelo valor atualizado Legal, que não excederá em 20% o Capital Social, ou, em
até a data do balanço. 30% o somatório do Capital Social mais as Reservas de
Capital.
Sua constituição obedece ao princípio da competência, à
medida que reconhece os encargos com o tributo no Sua finalidade é assegurar a integridade do Capital Social
período em que o fato gerador ocorrer, e somente poderá ser utilizada para compensar Prejuízos
independentemente do pagamento. ou aumentar o capital.
b. Reservas Estatutárias
RESERVAS São reservas previstas no estatuto social da empresa. O
De acordo com o art. 182 da Lei n. 6.404/76, o patrimônio estatuto pode criar reservas desde que, para cada uma,
líquido deve ser composto pelo Capital Social, pelas indique de modo preciso e completo, sua finalidade, fixe
critérios para determinar a parcela anual dos lucros que
Reservas e pelos Lucros ou Prejuízos.
serão destinados a sua constituição e estabeleça o limite
Reservas de Capital máximo de reservas.
São classificados como reserva de capital a contribuição c. Reserva para Contingência
do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e
a parte do preço de emissão das ações, o produto da Representa parte do lucro líquido destinado à formação
alienação de partes beneficiárias, o prêmio recebido na de reserva com a finalidade de compensar, em exercícios
emissão de debêntures, as doações e subvenções para futuros, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada
investimento, entre outros. provável, cujo valor possa ser estimado.
A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a
a. Ágio na Emissão de Ações
causa da perda prevista e justificar, com as razões de
Ações caracterizam-se como a menor parcela em que se prudência que recomendem, a constituição da reserva.
divide o capital de uma sociedade anônima. O ágio
representa a diferença verificada entre o preço pago d. Reserva Orçamentária (ou de expansão)
pelos acionistas e o valor nominal das ações. Este fato Representa a parcela do lucro líquido da empresa que
ocorre por que na conta Capital Social as ações devem poderá ser retirada para expansão da empresa quando
figurar pelo valor nominal. Quando o valor nominal for prevista em orçamento de capital aprovado em
inferior ao valor pago, ocorre então o ágio, que deve ser assembléia geral.
registrado como Reserva de Capital.
e. Reserva de Lucros a Realizar
b. Correção Monetária do Capital Realizado
Pode haver parte do lucro líquido que ainda não foi
A Lei n. 9.249/95 extinguiu a correção monetária do realizada, financeiramente. Um caso conhecido é o ganho
balanço. Todavia, os aspectos relacionados à Reserva de que vem “engordar” o lucro líquido, mas não significa, no
Capital, no que tange à correção monetária, persistirão momento, um acréscimo financeiro, isto é, aquele
meio contábil até que se processem todas as montante não acresceu (ganho econômico), em valor
capitalizações dessas reservas ou sejam estas correspondente, ao caixa. Dessa forma, a reserva é
absorvidas por prejuízos de exercícios vindouros. criada com o objetivo de resguardar o patrimônio da
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empresa, tendo em vista que não seria justo pagar Se uma empresa for capaz de remunerar seus
dividendos sobre a parcela não realizada proprietários exatamente no limite de suas expectativas
financeiramente, caso contrário enfraqueceria a situação mínimas de retorno, seu valor de mercado restringe-se ao
financeira da empresa. montante necessário que se despenderia para edificá-la,
ou seja, a empresa não agrega valor algum, e sua
Tal reserva possui como limite de constituição o excesso
cotação de mercado é igual ao valor de reposição de
entre os lucros a realizar da empresa e o total das
seus ativos.
reservas anteriormente já discutidas e possivelmente
constituídas. O valor é criado ao acionista somente quando as receitas
operacionais superarem todos os dispêndios (custos e
f. Dividendos
despesas) incorridos, inclusive o custo de oportunidade
Parte do lucro que se destina aos acionistas da do capital próprio. Nesse caso, o valor da empresa
companhia denomina-se Dividendos. excederia o de realização de seus ativos (investimentos),
indicando esse resultado adicional uma agregação de
O percentual do lucro que é divido e distribuídos aos riqueza pelo mercado conhecida por Market Value Added
acionistas é o dividendo, e é estabelecido pela empresa a (MVA) ou Goodwill.
partir do lucro líquido do exercício, definindo o percentual
de distribuição em seu estatuto. Caso o estatuto seja Modelo de Gestão Baseada no Valor
omisso, a empresa deverá distribuir, a título de dividendo,
O referido modelo objetiva a maximização da riqueza dos
50% de seu lucro do exercício.
proprietários de capital, expressa no preço de mercado
das ações.
GESTÃO BASEADA EM VALOR O principal indicador de agregação de riqueza é a criação
de valor econômico, que se realiza mediante a adoção
A gestão nas empresas vem apresentando importantes eficiente de estratégias financeiras e capacidades
avanços em sua forma de atuação, saindo de uma diferenciadoras.
postura convencional de busca de lucro e rentabilidade
para um enfoque preferencialmente voltado à riqueza dos Capacidades diferenciadoras
acionistas.
São entendidas como estratégias adotadas que permitem
O objetivo de criar valor aos acionistas demanda outras às empresas atuarem com um nível de diferenciação em
estratégias financeiras e novas medidas do sucesso relação a seus concorrentes de mercado, assumindo uma
empresarial, todas elas voltadas a agregar riqueza a seus vantagem competitiva e maior agregação de valor a seus
proprietários. Criar valor para uma empresa ultrapassa o proprietários.
objetivo de cobrir os custos explícitos identificados nas
Estratégias financeiras
vendas. Incorpora o entendimento e o cálculo da
remuneração dos custos implícitos (custo de Assim como as capacidades diferenciadoras, estão
oportunidade do capital investido), não cotejado pela voltadas ao objetivo da empresa em criar valor a seus
contabilidade tradicional na apuração dos demonstrativos acionistas. Estas, por sua vez, podem ser divididas em
de resultados e, conseqüentemente, na quantificação da operacionais, de financiamento e de investimento.
riqueza dos acionistas.
Valor Econômico Agregado (VEA)
Uma empresa é criadora de valor quanto for capaz de
É uma medida de criação de valor identificada no
oferecer a seus proprietários de capital (credores e
desempenho operacional da própria empresa, conforme
acionistas) uma remuneração acima de suas expectativas
retratado nos relatórios financeiros. O VEA pode ser
mínimas de ganho.
entendido como o resultado apurado pela sociedade que
Custo de Oportunidade excede à remuneração mínima exigida pelos proprietários
de capital (credores e acionistas).
Um custo de oportunidade retrata quanto uma pessoa
(empresa) sacrificou de remuneração por ter tomado a O cálculo do VEA exige o conhecimento do custo total de
decisão de aplicar seus recursos em determinado capital da empresa (WACC), o qual é determinado pelo
investimento alternativo, de risco semelhante. Por custo de cada fonte de financiamento (própria e de
exemplo, uma empresa, ao avaliar um projeto de terceiros) ponderado pela participação do respectivo
investimento, deve considerar como custo de capital no total do investimento realizado (fixo e de giro).
oportunidade a taxa de retorno que deixa de receber por Representa, em essência, o custo de oportunidade do
não ter aplicado os recursos em outra alternativa possível capital aplicado por credores e acionistas como forma de
de investimento. compensar o risco assumido no negócio.
Valor para o Acionista Estrutura básica de cálculo do VEA:
O investimento do acionista revela atratividade econômica Lucro operacional (líquido do IR)
somente quando a remuneração oferecida for suficiente (-) Custo total de capital (WACC x Investimento)
para remunerar o custo de oportunidade do capital próprio = Valor Econômico Agregado (VEA)
aplicado no negócio.
WACC = custo médio do capital aplicado
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O VEA ainda pode ser obtido através da fórmula: Representa o valor líquido das aplicações (deduzidas das
dívidas a curto prazo) processadas no ativo (capital)
VEA – (ROI – WACC) x Investimento
circulante da empresa. Assim, a forma mais direta de se
Onde o ROI é o retorno sobre o investimento (ROI = obter o valor do capital de giro líquido é mediante a
Lucro operacional / Patrimônio Líquido), o WACC é o simples diferença entre o ativo circulante e o passivo
custo médio ponderado do capital (WACC = [custo do circulante, ou seja:
capital de terceiro x capital de terceiros] x [custo do
CGL (CCL) = Ativo circulante – Passivo circulante
capital próprio x capital próprio]), e o investimento é o
total do ativo que é utilizado pela empresa no ou
desempenho de suas atividades.
CGL (CCL) = (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo
Outra forma alternativa de cálculo do VEA é: Prazo) – (Ativo Permanente + Realizável
a Longo Prazo).
VEA = Lucro operacional – [WACC x investimento]
Medida de Valor para o Acionista
Capital de Giro Próprio
Nesse objetivo de agregação do valor, uma medida
alternativa de valor e derivada do VEA é o spread do Indica o valor de capital de giro muitas vezes utilizado na
capital próprio, obtido pela diferença entre o retorno prática é o denominado capital de giro próprio, e é
auferido pelo patrimônio líquido (ROE) e o custo de comumente obtido pela seguinte expressão:
oportunidade do acionista.
Patrimônio Líquido
Avaliação do Desempenho pelo MVA (-) Aplicações Permanentes
Ativo Permanente
A medida de valor agregado pelo mercado (MVA – Market
Realizável a Longo Prazo
Value Added) reflete a expansão monetária da riqueza
= Capital de Giro Próprio
gerada aos proprietários de capital determinada pela
capacidade operacional da empresa em produzir O valor assim obtido é interpretado como o volume de
resultados superiores a seu custo de oportunidade. recursos próprios que uma empresa tem aplicado em seu
Reflete, dentro de outra visão, quanto a empresa vale ativo circulante.
adicionalmente ao que se gastaria para repor todos os
seus ativos a preços de mercado (ou a valores históricos Ciclos operacionais
corrigidos, conforma é geralmente usado). As atividades operacionais de uma empresa envolvem,
O MVA pode ser obtido a partir da seguinte fórmula: de forma seqüencial e repetitiva, a produção de bens e
serviços e, em conseqüência, a realização de vendas e
MVA = VEA / WACC respectivos recebimentos. Nessas operações básicas
procura a empresa obter determinado volume de lucros,
de forma a remunerar as expectativas de retorno de suas
ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO diversas fontes de financiamento (credores e
proprietários).
A administração do capital de giro (circulante) envolve
basicamente as decisões de compra e venda tomadas Principais ciclos:
pela empresa, assim como suas mais diversas atividades
PME = prazo médio de estocagem de matérias-primas
operacionais e financeiras. Nessa abrangência, coloca-se
de forma nítida que a administração do capital de giro PMF = prazo médio de fabricação
deve garantir a uma empresa a adequada consecução de
sua política de estocagem, compra de materiais, PME/PMV = prazo médio de estocagem dos produtos
produção, venda de produtos e mercadorias e prazo de terminados/prazo médio de venda
recebimento. PMC = prazo médio de cobrança
Capital de Giro PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores
O capital de giro corresponde ao ativo circulante de uma Investimento em Capital de Giro
empresa. Em sentido amplo, o capital de giro representa
o valor total dos recursos demandados pela empresa para É sabido que o ativo circulante constitui-se, para diversos
financiar seu ciclo operacional, o qual engloba as segmentos, no grupo patrimonial menos rentável. Os
necessidades circulantes identificadas desde a aquisição investimentos em capital de giro não geram diretamente
de matérias-primas até a venda e o recebimento dos unidades físicas de produção e venda, meta final do
produtos elaborados. processo empresarial de obtenção de lucros. A
manutenção de determinado volume de recursos aplicado
CG = Ativo Circulante no capital de giro visa, fundamentalmente, à sustentação
Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante de atividade operacional de uma empresa.
Líquido (CCL) Financiamento do Capital de Giro

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O custo do capital de giro financiado a longo prazo é mais
caro do que o financiado a curto prazo. Ou seja, quanto
Referências:
maior for o prazo de concessão de um empréstimo, maior
será seu custo em razão do risco que o credor assume ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços. 7.
em não obter um retorno condizente com os padrões de ed. São Paulo: Atlas, 2002.
juros da época.
FAVERO, H.L.; LONARDONI, M.; SOUZA, C.; TAKAKURA, M.
Abordagem para o Financiamento do Capital de Giro Contabilidade: teoria e prática – vol. 2. São Paulo: Atlas, 2007.
Considerando-se o risco e retorno envolvido nas FIPECAFI. Manual de Contabilidade das sociedades por ações.
operações de financiamento do capital de giro, deve-se 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
buscar a melhor composição do passivo da empresa, de
MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços:
forma que se obtenha o equilíbrio entre risco e retorno.
abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
Nesse sentido, o capital de giro pode ser divido em fixo e
variável (sazonal). IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 1998.
Capital de giro fixo
É determinado pela atividade normal da empresa, e seu
montante definido pelo nível mínimo de necessidade de
recursos demandados pelo ciclo operacional em
determinado período.
Capital de giro sazonal
É determinado pelas variações temporárias que ocorrem
normalmente nos negócios de uma empresa.
a. Abordagem pelo equilíbrio financeiro tradicional
De acordo com essa abordagem o ativo permanente e o
capital de giro permanente são financiados, também, por
recursos de longo prazo (próprios ou de terceiros). As
necessidades sazonais de capital de giro, por sua vez,
são cobertas por exigibilidades de curto prazo.
b. Abordagem do risco mínimo
Esta abordagem postula a minimização do risco que pode
ser adotada a partir de uma abordagem conservadora
para o financiamento do capital de giro. Nessa
abordagem, a empresa encontra-se totalmente financiada
por recursos permanentes (longo prazo), inclusive em
suas necessidades sazonais de fundos. O capital de giro
líquido, nessa situação, é igual ao capital de giro (ativo
circulante) da empresa.
c. Outras abordagens de financiamento
Outras formas de composição do financiamento do capital
de giro podem, evidentemente, ser estabelecidas.

Necessidade de Investimento em Capital de Giro


A necessidade de investimento em capital de giro, ou
simplesmente em giro, reflete o volume líquido e recursos
demandado pelo ciclo operacional da empresa,
determinado em função de suas políticas de compras,
vendas e estocagem. É essencialmente uma necessidade
de capital de longo prazo, que deve lastrear
financeiramente os investimentos cíclicos – que se
repetem periodicamente – em cada capital de giro.

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