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DO PAGAMENTO outubro de
2010

DO PAGAMENTO

No Direito Obrigacional a maneira mais comum de se extinguir uma obrigação se dá mediante


o pagamento. Mediante o pagamento se extingue a dívida ficando o sujeito passivo da relação
de Direito Obrigacional desonerado da dívida patrimonial.

O Código Civil regulamenta o pagamento nos artigos 304 e SS.

O pagamento é a execução voluntária e exata, por parte do devedor, da prestação devida ao


credor, no tempo, forma e lugar previstos no titulo constitutivo.

Inicialmente é de grande importância conceituar as figuras jurídicas do terceiro interessado e


do terceiro não interessado. O terceiro interessado se apresenta como o individuo que poderá
ter parte ou integralmente o seu patrimônio ou os seus direitos creditícios afetados em virtude
do inadimplemento do devedor principal; assim, este terceiro interessado paga a dívida e se
sub-roga nos direitos do credor primitivo (ao pagar a dívida o terceiro interessado postulará
em Direito como se fosse o devedor primitivo).

Já o terceiro não interessado, como a denominação já indica, não possui estribo jurídico,
portanto, não se sub-rogará nos direitos creditícios relativos ao credor primário. É o que
preceitua o art.305 do CC/02.

O CC sanciona o terceiro não interessado que pagar a dívida antes do seu vencimento, no
sentido de que o mesmo somente poderá haver este valor pago no dia de vencimento da
dívida, ou seja, o devedor primitivo somente será obrigado a reembolsar o terceiro não
interessado no dia do vencimento desta dívida.

Em Direito somente poderá alienar o bem a pessoa que possuir DISPONIBILIDADE da coisa. O
art.307, caput, do CC estabelece que necessitará de disponibilidade do bem imóvel aquele que
se predispor a pagar a divida, ou seja, somente o dono da coisa imóvel pode efetuar a sua
transmissão para a pessoa do credor.

DE QUEM DEVE PAGAR

O art. 308 do CC alude à ratificação do pagamento feita pelo credor, como também à hipótese
de o credor que recebeu a dívida e não declarou este fato (por falta de oportunidade ou por
dolo) no sentido em que se for provado que o pagamento reverteu em seu proveito. Portanto,

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o pagamento necessariamente deverá ser feito para o credor, ou, provar-se que o valor pago
foi efetivamente aproveitado pelo mesmo.

O art. 310 do CC se refere ao individuo incapaz de quitar, ou seja, trata-se do credor que
temporária ou definitivamente se encontra impossibilitado de emitir documentos com caráter
patrimonial. Exemplo: O individuo prodigo que se encontra sob interdição.

Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o
devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.

O art. 312 do CC estipula que o devedor que descumprir o procedimento formalizado no


termo obrigacional, por conseqüência, poderá ser obrigado a pagar novamente, pois somente
desta maneira poderá se exonerar da dívida. O referido artigo, entretanto, indica que o
devedor deverá ser legalmente intimado sobre a impugnação ou a penhora sobre o credito
interposta por terceiros.

No Direito Civil existe o principio do equilíbrio econômico e financeiro do contrato, mediante o


qual poderá haver reajuste entre as condições pactuadas na obrigação primitiva no sentido de
que seja corrigido o valor da dívida. Em analogia a este entendimento, o art. 317 especifica
que o magistrado poderá corrigir os valores constantes na obrigação, no sentido de preservar
a sua equivalência material. Desta forma se assegurará, quanto possível, o valor real da
prestação.

Em regra geral se deverá registrar em documento particular o valor, a espécie, o nome do


devedor, o nome do credor, a data, o lugar do pagamento, ou seja, no recibo (instrumento
particular) deverão estar registradas as informações referentes ao pagamento, para dar todas
as garantias referentes à quitação.

Já no parágrafo único do art. 320, como visto mesmo se faltar qualquer um destes requisitos
citados no caput do art. 320, o devedor poderá provar que pagou, se conseguir identificar as
circunstancias que provem que este pagamento foi devidamente aproveitado pelo credor.

O art. 321 do CC traz prerrogativas de defesa para o devedor de dívida oriunda de títulos de
credito, na hipótese de recusa por parte do credor de devolver a aludida cártula (documento
referente ao título de credito), desta forma, poderá o devedor exigir uma declaração sub-
assinada pelo credor a qual ateste o extravio. Este artigo alude a hipótese de recusa por parte
do devedor em pagar a divida (retendo o pagamento), até o momento em que o credor efetive
a entrega da declaração de extravio:
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Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este,
poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize título
desaparecido.

Em regra geral a quitação se direciona para o montante principal da dívida, inclusive, quando
não houver disposição expressa sobre a manutenção dos juros, presumir-se-ão pagos até
prova em contrário (art. 323, CC).

O CC em seu art. 324 dispõe que na hipótese de o credor devolver o titulo creditício ao
devedor, presumir-se-á que a divida fora paga. Contudo, o credor terá um prazo de 60 dias
para provar que entregou o titulo, mas não recebeu o pagamento (provar a inadimplência do
devedor).

REQUISITOS ESSENCIAIS

Existência de vínculo obrigacional; intenção de solver este vínculo, cumprimento da prestação,


presenca da pessoa que efetua o pagamento (solvens); presença daquele que recebe o
pagamento (accipiens).

TEMPO DO PAGAMENTO:

O art. 333 do CC estabelece as hipóteses legais do vencimento antecipado da divida:

1- A primeira é a falência do devedor ou concurso de credores;


2- A segunda é hipoteca ou penhor de bens os quais sofrem execução por parte do
credor. Nesta segunda hipótese existem dois Direitos Reais de garantia que são a
hipoteca e o penhor. A hipoteca é um Direito real de garantia que se direciona a bens
imóveis englobando também navios e aeronaves (bens de altíssimo custo); já o penhor
se direciona a bens moveis.
3- A terceira hipótese do art.333 se refere às garantias contratuais de natureza de debito,
fidejussórias (de confiança), nas quais o devedor intimado se recusa a reforçar.
Portanto, o termo “fidúcia” se reporta à confiança, o que significa dizer que o
individuo somente se arvorará a postular como fiador em se tratando de uma pessoa
(afiançado) na qual o fiador efetivamente confie desta forma, a garantia fidejussória se
baseia na fidúcia, palavra esta que significa confiança.
4- O parágrafo único do art. 333 do CC traz uma proteção ao devedor solidário que não
esteja qualificado nas situações apostas nos incisos deste artigo. Conseqüentemente,

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mesmo em se tratando de co-devedores solidários, aqueles que não estiverem nas


referidas hipóteses legais não terão as suas dividas vencidas por antecipação.

O momento em que se pode reclamar a dívida designa-se vencimento; se há determinação


negocial a respeito, sendo que as partes estipularam data para o cumprimento da dívida, esta
deverá ser paga no seu vencimento, sob pena de incorrer em mora e em suas conseqüências;
se a omissão do vencimento, isto é, se as partes não ajustaram data para o pagamento, o
credor poderá exigi-lo imediatamente.

LUGAR DO PAGAMENTO

É o local do cumprimento da obrigação, está, em regra, indicado no título constitutivo do


negócio jurídico, ante o princípio da liberdade de eleição, nos contratos, os contraentes podem
especificar o domicílio onde se cumprirão os direitos e deveres deles resultantes, não só
convencionando o lugar onde a prestação deverá ser realizada, mas também determinando a
competência do juízo que deverá conhecer das ações oriundas do inadimplemento desses
contratos; porém, se nada convencionarem a respeito, o pagamento deverá ser efetuado no
domicílio atual do devedor.

O art. 327 do CC traz como regra geral a proteção ao devedor (parte hipossuficiente), no
sentido de que o pagamento será efetuado no domicilio do devedor, existem exceções trazidas
por este artigo: se o contrário resultar da lei das circunstâncias ou da natureza da obrigação.

Todavia o parágrafo único do art. 327 do CC registra um beneficio direcionado ao credor que
poderá escolher dentre os lugares ajustados no termo obrigacional, na hipótese de terem sido
designados quando do pacto obrigacional dois ou mais lugares.

Em se tratando de bem imóvel o foro competente para o adimplemento da obrigação será o


do local onde se situar o bem.

O credor deve exigir o pagamento no lugar em que fora pactuada a obrigação, sob pena de ser
considerada a renúncia ao lugar de pagamento primitivo. Se o credor de forma reiterada
(repetida) aceitar o pagamento em lugar distinto, poderá ser sancionado a receber de forma
definitiva em lugar diverso ao originariamente pactuado.

PROVA DO PAGAMENTO

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Uma vez solvido o débito, surge o direito do devedor receber do credor um elemento que
prove que o pagou, que é a quitação regular; de reter o pagamento enquanto esta não lhe for
dada, ou de consignar em pagamento, ante a recusa do credor em dar a quitação, citando o
credor para esse fim, de forma que o devedor ficará quitado pela sentença que condenar o
credor.

O pagamento indevido é uma das formas de enriquecimento ilícito, por decorrer de uma
prestação feita por alguém com intuito de extinguir uma obrigação erroneamente
pressuposta, gerando a aquele que recebe o pagamento, por imposição legal, o dever de
restituir, uma vez estabelecido que a relação obrigacional não existisse, tinha cessado de
existir ou que o devedor não era a pessoa que deveria pagar ou o a pessoa que deveria receber
não era o credor.

Do pagamento em Consignação

Pagamento por consignação é o meio indireto do devedor exonerar-se do liame obrigacional,


consistente no depósito judicial da coisa devida, nos casos e formas legais; é um modo especial
de liberar-se da obrigação, concedido por lei ao devedor, se ocorrerem certas hipóteses
excepcionais, impeditivas do pagamento; apenas nos casos previstos em lei poderá o devedor
ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida
arrola os motivos legais de propositura da ação de consignação em pagamento.

Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em


estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

Consignar em Direito significa depositar o montante objeto do pleito, ou por deposito


bancário, ou por deposito judicial. Destarte, o deposito judicial demandará na interposição de
uma ação judicial competente, de forma que se identifique o valor do numerário, a natureza
da divida, a causa da desavença, a demonstração dos cálculos pertinentes, a boa-fé do
devedor insurgente (o qual em ato de protesto contra a exigência do credor em cobrar valor
maior ao legalmente aferível), tudo no sentido de evitar a mora do devedor, afastando,
portanto, a cobrança de possível clausula penal, juros e correção monetária.

O ato de consignar também poderá ser perpretado mediante o deposito bancário.

O art. 335 do CC arrola as hipóteses legais em que se ensejará a consignação de pagamento.

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O art. 338 do CC possibilita ao devedor que efetivou a consignação em pagamento o saque (ou
levantamento), em quanto o credor não declarar que aceita este depósito; ou enquanto o
credor não impugnar este depósito. Por inteligência jurídica com fulcro no art. 338 do CC
presume-se que enquanto o credor não se posicionar formalmente em juízo, aceitando ou
afastando o valor depositado, haverá a prerrogativa favorável ao devedor concernente ao
saque desta importância.

Curiosa é a situação do art. 345 do CC, em que os credores que mutualmente queiram se
excluir poderá interpor ação de consignação em pagamento requerendo ao juiz de Direito que
cite ao devedor para que o mesmo deposite o valor em juízo. Faz-se necessária a existência de
dois ou mais credores que estejam brigando entre si, assim, para se evitar que o dinheiro seja
locrupetado por um credor que não goze do direito relativo ao recebimento do mesmo.
Locrupetar significa favorecer-se de forma indevida, em detrimento do legitimo credor.

Do pagamento com Sub- rogação

A sub- rogação se perfaz mediante a identificação legal (equiparação legal) do individuo que
paga a divida de sujeitos arrolados nos incisos I a III do art. 346 do CC. Portanto, ocorrerá sub-
rogação quando o credor paga divida de devedor comum; o comprador de imóvel hipotecado
paga a hipoteca; ou quando o terceiro paga a divida da hipoteca; e quando terceiro
interessado paga a divida.

A sub-rogação pessoal vem ser a substituição, nos direitos creditórios, daquele que solveu
obrigação alheia ou emprestou a quantia necessária para o pagamento que satisfez o credor;
não se terá, portanto, extinção da obrigação, mas substituição do sujeito ativo, pois o credor
passará a ser o terceiro; é uma forma de pagamento que mantém a obrigação, apesar de haver
a satisfação do primitivo credor; poderá ser legal (imposta por lei) ou convencional (resultante
do acordo de vontades entre o credor e terceiro ou entre o devedor e o terceiro); tanto na
sub-rogação legal como na convencional passam ao novo credor todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o credor principal e os fiadores.

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