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O Humanismo no Renascimento

O período do Renascimento foi caracterizado sobretudo pela quantidade de gênios


que produziu. Veremos uma transformação radical na estruturação econômica na
Europa: vitória do comércio, baseado na moeda e no crédito sobre o obsoleto
sistema de permutas até então em uso; um rápido aumento de prosperidade na
classe média, propiciando condições favoráveis ao fomento das artes e à proteção
dos artistas, traduzindo em uma febril construção de palácios e, igrejas. Esta
euforia, de índole econômica foi sentida primeiramente na Itália, em Florença. A
Itália era um legitimo ninho de gênios em todas as modalidades da arte. Reinos da
Europa se transformaram em Estados fortes, profundas transformações na religião,
nas idéias e comportamento. Temos uma nova consciência do próprio homem como
centro e medida de todas as coisas. Eles encontraram na literatura grega e romana
uma valorização da natureza, do corpo humano e do mérito pessoal. Esses escritos
antigos não estavam inteiramente perdidos. Durante séculos, as bibliotecas dos
mosteiros tinha copiado e guardado os livros de Cícero, Virgílio e Aristóteles.
Gradualmente, mais e mais manuscritos foram sendo descobertos por estudiosos.

Um dos principais estudiosos do renascimento foi Francesco Petrarca. Ele nasceu


em 1304 e estudou direito em Bolonha. Interessava-se em ler e escrever poesias
em latim e italiano. A filosofia e os valores dos antigos desvendaram-se aos seus
olhos, e sua formação crista medieval foi confrontada por uma cultura ã liberdade.
O amor grego à beleza física, à natureza, a liberdade e os ideais das cidades-estado
gregas apresentavam-se-lhes juntamente com a consciência histórica, o poder
político e a determinação firme dos romanos. Cícero, studia humanitatis - estudos
liberais: estudos considerados essenciais a um homem livre nas épocas grega e
romana - gramática, retórica, história, poesia e a filosofia moral. Humanista era o
nome dado aqueles que recebiam tal educação. Humanismo: nome dado pelos
historiadores ao fenômeno cultural geral do século XV. O Renascimento foi o
movimento artístico e intelectual que resultou do humanismo, ressuscitando uma
cultura e valores que tinham estado enterrados por séculos.

Escritores que tinham estado mudos durante anos poderiam voltar à vida. Petrarca
se referindo a Homero e Platão.

O amor à cultura clássica e à natureza era o seu pecado (segundo o Cardeal


Dominici, professor da universidade de Pádua, referindo-se aos humanistas
florentinos). O próprio Petrarca achava difícil conciliar o seu amor pela beleza, pelas
plantas e flores com o seu profundo cristianismo.

Uma nova arquitetura para a sociedade renascentista.

Com base em um afresco de um artista desconhecido intitulado Vista de Florença,


1342, parece quase impossível que os florentinos se preocupassem, desde pelo
menos 1299, com a urbanização de sua cidade, com a ampliação e retificação de
suas ruas por razoes de beleza e conforto. Entretanto, a comuna de Florença já
havia trabalhado questões urbanísticas como a autorização dada para a
expropriação de imóveis fronteiros à Igreja Santa Maria Novella para a ampliação
de sua piazza. Em 1327, foi apresentada uma petição a comuna descrevendo a
área defronte à Igreja de Santa Maria de Carmine como um "lugar imundo, um
terreno usado como depósito de lixo" que envergonhava todo o bairro. Sugeriram a
sua conversão em uma piazza, "para aquilo que hoje é desgracioso e sórdido se
torne atraente para o transeunte''. Mas, na verdade, se repararmos com atenção ao
quadro veremos que os edifícios são amontoados, imóveis de vários pisos que se
elevam mais que o vizinho, privando-o de luz e ar; ausência de um planejamento
urbano.
O desejo de mais espaço e de construções harmoniosas e belas em ambientes
adequados era uma ambição generalizada entre o povo da Toscana. 1309, em
Siena: os responsáveis pelo governo devem ter atenção particular ao
embelezamento , ingrediente fundamental em uma comunidade civilizada.

A Catedral de Santa Maria del Fiore foi considerada um gigantesco guarda sol no
centro de Florença. Iniciada em 1296 por Arnolfo di Cambio, a construção
continuou sob a direção de Giotto, que deu atenção especial à torre e ao
campanário. Um grande numero de edifícios foi demolida para que se tivesse uma
vista ampla da catedral. Foram alargadas para 21 metros as ruas e edificações, "de
modo que esta catedral seja cercada por belas e espaçosas ruas, que reflitam a
honra e o interesse pelos bens públicos dos cidadãos florentinos". A largura da nave
central e das naves laterais fazia com que um espaço extremamente amplo tivesse
que ser coberto. Entretanto, cobri-lo com o domo seria impossível com os
conhecimentos técnicos da época. Nesse tempo, as abóbadas eram construídas
como arcos pelo método do cimbre: uma viga era colocada de um lado a outro do
vão no topo das paredes; uma moldura de madeira instalada sobre a viga
sustentava os tijolos do arco ate ser conseguida a altura desejada, e a séria final de
tijolos sustentava-se a si mesmo graças a inserção de um último tijolo central, o
fecho e abóbada ou pedra angular. Assim, o arco se mantinha no lugar graça a
pressão dos tijolos uns contra os outros. O madeirame de sustentação podia então
ser retirado. Construir uma abóbada sobre a nave central e as naves laterais de
Santa Maria del Fiore teria requerido uma viga suficientemente extensa para ir de
um lado ao outro da tribuna octogonal, um vão de cerca de 43 metros. Ora,
semelhante viga não existia, simplesmente. Brunelleschi estudou o Panteão de
Roma e outras abobadas romanas e descobriu um modo de construir um domo
assentando no tambor de pedra octogonal uma serie de anéis concêntricos ou
fieiras horizontais de tijolos e pedras, cada uma suficientemente forte para
sustentar a seguinte. As pedras formaram, pois, oito pesados espigões assentados
nas esquinas do octógono. Para fins de isolamento e também com vista à
suntuosidade, Brunelleschi construiu duas abóbadas, uma interna e outra externa.,
o que contribuiu para reduzir o peso da abóbada exterior. Entre os espigões, a
tensão elástica dos painéis intermediários parece manter o domo aberto, como se
estivesse cheio de ar, à semelhança de um imenso guarda-sol aberto sobre o
coração de Florença. O domo de Santa Maria del Fiore serviu para coroar Florença,
não só como cidade-estado medieval, mas também pelo seu novo papel de capital
da Toscana. O artista Alberti, que entendeu o significado político mais amplo da
obra de Brunelleschi, disse que o domo era "suficientemente vasto para conter toda
a população toscana".

A pouca distância da Catedral, o maior de todos os cenários estava sendo


construído durante esses mesmos anos: a Piazza della Signoria. O Palazzo Vecchio,
sede da municipalidade, tinha sido concluido em 1314. A praça a ele fronteira
obtida pela demolição de imóveis foi pavimentada em 1330. Foi palco de discursos,
recepções de autoridades eclesiásticas, embaixadores, espetáculos, cortejos cívicos,
cerimonias governamentais, carnavais, etc.

Estes cenários, ruas e praças, resultado de um longo período de planejamento


urbano, tiveram seu efeito sobre os artista do século XV, que tentavam refleti-los
em seus painéis e afrescos.
Pretendia-se restabelecer a concepção estática de forma, da arquitetura greco-
romana. Hipertrofia da preocupação plástica, a ponto de sobrepor totalmente o
caráter orgânico-funcional da arquitetura.

"A arquitetura sacrifica tudo ao exterior, a magnificência do primeiro olhar, não


levando em conta as necessidades que deveria satisfazer; ela nada afirma em suas
formas exteriores, que possa relacionar-se com as exigências materiais da vida. As
fachadas são por assim dizer, concebidas a priori fora da desatinação do edifício e
em desacordo mais freqüente com a distribuição interior." Gauthier.

O humanismo libera e individualiza o homem que, elevado e estimulado, se sente


mais criador do que nunca. Embora se inspirassem nas formas greco-romanas, os
cânones clássicos são substituídos por uma ação de independência e liberdade, que
haveria mais tarde de exibir-se em toda a plenitude, na eclosão do barroco.

A liberdade ampla de poder pensar e olhar em qualquer direção e a liberdade que


presidira mais tarde às iniciativas plásticas barrocas, não obstante a disciplina
rígida da Contra-Reforma dará resultados que podem ser vistos no sucesso da
geometria do espaço, empolgando matemáticos; o homem tenta se despregar de
seu psiquismo, resíduos dos velhos tempos em que se entregava às práticas
mágicas e aos sanguinolentos rituais megalíticos, que ferreteavam as profundezas
do seu inconsciente com a idéia de símbolo. Ocorre uma aplicação de novas formas
geométricas: elipse, parábola e a espiral.

"Pietro de Cortona introduz e elipse no peristilo de Santa Maria della Pace.


Borromini perfila em elipse todo o pátio interior da Sapienza, faz alternar em
paredes convexas e côncavas a torre de San Andrea della Frate, coroa de uma
espiral helicoidal aquela de Sapienza: é com a primeira vaga ao estilo barroco, a
realização do paralelismo imaginado por Spengler entre as matemáticas e a
arquitetura de uma época, a invasão da cinemática, da astronomia kepleriana,
desde a geometria analítica no domínio da morfologia estética. Mais do que a
elipse, a espiral fica especialmente na moda; os arquitetos aqui se adiantam
mesmo aos geômetras; as abas do Gesu, onde os ramos de ciclóide dispostos em
curva de queda rápida, terminam em volutas de moluscos".

Muito dessas formas novas, ainda presas ao barroco, atravessaram o oceano, como
por exemplo a elipse, para modelar as plantas das igrejas no Brasil.

A Renascença nada produziu em matéria de processos construtivos novos, onde o


gótico havia explorado ao máximo todas as combinações estáticas possíveis na
esfera da arquitetura. Além do mais a própria unilateralidade de sua índole
eminentemente plástica, repeliria qualquer movimento disciplinador mesmo que se
apoiasse em um possível organicismo formal. No entanto é ainda um elemento
visceralmente estático: a cúpula - marca o início e o término deste período de ouro.
A arquitetura Renascentista começa com o levantamento da cúpula da Catedral de
Florença, mais conhecida como Igreja Santa Maria del Fiore, para terminar com a
construção da cúpula romana da basílica de São Pedro no Vaticano. O primeiro
período renascentista na Itália, abrange todo o século XV, tendo Florença e Veneza
como principais centros de irradiação. O segundo compreende toda a metade
posterior do século XVI e o terceiro alcança os fins deste mesmo século e é
marcado pelos dois maiores gênios da época: Michelangelo e Paladio. Dentre alguns
personagens podemos citar: Brunelleschi: construiu a cúpula da Basílica de Santa
Maria del Fiore. A cúpula atinge oitenta e quatro metros de altura por quarenta de
diâmetro. Tinha um grande vigor e poliformia inédita, profundo humanista; Alberti,
florentino (poeta e músico), Fra Giocondo, arquiteto dominicano, constrói o
Conselho de Verona, mármore colorido e belas proporções; Bramante - nascido em
Urbino (assim como Rafael), dá início à basílica de São Pedro com 70 anos de
idade; San Gallo (engenheiro militar), Peruzzi (pintor) e Rafael (arquiteto e pintor)-
construção de palácios; Leonardo da Vince ( mecânico, químico, pintor, escultor e
músico); Sansovino (escultor); Michelangelo - dominou integralmente todas as
artes.

A Basílica de São Pedro foi construída nos alvores do cristianismo, e foi ameaçada
em fins do século XV pelo Papa Nicolas V e por Alberti que pretendiam transforma-
la em moderno monumento renascentista. O Papa Júlio II institui um concurso
privado para a remodelação da basílica. Bramante sai vitorioso com suas idéias
gigantescas. Foi substituído por Rafael depois de morto e ainda por Michelangelo.
Outro vulto da arquitetura, já no final do renascimento foi Vignola, que elaborou a
planta do Gesú, Igreja da Companhia de Jesus, que estava talhada a ser o
balizamento inicial da arquitetura dita dos jesuítas que mais tarde viria ao Brasil.
Na França, a arquitetura renascentista adquire seu caráter genuíno com Francisco I,
de 1515 a 1547, continuando até 1590 com Henrique II. O primeiro período se
caracteriza pela construção de castelos como os de Loire e em Íle de France, escola
de Fontenebleau. Fora os castelos, seguem-se o pátio do Louvre, o jardim de
Luxemburgo e as Tulleries. Chegado o século XVII, surge uma reação contra o
academismo renascentista, reação que floresce com um novo espírito: o Barroco.

http://www.territorios.org/teoria/H_C_renascimento.html

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