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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL –

UFRGS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE MATEMÁTICA
Curso de Especialização em Matemática, Mídias Digitais e Didática para a
Educação Básica

Geometria e Trigonometria na Resolução de Problemas


Práticas Pedagógicas II

Camila da Silveira Silvério


Pólo Novo Hamburgo
Condição de existência de um triângulo

1. Apresentação do tema e justificativa

Este trabalho teve como foco o ensino da condição de existência de um


triângulo (qualquer lado do triângulo é sempre menor que a soma dos outros dois lados) e foi
voltado para 10 alunos de 7ª série do ensino fundamental da E.M.E.F. João B. M. Goulart. O
recurso utilizado foi o software Geogebra, sendo realizado no dia 02 de dezembro, das 18:00
às 20:00.

Este tema foi escolhido por se tratar de um assunto não trabalhado com alunos,
ou seja, eles não possuem conhecimento prévio. E como a proposta desta prática pedagógica é
trabalhar com um problema, podendo ser um disparador de conhecimento, resolvi testar uma
situação onde eles não tenham este conhecimento prévio e que através desta possam chegar à
conclusão desejada.

Foi entrevistada uma professora da E.M.E.F. João B. M. Goulart, onde ela


relata que trabalhava com seus alunos a condição de existência de um triângulo, fazendo com
eles construíssem através de canudos e barbantes, os triângulos com as medidas que ela dava.

Segundo GIOVANNI, CASTRUCCI e GIVANNI JR. (1998, 212), ele pede


para construir os triângulos usando uma régua e um compasso. São dadas as medidas dos
lados e pede-se para construir os triângulos. São três triângulos usados como exemplo, sendo
um possível e outros não. Logo abaixo aparece a definição desejada, após uma breve
explicação.

Já no mesmo livro, porém numa reedição em 2002, ele começa da mesma


forma, porém há uma página onde tem a construção de triângulos com canudos, percevejo e
isopor, juntamente com uns questionamentos.

* Imagem retirada do livro A conquista da Matemática, 7ª série, de Giovanni, Castrucci e Giovanni Jr.
A forma de se trabalhar esse conteúdo é mostrado de forma simples e rápida,
sem exemplo prático ou outro tipo de exercício. São poucos os exercícios e eles não tem uma
situação prática.

Já neste trabalho será utilizado como problema disparador a seguinte situação:

“João comprou três tábuas, cada uma media 4m, 3m e 5m, para fazer a tesoura
da casa que estava construindo. Faça o desenho dessa tesoura, usando 1cm : 1m.

Marcelo também é pedreiro e também está construindo uma casa. Quando foi
comprar as tábuas para fazer a tesoura do telhado, só tinha tábuas de 5m, 2m e 2m. Será que
ele consegue construir uma tesoura com essas tábuas? Por quê?”

Conversando com essa colega que trabalhou este conteúdo, foi relatado que
não teve dificuldades ao realizar a atividade, porém os alunos demoram a chegar sozinhos na
conclusão correta.

2. Plano de ensino, hipóteses e estratégias.

Este plano de estudo teve como foco o ensino da condição de existência de

triângulos, na 7ª série, do ensino fundamental, na E. M. E. F. João B. M. Goulart, no dia 02 de

dezembro do corrente ano.

O objetivo deste planejamento é trabalhar com uma situação problema que seja

um disparador de conhecimento, ou seja, trabalhar com algo que eles não tenham

conhecimento prévio e construí-lo baseando numa situação prática, utilizando uma ferramenta

tecnológica.

OBJETIVO :
AÇÃO RECURSOS
Que o aluno seja capaz de...
* Construir triângulos; * Construção de triângulos com o Geogebra; * Geogebra;
* Através de uma situação* Construção de triângulos no Geogebra,*Geogebra.
problema, identificar a condiçãobaseado numa situação problema, onde os
alunos verifiquem a condição de existência de
de existência de um triângulo.
um triângulo.

A aula foi dividida em um único momento de duas horas, que ocorreu no dia

02 de dezembro e o planejamento foi organizado da seguinte forma: os alunos sentaram em

duplas em cada computador, receberam uma folha que constava um questionário, o qual

deveria ser respondido antes de começar a trabalhar na situação problema. Após os

questionamentos, em seguida partiram para a resolução da situação problema.

HIPÓTESES: Pressupõe-se que...

 Os discentes saibam o que é um triângulo;

 Os discentes consigam interpretar problemas matemáticos;

 Os discentes consigam utilizar as ferramentas do Geogebra para solucionar o problema;

 Os discentes consigam chegar a conclusão de que qualquer lado de um triângulo é menor

que a soma dos outros dois lados deste mesmo triângulo;

 Os discentes construam esse conceito através do Geogebra;

 Os discentes tenham conhecimento prévio do conceito de tesoura, na construção civil.

A coleta de dados será feita da seguinte forma:

a) Coleta de material escrito pelos alunos;

b) Figuras construídas no Geogebra;

c) Observações das aulas;

d) Diário do professor;

e) Coleta de material produzido pelos alunos no software;

f) Realização de fotos da experiência;

g) Questionário realizado pelos alunos.


3. Descrição e análise da prática

1ª aula – 02/12/2009 – 2 horas – 06 alunos (03 meninas e 03 meninos)

Os alunos ao entrarem na laboratório, dirigiram-se aos computadores em

duplas. Após se acomodarem, foi distribuído o questionário para responderem. A primeira

pergunta era “ Você sabe o que é uma ‘tesoura’ na construção civil?”. Dos seis alunos,

somente dois sabiam, portanto antes de lançar a situação problema, tive que explicar o que era

“tesoura”.

Em seguida, os alunos receberam o problema.

“João comprou três tábuas, cada uma media 4m, 3m e 5m, para fazer a tesoura
da casa que estava construindo. Faça o desenho dessa tesoura, usando 1cm : 1m.

Marcelo também é pedreiro e também está construindo uma casa. Quando foi
comprar as tábuas para fazer a tesoura do telhado, só tinha tábuas de 5m, 2m e 2m. Será que
ele consegue construir uma tesoura com essas tábuas? Por quê?”

Com o problema na mão, eles deveriam realizar a solução da mesma,


utilizando o Geogebra. Para isso, mostrei as ferramentas que poderiam utilizar para a
resolução da situação.

Deixei-os trabalhando livremente, respondendo somente as dúvidas sobre o


manuseio do Geogebra. Primeiramente construíram um triângulo marcando pontos e
interligando-os com segmentos de retas, manuseando os pontos, para que atingissem os
valores dados no problema. O que foi difícil, pois quando mexiam em ponto, acertando a
medida de um lado, modificavam a medida de outro lado. Continuei imparcial. Mas disse que
valores bem próximos seriam aceitos.
Depois partiram para a segunda parte do problema, o qual encontraram maior
dificuldade em construir o triângulo. Questionei-os de como Marcelo deve ter comprado as
tábuas, em pedaços ou todas juntas? Como seria melhor construir os triângulos, em pedaços
separados e depois uni-los ou montar todos juntos de uma vez? Responderam que ele
comprou separado, mas era melhor construir da forma que estavam, marcando os pontos e
ligando-os com os segmentos.

Com o passar do tempo, verificaram que era impossível o Marcelo construir a


tesoura com essas medidas, mas não conseguiam dizer o porquê. Uma das duplas chegou a
dizer que era porque 2 não é metade de 5. Fui questionando-os para verificar se conseguiam
chegar à conclusão da condição de existência. Porém o mais próximo que conseguiram foi
concluir que “2 e 2 é menor que 5”, ou seja, que a soma dos dois lados (2 e 2) é menor que 5.

Com isso, tive que dizer que para poder construir um triângulo um dos lados
deve ser menor que a soma de seus outros lados.

Análise do material coletado e das hipóteses:

 Os discentes saibam o que é um triângulo;

Sim, os discentes sabiam o que é um triângulo, pois conseguiram construí-lo.

 Os discentes consigam interpretar problemas matemáticos;


Foi possível a realização da situação problema, pois com facilidade eles

interpretaram e resolveram a mesma.

 Os discentes consigam utilizar as ferramentas do Geogebra para solucionar o problema;

Os alunos tiveram facilidade em manipular o Geogebra e utilizá-lo para a

resolução do problema. A única dificuldade encontrada foi na hora de montar o triângulo com

as medidas dadas, pois não conseguiam acertar a medida, usando valores aproximados. Mas

mesmo assim, foi válido.


 Os discentes consigam chegar à conclusão de que qualquer lado de um triângulo é menor

que a soma dos outros dois lados deste mesmo triângulo;

Os alunos chegaram a uma conclusão próxima, onde os lados de medidas 2 e 2,

são menores que o lado de medida 5. Eles sabiam que não tinha como construir este triângulo,

porém não conseguiam definir o porquê. Por isso tive que auxilia-los na construção do

conceito.

 Os discentes construam esse conceito através do Geogebra;

Esse conceito foi construído parcialmente (pois no final tive que ajudá-los na

construção do conceito) com o auxílio do Geogebra. Com o software foi muito mais fácil e

visível aos alunos verificar se era possível ou não construir o segundo triângulo.
 Os discentes tenham conhecimento prévio do conceito de tesoura, na construção civil.

Nem todos os alunos tinham o conhecimento prévio do que era uma tesoura,

em relação à construção civil. Por isso, tive que explicar que uma tesoura é o principal

elemento de sustentação do telhado, assim poderiam resolver o problema. Perguntei se eles

conheciam o formato de uma tesoura e após essa explicação, responderam que o formato de

uma tesoura é de um triângulo. Logo, teriam que construir triângulos para poder responder a

questão.

* Resposta de um aluno que não sabia o que era uma tesoura.

* Resposta de um aluno que sabia o que era uma tesoura.

4. Conclusões e reflexões sobre a engenharia


Este trabalho tratou do ensino da condição de existência de um triângulo, foi

voltado para o aluno do ensino fundamental e utilizou como recurso didático o Geogebra e

uma situação problema que foi a geradora de conhecimento.

Para tentar obter uma melhoria no cenário do ensino e da aprendizagem, foi

desenvolvido plano de ensino cujo principal objetivo foi com que os alunos construíssem um

conceito, tendo como base uma situação problema.

Antes de iniciar a prática, foram formuladas hipóteses.

Os dados coletados na prática validaram as seguintes hipóteses: os discentes

saibam o que é um triângulo, interpretaram problemas matemáticos, utilizaram as ferramentas

do Geogebra para solucionar o problema, chegaram à conclusão de que qualquer lado de um

triângulo é menor que a soma dos outros dois lados deste mesmo triângulo e conseguiram

construir esse conceito através do Geogebra.

Mas não conseguiram validar a seguinte hipótese: os discentes tenham

conhecimento prévio do conceito de tesoura, na construção civil.

O plano de ensino não precisa ser reformulado, pois a única hipótese a não ser

validada foi a de que os alunos tenham o conhecimento prévio sobre o conceito de tesoura e

isso pode ser sanado durante a prática.

Na minha opinião pessoal, esta atividade de produção de uma engenharia

didática teve méritos, pois pude comprovar que através de um problema os alunos conseguem

construir um conceito novo. Claro, que sempre com a orientação do professor, pois eles tem a

idéia, sabem o que acontece, mas na maioria das vezes não consegue expressar

“matematicamente” a idéia construída.

Numa próxima engenharia, pretendo trabalhar mais tempo e com mais alunos,

pois trabalhar com 6 alunos é muito mais fácil do que trabalhar com 30 alunos de uma só vez.
Pretendo também fazer uma prática mais envolvente e que leve um pouco mais de tempo, pois

assim poderei desenvolver algo a mais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

GIOVANNI, José Ruy. et al. A construção da Matemática, 7ª série. São Paulo: FDT, 2002.
246-247p.

GIOVANNI, José Ruy. et al. A construção da Matemática, 7ª série. São Paulo: FDT, 1998.
212-214p.

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