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1 DEFINIÇÃO DO TEMA E ESCOLHA DO PROBLEMA

A educação de Jovens e Adultos ganha historicamente espaço no sistema educativo e


se organiza em defesa daqueles que tiveram seus direitos retirados em relação à educação, em
tempo regular de suas vidas, ou seja, na idade que as escolas consideram ser a mais adequada
para a conclusão do ensino básico (ensino fundamental) e médio que é até os 17 ou 18 anos,
após esta idade considera-se que o estudante está atrasado nos estudos. Devido à necessidade
de inserirem-se no contexto social e econômico, os educandos da EJA retornam a escola;
porém nesta volta deparam-se com situações que muitas vezes os desestimulam; como
exemplo podemos citar o fato de que alguns educadores não levam em consideração os
conhecimentos prévios dos alunos e implantam conteúdos que fogem da realidade dos
mesmos. Além do mais implantam nesta educação o mesmo ensino oferecido as crianças, com
as mesmas atividades, a mesma coordenação, a mesma maneira de ministrar as aulas entre
outros fatores que acarretam a infantilização da EJA fazendo com que os alunos desta
modalidade sintam-se desestimulados e percam a vontade e a disposição de dar continuidade
aos seus estudos.
Porém, na questão da infantilização tem-se muito o que debater; este projeto de
pesquisa irá priorizar a questão dos saberes dos jovens e adultos em relação ao conhecimento
que já possuem, pois alguns educadores podem não observar quais as experiências e
expectativas que estes alunos trazem quando voltam à escola procurando retomar seus
estudos. Talvez esse seja um dos fatores que causa a infantilização e que desmotiva os alunos
a permanecerem na escola.
Dentro deste contexto percebe-se que há uma necessidade de repensar sobre a
educação de Jovens e Adultos voltada para a consideração dos conhecimentos prévios destes
por parte do professor, o qual deverá estar ciente da diversidade cultural de cada aluno tendo
uma noção a respeito das experiências e expectativas dos sujeitos da EJA. Afinal o educando
desta modalidade encontra-se inserido em um mundo de trabalho e relações interpessoais de
um modo diferenciado daquele das crianças; este sujeito da EJA, em especial o adulto, traz
consigo uma história mais longa de experiências, conhecimentos acumulados e reflexões
sobre o mundo externo que o envolve, sobre si e sobre as outras pessoas que o cercam;
contudo, em relação à inserção em situações de aprendizagem, esses saberes fazem com que
os alunos tragam diferentes habilidades e dificuldades acarretando maior capacidade de
reflexão sobre o conhecimento e sobre seus próprios processos de aprendizagem. Contudo, a
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uma imensa quantidade de conteúdos para se trabalhar nesta modalidade e diversas maneiras
de transmiti-los partindo da realidade dos alunos; sendo assim, os professores não precisam
ensinar de forma infantilizada e nem tratar os alunos da EJA como crianças. Além do mais
estes sujeitos tem muito o que nos ensinar.
Neste contexto busca-se analisar se a escola exerce suas funções e amplia os
conhecimentos trazidos pelos alunos ou coloca-os a margem como se estes não pudessem ser
considerados saberes que foram adquiridos ao longo de sua existência. Observando se a
instituição de ensino e os educadores consideram que a leitura do mundo vem antes da leitura
da palavra, ou seja, antes mesmo de freqüentar a escola os educandos aprendem diversos
conteúdos no meio em que vive, e para que ele adquira estes saberes não é necessário saber
ler. A escola necessita dar condições aos alunos para que eles compreendam a realidade a que
estão expostos a partir dos conteúdos ensinados, porém os assuntos que irão ser transmitidos
nesta modalidade devem ter ligação, ou melhor, devem surgir ou partir dos saberes já
existentes nestes alunos. Diante do exposto questiona-se: Até que ponto os conhecimentos
prévios que os alunos da EJA possuem são levados em consideração no processo de
aprendizagem em uma escola pública, nas salas de alfabetização de EJA do 1º segmento?

2 DEFINIÇAO DA BASE TEÓRICA E CONCEITUAL


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2.1 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO

Segundo Brandão (1982) “não há uma forma única nem um único modelo de
educação, porém, ela é representada em uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a
criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. A educação
do homem existe por toda a parte e muito mais do que a escola, é o resultado da ação de todo
o meio sócio-cultural sobre os seus participantes. É o exercício de viver e conviver o que
educa. E a escola de qualquer tipo apenas um lugar e um momento provisório onde isto pode
acontecer”. Contudo, enfatizando a educação de jovens e adultos, percebe-se que ela
organiza-se em favor daqueles que tiveram seus direitos à escolarização retirados em período
regular de suas vidas; portanto é necessário saber ler e escrever como forma de deixar de ser
dependente (ler sozinho sem que outra pessoa tenha que ler para você o que deseja, como por
exemplo poder pegar um ônibus lendo o seu letreiro sem que seja preciso perguntar para outra
pessoa que ônibus é aquele)
Contudo, como já dizia Freire (1979) a educação possui um caráter permanente. Por
isso, não há seres educados e não educados, porque estamos todos nos educando. Existem
sim, graus de educação, porém estes não são absolutos. Portanto as pessoas estão sempre
adquirindo e aprimorando os seus saberes e a educação deve ocorrer através do processo de
letramento que segundo SOARES (2003) é o estado ou a condição de quem não apenas sabe
ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita. Letrar seria então
fazer com que os educandos coloquem em prática o que aprenderam, porque o letramento é o
resultado da ação de ensinar ou aprender a ler e escrever, está em constante construção, pois é
um processo contínuo.

O cão e a árvore também são inacabados, mas o homem se sabe inacabado e por isso
se educa. Não haveria educação se o homem fosse um ser acabado. O homem
pergunta-se: quem sou eu? De onde venho? Onde posso estar? O homem pode refletir
sobre si mesmo e colocar-se num determinado momento, numa certa realidade: é um
ser na busca constante de ser mais e, como pode fazer esta auto-reflexão, pode
descobrir-se como um ser inacabado que está em constante busca. Eis aqui a raiz da
educação. (FREIRE, 1979, p. 27).

Portanto, como pode-se perceber através da citação exposta anteriormente, o homem


não é dono de todo o saber e não há nenhum sujeito que saiba tudo e não precise aprender
mais nada, porque os seres humanos sempre necessitam aprender algo novo, e é por isso que a
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educação não tem fim, pelo fato do homem ser inacabado e precisar se educar. Ninguém é
dono do saber e cada ser humano possui sua sabedoria, estas são diversificadas, mas não
existe nenhuma que se sobressaia da outra. As pessoas socializam seus conhecimentos
engrandecendo e aprimorando os saberes já existentes, contudo ninguém se educa sozinho e a
educação não se consiste no ato de aprender a ler e escrever, ela é muito mais que isso, pois
possui um conjunto de significados composto pelas especificidades dos educandos. Sendo
assim, a Educação de Jovens e Adultos consiste no ato de fazer com que os sujeitos desta
modalidade possam ampliar seus conhecimentos e engrandecer seus saberes partindo daqueles
já existentes, os quais serão a base para se obter novas informações. Segundo Freire (1987) a
educação em relação à alfabetização, não consiste no ato de aprender a ler e escrever, ou
repetir palavras, mas sim em dizer a sua palavra geradora, ou seja, a criadora da cultura.
Os adultos trazem variadas descrições ou concepções de mundo. Desse modo, o
educador não pode determinar qual a descrição de mundo que é válida ou correta, até porque,
como já foi citado, não existe nenhuma certa, elas são apenas diversificadas. Contudo, a
educação que deve ser buscada é aquela que abranja as diferenças, uma educação para todos,
havendo igualdade de oportunidades. Assim a educação de Jovens e Adultos poderá fazer
com que esses sujeitos que estão retornando sintam vontade de continuar seus estudos e
tenham interesse nas aulas ministradas pelos professores, os quais não devem esquecer-se de
considerar os saberes já existentes do aluno para que a partir destes possa encaminhar novos
conhecimentos.

2.1.1 Saberes dos Educandos da EJA

Todos os sujeitos são dotados de especificidades culturais, por isso não existe
educação isenta do meio social e os homens não ficam isolados, eles vivem em determinada
comunidade; sendo o sujeito educando um ser de raízes espaços-temporais; com isso, por sua
vez o homem é dotado de saberes, costumes, hábitos entre outras questões que carregam em
seu interior, as quais estão presentes no meio em que cada indivíduo habita. Os
conhecimentos prévios que os alunos possuem estão relacionados a sua cultura; e o
comportamento dos indivíduos depende do aprendizado, da endoculturação que é a
internalização da cultura, por isso o desenvolvimento e aprendizagem de determinado ser
deve sempre basear-se em sua cultura, e com isso através desta desenvolver novos saberes.
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Mas o que seria a cultura em si? Segundo Tylor (1871) no vocábulo inglês Culture diz
respeito a todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes, ou
qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma
sociedade; contudo pode-se dizer que cultura é todo o comportamento aprendido em um meio
social.
No entanto, é fundamental definir-se o conceito de cultura e analisá-la em cada
indivíduo para que assim possa-se saber o que a compõe e o que cada educando traz consigo a
respeito desta; pois como já foi citado o educando possui saberes que partem da sua
sociedade, os alunos não são neutros e nem tão pouco desprovidos de conhecimento; muitas
vezes eles sabem até mais do que esperam-se, porque trazem um conjunto riquíssimo de
saberes, os quais em alguns casos várias pessoas desconhecem por não tomarem
conhecimento da cultura destes alunos.
Apesar do conceito de cultura ser muito amplo tornando incapaz abranger suas
definições totais por sua pluralidade de explicações, consegue-se ter uma base do que seja a
cultura percebendo que ela é o comportamento aprendido, as idéias que os sujeitos comporta;
por sua vez a cultura é produzida no seio da sociedade. Contudo, os comportamentos sociais
são diferenciados, pois cada cidadão comporta-se de maneira diversificada, ou seja, cada
sujeito fala, come, veste, se comporta, age, pensa, interage, trabalha de acordo com os
modelos construídos dentro da sua própria sociedade.
Todavia, os educandos da EJA, assim como todas as outras pessoas possuem
diversidades culturais, de diferentes individualidades encontradas na sociedade, mas não
devemos esquecer que todos são iguais perante a lei e que suas divergências devem ser
consideradas, suas individualidades necessitam ser levadas em consideração.
Enfim, o sujeito da EJA vem de múltiplos espaços e possuem diferentes etnias,
múltiplas culturas e a heterogeneidade está presente na prática pedagógica. Então a sala de
aula da EJA deve ser um espaço de compreensão e de reconhecimento da experiência e da
sabedoria. Muitas vezes os professores não possuem saberes epistemológicos para entender os
sujeitos e traz outras culturas aniquilando as já existentes. A escola está permeada por
relações de poder, de classes sociais, desigualdades; e por isso o currículo da EJA deve ser
construído considerando essas ambivalências para que os alunos sejam tratados igualmente,
mas que também se considere suas individualidades. Os sujeitos não são neutros, as práticas
trazem um teor ideológico. Contudo, conhecer os alunos é fundamental, tem-se que conhecer
sua historia, sua identidade e suas significações; ou seja, o conjunto de idéias que constrói o
sujeito.
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2.1.2 Identidade dos Alunos da EJA

Cada ser social possui uma identidade que parte da sua forma de vida baseada em sua
sociedade; estando está ligada a construção histórica de cada sujeito, no entanto estas historias
são diversificadas e envolvem aspectos individuais, históricos e sociais; mas a identidade de
um ser não é uma coisa acabada, porque ela encontra-se em constante e permanente
construção a partir das experiências que os indivíduos vivenciam. Enfim, esta identidade que
os indivíduos carregam consigo é construída em determinado contexto histórico e cultural.

[...] as identidades são representações inevitavelmente marcadas pelo confronto com


o outro: por se ter estado em contato, por ser obrigado a se opor, a dominar ou ser
dominado, a tornar-se mais ou menos livre, a poder ou não constituir por conta
própria o seu mundo de símbolos e, no seu interior, aqueles que qualificam e
identificam a pessoa, o grupo, a minoria, a raça, o povo. Identidades são, mais do
que isto, não apenas o produto inevitável da oposição por contraste, mas o
reconhecimento social da diferença. (BRANDÃO, 1986).

Já que a identidade é a forma de vida do sujeito e este é dotado de cultura


apresentando várias especificidades culturais, pode-se dizer que o educando da educação de
jovens e adultos é um ser dotado de conhecimento, porém precisa trabalhar para sustentar-se e
por isso tem uma passagem curta e não sistemática pela escola, alguns trabalhando em
ocupações urbanas não-qualificadas, buscam a escola tardiamente, talvez pelo fato de ter que
trabalhar na infância ficando assim isenta a oportunidade de estudar; e assim torna-se excluído
da escola.

Inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de um modo diferenciado


daquele da criança e do adolescente, os educandos da EJA trazem consigo uma história mais
longa, talvez até mesmo mais complexa, de experiências, conhecimentos acumulados e idéias
e reflexões sobre o mundo que o envolve, sobre si e as outras pessoas que o cercam; isso
acarreta a presença de diferentes habilidades e dificuldades quando comparadas as das
crianças, conseqüentemente os sujeitos da EJA trazem maior capacidade de reflexão a
respeito do conhecimento e sobre os seus processos de aprendizagem. É por este motivo que
as especificidades dos indivíduos são fundamentais para o ensino desta modalidade.

Em alguns casos, a escola funciona com base em regras específicas e com uma
linguagem particular que deve ser conhecida por aqueles que nela estão envolvidos; o
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desenvolvimento das atividades escolares está baseado em símbolos e regras que não são
parte do conhecimento de senso comum dificultando a aprendizagem dos alunos, afinal,
muitas vezes a linguagem escolar mostrou ser o maior obstáculo da aprendizagem do que os
próprios conteúdos estudados. Então, os professores devem encaminhar suas aulas pensando
nos seus alunos, com uma linguagem compreensível por todos os estudantes para que assim
eles possam aprimorar seus conhecimentos e entender aquilo que o educador quer socializar.

2.2 CAPACIDADE DE APRENDIZAGEM

Os seres humanos possuem um bom nível de competência cognitiva até uma idade
avançada, alguns psicólogos evolutivos ressaltam que o que determina o nível de competência
cognitiva das pessoas mais velhas não é tanto a idade em si mesmas, quanto uma série de
fatores de natureza diversa. Entre esses fatores podem-se destacar o nível de saúde, o nível
educativo e cultural, a experiência profissional e o tônus vital da pessoa, ou seja, sua
motivação, seu bem estar psicológico e muitos outros fatores, portanto é esse conjunto de
fatores que determina boa parte das probabilidades de êxito que as pessoas apresentam, ao
enfrentar as diversas demandas da natureza cognitiva.

No entanto, pode-se perceber que o sujeito da educação de Jovens e Adultos pode sim
aprender novas coisas e que ele por si só já é dotado de conhecimento; possui capacidade de
desenvolver estes saberes já existentes, porém, para que os conhecimentos sejam aprimorados
torna-se necessário que estes sujeitos encontrem meios para que isto ocorra. Mas quais seriam
esses meios exigidos para que o conhecimento possa ser engrandecido? Bem, um deles seria o
espaço escolar, ou até mesmo a sala de aula em si, pois esta deve ser adaptada para os adultos
e não preparada apenas para crianças, porque a educação destes sujeitos não deve ser
infantilizada; um outro meio que pode ser citado é o fato dos professores em relação ao
conhecimento cultural, os educadores devem estar ciente das especificidades dos alunos e
necessitam ser dotados de conhecimentos relacionados a diversidade cultural dos sujeitos da
EJA, porque é fundamental que se leve em consideração os conhecimentos prévios que os
alunos possuem.
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As pessoas precisam se conscientizar quanto ao fato de que todos os seres são


compostos por saberes, percebendo assim que todos possuem capacidade de aprender,
engrandecer e aprimorar os seus saberes, pois ninguém é dono do saber. Por isso, os
professores não devem apenas transmitir ou repassar o conhecimento, porque estes devem ser
socializados, pois os sujeitos também poderão expor suas idéias e redefinir seus conceitos.

Método de alfabetização tem um material pronto: cartazes, cartilhas, cadernos de


exercícios. Quanto mais o alfabetizador acredita que aprender é enfiar o saber-de-
quem sabe no suposto vazio-de-quem-não sabe tanto mais tudo é feito de longe e
chega pronto, previsto. Paulo Freire pensou em um método de educação construído
em cima da idéia de um diálogo entre educador e educando, onde há sempre partes de
cada um dentro do outro, não poderia começar com o educador trazendo pronto, do
seu mundo, do seu saber, o seu método e o material da fala dele. (BRANDÃO, 1991).

Contudo, o educando não precisa ficar repetindo palavras para aprendê-las, basta que
utilizem as palavras que já conhecem para através dela conhecer outras, o alfabetizando, ou
melhor, o sujeito da EJA, deve ser colocado em condições de poder re-existenciar,
criticamente (colocando suas opiniões) as palavras de seu mundo, para, na oportunidade
devida, saber e poder dizer a sua palavra, expor seus pensamentos. O educando tem o direito
de dizer o que acha e de opinar a respeito do conteúdo que está sendo socializado, aliás, o
aluno deve colocar-se diante das explicações feitas pelo professor, deve ser curioso, crítico e
questionador, pois ele tem a capacidade de recriar conceitos e aprimorar sempre os saberes já
existentes.

O saber se faz de uma superação constante, os alunos estão sempre descobrindo novas
coisas e aprendendo novos conteúdos, muitas vezes até mesmo sem perceber; pode-se
ressaltar que não existe saber nem ignorância absoluta, sempre existe saberes conhecidos por
uns e desconhecidos por outros, mas todas as pessoas são capazes de socializar e tomar
conhecimento desses saberes, um ser educa o outro e cada um transmite o que sabe, criando
assim um conjunto de informações que cresce a todo momento.

O sujeito precisa se valorizar e acreditar em sua capacidade, se ele acreditar em si e em


seu poder de desenvolver-se em relação à aprendizagem poderá construir muitos
conhecimentos e tornar-se cada vez mais sábio, porém para que isso aconteça é preciso que
cada educando possa pensar e estar ciente sobre o que ele foi, o que ele é e o que ele será, pois
através de um análise a estas questões os sujeito percebem o passado, presente e futuro,
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fatores necessário para se conhecer e apresentar sua capacidade de crescer e adquirir novos
saberes.

Como já foi ressaltado os educandos da EJA são capazes de desenvolver-se quanto a


aquisição de novos saberes, mas os educadores precisam saber que esses sujeitos não possuem
mais a mesma capacidade de memorização que possuíam quando eram criança, pais e mãe ou
um membro da família que os mande a escola, nem se submetem à autoridade que muitos
professores possuem; e por este motivo deve-se escolher meios eficientes para a socialização
do conhecimento, para que os alunos possam sentir prazer e motivação em estudar e buscar
novas aprendizagens. Afinal o alfabetizador deve ser considerado sujeito ativo na construção
do conhecimento.

2.3 MANEIRAS DE ENSINAR USADAS PELOS PROFESSORES NA EDUCAÇÃO DE


JOVENS E ADULTOS ( Marinaide, se este tópico fosse substituído pelo termo Visão de
alguns educadores a respeito dos educandos da EJA, ficaria bom?)

Muitos alunos retornam aos estudos depois de muito tempo e como já foi exposto
anteriormente trazem conhecimentos prévios relacionados ao seu meio de vida, a sua cultura;
buscam a escola com o intuito de aprender a linguagem escrita. No entanto, para que esses
alunos sintam-se motivados e compreendam os conteúdos que vão ser socializados pelo
educador é necessário que o processo de alfabetização defina para quem, para que e como
ensinar, devendo ter como objetivo propiciar às condições de ensino-aprendizagem para que
os sujeitos se apropriem de um sistema de representação da realidade no caso a linguagem
escrita, internalizando-a.
O ensino da EJA exige mais atenção devido às exigências do mercado de trabalho que
requer níveis de letramento cada vez mais acentuados, várias habilidades que empurram os
sujeitos para escola. Durante suas aulas, os professores da EJA precisam tomar cuidados
quanto à maneira que vão ministrar suas aulas, porque os formuladores de políticas
responsáveis pela EJA tomam alfabetização como aquisição de um sistema de código
alfabético, tendo como único objetivo instrumentalizar a população com rudimentos
escolares.
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A visão que se tem do alfabetizando [...] é sempre de quem possui um vazio a ser
preenchido por um saber do qual não tem o domínio e que o levaria à sua auto-promoção.
Mas a ignorância seria vencida pelo esforço próprio e a escola, por sua vez, o instrumento de
sua realização. Tem-se a concepção de alfabetização como um processo de aquisição de uma
técnica de decodificação oral ( para escrever) e de decodificação escrita (para ler).
Entretanto é necessário rever suas idéias na hora de ensinar para que não se aplique
métodos inadequados que venham desestimular os alunos e fazer com que eles, mais uma vez,
abandonem a escola.

2.4 RELAÇÃO PROFESSOR – ALUNO

O ensino propicia uma imensa riqueza no processo de criatividade, e tem como papel
principal o de construtor do conhecimento como um todo. O que vemos na escola deve ser
ensinado porque é parte substancial de todo o patrimônio cognitivo da humanidade.
A relação entre o professor e o aluno da EJA é um aspecto essencial da organização
dos elementos enriquecedores desta modalidade, aquisição de conhecimentos e da situação
didática, tendo em vista alcançar os objetivos do processo de ensino-aprendizagem que se
constitui na transmissão e assimilação dos conhecimentos, hábitos, habilidades e
competências.
Neste caso, no ensino da EJA, por seu caráter particular em relação a educação básica,
essa relação entre o professor e o aluno se estreita e as vezes se confundi com relações
fraternais ou até mesmo paternais, pois o aluno faz do professor uma ponte para o pleno
acesso ao exercício de sua cidadania. Mas deve-se tomar cuidado com essas relações para
que os sentimentos não sejam confundidos e depois um ou outro venha a se decepcionar.
Porém, o professor deve manter uma boa relação com o aluno, deve cativá-lo para que ele
sinta-se bem e motivado a assistir as aula na busca de engrandecer os saberes que já possuem.
O professor não deve ser bruto, rígido, autoritário e nem muito menos mostrar-se
superior ao seu aluno, até mesmo porque ninguém é dono do saber e nem é dotado de um
conhecimento finito, as pessoas, sejam elas professores ou alunos, tem muito o que aprender
umas com as outras; e uma boa relação é fundamental para que estes conhecimentos sejam
socializados; um socializa o que sabe para o outro e assim, juntos, vão construindo novos
saberes e redefinindo ou engrandecendo e aprimorando seus conceitos, suas opiniões.
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Em uma determinada visita feita a uma escola pública, em uma sala da EJA, uma
professora demonstrou ser amiga e afetiva com seus alunos, estes mostravam gostar da
mesma. Através da observação percebe-se que a relação entre o professor e o aluno é
fundamental para o desenvolvimento e a aprendizagem do educando, pois quando o aluno
simpatiza com o professor a aula torna-se mais agradável e o estudo mais interativo. Isso
porque ambos se comunicam mais e expõe suas idéias; e os alunos sentem-se mais seguro
para debater sobre os diversos temas que surgirão nas aulas, sem ter vergonha de expor-se ou
até mesmo receio de falar algo que não agrade as outras pessoas; havendo assim um debate
coletivo no qual todos os participantes poderão ampliar seus conceitos.
Nota-se que o papel do professor esta ligado a “transmissão” de certos conhecimentos,
os quais são pré-definidos e constituem o próprio sentido da existência escolar. O educador
exerce um papel de mediador e incentivador entre cada aluno e os seus diversificados
modelos culturais. Por isso o professor deve estar sempre motivado para ensinar e incentivar o
aluno a construir ou aprimorar o saber.
Portanto, o bom relacionamento em sala de aula é quase sempre tão importante quanto
á diversidade de métodos e outros recursos instrucionais que são utilizados para educar; os
alunos devem estar alegres, bem humorados e seguros em todos os momentos e
principalmente no de desenvolver as atividades de aprendizagem, assim pode-se perceber que
o relacionamento entre os componentes da sala é agradável e bom.
Entretanto, o professor é à base do bom relacionamento porque é ele o responsável
pela boa interação e pelo bem estar de seus alunos. Sua influencia na sala de aula é grande,
portanto, a criação de um clima agradável que favoreça a aprendizagem depende dele.

2.5 UM OLHAR SOBRE DA ESCOLA X

Diante de todo o contexto exposto anteriormente, pode-se perceber que os alunos


optam em ingressar na Educação de Jovens e Adultos pela necessidade de inserir-se na
sociedade que modifica-se com o passar do tempo e pela necessidade de terminar seus estudos
e assim conseguir um bom emprego o qual possibilite o seu sustento. Então, por estarem
retornando os estudos depois de algum tempo deparam-se com situações, algumas vezes
desagradáveis, pois algumas pessoas desvalorizam esta educação, quando ela deveria ser de
boa qualidade, pois todos possuem o direito de estudar e de ter uma boa educação.
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Como já foi visto a EJA se organiza em defesa daqueles que tiveram seus direitos à
escolarização retirados no período regular de suas vidas; devido as exigências do mercado de
trabalho muitos retornam a escola, pois atualmente o grau de escolaridade exigido para que
possa-se conseguir um emprego tornou-se bem mais avançado.
A medida em que o mercado de trabalho requer profissionais polivalentes, capazes de
executarem diversas tarefas com competência e habilidades, a pressão sobre os trabalhadores
mal preparados aumenta. Dessa forma, a aprendizagem ao longo da vida, que possibilite as
pessoas selecionar informações é essencial. Além disso as pessoas também precisam se
conscientizar de que elas são capazes de engrandecer seus saberes, e que aperfeiçoar seus
conhecimentos é fundamental a vida, para o seu bem estar e não apenas para o mercado de
trabalho.
Através de uma observação a escola X, que tem educação de jovens e adultos no
período noturno, pode-se observar que a estrutura da sala de aula era desestimulante pelo fato
da mesma não ser acomodável e de boa estrutura física. Tendo em vista que uma boa estrutura
escolar contribui para um melhor desenvolvimento da aprendizagem do aluno, nota-se que
esta escola era desprovida de uma boa estrutura.
Em primeiro lugar a sala era desconfortável, pois o espaço era pequeno e sem
ventilação, não permitindo ao aluno uma exploração do seu próprio ambiente de estudo e até
mesmo a professora de se locomover aos seus alunos.
Quanto à estrutura pedagógica do ambiente interno, esta não possuía materiais que
chamassem a atenção dos educandos, como cartazes confeccionados pelos mesmos, alfabetos
expostos, atividades realizadas por esses sujeitos, assim como todos os trabalhos produzidos
pelos alunos da sala.
É necessário que se prepare o ambiente de trabalho de forma a deixá-lo apto e
agradável ao ensino, pois uma sala de aula que não chama a atenção e nem expõe nada de
interessante torna o ambiente monótono. Já uma sala com cartazes e outros trabalhos, pode até
ajudar na leitura dos alunos, pois os alunos que chegam antes de iniciar as aulas vão ficar
olhando o que tem ao seu redor e tentar interpretar, mesmo que seja uma leitura visual ele
estará treinando sua aprendizagem. Mas, vale ressaltar que os trabalhos expostos não devem
ser infantilizados e sim de acordo com a realidade e o meio social em que vive cada aluno,
considerando sempre seus saberes, sua cultura e suas individualidades, incluindo a sua
diversidade cultural.
Ainda nesta escola pode-se perceber que, realmente, em alguns casos, as aulas não são
motivadoras, pois, os educadores desta área infantilizam esta educação e tratam os alunos
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como crianças; além das aulas, nota-se que a direção escolar da instituição de EJA, os
materiais didáticos, o corpo docente, técnico e administrativo que atende a esses sujeito são os
mesmo que atendem a educação infantil, por isso adaptam a maneira de ensinar as crianças a
educação de jovens e adultos.
Exemplificando a questão da infantilização acima citada, tem-se o caso de uma
professora da alfabetização da EJA que de inicio parecia ser motivadora e quere fugir do
tradicional, mas no desenvolver da atividade da aula assistida observou-se que a professora
não motivava os alunos a aprimorar os seus conhecimentos. A aula iniciou-se com a
distribuição de uma atividade xerocopiada, na qual continha uma série de figuras. Cada aluno
possui alfabetos móveis que seriam utilizados nesta atividade, no entanto neste dia nem todos
estavam com eles em mãos. A professora pediu para que os alunos sentassem em dupla para a
realização da atividade que consistia em uma composição de palavras com as letras do
alfabeto móvel de acordo com a figura exposta na folha que receberam; a idéia de trabalhar
em dupla, segundo a professora, seria a de que um ajudaria o outro quando sentissem
dificuldade. No entanto percebeu-se que em algumas duplas, certos alunos apenas copiavam o
que o colega tinha feito; na Xerox encontrava-se um grande número de figuras, era uma folha
de oficio A4 completa de desenhos pra que os alunos escrevessem o nome de cada uma delas.
A aula iniciou-se as 19:30, iniciando-se também a atividade, porém só as 20:02 a
primeira dupla conseguiu terminar toda a atividade. Os alunos pareciam gostar do que
estavam fazendo, ou seja, desta atividade, mas devido a grande quantidade de figuras e ao fato
dos alunos terem dificuldades na escrita ela tornava-se muito extensa. Os alunos não
possuíam livros didáticos, por isso a professora tinha que procurar outros meios para ministrar
suas aulas, contudo percebe-se que mesmo não tendo livros a educadora e alguns alunos ainda
prendem-se a eles, pois ficam procurando atividades prontas em livros que possuem em casa.
Além disso notou-se o trabalho de vários conteúdos em uma mesma atividade, sendo estes
realizados em seqüência um após o término do outro. Durante a realização da atividade, viu-
se que os alunos sentiam muita dificuldade para identificar a figura e as confundiam com
outras coisas que não estavam expostas na folha, como uma figura que era o desenho de uma
cabeça e eles não sabiam se escreviam que era um homem, um bigode ou uma cabeça.
No entanto, nesta atividade, a professora aceitava como certa a resposta que cada um
colocava alegando que cada pessoa tinha o direito de achar o que queriam e dizia a seus
alunos “coloquem o que acharem que a figura é para vocês”. Pra formar as palavras, os alunos
a pronunciavam e a escreviam após montarem a mesma na banca com as letras do alfabeto
móvel. Os alunos escreviam como falavam e por isso trocavam algumas letras; a professora
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passava de banca em banca para olhar como estava caminhado a atividade; ao identificar um
erro ela induzia o aluno a pensar e a encontrá-lo sem dar a resposta pronta.
Alguns alunos ainda estavam aprendendo a escrever o seu nome e estavam sendo
alfabetizados, por isso sentiam dificuldades para escrever. Uma aluna que já estava mais
desenvolvida, disse que gostava daquela atividade porque nela eles também aprenderiam a
falar; dizendo: “isso é bom para agente aprender a falar, a gente fala errado e escreve errado”.
Já outro aluno não se intimidava pelo fato de sentir dificuldades em algumas coisa e falou: “ a
gente não sabe por isso a gente tem que perguntar”. Nestas falas percebe-se que os alunos
tinham vontade de aprender e de engrandecer seus conhecimentos; mesmo tendo que trabalhar
durante o dia, iam para a escola com o desejo de aprimorar seus saberes e demonstravam ter
interesse e força de vontade para dar continuidade aos estudos. Um aluno com intuito de
concluir seus estudos disse: “estou estudando aqui para um dia conseguir entrar na
Universidade Federal de Alagoas (UFAL)”. Nesta fala notou-se que este aluno aspira crescer
e busca sempre novos caminhos não desistindo de estudar.
Após todos os alunos terem terminado a atividade, a professora, colocou no quadro
todas as palavras corretas e pediu para que os alunos conferissem com as que tinham escrito
para verificar qual eles tinham acertado. As palavras encontravam-se escritas desordenadas
quanto a seqüência das letras do alfabeto; pois a professora também estava trabalhando ordem
alfabética. Oralmente, junto com os alunos, a professora grifou as palavras na lousa em ordem
alfabética, trabalhando ainda com as mesmas a separação silábica de cada uma delas. E assim
conclui-se a aula.
Os professores necessitam rever suas maneiras de ministrar as aulas para que assim
torne-as atrativas e dinâmicas sem que fujam da realidade de cada aluno. A EJA precisa de
mudanças e todos os envolvidos nesta educação deve ir em busca da transformação da
educação para um melhor ensino; que faça com que os alunos sintam disposição e vontade de
engrandecer seus conhecimentos sem que sejam tratados como crianças.
No entanto, percebe-se que muitos educadores desejam mudar suas práticas
pedagógicas, mas não sabem como pelo fato de só ouvirem falar sobre mudança na educação,
transformação na educação e não se deparam com práticas que de fato demonstrem como se
pode ensinar de forma a melhorar a Educação de Jovens e Adultos. Enfim encontra-se muita
teoria a respeito da Educação de Jovens e Adultos, de como ela deve ocorrer, e até mesmo
algumas críticas aos professores desta modalidade; mas não se vê estas teorias na prática.
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3 JUSTIFICATIVA

A curiosidade sobre o tema/problema surgiu devido ao interesse em analisar os saberes


dos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), os quais vivem em um mundo onde as
desigualdades crescem cada vez mais. Impressionadas com a forma como as aulas nesta
educação são ministradas, resolveu-se estudar sobre os conhecimentos, as experiências e as
expectativas que estes sujeitos educandos da EJA trazem quando retornam a escola, e assim
ficar ciente sobre o que eles desejam ao continuar seus estudos. Contudo, pretende-se analisar
até que pontos os conhecimentos prévios que os alunos da EJA trazem, referentes à sua
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experiência e seu tempo de vida, são considerados no processo de ensino e aprendizagem,


principalmente pelos professores que ministram esta modalidade.
Através de leituras feitas e observações a salas de aula da educação de Jovens e
Adultos percebe-se que muitos professores desconsideram que os sujeitos desta educação
possuem saberes que foram adquiridos ao longo de sua vida, como experiências profissionais
e outras vivências por eles passadas, além deste ser carregar uma cultura muito rica composta
de vários conhecimentos. Por isso, nota-se que a falta de conhecimento do professor em
relação à cultura dos alunos, faz com que eles fiquem desmotivados criando assim uma baixa
estima. Os educadores precisam entender que os saberes dos sujeitos da EJA devem ser
sistematizados, e que eles devem partir destes para poder implantar novos conteúdos.
Com isso, sente-se a necessidade de aprofundar-se na temática sobre os saberes dos
alunos da EJA buscando observar se os mesmos que ingressam nesta educação são dotados de
conhecimentos, analisando-os e identificado-os; pois sabe-se que os alunos desta modalidade
possuem conhecimentos culturais que partem do seu meio social. Portanto percebe-se que este
estudo é de extrema importância, pois ele irá tentar identificar essa cultura do aluno da EJA
que inclui seus saberes através de um analise a estes; ajudando aos educadores a tomarem
conhecimento a respeito dos saberes trazidos pelos jovens e adultos que comportam suas
experiências. Assim, este projeto estará contribuindo para uma melhoria na educação já citada
anteriormente ao buscar fazer com que a professora leve em consideração os conhecimentos
prévios dos alunos da EJA, pois com isso ela estará contribuindo para que suas aulas não
sejam tão monótonas e repetitivas. Porque alguns estudos realizados a sala de aula de
alfabetização da EJA mostraram que trabalhar com a realidade do aluno fará com que ele não
se disperse nas aulas e assim possam estar de “corpo e mente” presentes e interagidos nos
conteúdos; com isso pode ser também que diminua a taxa de desistência dos educandos desta
educação porque a aula está sendo do seu interesse.
O professor muitas vezes não permite que o aluno expresse o que sabe, ou os
conhecimentos já existentes, antes mesmo de entrar na escola. Contudo os alunos trazem
conhecimentos e constroem estratégias de vida e trabalho; cada um possui um conhecimento
diferenciado, afinal ninguém é dono do saber; e por isso tem-se que considerar as
individualidades de cada um sem causar discriminação ou preconceito. Mesmo que o adulto
não seja alfabetizado, ele é dotado da capacidade de pensar, logo ele consegue produzir e
expor suas idéias, afinal ele já a possui, vai apenas aprimorá-las. No entanto para que estes
alunos possam desenvolver os seus conhecimentos é necessário que eles encontrem meios
para que isso ocorra, o professor precisa ajudá-lo a engrandecer seus saberes. O educador
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precisa entender que o aluno da EJA é e sempre será um ser pensante que traz consigo uma
série de conteúdos, historias de vida incríveis que necessitam ser consideradas para o processo
de ensino.
Contudo, busca-se mostrar aos professores da educação de jovens e adultos que os
alunos desta modalidade possuem conhecimentos antecedentes, os quais devem ser dados
importância à medida que os professores forem ministrar suas aulas; devendo buscar o
aprofundamento dos conhecimentos já existentes partindo do meio social e da realidade de
cada um. Afinal os conhecimentos não possuem fim, pois eles estão em constante construção.
Estas informações citadas que estarão contidas neste trabalho será passada com base em
estudos teóricos e observações realizadas em uma escola X especificamente em salas de
alfabetização da EJA, onde irá socializar através deste projeto as experiências e os dados
adquiridos na observação. Este trabalho também poderá contribuir para um despertar no
educador em relação a curiosidade e o interesse nesta educação, para que assim possam
resgatar os conhecimentos culturais dos alunos e valorizá-las; ressaltando que deve-se
trabalhar de forma dinâmica e atrativa.

4 PRESSUPOSTOS

Os alunos da educação de jovens e adultos das salas de alfabetização do 1º segmento trazem


conhecimentos prévios que partem do seu próprio meio de vida e de mais experiências, mas
provavelmente os educadores desta área não consideram estes saberes no processo de
construção de conhecimento.

Alguns educadores apresentam uma visão de que os alunos da educação de jovens e adultos
são incapazes de entrar em uma universidade, porque estão velhos e por isso aprender a ler e a
escrever é o suficiente; com isso a maioria dos estudantes concordam tendo o pensamento de
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que arrumar um emprego no momento é o fundamental não podendo perder muito tempo
estudando.

Provavelmente os educadores da Educação de Jovens e Adultos da escola X não estão cientes


das diversas culturas que envolvem os educandos deixando-os a margem e infantilizando a
educação.

5 OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL

Investigar até que ponto os conhecimentos prévios que os alunos da Educação de Jovens e
Adultos possuem são levados em consideração no processo de aprendizagem na Escola
Professora Maria Lucia Lins de Freitas nas salas de alfabetização do 1º segmento observando
que experiência e expectativa estes alunos trazem quando buscam a escola.
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5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Analisar os saberes prévios dos educandos da educação de jovens e adultos;


• Levantar as experiências dos sujeitos da educação de jovens e adultos;
• Identificar as expectativas que os alunos da educação de jovens e adultos trazem
quando buscam a escola;
• Analisar até que ponto os educadores consideram os saberes prévios dos sujeitos da
EJA em seu processo educativo;
• Fazer uma breve analise da perspectiva histórica do conceito da EJA;
• Analisar a capacidade de aprendizagem dos alunos da EJA;
• Traçar o perfil dos alunos de EJA da escola X;
• Investigar as formas de ensinar utilizadas pelos educadores na educação de jovens e
adultos;
• Observar os motivos que levaram os alunos a buscar a educação de jovens e adultos;

6 METODOLOGIA

No intuito de analisar a questão a ser investigada encontrada neste projeto de pesquisa


ficou definido que esta pesquisa apresenta-se abordagens qualitativas e quantitativas. Segundo
Lakatos a pesquisa bibliográfica trata-se de levantamento de toda bibliografia já publicada
tendo como finalidade colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi
escrito sobre determinado assunto. A pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e
interpretação de livros, periódicos, textos legais, documentos mimeografados ou
xerocopiados, mapas, fotos, manuscritos etc. Isso porque a pesquisa bibliográfica tem por
objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema.
Ela dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa, uma vez que auxilia na definição
22

do problema, na determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação


da justificativa da escolha do tema e na elaboração do relatório final.

O estudo de caso é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se
analisa profundamente. Pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem
definida, como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa ou uma
unidade social. Visa conhecer o seu “como” e os seus “porquês”, evidenciando a sua unidade
e identidade próprias. É uma investigação que se assume como particularística, debruçando-se
sobre uma situação específica, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e
característico. Trata-se de um tipo de pesquisa que tem sempre um forte cunho descritivo. O
pesquisador não pretende intervir sobre a situação, mas dá-la a conhecer tal como ela lhe
surge. Para tanto, pode valer-se de uma grande variedade de instrumentos e estratégias. No
entanto, um estudo de caso não tem que ser meramente descritivo. Pode ter um profundo
alcance analítico, pode interrogar a situação. Pode confrontar a situação com outras já
conhecidas e com as teorias existentes. Pode ajudar a gerar novas teorias e novas questões
para futura investigação. Este projeto irá estudar o os conhecimentos prévios que os alunos da
EJA possuem.

A observação é uma das etapas do método científico. Consiste em perceber, ver e não
interpretar. A observação é relatada como foi visualizada, sem que, a princípio, as idéias
interpretativas dos observadores sejam tomadas.

Hipóteses só serão elaboradas sobre a questão investigada após uma descrição


minuciosa do ambiente e dos objetos de estudo. Uma das regras do método científico é a da
não interferência do observador no ambiente ou nos processos observados.

Questionário é uma técnica de investigação composta por um número mais ou menos


elevado de questões apresentadas por escrito a pessoas que tem por objetivo propiciar
determinado conhecimento ao pesquisador.

A entrevista é um encontro de duas pessoas, afim de que uma delas obtenha


informaçoes a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza
profissional. É um procedimento utilizado na investigaçao social, para coleta de dados ou para
ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social. Tem como objetivo principal a
obtenção de informações do entrevistado, sobre determinado assunto ou problema.
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Com estes métodos de procedimento citados anteriomente iremos analisar as seguinte


questão investigada: Até que ponto os conhecimentos prévios que os alunos da EJA possuem
são levados em consideração no processo de aprendizagem em uma escola pública, nas salas
de alfabetização de EJA do 1º segmento?

Para nortear os questionamentos tiveram-se como base as seguintes questões


destinadas aos alunos: Por que você voltou a estudar? E qual é o significado da escola para
você? . Após os resultados da pesquisas serão elaborados roteiros de questionários para os
sujeitos da pesquisa (alunos, professores e coordenadores), para que assim se possa obter o
resultado e conclusão da mesma.

Obs: a metodologia ainda precisa ser melhorada

7 CRONOGRAMA

TEMPO 2009 2010


MESES MESES
ETA
PA
M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
Pesquisa X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
bibliografica
Elaboração do X X X X
projeto

Observaçao X X X
Quationario X
aos alunos e a
professora
Questionario a X
coordenador(a)
Entrevista com X
alunos
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Entrevista com X
professores
Entrevista com X
coordenador(a)
Escrita do X X X X X X
trabalho
preeliminar
Escrita do X X
trabalho

8 CUSTOS

8.1 DESPESAS COM MATERIAL

MATERIAIS QUANTIDADE VALOR


Computador 01 R$ 1.500,00
Impressora 01 R$ 400,00
MP4 01 R$ 150,00
TOTAL 03 R$ 2.050,00

8.2 MATERIAIS DE CONSUMO

MATERIAIS QUANTIDADE VALOR


Papel ofício 12.000 R$ 288,00
Cartuchos para impressora 24 R$ 960,00
Canetas 12 R$ 6,00
Lápis 12 R$ 6,00
Borracha 10 R$ 5,00
Total 12.058 R$ 1.265,00

8.3 OUTRAS DESPESAS


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ITENS QUANTIDADE VALOR MENSAL VALOR TOTAL


TRANSPORTE 686 R$ 52,00 R$ 1.144,00
ALIMENTAÇÃO 686 R$ 200,00 R$ 4.400,00
TOTAL 1372 R$ 252,00 R$ 5.544,00

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 6 ed. São Paulo: Brasiliense, 1982.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é método Paulo Freire. 17 ed. São Paulo: Brasiliense,
1991.

FRANCO, Nanci. Educação e diversidade étnico-cultural: concepções elaboradas por


estudantes no âmbito da Escola Municipal Helena Magalhães. Maceió, 2008 (Tese).

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Tradução de Moacir Gadotti e Lilian Lopes Martin..
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 4 ed. Rio de Janeiro. Jorge
Zahar Editor. 1989.

LUDKE, Menga; André, Marli. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo:
E.P.U. 1986

Seminário Internacional de Educação Básica para Jovens e Adultos. Reflexões Teóricas e


metodológicas sobre a Educação de Jovens e Adultos. Rio de Janeiro. Ministério de Educação
e Cultura ( MEC), Fundação Educar, Organização dos Estados Americanos (OEA), Instituto
Interamericano de cooperação para a agricultura (IICA), 1985.
26

BIBLIOGRÁFICA, Pesquisa. Disponível <http: //www.mariaalicehof5.vilabol.uol.com.br>


acesso em: 21 jun. 2009.

BIBLIOGRÁFICA, Pesquisa. Disponível em: <http: //www pt.wikipedia.org/wiki> Acesso


em: 21 jun. 2009.

BIBLIOGRÁFICA, Pesquisa. Disponível <http: //www pt.wikipedia.org/wiki/Questionário>


Acesso em: 21 de junho. 2009

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