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OAB 140º - 1ª Fase – Extensivo Semanal

Disciplina: Processo Penal


Professor Flavio Martins
Data: 17/11/2009

TEMAS ABORDADOS EM AULA

5ª Aula: Provas, Provas em Espécie, Prova Pericial, Interrogatório, Confissão e Declaração do


Ofendido.

1. Provas em Espécies

1.1 Prova Pericial

Trata-se de uma prova técnica. Para esta prova é obrigatório um perito oficial, caso não haja
peritos oficiais, o juiz nomeará duas pessoas idôneas com curso superior e habilitação para o
exame.

*A prova pericial não vincula o juiz, ou seja, o juiz pode discordar com os peritos.
* As partes podem indicar assistentes técnicos, que só participarão depois de realizada a
perícias.
• Corpo de delito são vestígios deixados pelo crime.
• Se o crime deixar vestígios será obrigatório o exame de corpo de delito e nenhuma prova
poderá suprir sua ausência, nem mesmo a confissão – artigo 158, CPP.

Existem dois tipos de exame de corpo de delito:

1. Exame de corpo de delito (ECD) direto: recai sobre o próprio objeto; (é aquele feito
diretamente nos vestígios),

2. Exame de corpo de delito (ECD) indireto: quando os vestígios desaparecerem – art. 167 CPP;

*Para o STF há o ECD indireto pelos peritos e prova testemunhal.

Atenção: na Lei de Abuso de Autoridade é possível comprovar a materialidade do delito, com


duas testemunhas, dispensando o ECD – Lei 4898 – art. 14.

Necessidade do ECD / perícia para o oferecimento da denúncia ou queixa.

Regra: não há necessidade de ECD / perícia para oferecer denúncia.

Exceção: nos Crimes Contra a Propriedade Imaterial da ação privada é obrigatório o ECD
constatando a falsidade para o recebimento.

2.2 Características
* A Prova Pericial tem que ter os seguintes características:

a) Obrigatoriedade (artigos 148 e 167 do CPP);

b) Peritos (art.159 do CPP);

c) Prazo mínimo para autópsia (art.162 do CPP – mínimo 6 horas);


d) Assistente técnico (art. 159, § 4º do CPP);

Perícia oficial – parte indica assistente técnico que poderá; apresentar o laudo ou pode ser
ouvido.

• É possível a existência do assistente técnico por todas as partes.

• Só atua APÓS a realização da perícia (10 dias) oficial.

• Deve ser admitido pelo juiz.

• Após a admissão:

 Apresenta parecer em prazo fixado pelo juiz, ou presta depoimento.

ATENÇÃO: o perito pode depor porem devem ser observados dois requisitos:

1. no mandado de intimação devem constar os esclarecimentos requeridos;

2. esse mandado deve ser encaminhado com 10 dias de antecedência para o perito.

Art. 159, parágrafo 5º, I, CPP

 Pode apresentar esclarecimentos por escrito, em laudo complementar (ao invés de


depor).

e) Momento para apresentação dos quesitos (art. 176 do CPP);

f) Perícia por Precatório.

3. Interrogatório

É um meio de prova e um meio de defesa. O interrogado não pode permanecer em silencio no interrogatório
de informações pessoais.

* Natureza Jurídica: Antes da Reforma = Meio de prova e meio de defesa

* O interrogatório é dividido em duas partes (art. 187 do CPP): sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos.

* O interrogatório é obrigatório (art.185 do CPP);

* Renovação do interrogatório (art.196 do CPP): toda vez em que o juiz achar necessário, poderá haver novo
interrogatório, ou se houver pedido fundamentado das partes.

Obs.: os surdos, mudos, cegos precisam de pessoas especializadas, junto com eles em seus interrogatórios.

3.1 Procedimento

a) Direito de entrevista com o advogado;

b) Qualificação do acusado;

c) Interrogatório da pessoa do acusado;


d) Esclarecimento das partes na presença do Juiz.

* O interrogatório é obrigatório.

3.1 Seqüência dos Atos da Audiência


Art. 400 do CPP:
• Ofendido
• Testemunha de acusação e defesa
• Assistente técnico e perito
• Acareação
• Reconhecimento
• Interrogatório
• O juiz delibera sobre provas
• Debates
• Sentença

3.2 Interrogatório em Audiência


Art. 217 do CPP
Interrogatório por vídeo conferência (STF entende ser inconstitucional).

a) Réu solto: fórum ou por precatória

b) Réu preso:

1º Estabelecimento onde estiver preso – art. 185, parágrafo 1º, CPP


 Sala própria.
 Garantir a segurança de todo mundo.
 Garantir a publicidade do ato.

2º no fórum e o preso deve ser requisitado para audiência

3º interrogatório por videoconferência: réu PRESO

Hipóteses do interrogatório por videoconferência: Art. 185, parágrafo 2º, CPP

I- prevenir risco à segurança pública

 preso integra organização criminosa


ou
 possa fugir

II- o réu possui circunstância pessoal em que é melhor ficar no presídio; ex.: réu amputado das 2 pernas.
III- o réu puder influenciar no ânimo da testemunha, ressalvado o art. 217 CPP
IV- responder a gravíssima questão de ordem pública.

3.3 Procedimento da videoconferência:

Prazo: a decisão deve ocorrer com 10 dias de antecedência (art. 185, parágrafo 3º, CPP), em relação à
audiência; antes do interrogatório entrevista reservada com defensor – art. 185, parágrafo 4º, CPP
d) Retirada do réu em sala de audiência – art. 217 CPP

 Quando a presença do réu causa constrangimento, temor, ou humilhação, no ofendido ou nas


testemunhas.

Obs.: 1º sai a testemunha para depor por videoconferência


2º sai o acusado.

3.4 Procedimento do Interrogatório - Artigos 186 e 187 CPP

É o ato através do qual o agente aceita no todo ou em parte os fatos que lhe são imputados.
A confissão não é a rainha das provas possuindo o mesmo valor dos demais elementos probatórios.

Será constituído de duas partes: informações sobre a pessoa do acusado e a segunda parte questionamento
sobre a acusação que lhe é imputada.

1. Qualificação (não pode mentir);


2. Interrogatório sobre a pessoa do acusado;
3. Interrogatório sobre os fatos;
4. Esclarecimentos das partes.

Atenção:

1. O esclarecimento é requerido por meio do juiz; a parte não pergunta diretamente ao acusado – regra.

2. No plenário do Júri, as partes perguntam diretamente ao acusado – exceção.

3. O jurado pode fazer perguntas, e as faz por meio do Magistrado e não diretamente.

4. Confissão
Art. 197 do CPP
a) Simples: pura admissão do fato

b) Qualificadora: admite fato mais opõe a outro. Ex.: matar em legítima defesa.

4.1 Caracteres da Confissão


1) Retratável;
2) Divisível

* A Declarações do ofendido: é obrigatória a oitiva do ofendido, se possível  ausência na audiência =


condução coercitiva.

5. Declaração do Ofendido
Não comete falso testemunho
Não integra o rol máximo testemunha

* Novidade reforma: artigo 201 do CPP


a) Intimação do ofendido acerca prisão; liberdade do acusado;

b) Proteção intimidade - § 6º
c) Encaminhamento para tratamento - § 5º

5.1 Delação Premiada:

 Chamada de co-réu (admito culpa e atribuo a outrem também)


Atenção: está prevista em várias leis

 Lei de Crime Organizado


 Lei de Crimes Hediondos
 Código Penal
 Lei de Proteção à Testemunha – regra – art. 13 perdão judicial art. 14 causa de diminuição de pena.

* O advogado do co-réu deve ser intimado para o interrogatório do outro acusado e poderá fazer reperguntas
a ele (independente da ocorrência da delação).

6. Prova Testemunhal
Todos têm o dever de depor
* terceiro alheio do crime
* tem o dever de dizer a verdade
* sob pena de incidir no crime de falso testemunho
* presta depoimento

6.1 Número de Testemunhas


a) Procedimento Ordinário: 8;

b) Procedimento Sumário: 5

6.2 Modalidades:
a) Dispensada: art. 206, CPP - se forem às únicas tem que depor, não prestam compromissos.

b) Proibida: art. 207, CPP - salvo, se a parte autorizar e se quiserem. O advogado não pode prestar
depoimento, nem mesmo se houver autorização da parte, salvo em autodefesa.

6.3 Capacidade e deveres


Capacidade: artigo 220, CP prevê que qualquer pessoa pode ser testemunha.
Deveres: a testemunha tem o dever de comparecer perante a autoridade policial ou judicial.
* A testemunha tem a obrigação legal de depor.
* A testemunha tem o dever de dizer a verdade.

6.4 Exceção de Deveres:

1. O não comparecimento injustificado de acordo com o artigo 218, CPP prevê a hipótese de condução
coercitiva também conhecida pela condução debaixo da vara.
2. O não comparecimento incidirá também em crime de desobediência conforme estabelece o artigo 330,
CPP.
3. De acordo com o artigo 342, CPP se a testemunha se recusar a depor cometerá crime de falso
testemunho.
4. As testemunhas dispensadas de depor são aquelas que a lei prevê, são elas: os parentes do acusado.
Neste caso o depoimento é facultativo, em caso de recusa esta não cometerá crime de falso
testemunho.
5. O artigo 203, CPP prevê o crime de falso testemunho, ou seja, se a testemunha não disser a verdade
cometerá o crime de falso testemunho. Salvo se for doente mental, CADI, menores de 14 anos.
6. As testemunhas proibidas são aquelas que mesmo que queiram depor não podem, em razão de
cargo, profissão, ofício e ministério. Artigo 207, CPP e 154 CP. Salvo se forem liberadas, contudo esta
liberação é facultativa.

6.5 Inquirição das testemunhas – artigo 212, CPP:


As partes começam inquirindo

→ perguntas são feitas diretamente a testemunha


→ o juiz se quiser pode completar a pergunta depois que as partes perguntarem (artigo 212, § U)
→ arrola 1ª as testemunhas (não importa se defesa ou acusação) – Exame direto
→ depois a parte.

*Atualmente o sistema é direto.

Este sistema se restringe ao plenário do júri. Onde o juiz começa inquirindo e as partes completam. As partes
poderão perguntar aos jurados desde que intermediadas pelo juiz.

Atenção: segundo o art. 212, parágrafo único, CPP, o juiz seria o último a perguntar, mas é controverso, no
entanto, no Plenário do Júri, está expressamente previsto que o juiz é o primeiro a perguntar.

7. Acareação
Toda testemunha poderá ser acareada - Art. 229 do CPP.

Significa colocar cara a cara as pessoas quando há divergência entre as versões. Podem ser estas pessoas,
testemunhas, ofendido, ou acusado.

Caberá acareação durante o IP e durante a ação penal.

7.1 Procedimento
Art. 230 do CPP
Cabe acareação por precatória

8. Reconhecimento de Pessoas e Coisas


Art. 226, do CPP
I- tem que haver uma descrição da pessoa ou objeto que vai reconhecer;
II – colocar lado a lado pessoas que se pareçam, se possível;
III – será lavrado o auto de reconhecimento contendo a descrição e ao final assinado pela autoridade, pelo
reconhecedor e por duas testemunhas.

Estas testemunhas irão verificar a validade do ato, sob pena de não cumprida a nulidade do ato.

9. Busca e Apreensão
Tem natureza cautelar

9.1 Modalidades
a) Pessoal: não precisa de mandado (Art. 244, CPP);

b) Domiciliar: precisa de mandado

* Exceções:
a) Flagrante;
b) Prestação de socorro;
c) Consentimento do morador
d) Carro: não precisa de mandado, salvo, trailer

10. Interceptação Telefônica - LEI 9296/96

a) A gravação clandestina pode ser usada como prova.


b) Interceptação telefônica: cabimento – art. 2º da Lei 9296/96

Não será admitida a interceptação telefônica quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:

* Não houver indícios razoáveis de autoria ou participação;


* A prova puder ser feita por outro meio;
* Se o crime for punido com detenção.

c) Prazo da interceptação: art. 5º da Lei

* * O Prazo é de 15 dias, prorrogável por mais 15 dias. Pode prorrogar quantas vezes precisar, enquanto
presentes os motivos. O STJ fixou no mês 08 de 08 que só se prorrogou o prazo uma única vez.

Atenção: pode haver renovação por tantas vezes quantas forem necessárias, desde que comprovada a
indispensabilidade do meio de prova.

d) só pode a interceptação telefônica para investigação criminal.


 é possível usar a prova da investigação criminal em Processo Administrativo ou em Ação Civil Pública
por Improbidade Administrativa (SFF, STJ, Ada, Scarance, Magalhães).

11. Indícios

Indício é um raciocínio; indício é um “meio de prova indireta”

12. Gravação Ambiental em Vídeo

Está prevista na Lei de Crime Organizado (9034).


Precisa de autorização judicial.

13. Prova Documental

Podem ser juntados documentos a qualquer tempo;

Exceção: Plenário do Júri – até 3 dias úteis – art. 479 CPP.

QUESTÕES SOBRE OS TEMAS

1. (OAB/CESPE – 2007.3. SP) Relativamente ao interrogatório, assinale a opção correta.


a) O interrogatório constitui meio de defesa e as declarações oportunamente prestadas pelo acusado podem
servir de fonte de prova.
b) Trata-se, exclusivamente, de meio de prova.
c) A defesa técnica não pode se manifestar na realização do interrogatório.
d) Somente a autodefesa é exercida quando se presta declarações em interrogatório.

2. (OAB/CESPE – 2007.3. PR) Relativamente ao instituto da prova criminal, assinale a opção correta.
a) É permitida a juntada de documentos no plenário do tribunal do júri, desde que trate de prova relativa ao
fato imputado e esclareça a verdade real.
b) A existência de prova da materialidade e de indícios de autoria são suficientes para o recebimento da
denúncia, para a determinação de interceptação telefônica e para a inclusão do réu no rol dos culpados.
c) As provas periciais, ainda que produzidas durante o inquérito policial, têm valor probatório, visto que se
submetem ao contraditório diferido.
d) A confissão feita durante o interrogatório judicial pode suprir a ausência do laudo de exame cadavérico.
Gabarito: 1. A; 2. C.

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