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Fig.

Fig. 2
A leucemia é
uma doença
maligna dos
glóbulos
brancos
(leucócitos) de
origem, na
maioria das
vezes, não
conhecida. Ela
tem como
principal
característica o
acúmulo de
células jovens
(blásticas)
anormais (Fig.
1) na medula
óssea, que
substituem as
células
sangüineas
normais. A
medula é o
local de
formação das
células Fig. 3

sangüíneas,
ocupa a
cavidade dos
ossos (Fig. 2)
(principalmente
esterno e bacia)
(Fig. 3) e é
conhecida
popularmente
por tutano. Nela
são
encontradas as
células mães ou
precursoras,
que originam os
elementos
figurados do
sangue:
glóbulos
brancos,
glóbulos
vermelhos
(hemácias ou
eritrócitos) e
plaquetas (Fig.
4).

Os principais
sintomas da
leucemia
decorrem do
acúmulo dessas
células na
medula óssea,
prejudicando ou
impedindo a
produção dos
glóbulos
vermelhos
(causando
anemia), dos
glóbulos
brancos
(causando
infecções) e das
plaquetas
(causando
hemorragias).D
epois de
instalada, a
doença progride
rapidamente,
exigindo com
isso que o
tratamento seja
iniciado logo
após o
diagnóstico e a
classificação da
leucemia.

Segundo as
Estimativas de
Incidência de
Câncer no Brasil
para 2006,
publicadas pelo
INCA, as
leucemias
atingirão 5.330
homens e 4.220
mulheres este
ano.

O tipo de leucemia mais freqüente na criança é a leucemia linfóide aguda (ou


linfoblástica). A leucemia mielóide aguda é mais comum no adulto. Esta última
tem vários subtipos: mieloblástica (menos e mais diferenciada), promielocítica,
mielomonocítica, monocítica, eritrocítica e megacariocítica.

Fig. 4

Diagnóstico
As manifestações clínicas da leucemia aguda são secundárias à proliferação
excessiva de células imaturas (blásticas) da medula óssea, que infiltram os
tecidos do organismo, tais como: amígdalas, linfonodos (ínguas), pele, baço,
rins, sistema nervoso central (SNC) e outros. A fadiga, palpitação e anemia
aparecem pela redução da produção dos eritrócitos pela medula óssea.
Infecções que podem levar ao óbito são causadas pela redução dos leucócitos
normais (responsáveis pela defesa do organismo).
Verifica-se tendência a sangramentos pela
diminuição na produção de plaquetas
(trombocitopenia). Outras manifestações clínicas
são dores nos ossos e nas articulações. Elas são
causadas pela infiltração das células leucêmicas
nos ossos. Dores de cabeça, náuseas, vômitos,
visão dupla e desorientação são causados pelo
comprometimento do SNC.

Fig. 5
A suspeita do diagnóstico é reforçada pelo exame
físico. O paciente pode apresentar palidez, febre,
aumento do baço (esplenomegalia) e sinais
decorrentes da trombocitopenia, tais como
epistaxe (sangramento nasal), hemorragias
conjuntivais, sangramentos gengivais, petéquias
(pontos violáceos na pele) (Fig. 5) e equimoses
(manchas roxas na pele) (Fig. 6). Na análise
laboratorial, o hemograma estará alterado,
porém, o diagnóstico é confirmado no exame da
medula óssea (mielograma).
Fig. 6

Tratamento
Como geralmente não se conhece a causa da leucemia, o tratamento tem o
objetivo de destruir as células leucêmicas, para que a medula óssea volte a
produzir células normais. O grande progresso para obter cura total da leucemia
foi conseguido com a associação de medicamentos (poliquimoterapia), controle
das complicações infecciosas e hemorrágicas e prevenção ou combate da
doença no sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). Para alguns
casos, é indicado o transplante de medula óssea. O tratamento é feito em
várias fases. A primeira tem a finalidade de atingir a remissão completa, ou
seja, um estado de aparente normalidade que se obtém após a
poliquimioterapia. Esse resultado é conseguido entre um e dois meses após o
início do tratamento (fase de indução de remissão), quando os exames não
mais evidenciam células leucêmicas. Isso ocorre quando os exames de sangue e
da medula óssea (remissão morfológica) e o exame físico (remissão clínica) não
demonstram mais anormalidades.

Entretanto, as pesquisas comprovam que ainda restam no organismo muitas


células leucêmicas (doença residual), o que obriga a continuação do tratamento
para não haver recaída da doença. Nas etapas seguintes, o tratamento varia de
acordo com o tipo de leucemia (linfóide ou mielóide), podendo durar mais de
dois anos nas linfóides e menos de um ano nas mielóides. São três fases:
consolidação (tratamento intensivo com substâncias não empregadas
anteriormente); reindução (repetição dos medicamentos usados na fase de
indução da remissão) e manutenção (o tratamento é mais brando e contínuo
por vários meses). Por ser uma poliquimioterapia agressiva, pode ser
necessária a internação do paciente nos casos de infecção decorrente da queda
dos glóbulos brancos normais pelo próprio tratamento.

Principais Procedimentos Médicos no Tratamento da Leucemia


1. Mielograma: É um exame de grande importância para o diagnóstico (análise
das células) e para a avaliação da resposta ao tratamento, indicando se,
morfologicamente, essas células leucêmicas foram erradicadas da medula óssea
(remissão completa medular). Esse exame é feito sob anestesia local e consiste
na aspiração da medula óssea seguida da confecção de esfregaços em lâminas
de vidro, para exame ao microscópio. Os locais preferidos para a aspiração são
a parte posterior do osso ilíaco (bacia) e o esterno (parte superior do peito).
Durante o tratamento são feitos vários mielogramas.

2 - Punção lombar: A medula espinhal é parte do sistema nervoso, que tem a


forma de cordão, e por isso é chamada de cordão espinhal. A medula é forrada
pelas meninges (três membranas). Entre as meninges circula um líquido claro
denominado líquor. A punção lombar consiste na aspiração do líquor para
exame citológico e também para injeção de quimioterapia com a finalidade de
impedir o aparecimento (profilaxia) de células leucêmicas no SNC ou para
destruí-las quando existir doença (meningite leucêmica) nesse local. É feita na
maioria das vezes com anestesia local e poucas vezes com anestesia geral.
Nesse último caso, é indicado em crianças que não cooperam com o exame.

3 - Cateter Venoso Central: Como o tratamento da leucemia aguda pode


alcançar até três anos de duração e requer repetidas transfusões e internações,
recomenda-se a implantação de um cateter de longa permanência em uma veia
profunda, para facilitar a aplicação de medicamentos e derivados sangüíneos
além das freqüentes coletas de sangue para exames, evitando com isso
punções venosas repetidas e dolorosas.

4 - Transfusões: Durante o tratamento, principalmente na fase inicial, os


pacientes recebem, quase diariamente, transfusões de hemáceas e de
plaquetas, enquanto a medula óssea não recuperar a hemopoese (produção e
maturação das células do sangue) normal.
[Saiba como ser um doador-folheto.pdf] [Volta]

Passo a passo para se tornar um doador

¿ Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos com boa saúde poderá doar medula
óssea. Esta é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções, e se
recompõe em apenas 15 dias.

¿ Os doadores preenchem um formulário com dados pessoais e é coletada uma


amostra de sangue com 5ml para testes. Estes testes determinam as
características genéticas que são necessárias para a compatibilidade entre o
doador e o paciente.

¿ Os dados pessoais e os resultados dos testes são armazenados em um


sistema informatizado que realiza o cruzamento com dados dos pacientes que
estão necessitando de um transplante.

¿ Em caso de compatibilidade com um paciente, o doador é então chamado


para exames complementares e para realizar a doação.

¿ Tudo seria muito simples e fácil, se não fosse o problema da compatibilidade


entre as células do doador e do receptor. A chance de encontrar uma medula
compatível é, em média, de UMA EM CEM MIL!

¿ Por isso, são organizados Registros de Doadores Voluntários de Medula


Óssea, cuja função é cadastrar pessoas dispostas a doar. Quando um paciente
necessita de transplante e não possui um doador na família, esse cadastro é
consultado. Se for encontrado um doador compatível, ele será convidado a
fazer a doação.

¿ Para o doador, a doação será apenas um incômodo passageiro. Para o doente,


será a diferença entre a vida e a morte.

¿ A doação de medula óssea é um gesto de solidariedade e de amor ao


próximo.

¿ É muito importante que sejam mantidos atualizados os dados cadastrais para


facilitar e agilizar a chamada do doador no momento exato. Para atualizar o
cadastro, basta preencher este formulário.

Caso você decida doar

1. Você precisa ter entre 18 e 55 anos de idade e estar em bom estado geral de
saúde (não ter doença infecciosa ou incapacitante).

2. Onde e quando doar


É possível se cadastrar como doador voluntário de medula óssea nos
Hemocentros nos estados. No Rio de Janeiro, além do Hemorio, o INCA
também faz a coleta de sangue e o cadastramento de doadores
voluntários de medula óssea de segunda a sexta-feira, de 7h30 às
14h30, e aos sábados, de 8h às 12h. Não é necessário agendamento. Para
mais informações, ligue para (21) 2506-6064.

3. Como é feita a doação


Será retirada por sua veia uma pequena quantidade de sangue (5ml) e
preenchida uma ficha com informações pessoais.

Seu sangue será tipificado por exame de histocompatibilidade (HLA), que é um


teste de laboratório para identificar suas características genéticas que podem
influenciar no transplante. Seu tipo de HLA será incluído no cadastro.

Seus dados serão cruzados com os dos pacientes que precisam de transplante
de medula óssea constantemente. Se você for compatível com algum paciente,
outros exames de sangue serão necessários.

Se a compatibilidade for confirmada, você será consultado para confirmar que


deseja realizar a doação. Seu atual estado de saúde será avaliado.

A doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia


peridural ou geral, e requer internação por um mínimo de 24 horas. Nos
primeiros três dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a
moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas
simples. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais
depois da primeira semana.

Importante
Um doador de medula óssea deve manter seu cadastro sempre
atualizado. Caso haja alguma mudança, preencha este formulário.
O Transplante de Medula Óssea é a única esperança de cura para
muitos portadores de leucemias e outras doenças do sangue.
O que é medula óssea?
A medula óssea, encontrada no interior dos ossos, produz os componentes do
sangue, incluindo as células brancas, agentes mais importantes do sistema de
defesa do nosso organismo.

Quem necessita de transplante de medula óssea?


Pacientes com produção anormal de células sangüíneas, geralmente causada por
algum tipo de câncer no sangue, como, por exemplo, leucemias. Além de
portadores de aplasia de medula ou pacientes cuja medula tenha sido destruída por
irradiação, etc.

Quais as chances de se encontrar um doador compatível?


Estima-se que seja por volta de 35% entre doadores parentes e de 0,1% entre
pessoas não aparentadas. A compatibilidade é medida pela semelhança de
antígenos entre doador e receptor.

O que acontece se não há um doador compatível entre os familiares do


paciente?
Procura-se um doador compatível num Banco de Medula Óssea. O Banco necessita
de um número elevado de voluntários para aumentar a possibilidade de encontrar
um doador compatível.

Se um doador compatível é encontrado, o que acontece?


O próximo passo é ter certeza de que ele quer fazer a doação.

O que acontece com o doador antes da doação?


Ele passa por um exame clínico para certificar seu bom estado de saúde. Não há
nenhuma exigência quanto a mudanças de hábitos de vida, de trabalho ou de
alimentação.

Como a medula é removida?


Os doadores passam por uma pequena cirurgia de
aproximadamente 90 minutos. São feitas de 4 a 8 punções
na região pélvica posterior para aspirar a medula.

Qual a quantidade de medula óssea extraída?


Menos de 10%. Dentro de poucas semanas a medula doada
será recomposta pelo doador.
Quais são os riscos para os doadores?
Os riscos são praticamente inexistentes. Até hoje não há relato de nenhum
acidente grave devido a este procedimento. Os doadores costumam relatar um
pouco de dor no local da punção.

Como os pacientes recebem a medula óssea?


Depois de um tratamento que destrói a própria medula, o paciente recebe a nova
medula por meio de transfusão. Em duas semanas, a medula transplantada já
estará produzindo células novas.

A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos (leucócitos), geralmente, de


origem desconhecida. Tem como principal característica o acúmulo de células jovens
anormais na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais. A medula é o
local de formação das células sanguíneas e ocupa a cavidade dos ossos, sendo
popularmente conhecida por tutano. Nela são encontradas as células que dão origem aos
glóbulos brancos, aos glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) e às plaquetas.

Estimativas de novos casos: 9.580, sendo 5.240 homens e 4.340 mulheres (2010)

Número de mortes: 5.686, sendo 3.028 homens e 2.658 mulheres (2008)

LEUCEMIA

Subtipos
As leucemias podem ser agrupadas com base em quão rapidamente a doença evolui e
torna-se grave. Sob esse aspecto, a doença pode ser do tipo crônica (que geralmente
agrava-se lentamente) ou aguda (que geralmente agrava-se rapidamente):

· Crônica: No início da doença, as células leucêmicas ainda conseguem fazer algum trabalho
dos glóbulos brancos normais. Médicos geralmente descobrem a doença durante exame de
sangue de rotina. Lentamente, a leucemia crônica se agrava. À medida que o número de
células leucêmicas aumenta, aparecem inchaço nos linfonodos (ínguas) ou infecções. Quando
surgem, os sintomas são brandos, agravando-se gradualmente.
· Aguda: As células leucêmicas não podem fazer nenhum trabalho das células sanguíneas
normais. O número de células leucêmicas cresce rapidamente e a doença agrava-se num curto
intervalo de tempo.

As leucemias também podem ser agrupadas baseando-se nos tipos de glóbulos brancos que
elas afetam: linfoides ou mieloides. As que afetam as células linfoides são chamadas de
linfoide, linfocítica ou linfoblástica. A leucemia que afeta as células mieloides são chamadas
mieloide ou mieloblástica.

Combinando as duas classificações, existem quatro tipos mais comuns de leucemia:

· Leucemia linfoide crônica: afeta células linfoides e se desenvolve vagarosamente. A maioria


das pessoas diagnosticadas com esse tipo da doença tem mais de 55 anos. Raramente afeta
crianças.
· Leucemia mieloide crônica: afeta células mieloides e se desenvolve vagarosamente, a
princípio. Acomete principalmente adultos.
· Leucemia linfoide aguda: afeta células linfoides e agrava-se rapidamente. É o tipo mais
comum em crianças pequenas, mas também ocorre em adultos.
· Leucemia mieloide aguda: afeta as células mieloides e avança rapidamente. Ocorre tanto em
adultos como em crianças.

Prevenção, Genética, outros Fatores de Risco


As causas da leucemia ainda não estão definidas, mas, suspeita-se da associação entre
determinados fatores com o risco aumentado de desenvolver alguns tipos específicos:

· Tabagismo: leucemia mieloide aguda


· Radiação (radioterapia, raios X): leucemia mieloide aguda e crônica e leucemia lifoide aguda
· Síndrome de Down e outras doenças hereditárias: leucemia aguda
· Benzeno (encontrado na fumaça do cigarro, gasolina e largamente usado na indústria
química): leucemia mieloide aguda e crônica, leucemia linfoide aguda
· Quimioterapia (algumas classes de drogas): leucemia mieloide aguda e leucemia linfoide
aguda
· Síndrome mielodisplásica e outras desordens sanguíneas: leucemia mieloide aguda

IA

Sintomas
Os principais sintomas decorrem do acúmulo de células defeituosas na medula óssea,
prejudicando ou impedindo a produção dos glóbulos vermelhos (causando anemia, que por sua
vez causa fadiga e palpitação), dos glóbulos brancos (deixando o organismo mais sujeito a
infecções) e das plaquetas (ocasionando sangramentos das gengivas e pelo nariz, manchas
roxas na pele ou pontos vermelhos sob a pele).

O paciente pode apresentar gânglios linfáticos inchados, mas sem dor, principalmente na
região do pescoço e das axilas; febre ou suores noturnos; perda de peso sem motivo aparente;
desconforto abdominal (provocado pelo inchaço do baço ou fígado); dores nos ossos e nas
articulações. Caso a doença afete o Sistema Nervoso Central (SNC), podem surgir dores de
cabeça, náuseas, vômitos, visão dupla e desorientação.

Depois de instalada, a doença progride rapidamente, exigindo que o tratamento seja iniciado
logo após o diagnóstico e a classificação da leucemia.

LEUCEMIA

Diagnóstico
Na análise laboratorial, o hemograma (exame de sangue) estará alterado, porém, o diagnóstico
é confirmado no exame da medula óssea (mielograma). Nesse exame, retira-se menos de um
mililitro do material esponjoso de dentro do osso e examina-se as células ali encontradas.

LEUCEMIA

Tratamento
Tem o objetivo de destruir as células leucêmicas, para que a medula óssea volte a produzir
células normais. O grande progresso para se obter a cura total da leucemia foi alcançado com
a associação de medicamentos (poliquimoterapia), controle das complicações infecciosas e
hemorrágicas e prevenção ou combate da doença no Sistema Nervoso Central (cérebro e
medula espinhal). Para alguns casos, é indicado o transplante de medula óssea.

O tratamento é feito em etapas. A primeira tem a finalidade de obter a remissão completa, ou


seja, um estado de aparente normalidade após a poliquimioterapia. Esse resultado é alcançado
um a dois meses após o início do tratamento (fase de indução de remissão), quando os
exames (de sangue e da medula óssea) não mais evidenciam células anormais.

Entretanto, pesquisas comprovam que ainda restam no organismo muitas células leucêmicas
(doença residual), o que obriga a continuação do tratamento para não haver recaída. Nas
etapas seguintes, o tratamento varia de acordo com o tipo de célula afetada pela leucemia. Nas
linfoides, pode durar mais de dois anos, e nas mieloides, menos de um ano. São três fases:
consolidação (tratamento intensivo com substâncias não empregadas anteriormente);
reindução (repetição dos medicamentos usados na fase de indução da remissão) e
manutenção (o tratamento é mais brando e contínuo por vários meses). Por ser uma
poliquimioterapia agressiva, pode ser necessária a internação do paciente nos casos de
infecção decorrente da queda dos glóbulos brancos normais pelo próprio tratamento.

http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/910/leucemia

A simples menção da palavra leucemia geralmente assusta muito as pessoas. Esse medo
provém de duas fontes principais. Primeira: as leucemias são muito freqüentes em
crianças e famílias atingidas por esse drama transmitem uma imagem dolorosa da
doença. Segunda: no passado, eram enfermidades quase sempre fatais. Dizer que
alguém tinha leucemia era praticamente um sinônimo de sentença de morte num prazo
curto.
Esse panorama mudou muito. Tanto as leucemias agudas, de início abrupto e evolução
rápida, quanto as leucemias crônicas, de evolução mais lenta, muitas vezes
assintomáticas e só descobertas num exame de sangue de rotina, podem contar com
achados médicos que permitem diagnóstico preciso.

Na verdade, o que chamamos de leucemia é um agrupamento de doenças diferentes


entre si, que exigem tratamentos complexos e de alta diversidade.
Felizmente, hoje, muitos casos da enfermidade são curados e, mesmo que não o sejam,
a sobrevida dos pacientes pode ser aumentada em muitos anos com os recursos
terapêuticos que existem atualmente.

• Definição

Drauzio – O que é realmente a leucemia?

Jacques Tabacof – Leucemias são cânceres dos leucócitos, os glóbulos brancos


que estão nos gânglios linfáticos e na corrente sangüínea. As leucemias
caracterizam-se, portanto, por uma proliferação anormal e desordenada de
glóbulos brancos que provoca grandes alterações na contagem das células do
sangue.
Todas as células do sangue - glóbulos brancos (células de defesa do organismo),
glóbulos vermelhos (cuja função é transportar oxigênio para órgãos e tecidos) e
plaquetas (células responsáveis pela coagulação) - são fabricadas dentro da
medula óssea, no tutano do osso e nos gânglios linfáticos.
Existem vários tipos de leucócitos, ou glóbulos brancos. São os linfócitos,
neutrófilos, monócitos, por exemplo. Na leucemia, a produção totalmente
desordenada dos leucócitos faz com que seu número aumente
consideravelmente. Num hemograma, em vez de aparecerem de 5 a 10 mil
glóbulos brancos, aparecem 90, 100 mil. Isso altera a produção das outras séries,
ou seja, das plaquetas e glóbulos vermelhos, acarretando uma queda expressiva
no número de plaquetas. De 150/200 mil, elas podem cair para apenas 5 mil.
Outra manifestação importante da doença é a anemia porque os níveis de
hemoglobina também desabam. Essas alterações todas são detectadas no
hemograma, um exame de sangue bastante simples, e acontecem porque as
células leucêmicas se proliferam de forma desordenada e começam a ocupar a
medula óssea.
A grande característica da leucemia, portanto, é o surgimento de quantidades
muito grandes de leucócitos anômalos. São leucócitos doentes que além de
perder a função de defesa do organismo, ocupam a fábrica e reduzem o espaço
para a fabricação dos outras células que compõem o sangue. A falha na
produção dos glóbulos vermelhos e plaquetas provoca manifestações clínicas
que incluem anemia, fraqueza, palidez, cansaço, hemorragia, sangramentos no
nariz e na gengiva, manchas vermelhas na pele e infecções. Esses sinais são
próprios da leucemia aguda.
Existem, porém, as leucemias crônicas que na maior parte das vezes são
detectadas num hemograma rotineiro. Em geral, a pessoa não sente nada, faz um
check-up ou um exame de sangue por qualquer motivo e constata alterações
significativas na contagem das células do sangue.

• Drauzio – A diferença fundamental entre uma e outra é que o tipo agudo vem
acompanhado de sintomas, anemia intensa, sangramentos, infecções, etc. Já o
tipo crônico tem evolução lenta, às vezes completamente assintomática, e acaba
sendo descoberto ocasionalmente. Como você avalia um doente com suspeita de
leucemia?

Jacques Tabacof – A primeira coisa que se faz é pedir um hemograma para


avaliar o grau de alteração nas várias séries do sangue. Dependendo do
resultado, pode se fazer necessária a internação hospitalar porque paciente com
número muito baixo de plaquetas, por exemplo, corre risco de hemorragia no
cérebro, nos olhos, no aparelho digestivo e pode precisar de transfusões. A
necessidade dessa abordagem terapêutica faz da leucemia aguda uma doença
mais dramática e assustadora.
O diagnóstico da leucemia exige também a realização de testes especiais para
identificar qual é o tipo da doença. Para se ter uma idéia só de leucemias
mielóides agudas, as que acometem a linhagem dos neutrófilos ou granulócitos,
há sete tipos diferentes. Um exame chamado mielograma, que consiste na
aspiração do líquido da medula óssea, permite a análise direta do local afetado
para identificar o tipo de célula que o está invadindo dessa forma anormal a
ponto de impedir a fabricação dos outros elementos do sangue.
E não é só. Além das antigas colorações químicas chamadas citoquímicas,
recorre-se hoje a teste de imunofenotipagem, exame bastante sofisticado que,
utilizando anticorpos, ajuda a caracterizar as moléculas existentes na superfície
da célula leucêmica.

Drauzio – Podemos dizer, então, que existe grande diversidade de glóbulos


brancos ou leucócitos (linfócitos, neutrófilos, monócitos, etc.) e que há
diversidade também entre glóbulos da mesma categoria. Os neutrófilos, por
exemplo, não são todos iguais. Estabelecer critérios que permitam caracterizar
essas diferenças é importante porque têm implicações no tratamento...

Jacques Tabacof –A análise da medula óssea com a fenotipagem para


classificar exatamente o tipo da leucemia é importante para estabelecer a
estratégia de tratamento. Hoje, a sofisticação é tal que se torna possível checar o
que chamamos de cariótipos, ou seja, o tipo de mutação gênica que existe em
determinada leucemia. Estudar o gene e até a alteração cromossômica é
importante para nortear a decisão terapêutica.

• Drauzio – Quando o tratamento precisa começar o mais depressa possível


porque o paciente está em risco, qual é a primeira medida que deve ser
tomada?

Jacques Tabacof – Basicamente, na grande maioria das leucemias agudas, o


tratamento começa pela quimioterapia. Tanto o tratamento da leucemia mielóide
quanto o da linfóide, em geral, exige internação hospitalar e aplicação de um
cateter central porque as veias dos braços não são suficientes para suportar a
aplicação das drogas quimioterápicas e as transfusões necessárias.
Essa primeira fase do tratamento é chamada de indução da remissão e seu
objetivo é matar, eliminar as células doentes, os blastos. Às vezes, em uma ou
duas semanas eles somem do sangue porque são muito sensíveis à
quimioterapia.
Eliminados os blastos, há a recuperação das outras séries, porque eles deixaram
de infiltrar a medula e os precursores das células vermelhas proliferam, assim
como se normaliza a produção de hemoglobina e das plaquetas e o hemograma
se restabelece nos níveis adequados.
Embora no início o tratamento seja bastante dramático e agressivo, em poucas
semanas de internação hospitalar, há a indução da remissão. Um novo
mielograma costuma revelar que não existe mais doença na medula óssea. O
paciente atingiu de fato a remissão. Sabe-se, porém, que essa intervenção
terapêutica não basta para eliminar de vez a leucemia. Podem ter sobrado
pequenas quantidades de células doentes que farão a doença voltar
invariavelmente. A indução é o primeiro passo para cura, mas se o tratamento
parar aí, a doença recidiva.

Drauzio – Quanto tempo dura essa etapa do tratamento?

Jacques Tabacof – Em geral, dura mais ou menos um mês.

• Tratamento: estratégias de consolidação

Drauzio – Como você dá continuidade ao tratamento?

Jacques Tabacof – O tratamento continua com as estratégias de consolidação.


Existem estudos especializados que mostram qual a melhor consolidação para
cada subtipo de leucemia. Se a pessoa tem determinada translocação em sua
alteração genética, o melhor tratamento pode ser só a quimioterapia. O paciente
recebe, então, mais três ou quatro ciclos de quimioterapia em doses
convencionais. No entanto, o prognóstico pode ser tão desfavorável que a
melhor conduta seja o transplante de medula óssea.

Drauzio – Vamos deixar claro que medula óssea não deve ser confundida com
a medula espinhal.

Jaques Tabacof – Quando se fala em medula óssea estamos nos referindo à


fábrica das células do sangue que fica dentro dos ossos, no tutano de ossos como
o esterno, a bacia, o fêmur, etc. Não se deve confundir medula óssea com a
medula nervosa ou espinhal que percorre o interior da coluna vertebral.

• Transplante de medula óssea

Drauzio – Em linhas gerais, como se realiza o transplante de medula óssea?

Jaques Tabacof – Há dois tipos de transplante: o transplante autólogo e o


alogênico.
O autólogo é, na verdade, uma quimioterapia em doses muito altas que leva à
eliminação total das células do sangue e da medula óssea. Ela acaba com a
leucemia, mas provoca também um esvaziamento total da medula óssea.
Morrem as células boas e as ruins. Por isso, antes da quimioterapia, coletam-se
células do sangue ou da medula óssea do próprio paciente, que são congeladas e
guardadas. Terminada a quimioterapia, elas são devolvidas através da corrente
sangüínea, como numa transfusão, e vão repovoar a medula. Essa estratégia
mostrou-se útil na consolidação de algumas leucemias agudas.
Para o transplante alogênico de medula óssea é sempre necessário encontrar um
doador. Isso traz a vantagem de contar com uma medula sadia, sem células
leucêmicas. Em geral, os irmãos costumam ser os melhores doadores. O passo
seguinte é submeter o paciente a uma quimioterapia em doses altas para eliminar
a doença. Depois, as células do sangue ou da medula óssea retiradas do doador
são injetadas no doente para repovoar sua medula. A pessoa passa, então, a
produzir células sangüíneas absolutamente normais e, em certos casos, muda de
tipo sangüíneo, pois adota o tipo sangüíneo do doador.

Drauzio – Isso quer dizer que um paciente de tipo sangüíneo A, recebendo o


transplante de medula óssea de um doador de tipo O, pode deixar de ser A e
passar para O?

Jacques Tabacof – Considerando o sistema ABO e RH, receptor e doador


podem ser diferentes e o que recebe a medula pode assumir o tipo sangüíneo do
doador. Doador e receptor, no entanto, não podem ser diferentes no sistema
HLA, que representa um outro método de avaliar a compatibilidade para o
transplante.

Drauzio – Nem todos os irmãos podem ser doadores?

Jacques Tabacof – Nem todos. A chance de um irmão ser totalmente


compatível no sistema HLA é, em média, 25%. Quando isso ocorre, é uma boa
opção utilizar a medula normal do irmão no tratamento da pessoa com leucemia.
• Enxerto x hospedeiro

Drauzio – Em linhas gerais, o que é a reação enxerto versus hospedeiro que


pode ocorrer nos transplantes alogênicos, isto é, quando a medula óssea de um
doador é transplantada para um paciente com leucemia?

Jaques Tabacof – Por mais que se analise a tipagem HLA e se identifique a


compatibilidade entre doador e receptor, assim que a nova medula se instala no
paciente com leucemia, este passa a produzir as células do doador.
O sistema imunológico do irmão, por exemplo, começa a reconhecer como
estranhos os componentes do receptor e ataca seu fígado, tubo digestivo e pele.
Está criada uma nova doença chamada ‘enxerto contra hospedeiro’.

Drauzio – Nos transplantes de outros órgãos, o receptor pode rejeitar o


enxerto. No de medula óssea, como o enxerto é composto por células
imunocompetentes e o sistema imunológico do receptor está destruído, é o
enxerto que rejeita o hospedeiro.

Jacques Tabacof – Exatamente. Nos transplantes de órgãos sólidos, como


coração, fígado e rins, é preciso induzir imunodepressão no receptor para que ele
não rejeite o órgão doado. No caso da doença enxerto contra hospedeiro, são as
células da medula óssea do doador que agem contra o organismo do receptor.
Trata-se de uma doença nova que não existe na natureza. Foi criada pelos
homens fazendo os transplantes. É óbvio que existem técnicas para amenizar o
risco. O primeiro passo é selecionar o melhor doador, o mais parecido, o mais
compatível. O outro passo é deprimir a imunidade do receptor. Ficando um
pouco imunodeprimido, a tendência é não haver tanta rejeição da medula
transplantada contra o hospedeiro. Existem drogas usadas profilaticamente que
ajudam a evitar essa doença.

• Avanço no tratamento das leucemias crônicas

Drauzio – Nos últimos anos, houve grande avanço no tratamento das leucemias
crônicas.

Jacques Tabacof – Acho que um dos maiores avanços que presenciei no


tratamento oncológico como um todo foi o surgimento de uma droga
administrada por via oral e desenhada para tratar da leucemia mielóide crônica,
doença incurável e para a qual, no caso de pacientes jovens, o único tratamento
era o transplante alogênico com seus riscos e problemas.
Desde os anos de 1970, sabia-se que essa doença apresentava uma translocação
balanceada entre o cromossomo 9 e o cromossomo 22, ou seja, uma troca de
pedaços entre esses dois cromossomos que levava ao surgimento de um gene
diferente. Na década de 1980, ficou evidente que esse gene alterado produzia
uma proteína, na verdade uma enzima chamada tirosina-quinase, que era a causa
desse tipo de leucemia. A partir de então, pesquisadores e clínicos do mundo
inteiro começaram a buscar substâncias que inibissem essa enzima e surgiu uma
droga, melhor dizendo, uma pequena molécula que tomada por via oral, três ou
quatro comprimidos por dia, resultou numa revolução no tratamento clínico da
doença. Pacientes com leucemia mielóide crônica, que utilizam esses
comprimidos, normalizam o hemograma e em muitos deles não se detecta mais a
alteração cromossômica nem mesmo quando são aplicadas técnicas sofisticadas
e sensíveis de análise.
Além disso, os efeitos tóxicos dessa droga são discretos especialmente se
comparados com os da quimioterapia. O único problema é seu custo que é
bastante alto.

Drauzio – Estão curados esses doentes?

Jacques Tabacof - Como se trata de um tratamento relativamente novo, ainda é


um pouco precoce dizer que os pacientes estejam curados, mas que o resultado
clínico é fantástico ninguém pode negar.

Drauzio – Por que essa descoberta é tão importante?

Jacques Tabacof – Em oncologia, a grande maioria dos tratamentos foi


descoberta empiricamente. Por tentativas de acerto e erro, foram identificadas
várias substâncias da natureza – casca de árvore, plantas, etc. – que funcionavam
como agentes quimioterápicos para atacar células tumorais. O imatinib, essa
nova droga usada no tratamento da leucemia mielóide crônica, mudou esse
paradigma porque foi desenhada uma molécula específica para combater um
alvo determinado: a célula leucêmica.

Drauzio – Como os pacientes recebem o diagnóstico de leucemia e a


perspectiva de eventualmente terem de submeter-se a tratamentos de alta
agressividade?

Jacques Tabacof – Varia muito de um paciente para o outro. Se ele tem


leucemia mielóide crônica, pode ser tratado com essa medicação nova sem ser
internado em hospital. A leucemia linfóide crônica, a mais comum, também
pode ser tratada com medicamentos relativamente simples, por via oral.
Nas primeiras consultas, procuramos explicar que há vários tipos de leucemia e
desfazer o mito de que ela seja uma doença necessariamente fatal. Pacientes com
leucemia crônica são convencidos de que a evolução mais lenta dessa
enfermidade facilita o tratamento que avançou muito nas últimas décadas.
Embora os casos de leucemia aguda tenham apresentação clínica mais dramática
por causa dos sintomas (sangramento, anemia, infecção e fraqueza) e da
abordagem inicial bastante agressiva, como a melhora é mais ou menos rápida,
os pacientes desenvolvem uma atitude positiva em relação ao tratamento e à
doença.

Drauzio – Eles aceitam nesse momento que a doença pode ser curada?

Jacques Tabacof - Aceitam. Eles são informados de que o objetivo da


quimioterapia é a cura. Em oncologia, muitos dos tratamentos são paliativos. Na
leucemia aguda, no entanto, a proposta é curar o paciente. Às vezes, o
tratamento inicial é muito agressivo, mas quando o paciente atinge a remissão,
além de mostrar que a técnica terapêutica está dando resultado é um estímulo
encorajador para ele.
Drauzio – Para os adultos, a remissão tem enorme impacto sobre a qualidade
de vida. Eles sofrem com o tratamento agressivo, mas depois disso suas vidas
melhoram bastante.

Tabacof – A qualidade de vida melhora muito. Eles entram em remissão, saem


do hospital com o hemograma normal, sem nenhuma cicatriz e podem reassumir
suas atividades. Depois, com calma, se estabelece a estratégia ideal de
consolidação.
É impressionante como as crianças toleram bem o tratamento. Você vê crianças
com cateter central para receber a quimioterapia e as transfusões, caminhando
pelos corredores do hospital, segurando o soro sem nenhum constrangimento.
Em pouco tempo aquilo vira rotina de vida para elas.

Drauzio – Nos anos de 1970, curávamos entre 20% e 30% das leucemias
infantis. E hoje, quais são os resultados?

Jacques Tabacof - Hoje, a possibilidade de cura da leucemia aguda infantil é


muito alta. Gira em torno de 80% a 90% dos casos. Nos adultos, esses índices
são mais baixos. Não trato crianças, mas a literatura confirma todos esses dados.

• Orientação para a família

Drauzio – Que orientação você dá para as famílias que têm um parente com
leucemia?

Jacques Tabacof - Nos casos de leucemias agudas, a primeira coisa é identificar


o cenário do tratamento. Sinceramente me preocupo muito com quem vai pagar
a conta, porque o custo do tratamento é muito alto, pois requer internação
hospitalar, transfusões de sangue e uso de drogas caras. É preciso saber se a
pessoa tem convênio com direito a ser tratada no sistema privado ou se terá de
recorrer ao sistema público de saúde.
Tão logo o paciente é internado no hospital, inicia-se o tratamento
quimioterápico e é de extrema importância ele saber que há uma equipe
multidisciplinar cuidando dele, que há médicos e enfermeiros preocupados que,
em nenhum momento, o deixarão sem atendimento ou desamparado. Perceber
que a equipe toda está a seu lado e ao lado da família participando e torcendo
pelo êxito do tratamento dá muita força para o paciente.

Drauzio – Esse envolvimento da equipe com o paciente é fundamental para o


tratamento. Infelizmente, no serviço público, ele é mais difícil e complicado.

Jacques Tabacof – No sistema em que trabalho, o sistema privado, no Brasil


um privilégio de não muita gente, consegue-se prover os pacientes com essa
retaguarda. No serviço público nem sempre isso é possível.

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