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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE ITUMBIARA

IMPACTOS ECOLÓGICOS NUMA ECONOMIA


KEYNESIANA MEDIANTE A TEORIA DAS
ESTRUTURAS DISSIPATIVAS

JOÃO BATISTA DA SILVA OLIVEIRA

ITUMBIARA–GO
NOVEMBRO/2007
ii

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS


UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE ITUMBIARA

IMPACTOS ECOLÓGICOS NUMA ECONOMIA


KEYNESIANA MEDIANTE A TEORIA DAS
ESTRUTURAS DISSIPATIVAS

JOÃO BATISTA DA SILVA OLIVEIRA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Curso de Ciências
Econômicas da Universidade Estadual
de Goiás, UnU Itumbiara, como
requisito parcial a obtenção do título
de Bacharel em Ciências Econômicas.
Orientador: Prof. Ms. Carlos
Henrique Cássia Fontes.

ITUMBIARA – GO
NOVEMBRO/2007
iii

JOÃO BATISTA DA SILVA OLIVEIRA

Impactos Ecológicos numa Economia Keynesiana Mediante a


Teoria das Estruturas Dissipativas

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Curso de Ciências
Econômicas da Universidade Estadual de
Goiás, Unidade Universitária de
Itumbiara, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Bacharel em
Ciências Econômicas sob a coordenação
do Professor Ms. Carlos Henrique
Cássia Fontes.

APROVADA POR:
_______________________________________________
Profa. Ms. Carlos Henrique Cássia Fontes
UEG – U nU It u mb iara – O rie nt ad o r

_________________________________________
Prof. Ms. Ínia Franco de Novaes
UEG – U nU It u mb iara – O rie nt ad o ra

________________________________________________
Prof. Ms.Marisa Silva Amaral
UEG – U nU It u mb iara – O rie nt ad o ra

Itumbiara, 28 de novembro de 2007.


iv

Dedico este trabalho a Ovídia Rosa, minha mãe.


e a Aline Borges Faria
v

Agradeço a Deus
À minha família
À amizade, companheirismo e bondades de Cássia Ferreira
Batista, Welton Silva e Wellington José sem os quais seria
impossível este trabalho.

Aos amigos da 4ª turma de ciências econômicas, mais


detidamente ao casal Claudiney Donizetti e Geizi-Cleide,
Marcos Santos Silva, Adriana e Lindoirdi Flávia.

Aos professores, mestres que me apoiaram Luciene Garcia,


Kalinka Martins, Sebastião Cunha, Marisa Amaral e Carlos
Henrique. De maneira especial às professoras Ínia Franco
Novaes e a Ediza Borges pelo seu esforço e dedicação.

Agradeço a amizade de Elaine Garcia e família

E a Ruy Oliveira Júnior


vi

O trabalho não é a fonte de toda a riqueza. A natureza é a fonte dos valores de uso (que são os
que verdadeiramente integram a riqueza material !), nem mais nem menos que o trabalho, que
não é mais que a manifestação de uma força natural, da força de trabalho do homem.

Karl Marx
Crítica ao Programa de Gotha

Amor e conhecimento não são alternativas; o amor é um fundamento, enquanto o


conhecimento é um instrumento. Além disso, o amor é um fundamento do viver humano, não
como uma virtude, mas como a emoção que no geral funda o social, e em particular fez e faz
possível o humano como tal na linhagem de primatas bípedes a que pertencemos e ao negá-lo
na tentativa de dar um fundamento racional a todas as nossas relações e ações nos
desumanizamos, tornando-nos cegos a nós mesmos e aos outros. Nessa cegueira perdemos na
vida cotidiana o olhar que permite ver a harmonia do mundo natural ao qual pertencemos, e já
quase não somos capazes da concepção poética que trata desse mundo natural, da biosfera em
sua harmonia histórica fundamental, como é o reino de Deus, e vivemos em luta contra ele.”

Humberto Maturana
vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Dióxido de Carbono CO2 - Processos Industriais - Emissões de CO da Produção


de cimento – Brasil .................................................................................................................. 39
Tabela 02 - Emissões da Mudança no Uso do Solo - Brasil .................................................... 40
viii

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Equilíbrio entre Oferta e Demanda Agregada ..................................................... 17


Gráfico 02 e 03 - Interdependência Dinâmica Entre Sistema Econômico e Meio ................... 32
Gráfico 04 – Formação bruta de Capital fixo - R$ de 1980 – 1908 – 2006. ............................ 35
Gráfico 05 - Evolução do PIB – Brasil – 1947 -2006 .............................................................. 35
Gráfico 06 – Produção de carvão mineral – Brasil – 1920 – 1947 ........................................... 36
Gráfico 07 – Consumo aparente de carvão – Brasil – 1901 - 1987 .......................................... 36
Gráfico 08 – Consumo aparente – Derivados de petróleo – Barril (mil) – 1979 - 2006 .......... 37
Gráfico 09 - Emissões Globais Anuais Líquidas da Produção de Cimento – 1927 – 1998 ..... 38
Gráfico 10 – Evolução futura dos custos de investimentos com energia renováveis ............... 46
Gráfico 11 - Evolução da vazão do Rio São Francisco e evolução da produção (MWh) por
eólicas ....................................................................................................................................... 48
ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Representação Gráfica – Estrutura Dissipativa ..................................................... 26


Figura 02 – Dinâmica entresistema econômico e meio - ambiente - fluxograma .................... 30
Figura 03 – O efeito estufa ....................................................................................................... 41
x

LISTA DE SIGLAS

TGSV – Teoria Geral dos Sistemas Vivos


EMK – Eficiência Marginal do Capital
ONU – Organização das Nações Unidas
CO2 – Dióxido de carbono
OA – Oferta Agregada
DA – Demanda Agregada
FBKF – Formação Bruta de Capital Fixo
Gt – Gigatoneladas
1000 tc – Milhares de Toneladas de carbono
MWh – Megawatt-hora
1000 m3/s - Mil metros cúbicos por segundo
xi

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................vii


LISTA DE GRÁFICOS ...........................................................................................................viii
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... ix
LISTA DE SIGLAS ................................................................................................................... x
Resumo .....................................................................................................................................xii
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13
2 TEORIA KEYNESIANA ...................................................................................................... 17
3 TEORIA DAS ESTRUTURAS DISSIPATIVAS ................................................................. 22
3.1 O Sistema Capitalista ..................................................................................................... 28
4 TEORIA DAS ESTRUTURAS DISSIPATIVAS ACOPLADA A TEORIA KEYNESIANA
.................................................................................................................................................. 30
5 POSSÍVEIS SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS ....................................................................... 44
5.1 Energias renováveis. ....................................................................................................... 44
5.2 Políticas econômicas voltadas para as energias renováveis ........................................... 48
5.3 Energia Nuclear .............................................................................................................. 49
5.4 Outras soluções ............................................................................................................... 50
6 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 51
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 54
xii

RESUMO

IMPACTOS ECOLÓGICOS NUMA ECONOMIA KEYNESIANA MEDIANTE A


TEORIA DAS ESTRUTURAS DISSIPATIVAS

O trabalho trata em apontar no âmbito da teoria keynesiana, possíveis soluções


sustentáveis. E possui como objetivo geral caracterizar o capitalismo como um sistema aberto
a fluxos de recursos naturais e energia, bem como gerador de externalidades negativas como
forma de manter seu padrão de organização, possível então de ser tratado pela teoria das
estruturas dissipativas. Para tanto se torna necessário: a) analisar a Teoria Geral do Emprego,
do Juro e da Moeda; b) analisar a teoria Estruturas Dissipativas; c) apresentar mediante a
teoria das estruturas dissipativas impactos ecológicos intensificados pela aplicação do modelo
de crescimento econômico keynesiano e d) Identificar possíveis soluções que amenizem tais
impactos, a saber, a substituição da utilização de combustíveis fósseis por fontes de energias
renováveis. A hipótese prevê que o crescimento econômico sob a perspectiva do modelo
keynesiano não é sustentável, ocorrendo de forma entrópica. A metodologia parte da
observação, que as interações entre sistema capitalista e meio ocorrem em forma de rede. Para
tanto serão analisadas obras de autores ligados a Teoria Geral dos Sistemas Vivos (TGSV)
como Fritjof Capra, Ylia Prigogine, Humberto Maturana e Francisco Varela, bem como a
obra “A Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda” do economista Jhon Maynard
Keynes. E ainda, consultas em sites como IPEADATA, Greenpeace, etc. O tratamento de
dados refere-se a evolução da Formação Bruta de Capital Fixo, do Produto Interno Bruto, ao
consumo de combustíveis fósseis e de emissões de dióxido de carbono. Os resultados atestam
que as interações entre sistema capitalista e meio podem ser tratados pela teoria das estruturas
dissipativas e que este ocorre, mediante a substituição de baixa entropia no meio pela elevada
desordem. A partir de um ponto crítico, as externalidades se comportam de forma auto-
produtora, onde as de um período anterior geram externalidades num período posterior,
independentes da atividade econômica, propagando-se por todo o sistema de forma auto-
amplificadora. As externalidades caracterizam-se ainda, por serem irreversíveis e
hipersensíveis a condições iniciais. Ademais, conclui que o Estado tende a uma crescente
incapacidade de financiar os prejuízos advindos de tais impactos, bem como há a
possibilidade de geração de economias com tendências inflacionárias. Sendo assim, o
problema ecológico trata-se de um problema econômico com soluções políticas e econômicas.

Palavras-chave: Estrutura Dissipativa. Economia Keynesiana. Sustentabilidade


13

INTRODUÇÃO

A partir da última metade do século XX se intensificou o debate em torno de questões


ecológicas. Tendo como hard core das discussões os efeitos entrópicos1 da atividade
econômica sobre o meio-ambiente por meio de exploração de fontes de sintropias positivas2 e
a evidência de uma crise sistêmica. Esse debate interessou vários segmentos, desde
organismos internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas) por meio de
programas de Formação Ambiental e Educação Ambiental, bem como gerando preocupações
crescentes em intelectuais de várias áreas, sobretudo relacionados à Física, à Biologia e à
Economia.
A teoria econômica keynesiana atesta que os incrementos nos níveis de investimentos
são indispensáveis para o aumento de bem-estar social. A aplicação desta teoria através da
política econômica monetária ou fiscal fora intensificada em várias partes do mundo a partir
da década de 1930, mais intensamente a partir de 1945. Entretanto, tais políticas com o intuito
de gerar crescimento econômico, têm sido realizadas de forma insustentável. Se
caracterizando por intensificar impactos ecológicos ou a desordem fora do sistema
econômico, por meio de estímulos a demanda agregada, gerando utilização intensa de
recursos naturais e emissão de externalidades negativas3, ou seja, ignorando os custos sociais
e ambientais deste bem-estar.
Mediante crescente desigualdade social e crise ecológica, bem como suas implicações
às vias de uma iminente crise sistêmica, economistas e formuladores de políticas não
conseguem obter respostas, tampouco solucionar ou equacionar tais problemas, por meio de
suas teorias. Sendo assim, devido a relevância em que se reveste o problema, a temática deste
trabalho situa-se no âmbito da Teoria do Desenvolvimento Econômico relacionada a Ecologia
e apontar possíveis soluções que amenizem os impactos ecológicos decorrentes da atividade
econômica no âmbito da teoria keynesiana é o problema a ser resolvido.

1
Segundo Capra (2006) a concepção de entropia foi introduzida no século XIX por Rudolf Clausius, um físico
e matemático alemão, para medir a dissipação de energia em calor e atrito. Clausius definiu a entropia gerada
num processo térmico como a energia dissipada dividida pela temperatura na qual o processo ocorre. De acordo
com a segunda lei, essa entropia se mantém aumentando à medida que o processo térmico continua; a energia
dissipada nunca pode ser recuperada.
2
Ou fonte de baixa entropia. De acordo com SHIKI (1997) trata-se de estoques de energia disponíveis,
acumulada na forma de minas de carvão, campos petrolíferos, campos de gás natural, jazidas de minérios.
3
De acordo com Pyndick & Rubinfeld (2004, p. 292) “Ação de um consumidor ou de um produtor que tem
influência sobre outros produtores ou consumidores, mas que não é levada em consideração na fixação do preço
de mercado.”
14

O trabalho fora elaborado mediante a hipótese que o crescimento econômico sob a


perspectiva do modelo keynesiano não é sustentável, ocorrendo de forma deletéria. Em outras
palavras, prevê que o crescimento econômico tendo em suas bases valores tais como, a
maximização dos níveis de investimento e consumo como formas de elevar o bem-estar
social, apresenta características intensificadoras dos impactos ecológicos. Comprometendo a
capacidade de sobrevivência de outros seres vivos e de gerações futuras, ocorrendo enfim,
com tendências entrópicas, gerando a desordem no meio.
O trabalho tem como objetivo geral caracterizar o capitalismo como um sistema aberto
a fluxos de recursos e energia, oriundas de fontes de sintropia positiva. Bem como gerador de
externalidades negativas como forma de manter seu padrão de organização, de elevado
consumo e crescimento econômico, possível então de ser tratado pela teoria das estruturas
dissipativas4. Para tanto faz se necessário: a) analisar a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da
Moeda; b) analisar da Teoria Geral dos Sistemas Vivos (TGSV) a teoria Estruturas
Dissipativas; c) apresentar mediante a teoria das estruturas dissipativas impactos ecológicos
intensificados pela aplicação do modelo de crescimento econômico keynesiano, e d)
apresentar possíveis soluções que amenizem tais impactos, a saber, a substituição da
utilização de combustíveis fósseis por fontes de energias renováveis.
A metodologia parte da observação que as interações entre sistema capitalista e meio-
ambiente ocorrem em forma de rede, onde um impacto tende a se espalhar no meio de forma
ampliada. Partindo desta observação, serão analisadas obras de autores ligados a teoria geral
dos sistemas vivos como Fritjof Capra5, Ylia Prigogine6, Humberto Maturana7 e Francisco
Varela8, bem como na analise da obra “A Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda” do
economista Jhon Maynard Keynes. E ainda, consultas em sites tais como IPEADATA,

4
Conhecida também por caos estruturado e segundo Paiva (2001) trata-se da própria linguagem do Caos. Capra
(1996) a define como uma teoria que serve para observar sistemas abertos a fluxos de matéria e energia
apresentando um fenômeno espontâneo denominado emergence. Ou seja, serve para descrever um sistema que
utiliza fontes de sintropia positiva e elimina resíduos como meios de manter seu padrão de organização.
5
Doutor em Física (PhD), Teórico em sistemas. Um dos fundadores do Centro de Ecobetização em Berkeley.
Autor dos bestsellers internacionais, “O Tao da Física” e “O Ponto de Mutação”, integrante do corpo docente da
Universidade de Schummacher, Reino Unido.
6
Físico-Químico, ganhador do prêmio Nobel em 1977, criador da Teoria das Estruturas Dissipativas.
7
Doutor em Biologia (PhD) pela Universidade de Harvard. Professor titular da Universidade do Chile. Prêmio
Nacional de Ciências 1994.
8
Doutor em Biologia (PhD) pela Universidade de Harvard. Professor titular do CNRS, Paris.
15

Greenpeace9, etc. O tratamento de dados referem-se a evolução da Formação Bruta de Capital


Fixo (FBKF), do Produto Interno Bruto (PIB), ao consumo de combustíveis fósseis como
carvão, petróleo e derivados de petróleo; e relativos a evolução de emissões de Dióxido de
carbono (CO2).
O trabalho está estruturado de forma que, no primeiro capítulo busca-se apresentar
com base na obra “A Teoria geral do emprego, do juro e da moeda”; do economista Jhon
Maynard Keynes, a fundamentação teórica ao comportamento interventor do Estado, por meio
de políticas econômicas expansionistas como possuidor de importância fundamental para
elevar os níveis de investimentos, emprego e crescimento econômico; deslocando a economia
em direção ao pleno emprego dos fatores de produção.
No segundo capítulo, será apresentada as evoluções no campo da Biologia à partir da
década de 1920, que culminaram com a elaboração da Teoria das Estruturas Dissipativas,
como próprias para descrever sistemas abertos e afastados do equilíbrio. Apresenta ainda,
características das economias capitalistas que as torna possíveis de serem tratadas pela
referida teoria, por se tratar de um sistema dinâmico, aberto a fluxos de matéria e energia.
No terceiro capítulo, caracterizamos mediante a teoria das estruturas dissipativas a
aplicação das políticas econômicas de inspiração keynesiana como intensificadoras dos
impactos ecológicos. Apresentamos, por meio de dados, relativos a evolução da Formação
Bruta de Capital Fixo (FBKF), Produto Interno Bruto (PIB), consumo de combustíveis fósseis
e emissões de dióxido de carbono, mudanças estruturais ocorridas no meio em função das
mudanças estruturais no sistema econômico. Que por sua vez, apresenta efeitos no sistema
econômico decorrentes destas mudanças no meio-ambiente, tais como inflação de custos e
aumento da demanda por bens públicos.
E finalmente no quarto capítulo são apresentadas possíveis soluções sustentáveis, no
âmbito da teoria keynesiana que se caracterizem por serem técnica e economicamente viáveis.
Tais soluções estão relacionadas a substituição de utilização de combustíveis fósseis por
fontes de energias renováveis (exclusive a energia nuclear).
Os principais resultados alcançados atestam que as interações entre sistema capitalista
e meio podem ser tratados pela teoria das estruturas dissipativas e que estas ocorre, mediante
a substituição de baixa entropia no meio-ambiente por elevada desordem. Concluímos ainda,

9
Organização internacional e independente, que se utiliza de confrontos não-violentos para expor problemas
ambientais globais e alcançar soluções. Tem como missão proteger a biodiversidade em todas as suas formas,
evitar a poluição e o esgotamento do solo, oceanos, água e ar, acabar com as ameaças nucleares e promover a
paz. Caracteriza-se por não receber recursos de empresas, partidos políticos ou governos, e se mantêm apenas
com doações de pessoas físicas.
16

que o sistema capitalista é inerentemente entrópico, ou seja, que faz parte de sua própria
natureza, de sua história a intensificação dos impactos ecológicos. Sendo assim, as soluções
aqui apresentadas, longe de resolver o problema ou de esgotar o assunto possuem o objetivo
apresentar soluções capazes de amenizar os impactos da atividade de econômica. Dentre
outras conclusões, o problema ecológico trata-se de um problema econômico com soluções
políticas e econômicas.
17

2 TEORIA KEYNESIANA

Segundo a teoria keynesiana a propensão dos agentes a pouparem é responsável pelas


crises e desemprego e determina as oscilações no ciclo econômico. Desta forma, a intervenção
do Estado assume importância fundamental para manter ou restabelecer os níveis de emprego,
minorando as crises. Levando em consideração esta premissa, o capítulo tem como objetivo
apresentar aspectos da teoria keynesiana que enfatiza a intervenção do Estado na economia,
por meio de políticas fiscais e monetárias expansionistas com o objetivo de elevar os níveis de
investimento e consequentemente os níveis de emprego e crescimento econômico.
De acordo com Silva10(1996), mediante os fenômenos ocorridos na década de 1930,
por ocasião da quebra da bolsa de Nova Iorque, Keynes se afasta da ortodoxia, criticando a lei
de conservação do poder de compra de Jean-Baptiste Say e segue em direção a construir os
fundamentos teóricos que legitimassem a ação estatal na economia, com o intuito de elevar a
produção e emprego.

GRÁFICO 01 – EQUILÍBRIO ENTRE OFERTA E DEMANDA AGREGADA

Fonte: Dornbusch e Fischer, (2002, p.29)

10
Introdução à Teoria Geral do emprego, do juro e da Moeda
18

A dinâmica ocorre de forma que, se os empresários percebem oportunidades de


realizarem seus lucros, contratam fatores de produção e ofertam bens e serviços no mercado,
em resposta a uma demanda por parte dos consumidores. A oferta é feita então, mediante a
expectativa dos empresários terem no futuro suas receitas realizadas. Quando os empresários
vendem todos os seus produtos e a demanda é satisfeita, diz-se que houve equilíbrio entre
oferta e demanda agregada. No gráfico11 01 este ponto é representado pelo ponto E.
Se a demanda agregada (DA) for menor que a Oferta Agregada (OA), ou seja, se a
procura por bens for menor do que está sendo ofertada no mercado, os empresários farão a
revisão de suas expectativas quanto a rendimentos e lucros futuros, reduzindo seus estoques e
demitindo funcionários, ofertando assim uma quantidade menor de bens e serviços até que a
economia encontre um novo equilíbrio. Este cenário é representado no gráfico 01 pela
variação de Y para Y1 ou o ponto E1 . Caso contrário ocorra, se a demanda agregada for maior
que a oferta agregada, os empresários revisarão seus projetos de investimento, elevando o
volume de investimentos e de emprego. A economia tenderá a deslocar-se para o ponto E2,
representada pela variação de Y para Y2. Este ponto é denominado ponto de pleno emprego
ou ponto de demanda efetiva.
Entretanto, para Keynes (1996) o pleno emprego trata-se de um caso particular,
ocorrendo muito raramente e o equilíbrio entre oferta agregada e demanda agregada abaixo do
pleno emprego é o caso geral, que ocorre comumente. Desta forma, Keynes ao criticar a lei de
saídas de Jean-Baptiste Say critica então, os postulados clássicos que presumem o pleno
emprego dos fatores de produção, bem como a hipótese de que existiria apenas duas formas
de desemprego, o voluntário ou o friccional, propondo o conceito de desemprego
involuntário, onde

no caso de uma ligeira elevação dos bens de consumo de assalariados relativamente


aos salários nominais, tanto a oferta agregada de mão de obra disposta a trabalhar
pelo salário nominal corrente quanto a procura agregada da mesma ao dito salário
são maiores que o volume de emprego existente. (KEYNES 1996, p. 53).

De acordo com Keynes (1996) quando a renda agregada aumenta, aumenta também o
consumo, mas não tanto quanto a renda. Isto quer dizer que, os agentes, donos dos fatores de

11
DA = Demanda Agregada
OA = Oferta Agregada
N = Emprego
E = Ponto de equilíbrio
Y = Renda, Produto
19

produção (terra, trabalho e capital) resolvem poupar parte de seus rendimentos (aluguéis,
lucros e salários). Tal fenômeno ocorre devido em certos momentos as famílias, detentoras
dos fatores de produção, logo da renda, optarem por poupar parte de seus rendimentos.
Quando os agentes optam pela poupança, abstendo-se do consumo é gerado um
problema denominado insuficiência de demanda ou conhecido também pelo problema da
realização. Onde justamente, devido a aumentos na poupança, os empresários, por sua vez,
deixam de realizar parte das receitas esperadas e tem suas margens de lucros reduzidas. Sendo
assim, reagem reduzindo seus estoques, minorando a produção e efetuando demissões. A
curva de demanda agregada migra para a esquerda, representada pelo ponto E1 no gráfico 01 e
tem início a um período recessivo no ciclo econômico com um nível maior de desemprego.
Já Hunt (1987) descreve esta mesma dinâmica como um fluxo circular, de tal forma
que, num determinado período todo o valor gasto na produção é igual ao valor da renda, pois
os empresários ao produzirem, contratam os fatores de produção, pagando às famílias salários,
lucros, juros e aluguéis. Aos donos dos fatores de produção, os custos de produção são
denominados renda, com os quais adquirem bens e serviços. Conclui-se então, que o valor
agregado da renda é igual ao valor agregado do produto. Sendo assim, há um fluxo circular
que vai das famílias para as empresas na forma de pagamento por bens e serviços e das
empresas para as famílias na forma de rendimentos.
No entanto este processo, de acordo Hunt (1987), no momento em que o fluxo
monetário vai das famílias para as empresas pode ser interrompido, por meio de vazamentos,
a saber, pagamentos a produtos importados, pagamentos de tributos ou por meio de poupança
realizado pelas famílias. Estes vazamentos no fluxo de renda e gastos afetam as expectativas
dos empresários, reduzindo os níveis de investimento, de emprego e crescimento econômico,
migrando o equilíbrio entre as curvas de oferta e demanda agregada, ou seja, da economia
para um ponto abaixo do pleno emprego. Neste contexto de recessão e desemprego surge o
governo, onde por meio de políticas econômicas tais como incremento nos gastos do governo,
políticas de exportação e redução na taxa de juros visa reduzir estes vazamentos reduzindo as
taxas de juros, bem como a propensão a poupar,
Desta forma, a teoria keynesiana legitima a ação, a intervenção do Estado na economia
com o intuito de alterar as expectativas dos agentes (consumidores e empresários) de forma a
conduzi-la para próximo ou ao pleno emprego. O Estado se utiliza de duas ferramentas a)
política fiscal expansionista e b) política monetária expansionista. No primeiro caso, o Estado
se utilizando de uma política fiscal pode a) Elevar os gastos do governo b) os investimentos e
c) realizar política tributária.
20

No âmbito dos gastos do governo e dos investimentos o faz mediante financiamento


de obras públicas tais como, gastos militares; construção civil; construção de estádios;
hospitais; escolas; universidades e por meio da concessão de subsídios, dentre outros. Esta
característica provedora do Estado tem como efeito a elevação dos níveis de emprego, dos
salários, da renda disponível, do consumo e por fim a alteração das expectativas dos
empresários; incentivando estes a retomarem seus projetos de investimentos, elevando num
ciclo virtuoso os níveis de emprego, conduzindo enfim a economia ao nível de pleno
emprego.
No âmbito da política monetária, o mesmo objetivo é perseguido, ou seja, o de alterar
as expectativas dos empresários quanto a retornos futuros. Para tanto o governo pode reduzir
a) as taxas de juros; b) as taxas de redescontos; c) as taxas de desconto compulsório; e ainda
d) comprar títulos em operações de mercado aberto. Esse grupo de medidas possui um efeito
expansivo sobre a demanda agregada, uma vez que, ao reduzir as taxas de juros, o governo
estimula a propensão a investir e eleva os investimentos. Isto decorre do fato de o empresário
ao comparar os retornos entre investimentos no setor produtivo e aplicações no setor
especulativo, verifica a taxa de atratividade, a Eficiência Marginal do Capital (EMK) de um
investimento frente à frente as taxas de juros no mercado. E ao estabelecer qual seria mais
lucrativo, ele faz seus desembolsos.
Já as reduções nas taxas de desconto compulsório, de redesconto interbancário e
compra de títulos, tendem a elevar o volume de moeda circulando em determinada economia.
Com tais políticas, logo com maior quantidade de moeda em circulação o efeito é o aumento
positivo sobre os níveis de consumo, alterando as expectativas de rendimentos dos
empresários e desta forma, concorrendo para a condução da economia ao pleno emprego.
A fundamentação teórica keynesiana fora amplamente utilizada à partir da década de
1930, mais intensamente à partir de 1945, consistindo em fórmula decisiva para escapar a
grande depressão, gerando crescimento econômico industrial sem precedentes em várias
economias. Casos notáveis de aplicação da teoria keynesiana fora o Welfare State nos E.U.A.,
o Estado de bem–estar social, onde o governo primou pela concessão de créditos, pelo
elevado volume de gastos militares e por intensa industrialização. No Brasil, dada as suas
especificidades, as políticas de caráter keynesianas, primaram pelo elevado volume de gastos
do governo na industrialização, principalmente à partir da década de 1950 por meio de vários
planos de crescimentos industriais, voltados para a indústria de base, setores energéticos,
infra-estrutura, automobilística e siderúrgicas, bem como a políticas voltadas para expansão
agrícola, conhecida como revolução verde, por meio de concessões de créditos e subsídios.
21

Hunt (1987) afirma que, entre 1947 até meados dos anos 70 os gastos militares do
governo norte-americano situaram em torno de US$ 2 trilhões. Estimativas que levam em
consideração o efeito do multiplicador de gastos, e dentre estas as mais elevadas indicam que
em 1947 os gastos militares representaram 30,5% da demanda agregada e em 1971
responderam em 27,8%. No âmbito do endividamento, o desempenho da economia norte-
americana depois da guerra é devida a este, e representou em relação às famílias 65% em
1955 variando para 93% em 1974. Já em relação às empresas o endividamento variou de US$
400 bilhões em 1946 para US$ 2.500 bilhões em 1974.
Devido aos intensos estímulos à Demanda Agregada, logo à utilização de recursos
naturais, conclui que o sistema capitalista pode ser tratado como um sistema aberto, em que os
pressupostos da teoria keynesiana geram efeitos deletérios sobre o meio, devido a intensa
atividade industrial. Onde variações nos níveis de investimentos e consumo geram por seu
turno elevação na extração de recursos naturais, que decorrentes do processamento destes
recursos no interior do sistema capitalista geram externalidades negativas no meio-ambiente.
A caracterização do sistema capitalista como um sistema aberto ficará evidente no
próximo capitulo, aonde será apresentada a teoria das estruturas dissipativas enquanto própria
para descrever sistemas abertos e dinâmicos, comumente encontrados na natureza. Bem como
serão apresentadas características do sistema capitalista que o faz possível de ser tratado pela
referida teoria para explicar as interações entre sistema econômico e meio-ambiente.
22

3 TEORIA DAS ESTRUTURAS DISSIPATIVAS

O objetivo do capítulo consiste em apresentar as evoluções feitas no campo da


Biologia a partir da década de 1920, que culminaram com a elaboração da Teoria das
Estruturas Dissipativas, pelo Físico-Químico, prêmio Nobel em Química em 1977, Ilya
Prigogine. Apresenta também a referida teoria como própria para descrever sistemas abertos e
afastados do equilíbrio. E ainda, características do capitalismo como passível de ser descrito
pela teoria das estruturas dissipativas. Por se tratar de um sistema econômico aberto a fluxos
de matéria e energia, ou seja, por estar relacionado ao meio-ambiente, aberto a entrada de
recursos naturais como forma de manter seu padrão de organização de crescimento
econômico ou maximizador de consumo, bem como eliminando externalidades.
De acordo com Capra (1996) surgiu em Viena na década de 1920, um grupo de
biólogos denominado internacionalmente de círculo de Viena que possuiam em comum o fato
de acreditarem que os fenômenos biológicos exigiam novas maneiras de pensar,
transcendendo os métodos tradicionais das ciências físicas. Dentre estes biólogos Ludwig von
Bertalanffy dedicou-se a substituir os fundamentos mecanicistas da ciência por uma visão
sistêmica.
Segundo Capra (1996) Ludwig von Bertalanffy deu um passo fundamental ao
reconhecer que os organismos vivos são sistemas abertos que não podem ser descritos pela
termodinâmica clássica. Ele chamou esses sistemas de "abertos", porque eles precisam se
alimentar de um contínuo fluxo de matéria e energia extraídas do seu meio ambiente para
permanecerem vivos.

O organismo não é um sistema estático fechado ao mundo exterior e contendo


sempre os componentes idênticos; é um sistema aberto num estado (quase)
estacionário ... onde materiais ingressam continuamente vindos do meio ambiente
exterior, e neste são deixados materiais provenientes do organismo. Diferentemente
dos sistemas fechados, que se estabelecem num estado de equilíbrio térmico, os
sistemas abertos se mantêm afastados do equilíbrio, nesse "estado estacionário"
caracterizado por fluxo e mudança contínuos. (CAPRA 1996, p. 55)

Segundo Capra (1996) um tratamento mais completo que incorporasse as descobertas


de Bertalanffy só seria desenvolvido com o conceito de Estruturas Dissipativas. Trata-se de
um modelo da Teoria Geral dos Sistemas Vivos (TGSV), desenvolvido pelo físico-químico
Ilya Prigogine, com o objetivo de observar padrões de estabilidade longe do equilíbrio. Quer
dizer, diferentes daqueles descritos pela termodinâmica clássica. A teoria das estruturas
23

dissipativas serve para sublinhar a íntima interação que existe entre a estrutura, de um lado, e
o fluxo e a mudança ou dissipação, de outro.
Porém Ilya Prigogine se interessou primeiramente pelos fenômenos biológicos. De
acordo com Prigogine ( apud Capra, 1996) “Eu estava muito interessado no problema da vida.
Sempre pensei que a existência da vida está nos dizendo alguma coisa muito importante a
respeito da natureza” E ainda segundo Prigogine (1977, p.226) “Pareceu-me, então, que
aquelas coisas vivas nos proporcionariam notáveis exemplos de sistemas, que eram altamente
organizados, em que fenômenos irreversíveis desempenhavam papel essencial.”
De acordo com Prigogine (p.226, 1977)

Nossa colaboração era dar à luz um critério de evolução geral que pudesse ser
utilizado longe de equilíbrio em ramificações não lineares, fora do domínio de
validade do teorema de produção de entropia mínima. Os critérios de estabilidade
daí resultantes conduziram à descoberta de estados críticos, de inesperados
desdobramentos e no possível aparecimento de novas estruturas. Essa manifestação
inesperada dos processos de desordem/ordem, longe do equilíbrio que valida a
segunda lei da termodinâmica, constituía a oportunidade de transformar
profundamente a interpretação tradicional. Além da estrutura de equilíbrio clássica,
para condições longe de equilíbrio suficientes, enfrentávamos agora estruturas
dissipativas coerentes.

De acordo com Capra (1996) estruturas Dissipativas são sistemas comumente


encontrados na natureza, se caracterizam por estarem abertos a fluxos de matéria e energia,
quer dizer, apresentam uma entrada (input) e uma saída (output). Por afastados do equilíbrio
entende-se que são sistemas fluentes, dinâmicos. De acordo com Maturana e Garcia (1997) se
caracterizam desta forma por uma derivação estrutural, significando que, por estarem em
constante interação com seu ambiente, ou abertos a fluxos de matéria e energia, o sistema
possui laços de retro-alimentação. Ou seja, mudanças estruturais no sistema causam mudanças
estruturais em seu ambiente, que por sua vez, afetará o sistema. Sendo assim, o conceito de
derivação estrutural pressupõe que exista uma interdependência dinâmica entre sistema e
ambiente. De tal forma que, para o sistema manter seu padrão de organização estável,
dependerá do fluxo de matéria e energia oriundas de seu ambiente a percorrer todo o sistema,
de forma que interrompido esse fluxo o sistema tende a desintegrar-se.

Estruturas dissipativas são ilhas de ordem num mar de desordem, mantendo e até
mesmo aumentando sua ordem às expensas da desordem maior em seus ambientes.
Por exemplo, organismos vivos extraem estruturas ordenadas (alimentos) de seu
meio ambiente, usam-nas como recursos para o seu metabolismo, e dissipam
estruturas de ordem mais baixa (resíduos). Dessa maneira, a ordem "flutua na
desordem", (...) embora a entropia global continue aumentando (PRIGOGINE apud
CAPRA, 1996, p.151 )
24

Enfim, a teoria das estruturas dissipativas serve para descrever sistemas que: a) Estão
abertos a fluxos de matéria e energia, portanto utilizando-se de fontes de sintropias positivas e
por outro lado gerando elevada entropia. Em outros termos, captam recursos do ambiente e
eliminam externalidades, resíduos. b) Apresentam um padrão de organização emergente a
partir de um ponto crítico. Para Prigogine (1977) é também estável, a mesma estrutura global
se conserva, apesar do fluxo e da mudança constantes dos seus componentes. Uma estrutura
dissipativa é caracterizada por Paiva (2001, p.7) como “um processo de auto-organização que
se desenvolve no não-equilíbrio que freqüentemente resulta em uma estrutura que apresenta
uma forma muito mais complexa de comportamento. Sua característica distintiva é que ela
requer uma entrada contínua de energia para ser sustentada.” Este processo é demonstrado por
Capra (2002, p.88) através de um caso clássico de auto-organização, a instabilidade de
Bénard.

Prigogine (...) se voltou para o fenômeno (...) da convecção, do calor, conhecido


como "instabilidade de Bénard", que é hoje considerado como um caso clássico de
auto-organização. No começo do século, o físico francês Henri Bénard descobriu
que o aquecimento de uma fina camada de líquido pode resultar em estruturas
estranhamente ordenadas. Quando o líquido é uniformemente aquecido a partir de
baixo, é estabelecido um fluxo térmico constante que se move do fundo para o topo.
O próprio líquido permanece em repouso, e o calor é transferido apenas por
condução. No entanto, quando a diferença de temperatura entre as superfícies do
topo e do fundo atinge um certo valor crítico, o fluxo térmico é substituído pela
convecção térmica, na qual o calor é transferido pelo movimento coerente de um
grande número de moléculas. A essa altura, emerge um extraordinário padrão
ordenado de células hexagonais ("favo de mel"), no qual o líquido aquecido sobe
através dos centros das células, enquanto o líquido mais frio desce para o fundo ao
longo das paredes das células.

De acordo com Capra (1996) a análise dessas "células de Bénard" mostrou que, “à
medida que o sistema se afasta do equilíbrio (isto é, a partir de um estado com temperatura
uniforme ao longo de todo o líquido), ele atinge um ponto crítico de instabilidade, no qual
emerge o padrão hexagonal ordenado.”
De acordo com Capra (1996, p.89) “Prigogine e seus colaboradores descobriram que,
como no caso da convecção de Bénard, esse comportamento coerente emerge de maneira
espontânea em pontos críticos de instabilidade afastados do equilíbrio”.
Não apenas o caso da instabilidade de Bénard, mas de acordo com Paiva (2001, p.1), a
maioria dos fenômenos encontrados na natureza, e até mesmo no comportamento humano
podem ser descritos pela teoria das estruturas dissipativas, por apresentarem de um lado
ordem e estabilidade e de outro a desordem e a irregularidade. Exemplos de tais fenômenos
25

seriam, as mudanças no clima, redemoinhos de vento ou redemoinhos em geral, movimentos


irregulares em taxas de lucros, em preços de ações e no dólar.
Ademais, Paiva (2001) cita uma empresa como exemplo de uma estrutura dissipativa,
pois resumidamente uma empresa é um sistema que recebe uma entrada, tais como matérias-
primas, mão-de-obra, pedidos e transforma estas entradas em uma saída, que é o produto
acabado, os lucros, salários, serviços. Uma empresa está em constante interação com seu
ambiente, de forma que o resultado de um período alimenta o período posterior.
Um outro exemplo citado por Capra (1996) de uma estrutura dissipativa seria a célula,
pois se encontra aberta a fluxos de materiais do ambiente e elimina resíduos. Ademais, uma
célula apresenta um padrão emergente que é sua própria organização, ou seja, uma célula está
aberta a fluxos de materiais através de interações recorrentes com o ambiente a fim de manter
seu padrão emergente, que é sua organização. Outros exemplos poderiam ser citados como
exemplo de estruturas dissipativas, que são os organismos vivos, sub-sistemas e outros
sistemas sociais.

As estruturas dissipativas formadas por redemoinhos de água ou por furacões só


poderão manter sua estabilidade enquanto houver um fluxo estacionário de matéria,
vindo do meio ambiente, através da estrutura. De maneira semelhante, uma estrutura
dissipativa viva, como, por exemplo, um organismo, necessita de um fluxo contínuo
de ar, de água e de alimento vindo do meio ambiente através do sistema para
permanecer vivo e manter sua ordem. (CAPRA, 1996, p.134).

Uma estrutura dissipativa se constitui em dois momentos. O primeiro momento é


linear e corresponde a segunda lei da termodinâmica, onde os escoamentos são mínimos. O
segundo é não-linear, o processo se torna irreversível e só pode ser descrito pela
termodinâmica de sistemas irreversíveis.
O primeiro momento, segundo Capra (1996) se caracteriza por estar próximo ao
equilíbrio. Neste estágio há processos de fluxos, de escoamentos, porém fracos. Neste caso o
sistema será conduzido a um estado de entropia mínima, minimizando seus escoamentos,
permanecendo tão perto quanto possível do equilíbrio.
A figura 01 trata-se de uma representação de uma estrutura dissipativa. Num primeiro
momento apresenta um padrão linear, no entanto a partir de um ponto crítico apresenta um
padrão caótico, não-linear, passa a um novo estado de ordem.
26

Figura 01 – Representação Gráfica – Estrutura Dissipativa

X t+1

Fonte: Adaptado de HUGO E. da GAMA CERQUEIRA


UFMG – CEDEPLAR (2000, p.17)

O sistema se afasta do equilíbrio ao aumentar gradativamente os fluxos de matéria e


energia. Neste estágio os escoamentos são mais fortes, a entropia se eleva e o sistema não
tende mais ao equilíbrio. Encontra instabilidades que o leva a novas formas de ordem e afasta
o sistema cada vez mais do equilíbrio. A complexidade é crescente e o conduz ao segundo
momento.
Segundo Capra (2006) no segundo momento, é caracterizado como não-linear, onde à
partir de um ponto crítico, o sistema passa a se comportar como um todo, tornando impossível
integrar o sistema a partir de suas partes. Neste ponto de passagem de equilíbrio para o não-
equilíbrio emerge espontaneamente um padrão ordenado.
De acordo com Capra (2002, p.22)

Quando o fluxo de energia aumenta, o sistema pode chegar a um ponto de


instabilidade, chamado de “ponto de bifurcação”, no qual tem a possibilidade de
derivar para um estado totalmente novo, em que podem surgir novas estruturas e
novas formas de ordem. Esse surgimento espontâneo da ordem nos pontos críticos
de instabilidade é um dos conceitos mais importantes da nova compreensão da vida.
27

Tecnicamente, denomina-se “auto-organização”,- e, em língua inglesa, é muitas


vezes chamado simplesmente de emmergence, (...) ou surgimento.

Segundo Capra (1996) A principal característica observada é a ocorrência do


fenômeno emmergence, que são definidos como surgimento de comportamentos coerentes e
espontâneos, afastados do equilíbrio, que é uma característica auto-organizativa e se
caracteriza, pelo surgimento espontâneo de novas formas de ordem.
Sendo assim, de acordo com Capra (1996) as estruturas dissipativas além de manterem
longe do equilíbrio podem até mesmo apresentar saltos de inovação. A criatividade, a
inovação, o surgimento aparece quando é aumentado fluxo de energia e matéria através da
estrutura, podendo passar por novas instabilidades e se transformar em novas estruturas de
complexidade crescente.
De acordo com Capra (2002) a partir do ponto crítico cumpre um papel importante o
conceito de laços catalíticos, laços de retro-alimentação e ainda laços de amplificação. São
estes laços que farão o sistema a se comportar como um todo e emergir para uma nova forma
de organização. Embora as estruturas dissipativas recebam sua energia do exterior, as
instabilidades e os saltos para novas formas de organização são os resultados de flutuações
amplificadas por laços de retro alimentação positivos. Desse modo, a amplificação da
realimentação que gera um "aumento disparado", aparece como uma fonte de nova ordem e
complexidade na teoria das estruturas dissipativas.
De acordo com Capra (1996) conclui-se que uma perturbação não estará limitada a um
único efeito, mas tem possibilidade de se transformar em formas cada vez mais amplas. Ela
pode até mesmo ser amplificada por laços de realimentação interdependentes, capazes de
obscurecer a fonte original da perturbação. Sendo assim, a partir do ponto crítico o sistema
perde sua previsibilidade, sua reversibilidade e apresenta vários caminhos. A trajetória que o
sistema seguirá a partir do ponto crítico dependerá das condições iniciais, de sua história.
Segundo Capra (1996) a partir do ponto crítico surge um elemento de indeterminação
na teoria. Não há possibilidade de previsão a não ser em espaços muito curtos de tempo.
Torna-se impossível saber qual trajetória o sistema seguirá a partir do ponto crítico. Pois a
partir deste se torna altamente não linear, devido a laços de retro-alimentação, onde são
gerados vários caminhos que dependem das condições iniciais, da história do sistema. Torna-
se então imprevisível, ou seja, oscilações mínimas no ambiente determinarão qual trajetória
seguir.
28

3.1 O Sistema Capitalista

Não apenas os organismos vivos, mas sistemas sociais e sub-sistemas sociais podem
ser descritos pela teoria das estruturas dissipativas. No caso, uma economia capitalista possui
características próprias a serem descritas pela referida teoria. Sendo a primeira o fato de estar
aberta a um contínuo fluxo de matéria e energia, oriundas de fontes de sintropia positiva como
meio de manter seu padrão de organização. Quer dizer, uma economia capitalista para manter
seus processos de produção, consumo e geração de lucros recorre ao meio ambiente de onde
são extraídos os recursos e energia para efetuá-los, significando que possui uma entrada e uma
saída.
A segunda característica decorre do fato de estar aberta aos fluxos de matéria e
energia, significa que elimina resíduos destes recursos processados, elimina dejetos,
externalidades negativas em seu ambiente, concorrendo para elevar a entropia, a desordem,
enfim possui uma saída. Em seu interior, apresenta um padrão de organização, seja ele de
maximização de consumo, investimento ou de crescimento econômico, que é o próprio padrão
de organização das economias capitalistas, onde uma parte dos recursos captados é deixada
dentro do sistema.
Desta forma, as alterações no interior do sistema capitalista, mais precisamente
alterações em seus processos de consumo e produção geram consequentemente alterações na
estrutura do meio-ambiente, devido a existência de uma interdependência dinâmica entre
sistema e meio-ambiente. Essa interdependência pode ser claramente visualizada por meio do
conceito de derivação, ou acoplamento estrutural, onde

Dado o determinismo estrutural, uma vez que um sistema surge, seu acontecer
consiste necessariamente numa história de interações recorrentes com os elementos
de um meio que surgem com ele e o contém. Além disso, tal história de interações
recorrentes entre o sistema e o meio transcorre necessariamente como uma derivação
estrutural. Isto é, tanto a estrutura do sistema quanto à estrutura do meio mudam
necessariamente e de maneira espontânea de um modo congruente e complementar
enquanto o sistema conserva sua organização e coerência operacional com o meio
que lhe permite conservar sua organização. Isso acontece numa dinâmica de
complementariedade operacional na qual um observador vê o sistema deslocar-se no
meio seguindo o único curso que pode seguir na conservação de sua organização,
num processo no qual as estruturas do sistema e do meio mudam conjuntamente de
maneira congruente até que o sistema se desintegra. (MATURANA E GARCIA,
1997, p. 30)

De tal forma que, à medida que se intensifica o fluxo de matéria e energia no interior
do sistema, ocorre o surgimento de novos padrões de consumo. A ordem dentro do sistema, a
29

manutenção da organização ocorre mediante a substituição de baixa entropia na natureza pela


emergência de desordem, de elevada entropia.
Se a teoria das estruturas dissipativas trata de fenômenos distantes do equilíbrio,
apresentando o surgimento de ordem em meio a desordem, esta pode servir para descrever
sistemas econômicos, bem como o sistema capitalista. Como apresentando ordem
(crescimento econômico, novos níveis de consumo) em meio a desordem crescente (impactos
ecológicos).
Os impactos ecológicos gerados pela atividade econômica são mais facilmente
compreendidos ao visualizar o sistema capitalista como um sistema aberto. Na próxima seção,
a teoria das estruturas dissipativas será acoplada aos princípios da teoria keynesiana com o
objetivo de demonstrar como a intensificação nos processos de consumo e investimento,
alteram a estrutura do meio, gerando impactos ecológicos. E por sua vez, como tais impactos
provocam alterações no sistema econômico gerando uma economia com tendências
inflacionárias e aumentos pela demanda por bens públicos. Nestes termos, a política
econômica funciona como um determinismo estrutural, enquanto processo que define e
redefine a estrutura do sistema capitalista como deletéria. Que por sua vez determina, de
forma congruente e complementar a estrutura do meio, alterando-a.
30

4 TEORIA DAS ESTRUTURAS DISSIPATIVAS ACOPLADA A TEORIA


KEYNESIANA

O objetivo do capítulo consiste em apresentar, mediante a Teoria das Estruturas


Dissipativas como o aumento nos volumes de investimento e consumo, estimulados por meio
de políticas econômicas expansionistas, alteram a estrutura do meio e intensifica os impactos
ecológicos.
A dinâmica ocorre e pode ser visualizada por meio da Figura 02, onde ao tentar manter
o padrão de organização do sistema capitalista, de elevado consumo o Governo se utiliza de
políticas que levem a esse objetivo, ou seja, de políticas fiscais expansionistas. Concorrendo
para elevar investimentos e consumo, bem como a captação de recursos naturais e o volume
de emissões, de externalidades negativas, de dejetos fora do sistema, no meio-ambiente. Neste
caso cumpre um papel importante, variáveis que impactam sobre o meio. Políticas de
estímulos a demanda agregada, que induzem a aumentos das exportações e aumentos nos
investimentos, se constituindo num arco que mantêm, estimulando a extração de recursos
naturais e a geração de externalidades negativas.

Figura 02 - DINÂMICA ENTRE SISTEMA ECONÔMICO E MEIO –


AMBIENTE – FLUXOGRAMA

Fonte: Elaboração própria


31

Para elevar o volume de investimentos por meio de uma política fiscal expansionista o
governo manipula variáveis econômicas tais como, redução na taxa de juros; aumento nos
gastos governamentais; redução tarifária; aumento da carga tributária, com intuito de financiar
os investimentos estatais; políticas de incentivos a exportação; concessão de créditos, dentre
outros. Desta forma ao exercer política fiscal expansionista o governo eleva ou cria condições
para os aumentos na produção e conseguinte, mantêm o padrão de organização do sistema
capitalista. E como este ocorre de forma interdependente, complementar e congruente ao
meio, eleva a extração de recursos naturais, senão de fontes de sintropia positiva e aumenta
em seu meio-ambiente a desordem, ou seja, o grau de entropia por meio de externalidades
negativas.
De outro modo gera impactos no meio-ambiente por meio de política monetária
expansionista ao manipular variáveis tais como, redução na taxa de juros, redução na taxa de
redesconto ou comprando títulos. Agindo assim, eleva a Eficiência Marginal do Capital
(EMK) frente à frente as taxas de juros no mercado, alterando as expectativas de retorno dos
agentes, dos empresários. Provocando maior inversão de investimentos, que por sua vez
tende a elevar a utilização recursos naturais e a emissão de externalidades.
Logo, ao aplicar uma política econômica de cunho keynesiana com o intuito de
conduzir a economia a nível de pleno emprego, há intensificações no fluxo de matéria e
energia circulando dentro do sistema econômico, maior utilização de fontes de sintropia
positiva e maior volume de emissões de poluentes.
De acordo com o conceito de derivação estrutural ou acoplamento estrutural12
levantado por Maturana e Garcia (1997), alterações no sistema capitalista geram alterações
estruturais no meio ambiente. Que por sua vez, decorrentes das alterações no meio-ambiente,
geram alterações no sistema econômico. Este fenômeno ocorre devido a relações recorrentes
entre sistema capitalista e meio, por aquele ser dependente deste para manter seu padrão de
organização. Alterações nos processos de consumo e produção geram alterações no meio-
ambiente devido a intensificação na utilização de recursos, gerando impactos ecológicos. Tais
impactos impactam sobre o sistema econômico na forma de uma economia com tendências
inflacionárias e com aumentos na demanda por bens públicos, geradas por redução na
qualidade de alimentos, endemias, etc.
De acordo com o gráfico 01 e 02 para cada nível de produto ou para cada ponto de
equilíbrio entre as curvas de demanda agregada e oferta agregada há um nível correspondente

12
Ver conceito de Derivação estrutural p. 20
32

de externalidades. De tal forma que, os níveis de externalidades são elevados toda vez em que
o crescimento econômico é expandido. Sendo assim, conclui que a busca pelo pleno emprego
dos fatores de produção intensifica ou eleva as externalidades negativas ou impactos
ecológicos.

GRÁFICO 02 E 03 - INTERDEPENDÊNCIA DINÂMICA ENTRE SISTEMA


ECONÔMICO E MEIO13

13
Onde:
N = Corresponde a níveis de emprego
AO = Curva de Oferta Agregada
DA = Curva de Demanda Agregada
Y = Níveis de Renda ou Produto
E = Externalidades
Z = Ponto crítico, conhecido também por ponto de bifurcação, ponto da passagem do equilíbrio para o não
equilíbrio.
33

Fonte: Elaboração Própria. (Adaptado de Dornbusch e Fischer; HUGO E.


da GAMA CERQUEIRA UFMG – CEDEPLAR (2000, p.17)
Mediante a teoria das estruturas dissipativas, num primeiro momento, representado
pelo intervalo que vai de E1 a E2, tais impactos seriam minimizados pela capacidade de auto-
organização do meio. Este primeiro momento é considerado como um estado de entropia
mínima e neste estágio a capacidade de auto-organização do meio-ambiente ocorre
proporcionalmente às variações nos níveis de externalidades. Em conformidade com o fluxo
de matéria e energia processado no interior do sistema econômico, bem como de emissões.
Ou seja, o meio processa as externalidades emitidas pela expansão da economia de tal forma
que o dano é mínimo.
Entretanto, a busca contínua pelo pleno emprego dos fatores de produção,
representada nos gráficos 01 e 02 pelas variações no produto de Y1 para Y2 tende a conduzir o
as externalidades geradas pelo sistema a um ponto crítico (Z)14. A partir deste segundo
momento, devido a laços de retro-alimentação, tais externalidades se tornariam auto-
produtoras. Quer dizer que, estas passariam a autogerar-se, não apenas em função da atividade
industrial, mas inclusive, das externalidades de um período anterior. Neste estágio, à partir do
ponto crítico, onde os níveis de investimentos igualariam e posteriormente se fariam maiores
que a capacidade de auto-organização da terra, conduziria as interações entre sistema e meio a
uma nova forma de organização, passando de um estágio de entropia mínima para um estágio
de elevada desordem.
Em outros termos, neste estágio com o multiplicador de gastos keynesiano (k) e uma
variação nos níveis de investimentos (AI) poderá ocasionar um volume (1+x) de
externalidades. Isso se torna possível devido aos laços de amplificação que é característica de
toda estrutura dissipativa, de todo sistema aberto encontrado na natureza. Não é possível
definir o novo nível de externalidades, pois à partir do ponto crítico (Z), devido aos laços de
amplificação e retro-alimentação, o sistema se torna altamente não-linear, impossibilitando
qualquer previsão que não seja num curto espaço de tempo.
Ademais, o processo é irreversível. Significando que, mesmo mantendo os níveis de
investimentos estáveis, os laços de amplificação não se estabilizarão. Neste sentido, os efeitos
entrópicos da atividade econômica num determinado momento (t) dependerão das ações, das

14
Segundo Capra (1996) matematicamente, um ponto crítico representa uma dramática mudança da trajetória
do sistema no espaço de fase. Um novo atrator pode aparecer subitamente, de modo que o comportamento do
sistema como um todo "se bifurca", ou se ramifica, numa nova direção. Ao tratar das mudanças climáticas para o
Greenpeace (2007) o ponto crítico se situaria a um aquecimento de 2º C aos níveis pré-industriais.
34

atividades ocorridas num período anterior (t-1), da história do sistema e das condições
iniciais.
Sendo assim, conclui-se que as ciências econômicas ao ter em suas bases modelos de
crescimento econômico, centrados na ênfase conferida a aumentos de investimentos e
consumo, haverá uma tendência de impactar de forma deletéria sobre os ecossistemas. Esta
mudança estrutural no meio ambiente, devido a alterações nos processos econômicos gera de
forma retroativa e reiterada, um feixe de impactos no sistema econômico, tais como aumento
na demanda por bens públicos, inflação de custos.
Os gráficos 03 e 04 evidenciam que uma política econômica expansionista, seja ela
fiscal ou monetária, quer dizer, uma política que ocorra mediante gastos do governo,
subsídios e redução das taxas de juros, gera impactos positivos sobre os volumes de
investimento, elevando assim o bem-estar. Pois havendo maior crescimento, logo maior
demanda, uma vez que, os empresários farão a revisão de suas expectativas e farão seus
investimentos em setores produtivos, elevando a contratação dos fatores de produção,
resultando num aumento dos volumes de investimento (formação bruta de capital fixo).
O gráfico 03 demonstra a evolução da Formação bruta de capital fixo no Brasil
durante o período de 1908 a 2007. De tal forma que até inicio da década de 1950 esta evolui
de forma estável. A partir de 1950, com a forte intervenção do Estado na economia por meio
de política industrial através de uma série de planos, a formação bruta de capital fixo eleva se
abruptamente, explodindo a partir de 1964 por meio dos planos Plano Nacional de
Desenvolvimento (PND I) Plano Nacional de Desenvolvimento (PND II) voltados para a
construção de infra-estrutura e indústria pesada.
35

GRÁFICO 04 – FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO - R$ DE 1980 – 1908 –


2006.

1,2

0,8

0,6
0,4

0,2

0 1912
1908 1916192019241928193219361940194419481952195619601964 196819721976198019841988199219962000
2004

Fonte: IPEADATA, (2007)

O aumento da formação bruta de capital fixo por se tratar de um componente da


demanda agregada (investimentos) eleva o crescimento econômico da economia, medido por
meio da evolução do PIB. O gráfico 04 reflete a evolução do PIB no período de 1947 a 2006.

GRÁFICO 05 - EVOLUÇÃO DO PIB – BRASIL – 1947 -2006

2500000

2000000
1500000

1000000

500000

0 195019531956195919621965196819711974197719801983198619891992199519982001
1947 2004

Fonte: IPEADATA, (2007)


O aumento nos níveis crescimento econômico é refletido em maiores volumes de
emprego, renda disponível, concorrendo para os aumentos no consumo. Sendo assim os
efeitos de tal política, resulta em aumento dos níveis de produção e consumo de combustíveis
fósseis. Esse aumento é demonstrado pelo aumento na produção e consumo de carvão
mineral, petróleo e derivados de petróleo nos gráficos 05, 06 e 07.
36

Da mesma forma que a FBKF, demonstrada no gráfico 03, apresenta saltos


significativos a partir da década de 1950, a mesma trajetória é observada na produção e no
consumo de combustíveis fósseis.

GRÁFICO 06 – PRODUÇÃO DE CARVÃO MINERAL – BRASIL – 1920 – 1947

Fonte: IPEADATA, (2007)

GRÁFICO 07 – CONSUMO APARENTE DE CARVÃO – BRASIL – 1901 - 1987

35000

30000

25000

20000

15000

10000

5000
Fonte: IPEADATA, (2007)
0
01
08
15
22
29
36
43
50
57
64
71
78
85
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19

Fonte: IPEADATA, (2007)


Ano
Fonte: IPEADATA, (2007)
37

GRÁFICO 08 – CONSUMO APARENTE – DERIVADOS DE PETRÓLEO – BARRIL


(MIL) – 1979 - 2006

1600

1400

Consumo - Barril (mil) 1200

1000
Consumo aparente -
800 derivados de petróleo -
Barril (mil)
600

400

200

0 Fonte: IPEADATA, (2007)


79

82

85

88

91

94

97

00

03

06
19

19

19

19

19

19

19

20

20

20
Fonte: IPEADATA, (2007)

Os gráficos 03 a 07 demonstram ser o padrão de organização de uma economia


constituído por crescente volume de consumo e crescimento econômico, demonstra ainda
como necessário para manter o referido padrão de organização, recorrer ao meio, ao fator
terra captando recursos naturais por meio de extração de jazidas de minérios, carvão, petróleo,
etc.
Ao processar tais recursos no seio do sistema capitalista elimina externalidades tais
como emanações, emissões de gases e resíduos. A captação, a utilização e o processamento
dos recursos naturais geram externalidades tais como: empobrecimento do solo,
desertificação, desmatamento, poluição dos rios, emissões e emanações de gases.
Por exemplo, as emissões mundiais de CO2 referentes a produção de cimento entre
1928-1998 foi de cerca de 5 Gt C (OAKRIDGE, 2002). O gráfico 08 mostra o volume de
emissões globais anuais na produção de cimento. A tabela 01 mostra a posição do Brasil no
ranking entre os principais emissores, bem como a quantidade de emissões, referentes a
Dióxido de Carbono (CO2)
38

GRÁFICO 09 - EMISSÕES GLOBAIS ANUAIS LÍQUIDAS DA PRODUÇÃO DE


CIMENTO – 1927 – 1998

Fonte: OAKRIDGE, 2002. MCT (2007)

O gráfico 08 demonstra que as emissões mundiais de dióxido de carbono na produção


de cimento de 1927 a 1945 se mantiveram estáveis e com um crescimento mínimo.
Entretanto, a partir de 1945 o volume de emissões começa a elevar-se. De forma que de 1945
a 1962 atingem um quádruplo. De 1962 a 1997 as emissões de Dióxido de Carbono elevam
em 300%.
Já a Tabela 01 que especifica os volumes de emissões, na primeira linha, ao longo do
período de 1928 a 1998 e posteriormente de 20 em 20 anos, demonstra que as emissões de
Dióxido de Carbono no Brasil, originárias da produção de cimento, acompanham a tendência
mundial. Uma vez que as emissões durante o período de 1928 a 1950 apresentam menor nível.
No entanto, a partir de 1945, durante o período de 1950 a 1970 estas elevam para 11.465 1000
tc, justamente no período em que se intensifica o processo desenvolvimentista no Brasil.
Marcado pela construção financiada pelo Estado de grandes obras e investimentos em infra-
estrutura, inspirada na teoria keynesiana referentes a gastos do governo e financiamento da
atividade produtiva mediante endividamento.
39

TABELA 01 - DIÓXIDO DE CARBONO CO2 - PROCESSOS INDUSTRIAIS -


EMISSÕES DE CO DA PRODUÇÃO DE CIMENTO – BRASIL

Período (Entre) 1000 t c Ranking


1928-1998 105.207 12

1928-1950 1.714 20

1950-1970 11.465 16

1970-1990 55.147 10

1990-1998 36.882 9

Fonte: OAKRIDGE, 2002. MCT (2007)

Referente a Mudanças no Uso da Terra e Florestas, as emissões globais entre 1700 e


1990 foram de aproximadamente 176 Gt C. A tabela 02 por sua vez, apresenta os volumes de
emissões originárias a mudanças na utilização do solo e demonstra que o período de 1950 a
1970 fora o que houve maiores volume de emissões, atingindo o pico de 2.290.901.943 1000
tc. Período que coincide com maior intensificação no uso do solo, marcado pela expansão da
fronteira agrícola devido a vários incentivos e subsídios concedidos pelo governo, bem como
incorporação de novas técnicas e tecnologias agrícolas. Esse período fora conhecido como “A
Revolução Verde” .
As externalidades são tidas, num primeiro momento por escoamentos mínimos e num
segundo momento se tornam auto-produtoras. Tais externalidades passam a intensificar
outras, e a partir de crescentes emissões geram por sua vez o aquecimento do planeta, a
destruição da camada de ozônio, gerando enfim, mudanças climáticas tais como tornados,
furacões, etc. Estes fenômenos são possíveis ocorrerem de forma auto-organizada, pois a
partir de um ponto crítico15, o sistema se comporta como um todo, de forma não-linear, onde
vários fenômenos ocorrem em função dos demais. Os laços de auto-amplificação e retro-
alimentação faz com que a extração de recursos e a emissão de externalidades, tais como a
emissão de gases provoque um aumento disparado, onde parte de uma externalidade alimenta
outra, que por sua vez alimenta outra. Por exemplo, a queima de combustíveis fósseis e a

15
Segundo Capra (1996) matematicamente, um ponto crítico representa uma dramática mudança da trajetória
do sistema no espaço de fase. Um novo atrator pode aparecer subitamente, de modo que o comportamento do
sistema como um todo "se bifurca", ou se ramifica, numa nova direção. Ao tratar das mudanças climáticas para o
Greenpeace (2007) o ponto crítico se situaria a um aquecimento de 2º C aos níveis pré-industriais.
40

agricultura geram gases de efeito estufa, que por sua vez, aquecerão o planeta e a estratosfera,
provocando oscilações na temperatura, nas chuvas, nas secas e degelos. Estes últimos
provocarão a elevação dos níveis dos oceanos, inundações, prejuízos e maior demanda por
bens públicos.

TABELA 02 - EMISSÕES DA MUDANÇA NO USO DO SOLO - BRASIL


Período (Entre) 1000 t c Ranking
1700-1990 7.635.951.420 4

1700-1750 511.598.566 6

1800-1850 1.069.747.377 6

1850-1900 1.218.578.031 7

1900-1950 2.007.471.957 5

1950-1970 2.290.901.943 1

1970-1990 7.091.270 20
Fonte: MCT (2007)

Juntamente com os efeitos das captações de recursos e com as externalidades o


sistema irromperia num padrão caótico, onde as externalidades de um período gerariam outras
num período presente ou posterior. Para o Greenpeace (2007, p.7) a mudança climática global

conseqüência do incessante aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera do


planeta, já está alterando ecossistemas e causando cerca de 150 mil mortes por ano.
Um aquecimento global médio de 2°C ameaça milhões de pessoas com o aumento
da fome, malária, inundações e escassez de água. O principal gás responsável pelo
efeito estufa é o dióxido de carbono (CO2).

A figura 01 apresenta uma descrição de como ocorre o efeito estufa e como este ao ser
intensificado pelas emissões de dióxido carbono afeta a temperatura do planeta.
41

FIGURA 03 – O EFEITO ESTUFA

Fonte: Greenpeace (2007, p.10)

Segundo Greenpeace (2007, p.10)

O efeito estufa é o processo pelo qual a atmosfera retém parte da energia irradiada
pelo Sol e a transforma em calor, aquecendo a Terra e impedindo uma oscilação
muito grande das temperaturas. Um aumento dos “gases de efeito estufa”,
provocado pela atividade humana, está acentuando esse efeito artificialmente,
elevando a temperatura global e alterando o clima do planeta. Entre os gases de
efeito estufa estão o dióxido de carbono (CO2) - “produzido pela queima de
combustíveis fósseis e pelo desmatamento, o metano” - liberado por práticas
agrícolas, animais e aterros de lixo, e o óxido nítrico – “resultante da produção
agrícola e de uma série de substâncias químicas industriais”.

Segundo o Greenpeace (2007) não obstante tais mudanças climáticas virem a destruir
o modo de vida de muitas pessoas nos países em desenvolvimento e ainda provocar a perda de
espécies e ecossistemas. Outros efeitos, além dos impactos ecológicos tais como o
aquecimento global e as mudanças climáticas, podem ocorrer. Sejam eles, as lutas acirradas
com o objetivo de garantir o acesso aos combustíveis fósseis, que por sua vez levam a
instabilidade política e até guerras.
Segundo Greenpeace (2007) a temperatura do planeta pode elevar até 5.8°C nos
próximos cem anos, consistindo numa alteração climática mais brusca já vivida pela
humanidade. Mudanças climáticas afetam pessoas e ecossistemas. Dentre os impactos
gerados, cita-se o derretimento das geleiras polares, do permafrost16, destruição de recifes de
corais, o aumento do nível do mar. Os prováveis efeitos de um aquecimento leve a moderado

16
Camada de gelo que cobre o solo do continente antártico.
42

podem elevar o nível do mar devido a derretimento de geleiras e pela expansão térmica dos
oceanos; liberar maiores quantidades de gases efeito estufa com o derretimento do
permafrost; e aumentar os fenômenos climáticos extremos tais como, calor excessivo, secas e
inundações e perda da biodiversidade.
Os efeitos catastróficos de longo prazo podem gerar, de acordo com Greenpeace
(2007) o derretimento irreversível da manta de gelo da Groenlândia, e consequentemente a
elevação em mais de sete metros do nível do mar; grandes liberações de metano, devido ao
degelo do permafrost, aumento da concentração desse gás na atmosfera que oportunamente
pode provocar maior aquecimento.
Conclui que tais impactos tendem a repercutir sobre o sistema econômico na forma de
um aumento imprevisível nos prejuízos, dada a instabilidade e a imprevisibilidade dos
impactos. Gerando por sua vez, um aumento imprevisível na demanda por bens públicos e
ainda, economias com tendências inflacionárias, devido a crescente escassez de recursos
energéticos, fontes de combustíveis fósseis e perdas de produção.
Ademais, a partir de um ponto crítico o meio se caracteriza por ser hipersensível a
condições iniciais, onde num estágio altamente não-linear torna-se extremamente sensível a
história do sistema, enfim, uma mínima alteração na composição da demanda agregada haverá
de elevar as instabilidades, os impactos ecológicos. Torna se, então dependente dos níveis de
consumo, investimentos do governo, das empresas, dos setores mais desenvolvidos. Neste
estágio a teoria se apresenta totalmente imprevisível, não-determinística, carregada de
incerteza, e não se pode prever qual direção o sistema irá percorrer.
A irreversibilidade do sistema evidencia que mesmo estagnando a atividade
econômica, os impactos ainda perdurarão. Esta característica se deve ao fato de que distante
do equilíbrio os impactos ocorrem não apenas em função da atividade antrópica, mas em
função das próprias externalidades, diz-se que ele se comporta como um todo.
Auto-similaridade17 seria o fato de em qualquer instância, seja no âmbito da economia
mundial, de uma economia nacional, uma indústria, as interações entre o meio ocorrerem de
uma maneira muito similar, ou seja, captando recursos e eliminando externalidades como
forma de manter um padrão de acumulação, de organização ou de concorrência. Auto-

17
Paiva (2001) usa como metáfora os galhos de uma árvore que se bifurcam cada vez mais até chegar nas micro-
nervuras da folha, possuindo o mesmo padrão de bifurcação e conceitua auto-similaridade como a existência de
padrões dentro dos padrões que mesmo diferentes, são sempre similares.
43

similaridade é conceituada como a presença de padrões muito similares, não iguais, mas
parecidos dentro de outros padrões.
Dada as características intensificadoras dos impactos ecológicos, as soluções possíveis
consistem em: a) minorar a captação de recursos; b) reduzir as emissões de externalidades
negativas; c) reduzir os processos no interior do sistema capitalista, ou seja, desestimulando a
demanda agregada; c) alteração da composição da demanda agregada, no sentido de dotá-la
com alternativas de investimento, gastos e consumo que minimize impactos sobre o meio,
bem como estabelecimento de política tributária (eco-impostos) e comercial com os mesmos
fins; d) redirecionamento da política econômica do governo de forma a existir integração
entre programas de preservação ambiental e programas de crescimento econômico, para que
as políticas ambientais não ocorram de forma contraditória; e) substituição da utilização de
combustíveis fósseis por fontes de energias renováveis.
No próximo capítulo serão apresentadas algumas alternativas no âmbito da teoria
keynesiana que se caracterizem por serem tecnicamente e economicamente viáveis e que
minimize os impactos decorrentes da atividade econômica.
44

5 POSSÍVEIS SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS

Se por meio das políticas econômicas, fiscais e monetárias é definida uma infra-
estrutura deletéria. Uma das medidas para obter a sustentabilidade ocorre por meio dos
mesmos processos, ou seja, via política econômica. Buscando redefinir uma nova infra-
estrutura produtiva. Eliminando tecnologias sujas e substituindo por tecnologias limpas, com
o objetivo de minorar os impactos ecológicos. Sendo assim, o capítulo tem por objetivo
apresentar soluções consistentes com a teoria keynesiana, que se caracterizem por serem
economicamente e tecnicamente viáveis para tratarem dos fluxos de energia e resíduos. Tais
medidas estão relacionadas a substituição de combustíveis fósseis por energias de fontes
renováveis, entretanto não serão apresentadas aqui soluções relacionadas à agricultura e a
emissão de poluentes por veículos automotores.
A conclusão a que se chega é de que as soluções únicas capazes de amenizar tais
impactos haverão de ser soluções sustentáveis, entendida como a capacidade do sistema
capitalista manter seu padrão de organização, afetando de forma mínima o meio-ambiente.
Para que tais soluções sejam tidas como sustentáveis deve obedecer aos pressupostos de
manter: a) a estabilidade18 do meio; b) a auto-organização do meio; c) de elevar os níveis de
emprego, mantendo o padrão de organização do sistema capitalista e d) de fechar
organizacionalmente o sistema econômico aos fluxos de matéria e energia.
Para o greenpeace (2007) dentre os princípios fundamentais que devem ser seguidos,
cita-se a) implantação de sistemas de energia limpa, renováveis e descentralizadas; b) a
eliminação gradual de energias sujas e não sustentáveis. c) desvinculação do crescimento
econômico do uso de combustíveis fósseis.

5.1 Energias renováveis.

De acordo com o Greenpeace (2007) o crescimento econômico está intimamente


relacionado com a utilização de energia, de tal forma que à partir de 1971 para cada aumento
de 1% no crescimento econômico global há um incremento de 0,6% no consumo de energia
global. Afirma ainda que não há falta de energia e estabelece como alternativa a utilização das
tecnologias disponíveis no mercado para aproveitamento da energia de maneira eficiente,

18
De acordo com SHIKI (1997, p. 139) “É a propriedade da sustentabilidade na qual a produtividade do sistema
se mantém constante, frente a pequenas distorções causadas por variações ecológicas e sócio-econômicas.”
45

dada a disponibilidade, a viabilidade e a competitividade das energias renováveis e medidas


de eficiência energética.
Segundo o Greenpeace (2007) a energia solar que a Terra recebe é de cerca de um
quilowatt por metro quadrado, sendo que a energia renovável disponível é 2.850 vezes maior
do que as necessidades do planeta, entretanto apenas 1% está tecnicamente acessível. Desta
forma, dentre as soluções sustentáveis as que se destacam são as energias renováveis, por
apresentarem vantagens de serem abundantes, tecnicamente acessíveis, por serem
descentralizadas. Dentre elas cita-se a eólica, a biomassa, a fotovoltaica, a solar térmica, a
geotérmica, a oceânica e as hidrelétricas.
De acordo com o Greenpeace (2007) estas formas de energia apresentam
características comuns de produzirem pouco ou nenhum gás de efeito estufa e por serem
originárias de fontes naturais inesgotáveis. Apesar de algumas destas tecnologias serem
competitivas, seu desempenho está relacionado a investimentos em pesquisa,
desenvolvimento e inovação, a aumentos do preço dos combustíveis fósseis. De acordo com
Greenpeace (2007, p. 7) “as reservas de energias renováveis - tecnicamente acessíveis
globalmente – são suficientes para oferecer cerca de seis vezes mais energia do que o mundo
consome atualmente, para sempre.”
Dentre as vantagens de se utilizar sistemas descentralizados e sustentáveis de energia
são apontadas o fato de produzirem menores quantidades de emissão de carbono; possuírem
custos relativamente baixos; podem ser produzidas, distribuídas e consumidas regionalmente;
criam mais empregos e constitui-se em mecanismo de desenvolvimento regional dando mais
poder a comunidades locais. Ademais, sistemas descentralizados são mais seguros e mais
eficientes.

Atualmente, as fontes de energias renováveis fornecem 13% da demanda mundial de


energia primária. Cerca de 80% do fornecimento de energia primária ainda vem dos
combustíveis fósseis e os 7% restantes vêm da energia nuclear. A biomassa, que é
utilizada principalmente para aquecimento, é a principal fonte de energia renovável.
(GREENPEACE, 2007, p. 39)

Dentre as razões para incluir na matriz energética as energias renováveis cita-se o fato
de a) a demanda por energia apresentar tendência a elevar-se com o crescimento populacional
e crescimento econômico; b) devido a tendência dos custos de produção de energia fóssil
aumentarem c) a crescente escassez de recursos ou a dificuldade de extração geradas pela
redução na qualidade da matéria prima e d) devido ao custo de emissão de poluentes sempre
crescente.
46

De acordo com o Greenpeace (2007, p.39)

Há um premissa de que o uso de combustíveis fósseis ficará mais caro com o passar
do tempo à medida que as emissões de CO2 passam a ser valoradas. Os valores
estimados para as emissões de CO2 podem variar de R$ 41 a R$ 138 por tonelada de
carbono (US$ 15 a 50 por tonelada de carbono no período de 2010 a 2050).

Ao contrário do que se observa com os combustíveis fósseis, os custos de energias


renováveis tendem a reduzir à partir de 2030. Tais custos apresentam uma tendência de serem
menores que o custos das energias fósseis, ou seja, as energias renováveis apresentam
tendência de apresentarem competitividade crescente frente àquelas que apresentam um
desempenho decrescente, a saber, as de origem fósseis.
De acordo com o Greenpeace (2007, p.39)

Ao incluir no cálculo os valores para emissões de CO2, entre 2010 e 2040, observa-
se uma redução gradual por volta de 3,5% na diferença de custos entre os dois
cenários. (...) Neste período, os custos do Cenário da Revolução Energética passam
a ser de R$ 0,07 e R$ 0,11 por kWh maiores do que os custos do Cenário de
Referência. Já em 2050, o custo de eletricidade previsto no cenário da Revolução
Energética fica pouco abaixo do custo do Cenário de Referência. Esta redução na
diferença de custos deve-se à participação significativa de recursos fósseis na matriz
do Cenário de Referência.

De acordo com o gráfico 09 o mesmo fenômeno ocorre com a trajetória dos custos de
investimentos em energias renováveis. De forma que, estes tendem a reduzir com o tempo,
principalmente a partir de 2010, isto se deve aos ganhos de escala, a curva de aprendizagem e
a diluição de custos fixos inerentes a energias renováveis.

GRÁFICO 10 – EVOLUÇÃO FUTURA DOS CUSTOS DE INVESTIMENTOS COM


ENERGIA RENOVÁVEIS

Fonte: Greenpeace, (2007, p.33)


47

Utilizando o final da década de 2000 como ponto de referência, observa-se que todas
as alternativas energéticas renováveis apresentam, de acordo com projeções, queda nos custos
de investimentos, principalmente até 2020. À partir de então os custos de investimentos
continuam a cair, porém de forma mais rígida, ou estável. Dentre as alternativas, aquelas que
mantêm os custos mais elevados estão a biomassa (usinas elétricas) com projeção de redução
de custos em 20% até 2060; a eólica com redução de custos em acima de 50% até 2060; e a
biomassa (aplicações CHP) com projeção de redução de custos em 65% até 2060.
Entretanto, dentre as alternativas que apresentam maiores reduções de custos estão a
solar (PV) e a oceânica com projeção de redução de 80% nos custos até 2060, e a solar
térmica (sem estocagem) com redução nos custos de investimentos projetada em 70% até
2060.

A adoção de tecnologias renováveis (...) aumenta o custo de geração elétrica entre


R$ 0,10 e R$ 0,20 por kWh, entre 2010 e 2040. Esta diferença cai para apenas R$
0,03 por kWh no horizonte final da análise devido à redução dos custos das
tecnologias eólica e solar, que responderão por uma parcela significativa da matriz
elétrica em 2050. (GREENPEACE, 2007, p.48)

Outra vantagem de incrementar a matriz energética com renováveis decorre de um


dado interessante em relação aos picos de produtividade energética entre usinas hidrelétricas e
campos eólicos no Brasil, evidenciando que fontes de energias renováveis podem ser
utilizadas de forma complementar e até solucionar crises energéticas. O gráfico 10 demonstra
que no período em que a produção de energia eólica atinge um ponto mínimo de
aproximadamente 100 MWh, a vazão do Rio São Francisco atinge o ponto máximo superior a
5000 m3/s entre os meses de fevereiro e Março. O mesmo fenômeno ocorre novamente entre
Setembro e Outubro, porém a vazão do São Francisco atinge o mínimo de 1000 m3/s e os
campos eólicos 300.000 Mwh, enfim apresentando picos de produção alternados,
possibilitando complementar o suprimento de energia elétrica.
48

GRÁFICO 11 - EVOLUÇÃO DA VAZÃO DO RIO SÃO FRANCISCO E EVOLUÇÃO


DA PRODUÇÃO (MWH) POR EÓLICAS

Fonte: Ministério de Minas e Energia/ PROINFA, (2007)

Além das fontes de energias renováveis são apresentadas ainda, medidas de


eficiência energética como forma de minorar os impactos ecológicos, de acordo com o
Greenpeace (2007) dentre as medidas são destacados o transporte eficiente de passageiros e
cargas, inovações referentes a isolamento térmico e projetos de construção responsáveis por
uma econômica mundial de energia em 46%.

5.2 Políticas econômicas voltadas para as energias renováveis

Desta forma, para que sejam implementadas tecnologias, serviços e produção de


energias renováveis, a política econômica, no curto prazo deve voltar-se no sentido de: a)
incrementar os gastos do governo na forma de subsídios a energias renováveis tais como, a
eólica, a solar, a biomassa, fotovoltaica, etc. b) por meio de concessão de crédito, fomentar a
produção e a distribuição de energias renováveis; c) subsidiar programas de P, D&I com o
objetivo de obter inovações no âmbito do setor energético relacionados a serviços e
equipamentos; d) tributar por meio de eco-impostos os setores intensivos em recursos e
energia, a utilização de combustíveis fósseis e isentar ou reduzir a carga tributária de setores
que trabalham com energia renováveis; e) estabelecer política comercial que estimule a
importação de tecnologias e serviços no âmbito das tecnologias limpas; f) investir nos setores
de P,D&I com o intuito de oferecer alternativas de consumo e de processos industriais.
49

Uma porcentagem definida e crescente de empréstimos do setor energético


direcionada a energias renováveis e projetos de eficiência energética; a rápida
eliminação de subsídios explícitos e implícitos a empreendimentos de energia
convencional e poluente. (GREENPEACE, 2007, p. 7).

São exigidos pelo Greenpeace (2007) a eliminação de toda proteção do Estado a


combustíveis fósseis, bem como a responsabilização das externalidades pelas empresas, ou
seja, a taxação do poluidor. E ainda, retorno estável e certo aos investidores e a eliminação de
processos burocráticos demorados por procedimentos claros no âmbito do licenciamento,
produção e distribuição de energia originária de fontes renováveis.
O argumento para que tais medidas sejam efetivadas decorrem de serem os subsídios a
combustíveis fósseis responsáveis por provocarem a redução do preço da energia. E como a
energia renovável se caracteriza por uma tecnologia ainda não-madura, com poucos subsídios,
esta é colocada à margem do mercado. A eliminação dos subsídios a energias fósseis e
nucleares estimularia a competição no setor, dadas características das energias renováveis
(tempo de construção de uma usina, aporte de capital, tempo de maturação do investimento,
durabilidade da planta, etc. ). Com a eliminação dos subsídios, as renováveis teriam menor
necessidade de proteção por se tornar competitiva.
De acordo com o Greenpeace (2007, p. 86)

Fontes convencionais de energia recebem subsídios estimados em US$ 250-US$ 300


bilhões por ano em todo o mundo, resultando em mercados profundamente
distorcidos. O WorldWatch Institute estima que o total mundial de subsídios ao
carvão é da ordem de US$ 63 bilhões, enquanto só na Alemanha o total é de US$ 21
bilhões, incluindo apoio direto de mais de US$ 85.000 por mineiro.

Segundo o Greenpeace (2007) para elevar a competitividade no setor energético deve


haver a inclusão dos custos externos no preço da energia, por meio da aplicação do princípio
do “poluidor pagador”, cobrando taxas de emissores e compensando aqueles que não poluem.

5.3 Energia Nuclear

Entretanto, mesmo apresentado baixa quantidade de emissão de dióxido de carbono a


energia nuclear apresenta algumas desvantagens que a desqualifica enquanto energia
sustentável e são feitas objeções quanto a classificação e utilização da energia nuclear como
limpa, pois segundo Greenpeace (2007) apresenta elevados custos, se caracteriza por desviar
recursos de energias limpas, facilitadora do desenvolvimento de armas nucleares, geradora de
50

instabilidades geopolítica, ineficaz para solucionar problemas ecológicos e ademais por não
gerar empregos.
Segundo Greenpeace (2007) os recursos destinados a energia nuclear possuem a
capacidade de gerar em menor tempo o dobro da quantidade de energia se fossem destinados
a energia eólica e quatro vezes mais se investidos em eficiência energética. Sendo assim, a
construção de usinas nucleares concorre para produção de maior quantidade lixo radioativo,
que por sua vez exigem cuidados especiais por milhares de anos para que não contaminem o
ambiente e causem danos à saúde humana, significando um custo de vigilância muito elevado
para as gerações futuras.

5.4 Outras soluções

Outras soluções apontadas por Capra (2002) consistem em adotar uma economia de
serviços e fluxos, redução dos incrementos estatais da produção e consumo no setor privado a
favor de investimentos em setores de serviços público tais como transporte, educação e assis-
tência à saúde. No longo prazo as políticas devem orientar-se no sentido de distribuir a renda
com o intuito de controlar a natalidade e reduzir desta forma o crescimento populacional.
51

6 CONCLUSÕES

Este trabalho tratou em demonstrar as características entrópicas das políticas


econômicas inspiradas na teoria keynesiana. Ou seja, impactos ecológicos intensificados
devido a aplicações políticas econômicas fiscais e monetárias de caráter expansionistas,
devido à ênfase conferida a gastos do governo como meio de elevar o consumo e investimento
e consequentemente os níveis de emprego e crescimento econômico.
Sendo assim, conclui-se que o sistema capitalista pode ser tratado como um sistema
aberto, por se utilizar de fontes de recursos naturais, bem como eliminando externalidades
negativas, como forma de manter seu padrão de organização de elevado consumo e
crescimento econômico. Logo, possível então de ser descrito pela teoria das estruturas
dissipativas.
Que políticas econômicas de inspiração keynesiana, centradas na ênfase aos gastos do
governo como forma de atingir o pleno emprego dos fatores de produção são deletérias,
devido a utilização intensiva dos recursos naturais e pelo elevado grau de emissões e
emanações decorrentes do processamento destes insumos.
Concluímos ainda, que as relações interdependentes entre sistema capitalista e meio
podem ser tratadas como uma derivação estrutural. Onde os processos de consumo e
investimentos, originados e estimulados no seio do sistema capitalista, alteram a estrutura
deste. Que por sua vez altera a estrutura do meio, onde o sistema se encontra inserido. Que
oportunamente, de forma reiterada, impacta sobre o sistema capitalista dando origem a uma
economia com tendências inflacionárias, com elevação de demanda por bens públicos e a
incapacidade crescente do Estado em financiar os prejuízos advindos dos impactos
ecológicos. Sendo assim, ambos sistemas se modulam de maneira complementar e
congruente, onde as interações entre sistema capitalista e meio se caracterizam por uma
interdependência dinâmica.
A contribuição notável deste trabalho se encontra no âmbito do comportamento das
externalidades negativas. Onde à partir de um ponto crítico estas se apresentam como auto-
produtoras e auto-organizativas, devido a presença de laços catalíticos de auto-amplificação.
Ocorrendo, não apenas em função do nível de atividade econômica presente ou da
composição da demanda agregada, mas em função das externalidades de um período
imediatamente anterior ou ainda em função da soma das externalidades de período anteriores,
obscurecendo a fonte inicial de perturbação. Caracterizando-se ainda, por serem irreversíveis
52

e hipersensíveis a condições iniciais, ou seja, à composição e aos estímulos à demanda


agregada.
Conclui ainda, que mesmo não sendo iguais, há padrões dentro de padrões, que são
similares, onde a característica do sistema capitalista como um sistema aberto é válida em
outras instâncias, no âmbito das economias capitalistas, dos sub-sistemas sociais, dos setores
industriais, empresas e famílias, ou seja, tendo em comum entre si o fato que todos captam
recursos ao meio e eliminam externalidades negativas com o intuito de manter seu padrão de
organização.
Tais conclusões evidenciam que um mercado de externalidades ou o tratamento que
vem sendo dado a estas questões, mediante a teoria do bem-estar social, se tornam ineficazes.
Pois estabelecer um mercado de externalidades, dada as suas dificuldades não minoram os
impactos ecológicos, ao contrário, ao acreditar que se está oferecendo um tratamento
adequado à questão, tende a postergar e obnublinar a fonte original do problema. (por
exemplo, dada as especificidades do comportamento das externalidades demonstradas neste
trabalho, como calcular o preço de degelo das regiões antárticas? Como calcular o preço de
emissões de dióxido de carbono se seus impactos não estão limitados a um único efeito e
tampouco a um local? Posteriormente a quem responsabilizar por estes impactos? ). Sendo
assim, concluímos que, para minorar a intensificação dos impactos ecológicos, a política
econômica deve voltar-se no sentido de estimular a substituição de combustíveis fósseis por
fontes de energias renováveis. Fomentar o conhecimento de ativos ecológicos e o
estabelecimento de arranjos produtivos ecológicos entre empresas de forma a reutilizar
subprodutos e resíduos, focalizando na produtividade do fator de produção terra.
No entanto, no âmbito das medidas com o intuito de minorar os impactos, ao contrário
do que se faz crer Shiva (2007) e Capra (1982) estagnar o crescimento econômico não deve
ser tida como uma medida sustentável eficaz, principalmente às economias subdesenvolvidas.
Pois ao reduzir o crescimento econômico haverá de reduzir os níveis de emprego e consumo,
refletindo numa medida geradora de instabilidades no sistema econômico, senão perversa à
população das referidas economias, uma vez que, estas ocorrem a elevados níveis de
desemprego, com salários baixos e estáveis. Nestes termos, os investimentos, o crescimento
econômico devem ser qualificados, voltados para energias renováveis, tecnologias brandas,
novos processos no âmbito das indústrias e alternativas de consumo. A discussão em torno da
estagnação da atividade produtiva, e da socialização das reduções de emissões deve levar em
consideração o grau e a forma de desenvolvimento das economias, o grau de impacto que tal
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medida geraria em economias e populações mais pobres, bem como questões relativas a
equidade.
No longo prazo as medidas devem ocorrer no sentido de redistribuir a renda das
economias desenvolvidas a favor das subdesenvolvidas e das elites das economias
subdesenvolvidas a favor das camadas mais pobres, e paulatinamente oferecendo alternativas
de consumo, de investimento e tecnologias que minimizem tais impactos. Conclui que o
estado tende a uma incapacidade crescente de financiar os prejuízos advindos de tais
impactos, bem como a ser gerada economias com tendências inflacionárias por motivos tais
como, crescente escassez de recursos naturais e energéticos e pela perda de produtos
alimentícios.
Depois de demonstrado como ocorrem as interações entre sistema capitalista e meio,
conclui que o sistema capitalista é inerentemente entrópico, ou seja, faz parte da própria
história, senão da natureza do sistema a intensificação dos impactos ecológicos. Desta forma,
as soluções apresentadas, longe de resolver o problema ou de esgotar o assunto possuem o
objetivo de amenizar os impactos da atividade de econômica. Apontam ainda a necessidade
de se verificar de uma forma mais completa quais economias possuem maior peso nas
emissões e na intensificação dos impactos ecológicos. Esta analise, no entanto requer a
explicação de como se deu a expansão da forma capitalista de produção a partir da revolução
industrial. Sendo assim, há a necessidade de ser referenciada pela teoria dependência
econômica e verificar as possíveis explicações. Vistos sob este aspecto, a principal conclusão
a que se chega é que o problema ecológico e sua minoração tratam-se de um problema
econômico com soluções político-econômicas.
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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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