Directora:

Novembro/Dezembro 2021
ISSN: 1645-443X - Depósito Legal: 86929/95 Ano LI- nº 410
Praça D. Afonso V, nº 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL
EDITORIAL

Natal: tempo forte para abrirmos os

nossos corações ao Deus, que incarnou, nas-
ceu e viveu pobre, para nos enriquecer com a
LAICADO DOMINICANO

sua pobreza. Ora, este enriquecimento espiri-

tual foi precisamente um legado importante
que Nosso Senhor Jesus Cristo nos deixou. E
porquê? Porque quis nascer junto dos rejeita-
dos de Israel, que viviam na periferia e ti-
nham má fama: os pastores. E estas pessoas
concretas testemunharam o que São João
Baptista anunciou, enquanto precursor de
Cristo, no Rio Jordão. Jesus não veio para
reinar, como muitos pensariam na altura;
veio sim para nos orientar para a dinâmica
do serviço. E serviu dando-nos o mais impor-
tante dos mandamentos: amar a Deus com
toda a nossa alma, com toda a nossa força e
com todo o nosso entendimento, e ao próxi- remos mesmo abrir os nossos corações à re-
mo como a nós mesmos. A palavra fez-se car- velação de Deus em Belém?
ne, e habitou entre nós. Foi pessoa como nós
somos, excepto no pecado. Um desafio: que- José Alberto Oliveira, OP

ASSEMBLEIA ELECTIVA das Fraternidades de Elvas, Estremoz, Pare-

A 6 e 7 de Novembro, reuniu-se na Casa
de Nª Srª do Carmo, em Fátima, a Assem-
bleia Provincial Electiva das Fraternidades
Leigas de São Domingos. Estiveram presen-
tes, para além do Conselho Provincial, e do
seu Promotor Fr. Mário Rui, representantes
de, Porto, Idanha-a-Nova, Macedo de Cava-
leiros e Fátima. Estiveram presentes também
alguns elementos em formação inicial vindos
de Estremoz e de Idanha e a Irª Celina como
assistente religiosa da Fraternidade da Pare-
de.
No inicio da Assembleia foi apresentado
o novo texto e livro que contém os Estatutos
das Fraternidades da nossa Província, que
incluiu a Regra, as novas Declarações Gerais
e o Estatuto provincial, actualizado pelo
Conselho Provincial e aprovado pelo Mestre
Geral. O Gabriel Silva apresentou de forma
breve as principais alterações e actualizações
realizadas.
Após uma oração preparatória, a Assem-
bleia procedeu á escolha do número de ele-
mentos a compor o Conselho (5) e proce-
deu á eleição da presidente provincial, vindo
(continua na página seguinte)

ASSEMBLEIA PROVINCIAL
(continuação da página anterior)
a recair a escolha na Cristina Busto que assim
fará um segundo mandato. A Assembleia elegeu se-
guidamente os restantes 4 membros do Conselho,
que na sua primeira reunião votaram os respectivos
cargos, resultando em Luís Santos Vice-presidente,
Lurdes Santos, secretária, Filomena Piçarra adminis-
tradora provincial e Gabriel Silva, formador.
No domingo de manhã, a presidente provincial
apresentou o Relatório de Actividades do mandato
cessante (2017-2021). Do mesmo constam as reuni-
ões do Conselho provincial realizadas e a organiza-
ção de 2 Retiros de preparação Quaresmal. O primei-
ro, em 2018 sob o tema : «Justiça Paz e Ecologia». Em
2019 o tema foi «Neste mundo barulhento, há lugar para
o silêncio?», em 2020 «Comunhão, comunidade e fraterni-
dade». De realçar que se prosseguiu a já tradicional
equipa mista de pregadores, com o convite a um fra-
de, uma religiosa e um/uma leiga em todas as edi-
ções, e que os mesmos contaram com a participação
de uma média de 30 pessoas de todo o país.
Em Outubro de 2017, os Fraternidades portugue-
sas tiveram a alegria de participar e colaborar na or-
ganização da Assembleia Europeia das Fraternidades
que pela primeira vez se realizou no nosso país.
No ano seguinte, 2018 ocorreu, também em Fáti-
ma, a Assembleia Mundial das Fraternidades que
contou com a participação e dezenas de delegados
vindos de todos os continentes e uma viva participa-
ção de membros da Cúria, incluindo o Mestre geral,
o qual também já havia estado na assembleia euro-
peia. As Fraternidades participaram com os seus dele-
gados e tiveram ainda um equipa de apoio durante o
evento.
O Conselho Provincial participou activamente
nas 12 reuniões havidas do Conselho da Família Do-
minicana e dinamizou a participação das fraternida-
des nos vários eventos, como sejam palestras, passei-
os e dias de convívio, peregrinação do Rosário e da
FD, etc.
Também sob responsabilidade do Conselho Pro-
vincial, o jornal «Laicado Dominicano» manteve a
sua publicação que alcançou já o seu 52º ano ininter-
Laicado Dominicano Novembro/Dezembro 2021
rupto de publicação. Dinamizou também o site na
internet www.leigosdomincanos.org.
Fruto das alterações feitas á Regra e em resultado
das novas Declarações Gerais emitidas pelo Mestre
Geral, procedeu-se á revisão dos Estatutos provinciais
das Fraternidades, vindo a resultar num novo texto,
aprovado pelo Mestre Geral e promulgado pelo Prior
Provincial. Foi entretanto já feita uma nova edição
dos novos Estatutos que se encontra disponível para
venda a todos os leigos dominicanos.
Procedeu o Conselho Provincial ao acompanha-
mento da vida das Fraternidades, em especial nos
processos de nomeação de assistentes religiosos, na
realização d e eleições nos prazos estatutários , na
visita, sempre que possível ás Fraternidades e na par-
ticipação em eventos dominicanos.
A pandemia alterou o calendário normal da as-
sembleia electiva, tendo o mandato sido prolongado
por mais um ano, de acordo com a directiva do Mes-
tre da Ordem, dado não haver condições, em 2020
para a realização da assembleia. Durante os períodos
de confinamento, o Conselho reuniu á distância,
manteve contacto com as fraternidades em especial
na Quaresma e Advento de 2020 e elaborou uma
reflexão preparatória que foi enviada a todos por
email.
Em termos financeiros, nos 4 anos de mandato,
os contributos das fraternidades ascenderam a 3800
euros, uma media de 950 por ano com natural que-
bra nos anos de 2020 e 2021 por quase ausência de
reuniões locais por parte das Fraternidades. A orga-
nização das assembleias europeias e mundial não
acarretaram despesas relevantes para as fraternidades
(apesar dos custos logísticos envolvidos), fruto especi-
almente das generosas contribuições de entidades e
pessoas amigas da Família Dominicana, de todos os
participantes e donativos vários recebidos. Foram
feitas as contribuições regulares das fraternidades
para o Conselho da Família Dominicana, Conselho
Nacional do Apostolado dos Leigos e contribuições
para os Conselhos europeu e mundial das fraternida-
des.
Houve necessidade de se investir na publicação
dos novos estatutos, que foi a única causa do deficit
existente, mas que será, em principio, recuperado á
media que se vendam os novos estatutos. GS
O Relatório completo e detalhado de actividades
e dados financeiros pode ser consultado em
www.leigosdominicanos.org
2
 Laicado Dominicano
NOTÍCIAS
FRATERNIDADE DE SÃO DOMINGOS
NO PORTO (Nª Srª do Rosário e Cristo-Rei)
A Fraternidade Leiga de S. Domingos no Porto
está de luto.
Perdeu o seu Promotor, o querido frei João Leite.
É uma perda imensa, o frei João era um pilar da Fra-
ternidade de Cristo Rei. A falta que nos vai fazer a
alegria com que ele dava testemunho da sua fé, o mo-
do paciente como ele guiava as nossas discussões para
um caminho frutífero, o tom de acção de graças com
que sempre iniciava a sua oração. A sua pregação,
sempre num modo realista, não terminava sem um
toque de esperança, sem a certeza de que a Misericór-
dia de Deus nos havia de levar à realização das pro-
messas de alegria eterna.
O frei João Leite foi o nosso Promotor desde 1998 e
ao longo destes 23 anos sempre se esforçou por nos
apoiar nas nossas vidas pessoais, de fé e até nas ques-
tões materiais.
Não podemos esquecer o cargo de Promotor Provinci-
al das Fraternidades Portuguesas que desempenhou
entre 2002 e 2009: se no início desconhecia a realida-
de do Laicado Dominicano a nível nacional, rapida-
mente se foi envolvendo nas actividades que do cargo
decorriam, nomeadamente visitando fraternidades,
estando presente junto do Conselho Provincial e par-
ticipando nas Assembleias Europeias do Laicado.
Neste momento de grande tristeza anima-nos a certeza
de que está junto do Pai, velando por nós; consola-
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Novembro/Dezembro 2021
nos a lembrança dos seus 90 anos celebrados há pou-
cos dias, em Fraternidade à volta da mesa, lembrando
o tema do Jubileu “Dies Natalis” do nosso Pai
S.Domingos.
Descanse em paz, querido frei João!
Cristina Busto op
FRATERNIDADE LEIGA DE
SÃO DOMINGOS DE ESTREMOZ
AUGUSTA DE JESUS ALVES
A Presidente da Fraternidade de Estremoz, comu-
nica a todos os irmãos que no passado dia 25 de Ou-
tubro, partiu para o Pai a nossa querida irmã Augusta
de Jesus Alves, com a bonita idade de 99 anos. Irmã
que sempre que pode se reuniu connosco nas reuni-
ões mensais, mas quando deixou de o poder fazer
sempre quis receber o nosso Jornal o “Laicado” para
estar a par das notícias das Fraternidades, desistindo
de receber o mesmo em Janeiro deste ano, não por-
que não gostasse de saber as noticias, mas sim porque
a vista já não lhe permitia ler as mesmas. A Presidente
da Fraternidade de Estremoz, em conjunto com os
membros que tiveram disponibilidade, procuraram
prestar - lhe as devidas homenagens, pedem a Deus
que a tenha na sua glória, a gozar da felicidade eterna.
Amém
A Presidente da Fraternidade
´Cremilde Rodrigues
FRATERNIDADE DE AVANCA
Vitorino: prometeu, persistiu e cumpriu.
Quando em 1987 visitei pela primeira vez a frater-
nidade leiga de Avanca o “Sr. Vitorino” (como sempre
o ouvi tratar com um misto de respeito e carinho) já lá esta-
va: evangelho aberto, voz sonora, presença envolven-
te, jeito enérgico lia um texto e ajudava as várias deze-
nas de membros presentes na reflexão sobre a Palavra
de Jesus. Guardei sempre esta lembrança exemplar.
Partilho-a agora, neste nosso querido jornal, com pe-
culiar emoção, gratidão e honra ao colaborar na justís-
sima homenagem à sua memória.
Recebi várias cartas dactilografadas sempre na
mesma máquina de escrever com notícias, pedidos de
visitas ou ajudas para as reuniões e informações minu-
ciosas sobre o percurso, composição e dificuldades da
(continua na próxima página)

NOTÍCIAS
(continuação da página anterior)
vida da sua queridíssima fraternidade. Afável e
amigo, era igualmente exigente e coerente e assim,
algumas vezes “puxou” e ajudou à diligência da mi-
nha atenção ao maior bem da Fraternidade. Ora, a
exigência vinda de quem a cumpre, faz bem.
Sabia, vivia e incentivava o estudo da Regra dos lei-
gos de São Domingos entre os membros da fraterni-
dade. Sofreu muito à medida que foi presenciando a
natural e crescente perda de vitalidade e capacidade
dos seus membros. Todavia, nunca se conformou a
esta situação, apelando sem desanimar à entrada de
novos membros para a sua renovação.
Antes da pandemia reunimo-nos com a fraternida-
de que apesar da sua fragilidade tenta permanecer fiel
à sua história e vocação. Com os seus noventa e mui-
tos anos, sempre acompanhado de sua filha, estava
presente o Sr. Vitorino participando na reunião.
Guardo o último testemunho que lhe ouvi: “já pouco
posso dizer ou fazer, mas quero acreditar que esta fraterni-
dade não morrerá e que S. Domingos nos há-de trazer mui-
tas pessoas para, não já eu, mas outros depois de mim tor-
narem a ver esta sala cheia…”
Mas o Senhor tem um jeito diferente de fazer, acon-
chegar e consolar: após uma vida longa de noventa e
oito anos, de amor, fidelidade e graça, no dia 18 de
novembro de 2021, partiu ao encontro do Senhor
face a face e, porque professamos a comunhão dos
santos, porventura terá encontrado muitas e muitos das
irmãs e irmãos da fraternidade leiga de São Domingos de
Avanca com quem cá na terra tantas vezes se reuniu….
Há muitos anos atrás o Sr. Vitorino afirmou:
“Prometo que quero viver segundo a regra dos Leigos de São
Domingos POR TODA A VIDA.”
E assim aconteceu: prometeu, viveu, lutou, persis-
tiu e cumpriu até ao fim! Bem-haja querido irmão!
Que sua vida de leigo dominicano estimule o gosto
da nossa pertença à Ordem e participação na sua
missão apostólica no ramo das fraternidades leigas de
São Domingos.
Francisco Piçarra
(leigo dominicano)
Laicado Dominicano Novembro/Dezembro 2021
FRATERNIDADE LEIGA DE
SÃO DOMINGOS EM ELVAS
Foi ordenado Sacerdote no passado dia 8 de De-
zembro, dia da Imaculada Conceição, na Catedral de
Évora o Pe. Tiago Neves Carlos, membro da Fraterni-
dade Leiga de São Domingos de Elvas, pelo Arcebis-
po de Évora D. Francisco Senra Coelho. Estiveram
presentes familiares, amigos, Sacerdotes, bem como a
Fraternidade de Elvas, que encheram a grande Cate-
dral alentejana.
No domingo dia 12 de Dezembro, 3º Domingo do
advento, o Pe. Tiago celebrou a sua Missa Nova na
igreja de são Domingos em Elvas, que se tornou pe-
quena para acolher as muitas pessoas que participa-
ram na Eucaristia, muitos sacerdotes, Diáconos, semi-
naristas, Confrarias da cidade Congregações Religio-
sas a Fraternidade Franciscana de Elvas, escuteiros e
ainda vários sacerdotes das dioceses de Beja e Algarve
quiseram estar presentes, inclusive o Frei Mário Rui,
op Promotor da família Dominicana, além da Frater-
nidade de Elvas esteve também a Fraternidade de Es-
tremoz.
O Coro Beato Aleixo Delgado fundado pelo
Pe. Tiago, solenizou a Eucaristia.
Foi um momento único na vida da nossa fraterni-
dade, ver um membro seu subir ao grau do Sacerdó-
cio que, segundo ele, não tem vocação para Frade Do-
minicano mas tem um carinho muito especial pela
espiritualidade Dominicana que sempre o acompa-
nhou, e pela Fraternidade Leiga de São Domingos de
Elvas onde muito aprendeu e ensinou, à qual se sente
membro, mesmo sendo Sacerdote.
Ao padre Tiago desejamos que seja um Sacerdote
segundo o Coração de Jesus, a Fraternidade de Elvas
tem nele o maior orgulho. Obrigado padre Tiago por
tudo.
Fraternidade Leiga de São Domingos de Elvas.
4

CARTA AINDA FAZ SENTIDO ACREDITAR EM DEUS, 2020
Por Fr. António Jorge OP
Para muitas pessoas não faz sentido colocar a
questão de acreditar em Deus porque acham que Ele
pura e simplesmente não existe ou, então, não é uma
questão prioritária. Outras, embora acreditem em
Deus, acham que Ele está tão distante que não pode-
rá interferir nas suas vidas e, por conseguinte, tam-
bém não adianta perder tempo com Ele.
Creio ser importante referir, de forma telegrá-
fica, alguns momentos da nossa história ocidental.
No Império Romano os cristãos eram vistos, pelos
romanos, como pessoas sem religião (ateus) porque
não adoravam os deuses do panteão romano e outras
divindades romanas. Só tinham um Deus, como os
judeus, mas perante estes também não se sujeitavam
às práticas judaicas contidas no livro da Lei. Seguiam
o Senhor, ou seja, Jesus Cristo, procurando imitá-lo
no seu estilo de vida: observando os seus ensinamen-
tos, ajudando-se mutuamente e reuniam-se para orar,
sobretudo para celebrar a Ceia do Senhor no primei-
ro dia da semana, que passou a chamar-se Domingo
(dia do Senhor).
No período do ilu-
minismo, os deístas
e os teístas negaram
a Revelação, ou
seja, que Jesus Cris-
to seja Deus. Conti-
nuaram a acreditar
em Deus, mas num
Deus muito distan-
te de nós. Deus
passou a ser visto
como um relojoei-
ro que depois de
colocar o relógio em movimento não interfere nele.
Deste modo, acabaram por se afastar do cristianismo,
negando aquilo que carateriza o cristianismo em rela-
ção às outras religiões: Deus assumiu a nossa condi-
ção humana.
No século XIX Ludwig Feuerbach, ao rejeitar
o deísmo e o teísmo, deu origem ao ateísmo (negação
de Deus) por achar que a crença em Deus era uma
forma de alienação do ser humano que projetava os
seu desejos num suposto ser superior, em vez de fazer
pela vida. Seguiram-se-lhe os chamados filósofos da
suspeita: Karl Marx, Friedrich Nietzsche e Sigmund
Freud que desenvolveram essa teoria, que teve os
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Laicado Dominicano Novembro/Dezembro 2021
seus aspetos positivos, mas que não eremos abordar
agora.
Perante o atual cenário de pandemia algumas
pessoas questionam-se: se Deus é bom e omnipotente
porque permite que isto aconteça? Se Ele é omnipo-
tente, ou seja, que tem um poder infinito, então por-
que não faz algo para todo este mal não nos atinja?
Se não o faz é porque não é omnipotente ou, então,
não é bom!
São questões complexas e sensíveis que exi-
gem ser tratadas com muito cuidado para não au-
mentar ainda mais o sofrimento de quem as coloca
ou de quem passa por situações de muito sofrimen-
to. São questões que exigem uma cuidadosa reflexão
e análise dos conceitos que usamos. Que poder infi-
nito é esse? O que entendemos por poder de Deus?
Há um pequeno e precioso livro do Padre Vasco Pin-
to Magalhães (Se Deus é bom porque sofremos?) que
aborda esta temática com mestria. Poderá ser uma
boa leitura para o tempo de férias.
Outras pessoas acham que tudo isto é castigo
de Deus por causa do mal que praticámos não só
contra a natureza, mas também no que se refere a
todo o tipo de mal moral. É uma conceção de um
deus castigador que nada tem a ver com o Deus que
Jesus Cristo nos dá a conhecer.
O Deus que Jesus Cristo nos dá a conhecer
apresenta-se-nos como nosso aliado, querendo o nos-
so bem. Está do nosso lado e não do lado do vírus e
da pandemia, porque com a ressurreição de Jesus
Cristo abriu-nos um caminho de salvação e de liber-
tação.
Deus que é amor respeita a nossa liberdade:
propõe, não impõe. Mas também não deixa de convi-
dar-nos para o bem e ajudar-nos a pratica-lo. Nunca
nos abandona. Nós podemos desistir d’Ele, mas Ele
nunca desiste de nós. Desde o momento em que Ele
encarnou, na Pessoa do Seu Filho, uniu-se, de certa
forma, a toda a humanidade. Está presente, embora
não totalmente, no mais íntimo de cada um de nós e
aí cada pessoa pode acolhê-lo ainda mais na medida
em que procura o que é bom, belo, justo, verdadeiro
e sublime. Também vem ao nosso encontro de mui-
tas formas, sobretudo através das pessoas que coloca
nosso caminho e nos ajudam a caminhar no bem e a
viver os valores do verdadeiro humanismo, mesmo
que essas pessoas não creiam n’Ele ou sejam de ou-
tras religiões e de outras culturas muito diferentes da
nossa. “Onde há caridade e amor aí habita Deus”.
 Laicado Dominicano
FAMÍLIA DOMINICANA
CAPÍTULO PROVINCIAL DOS FRADES
A partir do dia 10 de Janeiro, Memória de São
Gonçalo de Amarante, os frades dominicanos da Pro-
víncia de Portugal reunir-se-ão em Capítulo Provincial
em Fátima, para, entre outros assuntos, proceder à
eleição do novo Prior Provincial que governará a Pro-
víncia ao longo do próximo quadriénio.
In dominicanos.pt
CAPÍTULO GERAL
A partir de 16 de Julho de 2022 reunir-se-á o Capi-
tulo Geral dos frades, na cidade de Tultenango, no
México. Será um capitulo de Definidores. Petições e
questões deverão ser enviadas até dia 17 de Janeiro de
2022 para o secretário do capítulo Fr. Armando Hec-
tor Reys Vásquez OP.
OP
Uma vez que em algumas províncias os leigos do-
minicanos usavam, ou eram levados a usar, outras si-
glas para além de OP para se identificarem como
membros da Ordem, o que causava confusão, o Capi-
tulo Geral de 2019 pediu a uma Comissão que apre-
sentasse uma proposta de solução, para posterior deci-
são pelo Mestre Geral. Em 9 de Novembro passado o
Mestre Geral publicou a sua decisão pelo qual, quan-
do um leigo membro das Fraternidades Leigas se quei-
ra identificar como membro da Ordem dos Pregado-
res com as pós-niciais, apenas deve usar as siglas OP e
não quaisquer outras.
A carta completa pode ser lida em icldf.org e em
leigosdominicanos.org. GS
65ª PEREGRINAÇÃO DO ROSÁRIO E DA FA-
MÍLIA DOMINICANA
Entre os dias 25 e 26 de Setembro, último fim-de-
semana do mês de Setembro, em Fátima, realizou-se a
Peregrinação Nacional do Rosário e da Família Domi-
Novembro/Dezembro 2021
nicana, após a suspensão forçada ocorrida o ano pas-
sado, por ocasião da pandemia. Este ano, por causa
do mesmo problema, que, infelizmente, ainda não
está totalmente superado, as celebrações desta 65ª Pe-
regrinação tiveram que ser simplificadas, mas foram
vividas com a habitual intensidade espiritual por parte
dos peregrinos, entre os quais muitos rosaristas. O
tema escolhido para este ano foi o de "Ano de São
José e Ano da Família". Presidiu às celebrações o Se-
nhor D. Augusto César, Bispo emérito de Portalegre e
Castelo Branco, um grande amigo da nossa Província.
O Prior Provincial, frei José Nunes, esteve presente na
Saudação Inicial a Nossa Senhora, no primeiro dia de
peregrinação, tendo feito uma alocução sobre o desíg-
nio da fraternidade à luz da vida da Virgem Maria.
Além do promotor da obra do Rosário, frei José Car-
los Lucas, da comunidade de Fátima, participaram
nestas celebrações os seguintes irmãos: de Lisboa, o
frei Filipe Rodrigues e os estudantes frei Isaac e frei
Geraldo; e do Porto, o frei Gonçalo Diniz, que acom-
panhou um grupo de peregrinos da paróquia de Cris-
to Rei. A acompanhar o grupo de Lisboa esteve tam-
bém o Pedro Mangana, postulante que, se Deus qui-
ser, irá começar brevemente a sua caminhada no No-
viciado da nossa Província.
In: dominicanos.pt
MÊS DOMINICANO PARA A PAZ:
2021 VENEZUELA
Este ano, a iniciativa «Mês Dominicano para a
Paz» foi dedicada á Venezuela., país que tanto tem
sofrido por problemas políticos e económicos.
No dia 11 de Dezembro decorreu uma jornada de
oração e solidariedade de toda a Família Dominicana
portuguesa com um programa a que assistiriam online
elementos dos diversos ramos. O evento contou com
um programa a que inclui um momento musical por
parte do Movimento de Jovens Dominicanos de São
João de Ver, a leitura e comentário de um texto bíbli-
co por parte das Fraternidades Leigas de São Domin-
gos , um poema por parte das Irª de Sta Catarina de
sena, uma conferência por parte do frade, professor e
autor Fr. Felicísimo Martinez op seguido de momen-
to de partilha e questões, terminando com oração fi-
nal por parte do Cardeal Tolentino de Mendonça OP
e os cânticos Salve e Lumen por parte das monjas do-
minicanas. GS
6
 Laicado Dominicano
FAMILIA DOMINICANA NA VENEZUELA E
PROJECTO CIDADANIA E ESPERANÇA
A Família Dominicana, imersa no tecido social da
Venezuela, dá o seu contributo para a construção de
uma sociedade mais justa e humana, promovendo os
valores do Evangelho em cada uma das suas presen-
ças e apostolados: paróquias, vicariatos, escolas e
obras sociais. No meio da situação social, política e
económica que o nosso país atravessa, procuramos
responder em cada uma das nossas presenças, for-
mando cidadãos livres, responsáveis, independentes,
insubstituíveis, racionais, sujeitos de direitos e deve-
res.
Estamos presentes em 6 paróquias e servimos
mais de 600 crianças e jovens na catequese sacramen-
tal e mais de 500 membros dos vários grupos apostó-
licos que são acompanhados; 32 escolas nas quais
servimos 21.815 estudantes e membros do pessoal de
1967 para chegar a mais de 16.000 famílias.
O projecto CIDADANIA E ESPE-
RANÇA é realizado através de 4
programas que nos permitem co-
brir de forma ampla e organizada o
nosso objectivo geral: "Formar cida-
dãos do ideal educativo dominica-
no que, à luz da fé e dos valores
cristãos e cívicos, reforcem a defesa
dos direitos humanos na Venezuela
através do exercício da cidadania. "
1 . - Educando para a Paz. Em aliança com a organiza-
ção "Educando para a Paz", oferecemos às crianças e
jovens das nossas escolas um programa académico
destinado a promover a coexistência, a gestão de con-
flitos e a resolução de problemas através da formação
de professores e guias para cada classe.
2 . Bolsas de Estudo de Pregação. Oferecemos aos estu-
dantes bolsistas, aos seus pais e à equipa do PO Justi-
ça e Paz de cada instituição um programa de forma-
3 . Centro Estudantil Dominicano. Com a oportunida-
de oferecida pelas Vozes Estudantis organizadas em
cada escola, oferecemos aos estudantes a experiência
de viver e defender os valores democráticos e civis de
um processo eleitoral, governação e responsabilida-
de.
4 . Sobre peles mortas. A expressão de São Domingos
Novembro/Dezembro 2021
de Guzman "Não posso estudar sobre peles mortas,
enquanto os meus irmãos estão a morrer de fome"
inspira-nos a ter compaixão e a tomar acções concre-
tas a favor dos mais necessitados: cantinas, cozinhas
de sopa, lojas de roupa, ajuda financeira às famílias,
doações de alimentos, medicamentos e material esco-
lar, apoio espiritual e psicológico.
In Folheto Mês Dominicano para a paz 2022
As Fraternidades que queiram contribuir financeira-
mente e solidariamente para apoiar este projecto de-
verão contactar o fr. Geraldes, no Convento de Lis-
boa. GS
LEITURAS OPortunas
* Título: ESTATUTOS 2020
Autor: Conselho Provincial Leigo
da Província de Portugal
* Ano: 2020
Na sequencia da Assembleia Internacional das Fra-
ternidades Leigas de São Domingos, realizada em
Fátima, em 2019, a Regra das Fraternidades foi alte-
rada num ponto especifico e o Mestre Geral emitiu
novas Declarações Gerais que no seu conjunto cons-
tituem os elementos normativos das Fraternidades.
Desse modo, o Conselho Provincial Leigo efectuou a
revisão e adaptação dos Estatuto ás novas normas,
tendo os mesmos sido aprovados pelo Mestre Geral
Fr. Gerard Timoner e promulgados pelo Prior Pro-
vincial Fr. José Nunes. Encontra-se agora já publica-
do e podem ser feitas encomendas à Administradora
Provincial, sendo naturalmente indispensável que
cada leigo dominicano das fraternidades tenha o seu
exemplar. GS
7
 Laicado Dominicano Novembro/Dezembro 2021

REZAR A PAZ os sonhos que faz de cada pessoa um peregrino em

QUE COMEÇA DENTRO DE NÓS direção a Ti, Senhor, Mestre da verdadeira paz.

Ensina-nos, Senhor, que é dentro de nós que a paz
começa.
Essa paz que nasce
da reconciliação
com as próprias feri-
das, escutando a
nossa vida interna
em vez de a omitir,
dando espaço e dignidade às dimensões mais vulnerá-
veis do nosso ser, reconhecendo com humildade a
frustração, a violência e a agressividade que também
em nós residem. Só assim seremos capazes de compre-
ender e cuidar das feridas que os outros transportam.
Ensina-nos, Senhor, que é dentro de nós que a paz
começa. Que o nosso coração é uma Assembleia da
ONU ao nosso alcance, uma Conferência de Haia
que não se faz sem nós. Que o nosso coração é um
ativo julgado de paz. E que, sabendo isso, ousemos ser
aquelas e aqueles construtores da paz que Jesus decla-
rou Bem-Aventurados.
Cardeal Tolentino de Mendonça OP,
(Texto lido por ocasião da celebração litúrgica em Família
Dominicana do Mês Dominicano para a Paz em favor da Venezu-
ela)

Ensina-nos, Senhor, essa paz que nasce do perdão,

da capacidade de transformar as nossas quotidianas
armas de guerra em relhas de arado, como diz o profe-
ta. Essa paz que põe a morar lado a lado o lobo e o
cordeiro e a pastar no mesmo campo o filho do leão e
o bezerro. Essa paz que nasce quando deixamos que
um redescoberto olhar de criança se torne efetivamen-
te a nossa visão.

Ensina-nos, Senhor, a paz que não é pré-fabricada,

mas se tece como um lento artesanato. Essa paz que
nasce da arte de colocar em relação fios muito diver-
sos, respeitando a unicidade de cada um e, ao mesmo
tempo, descobrindo o significado profundo da convi-
vialidade e do encontro.

Ensina-nos a paz que não tem vencedores nem ven-

cidos, mas é uma ronda de seres humanos que se dão
as mãos e aprendem a aceitar-se na mútua fragilidade;
seres que abraçam nos seus semelhantes a mesma soli- Senhora da Paz, por Fra Angelico OP
dão que trazem dentro de si, mesmo se em graus dife-
Pormenor do quadro «O último
rentes, e não desistem de valorizar o desejo, as razões e julgamento» (1431)

F I C H A
Jornal bimensal
Publicação Periódica nº 119112 / ISSN: 1645-443X
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