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INTEGRAIS DE LINHA DE CAMPO VETORIAL

Considere o campo vetorial dado pela função vetorial

F(x, y) = ( M(x, y), N(x, y) )


ou
F(x, y, z) = ( M(x, y, z), N(x, y, z), P(x, y, z) )

contínua em uma região D do espaço 2D ou 3D, respectivamente.

Sabemos que M, N e P são funções escalares de duas ou três variáveis,


contínuas em D, das quais podemos calcular integrais de linha em relação à x,
y ou z ao longo de uma curva limitada C, suave ou parcialmente suave e
parametrizada pela função vetorial dada por

r(t) = ( x(t), y(t) ) ou r(t) = ( x(t), y(t), z(t) ) com t ∈ [a, b].

Como já dissemos estas integrais geralmente aparecem em conjunto.


Por exemplo, C∫ M ( x, y ) dx + ∫ N ( x, y ) dy
C
que escrevemos simplesmente
∫ M ( x, y ) dx
C
+ N ( x, y ) dy
.
Assim,

∫ M ( x, y ) dx
C
+ N ( x, y ) dy
=
b

= ∫ M ( x(t ), y (t ) ) x' (t ) dt
a
+ N ( x (t ), y (t ) ) y ' (t ) dt =
b

= ∫[ M ( x(t ), y (t ) ) x' (t )
a
+ N ( x (t ), y (t ) ) y ' (t ) ] dt =
b

= ∫ ( M ( x(t ), y (t ) ),
a
N ( x (t ), y (t ) ) ) . ( x' (t ), y ' (t ) ) dt =
b

= ∫ ( M(r(t)), N(r(t))) . r´ (t)dt =


a
Produto escalar
b
de vetores
= ∫ F (r (t) ) . r´ (t)dt =
a

= C∫ F . dr

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d
pois, de r(t) = ( x(t), y(t) ) vem que dt
r = r´ (t) = ( x’(t), y’(t) ), de
onde
dr = r´ (t) dt = ( x’ (t), y’ (t) ) dt = ( x’(t) dt, y’(t) dt ) = (dx, dy).

Assim,

∫ M ( x, y ) dx
C
+ N ( x, y ) dy = ∫
C
F . dr é a integral de linha do campo
vetorial F(x, y) = ( M(x, y), N(x, y) ) ao longo da curva C.

d
Análogamente, de r(t) = ( x(t), y(t), z(t) ) temos dt
r = r´ (t) =
= ( x’(t), y’(t), z’(t) ), de onde dr = r´ (t) dt = ( x’(t), y’(t), z’(t) ) dt =
= ( x’ (t) dt, y’ (t) dt, z’(t) dt ) = (dx, dy, dz). Também,

∫ M ( x, y, z ) dx
C
+ N ( x, y , z ) dy +P ( x, y , z ) dz = ∫
C
F . dr é a
integral de linha do campo vetorial F(x, y, z) = ( M(x, y, z), N(x, y, z), P(x, y, z) )
ao longo da curva C.

Como o produto escalar de dois vetores resulta um número (escalar) e


dr = r´ (t) dt podemos calcular a integral de linha de um campo vetorial F ao
longo de uma curva limitada C, suave ou parcialmente suave e parametrizada
pela função vetorial r definida em um intervalo [a, b], através de uma integral
definida em relação ao parâmetro t, calculada de a até b. Ou seja,

b

C
F . dr = ∫ F(r(t)) . r ’ (t) dt
a

Exemplo1: Calcule a integral de linha do campo vetorial F(x, y) = (-y, x) ao


longo do triângulo de vértices A(1, 1), B(-1, 1) e C(0, -1) orientado no
sentido trigonométrico.

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Um triângulo é uma curva parcialmente suave formada pela união de 3
curvas suaves (segmentos de reta) C1, C2 e C3.

C1 :. r(t) = (1–2t, 1) t ∈ [0, 1]


r’(t) = (-2, 0) B C1 A
C3
C2 :. r(t) = (-1+t, 1-2t) t ∈ [0, 1]
r’(t) = (1, -2) C2
C
C3 :. r(t) = ( t, -1+2t) t ∈ [0, 1]
r’(t) = (1, 2)

∫ F . dr = C∫ F . dr + C∫ F . dr + C∫ F . dr =
C 1 2 3

1 1 1
∫ (-1, 1-2t) . (-2, 0) dt + ∫ (-1+2t, -1+t) . (1, -2) dt + ∫ (1-2t, t) . (1, 2)
0 0 0

dt =
1 1 1
= ∫0 2 dt + ∫0 (-1 + 2t + 2 - 2t) dt + ∫0 (1-2t + 2t) dt =

1 1 1
= ∫0 2 dt + ∫0 dt + ∫0 dt = 2t
1 1 1
0 + t 0 + t 0 = 2+1+1 =
4

Exemplo 2: Calcule ∫C x2 dx + y2 dy + z2 dz sendo C o arco da hélice dado


pela função vetorial r(t) = ( 4cos t, 4sen t, 8t) t∈ [0, 2 π ]

x = 4cos t ; y = 4sen t ; z = 8t
dx = -4sen t ; dy = 4cos t ; dz = 8

∫ x2 dx + y2 dy + z2 dz =
C

= ∫0 16cos t (-4sen t) dt + 16sen2t 4cos t dt + 64t2 8dt =
2

= 64/3 cos3 t + 64/3 sen3 t + 512/3 t3 0 =

= 64/3 (13 - 13) + 64/3(0 – 0) + 512/3 (2 π )3 = 4096/3 π 3

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O TRABALHO COMO INTEGRAL DE LINHA

Imaginemos uma força constante F atuando sobre um objeto com a


intenção de deslocá-lo em linha reta de um ponto A até um ponto B. O
comprimento do deslocamento é a distância do ponto A ao ponto B que
também é o módulo do vetor d = AB

F
θ

|F| cos θ
A B

Da física sabemos que o trabalho realizado por essa força para efetuar
esse deslocamento é W = |F| | d| cos θ onde F é o vetor força, d é o vetor
deslocamento e θ é a medida do ângulo entre esses vetores. Lembramos da
Geometria Analítica a propriedade do produto escalar de vetores, que afirma
v . w = | v | | w| cos θ sendo θ a medida do ângulo entre os vetores v e w.
Assim, o trabalho realizado por uma força constante F, para efetuar um
deslocamento em linha reta d, é dado por

W=F.d

Consideremos um campo de força dada pela função vetorial F contínua


em uma região D no espaço 2D ou no espaço 3D . Seja C uma curva suave ou
parcialmente suave contida em D e parametrizada pela função vetorial r
definida no intervalo [a, b].
Uma partícula move-se ao longo da curva C do ponto A até o ponto B
sendo OA = r(a) e OB = r(b). Introduzindo n-1 pontos na curva C entre os
pontos A e B, obtemos uma partição, A = P0, P1, P2, ... ,Pn-1 , Pn = B, da curva
C, que a divide em n arcos .
Consideremos um ponto um ponto qualquer em cada um destes arcos e
denotemos por Qk esse ponto no k-ésimo arco( arco Pk-1Pk). Desta forma,

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OQ k = r(t*k) = ( x(t*k), y(t*k) ) ou OQ k = r(t*k) = ( x(t*k), y(t*k), z(t*k) ) e o
vetor unitário tangente à C no ponto Qk é T*k = r’(t*k) / | r’(t*k)| .
Denotemos por Δsk o comprimento do k-ésimo arco e por F*k o vetor
(força) do campo de força no ponto Qk.

B
C F*k
P2 P3
T*k
P1 Pk
QK

A Pk-1

Se o k-ésimo arco for suficientemente pequeno, a força do campo F


varia muito pouco nos pontos deste arco e podemos considerá-la constante e
aproximadamente igual à F*k = F( r(t*k) ). Nesse caso, também podemos
considerar que a partícula move-se em linha reta ,na direção do vetor Δsk T*k (
isto é, o deslocamento e de comprimento Δsk e ocorre na direção do vetor
unitário tangente a curva no ponto Qk). Assim o trabalho realizado pelo campo
vetorial ao longo do k-ésimo arco é

ΔWk ≈ F*k . (Δsk T*k) = ( F*k . T*k ) Δsk

e o trabalho realizado pelo campo F ao longo de toda a curva C é aproximado


por
N

W≈ ∑
k =1
( F*k . T*k ) Δsk

Fazendo o número de arcos aumentar indefinidamente, o comprimento


de cada arco tende a zero tornado possível as aproximações acima
consideradas. Daí,
N

W = nlim
→∞ ∑ ( F*k . T*k ) Δsk = ∫c F . T ds
k =1

Definição:

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Dados, em uma região D do espaço 2D ou do espaço 3D, um campo vetorial
contínuo F e uma curva suave e parametrizada C com vetor tangente unitário
T, então o trabalho realizado por F para deslocar uma partícula ao longo de C
segundo sua orientação é
W = ∫C F . Tds

Lembrando que ds = | r’(t)| dt e que T(t) = r’(t) / |r’(t)| temos

T(t) ds = [r’(t) / |r’(t)|] . | r’(t)| dt = r’(t) dt = dr

e portanto o trabalho realizado pelo campo F ao longo da curva C é

W= ∫ F . T ds = ∫ F . dr
c c

que é uma integral de linha de um campo vetorial ao longo de uma curva .

OBS: Podemos encontrar valores positivos, nulo ou negativos para o trabalho W conforme
o ângulo entre os vetores F e T seja agudo, reto ou obtuso nos pontos de C.
Assim, invertendo a orientação da curva troca o sinal da integral de linha do campo
vetorial, pois ao invertermos ao orientação da curva também trocamos o sentido do vetor
tangente T. Isto é, se ∫ F . dr = ∫ F . T ds , então
c c

∫ F . dr = ∫ F . (-T) ds = - ∫ F . T ds = - ∫ F . dr
−c c c c

Exemplo:
Calcule o trabalho realizado pelo campo vetorial F(x,y) = (1/x , 1/y ) para
mover uma partícula ao longo da curva de equação y = 1/x do ponto A(1, 1)
ao ponto B(2, ½) .

C:. r(t) = ( t, 1/t) , t ∈ [1, 2] ; r’(t) = (1, -1/t2)

W = ∫c F . dr = ∫c F (r(t) ) .r’(t) dt = ∫1 (1/t , t) . (1, -1/t2) dt =


2

2 2
= ∫1 (1/t – 1/t) dt = ∫1 0 dt = 0

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