You are on page 1of 38

ERGONOMIA

2009
Cristina Gamboa
Conteúdo
1. CONCEITO .................................................................................................................. 3
1.1 OBJECTIVOS ........................................................................................................ 3
1.2 METODOLOGIA................................................................................................... 4
2. NOÇÕES DE FISIOLOGIA ........................................................................................ 6
2.1 TRABALHO MUSCULAR ................................................................................... 6
3. ANTROPOMETRIA .................................................................................................. 11
3.1 Conceito ................................................................................................................ 11
4. CONCEPÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO......................................................... 14
5. CONCEPÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE TRABALHO ........................................ 16
6. INTERFACE HOMEM-MÁQUINA ......................................................................... 18
7. FACTORES AMBIENTAIS DE INCOMODIDADE ............................................... 19
7.1 Ruído .................................................................................................................... 19
7.2 Vibrações .............................................................................................................. 21
7.3 Ambiente térmico ................................................................................................. 22
7.4 Qualidade do ar..................................................................................................... 26
8. SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO ................................................................................ 28
9. TRABALHO COM ECRÃS DE VISUALIZAÇÃO ................................................. 33
10. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO - Carga física e mental do trabalho, tempo de
trabalho ........................................................................................................................... 33
10.1 Organização do trabalho ..................................................................................... 34

2
1. CONCEITO
A palavra ergonomia, cada vez mais familiar e de uso corrente, deriva de
duas palavras gregas, ergos (trabalho) e nomos (estudo), significa «os costumes,
hábitos e leis do trabalho». Foi inventada porque houve necessidade de uma
palavra que exprimisse o estudo cientifico do homem e do seu trabalho.
O termo ergonomia pode ser utilizado para significar coisas diferentes.
Podemos dizer que há duas ergonomias, dois conceitos gerais de
ergonomia. Um dos conceitos, o mais antigo e ligado à cultura americana,
considera a ergonomia como a "utilização da ciência e da técnica para melhorar as
condições de trabalho do homem";
O segundo conceito, ligado à cultura europeia e mais recente, considera a
ergonomia quase como que "a ciência do trabalho", pelo que "estuda o trabalho do
homem com a finalidade de o melhorar".
Podemos considerar a ergonomia como o estudo e a adaptação do meio
envolvente às dimensões e às capacidades do homem, de modo a que as máquinas,
dispositivos, utensílios e mobiliário sejam utilizados com o máximo conforto,
segurança e eficácia.
Os domínios abrangidos pela ergonomia têm sido assim definidos, como os
«aspectos fisiológico, anatómico e psicológico do homem no seu ambiente de
trabalho».
Esta conceito apareceu durante a II Grande Guerra, quando surgiram
problemas respeitantes ao homem, que não eram clínicos, nem estritamente
médicos, tais como, dificuldades de pilotos voando a grande altitude, efeitos das
selvas tropicais e das águas geladas, a manobra de canhões, tanques e navios, etc.,
problemas estes que não se enquadravam em nenhum campo definido.
Estes problemas foram sendo resolvidos por equipas de cientistas e o êxito
do seu trabalho em conjunto serviu de exemplo para aplicação à indústria. Assim
se desenvolveu a ideia de estudar o homem no seu ambiente de trabalho com a
finalidade de adaptar a tarefa ao trabalhador.
Em resumo: É o estudo científico de adaptação dos instrumentos, condições
e ambiente de trabalho ás capacidades psicofisiologias, antropométricas e
biomecânicas do homem.

1.1 OBJECTIVOS

Alguns dos objectivos da ergonomia são:

a) Adequar as exigências do trabalho à eficiência das pessoas com o objectivo


de reduzir o stress;
b) Desenhar máquinas, equipamentos e instalações para que possam ser
manejadas com grande eficiência, precisão e segurança;
c) Calcular as proporções e condições do local de trabalho para assegurar
uma postura corporal correcta
d) Adaptar a iluminação, o ruído e a temperatura para que se ajustem aos
requisitos físicos das pessoas.

3
1.2 METODOLOGIA

Uma Análise Ergonómica, tem como objectivo averiguar (quantitativa e


qualitativamente) as condições de trabalho de uma determinada tarefa, com a
observância dos vários aspectos a ela relacionados, do mobiliário à iluminação,
uma vez que “a influência sobre a qualidade de vida do ser humano dentro da
empresa é reflexo do ambiente de trabalho como um todo”.
Esta análise procura mostrar uma situação global da tarefa, abrangendo,
dentre outros factores: o posto de trabalho, as pressões, a carga cognitiva, a
densidade e a organização do trabalho, o modo operatório, os ritmos e as posturas.
Assim, ela não se limita tão só ao posto, mas verifica, também, “as
características do ambiente (principalmente quanto ao conforto térmico, conforto
acústico e iluminação), [...] do método de trabalho, [...] do sistema de trabalho e
análise cognitiva do trabalho”, “É o diagnóstico dos problemas e suas
consequências tanto para o funcionário como para a empresa. É condição
primordial para que se possa então proceder aos projectos de modificações,
visando o bem-estar do ser humano e a produtividade com qualidade”
A Análise Ergonómica está tradicionalmente ligada à Ergonomia
Correctiva - ou de Manutenção - onde o trabalho é analisado conforme a tarefa
que já é executada, podendo ser dividido em duas técnicas de análise, a saber:
técnicas objectivas e técnicas subjectivas.
A técnica objectiva (ou directa) se dá por meio do registo das actividades ao
longo de um período pré-determinado de tempo, através de observações – “a olho
nu” e/ou assistida por meio audiovisual.
A técnica subjectiva (ou indirecta) é composta por questionários, check-lists
e entrevistas.
O questionário requer um maior tempo do pesquisador, ou então um maior
número de pesquisadores, no entanto, é uma aplicação bastante oportuna em um
grupo restrito de pesquisados.
É importante considerar que o questionário levanta tão só as opiniões dos
entrevistados, não permitindo o acesso ao comportamento real - objectivo.
check-list é um instrumento de tabulação similar ao questionário,
preenchido pelo próprio pesquisador e permitindo que ele mesmo avalie o sistema,
apontando os seus pontos fortes e fracos.
A entrevista pode ser consecutiva à realização da tarefa, solicitando-se, por
exemplo, que o operador “explique” o que ele faz, como ele faz e por que, em
determinada actividade.

1.2.1 Roteiro para analise ergonómica


Existindo vários exemplos possíveis, eis um:
Sua sequência pode ser resumida nas seguintes acções:

• Análise da demanda;
• Definição das situações de trabalho a serem estudadas;
• Observações gerais e preliminares;
• Pré-diagnóstico;
• Levantamento de hipóteses;
• Plano de observação;
• Observações detalhadas e sistemáticas;
• Avaliação das exigências do trabalho;

4
• Análise da actividade;
• Diagnóstico (global e local) e recomendações.

Análise da demanda
É o entendimento ou reconhecimento inicial, tanto da empresa como um
todo, mas também, e principalmente, do(s) problema(s) nela identificado(s).

Definição das situações a seres estudadas


Esta fase é o resultado imediato da realização da análise da demanda,
sendo, obviamente, tão bem ou mal estruturado quão bem ou mal realizado tenha
sido a “radiografia” da etapa anterior. Aqui, as primeiras hipóteses já começam a
ser formuladas pelo pesquisador, que define quais situações de trabalho
apresentam problemas e devem ser estudadas.

Observações gerais e preliminares


Definida a situação de trabalho a ser estudada, passa-se à realização das
primeiras observações em campo, ditas gerais e preliminares. Nessa etapa as
actividades e o processo técnico são analisados, descrevendo-se os itens observados
e a ocorrência de incidentes e/ou acidentes.

Pré-diagnóstico
Das observações gerais, surgem os pré-diagnósticos, aos quais recaem as
“conclusões” prévias, que em sequência servem de modelo teórico para a geração
das primeiras hipóteses de trabalho.

Levantamento de hipóteses
Uma hipótese é uma suposição feita sobre uma coisa possível ou impossível
de ocorrência, de que se pode, através da pesquisa de campo, tirar conclusões. Na
Análise Ergonómica, ela figura como o elemento norteador da pesquisa; aquilo que
se quer “provar” como verdadeiro ou falso.

Plano de observação
O plano de observação deve ser coerente com o pré-diagnóstico e com as
hipóteses de trabalho.
Como o próprio termo indica, é a fase de preparação para observação
aprofundada, que, diferentemente da observação geral, deve seguir um método ou
roteiro, de modo detalhado e perfeitamente explicitado no estudo.

Observações detalhadas e sistemáticas


Nas observações detalhadas e sistemáticas dá-se a fase “científica”,
propriamente dita, da pesquisa de campo, na qual “todas” as acções (ao menos em
teoria) devem estar previamente elencadas e o plano de observação passa a ser
executado. Aqui, são computados dados referentes ao homem, à(s) máquina(s), às
acções e ao ambiente de trabalho.

Avaliação das exigências do trabalho


Feita em concomitância e através das observações detalhadas e sistemáticas,
a avaliação das exigências de trabalho pode ser de diferentes ordens, por exemplo:
referente à tarefa e à situação, ao organismo humano, às fontes de informação, aos
órgãos sensoriais, aos dispositivos de sinais e comandos e/ou ao operador.

5
Análise da actividade
Da mesma forma que a avaliação das exigências do trabalho, a análise da
actividade ou tarefa também é feita em concomitância e através das observações
detalhadas e sistemáticas, trazendo elementos que identifiquem o conteúdo e o
processo de trabalho e estudos de tempos e movimentos, incluindo, se necessário,
cronometragens.

Diagnóstico (global e local)


É composto pelo conjunto de conclusões finais advindas da pesquisa,
corroborando ou não a hipótese levantada, que deve quantificar e qualificar as
reais condições de trabalho identificadas, abrangendo tanto um diagnóstico local
(de uma situação ou posto de trabalho pesquisado) como também um diagnóstico
global (relacionado à actividade e funcionamento da empresa como um todo, ou do
grupo a que ela pertence, ou das características socioeconómicas em que ela está
inserida).

Recomendações
Aqui o pesquisador desfecha a análise, propondo melhorias e continuidades
de procedimentos no trabalho, não bastando apontar incompatibilidades ou
deficiências, mas aqui o pesquisador desfecha a análise, propondo melhorias e
continuidades de procedimentos no trabalho, não bastando apontar
incompatibilidades ou deficiências, mas norteando a empresa sobre quais acções
podem ser realizadas para sua correcção, propondo melhorias tanto nos métodos
como nos postos de trabalho.

Conclusão
Não basta entrar numa fábrica ou loja e olhar, procurando “defeitos”; há
de se investigar, de forma sistematizada, o entorno de cada problema, não apenas
identificando-o, mas tendo o discernimento de propor as reais e possíveis soluções
que este possa vir a ter e, ainda, apontar e “provar” - cientificamente - o seu
fenómeno causador.

2. NOÇÕES DE FISIOLOGIA
2.1 TRABALHO MUSCULAR

Fisiologia do trabalho muscular


• Os músculos do corpo humano classificam-se em três tipos: estriados ou
esqueléticos; lisos e do coração;
• Os músculos estriados estão sob controle consciente do homem, e é através
deles que o organismo realiza trabalhos externos, portanto apenas o estudo
destes é de interesse para a ergonomia;
• 40% dos músculos do corpo são estriados, somente 75 pares desses estão
envolvidos na postura e movimentos globais do corpo;
• O tecido muscular é um tecido adaptado à contração. Distingue-se:
• A contração estática ou isométrica;
• A contração dinâmica ou anisométrica.

6
• A tensão desenvolvida ao nível da extremidade dos tendões depende dos
seguintes aspectos:
• número de fibras musculares excitadas;
• ângulo de articulação;
• estado do músculo;
• Cada fibra muscular contrai-se com uma determinada força e a força total
do músculo é a soma das forças das fibras envolvidas na contração;
• Um músculo com 1cm2 de seção transversal pode suportar de 3 à 4 Kg no
sentido vertical;

Aspectos físico-químicos da atividade muscular :


Toda actividade muscular implica um gasto de energia. Esta energia
necessária à contracção muscular é de origem química. O organismo produz
trabalho a partir da energia química.
A alimentação aporta os nutrientes que, uma vez metabolizados no
organismo, servirão para cobrir as necessidades básicas e energéticas do conjunto
das células.
É principalmente a partir dos glicídos e dos lipídos que as necessidades
energéticas serão cobertas;

Ao nível dos músculos esta cobertura faz-se:


• diretamente, a partir da glicose ou do metabolismo dos ácidos gordos,
segundo o tipo de músculo;
• Os músculos estriados utilizam em geral os ácidos gordos como principal
combustível. São músculos posturais ricamente vascularizados.
• Os músculos, ossos e juntas formam diversas alavancas no corpo,
semelhantes as alavancas mecânicas.
• Para cada movimento, há pelo menos dois músculos que trabalham
antagonicamente: quando um se contrai, o outro se distende. Por exemplo,
ao dobrar o braço sobre o cotovelo, há uma contração do bíceps e uma
distensão do tríceps.

COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral é constituída de 33 vértebras, classificadas em cinco grupos:
• Vértebras cervicais (7);
• Vértebras torácicas ou dorsais (12);
• Vértebras lombares (5);
• Vértebras sacrococcigenas (9): (5) estão fundidas e formam o sacro e as (4)
da extremidade inferior são pouco desenvolvidas e formam o cóccix.
• Das 33 vértebras, apenas 24 são flexíveis e, destas, as que têm mais
mobilidade são as cervicais e as lombares;
• As vértebras dorsais estão unidas a 12 pares de costelas, formando a caixa
torácica, que limitam os movimentos;
• Entre uma vértebra e outra existe um disco intervertebral cartilaginoso. As
vértebras também se conectam entre si por ligamentos;
• Os movimentos da coluna são possíveis pela compressão e deformação dos
discos e pelo deslizamento dos ligamentos.

7
As principais deformações da coluna são:
• Escoliose: é um desvio lateral da coluna;
• Cifose: é o aumento da convexidade, acentuando-se a curva para a frente na
região torácica, correspondendo ao corcunda;
• Lordose: é um aumento da concavidade posterior da curvatura na região
cervical ou lombar, acompanhado por uma inclinação dos quadris para a
frente.

Noção de trabalho muscular:


• A força muscular: é uma acção com uma direcção, um sentido e uma
intensidade. Ela varia em função:
• dos músculos solicitados;
• das atitudes (alongamento, obliqüidade e gravidade);
• dos sujeitos (sexo, idade, lateralidade, treino).

Noção de trabalho estático: é um trabalho sem deslocamento aparente. Ele


corresponde a contracções musculares isométricas. Este trabalho permite a
manutenção dos segmentos ósseos numa determinada atictude (postura, segurar
um objecto,...)

Noção de trabalho dinâmico: é um trabalho que permite contracções anisométricas


sucessivas com alternância de relaxamentos dos músculos, como nas tarefas de
martelar, serrar, girar um volante ou caminhar.

A actividade dinâmica resulta da acção:


• dos músculos sinérgicos envolvidos no início do movimento;
• dos músculos de controle que regulam o movimento em curso da acção,
permitindo assim a precisão do gesto.

TRABALHO ESTÁTICO e QUEIXAS do CORPO:

Tipo de Trabalho Queixas e conseqüências


possíveis
De pé no lugar Pés e pernas, eventualmente varizes
Postura sentado, mas sem apoio para as Musculatura distensora das costas
costas
Assento demasiado alto Joelhos, pernas e pés
Assento demasiado baixo Ombros e nuca
Postura de tronco inclinado, sentado ou de Região lombar, desgaste de discos
pé intervertebrais
Cabeça curvada demasiado para frente ou Nuca e desgaste dos discos intervertebrais
para trás 8
Postura de mão forçada em comandos ou Antebraço, eventualmente inflamações dos
ferramentas tendões
MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS
A “movimentação manual de cargas” pode ser definida como sendo:
qualquer operação de transporte ou sustentação de uma carga que, devido às suas
características ou a condições ergonómicas desfavoráveis, comporte riscos para a
segurança e saúde dos trabalhadores.
A movimentação manual de cargas pressupõe a utilização do corpo do
trabalhador como próprio “instrumento” de trabalho.
A movimentação manual de cargas é uma actividade susceptível de envolver
vários riscos não só adjacentes ao trabalho físico desenvolvido pelo trabalhador
para movimentar as cargas, mas também relacionados com a própria composição
dessas mesmas cargas – muitas vezes constituídas por diversificados materiais,
nem sempre completamente inócuos.
Cerca de 25% de todas as lesões que ocorrem na indústria estão
directamente relacionadas com o levantamento, transporte e deslocação de
materiais.
Dores nas costas, hérnias, lesões nos pés e mãos são consequências normais
dos levantamentos que estão para além da capacidade física dos trabalhadores ou
ainda da aplicação de métodos de trabalho impróprios.

Podem surgir ainda os seguintes problemas ou complicações:


• Aumento do número de acidentes e incidentes;
• Aumento do absentismo;
• Elevada incidência de traumatismos músculo-esqueléticos;
• Aparecimento de patologias, nomeadamente:
• Hérnias discais
• Lombalgias
• Dor ciática
• Distracção e fadiga que podem desencadear vários erros. Isto acontece
especialmente quando para além da incumbência de movimentação manual
de cargas os trabalhadores também são solicitados para realizarem
operações de comando de máquinas;

MÁS PRÁTICAS
• Carga mal equilibrada ou com conteúdo sujeito a oscilações;
• Carga mal posicionada, de tal modo que tenha que ser mantida ou
manipulada a grande distância do tronco ou com flexão / torção do tronco;
• Carga mal equilibrada ou com conteúdo sujeito a oscilações;
• Carga mal posicionada, de tal modo que tenha que ser mantida ou
manipulada a grande distância do tronco ou com flexão / torção do tronco;
• Carga susceptível, devido ao seu aspecto exterior e/ou à sua consistência, de
provocar lesões no trabalhador, nomeadamente em caso de choque ou
balanceamento;
• Carga demasiado pesada ou demasiado volumosa;

9
• Carga muito pesada (inadequada às características fisiológicas do
trabalhador) ou difícil de agarrar;
• Inexistência de espaço suficiente para o trabalhador se movimentar
juntamente com a carga;
• Movimentação da carga a alturas inapropriadas ou adoptando posturas
incorrectas;
• Pavimento degradado com desníveis;
• Movimentação de cargas a diversos níveis (ex. ter que transportar cargas
entre diferentes pisos);
• Ponto de apoio instáveis – ex.: existência de tapetes ou carpetes não fixadas
ao chão;
• Condições ambientais desfavoráveis (temperatura, humidade, velocidade do
ar);
• Utilização de calçado inapropriado ex.: calçado com saltos altos;
• Realização de esforços que solicitem, a coluna vertebral por períodos
demasiadamente prolongados;
• Tempo insuficiente de descanso fisiológico ou de recuperação quando se
realizam tarefas que implicam esforços mais pesados;
• Necessidade de movimentos de abaixamento ou elevação das cargas
demasiado grandes;
• Ritmos de trabalho excessivo sem possibilidade de os trabalhadores
efectuarem pequenas pausas.

Caso alguma destas regras de más práticas seja identificada, convém que seja
alvo de correcção imediata. A sua continuidade ao longo do tempo pode provocar
sérias lesões nos trabalhadores atingidos, ou ainda, determinados tipos de
acidentes ou incidentes.
“É necessário ter sempre em conta que se deve tentar sempre proceder à
adequação do trabalho ao Homem e não do Homem ao Trabalho.”

BOAS PRÁTICAS
• Evitar manuseamento de cargas não adequadas em termos de volume ou
peso (não superior a 23 kg);
• Conceber embalagens com formas e tamanhos apropriados ao tipo de
objecto a manusear;
• Procurar adaptar pegas ergonómicas na carga manuseada para facilitar o
levantamento e transporte;
• Usar técnicas adequadas em função do tipo e especificidade da carga –
evitar a utilização do tronco como alavanca, mantendo-o na posição vertical
e procurar utilizar os membros inferiores como alavanca;
• Sempre que possível, colocar as cargas em planos elevados relativamente ao
solo (antes de proceder à elevação);
• Evitar ao máximo “dobrar” a coluna; esta deve servir como suporte;
• Aquando da movimentação e levantamento/abaixamento de cargas, o
trabalhador deve evitar rir, tossir, falar ou efectuar outros movimentos
bruscos;
• Os movimentos de torção do tronco em torno do corpo devem ser sempre
evitados;

10
• As cargas transportadas devem ser suportadas pela coluna e membros
inferiores, sendo a coluna apenas elemento estático de transmissão e nunca
de articulação;
• Suspender cargas iguais em cada uma das mãos (quando possível);
• Ter em consideração os pesos a suspender, conforme a idade, constituição
física e sexo do trabalhador;
• Promover o exercício físico e o reforço muscular dos músculos que
participam mais activa na movimentação de cargas;
• A movimentação de cargas deve ser efectuada, em zonas, em que o
pavimento se encontre devidamente nivelado e desobstruído de obstáculos,
entulho, cabos e fios condutores de electricidade.
• Sempre que tecnicamente possível, utilizar meios auxiliares de elevação e
transporte para movimentar as cargas;
• As cargas a transportar devem estar devidamente acondicionadas e
simetricamente distribuídas de modo a evitar oscilações e sobre-esforços;
• Se possível, proceder à deslocação das cargas por rolamento, ex. deslocação
de barris de cerveja ou bidões;
• Os braços devem estar posicionados junto ao corpo de uma forma
descontraída;
• Quando o tipo de trabalho implica movimentos muito repetitivos ou
monótonos, deve-se procurar efectuar pequenas pausas acompanhadas de
alguns exercícios, de forma a desentorpecer os músculos e articulações e
melhorar a circulação.
• Os braços devem estar posicionados junto ao corpo de uma forma
descontraída;
• Quando o tipo de trabalho implica movimentos muito repetitivos ou
monótonos, deve-se procurar efectuar pequenas pausas acompanhadas de
alguns exercícios, de forma a desentorpecer os músculos e articulações e
melhorar a circulação.

3. ANTROPOMETRIA
3.1 Conceito
É o conjunto de técnicas utilizadas para medir o corpo humano ou as suas
partes.
A importância das medidas ganhou especial interesse na década de 40
provocada de um lado pela necessidade da produção em massa, pois um produto
mal dimensionado pode provocar a elevação dos custos e por outro lado, devido ao
surgimento dos sistemas de trabalho complexos onde o desempenho humano é
crítico e o desenvolvimento desses sistemas dependem das dimensões
antropométricas dos seus operadores.

Três Biótipos Básicos


• Endomorfo: corresponde àquele indivíduo gordo, isto é, membros curtos e
flácidos, abdómen protuso e cheio, ombros e cabeça redondo, e tórax com
aparência pequena;

11
• Mesomorfo: indivíduos com tipo atlético, ou seja, ombro e peitos largos,
braços e pernas musculosos e abdómen pequeno. Apresenta pouco tecido
gorduroso subcutâneo;
• Ectomorfo: indivíduo longilíneo o qual possui face magra (testa alta),
pescoço fino e comprido, ombros caídos e largos, tórax e abdómen com
espessura e largura diminuídos.

Apesar dessa classificação, a maior parte dos indivíduos não se encaixam


em todas as características desses biótipos. Outros factores que influenciam nas
medidas antropométricas são raça, idade, sexo, época (hábitos alimentares, de
prática desportiva, etc.).

ANTROPOMETRIA DINÂMICA
Verifica os limites da movimentação de cada segmento corporal, visando
minimizar os esforços físicos e oferecer a postura adequada. Suas principais
medidas são:
a) POSIÇÃO SENTADA
Área de visão
A área óptima de visão corresponde de 0º até 30º, para os lados e para baixo
da posição neutra da cabeça. Nesse campo visual os objectos são observados de
forma contínua e quase sem nenhum movimento dos olhos. Já a rotação máxima
do olho localiza-se 25º acima e 35º abaixo da linha média horizontal dos olhos. O
movimento lateral dos olhos possui 80º.

Área de Movimentação da Cabeça


• Rotação 55º, inclinações para frente (flexão) 40º, para trás (extensão) 50º, e
para as laterais 40º.

Há três níveis:

• Nível 1: as observações são efectuadas com maior rapidez e menor esforço,


portanto os objectos mais importantes devem situar-se nesse nível;
• Nível 2: corresponde ao campo visual periférico, onde são observados
movimentos grotescos. Os objectos de pouco uso devem ser colocados nessa
área.

12
• Nível 3: os objectos de emergência situam-se nesse nível pois são utilizados
quando há necessidade (movimento consciente da cabeça)

Alcance dos Braços


• Área de ÓPTIMO alcance: é aquela em que há flexão de cotovelo a 90º e
giro dos antebraços ao redor do cotovelo limitando a área com um arco,
onde se utiliza com menor esforço as mãos.
• A área de ALNCANCE MÁXIMO é obtida com o giro dos membros
superiores estendidos em torno dos ombros. Os afazeres mais frequentes e
exigentes são realizados no alcance óptimo.

ÁREA DE ALCANCES ÓTIMO E MÁXIMO NA


BANCADA DE TRABALHO- PANELEIRAS DE
GOIABEIRAS.
ALCANCE
ALCANC E ÓTIM
ÓTIMOO Á
ÁREA
REA ÓTIM
ÓTIM A
A PA RA TRABAL
PARA T RA BALHO
HO C OM AS
COM AS DUA
DUASSM
MÃOS
ÃOS

ALCANCE
ALCA NC E M Á
ÁXIM
XIM O
O

50
50 cm
cm
25
25

35
35-45
-45 55-
55- 65
65

100

160

(GRANDJEA
(GRA NDJEAN,
N, - 1983)
1983)

MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS DINÂMICAS

ANTROPOMETRIA ESTÀTICA

São medidas físicas corporais em repouso, sendo as principais:


• Altura da cabeça a partir do assento: distância entre o ponto mais alto da
cabeça e o assento. Serve de medida para o apoio da cabeça.
• Altura dos olhos a partir do assento: corresponde a distância do assento
com a parte lateral dos olhos. Relaciona a linha de visão com qualquer
ponto.
• Altura do ombro a partir do assento: distância entre o assento e o ponto
médio entre o acrômio e o pescoço. Determina a altura dos encostos.
• Altura do joelho: distância entre o chão e a porção superior da patela.
• Altura vertical do braço: distância do assento até a extremidade do 3º dedo
(mão e dedos estendidos).
• Altura Popliteal: distância do piso à fossa poplítea.. Determina a altura dos
assentos.
• Comprimento nádega poplíteal:distância horizontal entre a nádega e a fossa
poplítea. Detecta a profundidade dos assentos.
• Altura do cotovelo a partir do assento: distância vertical entre o assento até
olécrano da ulna (cotovelo flectido a 90º). Determina a altura do apoio das
cadeiras, superfícies de mesas de trabalho, etc.
• Largura dos quadris: distância na horizontal entre as extremidades das
duas hemipelves. Detecta a largura dos bancos dos assentos.
• Largura entre os cotovelos: distância horizontal entre as bordas externas
dos cotovelos flectidos em 90º. Verifica a distância entre os apoios dos
assentos e a distância entre os assentos em torno das mesas.
• Altura lombar: distância entre o assento e L5. Verifica a altura da parte
inferior do encosto dos assentos.

13
• Largura da mão: distância lateral entre os pontos laterais das mãos e
verifica a largura dos instrumentos manuais.
• Altura da coxa: distância entre o assento local e o mais superior da coxa
para detectar a distancia do plano do assento e a altura sob a mesa.

b) POSIÇÃO ORTOSTÁTICA

• Estatura: distância entre o pé e o local mais alto da cabeça. Determina a


altura mínima para as passagens.
• Altura do ombro: distância entre o piso e um ponto entre o acromio e o
pescoço. Verifica o alcance do braço no ortostatismo.
• Altura do cotovelo: distância do piso até o cotovelo e verifica a altura das
bancadas no trabalho.
• Alcance do braço: distância horizontal do tronco (posteriormente) até a
extremidade do 3º dedo (indivíduo de costas apoiado na parede). Verificar o
alcance máximo na superfície de trabalho.
• Altura do mamilo: distância do chão até aos mamilos e determina a altura
da bancada para trabalhos parados.
• Largura do tórax: distância horizontal entre as laterais do tórax para
verificar a largura do encosto dos assentos.

4. CONCEPÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO


O espaço de e para trabalho deve ser planeado na fase de concepção do
projecto, tendo em conta as actividades a desenvolver, os processos de laboração,
as dimensões do corpo humano e as suas posturas, esforços musculares e
movimentos.
O espaço de trabalho deve ser adaptado aos trabalhadores, devendo ter-se
em especial atenção:
• A altura do plano de trabalho;
• A adaptação do assento às características anatómicas do trabalhador;
• O espaço circundante, que deve ser suficiente para os movimentos a
executar quer seja da cabeça, mãos-braços ou pernas-pés;
• Os órgãos de comando, que devem estar situados na zona funcionamento;
• A disposição da aparelhagem, instrumentos e mostradores.

Quanto às posturas, esforços musculares e movimentos do corpo, devemos


considerar:
• O trabalhador deve poder alternar o trabalho sentado com o trabalho de
pé. Caso se imponha apenas uma posição, deve optar-se pela posição
sentada;
• As posturas corporais devem permitir uma repartição das forças no
interior do corpo, de modo a reduzir os esforços a exercer;
• Deve ser possível a alternância das posturas adoptadas, por forma a não
provocar fadiga por tensão muscular estática prolongada;
• Os esforços necessários devem ser adaptados às capacidades físicas de cada
trabalhador;
• Deve procurar-se um bom equilíbrio dos movimentos do corpo e preferir
movimentos a imobilidade prolongada;

14
• Os movimentos de grande precisão não devem exigir grandes esforços
musculares;
• Ambiente de trabalho deve ser concebido e mantido de modo que as
condições físicas, químicas e biológicas não possam agir nocivamente sobre
os trabalhadores, mas sim preservar a sua saúde e capacidade para o
trabalho.

Na concepção de qualquer espaço para trabalho devem ter-se em consideração


algumas condições ambientais, tais como:
• Dimensões do local de trabalho - espaço geral, espaço de trabalho e espaço
de circulação - que devem ser os adequados;
• A renovação de ar deve ser a adequada à intensidade do trabalho físico, ao
número de trabalhadores no local, às dimensões do local, aos poluentes que
a actividade possa gerar, ao consumo de oxigénio e às condições térmicas;
• O ambiente térmico deve considerar as condições climatéricas locais, tendo
em conta a temperatura, a humidade do ar, a velocidade do ar, a radiação
térmica, entre outros elementos;
• A iluminação deve assegurar uma percepção visual óptima, um cansaço
mínimo e não provocar ofuscamentos.

Todo o trabalho se faz basicamente em duas posições: de pé e/ou sentado. Assim:

a) Posto de Trabalho Sentado


Todos sabemos que a posição sentada elimina alguns dos inconvenientes da
posição de pé, muito em especial porque aumenta a superfície de apoio.
No entanto, mesmo na posição sentada é necessário cumprir algumas regras de
postura, entre as quais teremos:
• O plano de trabalho deve fazer um ângulo aproximado de 90º com a coluna
do trabalhador;
• O assento deve estar adaptado à função e à estatura do trabalhador, através
de um apoio de costas regulável e da possibilidade de regulação da altura e
da profundidade do assento;
• As cadeiras, se tiverem rodízios, devem ser de cinco apoios;
• Assento deve ser almofadado mas não em excesso e ter o rebordo frontal
arredondado para baixo;
• A altura do assento não deve ser colocada com posição superior ao
comprimento inferior das pernas do utilizador;
• Se possível os pés devem apoiar no chão; caso contrário em descanso
apropriado e estável;
• A superfície do assento deve ser horizontal ou inclinada para trás até 5º.

b) Posto de Trabalho de Pé
Esta posição é vulgar nas actividades do sector terciário, comércio e
serviços e é a recomendada para tarefas sujeitas a deslocamentos frequentes,
ou quando há necessidade de aplicar forças significativas.

Tem os seguintes inconvenientes:


• Prejudica a circulação nas pernas, que se faz mais lentamente;
• O corpo repousa durante muito tempo numa superfície muito pequena;

15
• Necessidade de manter o equilíbrio durante muito tempo com a
consequente tensão muscular;
• Diminuição da habilidade manual.

Estes e outros inconvenientes impõem certas regras, de forma a diminuir o


esforço e a consequente fadiga, e a aumentar a eficácia do trabalhador.

Algumas dessas regras serão:


• Alternar com a posição de sentado ou em movimento;
• Evitar alcançar objectos demasiado afastados;
• Colocar o posto de trabalho ao nível,
• Dos cotovelos elevados, para trabalho de precisão;
• Dos cotovelos ao nível normal, para trabalhos de pouco esforço;
• Abaixo do nível normal dos cotovelos para trabalhos exigindo
esforço físico;
• O trabalhador deve poder aproximar-se o mais possível do posto de
trabalho, pelo que deve existir um vão para a colocação dos pés;
• Havendo necessidade de ler documentos, deve existir uma superfície
inclinada para os colocar.

5. CONCEPÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE TRABALHO


DISPOSITIVOS DE COMANDO E CONTROLE
• As máquinas atuais possuem um número considerável de dispositivos de
comando;
• A concepção dos dispositivos de comando influenciam a qualidade das
posturas e a carga física de trabalho;

A concepção desses dispositivos deve considerar:


• A forma;
• A localização;
• Os imperativos de manipulação desses dispositivos.

A escolha do tipo de comando adequado é função:


• Da natureza do movimento a ser realizado: movimento contínuo,
descontínuo, preciso ou de esforço;
• Dos músculos envolvidos para adaptar o mecanismo às posições e
aos movimentos naturais do corpo humano.

• Os órgãos de comando devem estar situados a uma distância e uma altura


correcta em relação ao operador. Por exemplo: para um comando manual,
é preciso considerar o ângulo de visão favorável e procurar localizá-lo entre
o plano dos cotovelos e dos ombros;
• As distâncias que separam dois órgãos de comando deverão considerar as
particularidades anatómicas e os EPI. Por exemplo: para um comando
accionado digitalmente, é preciso que a distância mínima entre dois
interruptores seja de 15 mm (com luvas +). Para um comando que exija a
mão inteira, a distância mínima é 50 mm.

16
• Os esforços impostos para a realização de uma tarefa, devem ser
considerados:
• Em tarefas que exijam pouco esforço mas grande precisão deve-se utilizar:
• Botões móveis;
• Interruptores basculantes;
• Botões rotativos.
• Em tarefas que exijam esforço, mas pouca precisão deve-se utilizar:
• Alavancas de comando com grandes braços;
• Manivelas ou volantes;
• Pedais.

A IDENTIFICAÇÃO DOS COMANDOS:


• Para reduzir o risco de erro é necessário que o operador identifique
instantaneamente quando ele coloca a mão sobre o “bom” botão ou
comando. Esta identificação pode ser apoiada:
o Pelo reagrupamento dos comandos:
• Segundo a função;
• Segundo a sucessão das manobras.
• Pela forma e as dimensões:
• Elas devem ser identificadas ao toque
• Pela cor e a etiqueta
• Os diferentes tipos de comando:
• Habitualmente se diferenciam dois tipos de comandos:
• Os comandos manuais:
• Comandos manuais de alta precisão:
• Botões móveis;
• Interruptores basculantes;
• Botões rotativos de regulagem contínua;
• Botões rotativos de regulagem por escalas.
• Comandos manuais de grande esforço:
• Manivelas;
• Alavancas;
• Volantes
• Os comandos pedais:
• Para esforços físicos muito elevados;
• Eles podem ser acionados em pé ou sentado.
• A Concepção de Consolas:
• Caraterísticas da informação do tipo exposta:
• Grande número de indicadores visíveis a partir de uma única
visualização;
• Fácil memorização das zonas onde se encontra a informação;
• A consulta aberta às informações disponíveis;
• Apresentação das informações em grandes caracteres;
• Necessidade de deslocamento quando a informação é
dispersa;
• A apresentação da informação é única;
• A apresentação da informação é rígida.

17
6. INTERFACE HOMEM-MÁQUINA
Interface do utilizador é o conjunto de características com o qual os
utilizadores interagem com as máquinas, dispositivos, programas de computador
ou alguma outra ferramenta complexa. Ela fornece métodos para:

• Entrada, permitindo ao utilizador manipular o sistema;


• Saída, permitindo ao sistema produzir os efeitos (as respostas) das acções
do utilizador

Para trabalhar com um sistema, o utilizador precisa ter controlo do sistema


para ter acesso ao seu estado actual. Por exemplo, quando se conduz um carro, o
motorista utiliza o volante para controlar a direcção do veículo e os pedais de
marcha, travão e aceleração para controlar a velocidade. O carro fornece ao
motorista sua velocidade actual no velocímetro.
A interface do utilizador do veículo são todos os instrumentos que o motorista
tem acesso para poder conduzir o veículo. Enquanto o volante e os pedais são
dispositivos de entrada, o painel constitui um dispositivo de saída do sistema.
O termo interface do utilizador entretanto é usado mais frequentemente no
contexto de computadores e outros dispositivos electrónicos. Para máquinas
industriais ou veículos geralmente é usado o termo interface homem-máquina. O
projecto de uma interface de utilizador afecta a quantidade de esforço que o
utilizador precisará para prover as entradas ao sistema e para interpretar sua
respectiva saída, além de quanto esforço ele precisará para aprender o
procedimento.
A usabilidade é uma área do design que leva em consideração a psicologia e a
fisiologia dos utilizadores para tornar os sistemas mais efectivos, eficientes e
satisfatórios. Ela está principalmente associada as características da interface do
utilizador, mas também pode estar associada com a funcionalidade do produto.
As capacidades físicas e mentais do utilizador influenciam o projecto de uma
interface.
Por exemplo, a memória de curto prazo humana é limitada: um ser humano
não consegue lembrar instantaneamente de muito mais que sete itens, de modo que
é preciso evitar apresentar informações em excesso em uma interface. Utilizadores
cometem erros, especialmente sob stress. Sistemas que não funcionem bem e
apresentem mensagens podem stressar ainda mais os utilizadores, levando-os a
cometerem mais erros.
Utilizadores podem possuir diferentes capacidades. Uns podem enxergar
melhor que outros, podem ser daltónicos ou terem dificuldades para manusear
objectos. É preciso que o sistema esteja preparado e seja acessível para lidar com a
variedade de utilizadores.
Os utilizadores têm preferências. Alguns podem preferir lidar com imagens,
outros com texto, por exemplo. A preferência do utilizador-alvo de um sistema
deve ser levada em consideração

18
7. FACTORES AMBIENTAIS DE INCOMODIDADE
7.1 Ruído
Som: São vibrações sonoras que se propagam através do ar.
Propaga-se por meios materiais transportando energia a partir de uma fonte em
todas as direcções. Resulta de variações de pressão no ar. Estas alterações de
pressão são perceptíveis pelo ouvido e denominam-se pressão sonora que
determina a intensidade do som.
RUÍDO: É um conjunto de sons irregulares e aperiódicos, misturados com
outros periódicos e transmitidos pela via aérea.
O Ruído é parte integrante da sociedade actual. Nos locais de trabalho, o
ruído constitui um factor de risco para a saúde dos trabalhadores. Os efeitos
traduzem-se em Surdez Profissional
Decreto Regulamentar (n.º 9/92 de 28 de Abril) determina normas e
metodologias para estudo, intervenção e controlo de situações de trabalho com
ruído. Estabelece também os seguintes valores de ruído admissíveis:
• Nível de acção = 85 dB(A) - Nível a partir do qual há risco de contrair
surdez profissional, sendo necessário aplicar programas de prevenção.
• Limite de Exposição Pessoal Diária, LEP,d = 90 dB(A) - Dose de ruído
máximo admissível. Sempre que este valor for superado é obrigatório
proceder à protecção dos trabalhadores.
• Valor Limite de Pico, Máx.Pico = 140 dB - Valor limite de ruído de pico.
Sempre que este valor for superado é obrigatório proceder à protecção
dos trabalhadores.

Anatomia do ouvido
Na cóclea encontra-se o órgão de Corti, que constitui o receptor sensorial do
órgão da audição. É composto por aproximadamente 20000 células sensoriais
cilíadas, cada uma responsável por captar o som a uma determinada frequência e
enviar posteriormente sinal ao cérebro para análise.

MECANISMO DA AUDIÇÃO
As ondas são captadas pelo ouvido externo fazendo vibrar o tímpano que
por sua vez faz movimentar os ossículos do ouvido ampliando o som e
transformando as ondas acústicas em vibrações mecânicas. A partir da janela oval
há um líquido ( perilinfa) que provoca o movimento das células ciliadas do órgão
de corti responsável pela transmissão do som ao cérebro.

MEDIDAS PREVENTIVAS
Adoptar prioritariamente as MPC, recorrendo às MPI unicamente no caso
de a situação impossibilitar qualquer outra alternativa.
A medida mais eficaz consiste em suprimir a fonte de ruído, substituindo,
por exemplo, a maquinaria ruidosa por outra mais silenciosa. Não sendo possível
deve evitar-se a propagação do ruído, isolando as máquinas ruidosas e colocando
materiais absorventes nas paredes, tectos e chão.
A nível do trabalhador exposto, as medidas preventivas são a realização de
exames audiométricos, a redução do tempo de exposição e a utilização de
protectores auriculares.

19
EFEITOS DO RUÍDO SOBRE O HOMEM
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o ruído excessivo não afeta
apenas o aparelho auditivo.
O ruído atinge todo o corpo, alterando todo o funcionamento dos principais
orgãos.
Costuma-se dividir os efeitos do ruído sobre o homem em duas partes: os
que atuam sobre a saúde e bem estar das pessoas e os efeitos sobre a audição.
Se submetermos uma pessoa normal a níveis intensos de ruído, as principais
alteração fisiológicas serão:
• Dilatação das pupilas;
• Hipertensão sanguínea;
• Mudanças gastro-intestinais;
• Reação da musculatura do esqueleto;
• Vaso-constricção das veias;
• Mudanças na produção de cortisona;
• Mudanças na produção de hormônio da tiróide;
• Mudança na produção de adrenalina;
• Fracionamento dos lipídios do sangue;
• Mudança na glicose sangüínea;
• Mudança na proteína do sangue;
• Aumento do nível de pressão sanguínea - sistólico;
• Aumento do nível de pressão sanguínea - diastólico;
• Hipertensão arterial.

A surdez provocada pelo ruído não pode ser curada mas quando detectada
pode-se impedir o agravamento. Assim deve-se fazer audiogramas periódicos

Como se faz?
O indivíduo fica numa câmara á prova de sons de diferentes frequências e
intensidade, os resultados registam-se num gráfico que é comparado com um
audiograma normal.
Também podem ser realizados através de ensaios oratórios em que se mede a
capacidade de distinguir palavras gravadas com diferentes intensidade.

SURDEZ PODE SER


• De transmissão:
È produzida pela obstrução do canal auditivo externo por cerúmen, corpos
estranhos, edema do revestimento do canal, assim como perfuração do tímpano.
Esta surdez pode ser tratada com reconstrução do ouvido médio. Os aparelhos
para surdez são eficazes e bem tolerados nestes pacientes.

• Sensitiva
Deve-se principalmente a lesão nas células ciliadas do órgão de corti,
causada por ruído intenso. Estes indivíduos podem reabilitar-se com aparelhos
para surdez de configuração e potência variável ou através de um implante
coclear.

OUTROS EFEITOS SOBRE O OUVIDO

20
• Sensação auditiva e tempo de reacção
O tempo de reacção varia com o estado físico e mental do indivíduo e com a
intensidade do ruído. Quanto maior for o tempo de reacção maior será o risco de
acidente.

• Efeito de máscara
Os sons muito intensos podem ocultar os de menor intensidade podendo tornar
imperceptíveis certos sons que alertariam para sons de perigo.

• Perturbação na localização de fontes sonoras


Quanto mais intenso for o ruído mais difícil se tornará avaliar correctamente a
aproximação de um perigo.

• Fadiga auditiva
Tem como consequência uma redução da sensibilidade do ouvido. Quanto maior
for a fadiga mais intenso terá que ser o som para ser percebido. O aparecimento
da fadiga depende do tempo de duração do som e também da sua intensidade.

7.2 Vibrações
A vibração é um movimento oscilatório de um corpo, devido a forças
desequilibradas de componentes rotativos e movimentos alternados de uma
máquina ou equipamento.
Como todo corpo com movimento oscilatório, um corpo que vibra, descreve
um movimento periódico, que envolve um deslocamento num certo tempo. Daí
resulta a velocidade, bem como a aceleração do movimento em questão.
Outro factor importante é a frequência desse movimento, isto é, o número
de ciclos (movimentos completos) realizado num período de tempo.
No caso de ciclos por segundo, utiliza-se a unidade Hertz (Hz).
Ao contrário de muitos agentes ambientais, a vibração somente será
problema quando houver efetivo contato físico entre um indivíduo e a fonte, o que
auxilia no reconhecimento da exposição.

VIBRAÇÕES LOCALIZADAS - EFEITOS AO ORGANISMO


• Os primeiros sintomas da síndrome são: formigueiros ou adormecimentos
leves, sendo, intermitente ou ambos, que são usualmente ignorados por não
interferirem no trabalho e outras actividades.
• Mais tarde, o paciente pode experimentar ataques de branqueamento de
dedos confinados, primeiramente às pontas. Entretanto, com a continuidade
da exposição, os ataques podem se estender à base do dedo. Nos casos
avançados, devido aos repetidos ataques isquêmicos, o tacto e a
sensibilidade à temperatura ficam comprometidos. Há perda de destreza e
incapacidade para a realização de trabalhos finos. Prosseguindo a
exposição, o número de ataques de branqueamento reduz, sendo substituído
por uma aparência cianótica dos dedos (acrocianose).

VIBRAÇÕES NO CORPO INTEIRO


Todo o corpo pode ser interpretado como um sistema mecânico (massa e
mola, por exemplo), lembrando-se que, na prática, existe também o

21
amortecimento. Assim, todo corpo possui uma frequência natural de oscilação,
podendo ser quantificada com um pequeno estimulo no sistema. No entanto, este
corpo poderá estar sujeito a forças externas, vibrações de outras fontes que podem
entrar em contacto com o mesmo.

EFEITOS NO ORGANISMO
Os motoristas de autocarro estão mais predispostos ao desenvolvimento de
síndromes dolorosas de origem vertebral, deformações da coluna, estiramento e
maus-jeitos, apendicites, problemas gastricos e hemorróidas. Todavia, posturas
forçadas, manuseio de cargas e maus hábitos alimentares não podem ser
descartados como desordens.
Outros estudos em laboratórios, mostraram grande relação causal com
desordens gastrintestinais e uma cadeira vibratória, usada como simulador em
testes com motoristas revelou que a vibração causa desconforto e pode interferir
com a destreza de comando manual e acuidade visual.

• Atividade muscular/ postura: Na faixa de 1 a 30 Hz, dificuldades para


manter a postura, bem como o aumento de balanço postural, há também
uma tendência à lentidão de reflexos na faixa de freqüência entre 10 a 200
Hz.
• Efeito no sistema cardiovascular:Em frequência inferior a 20 Hz, ocorre um
aumento da frequência cardíaca, durante a exposição à vibração.
• Efeitos cardiopulmonares: Aparentemente existem alterações nas condições
de ventilação pulmonar e taxa respiratória com vibrações de 4,9 mls2 (134
dB), na faixa de 1 a 10 Hz.
• Efeitos metabólicos e endocrinológicos: Foram observados alterações na
bioquímica urinária e sanguínea, como uma reacção genérica.

PREVENÇÃO
• Reduzir a vibração na fonte;
• Reduzir a transmissão da vibração para o corpo;
• Reduzir a duração da exposição à vibração;

7.3 Ambiente térmico


O Ambiente Térmico desempenha um papel importante no melhoramento
das condições de trabalho.
Conforto térmico pode ser definido como "o estado de espírito em que o
indivíduo expressa satisfação em relação ao ambiente térmico". Este estado é obtido
quando um indivíduo está numa condição de equilíbrio com o ambiente que o
rodeia, o que significa que é possível a manutenção da temperatura dos tecidos
constituintes do corpo, num domínio de variação estrito, sem que haja um esforço
sensível.
Esta é a situação ideal, que corresponde a um ambiente neutro ou
confortável. Fora deste ambiente pode haver alterações fisiológicas no ser humano.
Em condições normais de saúde e conforto, a temperatura do corpo
humano mantém-se aproximadamente constante próxima de 37 +/- 0,8 ºC, graças a
um equilíbrio entre a produção interna de calor devida ao metabolismo e à perda
de calor para o meio ambiente.

22
PRINCIPAIS EFEITOS DAS TEMPERATURAS EXTREMAS SOBRE O
ORGANISMO - Temperaturas Baixas
Quando o calor cedido ao meio ambiente, é superior ao calor recebido ou
produzido por meio do metabolismo basal ou de trabalho, devido à actividade
física que se está exercendo, o organismo tende a arrefecer e, para evitar esta
hipotermia (descida da temperatura do corpo), põe em marcha múltiplos
mecanismos, entre os quais podemos indicar:
• Vaso-constricção sanguínea: diminuir a cedência de calor ao exterior;
• Desactivação (fecho) das glândulas sudoríparas;
• Diminuição da circulação sanguínea periférica;
• Autofagia das gorduras armazenadas: transformação química de lípidos
(gorduras armazenadas) a glícidos de metabolização directa;

As consequências da Hipotermia poderão ser:


• Mal-estar geral;
• Diminuição da destreza manual;
• Redução da sensibilidade táctil;
• Anquilosamento das articulações;
• Comportamento extravagante (hipotermia do sangue que rega o cérebro);
• Congelação dos membros (os mais afectados, as extremidades);
• Frieiras;
• Cianose;
• Pé das trincheiras;
• Enregelamento (temperaturas inferiores a -20ºC);
• A morte produz-se quando a temperatura interior é inferior a 28º C por
falha cardíaca.

PRINCIPAIS EFEITOS DAS TEMPERATURAS EXTREMAS SOBRE O


ORGANISMO - Temperaturas Altas
A subida da temperatura acima da zona de conforto começa a provocar
problemas, primeiro de natureza subjectiva, depois mais a mais de natureza
fisiológica até atingir o limite físico de tolerância.
Quando o calor cedido pelo organismo ao meio ambiente, é inferior ao calor
recebido ou produzido pelo metabolismo total (metabolismo basal + metabolismo
de trabalho), o organismo tende a aumentar a temperatura, e para evitar esta
hipertermia (aumento da temperatura do corpo), põe em marcha outros
mecanismos entre os quais podemos citar:
• Vaso-dilatação sanguínea: aumento das trocas de calor;
• Activação (abertura) das glândulas sudoríparas: aumento do intercâmbio
de calor por troca do estado de suor de líquido a vapor;
• Aumento da circulação sanguínea periférica. Pode chegar a 2,6 l/min/m2;
• Troca electrolítica de "suor". A perda de NaCl pode chegar a 15 g/ litro.

A subida de temperatura acima da zona de conforto, começa a provocar


problemas de natureza:
• Psicológicas: - incomodo, mal estar;

• Psicofisiológicas: - aumento da sobrecarga do coração e aparelho


circulatório;
• Patológias: - agravamento de doenças.

23
Existe também uma classificação racional de transtornos causados a altos níveis de
calor ambiental. As consequências da hipertermia poderão ser:
• Transtornos psiconeuróticos
• Fadiga térmica
• Transtornos sistemáticos:
• De calor, colapso de calor;
• Esgotamento por calor: Deficiência circulatória, desidratação,
desalinização;
• Golpe de calor.
• Transtornos na pele:
• Erupção;
• Anidrose (deficiência de suor);
• Deficiência congénita das glândulas sudoríparas;
• Queimaduras solares (devido às radiações ultravioletas).

CONTROLO DO AMBIENTE TÉRMICO


O Ambiente Térmico é controlado através da aplicação de medidas técnicas,
de práticas no âmbito da organização do trabalho e da utilização de protecção
individual. Isto é, de medidas:
- Construtivas;
- Organizacionais;
- Protecção individual.

a)Ambientes Frios
As medidas técnicas de controlo restringem-se praticamente ao fornecimento
de calor às áreas de trabalho frias, o que nem sempre é possível considerando os
motivos que obrigam ao trabalho nestes ambientes. A nível de organização do
trabalho é perfeitamente possível preverem-se períodos de descanso para
climatização.
E finalmente, é possível, na grande maioria das situações, criar e manter-se um
microclima satisfatório utilizando-se vestuário que assegure um isolamento
apropriado.

Medidas

Construtivas • Fornecimento de calor / climatização

Organizacionais • a introdução de períodos de descanso para


aclimatização;
• Selecção.
Protecção • Vestuário de protecção;
individual • Luvas.

No entanto, certas actividades obrigam a condições desfavoráveis que


podem prolongar-se por muitas horas e frequentemente sob chuva e vento. Surge
então o desconforto e risco para a saúde, tornando-se necessárias medidas de

24
protecção (Vestuário adequado, Aquecimento em intervalos regulares,
Alimentação rica em calorias, gorduras).

b) Ambientes Quentes
Quando possível, deverão reservar-se os trabalhos em ambientes mais quentes
para os últimos dias da semana, pois provocam desadaptação que poderá ser
reparada com o repouso do fim-de-semana.
O limite da perda por sudação é de 4 litros nas 8 horas de trabalho, ou seja,
meio litro por hora, devendo a reposição ser feita regularmente ao longo do dia de
trabalho, com bebidas frescas (12 a 13 ºC) ou mornas (chá ou café muito fracos);
não sendo permitidas as bebidas alcoólicas e limitando a ingestão de sumos de
frutos e leite a 1 litro.
As refeições destes trabalhadores devem ser ligeiras e pobres em Lípidos
Devem-se afastar dos postos de trabalho em que existe exposição excessiva ao
calor, os indivíduos com afecções cardiovasculares, respiratórias, renais e os
obesos.

Medidas

Construtivas • Uso de ventilação geral e climatização;


• Uso de exaustores em postos de elevada libertação de
calor, com renovação de 30 m3/hora por pessoa;
• A instalação de refrigeradores para o ar renovado;
• A utilização de ventoinhas (estas devem ser colocadas
de forma a não interferir com a eficiência de qualquer
sistema de controlo de qualquer contaminante
existente);
• A utilização de ecrãs protectores contra energia
radiante (ex: diante dos fornos);
• O isolamento, recolocação ou substituição de
equipamento produtor de calor;
• A utilização de equipamento (tais como ferramentas)
que permita reduzir a carga de calor metabólico;
• Uso de chaminés aspiradoras, evacuando o ar quente
por convecção natural;
• Protecção de paredes opacas (tectos em particular);
• Protecção das superfícies envidraçadas;
• Colocação de telas metálicas.

Organizacionais • A introdução de períodos de climatização;


• A introdução de períodos de descanso;
• A distribuição do trabalho ao longo do tempo;
• A realização do trabalho mais quente nos períodos
mais frescos do dia;
• O fornecimento de água em quantidades apropriadas
aos trabalhadores

25
Protecção • Vestuário de protecção;
individual • Deve apresentar determinadas características, tais
como: boa ventilação, flexibilidade e elevada grau de
reflexão;
• Óculos e viseiras de protecção com vidro reflector.

A experiência mostra que um trabalhador que vai trabalhar em ambiente


de temperatura elevada deve, primeiro, habituar-se ao calor (climatizar-se). Essa
climatização consiste numa adaptação do organismo.

7.4 Qualidade do ar
Em virtude do desenvolvimento industrial e o consequente aumento no uso
dos produtos químicos, nenhum tipo de ocupação está inteiramente livre da
exposição de substâncias capazes de produzir efeitos nocivos aos organismos
biológicos.
Qualidade do ar aceitável é definido como o ar sem concentrações de
contaminantes prejudiciais à saúde e com o qual uma parcela significativa de
pessoas expostas se sintam satisfeitas
Os diversos agentes químicos que entram em contacto com o organismo dos
trabalhadores, podem apresentar uma acção localizada ou generalizada (diversos
órgãos)

As principais vias de penetração destas substâncias no organismo são:


• Respiratória (inalação) – ar inalado durante a jornada de trabalho.
• Digestiva – através da higienização dos locais de refeitórios e individual.
• Cutânea – limitada a certas substâncias como: nitrobenzeno, nitroglicerina,
fenol
• Ocular – a visão é facilmente atingida durante a manipulação de agentes
químicos.

CONTAMINANTES ATMOSFÉRICOS
São gases, vapores e as partículas sólidas ou líquidas suspensas ou dispersas
no ar.

A contaminação pode ocorrer por:


- Agentes biológicos (microorganismos: vírus, bactérias e fungos)
- Agentes químicos (gases e vapores, poeiras, fumos, neblinas e névoas).

Por sua vez os agentes químicos podem ocorrer no estado sólido, líquido ou
gasoso.
• Os sólidos são poeiras nocivas que podem ser de origem: animal
(pelos e couro), vegetal (fibras de algodão e do bagaço de cana),
mineral (sílica livre e cristalina, amianto, berílio e carvão) e sintética
(fibras de plástico).

26
• Os sólidos são poeiras nocivas que podem ser de origem: animal
(pelos e couro), vegetal (fibras de algodão e do bagaço de cana),
mineral (sílica livre e cristalina, amianto, berílio e carvão) e sintética
(fibras de plástico).
• Os líquidos, são soluções ácidas, alcalinas ou solventes orgânicos.
• Os gasosos são os gases e vapores, sendo este último a evaporação de
substâncias sólidas ou líquidas que estão distribuído no ar. Ex.:
monóxido de carbono, metano e gás carbónico.

O material particulado suspenso no ar constitui os aerodispersóides ou


aerossóis, isto é, dispersão de partículas sólidas ou líquidas, de tamanho bastante
reduzido.

Classificação dos aerossóis, de acordo com sua formação:


• POEIRAS – são partículas sólidas resultantes da desintegração mecânica de
substâncias orgânicas ou inorgânicas (rochas, minérios, metais, carvão,
madeira, grãos, pólenes, etc.), seja pelo manuseio, operações de
esmagamento, de moagem, trituração, detonação e outros.
• FUMOS – são pequeníssimas partículas sólidas resultantes da condensação,
sublimação ou reacção química de vapores, geralmente, provenientes da
volatilização de metais em fusão ( fumos de óxidos de zinco, de chumbo,
etc.).
• NÉVOAS – são aerossóis constituído por partículas líquidas (gotículas)
resultantes da condensação de vapores, ou dispersão mecânica de líquidos
(névoa de ácido cómico, de ácido sulfúrico, tinta pulverizada e agrotóxicos).

O ar de um ambiente, é alterado principalmente pelos seguintes factores:


• Excreção de substâncias aromáticas;
• Formação de vapor d’água;
• Liberação de calor;
• Produção de ácido carbónico e
• Impurezas do ar, que penetram de fora para dentro, ou são produzidas pelo
processo do trabalho.

PREVENÇÃO
Sempre que exista contaminante devemos actuar:
• Sobre o foco contaminante
• Sobre o meio de difusão
• Sobre o indivíduo receptor (o trabalhador)

PROTECÇÃO INDIVUAL:
Como a via de entrada dos contaminantes químicos de maior importância
são as vias respiratória e dérmica, a protecção individual está destinada
fundamentalmente a evitar que se produza a entrada dos contaminantes por estas
vias.
Oito normas que devem ser cumpridas pelas protecções individuais contra
os contaminantes químicos:
• Que seja adequada para reter o contaminante a que estamos expostos
• Que proteja todas as vias de entrada
• Que seja o mais confortável possível

27
• Que se utilize adequadamente
• Que se mantenha limpo e em condições de uso
• Que esteja homologado para o risco que queremos proteger
• Que não tenha perdido nenhuma das suas características essenciais de
protecção
• Que seja individual, um para cada pessoa

8. SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO
8.1 Iluminação e Ambiente Cromático
A iluminação e o ambiente cromático são um dos principais factores
ambientais que têm como principal finalidade facilitar a visualização das coisas
dentro do seu contexto espacial, de modo que o trabalho se possa realizar em
condições aceitáveis de eficácia, conforto e segurança. Se se conseguirem estes
objectivos, as consequências não só se repercutem favoravelmente sobre as
pessoas, reduzindo a fadiga, a taxa de erros e de acidentes, senão que contribuem
para aumentar a quantidade e qualidade do trabalho. Certas cores têm efeitos
psicológicos inegáveis, no entanto com variações importantes de um indivíduo para
outro.

Cor Efeito de Efeito da Efeito Psíquico


Distância Temperatura
Azul Afastamento Frio Calmante
Verde Afastamento Frio a Neutro Muito Calmante
Vermelho Aproximação Quente Muito Estimulante e Cansativo

Laranja Muita Muito Quente Excitante


Aproximação
Amarelo Aproximação Muito Quente Excitante

Castanho Muita Neutro Excitante


Aproximação
e
Claustrofobia
Violeta Muita Frio Agressivo, Cansativo e Deprimente
Aproximação

Para que exista conforto e uma boa percepção visuais devem ter-se em
conta determinadas condições:
- Que estimulem a limpeza e a ordem (cores claras),
- Que melhorem o rendimento luminoso,
- Que evitem os encadeamentos,
- Que satisfaçam no possível os gostos dos trabalhadores,
- A combinação de cores deve ser estimulante e evitar monotonia,
- as cores das zonas de descanso devem oferecer uma mudança de atmosfera
com as de trabalho,
- os níveis de iluminação em zonas de descanso e refeitórios devem ser mais
ténues que as de trabalho,

28
- o nível de iluminação deve ser apropriado à função da sala,
- a repartição das fontes deve ser equilibrada.

Áreas de grande permanência de pessoas devem dominar as cores neutras,


para que não fatiguem e permitam ressaltar os elementos mais importantes:
máquinas, obstáculos, sinalizações, etc.
Áreas de escassa permanência, como corredores, salas de reuniões, admitem
um tratamento cromático com cores mais intensas, segundo o efeito que se quer
reforçar, amplitude, intimidade, relaxamento, etc.
Áreas com muito escassa permanência, como cantinas, halls, podem tratar-
se com cores atrevidas, fortes contrastes que por um lado estimulem, separem e as
caracterizem dos restantes ambientes.

Classificação
Os locais de trabalho devem ser iluminados com luz natural, recorrendo-se
à artificial complementarmente, quando aquela seja insuficiente.
A iluminação natural, não perdendo de vista as suas vantagens de natureza
económica, é o tipo de iluminação para o qual o olho humano se desenvolveu e
aperfeiçoou.
As superfícies de iluminação natural devem ser dimensionadas e
distribuídas de tal forma que a luz diurna seja uniformemente repartida e serem
providas, se necessário, de dispositivos destinados a evitar o encadeamento.
Do ponto de vista psicológico, a iluminação natural, ou inclusive o mero
contacto visual com o exterior, tem efeitos positivos para a maioria das pessoas,
entre eles é de destacar:
- Facilita a variação da acomodação visual (perto/longe);
- Amplia o campo visual e evita os efeitos claustrofóbicos;
- Aumenta a estimulação sensorial;
- Acompanha os ritmos biológicos circadianos;
- Previne o "Sindroma Depressivo Estacional" (maior tristeza, ansiedade,
irritabilidade, sonolência, desmotivação).

Símbolo Definição Unidade


Grandeza

FLUXO é a lumen (lm)


LUMINOSO quantidade
total de luz
emitida por
uma fonte
luminosa, por
unidade de
tempo.
INTENSIDADE I é uma candela (cd)
LUMINOSA medida do
fluxo
luminoso
emitido, por
unidade de
ângulo sólido,

29
numa
determinada
direcção.
ILUMINÂNCIA E é uma lux (lx) (1 lux = 1 lm/m2)
medida do
fluxo
luminoso
incidente por
unidade de
superfície.
LUMINÂNCIA L é a candela por metro
intensidade quadrado (cd/m2)
luminosa
emitida,
transmitida
ou reflectida
por unidade
de superfície.
CONTRASTE C é a diferença
de
luminância
entre o
objecto e o
fundo em
relação à
luminância
do próprio
fundo.
FACTOR DE p é a relação da %
REFLEXÃO iluminação
que uma
superfície
reflecte
(luminância)
em relação
com a que
recebe
(iluminância).

A iluminância exprime o aspecto quantitativo da iluminação. O nível de


iluminância recomendado para uma dada tarefa diz respeito à quantidade de luz
que se considera necessária à boa execução dessa tarefa.
O nível de iluminância determina a qualidade da percepção visual.
Quanto mais elevado for este nível maior será o conforto e a precisão com
que se vê, o que significa trabalho mais rápido e perfeito, menos enganos, maior
segurança, etc.
Um nível de iluminação demasiado elevado é muitas vezes desaconselhado.
Níveis superiores a 1 000 lx aumentam os riscos de reflexão, de sombras
demasiado pronunciadas e de contraste excessivo.

30
ENCADEAMENTO
Nos escritórios de grandes superfícies demasiado brilhantes iluminadas,
observam-se fenómenos de reflexão, de encadeamento, de contraste demasiado
marcados que podem contribuir para um aumento dos riscos de problemas visuais.

Exemplos de níveis de iluminação apropriados para certas condições:


LUXES QUALIDADE ACTIVIDADE LOCAIS
0 a 60 Fraquíssima Imprópria para o trabalho Caves, locais pouco
utilizados
60 a 100 Fraca Pouca atenção e poucos Arrumação de armazéns,
detalhes depósitos
100 a 250 Modesta Não continuada Auditórios, restaurantes,
salas de reunião
250 a 500 Boa Leitura, operação de Nos sectores fabris e
máquinas e equipamentos administrativos de uma
maneira geral
500 a 900 Óptima Manutenção de Sector de manutenção de
equipamentos hardware , mecânica de
electroeletrónicos e outros precisão
equipamentos
900 a Excelente Produção de equipamentos Produção de equipamentos
1800 de precisão, cirurgias electrónicos, salas de
cirurgia

No caso do trabalho de escritório são dadas algumas indicações para uma boa
disposição e repartição dos dispositivos de iluminação:
• Nenhuma fonte luminosa deve aparecer no campo visual dos trabalhadores
enquanto eles trabalham;
• A linha que une os olhos à fonte luminosa deve ser um ângulo de 30º com a
horizontal. Se não pode ser evitado um ângulo inferior, as luzes devem ser
equipadas de abat-jour;
• As lâmpadas devem ser colocadas perpendicularmente à linha de visão;
• É preferível utilizar um maior nº de lâmpadas de menor intensidade que só
algumas muito potentes;

OUTROS EFEITOS DA ILUMINAÇÃO INADEQUADA


 Fadiga visual
 Fotofobia

A fadiga visual é o mais comum e tem um carácter temporal.

Os sintomas mais importantes são:


Inflamação local com dor, ardor, calor e vermelhidão com lacrimejo.
Visão defeituosa: visão dupla ou pouco nítida, intolerância á luz.
Pode aparecer: dor de cabeça e sensação de vertigem.

31
A fadiga visual pode ser provocada por factores intrínsecos (ligados ao próprio
indivíduo) ou extrínsecos (ligados ao meio ambiente).

Nos factores ambientais podemos considerar:

Iluminação inadequada
Deficiente adaptação antropométrica do posto de trabalho
Condições ambientais deficientes (pó, calor)
Horário e duração do trabalho
Tipo de trabalho (lupa, computador, microscópio)
Trabalhos de miniatura

Nos factores ligados ao indivíduo podemos considerar:

Alteração das funções fixação e focagem como a miopia e o astigmatismo


Alteração do sistema de acomodação e do músculo ciliar (idade)
Alterações óculo-motoras (estrabismo)
Insónia, intoxicação por tabaco, álcool, drogas e certos medicamentos.

A fotofobia aparece quando o olho está submetido a uma luz muito intensa
(sol). Manifesta-se por dor nos olhos, lacrimejo e contracções involuntárias das
pálpebras.

PREVENÇÃO DESTAS LESÕES


Pode ser técnica e/ou médica, assim há que ter em conta:
 Integridade do aparelho visual
 Adequação dos ritmos biológicos e de trabalho
 Controle da iluminação

Deve avaliar a aptidão visual dum trabalhador para um determinado trabalho. O


exame médico terá como mínimo:

o Acuidade visual de perto, de longe, e de distancia de trabalho


o Campo visual que se pode observar sem desviar o olhar. Comparar os
valores com os considerados normais
o Visão de cores
o Adaptação ao encandeamento e á obscuridade
o Campo visual que se pode observar sem desviar o olhar. Comparar os
valores com os considerados normais
o Visão de cores
o Adaptação ao encandeamento e á obscuridade

Deve ajustar a iluminação de forma a permitir:

 Apreciar o contraste
 Manter o equilíbrio da iluminação tanto no campo visual como entre as
diferentes zonas do local de trabalho

EM RESUMO
Devem eliminar-se os encandeamentos e as sombras excessivas.

32
Não se deve descuidar a manutenção do sistema de iluminação:

- O sistema escolhido deve ser de fácil manutenção


- As luminárias devem limpar-se regularmente
- Deve-se substituir as fontes luminosas de acordo com a duração e perda de
rendimento ( incandescente: 1000H; fluorescente 2000H)

9. TRABALHO COM ECRÃS DE VISUALIZAÇÃO


9.1 Doenças causadas pelo uso frequente
• L.E.R – Lesão por esforço repetitivo
• D.O.R.T. – Distúrbios osteoarticulares relacionados ao trabalho
• Tendinite – inflamação aguda ou crónica dos tendões
• Síndrome de DeQuervain – opressão dolorosa da bainha dos tendões do
polegar
• Artrose – desgastamento das articulações
• Cifose – acentuamento da concavidade posterior
• Escoliose – surge uma curvatura lateral na coluna vertebral
• Os olhos não conseguem suportar a tela do computador durante muitas
horas seguidas, cujas imagens provocam stress dos músculos oculares
• A radiação emitida embora sendo pequena, pode agravar problemas já
existentes como a miopia

As doenças relacionadas com a coluna e o computador são decorrentes da


postura e do tempo que se utiliza o aparelho.

9.2 Prevenção dos problemas causados pelo computador


• Ginástica laboral, alongamentos, intervalos entre as actividades
• No caso da visão, descansar 10min após cada 1h de uso, especial atenção aos
ambientes com ar condicionado que ressecam mais os olhos
• Para prevenir o stress, realizar actividade física regular que controla a TA e
distrai dos problemas

9.3 Iluminação de postos de trabalho com computadores


Problemas:
- Presença de reflexos no ecrã
- Contraste entre o fundo e o ecrã
- Contraste entre o fundo e o texto

Estas condições deficientes podem acelerar o aparecimento de fadiga visual,


pelo que devem dispor de períodos regulares de descanso. As janelas e fontes
luminosas devem ficar em linha perpendicular com o ecrã

10. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO - Carga física e mental do


trabalho, tempo de trabalho

33
10.1 Organização do trabalho
• A organização do trabalho é o resultado de um equilíbrio momentâneo,
reconstruído de forma quotidiana, entre diferentes grupos sociais.
• A organização do trabalho é baseada em uma visão teórica dos sistemas de
produção;

FORMAS DE ENCARAR
1. Análise de funções
2. Conteúdo do trabalho
3. Tempo de trabalho
4. Carga física
5. Carga mental

1. Análise de funções
• O planeamento da mão-de-obra passa por uma adequação entre as pessoas
e os postos de trabalho, assegurando que estejam disponíveis os recursos
humanos, quando necessários;
• Contudo, este processo não pode nem deve ser estático (pois as funções
estão sempre em constantes modificações) devendo considerar as
capacidades humanas, as considerações tecnológicas e comerciais;

Assim, adequar a pessoa ao posto de trabalho tem de ser complementar com a


adequação do posto de trabalho à pessoa.

2. Conteúdo do trabalho
Uma adequada organização do trabalho, que pretende não só o aumento da
produtividade, como a diminuição do risco e acidentes, deve ter em conta factores
como:
• Monotonia repetição;
 Motivação;
 Autonomia;
 Ritmo de trabalho;
 Quantidade de trabalho;
 Responsabilização;
 Automatização;
 Grau de atenção.

Monotonia e repetição
• Estão frequentemente associadas a alterações do estado de saúde,
condicionando patologias com riscos cardiovasculares, hipertensão e
depressão;
• Descontentamento por parte dos trabalhadores, o que a curto/médio prazo
origina uma redução do desempenho, da satisfação e da realização, com
efeitos sobre a produtividade.

Motivação
• Este conceito remete para a satisfação das necessidades do sujeito.
• Ao nível organizacional, encontramos as necessidades:
• Físicas (como as condições de trabalho);
• De segurança (relacionadas com o tipo de vínculo com a empresa);
34
• De relacionamento (através do estabelecimento de relações
interpessoais);
• De realização (que passam não só pelo desempenho mas pelo alcance
de objectivos);
• De responsabilidade (relacionadas com a liderança e a delegação de
funções);
• De desenvolvimento (associadas à informação/formação);
• E de reconhecimento (recompensas, salários e prémios).

Autonomia
• Representa a possibilidade que um trabalhador tem de poder controlar o
método de trabalho ou ordem de execução das tarefas, dentro dos
procedimento estabelecidos.
• Permitir um maior nível de autonomia dos trabalhadores permite aumentar
o grau de satisfação no trabalho, evitando a saturação.

Ritmo de trabalho
• Representa o tempo que o trabalhador utiliza para executar uma tarefa,
devendo ser tido em conta que o ritmo está directamente associado como
esforço que o trabalhador tem de prestar.
• Quando um indivíduo sente que não existe modo ou forma de alcançar as
exigências estabelecidas pelo ritmo de trabalho, desencadeia-se uma reacção
de stress, e consequentemente, fadiga física e cansaço psíquico.

Quantidade de trabalho
• Representada através do volume que um trabalhador tem de executar
durante um dia de trabalho, devendo esta ser ajustada a cada pessoa em
função do sexo, da idade, da experiência, etc.

Responsabilidade
• É importante criar condições para o desenvolvimento de responsabilidades
laborais, tendo em consideração a articulação entre o nível exigido pela
tarefa e o grau de responsabilidade que cada trabalhador está disposto a
assumir.

Automatização
• Pode permitir a redução da carga física excessiva e a diminuição das tarefas
repetitivas, podendo por outro lado apresentar desvantagens como a
diminuição do conteúdo da tarefa, especialmente no que diz respeito à
autonomia e à capacidade de tomar decisões.

Grau de atenção
• Tanto os trabalhos que requerem um elevado nível de atenção como os que
requerem um baixo nível, podem originar efeitos negativos:
• No 1º caso, podem ocorrer alterações da percepção sensorial,
representando um aumento dos riscos para a saúde;
• Enquanto no 2º caso, pode surgir uma perigosa sensação de
alheamento.

3. Tempo de Trabalho

35
• A organização do tempo de trabalho tem efeitos sobre a saúde, visto
poder afectar a qualidade de vida tanto na actividade profissional
como nas relações extra laborais
• A organização do trabalho deve ter em conta os horários, o trabalho
nocturno e por turnos, o pluriemprego, o ritmo excessivo, as horas
extraordinárias excessivas, a programação dos ciclos de trabalho.

Trabalho por turnos


• Tipo de organização laboral que visa assegurar a continuidade da produção
(de bens e/ou serviços) pela presença de várias equipas que trabalham em
tempos diferentes num mesmo posto de trabalho.
• Inclui turnos rotativos como os turnos fixos nocturnos.

Trabalho por turnos: consequências


• Alterações do ritmo biológico;
• Alterações da vida social;
• Fadiga física e mental;
• Alterações do sono (quantidade e qualidade);
• Alterações digestivas (desajuste entre as refeições e os ciclos circadianos);
• Alterações ao nível da concentração, da motivação, do tempo de reacção;
• Aumento da vulnerabilidade ao risco de acidentes ou lesões.

4. Carga Física
• Corresponde ao grau de exigência que o desempenho do posto de
trabalho tem sobre o indivíduo:
 Esforços (carregamento de pesos, manobrar de máquinas,
distâncias percorridas, etc.);
 Posturas;
 Trabalho sedentário;
 Trabalho em pé.

5. Carga Mental
• Corresponde ao nível de actividade ou quantidade de esforço mental
requerido para que o trabalhador obtenha um resultado concreto;
• Relação entre as solicitações efectuadas ao indivíduo e a sua capacidade
para tratar essa informação;
• A avaliação da carga mental deve ter em consideração os aspectos
cognitivos, emocionais, motivacionais e relacionais implicados em maior ou
menor grau no trabalho;
• É importante encontrar um equilíbrio adequado entre as capacidades
individuais e a exigência que decorre da realização da tarefa (quantidade de
informação a tratar, natureza dessa informação, sua complexidade, ritmo
de execução da tarefa, etc.)

Pode ocorrer:
• Sobrecarga (capacidades psíquicas e sociais solicitadas em excesso);
• Subcarga (solicitação insuficiente).

Desencadeadores da carga mental:


• Pressão pela falta de tempo;

36
• Realização de tarefas que implicam a elaboração simultânea de actividades
diferentes e que muitas vezes requerem exigências opostas;
• Realização de tarefas complexas;
• A carga emocional que pode estar subjacente à execução de determinadas
tarefas.

Factores de Risco na organização do trabalho


• Monotonia
• Autonomia
• Ritmo de trabalho
• A comunicação
• Participação
• Identificação com a tarefa
• O tipo de liderança
• Estabilidade de emprego
• Relações interpessoais

• A organização do trabalho é apenas uma das variáveis que determina a


situação de trabalho.
• Outras, igualmente importantes são, a tecnologia, o próprio indivíduo, o
grupo, a cultura da empresa, o ambiente físico, etc.

Novas Formas de Organização do Trabalho (N.F.O.T.)


A maioria dos autores que contribuíram para o desenvolvimento das
N.F.O.T. pretenderam conciliar dois vectores:
• Elevar o nível de satisfação dos trabalhadores (recentemente, reformulada
para qualidade de vida no trabalho);
• Aumentar o rendimento do trabalho.

A reorganização do trabalho consiste, basicamente, em mudanças feitas tanto a


montante como a jusante da produção, no sentido horizontal e vertical.
Por exemplo:
 Rotação de tarefas;
 Alargamento de tarefas;
 Enriquecimento de tarefas.

1. Rotação de tarefas
• No modelo tradicional, o colaborador A fazia a tarefa a, o colaborador B
fazia a tarefa b, ….
• A rotação de tarefas é trocar de posto e de tarefa: o colaborador A passa a
fazer a tarefa b, o colaborador B passa a fazer a tarefa c, …

A mudança de posto de trabalho é vista pelo gestor como um meio de:


• Equiparar as qualificações;
• Dar polivalência aos colaboradores;
• Evitar a rotina/monotonia, proporcionando maior diversidade de tarefas;
• Combater a desmotivação e o absentismo.

Risco: O trabalhador pode percepcionar a polivalência como um acréscimo de


carga física e/ou mental

37
2. Alargamento de tarefas
• Consiste na integração de tarefas (ou de um conjunto de tarefas) da mesma
natureza. Trata-se sobretudo de um alargamento horizontal;
• Ao gestor vem permitir:
• Maior variedade e diversidade do trabalho;
• Maior duração do ciclo de trabalho;
• Maior flexibilidade do colaborador e do modo como organiza o
trabalho.

3. Enriquecimento de tarefas
• Consiste basicamente na adição de novas tarefas qualitativamente
diferentes;
• Trata-se de um alargamento horizontal e vertical de tarefas;
• Consiste em modificar cada tarefa individual de maneira a adquirir certas
características correspondentes aos factores de motivação do trabalhador
(ex. aumentar o grau de iniciativa o trabalho, delegar autoridade).

Em resumo:
• O trabalho, além de possibilitar crescimento, transformações,
reconhecimento e independência pessoal e profissional também pode causar
problemas de insatisfação, desinteresse, apatia e irritação.
• Os princípios que se adoptam na promoção e protecção da saúde, mais do
que uma responsabilidade social, traduzem o valor que a organização dá à
preservação das pessoas (o seu capital mais precioso) e são o espelho da
própria cultura da organização.

38

You might also like