You are on page 1of 8

Dicas de Concurso: redação de sentença e

prova subjetiva
Por George Marmelstein Lima
Eu havia prometido para mim mesmo que não iria mais ficar dando dicas de concurso,
já que faz praticamente dez anos desde a última prova que fiz. Por isso, não me sinto
habilitado a sugerir livros nem a preparar material de estudo, pois sinceramente não sei
como estão sendo feitas as provas mais recentes. Para se ter uma idéia, na minha época
de concurseiro, havia alguns concursos que exigiam prova de datilografia! É o novo!

No entanto, acabei encontrando entre os meus arquivos antigos um material que


preparei para uma aula sobre “redação de sentença”. Foi um preparatório para a prova
de juiz estadual aqui no Ceará. As dicas continuam válidas, inclusive podem ser úteis
também para as demais provas subjetivas de um modo geral.

Ei-las:

Técnicas e dicas de elaboração de sentenças cíveis para concursos


Por George Marmelstein Lima, Juiz Federal
http://georgemlima.blogspot.com/

1. Observações quanto à linguagem

- seja objetivo
- seja claro
- seja didático
- evite palavras complicadas ou mesmo em latim
- evite rasuras e escreva com boa caligrafia
- evite expressões lacônicas (“custas e correção monetária na forma lei”, por exemplo)
- nos pontos polêmicos, evite juízos depreciativos a correntes doutrinárias ou
jurisprudenciais (utilize uma linguagem “neutra”)
- dê destaque ou ênfase ao ponto crucial da discussão
- separe cada discussão por tópicos
- não é necessário o “vistos etc” no início da sentença
- pode colocar o “P.R.I.” ou então “Publique-se. Registre-se. Intimem-se” no final da
sentença
- não se deve colocar a assinatura ou o nome, a não ser que a questão peça

2. Estrutura da sentença

- relatório
- fundamentação
- dispositivo

2.1.. Relatório

- em regra, não é necessário, pois a própria questão já é o relatório


- sendo necessário, faça um relatório bem resumido, para não perder tempo ou espaço
2.2. Fundamentação

- antes de iniciar a fundamentação, separar todos os pontos discutidos, desenhando a


estrutura da sentença. O ideal é separar a fundamentação por tópicos: para cada
discussão jurídica, um tópico. Por exemplo:

2. Fundamentação
2.1. Preliminares
2.1.1. Interesse de agir
2.1.2. Ilegitimidade passiva
2.2. Questão Prejudicial de mérito
2.2.1. Prescrição
2.2.2. Decadência
2.3. Mérito
3. Dispositivo

- em regra, as preliminares são colocadas na questão para serem superadas


- Lembrar que as preliminares (art. 301, do CPC) devem ser analisadas em uma ordem
lógica e sempre antes das questões prejudiciais de mérito (prescrição e decadência), que,
por sua vez, antecedem a apreciação do mérito
- vale a pena dar uma boa estudada em direito processual civil para se preparar para
enfrentar as questões de índole processual que certamente serão cobradas, como por
exemplo:
a) processo coletivo: interesses difusos, ações coletivas, ação popular, ação civil
pública, mandado de segurança coletivo, legitimidade ativa, acp em matéria tributária,
coisa julgada etc.;
b) desapropriação. Desapropriação é um tema importante, que é cobrado tanto em
processo civil quanto em constitucional e administrativo. Para a parte processual, é
interessante ler as leis de desapropriação, bem como as súmulas do STJ sobre a matéria
que tratam sobre juros;
c) preliminares: condição da ação (interesse de agir, legitimidade e impossibilidade
jurídica do pedido), litispendência, conexão, prescrição e decadência etc.

2.3.. Dispositivo

- é a conclusão da sentença. Deve ser o mais claro possível, evitando-se confusão ou


obscuridade
- evite o cômodo “julgo procedente nos termos do pedido”. É bom sempre especificar o
que efetivamente está sendo concedido. Evitar “JULGO PROCEDENTE A AÇÃO”,
pois, na verdade, o mais correto é “JULGO PROCEDENTE O PEDIDO DESTA
AÇÃO, condenando…”
- cuidado com a questão dos juros e correção monetária (o problema do artigo 406 do
nCC)
- jamais esquecer da condenação em custas e honorários de sucumbência (arts. 19 e ss.
do CPC)
- observar as regras quanto ao duplo grau obrigatório (art. 475 do CPC e alterações da
lei 10.325/2001)
- Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
- Local, data
- não colocar nome nem assinar
3. Regras específicas

3.1. Mandado de segurança


- há custas processuais, mas não há honorários de sucumbência (súmula 105 do STJ e
502 do STF)
- em caso de concessão, há sempre o duplo grau obrigatório, independentemente do
valor da causa (Lei 1.533/51, art. 12, par. único)
- principais discussões preliminares:
(a) decadência para impetrar: a questão dos 120 dias (exceções: ato omissivos e de
prestação continuada);
(b) a adequação nos casos de declaração de inconstitucionalidade da lei: a questão da lei
de efeitos concretos;
(c) a adequação no caso de necessidade de prova: a questão da prova pré-constituída
(conceito de direito líquido e certo);
(d) a legitimidade ativa no caso de mandado de segurança coletivo: a questão da
expressa autorização dos associados.

3.2. Ação civil pública


- observar artigos 13, 16, 18 da Lei 7.347/85
- em caso de condenação, a indenização irá para o Fundo de Defesa dos Interesses
Difusos
- efeito erga omnes
- ônus de sucumbência apenas em caso de má-fé
- principais discussões preliminares:
(a) a questão da competência em matéria ambiental;
(b) legitimidade ativa: a legitimidade do ministério público nos casos de direitos
individuais homogêneos, em especial em matéria de consumo, tributária e
previdenciária;
(c) a questão da litispendência: várias ações sobre o mesmo objeto

3.3. Ação Popular


- observar artigos 11, 12, 13, 14, 18 e 19 da lei 4.728/65:
“Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do
ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua
prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários
causadores de dano, quando incorrerem em culpa.
Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das
custas e demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação
e comprovadas, bem como o dos honorários de advogado.
Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide
manifestamente temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas.
Art. 14. Se o valor da lesão ficar provado no curso da causa, será indicado na sentença;
se depender de avaliação ou perícia, será apurado na execução.
§ 1º Quando a lesão resultar da falta ou isenção de qualquer pagamento, a condenação
imporá o pagamento devido, com acréscimo de juros de mora e multa legal ou
contratual, se houver.
§ 2º Quando a lesão resultar da execução fraudulenta, simulada ou irreal de contratos, a
condenação versará sobre a reposição do débito, com juros de mora.
(…)
Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível “erga omnes”, exceto no caso
de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso,
qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de
nova prova.
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está
sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada
pelo tribunal; da que julgar a ação procedente, caberá apelação, com efeito suspensivo.
(Redação dada ao caput e §§ pela Lei nº 6.014, de 27/12/73)

Princípios e Regras: uma distinção didática


Por George Marmelstein Lima
Tenho percebido, já há algum tempo, certa dificuldade dos alunos em compreender o
alcance da distinção entre regras e princípios, tal como desenvolvido por Robert Alexy.
Os alunos até que absorvem a informação, mas não se dão conta da grande importância
prática que isso gera. Quase todas as mais relevantes idéias defendidas pela teoria dos
direitos fundamentais são alicerçadas na noção de que as normas que consagram direitos
fundamentais são, geralmente, enunciadas como princípios. Isso leva, por exemplo, à
constatação de que os direitos fundamentais não são absolutos. Voltarei a esse ponto
mais à frente.
Antes de tudo, pretendo estabelecer, de modo didático, uma distinção entre regras e
princípios. Repito: será uma distinção meramente didática, sem pretensão de esgotar
toda a complexidade de cada uma dessas categorias jurídicas.
Começo pelas regras.
“A aula começa às 7:30 da manhã. O aluno que chegar à sala depois desse horário não
terá direito à presença”.
Eis um exemplo de regra.
Nesse exemplo, não há meio termo: o aluno deve chegar antes do horário marcado. Se
chegar um minuto depois, estará descumprindo a regra e, portanto, deverá sofrer a
sanção nela prevista. É na base do tudo ou nada. Não tem blá, blá, blá, nem choro nem
vela.
Agora veja um exemplo de princípio: “A aula começará bem cedo. O aluno deve chegar
o mais cedo possível”.
Observe que a estrutura da frase mudou substancialmente. Não é possível estabelecer
com precisão qual é o horário exato em que a aula começará. Vai depender de diversos
fatores. Num dia de chuva, o mais cedo possível é um pouco mais tarde do que num dia
de sol. Se o carro “der o prego”, certamente haverá um atraso. Se houver
engarrafamento, idem…
Como se vê, o cumprimento da norma vai depender das possibilidades fáticas que
podem surgir numa situação específica. E o professor, antes de punir o aluno, vai ter
que ponderar as razões que ele apresentar para não chegar mais cedo.
Quando se analisa a maior parte das normas que consagram direitos fundamentais,
percebe-se que elas são muito mais parecidas com os princípios do que com as regras.
Quando a Constituição diz que a saúde é direito de todos, isso significa que o Estado
deve se esforçar ao máximo para conseguir fazer com que todas as pessoas tenham
acesso aos serviços de saúde. Por motivos óbvios, não será possível colocar um médico
em cada casa nem uma ambulância em cada esquina. A concretização desse direito vai
depender essencialmente do $$$$$$$.
As normas-princípio se caracterizam por estabelecerem uma diretriz a ser seguida, ainda
que não apontem um único caminho para alcançar o ponto de chegada. As regras, pelo
contrário, fornecem uma única opção, que não pode deixar de ser seguida.
Se duas regras fornecem soluções distintas para a mesma situação, certamente uma das
regras é inválida. Esse fenômeno é chamado de antinomia e é solucionado com os
critérios hierárquico, cronológico e da especialidade, de todos conhecidos.
E com relação aos princípios? O que fazer quando dois princípios apresentam soluções
diferentes para o mesmo problema, já que não há entre eles, em regra, hierarquia e eles
foram promulgados ao mesmo tempo e possuem o mesmo grau de abstração?
Esse fenômeno é chamado de colisão de princípios e é muito mais freqüente do que se
imagina. Muitas vezes, quando se segue um rumo indicado por uma norma-princípio é
possível que se afaste do rumo indicado por outra norma-princípio. Os princípios nem
sempre apontam para o mesmo destino.
Observe os direitos de personalidade (honra, imagem, privacidade etc.). Eles apontam
para a proteção da pessoa, para o resguardo da intimidade, para o segredo, para a não
divulgação da imagem…
Agora observe o direito de informação e o direito de liberdade de expressão. Eles
apontam para a direção oposta: para a transparência, para a divulgação de dados e
informações, inclusive pessoais…
Quanto mais se caminha em direção aos direitos de personalidade mais se distancia do
direito à liberdade de expressão e vice-versa.
É justamente por isso que se diz que os direitos fundamentais não são absolutos, pois,
em alguma medida, eles vão ter que ceder quando se chocarem com outros valores mais
importantes. Uma proteção plena da liberdade de expressão coloca em risco os direitos
de personalidade.
O jurista não pode seguir o caminho da proteção da personalidade sem se preocupar
com a liberdade de expressão, nem deve fazer o inverso. Ele deve tentar prestigiar, em
alguma medida, ambos os valores constitucionais. Isso se dá por meio da ponderação e
do princípio da proporcionalidade. Sobre isso, falarei depois.

Portanto, para saber se uma norma é uma regra ou um princípio, o mais importante é
saber se ela é ou não passível de ponderação. Em caso afirmativo, tem-se um princípio;
do contrário, tem-se uma regra.

Roteiro de Estudo – Direito Constitucional


Por George Marmelstein Lima
Muita gente continua pedindo dicas de livros e artigos para concursos públicos, em
especial para a magistratura, para o ministério público e para advocacia pública. Resolvi
fazer um apanhado geral dos temas que mais costumam cair em concursos e fornecer a
bibliografia básica para estudar esses temas. Como não estou muito por dentro dos
concursos mais recentes, me baseei nos que fiz, ou seja, não confiem muito nas minhas
indicações, pois já podem existir artigos ou livros mais atualizados e temas mais
importantes a serem estudados.
O roteiro proposto, embora não seja suficiente, pode servir como início de estudo. Na
medida em que for progredindo, os próprios textos indicam outras obras que merecem
ser lida e aí seu estudo ganhará vida própria.
O interessante no estudo do direito é se envolver com o tema que se está estudando; é
criar uma intimidade “intelectual” com os autores, cujas obras você mais gostou de ler;
é saber qual será o próximo passo do estudo não porque alguém indicou uma
determinada obra, mas porque você está curioso para ler.
Não basta estudar apenas para passar. Certamente, o objetivo principal é ser aprovado.
No entanto, mais importante do que isso é gostar do direito, já que esse será seu dia a
dia pelo resto da sua vida. Sem gostar do direito, não vale a pena estudar para a
magistratura, para o ministério público ou para a advocacia pública.
Não pense que seguindo à risca o roteiro abaixo você irá fechar a prova de direito
constitucional. Na verdade, aí estão apenas os passos iniciais. Passar em concurso exige
não apenas estudo, mas gosto pelo direito, sorte, tranqüilidade, paciência, persistência,
fé e confiança.
Antes de passar para o roteiro propriamente dito, aqui vai uma ligeira observação.
Atualmente, a concorrência está sufocante. Tem muita gente fazendo concursos. E mais:
tem muita gente estudando para concurso. Logo, na minha opinião, de nada adiante
ficar apenas com os livros básicos (resumos, esquemas, roteiros etc.). É preciso ir além.
Talvez seja útil começar com os básicos. Assim, você se iguala com a concorrência.
Mas se você quiser dar o passo seguinte e levar vantagem na hora do concurso,
aprofunde.

Roteiro de Estudo – Direito Constitucional

O Direito Constitucional é, sem dúvida, a matéria mais importante em concursos


públicos voltados para a área jurídica. Vale a pena estudar a fundo essa disciplina, até
porque ela também é útil para entender quase todas as outras. Estudando direito
constitucional, automaticamente se estuda para tributário, administrativo, previdenciário
etc.
Pois bem. E como estudar?
Primeiramente, uma leitura básica da Constituição Federal.
Sei que é bastante cansativo ler os inúmeros dispositivos da nossa “Carta Cidadã”, mas
o esforço valerá a pena. Há, inclusive, a Constituição Federal em áudio, disponibilizada
pela Câmara dos Deputados.
Algumas partes da Constituição devem ser lidas mais de uma vez. Por exemplo, o artigo
quinto, a distribuição de competências, a parte referente à Administração Pública, o
Sistema Tributário Nacional e a parte referente à organização dos poderes.
Vale a pena dar uma olhada nas alterações (emendas constitucionais) mais recentes. É
bastante comum cobrarem justamente as mudanças.
Para a prova objetiva, vale a pena ler a Constituição mais de uma vez. Não é preciso
decorar todos os artigos tim-tim por tim-tim, nem se desesperar por pensar que você não
fixou quase nada. É natural que, nas primeiras leituras, as idéias estejam ainda muito
difusas. Só com o tempo é que se conseguirá “se acostumar” com os textos. A resolução
de provas objetivas de concursos passados também é útil para fixar o conteúdo da
Constituição.
Depois que tiver lido a Constituição, um ponto fundamental é estudar controle de
constitucionalidade. Muitas questões, subjetivas e objetivas, versam sobre a fiscalização
de constitucionalidade das leis e dos atos normativos.
Fundamental é ler a Lei 9.868/99 (Lei da Adin/ADC) e a Lei 9.882/99 (Lei da Argüição
de Descumprimento de Preceito Fundamental).
Outro texto básico é o livro do Alexandre de Moraes (“Direito Constitucional”, ed.
Atlas). Para começar, vale a pena ler apenas a parte sobre controle de
constitucionalidade, pois traz o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, que
sempre é cobrado. A propósito, sempre esteja atualizado com a jurisprudência do STF,
através da leitura dos seus informativos. Do mesmo modo, o próprio STF editou uma
interessante Constituição comentada pelo STF, que ajuda bastante.
Lido todo esse material, você terá uma noção básica de controle de constitucionalidade
e estará habilitado a resolver as questões objetivas sem grandes problemas,
especialmente se responder algumas provas de concursos passados. Porém, se quiser se
aprofundar mais e se preparar logo para a prova subjetiva, vale a leitura de livros mais
avançados, que tratem especificamente de controle de constitucionalidade. O “Curso de
Direito Constitucional”, de Gilmar Mendes, Inocêncio Coelho e Paulo Branco (ed.
Saraiva) é muito bom.
Após estudar o controle de constitucionalidade, vale dar uma olhada nos princípios
constitucionais. É importante ler sobre a teoria dos princípios, pois é um tema recente e
que vem revolucionando o direito constitucional.
Há alguns livros bons sobre o assunto. A título de exemplo, indico: SARMENTO,
Daniel. A Ponderação de Interesses na Constituição Federal. Rio de Janeiro: Lúmen
Juris, 2000; BARCELLOS, Ana Paula de. A eficácia jurídica dos princípios
constitucionais – o princípio da dignidade da pessoa humana. Rio de Janeiro: Renovar,
2002.
No mesmo embalo, vale estudar Hermenêutica Constitucional. Aqui, o livro
“Interpretação e Aplicação da Constituição”, ed. Saraiva, de Luís Roberto Barroso, é
excelente. Sua leitura dará uma ótima visão do direito constitucional. Considero esse
livro um texto fundamental e indispensável para a compreensão do direito
constitucional moderno. Na verdade, foi o livro que me despertou para o direito
constitucional.
Outra questão que é cobrada em quase todos os concursos versa sobre a teoria da
aplicabilidade das normas constitucionais. O livro “Aplicabilidade das Normas
Constitucionais”, ed. Malheiros, de José Afonso da Silva, é sempre mencionado, pois
foi ele quem desenvolveu a classificação das normas constitucionais que costuma ser
adotada (normas de aplicabilidade plena, limitada e contida). Não sei se vale a pena ler
esse livro já para a prova objetiva. Talvez seja melhor apenas entender a classificação.
Para isso, basta ler, por exemplo, o um texto que escrevi apresentando “críticas à teoria
da aplicação das normas constitucionais de José Afonso da Silva”.

Outro tema de direito constitucional importante para ser estudado são os Direitos
Fundamentais. Sou suspeito para falar sobre o assunto, pois sou apaixonado pela
matéria. Por isso, vou me controlar e tentar aconselhar apenas o be-a-bá.
Com um aperto no coração, indico o livro “Direito Constitucional”, ed. Atlas do
Alexandre de Morais, no capítulo que fala sobre direitos humanos fundamentais. Esse
autor também possui um livro especificamente sobre “Direitos Humanos Fundamentais”
(ed. Atlas), que praticamente repete o “Direito Constitucional”. Esse livro está longe de
ser o melhor sobre os direitos fundamentais, pois deixa de abordar pontos importantes,
mas, para concurso, quebra o galho, pois traz o posicionamento do STF.
Se quiser fugir do básico, recomendo o “Curso de Direito Constitucional” (ed.
Malheiros) do Prof. Paulo Bonavides, a “Eficácia dos Direitos Fundamentais” (ed.
Livraria do Advogado) de Ingo Wolfgang Sarlet, os livros do Daniel Sarmento e
“Teoria Geral dos Direitos Fundamentais” (ed. RT), de DIMOULIS, Dimitri &
MARTINS, Leonardo.
Dentro da temática dos direitos fundamentais, aconselho o estudo da colisão de direitos
fundamentais e da limitação de direitos fundamentais. Sobre o assunto, já em nível de
aprofundamento, vale a leitura de PEREIRA, Jane Reis Golçaves. Interpretação
Constitucional e Direitos Fundamentais. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
É importante também conhecer a fundo o princípio da proporcionalidade, sobretudo
para a prova subjetiva. Nesse ponto, vale a leitura do livro “O princípio da
proporcionalidade” (ed. Brasília Jurídica), de Suzana de Toledo Barros, bem como um
artigo de Gilmar Ferreira Mendes intitulado “Os Direitos Fundamentais e suas
limitações: breves reflexões”, disponível no livro “Hermenêutica Constitucional e
Direitos Fundamentais” (ed. Brasília Jurídica), por sinal, um bom livro.
Quase ia me esquecendo. Não custa também ler alguns artigos e livros de minha autoria
sobre direitos fundamentais que estão no blog, especialmente a monografia “Proteção
Judicial dos Direitos Fundamentais” (e, em breve, o Curso de Direitos Fundamentais).
Também não se esqueça de estudar as súmulas editadas pelo STF, especialmente as
mais recentes.
Há, ainda, alguns temas ligados ao direito constitucional que tem íntima ligação com
outras disciplinas. É interessante estudar a fundo esses temas, pois eles podem ser
cobradas em mais de uma matéria. Por exemplo, o tema “Responsabilidade Civil do
Estado” pode ser cobrado em direito constitucional, direito administrativo e até mesmo
direito civil. Desapropriação costuma cair em direito constitucional, direito
administrativo e direito processual civil. E apor aí vai.
Desse modo, sugiro o estudo – mais aprofundado – dos seguintes temas:
a) Ações Constitucionais;
b) Princípios constitucionais tributários;
c) Princípios constitucionais do processo;
d) Garantias constitucionais;
e) Responsabilidade civil do Estado;
f) Desapropriação;
g) Competência constitucional (dos órgãos judiciais).
Chegando até aqui, já se considere um expert em direito constitucional. Você verá que
as outras disciplinas serão bem melhor compreendidas quando analisadas numa ótica
constitucional.
Era isso…

You might also like