Explore Ebooks
Categories
Explore Audiobooks
Categories
Explore Magazines
Categories
Explore Documents
Categories
Coordenação:
Rui Jacinto
42
IBEROGRAFIAS
Âncora Editora
Avenida Infante Santo, 52 – 3.º Esq.
1350-179 Lisboa
geral@ancora-editora.pt
www.ancora-editora.pt
www.facebook.com/ancoraeditora
O Centro de Estudos Ibéricos respeita os originais dos textos, não se responsabilizando pelos conteúdos, forma e opiniões neles expressas.
A opção ou não pelas regras do novo acordo ortográfico é da responsabilidade dos autores.
Apoios:
As paisagens urbanas e rurais e a formação das ilhas de calor em ambiente tropical 143
continental
Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim
São Salvador (1925), Silêncio e poder nas margens do rio Paranapanema 157
Humberto Yamaki
O turismo na região litoral Centro, Sul e Leste de Angola – visões e estratégias a partir 187
do potencial do corredor do Lobito
Manuel Francisco Bandeira; José Januário
Propuesta de georruta por La Geria (Lanzarote, España): una experiencia entre 205
volcanes y vinos
Javier Dóniz-Páez; Salvatore Lampreu
Território em movimento. Fazenda Taveiras e distrito de Cerrado: uma leitura sobre 255
a apropriação do Cerrado Goiano
Mônica Pereira dos Santos
Desarrollo rural sostenible transfronterizo. Hacia una gobernanza contra la despoblación 269
José Luis Domínguez Álvarez
Histórias atravessadas pelos canais da transposição do Rio São Francisco: uma análise 305
nas Vilas Produtivas Rurais Captação e Baixio dos Grandes, Cabrobó, Pernambuco, Brasil
Ana Paula Novais Pires Koga; Messias Modesto dos Passos
Desmonte das políticas de segurança alimentar e seus efeitos nos municípios que 331
integram a região de Dracena, Estado de São Paulo, Brasil
Rosangela Hespanhol; Antonio Nivaldo Hespanhol
Rui Jacinto1
O livro que se dá à estampa resulta da XXI edição do Curso de Verão, realizada entre os
dias 6 e 10 de julho de 2021, subordinada ao título “Novas fronteiras, outros diálogos: coo-
peração e desenvolvimento”2. Esta iniciativa emblemática que o Centro de Estudos Ibéricos
(CEI) realiza ininterruptamente faz duas décadas, a par doutros eventos que promove
anualmente, responde diretamente a uma missão que tem como foco o Conhecimento, a
Cooperação e a Cultura. O Curso de Verão, ao apostar na difusão de informação sobre os
territórios e as culturas ibéricas, afirmou-se como uma importante iniciativa de cooperação
territorial que honra o compromisso do CEI com os espaços mais débeis e excluídos.
A edição de 2021, que decorreu virtualmente, contou com cerca de 350 partici-
pantes, dispersos por vários pontos do país e do estrangeiro, e a apresentação de cerca
de 80 comunicações por investigadores de diversas nacionalidades. O elevado número
de participantes e de comunicações permitiram organizar um evento que contou com
várias Conferências3, Mesas Redondas4, um Forum5 e múltiplos Painéis6 envolvendo
1
Centro de Estudos Ibéricos (CEI)
2
https://www.cei.pt/cv/programacao-2021.html.
3
Conferências: 1. A charneca: memória, paisagem e património (Jorge Gaspar, Portugal); 2. Paisaje y
Patrimonio (Josefina Gómez Mendoza, Espanha); 3. O grito e a explosão do território brasileiro: desi-
gualdades e seletividades socioespaiais. Debates urgentes (Maria Adélia Souza, Brasil); 4. O Ensino
Superior em Cabo Verde: cooperação e desenvolvimento territorial (Judite Nacimento, Cabo Verde).
4
As Mesas Redondas estruturam-se em torno de quatro temas fundamentais: I. Paisagens e Patrimónios
com intervenções de Lúcio Cunha; Alipio de Celis; António Campar de Almeida; Antonio Campesino; II.
História Local, História Ibérica, História Pública -Território, Memória, Identidade (Rita Costa Gomes;
7 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
Diego Piay Augusto e Patricia Argüelles Álvarez; Irene Sánchez Izquierdo; Antonieta Pinto e António Prata
Coelho; Arsenio Dacosta); III. Cooperação e Desenvolvimento (Valentín Cabero; Victor Casas; António Pedro
Pita) IV. Coesão Territorial (Rui Jacinto; Lorenzo López Trigal; João Ferrão).
5
Forum “As Novas Geografias dos Países de Língua Portuguesa” (Intervenções de: Lúcio Cunha; Dirce
Suertegaray; José Maria Semedo; Rui Jacinto; José Borzacchiello da Silva; Inês Macamo Raimundo; Maria
Fernanda Delgado Cravidão).
6
Painéis: 1. Geodiversidade, biodiversidade, ordenamento do território, moderado por Lúcio Cunha; 2.
Dinâmicas da paisagem e injustiça ambiental (António Campar de Almeida); 3. Recursos naturais e educa-
8 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
ção ambiental (Messias Modesto dos Passos); 4. Património e turismo (Maria Fernanda Delgado Cravidão);
5. Património, patrimonialização, memória (António Pedro Pita); 6. Agricultura e desenvolvimento rural
(Rosangela Hespanhol); 7. Rural, segurança alimentar, políticas públicas (María Isabel Martín Jiménez);
8. Cidade e evolução urbana (Valentin Cabero); 9. Cidade, paisagem e imagem urbana (Rui Jacinto); 10.
Literatura e leituras do território (Cristina Robalo-Cordeiro); 11. Dinâmicas económicas e sociais (David
Ramos Pérez); 12. Temas pós-coloniais (Ivaldo Lima); 13. Políticas públicas e sistemas de saúde (María
Isabel Martín Jiménez); 14. Governação e movimentos sociais (José Borzacchiello da Silva).
Introdução
1
FCT-UNESP, Presidente Prudente, São Paulo, Brasil
diogo.goncalves@unesp.br
2
FCT-UNESP, Presidente Prudente, São Paulo, Brasil
mmpassos86@gmail.com
Procedimentos Metodológicos
A preparação para os levantamentos, consiste na escolha prévia das áreas indicadas por
meio de imagens de satélite atuais. Com a coleta das coordenadas de cada local escolhido,
é feita a validação em campo e a descrição da composição florística presente nos lotes
analisados. No campo, os lotes são escolhidos de acordo com a disponibilidade de acesso,
principalmente no caso de áreas privadas. Seguindo a metodologia de Bertrand (1966),
escolhe-se um terreno que represente o estado médio da formação vegetal em estudo deli-
mitando um raio de 10 metros dentro do lote.
Para a identificação das espécies em campo, contamos com o apoio de dois mateiros
que prestavam serviços à Companhia Energética de São Paulo (CESP) dentro do Viveiro de
Mudas de Porto Primavera, na coleta de sementes de dois Bancos Ativos de Germoplasma,
criados pela CESP para o reflorestamento de áreas na região, como medida compensatória
a construção da hidrelétrica, com espécies de Cerrado e Mata Atlântica.
13 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
SOCIABILIDADE
+ Planta rara ou isolada
1 Indivíduos isolados
2 Agrupados em 2 ou 3
3 Crescimento em grupos
4 Crescimento em pequenas colônias; manchas densas pouco extensas.
5 População contínua; manchas densas
decorrência da estrutura do relevo local. Soma-se a isto, a ficha biogeográfica de análise (onde
são estabelecidas as porcentagens de abundância/dominância e relações de sociabilidade, des-
tacadas anteriormente) a análise da ação antrópica dentro e/ou no entorno do lote levantado.
Sua construção é composta por três etapas: a primeira é a criação da base onde serão
inseridas as representações do perfil vertical e estrutura litológica do terreno além do
Resultados e Discussões
Ao todo foram analisados quatro lotes nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do
Sul, entre os anos de 2017 e 2019. Procurou-se elencar neste sentido, aspectos distintos
da vegetação raiana representados nas observações de campo através da análise da estru-
tura vertical da vegetação em fichas biogeográficas e pirâmides de vegetação.
O primeiro lote registrado no dia 12 de maio de 2017 está localizado em uma
área de Formação Pioneira com influência fluvial e/ou lacustre em área de várzea do
rio Paranapanema no município de Teodoro Sampaio-SP próximo ao Parque Estadual
Morro do Diabo, mas especificamente na área de exploração de argila da Cerâmica Vera
Cruz. Esta região da Raia abriga tanto do lado paulista como no paranaense, extensas
áreas de exploração de argila dada pela presença expressiva de Argissolos Vermelho-
Amarelo Eutrófico (PVAe).
Por se tratar de uma área de exploração de argila, a ação antrópica tanto na área
como no entorno é constante. Há uma estrada carreadora dentro do lote, provavelmente
fruto de uma área aterrada para atingir outros pontos de exploração de argila ao longo
dos alagados de várzea formados pela dinâmica do rio Paranapanema. Ademais, notou-
-se a presença de barcos, áreas de queimadas (fogueiras) e lixo próximas à beira do rio,
provavelmente pela ação de pescadores ou banhistas no entorno, onde há uma pousada
que recebe turistas frequentemente (Pousada Pouso da Garça).
A altitude no ponto é próxima à cota do rio Paranapanema neste trecho, com 254
metros. Ressalta-se que neste ponto o Paranapanema possui um dos poucos trechos de
15 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
leito regular na Raia estando à jusante da UHE Taquaruçu. De maneira geral, a compo-
sição florística do lote apresenta pouca diversidade de espécies distribuídas apenas nos
estratos: herbáceo-rasteiro, subarbustivo e arbustivo. Trata-se de uma vegetação primária
típica de terrenos recentes com constante influência fluvial e/ou lacustre, especialmente
pelo dinâmica sazonal do rio Paranapanema.
A: Área da Cerâmica Vera Cruz com depósito de lenhas ao lado B: Trecho de várzea onde o rio Paranapanema aden-
tra formando pequena lagoa C: Estrada carreadora em área de aterro da Cerâmica Vera Cruz D: Visão geral do lote.
Fotos: Trabalho de Campo (2017)
sequência:
A: Entorno do lote com a presença de pastagem e focos de erosão e assoreamento. B: Composição do estrato
arborescente com a presença de galhos entrelaçados C: Serrapilheira contando com muitos cascalhos (seixos)
D: Exemplar de Lonchocarpus muehlbergianus (Maçaranduba), expressiva no estrato arbóreo.
Fotos: Trabalho de Campo (2017)
19 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
A: Propriedade Rural ao lado do lote B: Estrada de acesso restrito da CESP C: Visão interna do lote nos estratos:
arbustivo, subarbustivo e herbáceo-rasteiro D: Visão interna do lote nos estratos: arbóreo e arborescente.
Fotos: Trabalho de Campo (2019)
22 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
cobertura no lote em si (entre 10% a 25%), com espécies agrupadas em grupos de dois
ou três indivíduos. Enquanto isto, o estrato subarbustivo conta com menos diversidade
de espécies, contendo apenas a Luehea candicans (Açoita-Cavalo) e Allophylus edulis (Chal-
Chal), ambas distribuídas em grupos, mas com baixo valor de cobertura, não superando 10%
do lote.
A: Estrada de acesso restrito da CESP B: Queimada na área do BAG ao lado do lote C: Visão interna do lote nos
estrato herbáceo-rasteiro D e E: Visão interna do lote nos estratos: arbóreo e arborescente.
Fotos: Trabalho de Campo (2019)
Considerações Finais
Cabe salientar que anteriormente à sua ocupação a Raia Divisória ocupava uma das
maiores reservas de Mata Atlântica interiorizada na porção paulista além de uma extensa
área de transição para o bioma do Cerrado na porção sul-mato-grossense que tem sido
ameaçada constantemente pelo desenvolvimento econômico, sobretudo, da expansão do
setor agropecuário, principalmente, desde meados do século XX.
Resumo
O presente trabalho tem como intuito principal fazer uma análise da estrutura vertical da
cobertura vegetal de alguns remanescentes florestais pela representação de modelos gráficos de
pirâmides de vegetação na Raia Divisória São Paulo-Mato Grosso do Sul, Brasil, por meio de
levantamentos fitossociológicos feitos ao longo da área, na transição dos biomas: Mata Atlântica-
Cerrado. A metodologia inclui trabalhos de campo ao longo dos anos de 2017 e 2019 onde
26 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
Abstract
The main purpose of this work is to analyze the vertical structure of the vegetation cover of
some forest remnants through the representation of graphic models of vegetation pyramids in
Raia Divisória São Paulo-Mato Grosso do Sul, Brazil, through phytosociological surveys carried
out throughout of the area, in the transition of biomes: Atlantic Forest-Cerrado. The methodo-
logy includes fieldwork throughout 2017 and 2019 where the parameters of abundance/domi-
nance and sociability were analyzed in four different lots of Raia, according to Braun-Blanquet
(1951). In this context, the analysis of the vertical structure of the vegetation was carried out
from the composition of the plant strata distributed into four main groups: arboreal, shru-
bby, and creeping herbaceous. Initially, two lots were analyzed in the municipality of Teodoro
Sampaio, in the State of São Paulo, near the Morro do Diabo State Park. Subsequently, analyzes
were carried out in the municipalities of Rosana and Anaurilândia in the transition between
the states of São Paulo and Mato Grosso do Sul, respectively. To identify the species, technical
support was used from the Companhia Energética de São Paulo (CESP), which provided a team
of woodsmen who carry out reforestation and seed collection work for the Horto Florestal de
Rosana. The information collected in the field was cataloged in the biogeographic file, including
the composition of species by stratum, and information regarding the presence of litter, the type
of climate, soil and lithological structure, in addition to the anthropic aspects within and around
the lot that make up the dynamics of this set. Finally, the data were compiled through graphical
representation in vegetation pyramids made in CorelDraw software, using the methodology of
Bertrand (1966). From this analysis, it is intended to contribute to the understanding of the
27 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
Bertrand, Georges, Pour une étude géographique de la végétation – Revue géographique des
Pyrénées et du Sud-Ouest, tome 37, fascicule 2,. pp. 129-144, 1966
Braun-Blanquet, J. – Fitosociologia : bases para el estudio de las comunidades vegetales
(Pflanzensoziologie: Grundzüge der Vegetationskunde, 1951) – Tradução espanhola por H.
Blume Ediciones. Rosario, Madrid, 1979
Gonçalves, Diogo Laércio. Políticas Ambientais na Raia Divisória SP-PR-MS: estudo das áreas
potenciais para a criação de corredores ecológicos – Tese (Doutorado em Geografia) Faculdade
de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente-SP, 2020.
Lacoste, Alain e Salanon, – Eléments de Biogéographie et d’écologie – Université Nathan
Information Formation, França, 1969
____________, Biogeografía – Editora Oikos-Tau, Barcelona-Espanha, 1973.
Passos, Messias Modesto dos – Biogeografia e Paisagem.-2 ed. Maringá:[s.n.], 2003.
28 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
Introdução
Fonte: Base cartográfica – Imagem Landsat 8 221/72 (2018). Organização: FREIRES, A. S. (2019).
Considerações Teóricas
[...] pode ser reduzida a disponibilidade de material a ser erodido, além do fato
de que, quando diminui a taxa de incisão, a vegetação tende a se estabelecer dentro
da voçoroca, o que normalmente acaba por estabilizá-la em longo prazo. Isto não
quer dizer que as voçorocas não mereçam especial atenção por parte do homem, mas
só aponta para o fato de que, independente da intervenção antrópica, as voçorocas
sempre existiram, evoluíram e entraram em senilidade, sendo que as mesmas são
também grandes responsáveis pela formação dos vales e encostas que vemos no rele-
vo atual (ANDRADE; PORTO CARRERO; CAPECHE, 2005, p. 2).
Procedimentos metodológicos
regional e/ou local, como palco de dinâmicas constantes de fenômenos onde se desenvol-
vem elementos físico-ambientais pelos usos socioeconômicos e consequências dos mesmos.
Após a pesquisa bibliográfica, foi realizada a pesquisas documental sobre o uso do solo
na região, dos quais foram consultados órgãos como IBGE, Instituto Mauro Borges (IMB)
e produções regionais/locais do Município, para extração de conteúdos sobre a área de
Resultados e Discussões
por solos mais arenosos sobre embasamento siltoso, expostas a processos erosivos e a lon-
gos períodos sem manejo adequado, e que tem sido utilizadas da mesma forma pelo setor
agrosilvipastoril durante os últimos quatorze anos ininterruptos (de 2006 a 2020), acar-
retando em degradação e assoreamento dos cursos de menores portes, de acordo com as
imagens do Google Earth, expostas nas Figuras 3 e 4.
Foto 2 – Processo erosivo em área a montante do Ribeirão Ouvidor, abaixo do Barramento de Água utilizada
captação para irrigação – junho de 2021
Fonte: Trabalho de campo (2021). Foto: Rodrigues, L. F. (2021).
como a recuperação das áreas de amortecimento dos processos naturais de cunho climá-
ticos, com as espécies vegetacionais, como aponta Ferreira (2015), além de outras ações
que se fizerem necessárias ao longo do trabalho de recuperação do local, culminando
com um processo eficiente de Educação Ambiental da coletividade humana envolvida
nesse contexto.
para a reparação da dinâmica da paisagem local, a partir de métodos paliativos a curto prazo,
e corretivos a médio e longo prazo e fazendo deste uma oportunidade de estudo que agregue
valor à preservação ambiental na área do Município. Para isso, foram utilizados inicialmente
os embasamentos bibliográficos que trabalham a temática proposta, a partir de estudiosos
como Bertrand (2004), Guerra (2006), Suertegaray (2005), Andrade, Portocarrero e Capeche
Referências
AMORIM, R. R.; OLIVEIRA, R. C. As unidades de paisagem como uma categoria de análise geográfi-
ca: o exemplo do município de São Vicente-SP. Sociedade & Natureza, Uberlândia, 20 (2): 177-
198, DEZ. 2008. Disponível em:< chrome-extension:// efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/
viewer.html?pdfurl=https%3A%2F%2Fwww.scielo.br%2Fj%2Fsn%2Fa%2FQC7vWbjk-
Z6dqgxHZdq9NWmC%2F%3Fformat%3Dpdf%26lang%3Dpt&clen=1055371&chunk=-
true>. Acesso em: julho/2021.
ANDRADE, A. G.; PORTOCARRERO, H.; CAPECHE, C. L. Práticas Mecânicas e vegetati-
vas para controle de Voçorocas. EMBRAPA, Comunicado Técnico 33. Rio de Janeiro, RJ
Dezembro, 2005. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/
89426/1/comtec33-2005-controle-vocorocas.pdf
BERTRAND, Georges. Paisagem e Geografia Física Global. 1972. R.RA’E GA, Curitiba, n. 8,
p. 141-152, 2004. Editora UFPR. Disponível em: <chrome-extension:// efaidnbmnnnibp-
cajpcglclefindmkaj/viewer.html?pdfurl=https%3A%2F%2Fcore.ac.uk%2Fdownload%2Fpd-
f%2F328067418.pdf&clen=535158&chunk=true>. Acesso em: julho/2021.
BRASIL. LEI Nº 7.803, de 18 de julho de 1989, altera a redação da Lei nº 4.771, de 15 de setem-
bro de 1965, e revoga as Leis nºs 6.535, de 15 de junho de 1978, e 7.511, de 7 de julho de
1986. Brasília, 18 de julho de 1989. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/
leis/l7803.htm>. Acesso em: Julho/2021.
CARNEIRO, V. A.; PAULO, P. O.; MELO, E. M. Paisagens degradadas do município de Palmelo
(Goiás): o estudo das voçorocas via trabalho de campo. GeoTextos, vol. 10, n. 1, jul. 2014. V.
Carneiro, P. Paulo, E. Melo 179-207. Disponível em: chrome-extension:// efaidnbmnnnibp-
cajpcglclefindmkaj/viewer.html?pdfurl=https%3A%2F%2Ffiles.cercomp.ufg.br%2Fweby%-
2Fup%2F195%2Fo%2FGeotextos_vandervilson_8411.pdf&clen=3222767&chunk=true>.
42 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
Introdução
Os termos “regiões fronteiriças”, “espaços fronteiriços”, “raia transfronteiriça” são pouco utiliza-
dos pela geografia brasileira. Utilizamos as unidades administrativas, as microrregiões propostas pelo
IBGE; são mais práticas, sobretudo, quando há necessidade de se trabalhar com dados estatísticos.
No quadro de programas de desenvolvimento local e regional da União Europeia
(Interreg – Programa de Cooperação entre Regiões – ; Feder – Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional etc.) é dada atenção especial às áreas de fronteiras: Portugal-
Espanha; Espanha-França etc.
Ademais, as “fronteiras” são raias, isto é, áreas de intergradação nas quais os processos
se manifestam segundo uma lógica de descontinuidade objetiva da paisagem ou, ainda, se-
gundo uma impermeabilidade muito acentuada entre as parcelas do território submetidas
às definições e redefinições territoriais mais ou menos independentes.
No Brasil, encontramos várias raias que reclamam uma análise no sentido de revelar
suas potencialidades paisagísticas e suas peculiaridades culturais, sociais e econômicas, obje-
tivando a implantação de planos de desenvolvimento regional, capazes de superar o estágio
de periferia a partir de uma gestão territorial que contemple, acima de qualquer “modismo
globalizante”, a integração regional.
45 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
1
Programa de Pós-Graduação em Geografia da FCT-UNESP – Presidente Prudente/SP – Coordenador
do Projeto: Avaliação: diagnóstico-prognóstico das obras compensatórias e mitigatórias da UHE de Porto
Primavera para os municípios da raia divisória São Paulo – Mato Grosso do Sul.
2
Membro da Equipe do Projeto FAPESP – Proc. 2020-0457-3
3
Membro da Equipe do Projeto FAPESP – Proc. 2020-0457-3
Inicialmente, vamos abordar algumas dinâmicas territoriais das duas porções que op-
tamos como recorte geográfico da raia divisória São Paulo – Mato Grosso do Sul.
mais tarde passaria a ser substituída pelas pastagens (1945-1965), com uma evolução di-
nâmica característica diferenciada da anterior.
4
“Área Core”: utilizada, aqui, para fazer referência à área nuclear, mais característica do Pontal do Paranapanema
– Sudoeste Paulista.
A distribuição das precipitações tem uma evolução muito identificada com a distribui-
ção das temperaturas, ou seja, os meses quentes são os mais chuvosos, podendo-se afirmar
que é alta a evapotranspiração regional.
O período mais úmido (outubro a fevereiro) e de temperaturas mais elevadas tem um
impacto significativo nos processos morfogenéticos e pedogenéticos, sobretudo por oca-
sião de precipitações convectivas muito intensas.
A agressividade com que se processou a ocupação do solo, sobretudo nas áreas agríco-
las e nas pequenas propriedades, resultou em uma fragilidade do geocomplexo em análise:
mesmo pancadas de chuvas não muito excepcionais são causadoras de estragos, apesar de
tratar-se de um espaço geográfico caracterizado por certa homogeneidade geomorfológica,
litológica e climática.
No período seco, os processos morfogenéticos relacionados ao escoamento subsuperfi-
cial se mantêm inativos. É nesse período que o processo de assoreamento e de despereniza-
ção dos córregos e ribeirões melhor se evidencia. Vários trechos de alguns ribeirões chegam
a secar totalmente.
O gráfico ombrotérmico (Gráfico 1), elaborado a partir de dados da Estação
Meteorológica da Unesp/Presidente Prudente, permite observar:
• a temperatura média mensal das máximas absolutas do mês mais quente: T´= 4l,1ºC;
• a temperatura média mensal das mínimas absolutas do mês mais frio: m´= 8,3ºC.
Portanto o período de atividade vegetal (PAV) é favorável ao longo dos doze meses
do ano;
Pirâmide de vegetação
Figura 3 – Pirâmide de vegetação: Reserva Estadual do Morro do Diabo/SP
Fonte: Passos, M.M. dos.
Lote Nº
FICHA BIOGEOGRÁFICA
01
Domínio: Tropical
ficha.
Nas últimas décadas, em vários países surgiram inúmeras tentativas para restabelecer
a visão integrada da paisagem, com a elaboração de novos métodos, novas abordagens
e novos paradigmas. A aplicação da teoria dos sistemas aos estudos geográficos propa-
gou-se ampla e rapidamente entre os geógrafos e a abordagem sistêmica tem fornecido,
há algum tempo, uma unidade metodológica a esses estudos, revitalizando-os, dinami-
zando-os e fornecendo oportunidade para reconsiderações críticas de muitos conceitos.
Dentre eles, pode-se dar destaque ao conceito de paisagem, pois, resultante da interação
de elementos diversos, que funcionam integralmente, a paisagem deve ser analisada
como um sistema polissêmico.
53 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
Bauru, onde os cursos d’água apresentam um perfil longitudinal com arcos e curvas peque-
nas e inúmeros afluentes, definindo uma densidade hidrográfica mais elevada que atua no
modelado de forma mais agressiva. Os geótopos, onde os valores de densidade hidrográfica
são mais elevados, apresentam afloramentos do arenito Bauru (espigão divisor dos rios
Paraná e Paranapanema: nascentes dos ribeirões Água Sumida, Nhacá, Cuiabá, Córrego do
Figura 5 – Unidade de paisagem em resistasia, retomada por ação antrópica, com potencial ecológica degradado –,
podendo ser reconhecidos como verdadeiros geótopos áridos, sem que a pedogênese completasse sua evolução.
Em sua gênese, incluem-se fatos ligados a uma predisposição da estrutura geoecológica, na maior parte das vezes
acentuada por ações antrópicas.
A planície do rio Paraná, no conceito do IBGE (1990), é uma ampla área de acumu-
lação que ocupa toda a calha do rio no segmento compreendido entre Três Lagoas (MS)
e Guaira (PR). Essa designação abrange uma área que apresenta duas feições distintas: o
Terraço Baixo e a Planície Fluvial (Figura 6).
56 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
Laranjeiras:
5
Para aprofundamento do assunto, consultar Figueiredo (1967)
6
Para a porção que compreende a área de pesquisa, foi feito o mosaico utilizando partes das seguintes
Cartas Topográficas: Folha Dracena atualizada com dados de cartas topográficas do DSG (Presidente
Epitácio), de 1974, na escala de 1:100.000; Folha Loanda, atualizada com cartas topográficas do DSG,
na escala de 1:100.000, de 1972-1974 e cartas topográficas do IBGE, escala 1:50.000, de 1973, com
atualização viária do DNER de 1975; Folha Presidente Prudente, atualizada com cartas topográficas do
IBGE, na escala 1:50.000, de 1976 a 1978, com atualização viária do DNER-RFFSA de 1978; Folha
Xavantina, atualizada com cartas topográficas do DSG, na escala 1:100.000, de 1974, com atualização
viária do DNER de 1977.
Lote Nº
FICHA BIOGEOGRÁFICA
02
Formação: Cerrado Domínio: Cerradão
Sítio: Córrego Três Barras Série de Vegetação: Cerradão
Município: Anaurilandia Localização: Microbacia do Córrego Três Barras
Estado: Mato Grosso do Sul Data: 15/04/2001
Espécies Vegetais por: Espécies: Estratos
Estratos: Nº de Altitude (m)
indivíduos Aprox.: A/D S A/D
Arbóreo:
Aspidosperma tomentosum – Peroba-
3 8 2 2
docampo
Annona coriacea – Araticum-do-campo 3 5 2 2
Caryocar brasiliense – Pequi 1 5 + 1
Dimorphandra mollis – Barbatimão folha
4 4 1 2
Miúda
Machaerium acutifolium – Jacarandá-do-
4 6 2 2
campo
Piptadenia sp – Angico 8 8 3 3
<= 3 =>
Stryphnodendron adstringens –
1 5 1 1
Barbatimão
Tabebuia ochracea – Ipê-amarelo 3 4 1 2
Qualea grandiflora – Pau-terra 2 4 1 2
Copaifera langsdorfii – Copaíba/pau
2 7 2 2
d’óleo
Platypodium elegans Amendoim-do-
3 8 2 2
campo
61 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
Kielmeyra sp – Saco-de-boi 1 5 + +
Arborescente:
Ausência deste estrato
A ocupação mais marcante na porção centro-sul do Mato Grosso do Sul7 se deu a par-
tir da década de 1940, ainda no Governo de Getúlio Vargas, com o projeto “Marcha para
o Oeste”, quando foi criada a Colônia Agrícola Federal de Dourados. Dois tipos diferentes
de ocupação podem ser distinguidos nessa região, os quais criaram paisagens igualmente
diferenciadas: o setor oeste, nas circunvizinhanças de Dourados, de grandes propriedades
destinadas à agricultura capitalista e outro, marcado pela agricultura algodoeira desen-
volvida em médias propriedades, nos arredores de Deodápolis, Fátima do Sul, Glória de
Dourados e outras pequenas cidades do setor leste. A estagnação econômica nos anos 1970
e as sucessivas crises na produção acabaram levando este segundo setor à decadência, dian-
te da falta de alternativas e recursos para diversificar a produção. A consequência imediata
disso foi um rápido processo de anexação por compra/venda de boa parte das pequenas
propriedades, gerando novas grandes propriedades8, como já se observava no setor oeste,
que passaram a ter a pecuária como atividade principal. Contudo, as impressões da ocupa-
64 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
ção original ficaram registradas na paisagem, uma vez que, mesmo com o desaparecimento
7
Na época, ainda era Estado de Mato Grosso. A divisão de Mato Grosso e a criação do Estado de Mato
Grosso do Sul se deu em 1977, com sua implantação em 1979.
8
É interessante destacar que algumas propriedades chegam a possuir um conjunto de escrituras, fruto da
anexação de diversas pequenas propriedades.
veio criar novas dinâmicas no âmbito regional, seja, de um lado, o incentivo à ocupação de
novas áreas diante da iminência de porções a serem “perdidas” com a formação do reserva-
tório da UHE de Porto Primavera, seja de outro lado, a desvalorização das terras motivadas
pelas incertezas com relação às indenizações. À medida que a situação ficou “mais clara”,
os comportamentos mudaram consideravelmente.
9
Utilizar-se-á a terminologia “construção da paisagem”, tendo como princípio a noção de paisagem como o
resultado de uma construção histórica da sociedade. No caso específico da área estudada, essa concepção do
termo é ainda mais reveladora, visto a construção da paisagem ter se dado sobre grandes extensões ainda em
condições originais, o que denota a construção de uma paisagem antrópica recente.
As duas imagens de satélite utilizadas para efetuar os estudos cobrem uma superfície
de 110 X 114 km, perfazendo uma área total de 12.540 km2. Todavia, devido ao grande
comprimento do reservatório da usina hidrelétrica de Porto Primavera, elas compreendem
apenas a porção inferior e média do mesmo. Entretanto, é o suficiente para avaliar a mag-
nitude das transformações aportadas pela obra ao espaço regional.
A análise das imagens mostra que muita coisa mudou na paisagem entre o período
dos dois registros (1986 e 2001 – Figuras 12 e 13). Essas transformações estiveram,
sobretudo, ligadas ao preenchimento do reservatório, quando extensas superfícies foram
inundadas, seja da planície aluvial ou de ilhas e ilhotas, conforme demonstram as ima-
gens anteriores.
As tonalidades de cinza nas imagens podem ser agrupadas, grosso modo, em três clas-
ses diferentes, segundo a ocupação do solo: a cor negra corresponde aos cursos d’água e
lagos; o cinza claro/azulado revelam as superfícies ocupadas por agricultura e pastagens; os
espaços florestais e de cerrados, aparecem em tom vermelho. A porção de floresta que res-
tou intacta (parte inferior direita das imagens) corresponde à Reserva Florestal do Morro
do Diabo, protegida por lei. Em oposição, o desaparecimento de superfícies florestadas é
bastante evidente ao longo do período, sobretudo no Estado de Mato Grosso do Sul, e de
forma menos intensa nos Estados de São Paulo e Paraná.
Comparando as duas datas, podemos perceber claramente a sensível dessimetria
entre as duas margens do rio Paraná. Após o preenchimento do reservatório, pouca
coisa mudou do lado do Estado de São Paulo, enquanto que no lado de Mato Grosso
do Sul, houve a completa inundação da planície aluvial, ainda visível na imagem de
1986. A mesma imagem mostra também um pequeno início de inundação na época,
70 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
causado pelo desvio do curso do rio por um canal mais estreito, criado para implan-
tar as obras da usina. Ademais, a imagem de 2001 (figura 13) mostra que, ao mesmo
tempo em que Porto Primavera estava em vias de construção, houve a implantação,
também pela CESP, da usina hidrelétrica de Rosana, no rio Paranapanema, o que veio
contribuir para aumentar e engendrar outras transformações na paisagem regional.
O velho modelo energético das grandes estatais morreu asfixiado pela falta de
investimentos, contidos para reduzir o déficit público (os investimentos em estatais
entravam nas contas do governo) e garantir um bom boletim para o país apresentar
ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
Fotografia 2 – Apesar do longo período, entre o início das obras e o enchimento do reservatório da UHE de Porto
Primavera, uma grande quantidade de vegetação arbórea foi deixada dentro da cota de inundação, conforme mostra
a foto acima, tirada nas proximidades da foz do Córrego Três Barras – Anaurilândia/MS: repetição de erros, prejuí-
zos socioambientais.
Primavera, conforme está demonstrado a partir das fotos e das imagens Landsat TM de
11
No atual município de Mirante do Paranapanema, o povoamento “efetivo” deu-se a partir da chegada de
cerca de 40 imigrantes (tchecos e húngaros), em 1926, que desmataram a machado, construíram as mora-
das, desenvolveram uma agricultura de subsistência e viveram em total isolamento até a chegada da frente
pioneira que subsistiu na euforia das boas colheitas de algodão.
de oeste para leste, aproveitando-se do corredor “natural” de entrada para a região Centro-
Oeste, ou seja, a rodovia asfaltada.
Essas duas frentes encontraram-se à altura da atual barragem da UHE Eng. Sérgio
Motta. Em relação às mudanças mais recentes, as duas unidades da raia apresentam, uma
vez mais, uma evolução distinta:
Referências bibliográficas
Introdução
Além disso, este solo empobrecido e exposto fica suscetível a erosão e consequente-
mente o assoreamento dos cursos d’água, processos naturais, mas que são acelerados pela
ação antrópica. Isso acaba comprometendo a qualidade e a quantidade dos recursos hídri-
cos disponíveis na bacia hidrográfica e impactando não só a natureza, mas o bem-estar da
população que depende desses recursos.
É preciso, portanto, avaliar a frequência, duração e os fatores que comprometem o
ecossistema, de modo a reestabelecer o equilíbrio ecológico. Sendo assim, visando mitigar a
1
FCT-UNESP, Presidente Prudente, São Paulo, Brasil
thais.helena@unesp.br
Bairro do Timburi e o Bairro 1º de Maio. Por sua vez, essa ocupação gerou diversas alte-
rações ambientais ao longo dos anos com pontos de alta vulnerabilidade que precisam de
manejo e conservação dos solos adequados.
A Área de Proteção Ambiental Timburi (APA) tem este nome por estar inserida na Bacia
Hidrográfica do Córrego Timburi, que é afluente do Córrego da Onça, que é afluente do rio do
Peixe. Por isso, faz parte da Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos 21 (UGRHI-21),
que tem como órgão responsável o Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí e Peixe.
Tendo como foco principal o recorte de uma propriedade rural, escolhida estratégicamen-
te por ser uma área prioritária com necessidade de recomposição florestal, foi feito um levan-
tamento dos fatores de perturbação e análise das melhores técnicas para restauração ecológica.
Procedimentos Metodológicos
Para o levantamento inicial da área, esta pesquisa priorizou o trabalho de gabinete com o
apoio de revisão bibliográfica de temas afins, os aspectos físicos-naturais, como o clima, tipo
de solo, e uso e cobertura da terra na extensão da Área de Proteção Ambiental do Timburi.
Buscou-se também realizar uma análise da legislação federal e estadual e resoluções pertinen-
tes a temática de conservação dos recursos naturais, meio ambiente e restauração ecológica, bem
como teses e dissertações, em plataformas como o repositório da Unesp e o Google Acadêmico.
Na produção cartográfica, foram utilizadas as bases de órgãos públicos como a Agência
Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). As escalas dos mapas não foram padronizadas e por isso foram altera-
das, a fim de garantir uma melhor visualização e qualidade na apresentação dos mesmos.
O mapa de geologia elaborado em escala 1.250.000, a base cartográfica utilizada foi
o Mapa Geodiversidade do Estado de São Paulo (CPRM, 2010). Para o mapa de decli-
vidade, foram utilizadas imagens de radar da Missão Topográfica Radar Shuttle (SRTM/
NASA, 2000), elaborado em escala 1.100.000.
No mapa de uso e cobertura da terra em APP, (escala 1.50.000), foram utilizadas as
imagens de satélite da série LANDSAT versão 8, com resolução espacial de 30 metros e
radiométrica de 16 bits, adquiridasa partir da plataforma Earth Explorer. Após a seleção das
cenas, foi feito o mosaico das imagens a partir da opção ‘mosaic to new raster’ do ArcGis. Já
para a classificação de uso e cobertura, foi utilizado o Manual Técnico de Uso da Terra IBGE
(2018) e no que se refere a elaboração dos mapas analisados, o software ArcGis, versão 10.3.
82 // Património natural, injustiça ambiental e desenvolvimento rural
A partir disto, foram analisadas as áreas mais vulneráveis para a escolha da propriedade. Para
o mapa de localização da propriedade (escala 1.100.000) e área de preservação permanente na
APA (escala 1.50.000), foram utilizadas as bases cartográficas do IBGE (2017) e ANA (2018).
As Áreas de Preservação Permanente com remanescentes de vegetação foram identificadas
por meio de interpretação de imagem de satélite do dia 25/03/2020. A escala utilizada para
o mapa de Área de Preservação Permanente a ser restaurada na propriedade foi de 1.10.000.
Para a realização do cálculo de área total da APP na propriedade, foi feita a medição a partir
do buffer produzido pelo software ArcGis conforme a legislação a Lei 12.651/2012 do Novo
Código Florestal Brasileiro, quanto a delimitação das áreas a serem restauradas. Na medição
linear da metragem de cerca, utilizou-se uma imagem do Google Earth em formato KML.
Resultados e Discussões
Por ser uma área recentemente estabelecida por lei como Área de Proteção Ambiental,
não há um vasto acervo de estudos e mapeamentos. Fez-se necessário utilizar de bibliogra-
fias sobre o Oeste Paulista e materiais atualizados pelo projeto FAPESP (nº 2019/12164-4)
A APA do Timburi localiza-se na Bacia Sedimentar do Paraná. Segundo o Comitê das
Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí e Peixe, 1997, há afloramento de arenitos da forma-
ção geológica Adamantina do Grupo Bauru, pertencente a Formação Serra Geral (K1Bsg)
do Grupo São Bento. A predominância é da Formação Vale do Rio do Peixe (K2vp) e
Formação Presidente Prudente (K2pp) (Mapa 1).
Para análise de uso e cobertura da terra, foi utilizada uma imagem do Landsat 8 do
dia 25 de março de 2020. O mapa, apresenta as classes de uso da APA atualmente. Fica
exposto que em todo recorte há um uso intensivo. Entende-se que há diversos pontos
vulneráveis com poucos fragmentos florestais. A pastagem ainda é mais expressiva, seguida
pela agricultura em diversos pontos. (Mapa 3)
É possível observar que o solo exposto é maior que a quantidade de florestas por hec-
tare. Isto indica a necessidade de trabalhar na recuperação de áreas degradadas, visando
mitigar esses impactos e realizar um projeto de restauração ecológica que contribua para o
uso sustentável. De acordo com Gonçalves (2021), na APA Timburi, de uma área total de
4.608,2 hectares, corresponde a APP, cerca de 228, 78 hectares, cerca de 2, 17%. O uso
antrópico em APP representa 126,03 hectares. (Mapa 4)
85 // Património natural, injustiça ambiental e desenvolvimento rural
Pastagem 2.249,85 ha
Agricultura 1.612,50 ha
Floresta 510,85 ha
Foram realizados dois trabalhos de campo para averiguação das feições apresenta-
das nos mapas. A partir disso, analisou-se uma propriedade rural como prioritária, que
já está sendo área de estudos para contenção de erosões pelo projeto desenvolvido pela
Universidade Estadual Paulista- UNESP Campus de Presidente Prudente-SP.
A propriedade tem uma extensão de 173, 82 hectares, com a coordenada central (cen-
tróide) de LAT: -21,983404 LONG: -51,376494. A atividade econômica principal a pe-
86 // Património natural, injustiça ambiental e desenvolvimento rural
cuária de corte, com criação bovina e ovina, com um uso antrópico que sobressai ao uso
natural de aproximadamente 7,09 hectares. O valor total de APP dentro desta propriedade
é de 9,25 hectares. (Mapa 5)
nica que interfere na fertilidade do solo. Também, reduz a infiltração de água, aumenta o
escoamento superficial no período de chuvas, e facilita a erosão.
Foi realizado o cálculo da metragem de cerca, a partir da estimativa das áreas de pre-
servação permanentes no limite da propriedade. O cálculo, portanto, priorizou a cerca
adicional, sem levar em consideração as cercas já feitas pelo proprietário nos pontos
de erosão e o perímetro da propriedade. Estimou-se a necessidade de 3.010 metros de
cerca. (Figura 2)
As plantas invasoras podem ser um fator perturbador que atrasa e contribui negativa-
mente para o crescimento das plantas em seu habitat natural. São consideradas invasoras,
plantas exóticas que não pertencem aquele ecossistema e que são trazidas de outras locali-
dades. Elas podem tomar o espaço de plantas nativas, demandando mais nutrientes, água
e luz.
Sendo assim, é importante além do cercamento, estar atento a questão de gramíneas e
outras plantas que interfiram no desenvolvimento das mudas. Propõe-se roçadas manuais
88 // Património natural, injustiça ambiental e desenvolvimento rural
para que não haja prejuízos no crescimento das demais. A roçada mecanizada e o uso de
plantas de cobertura também são boas alternativas. Em último caso, o menos recomen-
dando é a utilização de controle químico, visto seu impacto ambiental.
A erosão, apesar de ser um processo natural, acaba sendo intensificada pelas atividades
humanas. O uso do solo sem o devido preparo, a retirada de cobertura vegetal e o tipo de
solo com maior fragilidade e suscetibilidade, clima e topografia são fatores condicionantes.
Em períodos longos de chuva, há transporte de sedimentos que levam a perda de solo e são
levados ao leito dos rios, causando o assoreamento.
Para a contenção deste problema na propriedade, vem sendo realizado um projeto
do processo FAPESP (Nº 2019/12164-4), intitulado: “Recuperação de áreas degradadas
A Autora, 2020.
89 // Património natural, injustiça ambiental e desenvolvimento rural
Considerando que a propriedade rural composta por 173, 82 hectares, do qual 9,25
hectares são de APP, sabendo que um módulo fiscal no Município de Prudente equivale a
22 hectares, a propriedade está acima de 5 módulos fiscais. Por isso, pelo seu uso antrópico
que é de cerca de 7,09 hectares, e pelo decreto citado, a área de APP a ser restaurada é de
cerca de 3,5 hectares.
Admite-se, portanto, que neste projeto a melhor técnica para restaurar ecologicamente
a área seria a de plantio por mudas, como estratégia mais efetiva neste momento. O cálculo
da quantidade estimada de mudas está de acordo com o espaçamento de 3m X 2m (1.667
mudas/ha) conforme a EMBRAPA (2020). Estimou-se o plantio de aproximadamente
5.835 (cinco mil oitocentos e trinta e cinco) mudas.
Resumo
Esta pesquisa é resultado de um trabalho de graduação, realizado na Área de Proteção
Ambiental do Córrego Timburi, no Município de Presidente Prudente, estabelecida pela Lei
nº 235/2019. O estudo se utilizou da produção, interpretação de mapas, aporte legislativo e
visitas à campo, tendo em vista a compreensão dos aspectos físicos e reconhecimento dos fato-
res de perturbação. Seu objetivo foi identificar as Áreas de Preservação Permanente da Área de
91 // Património natural, injustiça ambiental e desenvolvimento rural
Proteção Ambiental (APA) do Timburi quanto a vegetação remanescente e propor restauração
ecológica para um trecho degradado de uma propriedade rural. As Áreas de Proteção Ambiental
foram estabelecidas e destinadas a proteção dos ecossistemas regionais, permitindo a ocupação
humana desde que seja uso sustentável. Neste estudo, foram mapeadas as Áreas de Preservação
Permanente na APA, bem como o uso e cobertura da terra nas APP, a partir das imagens de radar
da Missão Topográfica Radar Shuttle (SRTM/NASA, 2000). Gerou-se produtos cartográficos
visando a compreensão de aspectos físicos-naturais, além da análise de imagens de satélite da série
LANDSAT 8, para identificar as APP com fragmentos florestais, diagnosticando para determina-
ção do trecho como necessidade de restauração ecológica na propriedade rural. Os trabalhos de
campo foram fundamentais para a confirmação dos dados anteriormente coletados em gabinete.
Sendo assim, identificou-se a melhor técnica para restauração ecológica em uma propriedade
Abstract
This research is the result of an undergraduate work carried out in the Timburi Stream
Environmental Protection Area, in the municipality of Presidente Prudente, formulated by Law No.
235/2019. The study uses the production, interpretation of maps, legislative support and field visits,
with a view to understanding the physical aspects and recognizing the disturbance factors. Its ob-
jective was identified as Permanent Preservation Areas of the Environmental Protection Area (APA)
of Timburi in terms of remaining vegetation and ecological restoration proportion for a degraded
stretch of a rural property. The Environmental Protection Areas were chosen and defined to protect
regional ecosystems, allowing human occupation as long as it is sustainable use. In this study, they
were mapped as Permanent Preservation Areas in the APA, as well as the land use and coverage in the
APP, based on radar images from the Radar Shuttle Topographic Mission (SRTM / NASA, 2000).
Qualified cartographic products were generated to understand natural aspects, in addition to the
analysis of satellite images from the LANDSAT 8 series, to identify as APP with forest fragments,
diagnosing for determination of the stretch as a need for ecological restoration in the rural property.
The field work was fundamental for confirming the previous data collected in the office. Thus, the
best technique for ecological restoration in a rural property was identified, it has to recompose the
native forest, protect the water resource, the soil and other environmental aspects present there.
Referências Bibliográficas
92 // Património natural, injustiça ambiental e desenvolvimento rural
Boin, M. N. Chuvas e erosão no Oeste Paulista: uma análise climatológica aplicada. Tese (Doutorado
em Geociências) – Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente, Instituto de
Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, São Paulo, p. 8-10,
2000.
Brasil. Código Florestal. Lei Federal nº 12.651, 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da
vegetação nativa.Brasília - DF, 2012.
Brasil. Lei Federal Nº 9.985, 18 de julho de 2000, Institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras providências.. Brasília-DF.
Donaton, G. Estratégias de reprodução social e econômica em pequenas unidades produtivas rurais:
o caso dos Bairros Rurais 1º de Maio/Timburi e Ponte Alta/córrego da Onça no município de
Presidente Prudente (SP). Monografia (bacharelado em Geografia). 2013. 112 f. Faculdade de
Ciência e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente.
Introdução
A exploração dos recursos naturais amazonenses, caso do petróleo e gás numa articu-
lação entre Urucu-Coari-Manaus, é reveladora da necessidade de se colocar em discussão a
noção de fronteira. O objetivo deste estudo é discutir as dinâmicas socioeconômicas frente
à indústria extrativa de petróleo. Para tanto, o trabalho apresentará breves considerações
sobre as noções de fronteira, no contexto da formação territorial do Amazonas. O resul-
tado será uma bibliografia comentada, no intuito de revisar a categoria de fronteira na
atualidade, tanto do ponto de vista da produção do conhecimento como do movimento
histórico e geográfico em curso no espaço brasileiro. A caracterização espaço-temporal
da economia petrolífera da bacia sedimentar do Solimões integra uma etapa dos resul-
tados dessa investigação. Por tratar-se de um universo de grandes projetos, sem a marca
da construção de estradas, para alguns setores, o desenvolvimento da área é considerado
de baixo impacto. O espaço ocupa a base do Urucu, onde pequenos pontos no centro da
floresta articulam o apoio de cidades da região e da metrópole Manaus. O processo de
produção do espaço urbano induz e é induzido por processos de industrialização e urba-
nização inerentes à dinâmica local e global. Becker (2009) sugere revisar a hipótese sobre
a tendência ao esgotamento da região amazônica como fronteira de expansão demográfica
e econômica nacional. Em especial, quando trata da possibilidade de recrudescimento
da fronteira que funciona como uma válvula reguladora de espaço para investimentos de
95 // Paisagens e Desenvolvimento Rural
agentes capitalizados, que ora se expandem, ora permanecem estáveis a depender da con-
juntura. A produção e a distribuição de óleo e gás atraíram pessoas em busca de emprego e
renda, contratando, num primeiro momento, da região. Essa questão