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ARMOND, C; OLIVEIRA, VC; GONZALEZ, SDP; OLIVEIRA, FER; SILVA, RM; LEAL, TTB; REIS, AS; SILVA, F. 2016. Desenvolvimento inicial de plantas
de abobrinha italiana cultivada com húmus de minhoca. Horticultura Brasileira 34: 439-442. DOI - http://dx.doi.org/10.1590/S0102-05362016003022

Desenvolvimento inicial de plantas de abobrinha italiana cultivada com

húmus de minhoca
Cintia Armond¹; Vanuze C Oliveira²; Sergio DP Gonzalez¹; Francisco ER Oliveira¹; Rafael M Silva¹;
Tamara TB Leal¹; Ademilde S Reis¹; Franceli Silva¹
¹Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Cruz das Almas-BA, Brasil; franceli.silva@gmail.com; ²Universidade Federal de
Lavras (UFLA), Lavras-MG, Brasil; vanuze.costa@gmail.com

RESUMO ABSTRACT
A abobrinha é uma das dez hortaliças mais cultivadas no Brasil. Initial development of Italian Zucchini plants cultivated with
Possui alto valor nutricional e, por isso é utilizada como ingrediente worm humus
principal na produção de tortas, doces e ração animal. Apesar da im- Zucchini is one of the ten most important vegetable crops
portância econômica e nutricional, poucos são os trabalhos envolven- grown in Brazil. It has a high nutritional value, and is used as main
do a adubação e propagação da cultura. Neste contexto, objetivou-se ingredient of cakes, candies and animal food. Despite the economical
avaliar o efeito do húmus de minhoca no desenvolvimento de plantas and nutritional importance, few researches are available about its
jovens de abobrinha. O experimento foi realizado durante os meses propagation and fertilization. The main objective of this work was
de novembro de 2012 a janeiro de 2013, em casa de vegetação. O to evaluate the effect of the earthworm humus on the development
delineamento estatístico foi inteiramente casualizado, com seis tra- of young zucchini plants. The experiment was carried out in a
tamentos (0, 100, 200, 300, 400 e 1000 g de húmus de minhoca por greenhouse from November (2012) to January (2013) in a complete
vaso de 1,5 L) e quatro repetições. As plantas cultivadas em 1000 g randomized design, with six doses (0, 100, 200, 300, 400 and 1000 g
de húmus de minhoca apresentaram maiores teores de massa seca of earthworm humus per a 1,5 L pot) and four replications. The plants
da folha, caule e raiz. Pela análise de regressão, observou-se que a grown in 1000 g had higher levels of dry mass of leaf, stem and root.
dosagem de 750 g foi a que permitiu os máximos valores de razão Regression analysis showed that the dosage of 750 g allowed the
de área foliar e razão de peso foliar. Identificou-se relação positiva
maximum values of leaf area ratio and leaf weight ratio variables. A
entre a proporção de húmus e a massa seca de folhas+caule, massa
positive relationship was identified between the proportion of humus
seca da raiz e a massa seca total. Os teores de clorofila a e b foram
and the dry mass of leaves + stem, root dry mass and total dry mass.
maiores em doses de 575 e 644 g, respectivamente. Assim sendo, o
a and b chlorophyll levels were higher at doses of 575 and 644 g,
uso de húmus de minhoca favorece o desenvolvimento fisiológico
respectively. Therefore, the use of earthworm humus favors the
de plantas jovens de abobrinha.
physiological development of young zucchini plants.

Palavras-chave: Cucurbita pepo, adubação orgânica, teores de Keywords: Cucurbita pepo, organic fertilization, chlorophyll
clorofila, massa seca de plantas, desenvolvimento fisiológico. content, dry weight of plants, physiological development.

(Recebido para publicação em 6 de agosto de 2015; aceito em 20 de abril de 2016)

(Received on August 6, 2015; accepted on April 20, 2016)

A abobrinha (Cucurbita pepo), per-

tencente à família Cucurbitaceae,
é conhecida no Brasil como abóbora
adequados às diferentes cultivares, re-
giões e épocas de plantio de abobrinhas
(Silva et al., 2011). O fato justifica-se
da produtividade de diversas culturas
agrícolas, por favorecer a fertilidade do
solo (Freitas et al., 2012). Além disso,
de moita, abobrinha italiana, caserta ou por, almejando maior produtividade, o com o uso de materiais orgânicos, quan-
abobrinha de tronco (Filgueira, 2008). olericultor aplicar doses elevadas de ele- do ricos em nitrogênio, por exemplo,
Esta espécie está entre as dez hortaliças mentos minerais, resultando, na maioria é possível proporcionar o aumento na
de maior valor econômico no País (Car- das vezes, em distúrbios nutricionais absorção de diversos nutrientes, como
pes et al., 2008). às plantas, além de aumentar o custo P, K, Ca, Mg (Souza et al., 2015). A
Apesar da importância econômica de produção (Resende et al., 2005). O adubação orgânica tem se mostrado
da abobrinha, poucos estudos têm sido consumo de luxo, proporcionado por eficiente no crescimento e na produção
realizados em relação à sua propagação doses elevadas de determinado elemento de várias culturas (Corrêa et al., 2012;
e fertilização, incluindo a adubação or- aplicado nas plantas, não resulta em Souza et al., 2015).
gânica. No Brasil, existe a necessidade aumento na produção. Quando se trata de espécies de ci-
de mais estudos quanto às dosagens O uso de material orgânico na adu- clo curto, como a abobrinha, o uso de
de fertilizantes utilizados nas culturas, bação tem contribuído para o aumento húmus de minhoca apresenta-se como

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 C Armond et al.

alternativa para proporcionar maior doses de: 0, 100, 200, 300, 400 e 1000 foliar; L é a área foliar; W consiste na
desenvolvimento de tais culturas, já que g. A composição química do húmus de massa seca total da planta; RPF é a ra-
este adubo realiza a disponibilização minhoca foi pH= 7,10; Al trocável = 0,0 zão de peso foliar e AFE é a área foliar
mais rápida de nutrientes para a planta. cmolc/dm3; Ca+Mg= 15,6 cmolc/dm3; P= específica. A AFE relaciona a superfície
Além disso, é importante considerar 90,0 mg/dm3; K= 780,0 mg/dm3; matéria com a massa da matéria seca da própria
que a produção de mudas é uma das orgânica = 42,30%. Foi adotado o deli- folha e é expressa em cm²/g, conforme
etapas mais importantes na produção neamento inteiramente casualizado com Peixoto et al. (2011).
das hortaliças, já que a qualidade das quatro repetições, sendo que cada vaso Os dados foram submetidos à análise
mudas determinará o desempenho constituiu uma parcela experimental. de variância e análise de regressão, uti-
produtivo destas plantas (Sediyama et Dez dias após a emergência, foi lizando o programa estatístico SAS 9.0.
al., 2014). Neste sentido, Santos et al. realizado o desbaste, ficando apenas
(2010), ao utilizarem substratos consti- uma planta por vaso. Em seguida, foram
tuídos por vermicomposto, mostraram realizadas as avaliações das variáveis RESULTADOS E DISCUSSÃO
que o uso destes substratos contribuiu clorofila a e b com o clorofilômetro
com o aumento no índice SPAD em (Clorofilog CFL1030), em folhas me- Houve efeito significativo da aduba-
mudas de pimentão, sendo este índice dianas das plantas, sendo a medição ção com húmus de minhoca na produção
relacionado aos teores de nitrogênio nas sempre realizada na porção proximal de massa seca da abobrinha. Observou-
plantas e, consequentemente, nos teores da folha; e também foram medidas a -se que a massa seca total, de folhas e
de clorofila. altura e o diâmetro do caule das plantas. caule e de raízes, desenvolveu tendência
Neste contexto, objetivou-se avaliar Tal processo avaliativo foi realizado a linear (Tabela 1). Isso significa que,
o comportamento fisiológico de plantas cada dois dias durantes duas semanas, maior dose de húmus de minhoca resulta
jovens de abobrinha, quando submetidas totalizando sete avaliações. em maior incremento na produção de
a doses de húmus de minhoca. Na última avaliação as plantas foram massa seca em plantas de abobrinha.
colhidas e separadas em folhas, caules Maior massa seca total estimada em
e raízes. Foi determinada a área foliar 5,0 g foi obtida na maior dose de húmus
MATERIAL E MÉTODOS com integrador de área foliar (AREA de minhoca. O aumento da massa seca
METER-AM 300). A parte aérea e as nas diferentes partes da planta relacio-
O experimento foi conduzido na raízes foram acondicionadas em sacos nada com o aumento de dosagens de
casa de vegetação de nutrição mineral de papel e transferidas para estufa de cir- húmus, também foi encontrado por Góes
de plantas da Universidade Federal do culação forçada de ar, a 70°C, até atingir et al. (2011).
Recôncavo da Bahia, no Município de peso constante. Obtendo-se a massa seca
É necessário conhecer os níveis
Cruz das Almas-BA. e área foliar, foi determinada a Razão de
adequados de nutrientes em cada espé-
Área Foliar (RAF) e a Razão de Peso
As plantas de abobrinha (cultivar cie para reduzir custos com adubação,
Foliar (RPF). Para tanto, utilizaram-se
Caserta) foram obtidas através da se- aumentar a produção e evitar efeitos
as seguintes equações:
meadura de quatro sementes em reci- fitotóxicos. A quantidade de nutrientes
pientes plásticos com capacidade para RAF = L/W (1); exportados pela cultura é um compo-
1,5 L, contendo como substrato areia RPF = RAF/AFE (2) nente importante na perda de nutrientes
lavada além do húmus de minhoca nas Em que, RAF é a razão de área do solo, devendo ser considerado na

Tabela 1. Parâmetros de crescimento e teores de clorofila em plantas jovens de abobrinha submetidas a doses de húmus de minhoca (growth
parameters and chlorophyll levels in young zucchini plants to worm humus doses). Cruz das Almas, UFRB, 2013.

Dose estimada Maior valor para as

Variáveis Equação R²
(g) variáveis avaliadas
RPF (g/g) Ŷ** = 0,244 + 9.10-4X – 6x10-7X2 66,98 750 0,58
RAF (cm2/g) Ŷ* = 0,008 + 10-5X – 7x10-9X2 61,55 555 0,012
MSPA (g) Ŷ** = 0,1861 + 0,0035X 98,83 1000 3,68
MSR (g) Ŷ** = 0,1007 + 0,0012X 79,62 1000 1,30
MST (g) Ŷ** = 0,2868 + 0,0047X 97,01 1000 5,00
CLO a (mg/g) Ŷ** = 19,96 + 0,023X – 2x10-5X2 80,42 575 26,56
CLO b (mg/g) Ŷ** = 6,343 + 0,0116X – 9x10-6X2 86,91 644 13,80
RPF= razão de peso foliar (leaf weight ratio); RAF= razão de área foliar (leaf area ratio); MSPA= massa seca da parte aérea (dry weight of
aboveground part); MSR= massa seca da raiz (root dry mass); MST= massa seca total (total dry matter); CLO a= clorofila a (chlorophyll
a); CLO b= clorofila b (chlorophyll b). *,**significativo ao nível de 5 e 1% de probabilidade, respectivamente (significant at 5 and 1%
probability, respectively).

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hora de definir o manejo da adubação et al. (2010) constataram que para RPF ção positiva com o teor de nitrogênio na
para reposição de nutrientes (Santos et não houve efeito significativo das doses folha, influenciando a taxa fotossintética
al., 2012). dos adubos, o que implica dizer que a das plantas, sendo que a concentração
Das variáveis relacionadas ao cres- adubação orgânica não contribuiu com de nitrogênio pode ser favorecida pela
cimento de plantas, apenas a razão de a exportação de material produzido nas aplicação de produtos de origem orgâni-
área foliar (RAF) e a razão de peso foliar folhas para as outras partes da planta ca (Zhao et al., 2005; Ruttanaprasert et
(RPF) foram influenciadas significativa- como caule e raiz. Também, trabalhan- al., 2012). É possível supor que ocorreu
mente pela dose de húmus de minhoca, do com adubação orgânica, Janegitz et a assimilação de nutrientes pelas plantas
ambas apresentando resposta quadrática al. (2011) verificaram que a utilização e que a adição de húmus de minhoca a
às doses de matéria orgânica utilizada do adubo orgânico afetou significati- substratos inertes como a areia supriu
(Tabela 1). A diferença percentual en- vamente as variáveis relacionadas ao as necessidades nutricionais das fases
tre a maior razão de área foliar (0,012 crescimento de plantas na cultura da iniciais das plantas de abobrinha.
cm²/g) e a menor razão de área foliar mamoneira. Considerando os resultados obtidos,
(0,0084 cm²/g) foi equivalente a 70%, O húmus serve como fonte de ener- pode-se concluir que o uso de húmus de
sendo este maior valor estimado na dose gia e nutrientes para o desenvolvimento minhoca em doses superiores a 500 g é
de 555 g de húmus de minhoca. de muitos grupos de organismos, prin- favorável ao desenvolvimento fisiológi-
De acordo com Peixoto et al. (2011), cipalmente microrganismos e, como co de plantas jovens de abobrinha.
a RAF é a relação de quanto de área fo- resultado de sua decomposição, há a
liar é necessário para produzir um grama liberação contínua de CO2, NH4+, íons
de P, S, e micronutrientes, que são de AGRADECIMENTOS
de matéria seca total. A RAF pode ser
influenciada por diversos fatores além grande importância para o ciclo dos
da adubação, como a idade das plantas vegetais, o que está diretamente relacio- Ao CNPq, à Capes e à FAPESB pelo
(Araújo Junior et al., 2012). nado à fotossíntese e, consequentemente apoio financeiro e a concessão de bolsas
Ao trabalhar com adubação orgâni- à formação de frutos. de estudo.
ca, sendo os adubos utilizados esterco O maior teor de clorofila a, estimado
bovino e o esterco de aves, Corrêa et em 26,56 mg/g foi obtido na dosagem
575 g da matéria orgânica; para o teor REFERÊNCIAS
al. (2010) obtiveram maiores valores
de RAF em plantas de orégano, quan- de clorofila b, a dose de 644 g propor-
do adubadas com esterco bovino. Os cionou o maior valor, estimado em 13,80 ARAÚJO JUNIOR, BB; SILVA, PSL; MORAIS,
mg/g (Tabela 1). Os maiores valores de PLD; DOMBROSKI, JLD; OLIVEIRA, VR.
autores relacionaram o aumento dos 2012. Crescimento do milho com controle
valores de razão de área foliar à maior clorofila podem estar relacionados às de plantas daninhas via consorciação com
concentração de nitrogênio, já que este doses crescentes de adubação orgânica, gliricídia. Planta Daninha 30: 757-766.
nutriente é considerado um dos nutrien- até o ponto de máximo da curva que, CARPES, RH; LÚCIO, AD; STORCK, L;
tes que mais influencia a produtividade, podem ser explicados pela maior dispo- LOPES, SJ; ZANARDO, B; PALUDO, AL.
nibilidade de nutrientes como nitrogênio 2008. Ausência de frutos colhidos e suas
por estar ligado à fotossíntese e ao cres- interferências na variabilidade da fitomassa
cimento das plantas (Yin et al., 2003). e magnésio, considerando que tais ele- de frutos de abobrinha italiana cultivada em
Para a RPF, estimada pela equação mentos são constituintes da molécula de diferentes sistemas de irrigação. Revista Ceres
da Tabela 1, tem-se que a dose de 750 g/ clorofila. Por outro lado, o decréscimo 55: 590-595.
kg de húmus de minhoca proporcionou no teor de clorofila, a partir do ponto de CORRÊA, RM; PINTO, JEBP; REIS, ES;
máximo da curva, pode ser atribuído ao COSTA, LCB; ALVES, PB; NICULAN,
a maior razão de peso foliar, sendo o ES; BRANT, RS. 2010. Adubação orgânica
seu maior valor 0,58 g/g. A diferença excesso de nutrientes no substrato, cau- na produção de biomassa de plantas, teor
percentual entre o maior (0,58 g/g) e o sando redução do pigmento (Ferreira et e qualidade de óleo essencial de orégano
menor valor (0,16 g/g) para a RPF foi al., 2012). Ou seja, no momento em que (Origanum vulgare L.) em cultivo protegido.
ocorre aumento da disponibilidade de Revista Brasileira de Plantas Medicinais 12:
de 72%. 80-89.
A avaliação desses parâmetros de nutrientes, atinge-se um ponto em que
CORRÊA, RM; PINTO, JEB; REIS, ES;
crescimento vegetal é importante se- uma adição continuada dos mesmos não MOREIRA, CM. 2012. Crescimento de
gundo Peixoto et al. (2011), devido a contribui com o aumento no crescimento plantas, teor e qualidade de óleo essencial
RPF expressar a quantidade de massa ou produtividade, resultando em aumen- de folhas de orégano sob malhas coloridas.
tos na concentração dos nutrientes nos Global Science and Technology 5: 11-22.
não transferida das folhas para outras
tecidos, sem, no entanto, haver a assi- FERREIRA, TA; SILVA, EHC; RIBEIRO,
partes da planta, especialmente em plan- MMC; CHAVES, PPN; NASCIMENTO,
tas cujo interesse econômico está nas milação destes por parte dos vegetais. IR. 2012. Acúmulo de clorofila e produção
folhas, como as hortaliças folhosas. Por A disponibilidade de nutrientes de biomassa em hortelã-verde sob diferentes
outro lado a RAF serve como parâmetro níveis de adubação orgânica. Revista Verde de
como o nitrogênio e o magnésio pode
Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável
apropriado para as avaliações de efeitos explicar os maiores valores de clorofila, 7: 41-45.
climáticos e do manejo de vegetais. obtidos em função de doses crescentes FILGUEIRA, FAR. 2008. Novo Manual de
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Hortic. bras., v. 34, n. 3, jul. - set. 2016 441

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