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As novas formas de
exploração do trabalho no
capitalismo contemporâneo
e as políticas públicas de
combate à desigualdade
Rogério Nagamine Costanzi
Introdução
atual pode ser comparado a uma loteria, internos de trabalho dificulta o ajuste entre
na qual os bilhetes são os investimentos remunerações e produtividade6.
em capital humano. O mesmo investi- Também é questionável a hipótese de
mento em capital humano dá igualdade que o comportamento das firmas, em
de acesso aos bilhetes da loteria, mas não especial das grandes corporações, é voltado,
gera igualdade de resultados. Pelo contrá- única e exclusivamente, para a maximização
rio, já que há, necessariamente, vencedores de seus lucros, tendo em vista que elas
e perdedores. E nesse mercado, os traba- passaram a ser dirigidas por tecnoestruturas
lhadores que não têm investimento em que possuem outros incentivos que não
capital humano nem participam do jogo necessariamente, ou apenas, a maximização
já são, a priori, perdedores. Portanto, existe de lucros (GALBRAITH, 1982 e 1988).
confusão entre igualdade de acesso aos Como explicar que os trabalhadores
bilhetes de loteria e igualdade de resul- aceitariam remunerações inferiores a sua
tados, o que explica, por exemplo, que, produtividade ou ofertariam trabalho
mesmo que todos os gerentes de uma acima do que seria justificável pela remu-
empresa tenham uma mesma produti- neração efetiva, num comportamento
vidade potencial, apenas um deles será aparentemente irracional?
promovido a diretor. È necessário, inicialmente, notar que
Essa situação é absolutamente inconce- essa situação é dinâmica. Em um primeiro
bível para a teoria econômica tradicional5, momento, os trabalhadores investem em
pois o comportamento maximizador de capital humano com a expectativa de que
lucros das empresas não permitiria esse esses investimentos resultarão em ascensão
desvio entre produtividade e remuneração. profissional e em expressivas recompensas
De forma semelhante, os perdedores seriam financeiras. Para um trabalhador individual,
irracionais se aceitassem remunerações essas expectativas podem ou não se
abaixo do que seria justificável pela própria concretizar, mas, para os trabalhadores
produtividade. Assim, os mercados tende- como um todo necessariamente haverá
riam a eliminar desvios entre remunerações aqueles que terão suas expectativas
e produtividade. frustradas, em função da estrutura
Há, porém, várias razões para os piramidal. São os perdedores.
mercados não eliminarem esses desvios. Não há por que supor que os traba-
Em primeiro lugar, existe um conheci- lhadores possam, a priori, ter expectativa
mento imperfeito em relação à real produ- correta e certa a respeito da sua ascensão
tividade de cada um dos trabalhadores, até profissional, não apenas porque se trata de
mesmo dentro das firmas, problema ainda situação de conhecimento imperfeito, mas
mais grave entre elas. Além disso, na reali- também porque eles costumam mover-se
dade, a produtividade individual é por uma busca patológica por sucesso.
interdependente numa organização, assim Além disso, esse comportamento não pode
como existe divisão de trabalho que faz ser tomado como irracional, dado que,
com que os trabalhadores dediquem-se a por serem elevados os custos de ser
tarefas distintas, o que dificulta ou até perdedor e grandes os benefícios de ser
mesmo deixa sem sentido falar em vencedor, a competição vira um jogo
comparações de produtividade entre típico do dilema do prisioneiro.
trabalhadores. Além disso, a própria lógica Como explicar que os perdedores não
de funcionamento dos chamados mercados ajustam a sua oferta de trabalho ao longo
reflexo do processo de globalização e/ou tividade dos trabalhadores, mas, sim, com
tendência de concentração. base no desempenho do trabalhador em
A teoria dos superstars (ROSEN, 1981)8 relação ao dos demais trabalhadores, o que
também aponta fatores semelhantes para se aproxima, novamente, de uma loteria.
explicar o surgimento da concentração da Segundo essa visão, apesar da tradicional
renda em alguns poucos trabalhadores. O visão econômica de que os trabalhadores
fenômeno dos superstars seria aquele em que devem ser pagos de acordo com o valor
um relativamente pequeno número de do seu produto marginal, as loterias
agentes recebem enormes remunerações competitivas também podem levar a uma
e dominam as atividades em que estão estrutura de incentivos eficiente.
engajados, que estão-se tornando cada vez Nesse sistema de premiação, a remu-
mais importante no mundo moderno. neração da classificação seria baseada no
Na economia dos superstars (ROSEN, ranking, e não na diferença absoluta de
1981), haveria uma imperfeita substituição produtividade. Sob determinadas circuns-
entre os diferentes vendedores. Vendedores tâncias, seria ótimo fixar as remunerações
de menor talento seriam fracos substitutos dessa forma. Mais especificamente, quando
em relação àqueles de maior talento. A os custos de monitoramento são elevados
demanda pelos mais talentosos cresceria ou o monitoramento é difícil, incentivando
de forma mais que proporcional ao incre- o shirking ou problemas de moral hazard,
mento do talento. Assim, ouvir uma pagar os trabalhadores com base no ranking
sucessão de cantores medíocres não seria tem-se mostrado uma eficiente estrutura de
igual a ouvir um cantor excepcional, ou, se incentivos. Além disso, esse tipo de esquema
um cirurgião for 10% mais bem sucedido de compensação altera a natureza de risco
em salvar vidas que seus demais concor- enfrentado pelos trabalhadores.
rentes, a maioria das pessoas estará O salário do vice-presidente de uma
disposta a pagar mais que 10% de prêmio particular corporação é bem inferior ao
pelos seus serviços. do presidente e, geralmente, os presidentes
Além disso, haveria, pelo lado da oferta, são escolhidos pelo ranking dos vice-presi-
uma forma de consumo conjunto, não dentes. Assim, num dia, um determinado
muito diferente dos chamados bens vice-presidente pode ser promovido a
públicos. Dessa forma, um artista deve fazer presidente e seu salário ser triplicado. É
o mesmo esforço tanto para dez quanto difícil argumentar que sua habilidade ou
para mil pessoas que estejam assistindo ao produtividade tenha triplicado de um dia
seu show. Assim também deve proceder um para outro, tornando complicada a tarefa
autor com os compradores de seu livro. De de compatibilizar tal fato com a teoria
forma mais geral, os custos de produção tradicional, que diz que os salários nas duas
não crescem na proporção do tamanho do ocupações, presidência e vice-presidência,
mercado do vendedor ou mesmo não deveriam ser aproximadamente iguais. Na
crescem, havendo, portanto, economias de realidade, a presidência é o prêmio de um
escala na produção. torneio, de forma que o salário do presi-
Também a teoria de torneios, ou dente não é fixado de forma a refletir a
tournaments (L AZEAR; ROSEN, 1981), admite corrente produtividade dele, mas, sim, a
a possibilidade, em determinadas circuns- induzir a todos os competidores a se
tâncias, de que a remuneração não seja feita esforçarem para obter a promoção. Essa
com base na medida absoluta da produ- interpretação sugere que presidentes de
o desenvolvimento dos países, que pode públicas tenham algum “espaço” para
ser caracterizado como U invertido. Con- influenciar a relação entre crescimento e
tudo, essa teoria vem sendo rejeitada por desigualdade, existem razões para que haja
um número crescente de autores limitações nessa influência. Com isso, não
(L OCATELLI, 1988). se quer negar que a desigualdade possa
No Brasil, também o trade-off entre influenciar negativamente o crescimento
crescimento e igualdade ficou marcado, na econômico ao trazer prejuízos ao investi-
política econômica, pela política do “cres- mento em capital humano, contudo é
cer o bolo primeiro, para depois distribuir” importante salientar que, em algum grau,
ou, na sua versão de nouvelle cousine, “crescer, o tradicional trade-off entre eficiência e
crescer e crescer” (HENRIQUES, 2000). De igualdade é inerente às motivações
certa forma, a piora na desigualdade, nas econômicas dos agentes individuais em um
fases iniciais e intermediárias do desenvol- sistema econômico capitalista ou, pelo
vimento econômico, seria uma necessidade, menos, exacerbadas pelo capitalismo.
pois permitiria a geração de poupança, tão Primeiramente, ressalta-se que a
fundamental para o processo de acumu- principal motivação dos agentes econô-
lação de capital e crescimento econômico. micos individuais para ações ou tomada
Vários autores contestam a visão de de decisões que geram crescimento econô-
que, necessariamente, para países em mico, como acumulação de capital físico e
desenvolvimento, o crescimento e a igual- humano, é, em geral, a busca pela desigual-
dade são objetivos conflitantes entre si. dade de renda, mais especificamente, é ter
Seria bastante questionável a interpretação padrão de renda igual ou melhor à média
que assegura que a distribuição de renda da sociedade. Nesse sentido, o objetivo
deve piorar antes de se tornar mais igua- microeconômico que gera o crescimento
litária. De forma semelhante, contudo, não macroeconômico é a busca pela desigual-
se poderia postular a existência de relação dade. Como esperar a igualdade do
direta entre crescimento e melhora na con- processo de crescimento macroeconômico,
centração de renda, pois, entre os países se o objetivo microeconômico que o gera
em desenvolvimento que apresentaram é a desigualdade?
altas taxas de crescimento, alguns apresen- Nesse sentido, a desigualdade reproduz-
taram piora e outros, melhora na distri- se não mais no imobilismo, mas no
buição de renda. Na realidade, haveria crescimento e por meio dele. O crescimento
espaço para as políticas públicas influírem passa a ser função dela ou forma de repro-
na relação entre crescimento e desigualdade duzi-la. Mostra que a necessidade de a ordem
(LOCATELLI , 1988). social “desigualitária” e a estrutura social de
Vários outros autores também ques- privilégio manterem-se é que produz e
tionam o suposto trade-off entre eficiência reproduz o crescimento como seu elemento
e igualdade. Na realidade, alguns autores estratégico (BAUDRILARD, 1995).
argumentam que, ao contrário da visão A desigualdade é fruto inerente ao
tradicional, a desigualdade pode trazer funcionamento dos sistemas econômicos
efeitos negativos para a eficiência econô- capitalistas e a busca por desigualdade de
mica, pois prejudica, por exemplo, os renda dos agentes econômicos individu-
investimentos em capital humano ais está por detrás do fenômeno do cres-
(FERREIRA , 2000). cimento macroeconômico. Os mecanis-
Do ponto de vista deste trabalho, cabe mos de mercado e a sua “mão invisível”9
destacar que, mesmo que as políticas não são capazes de atenuar, de forma
Revista do Serviço Público Brasília 56 (1): 37-55 Jan/Mar 2005 47
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ou a mesma produtividade, dada a atual es- querem ficar ricos, querem ser desiguais.
trutura piramidal do mercado de trabalho, A busca individual microeconômica e auto-
sempre haverá vencedores e perdedores. interessada da desigualdade é que gera o
Todos os gerentes de uma firma podem crescimento macroeconômico. Portanto, o
ter a mesma produtividade potencial, mas comportamento individual que produz o
apenas um será promovido a diretor. crescimento macroeconômico é, na
De outra parte, a lógica de intensa realidade, uma busca pela desigualdade. Se
especialização e divisão do trabalho, do a busca individual e auto-interessada pela
ponto de vista tanto social quanto de intra- desigualdade é que gera o crescimento,
firma, tornam complexas ou mesmo sem como conciliar crescimento e igualdade?
sentido comparações de produtividade, Como conseguir igualdade a partir do
tendo em vista que os trabalhadores
executam tarefas distintas. Existe, ademais,
interdependência entre as produtividades
individuais. Mesmo que todos na sociedade
tivessem curso superior completo, pela lógica “Políticas públicas
da divisão do trabalho alguém qualificado de combate à
teria de executar as tarefas de baixa quali-
ficação. É uma divisão que não decorre dos desigualdade baseadas
diferenciais de produtividade, e, sim, de na democratização
diversos fatores que transcendem a lógica do capital humano
econômica, como aspectos sociais, culturais
e mesmo questões operacionais.
apresentam impor-
A desigualdade deixa de ser resultado tantes limitações, pois
das diferenças nos atributos produtivos dos o mercado de trabalho
trabalhadores e passa a ser resultado capitalista está
inerente aos mercados de trabalho capita-
listas e ao capitalismo. Em primeiro lugar, organizado de
porque a própria desigualdade nos inves- forma que existam
timentos em capital humano, em especial vencedores e
em educação, é fruto inerente ao capita-
lismo. O capitalismo gera desigualdade, que
perdedores”
origina diferentes investimentos em capital
humano, os quais, por sua vez, ajudam a
reproduzir a desigualdade.
O crescimento macroeconômico crescimento, se o crescimento resulta da
também tem importantes limitações no busca pela desigualdade?
combate à desigualdade, na medida em que O sistema econômico capitalista
essa desigualdade é a finalidade microeco- movido pelo auto-interesse gera, como
nômica, que gera o crescimento macroeco- externalidade negativa inerente à desigual-
nômico. O crescimento em si é função da dade, o tradicional trade-off entre cresci-
desigualdade, ou a desigualdade é a mento econômico e igualdade em nível
finalidade do crescimento. microeconômico, que nunca foi resolvido,
Na realidade, os indivíduos esforçam- em nível macroeconômico, pelo funcio-
se para ser extremamente produtivos, namento dos mercados. Os economistas
investem em capital humano, porque tradicionais, contudo, jamais procuram
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explicitar que esse trade-off decorre de análise expressivas, como a corrupção, a falta de
que toma como implícita uma natureza coesão social e a violência a elas associada.
humana egoísta e auto-interessada. O combate à desigualdade demanda,
A máxima de Adam Smith, em sua então, teoricamente, mudanças no
obra A riqueza das nações, segundo a qual o comportamento humano, de forma que
sistema econômico capitalista, caracte- o motor do crescimento macroeconômico
rizado por indivíduos movidos pelo auto- não seja a busca microeconômica pela
interesse, geraria o máximo bem-estar desigualdade de renda entre os indivíduos,
social, despreza importantes externalidades assim como a alteração dos valores sociais,
negativas inerentes a esse tipo de com- culturais e demais fatores que tornaram o
portamento. mercado de trabalho capitalista uma insti-
Em primeiro lugar, a própria questão tuição em que, necessariamente, há vence-
já colocada da desigualdade. Mais estranho dores e perdedores. Enquanto a motivação
que esse lapso, porém, é a análise liberal para produzir for o auto-interesse, a busca
que reforça a eficácia do auto-interesse no pela desigualdade, pelo sucesso profissional
crescimento econômico, mas despreza e pela riqueza, de forma inerente, haverá
justamente a busca pela desigualdade contradição entre eficiência e desigualdade.
movida pelo auto-interesse, que gera outras O trabalho não será a satisfação de neces-
expressivas externalidades negativas, como sidade, mas, sim, um meio de satisfazer
a corrupção e a falta de coesão social. A outras necessidades11. Será possível conciliar
teoria econômica tradicional também exalta eficiência e eqüidade apenas se a motivação
a competição, de forma positiva, como para a produção for o bem-estar coletivo.
instrumento essencial para a eficiência, Dado o “receituário” recomendado
desprezando suas externalidades negativas. para o combate à desigualdade, fica implí-
Políticas públicas de combate à desi- cito que este trabalho aceita que o
gualdade baseadas na democratização do comportamento humano e os valores
capital humano, mesmo sendo desejáveis podem ser objeto de transformação, pois,
e positivas, apresentam importantes limi- caso se adotasse a posição determinista de
tações, pois o mercado de trabalho que a natureza humana é imutável, não
capitalista está organizado de forma que haveria motivos para intervenções sociais.
existam vencedores e perdedores, havendo Contudo, é necessário reconhecer que
ou não diferenciais de produtividade. esse diagnóstico levanta importantes
As novas formas de exploração do indagações: Como são determinados o
trabalho explicitam uma relação de comportamento humano e os valores e
causalidade em que o crescimento macro- como eles podem ser alterados? Até que
econômico é gerado pela busca da desi- ponto o comportamento humano é
gualdade microeconômica. Como o cresci- influenciado pelo sistema econômico
mento pode reduzir a desigualdade, se é capitalista e é independente da conjuntura
gerado pela busca da desigualdade? As sócio-histórica? Embora essas questões
forças de mercado, em nível macroeco- sejam relevantes, este artigo não as discutirá,
nômico, mostram-se incapazes de reverter pois são tão complexas que fogem ao
esse trade-off. Mais do que isso, o compor- escopo deste trabalho, merecendo discussão
tamento microeconômico auto-interes- específica, impossível de ser feita neste paper.
sado, que gera o crescimento econômico,
torna inerente ao funcionamento do (Recebido em janeiro de 2005. Versão definiti va em
capitalismo externalidades negativas março de 2005)
Notas
1
Por tradicional exploração do trabalho pelo capital, entenda-se aquela descrita por Marx em O capital.
2
Por literatura econômica tradicional, deve ser entendida a chamada teoria econômica neoclássica
e a teoria do capital humano, que, grosso modo, defendem que os salários são determinados pela
produtividade (marginal). Para uma visão da teoria tradicional, ver Borjas (2000) e Bosworth, Dawkins
e Stromback (1996).
3
Por b usca patológica por sucesso, este artigo refere-se a uma busca obsessiva por sucesso
profissional e financeiro, que coloca o mencionado objetivo como o principal sentido da vida e a falta
dele como o resultado inaceitável e psicologicamente insuportável.
4
Ver Ferreira (2000), Barros e Mendonça (1995), Bar ros, Henriques e Mendonça (2000, 2000a) e
Ramos e Vieira (2000).
5
Entende-se a teoria econômica tradicional como a teoria microeconômica neoclássica, que
defende não apenas que o salário seja determinado pela produtividade marginal, mas também que
a maximização dos lucros seja o único e exclusivo objetivo das firmas.
6
Sobre mercados internos de trabalho, ver Doeringer e Piore (1971).
7
Os criadores da teoria dos MWTA foram Frank e Cook (1996). Para ter uma idéia da teoria dos
torneios, ver Lazear e Rosen (1981).
8
Para conhecer a teoria dos superstars, ver o trabalho de Rosen (1981).
9
A “mão invisível” do mercado é a referência feita à expressão criada por Adam Smith, em A
riqueza das nações.
10
A expressão “externalidade negativa”, na literatura econômica, pode ser entendida como
efeito colateral negativo.
11
Ver MARX, Karl, 1963, p. 162.
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