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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Lei 4898/65 - Abuso de Autoridade ...................................................................................................................2
Introdução ..........................................................................................................................................................................2
Responsabilidade do Servidor..........................................................................................................................................2
Elementos Fundamentais da Lei ......................................................................................................................................2
Dos Crimes em Espécie.......................................................................................................................................5
Dos Crimes Previstos no Art. 3º da Lei Nº 4.898/65......................................................................................................5
Dos Crimes Previstos no Art. 4º da Lei Nº 4.898/65......................................................................................................6

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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Lei 4898/65 - Abuso de Autoridade


Introdução
O abuso de autoridade determina responsabilização tripla do agente que comete o ilícito, a qual
consiste em: responsabilização administrativa, civil e criminal, sendo esta última o chamado crime
de abuso de autoridade.
Elas são autônomas e uma não depende da outra para o seu julgamento. Não há previsão de
suspensão de um processo numa determinada esfera para que haja continuidade em outra.
Contudo, caso o agente seja absolvido na esfera penal, por inexistência do fato ou negativa de
autoria, esses motivos têm força de retirar a responsabilização nas outras esferas. Cabe lembrar que a
inexistência de provas absolve apenas a esfera penal.
→ No entanto, a Lei nº 4.898/65 não é exclusivamente criminal. Assim, vejamos:
“Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra as
autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei”.
Vamos tratar, neste estudo, dos aspectos criminais da referida lei, de sua interpretação e extensão,
de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal,
sempre de forma objetiva e com o fim de resolver as questões propostas.

Responsabilidade do Servidor
A responsabilidade dos agentes públicos é regressiva e subjetiva. É regressiva, no sentido que as
pessoas jurídicas indenizam os prejuízos causados a terceiros, depois, ingressam com ação judicial
contra os agentes se estes forem ou causadores do dano. É subjetiva, no sentido de que o servidor só
indenizará prejuízos que tenha causado em caso de dolo ou de culpa.
O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular das suas atribui-
ções funcionais.
A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte
prejuízo ao erário ou a terceiros.
A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até o limite
do valor da herança recebida.
A responsabilidade penal (criminal) abrange crimes e contravenções imputadas ao servidor,
nessa qualidade.
A responsabilidade administrativa resulta de ato comissivo ou omissivo, praticado no desempe-
nho do cargo ou função.
As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
Vale lembrar que a esfera penal pode vincular as demais quando ocorrer a absolvição por negativa de
autoria ou inexistência do fato, não vinculando em caso de absolvição por falta de provas.

Elementos Fundamentais da Lei


→ O sujeito ativo é a autoridade pública para fins penais. Portanto, trata-se de crime funcional,
próprio, deste modo, praticado por funcionário público que exerça cargo de autoridade. Nesses
termos, é o disposto no art. 5º da lei. Assim:
“Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de
natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração”.
Esse conceito de autoridade pública é o mesmo conceito de funcionário público para fins penais
do art. 327, caput, do Código Penal.
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Funcionário Público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,
e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de ativi-
dade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Os abusos podem se dar por ação ou por omissão das autoridades.
O particular pode responder por abuso de autoridade desde que cometa o crime juntamente com
uma autoridade e, desde que, saiba da qualidade de autoridade do agente que comete o crime.
Quanto ao sujeito passivo, temos duas pessoas afetadas, uma física outra jurídica. A pessoa física
é a que sofre o abuso de forma direta e o Estado sempre será o sujeito passivo secundário, pois estará
sendo afetado, visto que o agente está em imputação à pessoa jurídica a que está ligado. O crime é
de dupla objetividade jurídica, pois estarão sendo afetados tanto os direitos individuais como os
direitos coletivos.
Incapazes e estrangeiros também podem ser vítimas de abuso de autoridade. Enfim, qualquer
pessoa física, nacional ou estrangeira, capaz ou incapaz. A própria autoridade pública, inclusive,
pode ser vítima de abuso de autoridade.
Pessoas jurídicas de direito público ou privado também podem ser vítimas de abuso de autorida-
de. Em resumo, o crime de abuso de autoridade é crime de dupla subjetividade passiva.
Os crimes só são punidos na forma dolosa. Não existe abuso de autoridade culposo. O dolo tem que
abranger também a consciência por parte da autoridade de que está cometendo o abuso. Assim, além
do dolo é exigida a finalidade específica de abusar, de agir com arbitrariedade. Desse modo, se a auto-
ridade, na justa intenção de cumprir seu dever e proteger o interesse público, acaba cometendo algum
excesso (que seria um excesso culposo), o ato é ilegal, mas não há crime de abuso de autoridade.
Os crimes de abuso de autoridade estão previstos no art. 3º e no art. 4º da Lei nº 4.898/65. Os
crimes do art. 3º não admitem a tentativa porque a lei já pune o simples atentado como crime consu-
mado, os quais podem ser chamados de crimes de atentado.
“Art. 3º Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
c) ao sigilo da correspondência;
d) à liberdade de consciência e de crença;
e) ao livre exercício do culto religioso;
f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;
h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.”
O simples atentado já configura crime consumado. Assim, São chamados de crimes formais ou
de efeitos cortados. Na prática, esses crimes do art. 3º da Lei de Abuso de Autoridade não admitem
tentativa.
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O art. 4º, alíneas “c”, “d”, “g” e “i” também não admitem a tentativa, porque esses são crimes
omissivos puros ou próprios, e crimes dessa natureza não admitem tentativa. As demais formas do
art. 4º admitem tentativa.
“Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou
com abuso de poder;
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao Juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada;
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei;
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer
outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao
seu valor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de
carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com
abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de
expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade”.
A consumação se dá com a prática de qualquer das condutas previstas nos tipos penais mencionados.
→ Os crimes de abuso de autoridade são de ação penal pública incondicionada. A representação
mencionada no art. 12 não é aquela condição de procedibilidade do Código de Processo Penal, e
sim apenas o direito de petição contra o abuso de poder, previsto no art. 5º, XXXIV, “a”, da Cons-
tituição. Por esse motivo, é importante cuidar da leitura dos artigos, pois dão a entender que se
trata de crime de ação pública, condicionada à representação:
“Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra as
autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei.
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição:
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade civil ou
militar culpada, a respectiva sanção;
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-crime contra
a autoridade culpada.
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a exposição do fato constitutivo do
abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de testemunhas,
no máximo de três, se as houver.[...]
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação por denúncia
do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso.”
A pena máxima prevista para esses crimes é de 6 meses. Então, a competência é dos Juizados
Especiais Criminais, estaduais ou federais, dependendo do caso. Via de regra, é da Justiça Estadual;
será, no entanto, do Juizado Especial Federal, se atingir bens, interesses ou serviços da União.
→ O crime de abuso de autoridade não é crime militar, pois não está previsto no Código Penal
Militar. Entretanto, havendo concurso de crimes entre crime militar e crime de abuso de autori-
dade, haverá separação de processos (art. 79, I, CP):
“Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;”
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Dos Crimes em Espécie


→ Dividiremos a análise em duas partes: uma para os crimes de que trata do art. 3º da lei em tela, e
outra para os crimes previstos no art.4º da referida lei, sempre relacionando-os com a jurispru-
dência atual dos Tribunais Superiores. Vejamos:

Dos Crimes Previstos no Art. 3º da Lei Nº 4.898/65


“Art. 3º Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
c) ao sigilo da correspondência;
d) à liberdade de consciência e de crença;
e) ao livre exercício do culto religioso;
f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;
h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
j) aos direitos e g arantias legais assegurados ao exercício profissional.”
O tipo penal, aqui, é aberto, pois é impossível ao legislador prever todas as formas possíveis de
abuso. Assim como no crime culposo, é impossível ao legislador prever todas as formas de culpa.
Do Atentado à Liberdade de Locomoção
A liberdade de locomoção está tutelada no art. 5º, XV, CF/88. Esse direito à liberdade de locomo-
ção inclui o direito de ir, vir e permanecer em locais públicos.
Do Atentado à Inviolabilidade do Domicílio
Domicílio é qualquer local não aberto ao público onde a pessoa trabalhe ou ocupe como moradia
permanente ou provisória.
Do Atentado ao Sigilo da Correspondência
Fundamento constitucional: art. 5º, XII, CF. Não se trata de um direito absoluto. Só estão prote-
gidas pelo sigilo as correspondências fechadas. As abertas perdem o caráter sigiloso. Se um policial
consultar uma correspondência aberta, ela entra no sistema como prova documental, como qualquer
outra e não é abuso de autoridade.
Do Atentado à Liberdade de Consciência e de Crença e ao Livre Exercício do
Culto Religioso
Os excessos e abusos cometidos, na manifestação do pensamento religioso, podem e devem ser
coibidos pelas autoridades, inclusive com providencias criminais cabíveis. Não podem ser coibidas
manifestações pacíficas de pensamento religioso.
Do Atentado à Liberdade de Associação
Fundamento constitucional: art. 5º, XVII a XX, CF. A Constituição diz que é plena a liberdade de
associação e só proíbe dois tipos de associações: associações para fins ilícitos e associações paramilitares.
Do Atentado ao Direito do Voto e ao Direito de Reunião
É um crime subsidiário. Se a conduta não configurar nenhum crime eleitoral, configurará abuso
de autoridade.
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No art. 5º, XVI, CF, a Constituição garante o direito de reunião. Porém, a própria Constituição
delimita a conduta. Logo, os excessos cometidos no direito de reunião podem e devem ser coibidos
pelas autoridades. Exemplo: passeata violenta. As autoridades podem não só dissolver a passeata,
como também prender os infratores.
Do Atentado à Incolumidade Física
Atentado à incolumidade física não exige lesão física na vítima porque o simples atentado já
constitui abuso de autoridade.
Atentado ao Exercício Profissional
Fundamento constitucional: art. 5º, XIII, CF. Este dispositivo é uma norma penal em branco, pois
deve ser complementada por outra norma que prevê os direitos e garantias no exercício profissional.

Dos Crimes Previstos no Art. 4º da Lei Nº 4.898/65


“Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou
com abuso de poder;”
Nesse caso, há duas hipóteses: a) o infrator executa uma medida privativa de liberdade sem as
formalidades legais; ou b) quando a prisão é executada com abuso de poder. Exemplo: uso de algemas
desnecessário.
“Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: [...]
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;”
Nesse caso, só há o crime se o constrangimento for ilegal. Essa modalidade de abuso de autorida-
de não é necessariamente praticada por funcionários dos presídios. Pode ser, por exemplo, praticada
por funcionários de manicômios judiciários. Se essa conduta for praticada contra criança ou adoles-
cente, o crime será o do art. 232, do ECA.
“Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: [...]
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao Juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;”
O art. 5º, LXII, CF, impõe um duplo dever de comunicação: a prisão deve ser comunicada ao Juiz
competente e à família ou pessoa por ele indicada. Deixar de comunicar imediatamente a prisão
do preso ao Juiz é abuso de autoridade. A demora injustificada na comunicação configura crime.
Deixar de comunicar a prisão à família do preso não é abuso de autoridade.
“Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: [...]
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada;”
O crime é próprio só pode ser praticado por Juiz. Porém, este dispositivo deve ser lido como
“qualquer autoridade judicial”. Consuma-se com a simples omissão. A tentativa não é possível. Se for
criança ou adolescente, o crime será o do art. 234, do ECA.
“Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: [...]
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei;”
Este crime existe quando a pessoa é recolhida na prisão ou mantida na prisão quando a pessoa
tem o direito de prestar a fiança e quer prestá-la.
“ f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou
qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie, quer
quanto ao seu valor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de
carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;”
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No Brasil, não há nenhuma lei que cobre despesas de pessoas presas. Ou seja, a cobrança será
sempre sem apoio em lei, logo, a cobrança configurará sempre abuso de autoridade.
“h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com
abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;”
Só há crime se o ato lesivo da honra/patrimônio for ilegal. Se o ato for legal, não há crime, apesar
de gerar prejuízo.
“i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de
expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade”.
Trata-se de um crime de conduta mista (composto por uma ação e por uma omissão). Há o crime
quando ocorre a prolongação irregular de prisão temporária, pena ou medida de segurança. A alínea
“i” não faz menção à prisão preventiva. Logo, essa prolongação configura o crime do art. 4º, “b”,
constrangimento ilegal ao preso.
“Art. 6º [..]
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
b) detenção por dez dias a seis meses;
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até
três anos.
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.”
→ Quando o agente for um policial, a lei ainda prevê mais uma pena:
“Art. 6º [...]
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer cate-
goria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de
natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos.”
Porém, a reforma da parte geral do CP extinguiu as penas acessórias. Logo, não é possível a apli-
cação acessória desta sanção.
Sanções Administrativas
“Art. 6º [...]
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
a) advertência;
b) repreensão;
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de venci-
mentos e vantagens;
d) destituição de função;
e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público.
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma indeni-
zação de quinhentos a dez mil cruzeiros.

Normas Processuais
Art. 7º Recebida a representação em que for solicitada a aplicação de sanção administrativa, a autorida-
de civil ou militar competente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou
federais, civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo.
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§ 2º não existindo no município no Estado ou na legislação militar normas reguladoras do inquérito


administrativo serão aplicadas supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 da Lei nº 1.711, de 28 de
outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União).
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o fim de aguardar a decisão da ação penal
ou civil.
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da autoridade civil ou militar.
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à autoridade administrativa ou independente-
mente dela, poderá ser promovida pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal ou ambas, da
autoridade culpada.
Art. 10. Vetado
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de Processo Civil.
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação por denúncia
do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso.
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e
oito horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá ao Juiz
a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de instrução e julgamento.
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em duas vias.
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver deixado vestígios o ofendido ou o
acusado poderá:
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio de duas testemunhas qualificadas;
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência de instrução e julgamento, a designa-
ção de um perito para fazer as verificações necessárias.
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o
apresentarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento.
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação poderá conter a indicação de mais duas
testemunhas.
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia requerer o arquivamento da
representação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa da represen-
tação ao Procurador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público
para oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender.
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida
ação privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva e intervir em todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso
de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e oito horas, proferirá despacho, receben-
do ou rejeitando a denúncia.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, desde logo, dia e hora para a audiência de
instrução e julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente. dentro de cinco dias.
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final e para comparecer à audiência de instru-
ção e julgamento, será feita por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via da representa-
ção e da denúncia.
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apresentada em juízo, independentemente de
intimação.
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória para a audiência ou a intimação de testemu-
nhas ou, salvo o caso previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos para a realização de diligências, perícias
ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispensáveis tais providências.
Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos auditórios ou o oficial de justiça declare
aberta a audiência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o representante do Ministério
Público ou o advogado que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu.
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Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se se ausente o Juiz.


Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não houver comparecido, os presentes poderão
retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de audiência.
Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública, se contrariamente não dispuser o Juiz, e rea-
lizar-se-á em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou, excepcionalmente, no local
que o Juiz designar.
Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o interrogatório do réu, se estiver presente.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor
para funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério
Público ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de
quinze minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério do Juiz.
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a sentença.
Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá,
em resumo, os depoimentos e as alegações da acusação e da defesa, os requerimentos e, por extenso, os
despachos e a sentença.
Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Ministério Público ou o advogado que houver
subscrito a queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem difíceis e não permitirem a observância dos
prazos fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro.
Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Código de Processo Penal, sempre que compatí-
veis com o sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, caberão os recursos e apelações previstas no Código
de Processo Penal.
EXERCÍCIOS
01. A Lei n° 4.898/65, que prevê os crimes de abuso de autoridade, é aplicável, inclusive, aos que
exercem cargo, emprego ou função pública de natureza civil, ainda que transitoriamente e sem
remuneração.
Certo ( ) Errado ( )
02. No que se refere ao crime de abuso de autoridade, admitem-se as modalidades dolosa e culposa.
Certo ( ) Errado ( )
03. O agente que retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício para satisfazer a inte-
resse ou sentimento pessoal cometerá o crime de abuso de autoridade.
Certo ( ) Errado ( )
04. Se, por ter cerceado ilegalmente a liberdade de locomoção de um cidadão, um policial
civil estiver respondendo por abuso de autoridade nas esferas administrativa, civil e penal,
o processo administrativo deverá ser suspenso pelo prazo máximo de um ano, para que se
aguarde a decisão penal sobre o caso.
Certo ( ) Errado ( )
05. Marcelo, agente penitenciário federal, não ordenou o relaxamento da prisão de Bernardo, o
qual se encontra preso sob sua custódia. Bernardo foi preso ilegalmente, fato esse que é de
conhecimento de Marcelo. Nessa situação, é correto afirmar que Marcelo cometeu crime de
abuso de autoridade.
Certo ( ) Errado ( )
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06. A punição à prática do crime de abuso de autoridade condiciona-se à presença do elemento


subjetivo do injusto, consistente na vontade consciente do agente de praticar as condutas,
mediante o exercício exorbitante do seu poder na defesa social.
Certo ( ) Errado ( )
07. Há concurso de crimes de abuso de autoridade e de tortura se, em um mesmo contexto, mas
com desígnios autônomos, dois agentes torturam preso para que ele confesse a autoria de
delito e, em seguida, exibem-no, sem autorização, para as redes de televisão como suposto
autor confesso do crime.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - ERRADO
03 - ERRADO
04 - ERRADO
05 - ERRADO
06 - CERTO
07 - CERTO

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