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EXEGESE
POR
CUIABÁ/2001
IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL
SÍNODO MATOGROSSENSE
PRESBITÉRIO DE CUIABÁ
Por
CUIABÁ – MT
Agosto/2001
ÍNDICE
I - Introdução ---------------------------------------------------------------------------------------04
V - Denominando ----------------------------------------------------------------------------------26
IX - Tradução --------------------------------------------------------------------------------------56
versículos 16 e 17; visa atender uma das exigências da Igreja Presbiteriana do Brasil em
sua Constituição Interna conforme se verifica no capítulo VII, Artigo 120, alínea “a” para a
O presente trabalho visa apresentar, dentro das normas estabelecidas pela CI / IPB
no artigo supra citado, uma exegese do texto de Romanos capítulo 1 versículos 16 e 17.
buscando extrair, através das ferramentas disponíveis, o seu real significado com base na
escrevê-lo e assim fazendo uma correta aplicação de sua mensagem para a igreja e a
sociedade hodierna.
prejudicada por causa das constantes violentações sofridas em sua interpretação. A ênfase
no poder de Deus têm sido desviada para vários outros temas e o valor da salvação pela
graça mediante a fé em Jesus Cristo tem sido cada mais diminuída. Os holofotes tem sido
os olhos da fé “cristã” tem sido desviados para uma pregação antropocêntrica que super
Uma leitura do ensino Escritura, porém, onde a justiça de Deus é o foco, concedida
à pecadores injustos e indignos, por pura graça, apropriada exclusivamente mediante fé,
um ensino onde méritos e obras não tem lugar havendo lugar apenas para a insondável
graça de Deus. um ensino onde os homens injustos são justificados e convidados a viverem
debaixo dessa justiça, justiça que é apropriada pela fé e que se constitui no elemento vital
5
II - TEXTO BÍBLICO
ROMANOS – 1: 16-17
pi¿stewj zh/setai
III - PROBLEMAS TEXTUAIS
Apesar do Novo testamento Grego não identificar nenhum problema textual nesta
passagem; dois pequenos problemas são identificados por Champlin1, muito embora não
Xritou “de Cristo”. O acréscimo de tou Xristou apenas evidencia o que na frase já
remete a Cristo.
antigos talvez deva-se ao fato de que Márciom, que considerava inaceitável os privilégios
dado aos judeus. No entanto, todos demais manuscritos incluem ½ prw½ton, referindo-se
aos judeus.
1
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, 1998 Vol. III, p.
573
2
Ibid. p. 573.
IV - CONTEXTO HISTÓRICO DO LIVRO
1- AUTORIA-
Das treze cartas tradicionalmente atribuídas a Paulo, a carta aos romanos é uma das
que menos enfrenta problema de disputa em sua autoria. Se a autoria das Epístolas
questionamento por parte dos eruditos críticos, as Epístolas chamadas “gerais” ( Romanos,
estudiosos. Dentre essas nove, a autoria de quatro delas não encontram nenhum tipo de
no que diz respeito à autoria; sendo todas, indubitavelmente oriundas da pena de Paulo.
incontestável que estas quatro epístolas foram escritas pelo mesmo autor sacro. Sobre a
Aceitar uma delas como Paulina é aceitar todas as outras três e rejeitar una delas,
é rejeitar as demais. Estilo e vocabulário são elementos que não podem ser
3
CHAMPLIN – Russsel Normam. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, 1995 Vl. III p.
565
9
reivindicação de terem sido escritas pelo apóstolo Paulo, e o conteúdo de cada uma delas
um único autor.
autora Paulina desta carta. As cartas antigas eram compostas de uma forma geral em sua
identificar pelo próprio nome, falar acerca de suas credenciais e seguindo seu estilo
próprio, o remetente usava uma forma padrão de saudação. Vejamos o prólogo da carta
onde estes elementos são facilmente identificados: “1-Paulo, servo de Jesus Cristo,
chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deu,...5- por intermédio de
quem, viemos a receber graça e apostolado por amor do nome, para a obediência por fé
entre todos os gentios, 6- de cujo o número sois também vós chamados para serdes de
Jesus Cristo.7- A todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes
santos, graça a vós outros e paz , da parte de Deus, nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.”
evidência interna acerca da autoria Paulina desta carta. É curiosa a forma calorosa
expressada pelo apóstolo O fato do apóstolo citar o nome de tantas pessoas conhecidas dele
que agora estavam residindo na cidade de Roma e congregando naquela igreja exprime de
forma clara e inquestionável o fato de ter sido Paulo e não outro, o autor desta magnânima
carta.
9
10
oposição expressiva. Os Pais da igreja foram unânimes em aceitar esta epístola. Sobre este
Nenhum dos livros do Novo Testamento foi aceito como canônico antes da
Senhor como igualmente o nosso amado irmão Paulo (grifo meu) vos escreveu segundo a
sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca desses assuntos, como, de fato costuma fazer
em todas as suas epístolas, nas quais há certas cousas difíceis de se entender, que os
Paulina desta carta. Segundo Champlin5, esta passagem, “evidentemente” faz alusão à Rm.
com os demais escritos paulinos é denominado de “Escrituras”, como cita o próprio texto
de II Pedro, sendo esta, a mais antiga indicação da autoria de Paulo para a carta à igreja de
Roma.
4
CHAMPLIN – Russsel Normam. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, 1995. Vol. III
p. 558
5
Ibid. p. 556.
10
11
Os mais antigos Pais da Igreja também apontam o apóstolo Paulo como sendo o
autor de Romanos.
atribuía a sua autora à Paulo. A posição de Márciom, por causa das suas muitas heresias,
levou muitos Pais da Igreja a fazerem seus respectivos pronunciamentos. Todos esses Pais
da Igreja, sem qualquer exceção, dentre os que se preocupavam com este problema,
também incluíram a epístola aos Romanos em seus respectivos cânones. “Os cânones”
mais antigos, pertencentes ao século segundo d. C. incluíam cerca de dez das epístolas de
Paulo. Numa data ainda mais antiga, escritores que não contavam com nenhum tipo de
“cânon” formal, mesmo assim, demonstravam respeito e conhecimento por diversas das
epístolas de Paulo, incluindo a epístola aos Romanos e a atribuição à Paulo como seu
autor. Entre estes são citados Clemente de Roma ( 95 d. C. ), Inácio de Antioquia (110
d.C.) e Policarpo de Esmirna ( 110 d.C.) Mais tarde, Tertuliano (cerca de 200 d. C)
também atestaria a epístola aos Romanos bem como sua autoria Paulina como “canônico.”
2- DATAÇÃO
Pouco é sabido acerca da origem desta importante igreja. No mundo dos dias de
Paulo, o nome Roma era muito significativo e há, perceptivelmente, um fascínio muito
grande do apóstolo por esta cidade, expresso no seu grande desejo de pregar ali (Rm.1: 10-
13).
A igreja cristã em Roma já existia há algum tempo quando Paulo lhe escreveu a
epístola. Em At. 28:15 a existência daquela igreja é aceito como algo largamente
11
12
enviados por esta igreja, para receber Paulo no Ápio Fórum. Paulo declara expressamente
não ser o fundador desta igreja: Rm. 1: 10-15, 15:20-22. A hipótese de Pedro ter sido o
fundador desta igreja é também facilmente descartada, pois estas declarações mais se
embasam no zelo destorcido, que pretendia, talvez, evidenciar uma origem nobre à igreja
que mais tarde seria a sede do cristianismo. Sobre este ponto, Champlin destaca:
Atos 11:27. Portanto é altamente improvável que Simão Pedro tenha tido
Paulo nos dá a impressão que a igreja romana fora estabelecida muitos anos
antes de sua visita (Rm. 15:22). E em parte alguma Paulo dá a impressão que a
6
fundação desta igreja tenha sido realização sua.
dali para outras partes. Não é improvável que a obra de evangelização tivesse
sido começada pelos “forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos” (At.
comunidade.7
6
CHAMPLIN – Russsel Normam. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, 1995. Vol. III
p. 558
7
DAVIDSON – F. O Novo Dicionário da Bíblia, 1997. P. 1151.
12
13
Com esta opinião também concordam Davis e Champlin. Guingry, porém, assevera
Quiçá alguns dos judeus e prosélitos residentes em Roma, que tinham estado em
surgimento da igreja cristã na capital do império, bem como podemos pensar no trabalho
sendo plantado pelos residentes em Roma e fortalecido pelos imigrantes convertidos que
No capítulo 15: 22-29, temos a mais forte evidência interna acerca da época em que
a carta foi escrita. Aqui o apóstolo revela que está prestes a viajar para Jerusalém levando a
coleta para os pobres daquela região vitimados pela forme profetizada por Ágabo em At.
11: 27-30, quando então espera estar desimpedido para visitar Roma e depois a Espanha.
O recolhimento das ofertas para as igrejas da Judéia no qual Paulo estava empenhado a
fazer, além do texto acima referido, é também apontado em I Co 16:1-4; II Co. 8-9 e At.
24:17. Champlin9 destaca que a data da escrita da epístola esta vinculada à menção que
Paulo faz da coleta descrita nos textos acima, .na qual o apóstolo está empenhado. Estes
indícios mostram (especialmente Rm. 15: 25-26), que quando ele escreveu a Epístola, já
havia completado o seu serviço de recolhimento da oferta, a última parte da qual foi
levar a oferta completa. De Jerusalém, ele iria a Roma. Assim, pois, durante algum tempo,
8
GUNDRY – Robert. H. Panorama do Novo Testamento, 1978. P. 325
7 CHAMPLIN – Russsel Normam. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, 1995. Vol. III
p. 558.
13
14
quando de sua permanência final em Corinto, sendo esta a terceira visita (II Co. 13:1),
redige e endereça a carta à igreja de Roma, pouco ante de se dirigir à Jerusalém, na parte
final de sua terceira viagem missionária. O que dataria a carta entre 56 e 59 d. C. Davidson
Temos uma indicação da época no capítulo 15 da data em que a carta foi escrita.
Foi à s vésperas de partir para a Palestina que Paulo endereçou a carta à Roma.
pacífico na evidência interna descrita em Rm. 15: 25, marcando a parte final de sua terceira
Pela clareza expressa nas evidências internas acerca da época em que a carta foi
escrita, não há disputa entre os autores, nem mesmo entre os Pais da igreja. A palavra de
Paulo em Rm. 15:22-29 é conclusiva sobre quando da escrita da carta. “estas regiões”
prestes a deixar pois os seus olhos agora estão voltados para o ocidente e sua intenção é ir
discípulos com muitas exortações, dirigiu-se para a Grécia, onde demorou três meses....”
Esta e as demais indicações mostram que Paulo escreveu a epístola aos Romanos ao final
de sua permanência na Grécia (Acaia), ou seja , em Corinto, durante a sua terceira visita
10
DAVIDSON – F. O Novo Dicionário da Bíblia, 1997. P. 1152.
14
15
àquela cidade: “Esta é a terceira vez que vou ter convosco...” II Co. 13:1 e 12:!4.
Champlin11 diz que Paulo escreveu a Carta quando estava prestes a visitar a cidade de
Roma, quando está decididamente resolvido a voltar-se para o ocidente, por crer que seu
Assim sendo, Paulo provavelmente escreveu imediatamente antes da porção final de sua
Uma data tão requerente, porém, não parece muito provável, uma vez que a carta
fora escrita em Corinto, na fase final da terceira viagem, que os escritores afirmam ter sido
concluída entre 57 e 59, sendo esta a data mais provável para a Carta.
3- LUGAR –
Romanos é a cidade de Corinto, durante a estadia de Paulo ali que durou um trimestre
Alguns dos nomes citados no último capítulo desta epístola tais como Febe, a
provável portadora da Epistola, que servia na igreja de Cencréia, cidade portuária, próximo
à Corinto (Rm. 1:1); Gaio, a quem Paulo se refere como sendo seu hospedeiro (Rm. 16:23)
também referido em I Co. 1: 14.; a menção da saudação enviada por Timóteo (Rm. 16:21),
também referido com estando com Paulo em Corinto por ocasião da terceira visita (II Co.
1:1) e a referência à saudação enviada por Erasto (Rm. 16:23), também referido em II Tm.
cristão que diz: Erasto, comissário das obras públicas, lançou este pavimento às
suas próprias custas. Estritamente falando, “comissário das obras públicas não é
11
CHAMPLIN – Russsel Normam. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, 1995. Vol. III
p. 558.
15
16
a mesma coisa que “tesoureiro das cidade”, mas é natural pensar que Erasto
Corinto, evidência de forma clara, a origem da Epístola aos Romanos. Ademais, uma
epístola como esta, escrita cuidadosa e ponderadamente, só podia se redigida com calma,
quando Paulo pôde fixar residência por algum tempo num lugar. Em Atos 20:3 somos
informados que Paulo demorou três meses em Corinto, tempo suficiente para a redação da
epístola.
4 – DESTINATÁRIO –
margem para o questionamento do seu destino: “1-Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado
para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deu,...5- por intermédio de quem, viemos
a receber garça e apostolado por amor do nome, para a obediência por fé entre todos os
gentios, 6- de cujo o número sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo.7- A
todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos, graça a vós
outros e paz , da parte de Deus, nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo...15- por isso, quanto,
está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros em Roma.” (grifo
meu).
manuscritos; mas que não se revestem de qualquer importância especial, visto que todos
12
GUNDRY – Robert. H. Panorama do Novo Testamento, 1978. P. 326
13
CHAMPLIN – Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, 1995. Vol III
p. 561
16
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são de data relativamente recente, a saber: mss G (século IX), Or (part), 1739 (mg) e 1908
(mg).
Quanto aos capítulos 15 e 16, porém, há divergência acerca do seu destino entre os
estudiosos. A Epístola aos Romanos teria uma forma mais resumida nos tempos mais
antigos? Este questionamento é feito em razão de que existe diferentes linhas de evidência
temos hoje, textualmente falando, seu encerramento pode ser feito em vários lugares: “E o
Deus de Paz seja com todos vós. Amém.” (15:33) “A graça do Nosso Senhor Jesus Cristo
seja com todos vós. Amém” (16:24), “Ao Deus único e sábio seja dada a glória por meio
de Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos, Amém.”(16:27). As respostas a este “problema”
têm sustentado que a Epístola original era composta de 14 capítulos apenas sendo os dois
Sobre estes dois últimos capítulos, duas teorias são propostas por Davis15 : a
primeira proposição é que teria sido feito um resumo destinado a circular entre as igrejas,
omitindo as referências locais como “em Roma” (1:7-15) e os dois últimos capítulos por se
circulação geral por toda a igreja. Esta abreviação teria sido feita por Márcion ( um herege
do século II), ou ainda teria se perdido a parte final da carta; e a segunda proposição é que
o capítulo 16 não é parte integral da carta, mas uma nota adicional fazendo recomendação
14
DAVIDSON – F. O Novo Dicionário da Bíblia, 1997. P. 1153.
15
DAVIS- Jonh D. Dicionário da Bíblia, 1977. P. 516
16
GUNDRY – Robert. H. Panorama do Novo Testamento, 1978. P. 327
17
18
O capítulo 15 não pode ser facilmente destacado do capítulo 14 , visto ser ele a
continuação, feita antes, dos apelos de espírito de abnegação cristão daqueles que eram
valentes na fé. Ademais, o capítulo 15 conclui com uma bênção no v. 33, semelhante à que
se vê na parte final de outras cartas escritas pelo mesmo apóstolo, como por exemplo: II
Quanto ao fato do capítulo 15 ser concluído com a bênção e a mesma ser repetida
em outras partes do capítulo 16, não constitui maiores problemas textuais, pois Paulo
a – Em contraste com o décimo quinto capítulo, o capítulo dezesseis não apresenta uma
continuação suave e natural em relação à primeira parte da epístola, pelo menos no que diz
b – Outra dificuldade diz respeito à questão da saudação. Sabemos que Paulo não tinha
contatos pessoais com a igreja cristão de Roma. No entanto, esse décimo sexto capítulo
encerram muitas saudações que parece indicar que ele conhecia pessoalmente as pessoas a
quem ele se dirigia, sem importar qual igreja exata à qual ele se dirigia. Vinte e cinco
indivíduos e duas famílias são ali saudadas. Como Paulo poderia conhecer ali tanta gente
sem nunca ter estado em Roma? A forma de tratamento empregada pelo apóstolo aos
saudados exprime uma amizade intensa e não superficial, não casual: “Saudai meu querido
17
CHAMPLIN – Russsel Normam. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, 1995. Vol III
p. 562
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19
descrito como “nosso cooperador em Cristo”. A mão de Rufo figura também como a
“Será possível que tantas pessoas bem conhecidas de Paulo subseqüentemente se tenha
mudado para Roma, tendo sido saudadas de forma tão afetuosa por Paulo? A esta questão
Não parece mais plausível supormos que, na realidade Paulo escrevia esta
pequena epístola ou saudação, apresentando Febe para levar alguns avisos para a
pelo autor supra citado de pequena epístola tenha sido realmente enviada a Éfeso se
O ponto de vista histórico, porém, a despeito das críticas textuais, aceita a Epístola
enviada aos Romanos como uma carta completa, escrita de uma só vez pelo apóstolo Paulo
de Corinto, transmitida a nós até hoje em toda a sua integridade. Todas as teorias de
5- OCASIÃO –
Porque Paulo teria escrito à igreja de Roma, visto que nem ele nem nenhum dos
outros apóstolos fundara aquela igreja e nem mesmo nunca a visitara antes? É a carta um
Paulo? Pode ser, de algum modo uma e outra coisa, mas o ponto é se o apóstolo quis, por
18
CHAMPLIN – Russsel Normam. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, 1995. Vol III
19
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iniciativa própria, expor o evangelho que pregava, ou se tomou da pena para escrever uma
carta ditada por problemas iminentes. Na resposta a estas questões, Davidson argumenta:
Há quem pense que Paulo sentia estarem contados os seus dias, pelo que
Admite-se que a doutrina do apóstolo foi mau compreendida em seus dias, sendo
dos gentios. Além disso, argumenta-se que a igreja de Roma era a depositária
Não parece provável, porém, que Paulo estivesse preocupado com o pouco tempo
que talvez lhe pudesse restar., como que sentisse “escaparem-se as areias do tempo” e sua
carreira prestes a terminar, de modo que fosse necessário deixar um sistema de Teologia à
posteridade; nem tão pouco é possível sustentar que, apesar do vasto conteúdo teológico,
Romanos seja menos importante que as demais cartas escritas pelo apóstolo, ao contrário,
B – Uma exposição clara acerca da condição de morte espiritual (3:28) incluindo todos os
homens, quer sejam judeus quer gentios, colocando-os todos debaixo de uma mesma
19
DAVIDSON – F. O Novo Dicionário da Bíblia, 1997. P. 1153.
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21
realidade de alienação de Deus, combatendo talvez um problema interno que era comum
esta alienação é apresentada dentro da exposição que o apóstolo faz da soberania de Deus
em eleger um povo específico sem configurações étnicas e raciais, mas composto de todas
C – A intenção de Paulo de continuar sua obra missionária, voltando agora seus olhos para
o ocidente, desejando chegar até à Espanha, entendendo que sua tarefa no oriente já está
concluída, imbuído no desejo de chegar até “aos confins do mundo”; este interesse levou-o
a apelar aos crentes de Roma que o apoiassem nesse empreendimento, considerando ser
D - Dificuldades práticas de caráter ético, enfrentadas pelos crentes também podem ser
PROPÓSITOS –
primeira parte do capítulo um, onde o apóstolo faz a saudação à igreja, o capítulo quatorze
e parte do quinze, onde são descritas observações de caráter ético e o capítulo dezesseis,
21
22
20
propósitos da carta, seguiremos a seqüência proposta por Champlin e Stott21, onde são
suas orientações de caráter prático e suas intenções em obter o apoio daquela igreja para a
A – Os argumentos de Paulo sobre a justificação pela fé, descritos nos capítulos primeiro
ao quinto não eram meramente de natureza informativa ou didática. Seus argumentos sobre
o referido tema eram explicitamente apologéticos, ou seja, era uma ferrenha oposição aos
judaizantes que atuavam em Roma, os quais sentiam obrigação ante as leis cerimonias
mosaicas. bem como ante o conceito de salvação através de obras, formalidades e ritos
religiosos. A carta mostra que as benção decorrentes da aceitação do Evangelho não são
prerrogativas dos judeus somente, mas envolve tanto judeu como gregos (1: 16).
Paulo havia tomado conhecimento desses problemas. Alguns dos membros gentios da
fazendo outras coisas perniciosas, que eram especialmente ofensivas para o seguimento
nação de Israel aos olhos de Deus, bem como da validade das promessas feitas aos
patriarcas, uma vez que a nação havia rejeitado o Messias. Tal rejeição significava seriam
20
CHAMPLIN – Russsel Normam. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, 1995. Vol. III
p. 559
21
STOTT, John. Romanos, 2000, p. 31
22
23
soberania de Deus em escolher os que seriam alvos de Seu beneplácito e graça e aplicar
E - A epístola possui também propósitos didáticos, uma vez que nem tudo que o apóstolo
escreveu visou dar solução a problemas de ordem específica. Os estudos sobre a doutrina
da graça e da fé ( cap. 1 - 5), sobre a vida piedosa e graça de Deus ( cap. 6), questões sobre
o matrimônio ( cap. 7) e sua secção prática geral sobre a moral e a conduta cristã (cap. 12
a 15), tem por objetivo ensinar, informar e iluminar, e não meramente resolver problemas
específicos.
F – O grande interesse de Paulo, porém, ao escrever aos Romanos era buscar na igreja de
Roma, o apoio necessário para estender sua missão aos gentios indo até à Espanha. Ele
Acaia, Galácia e todas as regiões onde havia plantado igreja. Seu interesse agora era o
ocidente.
O interesse por Roma, além de poder visitar a igreja ali, jazia no fato de Roma estar
situada entre Jerusalém e Espanha. Roma seria o lugar onde o apóstolo receberia o apoio
para avançar com a obra missionária, depois de ter ido a Jerusalém. Assim, Paulo
angariada nas igrejas da Macedônia e Acaia, bem como, visitaria Roma, estabelecendo ali,
um ponto de apoio para a sua missão no ocidente. Sobre este ponto Stott destaca:
23
24
verdade ele havia estabelecido como política, era evangelizar apenas “onde
Cristo ainda não fosse conhecido”, de forma que não “estivesse edificando em
alicerce de outro” (15:20). Agora, pois, ele conjugava essas duas coisas ( o fato e
a política) e conclua que não havia mais “nenhum lugar em que precisasse
trabalhar” (15: 23) Por isso seu alvo agora era a Espanha, que era considerada
uma parte da fronteira ocidental do Império Romano, e onde, até onde ele sabia,
Assim, Paulo une o útil ao agradável: visita a igreja de Roma, onde aliás ele tinha
muitos amigos e pessoas conhecidas (conf. cap. 16) e fala de seus projetos àquela igreja,
pressupondo o auxílio dela para a sua Missão à Espanha. Por isso ele pede que os romanos
Portanto, além do interesse do apóstolo pelos Romanos para obter através daquela
igreja a sua base estratégica de apoio para alcançar o ocidente, a carta apresenta uma
dar sábias orientações ético – morais. O apóstolo Paulo, neste momento de seu ministério,
22
STOTT, John. Romanos, 2000, p. 31.
24
25
missiva didática onde são expostas em larga escala, grandes e distintivas verdades da fé
cristã.
25
V - DENOMINANDO
1.16
Ou) - aadverbio de negação – de ou – não
epaisxun - envergonho
eimi - é
te – Conjunção cordenativa, de te - e
1.17
dikaiosu/nh – Substantivo, nominativo, feminino, singular, de dikaiosu/nh –
justiça
27
28
grafw - escrito
28
VI - ASPECTOS GRAMATICAIS ESPECIAIS
A – VERBOS
envergonho.
indica uma ação contínua onde o autor a pratica em benefício próprio, conforme o
conceito de presente do indicativo que indica uma ação contínua ou num estado
incompleto e de voz média que é quando o sujeito pratica a ação em benefício próprio,
O verbo eimi aqui encontra-se conjugado no modo indicativo, tempo presente, que
conforme Rega24 indica uma ação contínua, durativa e estando na voz ativa, ou seja,
indicando que, como é o autor que pratica a ação, neste caso, o evangelho é e continua
23
REGA – Lourenço Stelio – Noções do Grego Bíblico. 3 ed. São Paulo: Vida Nova, 1995. P. 14 e 17.
24
Ibid. p. 17
25
Ibid. p. 93
30
O fato do verbo encontrar-se no caso dativo, que indica que a palavra na frase
crêem no evangelho.
apokaluptw - revelada.
passiva, que indicam uma ação continuada sofrida pelo sujeito, respectivamente; enfatiza a
idéia de que é através do evangelho que a justiça de Deus é revelada, não havendo,
portanto outro meio de justificação com o qual se possa crer para a salvação.
grafw - escrito.
perfeito forte por não levar o kapa, característica básica na formação do perfeito27
combinar uma ação pontiliar e uma ação durativa e expressar, geralmente no indicativo, o
efeito ou o estado no presente como resusltado de uma ação no passado, indicando assim,
sendo apontado o resultado de uma ação e não o seu processo: “como está escrito”, sendo
26
REGA – Lourenço Stelio. Noções do Grego Bíblic, 1995 p. 33
27 27
Ibid. P. 126
28
Ibid. p. 123
29
SCALLWIJK – Frans Leonard. Coinê – Pequena Gramática do Grego Neotestamentário, 1994. P. 98
30
31
assim, um perfeito intenso, conforme sugere Rega30 ao tratar deste tema em sua obra
que já fora dito está dizendo que a justiça de Deus que é revelada de fé em fé no evangelho
O verbo zaw - conjugado aqui no futuro do indicativo, voz passiva indica o modo
como será a vida dos que crêem no evangelho que revela a justiça de Deus. Uma vida
ininterrupta que não apenas durará por algum tempo, mas que continuará para sempre.
É relevante a análise dos casos dos substantivos no texto em questão uma vez que a
1 – Nominativo -
indireto, etc. que o substantivo exerce na frase. Caso, portanto, é a flexão dos
30
REGA – Lourenço Stelio. Noções do Grego Bíblico, 1995 P. 32
31
Ibid. p. 123.
31
32
oração. Isto é atestado por Luz32 que afirma que o nominativo é a forma que o substantivo
usa para exercer o papel de sujeito da frase Esta afirmação também é atestada por Rega e
apóstolo está enfatizando que todas as demais ações e fatos desenvolvidas no decorrer
deste texto terão como foco; o sujeito como causador de todas os fatos por ele afirmados.
Assim Paulo está dizendo que do que ele não se envergonha é o evangelho; que a fonte do
poder de Deus para a salvação é o evangelho, que o poder para a salvação de todo aquele
3- Genitivo –
texto de Rm. 1:16-17 são classificados como genitivo subjetivo, que indica posse,
compartilhada por todos os autores consultados neste trabalho: Rega, Luz e Schalkwijk..
Há dois substantivos no texto que são nomes próprios mas que estão no genitivo, o
32
LUZ – Waldir Carvalho. Manual de Língua Ggrega. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1991. Vl. I p.
69.
33
Scalkwijk – Frans Leonard. Coinê – Pequena Gramática do Grego Neotestamentário. 7 ed. Patrocínio:
CEIBEL, 1994. P 165
32
33
A primeira vez onde ocorre o uso deste caso é no segundo período da frase: por
que é o poder de Deus. Pelo fato de qeou= estar no genitivo, o que Paulo está dizendo
o evangelho para a salvação de todo aquele que crê é de Deus. Somente Deus é o detentor
da posse deste poder e tal poder vem somente dEle, pois sendo Deus a fonte de todo poder,
logo o poder se origina dEle e só a Ele pertence. Assim sendo, poderíamos pensar que o
apóstolo teria escrito este texto com este substantivo contendo tanto a idéia de posse, caso
genitivo, como a idéia de origem, caso ablativo34, que aliás são duas idéias que, neste caso
específico não são excludentes. Para este caso, porém, é melhor aplicado o genitivo
subjetivo que indica que o poder para a salvação encontra-se no evangelho, no entanto, este
ocorrida na primeira afirmação é destacada aqui. Paulo está dizendo que a justiça revelada
no evangelho não é a sua justiça, não é a justiça dos homens, da lei ou do governo civil
classificação do genitivo subjetivo neste caso, que indica uma justiça que tem nascedouro,
4 - PREPOSIÇÕES -
34
REGA – Lourenço Stelio. Noções do Grego Bíblico. 3 ed. São Paulo: Vida Nova, 1995. P.33
33
34
Segundo Rega35 preposição é a palavra que avalia o substantivo a expressar seu caso
ou função na oração.
ei¹j - para
Preposição regida por acusativo, caso que expressa idéia de extensão36. Esta
Assim, o que Paulo deseja falar é que a salvação é estendida à todo aquele que crê,
conformando-se com clássico Jo. 3:16 que também apresenta a preposição ei¨5 no caso
acusativo dando uma idéia de extensão: “ ... para que todo aquele que nEle crê não
dada a sua terminação (w) e por conseguinte tanto pode se classificada por locativo, como
35
REGA – Lourenço Stelio. Noções do Grego Bíblico, 1995. P. 51
36
Ibid. p. 33
34
35
caso que segundo Rega37 indica o meio pelo qual a ação verbal é realizada; o sentido
então, que o autor deseja expressar é que o evangelho, o sujeito da oração, é o meio, o
que indica interesse pessoal (vantagem ou desvantagem)38; teremos então a idéia expressa
Não nos parece apropriado o emprego deste caso para a tradução desta expressão
• O interesse do evangelho não é revelar apenas a justiça de Deus, mas também o seu
• Não seria coerente com as normas gramaticais o uso de uma preposição que por regra é
regida somente por um caso, o locativo, como é o caso da preposição eis39, associado à
outra palavra que esteja em outro caso. Atestando esta impossibilidade Rega destaca:
37
REGA – Lourenço Stelio. Noções do Grego Bíblico, 1995. p.51
38
Ibid. p. 33
39
Ibid. p. 52
40
Ibid. p. 51
35
36
A preposição e)n, segundo Rega41, é regida apenas pelo caso locativo, que exprime a
idéia de lugar sendo traduzida por em e nos parece ser a forma mais apropriada para a
Assim sendo, a expressão e)n au)t%½, sendo traduzida no caso locativo, exprime,
portanto, a idéia de que no evangelho e nele somente é o lugar onde a justiça de Deus é
revelada.
partindo do princípio do conceito de Evangelho que ele tinha; ele sabia que o evangelho é
de Jesus Cristo, Filho de Deus, (Mc. 1:1) as boas novas, as boas notícias do Filho de Deus,
boas notícias de redenção justificação e salvação e que neste evangelho está todo o
arcabouço das verdades acerca da salvação. Ele já havia dito aos Gálatas que o único
evangelho digno de crédito é o evangelho de Cristo e que quem pregasse outro evangelho
diferente deste deveria ser anatemizado (Gl. 1:7-8). Logo, era muito claro para Paulo o
lugar, a fonte de toda revelação da justiça de Deus: o evangelho, o arcabouço onde está
e)k - de
Segundo Rega42 esta preposição é regida somente pelo caso ablativo e e´ traduzida
por de, de dentro de. Com ele concorda também Chamberlain43 que acentua: “ Em o Novo
41
REGA – Lourenço Stelio. Noções do Grego Bíblico, 1995. p 51
42
REGA – Ibid.. p. 51
43
CHAMBERLAIN. W.D. Gramática exegética do Grego Neo Testamentário, 1989. P. 56
36
37
assim com a preposição que por regras gramaticais somente são regidas pelo caso ablativo.
Assim, ao afirmar que ¸O de\ di¿kaioj e)k pi¿stewj zh/setai, mas o justo viverá (de)
pela fé, o apóstolo Paulo está afirmando, ao lançar mão de uma citação do Antigo
Testamento, onde o povo de Judá é encorajado a viver pela fé devido a uma situação de
execução do juízo de Deus sobre eles, que o homem justificado pela justiça de Deus poderá
No entanto, esta fé que garante a vida do justo não é uma fé causal e nem a base
objetiva da justificação, meio pelo qual é possibilitada a vida, mas esta fé é sim
instrumental e a condição subjetiva para esta vida. Tal qual o alimentar-se é a condição
para a nutrição, ou seja, o poder alimentício se encontra no alimento, que para produzir
algum resultado precisa ser ingerido e digerido; assim também o poder salvador encontra-
se na Pessoa do Senhor Jesus Cristo e não na fé. Entretanto para receber o Senhor Jesus
Cristo, fonte de toda a vida é somente através da fé, que é concedida também por Deus
Assim, a melhor tradução para a sentença ¸O de\ di¿kaioj e)k pi¿stewj zh/setai
é mas o justo viverá pela fé e não o justo viverá de fé, por ser esta o meio pelo qual se
apropria da justiça de Cristo e não a fonte desta justiça. A fé não é a causa, mas o
regido por ablativo, não se agrupando a nenhum outro caso e por conseguinte permitindo
somente a tradução “de”. Ainda mais que o substantivo que sucede a referida preposição
37
38
encontra-se no ablativo. Assim a nossa tradução, fazendo jus às regras gramaticais é ¸O de\
38
VII - PALAVRAS CHAVES
1- Substantivo – eu)agge/lion
Bíblia44 diz que na literatura clássica essa palavra designava a recompensa dada pela
entrega de boas notícias, e sua transferência posterior significando as próprias boas notícias
palavra evangelho é derivada do substantivo aggelos que significa mensageiro, que por
destaca:
da vitória (suas boas novas trazem alívio aos que a recebem, e por isso, é
religioso45.
44
O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA, 1995 p. 895
45
BROWN, Lolta Coenon Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 2000 p. 1148
40
Filho de Deus.” Para ele o evangelho compreende todos os fatos realizados e ensinos
proferidos por Jesus; tendo, porém, como mensagem essencial a morte e a ressurreição de
Jesus, que aliás, é a mensagem enfaticamente anunciada pela igreja primitiva, como o
próprio Marcos diz ao declarar que o conteúdo de sua narração é o evangelho, boas
notícias de Jesus Cristo, ao mesmo tempo que define o propósito deste evangelho em 1: 15
evangelho.”
É, portanto, uma mensagem de salvação para os que crêem no conteúdo dela. O evento
de Jesus Cristo, especialmente sua obra redentora assegura esta salvação a todo aquele que
crê; e este conteúdo reveste a mensagem de poder sobrenatural, pois, é a aplicação das
verdades contidas nesta mensagem chamada evangelho que garante a salvação tanto para
cerne do conteúdo é a obra expiatória e redentora que Jesus veio realizar. Uma obra
poderosa e eficaz que reconcilia o homem pecador com o Deus Santo, à medida que é
anunciada e o Espírito faz a eficaz aplicação dela no coração dos que foram destinados a
recebê-la.
Portanto, é do conteúdo de toda a obra que Jesus veio realizar em favor dos seus
escolhidos e que é poderosamente eficaz para a salvação deles que Paulo declara não se
sentir envergonhado.
40
41
46
Segundo o DITNT a palavra poder ocorre 118 vezes no Novo Testamento com
capacidade inerente de alguma pessoa para realiza algo, seja material, político, militar,
Espírito Santo. Este poder que opera nos últimos dias era percebido em Cristo, o
eficaz obra de Cristo evolvendo o anúncio da mensagem, a implantação de uma nova vida,
o poder de Deus porque no anúncio de seu conteúdo está o amor de Deus que envia Seu
46
BROWN, Lolta Coenon Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 2000 p. 1694
47
Ibid. p. 1694
48
Ibid. p. 1694-1695
41
42
Filho amado para cumprir a lei satisfazendo a justiça de Deus morrendo na cruz e
aplicação da obra redentora aos eleitos. Sobre este tema o DITNT destaca:
Palavra de Deus, concede a salvação à todo aquele que ouve e crê. O evangelho
é eficaz como poder de Deus porque anuncia o amor de Deus, a quem os homens
temem como juiz para a condenação do mundo , amor que foi visivelmente
comprovado na cruz, onde Cristo morreu por nós enquanto éramos ainda
3 - ¹Ioudai¿% - judeu
descrevia qualquer habitante de Judá (I Rs. 16:6) e nessa qualidade era também empregado
nos textos assírios contemporâneos desde pelo menos o século VIII A.C.
O termo é comumente usado pelos não judeus para referir-se aos hebreus ou
49
BROWN, Lolta Coenon Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 2000 p. 1695
50
O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA, 1995 p. 885
42
43
especialmente nas duas primeiras décadas de existência. É bastante claro na Escritura que
judeus aqui destacada por Paulo é atestada também em At. 13:46; 17:22; 18:4 , 19 e !9:8.
Champlin51 destaca as razões específicas pelas quais ao judeu sempre era anunciada a
Judéia, Samaria, Galiléia, todos territórios de hebreus, só depois então, até aos confins do
mundo.
b – Por razão de direito, Jesus era de linhagem judaica e era filho de Abraão e o Messias
judeu.
c - Por razão de dever. Pelo fato de terem sido quase todos os primeiros cristãos de origem
judaica, tenha os feito sentir o dever de anunciarem, antes de mais nada, aos seus
compatriotas.
d – Por causa das palavras proferidas pelo Senhor Jesus: “... de preferência, procurai as
e - Por motivo de preconceito. Isto é claro nos capítulos 11 e 15 do livro de Atos, onde os
cristãos teriam sentido ser abaixo de sua dignidade e contrário à lei cerimonial mosaica o
contato com os gentios, pelos que lhes parecia que a pregação do evangelho aos povos
4 - àEllhni – Grego
51
CHAMPLIN – Russsel Normam. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, 1995. Vol. III
p. 560
43
44
Segundo Davis52 o termo “grego” é o nome que designa uma pessoa natural da
apóstolo refere-se a um povo que não era judeu enfatizando que o evangelho não é
prerrogativa exclusiva dos judeus. É certo que Paulo emprega a expressão para referir-se a
poder de Deus expresso no evangelho alcançando não só judeus, mas também gregos,
a – na mitologia grega -
Dike é filha de Zeus que participava de seu governo no mundo. Zeus faz diferença
entre os animais e homens. Aos primeiros deu um nomos (lei – para que se devorassem
52
DAVIS- Jonh D. Dicionário da Bíblia, 1977. P. 228
53
BROWN, Lolta Coenon Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 2000 p. 1118
44
45
mutuamente) e aos últimos deu Dike, cuja inimiga implacável é Krie, a violência.
Assim, o significado básico religioso, apreendido da mitologia grega, Dike é uma força
cósmica elemental que os homens considera superior a eles mesmos. Não um padrão
imposto por Deu, mas algo imanente da natureza da existência e que relaciona com o
Para Platão e os filósofos que viveram depois dele é justo e aprovado a existência
de várias classes sociais com graus diferente de poder e que cada um tomasse sobre si
aquilo que era próprio de usa posição. Noutras palavras, Dike adquiriu a classificação de
encaixava no contexto da sociedade e que cumpria suas obrigações religiosas e para com o
seu próximo, sendo a observância dessas práticas o que o diferenciava dos injustos.. a
homem justo, e portanto, o termo di¿kaioj zow (vida reta) se aplica ao modo civilizado de
vida, que fazendo contraste com o barbarismo, aderia às regras de uma sociedade ordeira.
O substantivo dikaiosu/nh (sendo que sune indica uma abstração sendo uma
b – No Antigo Testamento –
45
46
grupo de palavras hebraicas baseada em #dq e corre 462 vezes no Antigo Testamento.
dikaiosu/nh, normalmente traduzida por h)q)e# e um pouco menos freqüente por t#edq
(ocorre cerca de 200 vezes) é traduzida por justiça, retidão e é empregada com este sentido
deste os tempos patriarcal, onde é destacada uma vida reta, de conformidade com os
No período pré exílico o acesso a justiça de Deus era negado à pessoas cujo padrão
de vida não estava a altura de Deus e no período pós exílico, dikaiosu/nh era entendida
analisando a justiça do homem que nada vale em contraste com a justiça de Deus e que
estritamente jurídico. O homem é justo à medida que age de conformidade com o pacto
que o une a Deus. Deus é justo na extensão em que se manifesta em consonância com a
aliança que foi estabelecida e a justiça de Deus são os atos de poder que são realizados em
favor de seu povo; podendo também exercer justiça, sendo Deus justo, intervindo contra o
seu povo executando punição quando este é infiel à aliança. Um exemplo desta
justiça de Deus é encarada com base no seu caráter expresso nas exigências da Lei e suas
ações demonstradas em favor de seu povo. Ao contrastar o caráter do homem e suas ações
com caráter e atitudes de Deus, dikaiosu/nh adquire um sentido mis judicioso, uma vez
que coloca o homem à mercê desta justiça e ela ganha então uma sentido forense (judicial).
46
47
c – Em Paulo –
Paulo. É Paulo que faz o emprego em maior intensidade desta expressão, ampliando o seu
sentido com relação ao entendimento dela no Antigo Testamento. para Paulo, a justiça de
Deus é essencialmente o modo de Deus tratar o seu povo, baseado na sua aliança. Que
assim se constitui numa nova humanidade, um novo Israel composto de judeus e gentios.
Esta justiça se revela pelo fato de que os propósitos de Deus não são frustrados pelo
pecado do homem, ao contrário, Ele continua sendo Onipotente, tanto como Senhor como
homem (G. 3) trouxeram ao mundo a descrença e como resultado todos os homens caíram
sob a condenação divina ( a justiça de Deus em contraste com a justiça do homem). Agora,
porém, o ato justo (di¿kaioj) de um só homem (Cristo), sua confiança total nAquele que
confiança em Deus. Como resultado da vinda de Cristo a dikaiosu/nh tou Qeou (justiça
abordagem não será exatamente em termos forenses. Leenhardt55 comentando este texto
diz que “quando o evangelho é pregado Paulo tem a consciência de ser revelada a justiça
54
BROWN, Lolta Coenon Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 2000 p. 1128
47
48
referido comentarista afirma que “Paulo precisa o sentido de swthri¿an – salvação com
dikaiosu/nh – justiça, salvação aliada à justiça. Salvação e justiça aqui não possuem
sentido antagônico”.
tratar de justiça de Deus: O Senhor fez notória a sua salvação, manifestou a sua justiça
perante os olhos das nações.” Assim Deus revela sua própria justiça aos olhos das nações;
da mesma forma Paulo declara que a justiça é revelada ao judeu e ao grego. Mais
(1) relatou o poder de Deus (seus milagres, suas vitórias, seu braço santo) em contraste
com o que afirma o apóstolo aos Romanos que o Evangelho é o poder de Deus para a
salvação.”
Todavia, não é possível olhar para o significado de justiça de Deus neste texto e
ignorar o aspecto forense que o envolve. A justiça é um atributo divino. Justiça descreve o
caráter de Deus juntamente com suas ações que correspondem ao seu caráter. Ele é o juiz
de toda a terra e por isso sempre fará justiça (Gn. 18:25), pois Ele ama a justiça e odeia a
propiciação, Ele o fez para demonstrar sua dikaiosu/nh – justiça (Rm. 3:225 e repetido
55
LEENHARDT- Franz J. Epístola aos Romanos – Comentário Exegético, 1969. P. 45
56
Ibid.
57
STOTT, John – A Mensagem de Romanos, 2000 . p. 65
48
49
em 3:26) e para que ele mesmo possa ser simultaneamente “justo” e o “justificador”
daquele que tem fé em Jesus (3:26 b)”. Isto é confirmado, uma vez que em toda a Carta
Deus. Para Paulo, tudo o que Deus faz, seja em se tratando de salvação, tudo é coerente
com a justificação.
Trata-se de uma justiça que procede de Deus (genitivo possessivo objetivo), um estado de
justiça que Deus requer de nós se queremos comparecer diante dEle, que Ele nos propicia
através do sacrifício expiatório na cruz, que Ele nos revela no Evangelho e que é concedido
gratuitamente à todos que crêem em Jesus Cristo. Este é o sentido em que Paulo usa a
Não obstante a justiça de Deus ser entendida em termos de atributo divino, i.e.
(nosso Deus é um Deus justo); ser entendida também como uma ação divina (Deus vem
em nosso socorro, Ele é a nossa justiça e a nossa salvação), é mais coerente com o tema
geral de Romanos entendermos a justiça de Deus como aquisição divina, outro termo
59
usado por Stott , aquisição em termos forenses, ou seja, Deus nos concede o status de
pecadores consigo mesmo, concedendo-lhes uma justiça que não lhes pertence, mas que
qual Ele demonstra a sua justiça ao mesmo tempo que nos confere justiça. Isto Deus fez
58
STOTT, John – A Mensagem de Romanos, 2000 Ibid. p. 67 -
59
Ibid . p. 67
49
50
por meio de Cristo, o justo que morreu pelos injustos. Isto passa a ser fato na vida do
homem no momento que este, pela fé confia em Deus – o justo viverá pela fé.
6 – pi¿stewj - fé
e)k pi¿stewj – de fé
A palavra, quer como substantivo - pi¿stewj, quer como verbo – pisteuo ocorre
com a preposição eis ocorre 49 vezes, sendo que 39 vezes estão nos escritos de Paulo61.
11:1: “Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção dos fatos que se não
para conosco, (conhecimento) que fundado na verdade da graciosa promessa em Cristo não
só é revelada à nossa mente, mas é também selado em nosso coração, mediante o Espírito
Santo.”
Charles Hodge em sua Teologia Sistemática63 destaca três tipos de fé: fé morta ou
especulativa, fé temporal e fé salvívica e Louis Berkhof (op. cit) , que concorda com ele
60
HOEKEMA, Antony – Salvos pela Graça, 1997. P. 139
61
BERKHOF, Louis – Teologia Sistemática, 1990 p 498.
62
Institutas- III. 2.7
63
HODGE, Charles. Teologia Sistemática, 2001. P. 1077
50
51
nestas, acrescenta outras duas ainda: fé histórica e fé miraculosa. Hoekema64 destaca ainda
e espirituais são aceitos à medida em que estes satisfazem os interesses pessoais. Esse tipo
operações gerais do Espírito. É uma fé humana e não uma fé divina. Pode ser ortodoxa e
incitações da consciência e de uma agitação dos afetos, mas não tem suas raízes comum no
provação e perseguição. Os que recebem a impressão do evangelho crêem, mas porque não
tem raízes em si mesmos (Mt. 13:1), mais cedo ou mais tarde apostatam. Difere da fé
histórica no interesse pessoal que mostra pela verdade e na reação dos sentimentos à
verdade, às vezes, chega até se confundir com a fé salvadora. Esse tipo de fé se baseia na
que um milagre será realizado por ela ou em favor dela. Uma tarefa que transcende os
poderes naturais dada por Deus a uma pessoa e a capacidade para fazer ou realizar esta
tarefa requer fé. São os casos de homens que aparece como instrumento de Deus. é uma fé
64
HOEKEMA, Antony – Salvos pela Graça, 1997. p. 149
51
52
65
em milagres no sentido ativo: Mt. 17:20; Mc. 16:17,18. Berkhof diz que este tio de fé
nem sempre é acompanhada de fé salvadora: Mt. 8:10-13; Jo. 11:22, 25-27, 40 e At. 14:9.
d – fé como Dom – è a fé oriunda e dada por Deus. a fé que produz regeneração e leva ao
Fl. 1: 29.
e – Fé Salvadora – segundo Hodge é a fé que assegura a vida eterna, que nos une a Cristo
como membros vivos do Seu corpo, que nos converte em filhos de Deus, que nos faz
boas obras. É a fé que tem a sede no coração e suas raízes na vida regenerada. É a fé dada
por Deus sem nenhum tipo de participação humana, plantada em nosso coração para nos
capacitar a olhar para Cristo e receber todas as bênçãos redentivas que Ele nos assegurou
At. 13:8 – “procurando afastar da fé” – apostatar da fé, naufragar = abandonar. Significa
At. 13:15 – “leitura da lei e dos profetas” – o ensino do Antigo Testamento interpretado e
65
BERKHOF, Louis – Teologia Sistemática, 1990 p 505
66
CAMPOS, Heber Carlos de. MATOS, Alderi Souza de, LOPES,Augustus Nicodemus, NETO, Francisco
S. Porela – Fé Cristã e Misticismo., 2000 p. 106-107.
52
53
Fl. 1:27 – “lutando pela fé evangélica” – conjundo de verdades anunciada pelos apóstolos.
Elementos da fé –
fé é uma atividade do homem como um todo e não apenas parte dele, muito embora, antes
de tudo, a fé é um Dom exclusivo de Deus, mas que envolve a atividade do homem, pois
no exercício da fé, a alma humana funciona através de suas atividades comuns, agindo
portanto, no:
O homem aceita como verdadeiro aquilo que crê e se convence da veracidade das
Escrituras, crendo racionalmente na proporção suficiente onde ele se dá conta de sua total
Quando alguém abraça a Cristo pela fé tem uma profunda convicção da veracidade e da
realidade do objeto da fé, a obra redentora de Cristo, e sente que esta verdade o prende a
uma importante necessidade de sua vida e tem consciência de um absovente interesse por
ela.
questão de vontade, determinando a direção da alma, um ato da alma que parte rumo ao
seu objeto (o objeto da fé é Cristo) e dele se apropria. Sem essa atividade, o objeto da fé
53
54
Chegamos ao ponto crucial. Qual é o sentido que Paulo usa a palavra fé neste texto?
e)k pi¿stewj ei¹j pi¿stin – de fé em fé. Ou traduzindo a preposição eis como para, ao
invés de em, uma possibilidade gramaticalmente cabível, assim teríamos o texto: “No
evangelho é revelada a justiça de Deus, de fé para fé”. Quanto a esta possibilidade, Stott 67
a – Tem a ver com a origem da fé – “Da fé de Deus que faz a oferta, à fé do homem que a
recebe, da fé (Fidelidade) de Deus à nossa fé. A fidelidade de Deus vem sempre primeiro e
b – Pode ser que Paulo tenha em mente a divulgação da fé por meio do evangelho (de um
crente a outro).
c – Paulo pode estar fazendo uma alusão ao crescimento da fé: “de um nível para outro.”
d – Paulo pode estar discutindo a primazia da fé, neste caso a expressão seria puramente
retórica.
Acho que a última proposição de Stott, a que trata da primazia da fé, é a que
melhor se encaixa no texto em discussão. Assim, a tradução mais apropriada seria: “No
Deus somente se revela através do evangelho, mediante fé, bem como se aplica ao homem
que crê somente mediante fé (Fé salvadora). Assim a tradução da NVI (Novíssima Versão
justiça de Deus...” Este é o entendimento que Paulo deseja transmitir ao declarar esta
sentença.
A citação de Habacuque:
67
STOTT, John – A Mensagem de Romanos, 2000 . p. 68
54
55
¸O de\ di¿kaioj e)k pi¿stewj zh/setai – mas o justo viverá pela fé.
Israel. como Deus poderia usar o perverso para julgar o perverso? A resposta do Senhor ao
profeta foi então que os babilônicos cairiam, mas os justos israelitas viveriam pela fé. A
conjunção adversativa de destaca este contraste. Viveriam pela fé, ou seja, pela sua
Esta confiança intensa em Deus, que tem a característica de sustentar e proteger o crente é
utilizada por Paulo ao referir-se à fé em Jesus Cristo, tomando um conceito mais elevado
de salvação eterna.
graça de Deus, em Cristo é o começo da nossa efetiva salvação e esta fé continuará sendo
Entendo que é neste sentido que Paulo lança mão desta expressão de Habacuque. É
que esta justiça, uma vez revelada nos é aplicada, bem como é pela fé que permanecemos
55
56
profecia.
Toda a perícope é parte integral da epístola (carta) que Paulo escreve à igreja de
Roma.
Imediatamente à saudação à igreja, Paulo anuncia o tema geral que será tratado na
carta: a justiça de Deus alcançada pela fé. O apóstolo fala do poder de Deus expresso no
evangelho para a salvação de todo aquele que crê e fala da revelação da justiça de Deus
O segundo gênero literário usado neste texto é o profético. Trata-se da última frase
do versículo 17 “mas o justo viverá pela fé”. O apóstolo Paulo lança mão de um texto de
dentro do contexto em que foi originalmente escrita e que se constitui, agora na ótica neo
56
IX - TRADUÇÃO
de todo aquele que crê, primeiro do judeu e depois do grego. Porque no evangelho, de fé
em fé, é revelada a justiça de Deus, como está escrito: o justo viverá de fé.
X - ANÁLISE DE DISCURSO
Paulo
Romanos
Evangelho
Não se envergonha
É o poder de Deus
Salvação
Primeiro do judeu
Depois do grego
É revelada de fé em fé
de um tema geral, como sugere Calvino68, a justificação pela fé, o autor sagrado expressa
seu pensamento através de sub temas que são harmônicos com o tema principal.
Bíblia de Estudos de Genebra, uma vez que com ela concorda a maioria dos comentaristas
68
CALVINO, João – Exposição de Romanos, 1997 p. 27
60
VII - A Justiça de Deus correspondida e expressada na vida do Seu povo (12:1 – 15:13)
Na igreja (12:1-2)
60
XII - TEOLOGIA
Este texto composto apenas de dois versículos; por se tratar da introdução de uma
seu bojo preceitos doutrinários elementares para a conduta do eleito e chamado por Deus
destacamos especialmente duas doutrinas, que estão dentro de uma doutrina maior, a
justificação não pode acontecer sem antes o pecador ser regenerado, nascido de novo e
Justificação, por ser elas as mias evidenciadas e enfatizadas pelo apóstolo no referido
texto.
Ao declarar que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que
crê; não creio que Paulo esteja falando de uma vocação externa do evangelho, mas de uma
vocação eficaz, uma vez que o apóstolo diz claramente que o evangelho é para a salvação
de todo o que crê, muito embora, a vocação eficaz esteja dentro da doutrina da vocação
externa , a chamada geral do evangelho. Sobre esta diferença e relação Berkhof destaca:
Pode-se dizer que a vocação de Deus é uma só, e a distinção entre uma vocação
fato de que esta vocação se apresenta em dois aspectos. Não significa que esses
Deus para a salvação, e sabemos que esta mensagem só tem poder salvífico, só se torna
Paulo também amplia a extensão desta vocação eficaz, declarando que a salvação,
continua a vigorar pois o evangelho ( a vocação externa) é para a salvação (vocação eficaz)
somente dos que crêem. Sobre este ponto a Confissão de fé de Westminster declara:
Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, Ele é servido, no
tempo determinado por Ele e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo
seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em
que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação. Isto Ele o faz
que ele vem mui livremente, sendo para isso disposto pela sua graça.71
Assim, vejo que o “evangelho” neste texto possui um sentido amplo e Paulo se
apontativa para os acontecimentos recentes dos tempos do apóstolo, onde Jesus Cristo,
69
BERKHOF, Louis – Teologia Sistemática, 1990 p 471
70
BERKHOF, Louis – Teologia Sistemática, 1990 p 472
71
Confissão de Fé de Westmisnter cap. X - I
62
63
Filho de Deus havia cumprido todas as profecias descritas a respeito dele e contidas no
Antigo Testamento.
notícias (evangelho); o que se tem então é uma mensagem viva e poderosa que se
A doutrina tratada neste texto é a doutrina da justificação, justificação pela fé. Por
Deus”, tendo sempre em mente, porém, que a doutrina em foco, teologicamente falando é a
doutrina da justificação.
fé. Lutero, um dos grandes nome da reforma protestante do século XVI, descobriu o
sentido de justiça de Deus e justificação pela fé ao olhar para o texto de Romanos 1: 16-17.
angustiada e era profundo o sentimento de culpa pelo pecado. Na leitura dos Salmos lia
72
BERKHOF, Louis – Teologia Sistemática, 1990 p 515
63
64
sobre a justiça de Deus e a entendia como punitiva. Como pecador que era, se apavorava.
salvação (1:16) . Estas eram boas notícias. Mas o verso seguinte dizia: “ visto
justiça. Sua crise aumentou ao ler sobre a ira da Deus manifesta dos céus contra
toda impiedade (1:18). Lutero, porém, voltou ao verso 17 e notou que a “justiça
pela fé”. De repente a luz o inundou. A “Justiça de Deus” que Paulo tinha em
mente não era punitiva que levava Deus a punir os pecadores, antes, era a justiça
que Deus ofertava ao pecador necessitado, e que esse pecador a aceitava pela fé!
Essa era a perfeita e pura justiça, adquirida por Cristo, que Deus graciosamente
atribuía ao crente. 73
de Deus é fundamental para a compreensão do tema aqui abordado por Paulo. Muito
penalidade exigida pela justiça de Deus não é feita ao homem, mas a alguém que Deus
enviou como substituto dele. Depois de falar que a ira de Deus se revela dos céus contra
toda impiedade e perversão dos homens, depois de abordar pecados tanto de judeus como
de gentios (1:18 – 3:20), Paulo chega ao verso 21 dizendo: “ Mas agora, sem lei, se
manifestou a justiça de Deus (dikaiosu/nh Qeou) testemunhada pela lei e pelos profetas”
com “justiça de Deus” Paulo não está falando do atributo de Deus pelo qual Ele julga a
todos nós segundo as nossas obras e nos condena quando falhamos em guardar a lei, e que
a justiça também é conhecida à parte da lei e que esta justiça não é obtida através da guarda
da lei. “visto que ninguém será justificado diante dEle por obras da lei, em razão de que a
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HOEKEMA, Antony – Salvos pela Graça, 1997. P. 159
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lei vem pelo conhecimento do pecado” v. 20. No verso 21 “ Mas agora, sem lei se
Jesus Cristo, para todos [ e sobre todos ] os que crêem. Pois não há distinção.” Ora, essa
justiça anunciada por Paulo tem a ver com uma justiça que provê recursos para livrar o
culpado. É uma justiça, nas palavras de Hoekema 74 “declarativa, forense”, ou seja, trata-se
por evangelho, Paulo entende como o conteúdo total da obra expiatória e vicária do
Senhor Jesus Cristo, descrita em Is. 53 e cumprida num tempo passado, porém
muito recente aos dias de Paulo, do qual ele mesmo fora testemunha e comissionado
Deus que puniu a Cristo, matando-o na cruz do calvário, foi o sacrifício perfeito
aceito por Deus como suficiente para aplacar a Sua ira e satisfazer a Sua justiça. É
esta justiça que Cristo satisfez na cruz que aos eleitos é imputada, sendo a fé o
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HOEKEMA, Antony – Salvos pela Graça, 1997. P. 163
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a – A justificação pressupõe a ira de Deus – Uma vez que o Deus com quem
tratamos é Santo, que não pode, senão irar-se contra o pecado (Hb. 1:13),
entendemos que a ira de Deus repousa sobre o pecado que cometemos e a nossa
natureza nos leva a cometer mais pecados ainda; uma vez regenerados, nascidos de
justificados.
tribunal de Deus com relação aos pecados dos homens. Estes quando justificados
transgressão da lei feito por Jesus Cristo. Assim, a justificação tem a ver com a lei e
com a justiça. Uma vez que todos os homens estão debaixo da obrigação de cumprir
todos tornam-se devedores e culpados dela e a única sentença justa que deveria vir
sobre eles seria a condenação. A justificação repousa no fato de Deus, por amor,
misericórdia e graça, imputar (colocar sobre) a Cristo toda a dívida que era contra
nós. Cristo levou a nossa culpa e sofreu o castigo em nosso lugar ao obedecer
perfeita e plenamente a lei. Ao nos justificar, todo o escrito de dívida que era contra
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Deus para a salvação. Os eleitos são então declarados justos, passando a ser vistos
c – A justificação é realizada numa esfera extra nos , fora de nós – O lugar em que
ocorre a justificação é na cruz onde Jesus leva toda a nossa culpa e sofre todo o
nosso castigo. Este ato não produz nenhuma mudança em nossa condição ( a de
pecadores) mas altera nosso estado de ímpios indignos para justos ao serem assim
declarados.
Ainda assim, mesmo sendo uma obra realizada fora de nós, é destacado o
porque é uma obra realizada por Deus em nosso favor. É uma obra declarativa
imputada a nós. Somos declarados justos (não feitos justos) quando Deus
comparece como soberano juiz que requer a satisfação de sua justiça, bem como
comparece como quem satisfaz esta justiça e nos outorga mediante os méritos de
homem morto em seus delitos e pecados ( Ef. 2:1). A declaração de Paulo: “o justo
viverá pela fé” traz o ensino que a justificação é apropriada pela fé conforme 3:22.
“Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que crêem.” É uma
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justiça à parte da guarda da lei que é Dom de Deus e recebida pela fé, que por sua
sustentando esta tese, enfatizando que a justiça de Deus é imputada a nós é por meio
Por que Deus escolheu a fé para ser o meio da justificação? Porque Deus não
poderia Ter decidido dar a fé a todos aqueles que sinceramente demonstra amor,
Quando vamos a Cristo com fé, dizemos em essência o seguinte: eu sei que não
posso depender de mim mesmo, ou de minhas obras. Eu sei que por mim mesmo
Deus.75
perfeitamente apropriada para a salvação que não depende em hipótese alguma de nossos
75
GRUNDEN, Wainy – Teologia Sistemática, 2000 p. 610-611
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receber a justificação. Além disso, ao ser produzida no coração do pecador, Deus leva-lhe
Porque se declara que a base a qual se adscreve nossa justificação sobre a qual se
Cristo. Ademais, devido ao fato de Cristo ser o resgate, o sacrifício e como tal
mérito de sua obra limita-se a um ato de confiança, pois qualquer outro ponto de
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vista contraria a gratuidade da justificação.
fé o pecador se apropria desta justiça de Cristo e estabelece uma união consciente com seu
conquistada em favor dele por Jesus no tribunal de Deus. Assim, pela fé o pecador passa a
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HODGE, Charles. Teologia Sistemática, 2001. P. 1151
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XIII - MENSAGEM PARA HOJE
aqueles que nele crer não deve ser motivo de vergonha para nós crentes hoje como não era
para Paulo.
O evangelho de Jesus Cristo não é uma mensagem vazia, enganosa, que alimenta
tudo, uma mensagem poderosa para a lama aflita e sedenta por libertação do jugo de
escravidão do pecado.
É uma mensagem que é autenticada pelo próprio autor, o Senhor Jesus Cristo. É
autêntica porque Ele mesmo conferiu autoridade a ela, validando-a com seu poder
inspirador, fazendo de todo o seu conteúdo o relato da obra poderosa que Ele mesmo
realizou. isto faz do evangelho o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. Uma
mensagem poderosa assim, uma vez experimentada, jamais será motivo de vergonha,
antes, a experiência do contato com ela deve nos levar a anuncia-la com ímpeto e afã.
para termos uma vida espiritual autêntica e operosa. A certeza da manifestação da justiça
de Deus aplicada em Cristo e imputada a nós deve trazer ao nosso coração o sentimento de
alegria e gratidão a Deus, pois nisto consiste a nossa reconciliação, a nossa paz com Deus,
uma vez que é mediante este ato da maravilhosa graça de Deus, apropriado pela fé que Ele
nos dá é que Ele nos vê e nos recebe como justos diante de Si.
por Jesus Cristo e dada ao homem por meio da fé deve impactar a igreja, levando-a aos pés
ser pregada também a esta sociedade arrogante e prepotente que, com seu conceito de auto
suficiência busca amenizar suas consciências culpadas, relativizando esta veraz mensagem,
buscando aproximação de Deus mediante obras meritórias que não passam pela cruz de
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XIV - BIBLIOGRAFIA
CAMPOS, Heber Carlos de. MATOS, Alderi Souza de, LOPES,Augustus Nicodemus,
Presbiteriana, 2000.
DAVIDSON, F. O Novo Dicionário da Bíblia. 3 ed. São Paulo, Edições Vida Nova, 1997.
DAVIS- Jonh D. Dicionário da Bíblia. 5 ed. Rio de Janeiro. Casa Publicadora Batista,
1971
DOUGLAS, J.P. O Novo Dicionário da Bíblia, 2 ed. São Paulo. Vida Nova, 1995.
GUNDRY, Robert. H. Panorama do Novo Testamento. São Paulo. Vida Nova, 1978.
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HOEKEMA, Antony. Salvos pela Graça. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1997.
KURT, Aland. The GreeK New Testament. Stuttgard: Deutsche Bibelgesellchaft, 1994.
LEENHARDT, Franz J. Epístola aos Romanos – Comentário Exegético. São Paulo: Aste,
1969
LUZ, Waldir Carvalho. Manual de Língua Ggrega. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana,
1991. Vl. I
REGA, Lourenço Stelio. Noções do Grego Bíblico. 3 ed. São Paulo: Vida Nova, 1995
SPROUL, R. S. Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri: Editora Cultura Cristã
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