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APLICAÇÃO DE UM MODELO NUMÉRICO PARA A

ANÁLISE DE PILARES MISTOS EM INCÊNDIO (1)


Paulo Anderson Santana Rocha(2), Alexandre Landesmann(3)
Eduardo de Miranda Batista(3)

RESUMO

Neste artigo será realizada uma análise não-linear de pilares mistos parcialmente
preenchidos por concreto em situação de incêndio. A formulação referente à análise
térmica é baseada no método dos elementos finitos e consiste em adotar o
elemento quadrilateral com quatro nós para discretizar a seção e para determinar os
valores das temperaturas aproximadas em cada ponto nodal a cada estágio de
tempo. A partir daí, é possível traçar as diferentes curvas nominais de aquecimento
do sistema estrutural.
A modelagem numérica referente à análise térmica será realizada no FORTRAN
e as respostas obtidas serão confrontadas com resultados determinados pelo
SAFIR. Para executar tal tarefa, utiliza-se a aproximação de Taylor-Galerkin e uma
aproximação baseada no método das diferenças finitas (solução de Newmark)
destinada à montagem do sistema de equações lineares.
Vale mencionar ainda que a formulação adotada na análise estrutural se baseia
nas considerações do Eurocode 3 e 4 e do AISC/LRFD. As curvas de flambagem
para as colunas metálicas e mistas à temperatura ambiente e os resultados em
situação de incêndio, são encontrados com auxílio do SAFIR e comparados com as
curvas de resistência teóricas baseadas na norma européia e no AISC/LRFD.

PALAVRAS-CHAVE
Estruturas mistas, Análise não-linear, Pilares mistos, Elementos finitos.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
(1) Título da Contribuição Técnica a ser apresentada no CONSTRUMETAL 2008 – Congresso
Latino-Americano da Construção Metálica – Setembro 2008 – São Paulo – SP – Brasil.
(2) Engº Civil, Professor Substituto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, Aluno
de Doutorado da COPPE/UFRJ – Programa de Engenharia Civil, Laboratório de Estruturas,
Cidade Universitária;pandrocha@yahoo.com.br
(3) Engº Civil, Professor Adjunto do Departamento de Estruturas, Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da UFRJ; Professor Associado COPPE/UFRJ – Programa de Engenharia Civil,
Laboratório de Estruturas, Cidade Universitária; alandes@coc.ufrj.br; batista@coc.ufrj.br

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1- INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, as estruturas mistas têm sido bastante utilizadas em


edifícios comerciais, residenciais e em pontes em todo o mundo. Essa tendência se
deve aos ganhos proporcionados pelo material em relação às estruturas formadas
por materiais isolados Carvalho (2007). Dentre as vantagens das estruturas mistas,
podem-se citar a possibilidade de dispensa de formas e escoramentos, a redução
considerável do consumo de aço estrutural, o aumento da precisão dimensional da
construção, além do aumento da rigidez e resistência para uma dada seção
transversal, eliminação ou redução da flambagem local nos perfis metálicos,
proteção contra a corrosão e o aumento da resistência ao fogo, principalmente nos
pilares totalmente revestidos Muniz (2005).
No presente trabalho são realizadas duas análises: a análise térmica e a análise
estrutural à temperatura ambiente e em situação de incêndio. Na análise térmica,
uma formulação baseada no método dos elementos finitos, capaz de determinar os
valores aproximados das temperaturas nodais em uma seção mista para cada passo
de tempo é apresentada. Para ilustrar a eficiência da técnica proposta, as curvas
nominais de incêndio obtidas a partir do programa computacional desenvolvido são
comparadas com as respostas numéricas determinadas pelo pacote comercial
SAFIR. Na segunda parte do artigo são apresentadas as equações baseadas na
norma internacional referentes aos pilares mistos em incêndio. As curvas de
flambagem encontradas através do SAFIR para as três seções escolhidas são
comparadas com as respostas definidas pelo Eurocode 3 parte 1-1 (2003),
AISC/LRFD (2005) e Eurocode 4 parte 1-2 (2004). Por fim, faz-se uma verificação
numérica do tempo que as colunas mistas suportam a carga de cálculo imposta
durante o incêndio. Este resultado é confrontado com os valores definidos pela parte
1-2 do Eurocode 4 (2004).

2- MODELO TÉRMICO

Habitualmente consideram-se três modos de transmissão de calor: a condução,


a convecção e a radiação. Deste modo, o fluxo de calor por condução, convecção e
radiação, incluído na ABNT NBR 14432 (2000), pode ser representado pelas
equações que seguem
∂θ
qx = − kxA , q c = h c (θ g − θ a ) q r = σ ε (θ g − θ a )
4 4
(1)
∂x ,

A estratégia adotada para a determinação das temperaturas nodais a cada


passo de tempo baseia-se na solução de Newmark e é obtida a partir da resolução
de uma equação diferencial e é definida como:
−1
 C    C 
θn+1 =  + γ K t   γ fn+1 + (1 − γ ) fn −  (1 − γ ) K t − ∆ t  θn  , (2)
 ∆t   

em que fn e fn + 1 são os fluxos de calor no passo corrente e no passo anterior, ∆ t é


o passo de tempo, C é a matriz de capacitância, K t é a matriz de condutância e γ

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é um escalar definido entre 0 e 1. É recomendado um valor para o parâmetro igual a
.
3- MODELO ESTRUTURAL

3.1 Resistência ao Fogo de Colunas Mistas Parcialmente Envolvidas por


Concreto Segundo o Eurocode 4
Segundo a parte 1-1 do Eurocode 4 e de acordo com os novos procedimentos e
recomendações da NBR 8800, as seções abertas são classificadas em totalmente
preenchidas ou parcialmente envolvidas por concreto Caldas et al. (2007), Nardin et
al. (2006). A Fig. 1 apresenta as seções mistas adotadas nas modelagens
numéricas realizadas.

a) Seção W 200 × 200 × 71 b) Seção W 310 × 310 × 129 c) Seção W 360 × 410 × 347

Figura 1- Seções mistas adotadas.

Para o dimensionamento da coluna mista em situação de incêndio, supõe-se


que a flambagem acontecerá em relação ao eixo de menor inércia (eixo z). Na Fig. 2
são apresentados os parâmetros importantes para o cálculo da resistência dos
flanges, da alma, das barras de reforço e do concreto após um determinado tempo
de incêndio. Tem-se que e f é a espessura do flange, ew é a espessura da alma, h é
a altura do perfil, b a largura do perfil, hw, fi a altura da alma desprezível em situação
de incêndio, a medida bc , fi define uma região na seção de concreto com resistência
desprezível, u1 é a distância do eixo das barras de reforço até a face inferior do
flange do perfil de aço e u2 é a distância do eixo da barra de reforço até a
extremidade da seção de concreto.
Os modelos podem ser avaliados a partir da resistência reduzida, do módulo de
elasticidade reduzido e da área da seção transversal reduzida em função do
esquema de resistência ao fogo adotado ( R30 , R60 , R90 , R120 ).
Os passos necessários para a análise de colunas compósitas em incêndio são
os seguintes: (i) divisão da seção transversal em quatro partes; (ii) análise dos
flanges do perfil de aço; (iii) análise da alma do perfil de aço; (iv) análise da parcela
de concreto contida no perfil de aço; (v) análise das barras de reforço; (vi) cálculo do
valor da resistência à compressão plástica da seção N fi , Pl , Rd ; (vii) cálculo da rigidez

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flexional efetiva da seção EI fi ,ef , z em situação de incêndio. Esta metodologia será
detalhada nas sub-seções que seguem.

Figura 2- Seção mista em incêndio.

3.2 Resistência dos Flanges do Perfil de Aço


A temperatura média do flange é definida em função da massividade da seção (
Am V ), do parâmetro kt e da temperatura θ 0,t e pode ser determinada por:

 A 
θ f ,t = θ 0,t + kt  m  . (3)
 V 

Com o valor de θ = θ f ,t é possível encontrar a tensão de escoamento e o módulo


de elasticidade após um tempo de exposição dos flanges ao fogo.
A resistência plástica à compressão axial e a rigidez flexional dos dois flanges
em incêndio é obtida através de

 be f , 
N fi , Pl , Rd , f = 2  f ay f ,t  e (4)
 γ M , fi ,a
 

EI fi , f , z =
(
Ea , f ,t e f b3 ). (5)
6

3.3 Resistência da Alma do Perfil de Aço


O trecho da alma com altura hw, fi a partir dos bordos do flange deve ser
negligenciado, pois somente o núcleo da alma atuará significativamente como
característica importante no dimensionamento da peça. Assim, vem:

  H 
hw, fi = 0,5 ( h − 2 e f )  1 − 1 − 0,16  t   e (6)
  h  

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Ea , w ( h − 2 e f − 2 hw, fi ) ew3
EI fi , w, z = . (7)
12

3.4 Resistência do Concreto da Seção


A norma européia estabelece que o trecho da seção de concreto que apresenta
espessura bc , fi também deve ser desconsiderado do cálculo da coluna, pois não
contribui com a resistência do elemento durante o incêndio. A espessura bc , fi é
definida a partir do modelo de incêndio adotado e pode depender em alguns casos
da massividade. A temperatura média no concreto, θ c ,t , também é calculada como
função da massividade e do modelo de incêndio. A resistência plástica da coluna e a
rigidez flexional do concreto em incêndio são determinadas por:

N fi , Pl , Rd ,c =
0,86 { ( ( h − 2e f − 2bc , fi ) ( b − ew − 2bc , fi ) − As )} f c ,θ
, (8)
γ M , fi ,c

em que As é a área da seção transversal das barras de reforço e 0,86 é o fator de


calibração definido para os casos em que não há confinamento. O módulo de
elasticidade secante para o concreto em incêndio é calculado a partir de:

f c ,θ f c kc ,θ
Ec ,sec,θ = = , (9)
ε cu ,θ ε cu ,θ

e a rigidez à flexão é igual a

  ( b − 2b ) 3  
 3 
( c , fi )
EI fi ,c , z = Ec ,sec,θ  h − 2e − 2b  c , fi
− ew  − I s , z  ,
 (10)
f
 γ 
   M , fi
 

em que I s , z é o momento de inércia das barras de reforço com relação ao eixo


central da seção transversal.

3.5 Resistência das Barras de Reforço


Os fatores de redução k y ,t e k E ,t para a tensão de escoamento e módulo de
elasticidade das barras de reforço são definidos em função do modelo de resistência
ao fogo e da média geométrica u da distância dos eixos das barras até os bordos da
seção de concreto (cobrimento). O valor de cálculo da resistência plástica das
barras de reforço e da rigidez flexional é expresso por:
As k y ,t f sy
N fi , Pl , Rd ,s = e (11)
γ M , fi , s

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EI fi , s , z = k E ,t Es I s ,t . (12)

3.6 Cálculo da Flambagem Axial em Incêndio


Conforme o que foi apresentado nos itens anteriores, o valor de cálculo da
resistência plástica e da rigidez à flexão da coluna mista em incêndio é determinado
a partir das contribuições de cada um dos elementos constituintes da seção e pode
ser representado como:

N fi , Pl , Rd = N fi , Pl , Rd , f + N fi , Pl , Rd , w + N fi , Pl , Rd ,c + N fi , Pl , Rd ,s . (13)

A rigidez efetiva é dada por:

EI fi ,eff , z = ϕ f ,θ ( EI ) fi , f , z + ϕ w,θ ( EI ) fi,w, z + ϕ c,θ ( EI ) fi,c, z + ϕ s ,θ ( EI ) fi ,s , z , (14)

em que ϕ i ,θ é o coeficiente de redução dependente do efeito das tensões térmicas.


O valor de ϕ i ,θ é dado por uma tabela e se modifica a depender dos modelos
adotados para o incêndio. A carga de flambagem de Euler ou a carga crítica elástica
para a seção mista é apresentada como

π 2
( EI ) fi,eff , z
N fi ,cr , z = , (15)
lθ2

em que lθ é o comprimento de flambagem da coluna compósita em incêndio


apresentado na Fig. 3. O valor estabelecido pela parte 1-2 do Eurocode 4 é lθ = 0,5 l
(biengastada) para os andares do prédio, porém no último pavimento supõe-se um
valor lθ = 0, 7 l (engastada e apoiada).

Figura 3- Comportamento estrutural de uma coluna em incêndio.

O índice de esbeltez relativo é dado por:

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N fi , Pl , Rd
λθ = . (16)
N fi ,cr , z

Por fim, usando-se λ θ e a curva de flambagem c do Eurocode 4 (2004) parte1-2,


o coeficiente de redução χ z pode ser calculado e com isso, é possível dimensionar o
pilar a partir da expressão
N fi , Rd , z = χ z N fi , Pl , Rd . (17)

4 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

Nesta seção apresentam-se as respostas numéricas obtidas para as análises


térmica e estrutural de colunas mistas. As implementações foram realizadas em um
programa computacional que se encontra em fase de desenvolvimento denominado
de TERM 2D, proveniente de uma pesquisa de doutorado realizada na
COPPE/UFRJ. Os resultados foram comparados com os fornecidos pelo programa
computacional SAFIR, desenvolvido na Universidade de Liége destinado à análise
de estruturas submetidas a incêndio. Este programa foi utilizado neste trabalho com
o intuito de determinar a resistência de colunas de aço e mistas à temperatura
ambiente e em situação de incêndio Vila Real (2003).
A análise estrutural foi dividida em duas etapas: obtenção das curvas de
flambagem à temperatura ambiente e verificação numérica do tempo que as colunas
mistas suportaram a carga de cálculo em incêndio.
As curvas encontradas através do SAFIR para as três seções escolhidas, foram
comparadas com as curvas de resistência do Eurocode 3 parte 1-1 (2003) e do
AISC/LRFD (2005) (pilares metálicos à temperatura ambiente), e do Eurocode 4
(pilares mistos à temperatura ambiente).

4.1 Análise Térmica


Neste exemplo apresenta-se a análise térmica de um pilar misto aço concreto
formado pela união entre um perfil laminado com seção W 310 × 310 × 129 kg / m e o
concreto armado normal com resistência característica de 30 MPa e com 4 barras de
reforço de 12,5 mm de diâmetro, com um cobrimento de 20 mm, submetido ao
incêndio durante 2 h (7200s). Nas análises, levou-se em conta que a condutividade
térmica e o calor específico se modificaram à medida que a temperatura aumentou e
vale informar ainda que os efeitos da propagação de calor por condução, convecção
e radiação foram inseridos nas modelagens. O pilar foi discretizado com 900
elementos quadrilaterais e definiu-se um fluxo de calor em todas as suas faces.
Foram efetuados 720 incrementos de tempo e as curvas plotadas a seguir são
referentes aos nós 89, 121 e 151 da seção.

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Pilar Misto W 310x310x129 kg/m
1200

Nó 89
1000
Nó 121

Temperatura (ºC)
800 Nó 151

600

400
Incêndio Padrão
200 Term 2D
Safir
0
0 2000 4000 6000 8000
Tempo (s)
Figura 4- Variação da temperatura da coluna mista.

4.2 Análise Estrutural

4.2.1 Análise Estrutural à Temperatura Ambiente


Neste exemplo são apresentadas as curvas referentes aos pilares mistos
formados pela união entre os perfis metálicos W 200 × 200 × 71 kg / m ,
W 310 × 310 × 129 kg / m e W 360 × 410 × 347 kg / m e o concreto armado. Nas análises
numéricas, considerou-se que as barras de reforço possuem 12,5 mm de diâmetro,
as imperfeições geométricas dos pilares foram representadas a partir de uma flecha
senoidal com uma deflexão inicial igual a δ 0 = L 1000 e as tensões residuais foram
incorporadas ao modelo, de acordo com a formulação desenvolvida por Sazalai e
Papp (2004). Embora as análises sejam semelhantes neste trabalho, as seções
mistas foram discretizadas com um número diferente de fibras para cada seção
estudada. Este procedimento foi importante para verificar as mudanças que ocorrem
nos resultados numéricos no momento em que é feito um maior refinamento da
malha. Vale informar que o perfil W 200 × 200 × 71 kg m foi modelado 324 fibras, o
perfil W 310 × 310 × 129 kg m com 900 fibras e o perfil W 360 × 410 × 347 kg m com 660
fibras. A Fig. 5 mostra os resultados das análises realizadas.

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Curva de Resistência do Pilar Misto Curva de Resistência do Pilar Misto
Perfil W 200x200x71 kg/m Perfil W 310x310x129 kg/m
ρ ρ
1.1 1.1

1.0 1.0

0.9 0.9

0.8 0.8

0.7 0.7

0.6 0.6

0.5 0.5

0.4 0.4

0.3 0.3
SAFIR SAFIR
0.2 0.2 AISC/LRFD
AISC/LRFD
Eurocode 4 Eurocode 4
0.1 0.1

0.0 λ 0.0 λ
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

Figura 5: Resistência de perfis mistos sob compressão simples, em temperatura ambiente:


(a) Perfil W 200x200x71 kg/m; (b) W 310x310x129 kg/m.

Curva de Resistência do Pilar Misto


Perfil W 360x410x347 kg/m
ρ
1.1

1.0

0.9

0.8

0.7

0.6

0.5

0.4

0.3
SAFIR
AISC/LRFD
0.2
Eurocode 4
0.1

0.0 λ
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

Figura 5c- Perfil Perfil W 360x410x347 kg/m à temperatura ambiente.

4.2.2 Análise Estrutural em Incêndio


Para a verificação do pilar em incêndio, escolheu-se a seção mista formada com
o perfil W 310 × 310 × 129 kg m e adotou-se o Modelo R60, pois o mesmo supõe que o
pilar é exposto ao fogo por um período de 60 min. Como a largura do flange do perfil
é b f = 308mm e a altura do perfil é h = 318mm , então partindo das considerações
previstas pelo Eurocode 4 parte 1-2 (2004) para seções parcialmente preenchidas

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por concreto e supondo que a flambagem acontece em relação ao eixo de menor
inércia, pode-se concluir que:
d
Como b f ≥ 300mm e ≤ 3 , então deve-se considerar que o valor limite de lθ é
bf
lθ ≤ 13,5 b f , ou seja, lθ ≤ 4,158m . O valor do comprimento de flambagem em incêndio
foi definido como lθ = 0,5 l , porque verificou-se um pilar do segundo pavimento.
Na Tabela 1 são apresentados os comprimentos de flambagem permitidos, os
valores teóricos definidos pelo Eurocode 4 para o esforço axial de cálculo após 1
hora de incêndio, e os tempos que as colunas resistiram à carga imposta, obtidos
através da modelagem numérica realizada com o SAFIR.

Tabela 1. Esbeltez, comprimento de flambagem e carga axial de cálculo

λθ lθ N Rd , fi Tempo (s) SAFIR Tempo (s) EC 4 Diferença (%)


0,1 1,045 2907,782 4488 3600 24,6
0,2 2,091 2813,298 4551 3600 26,42
0,3 3,136 2615,452 4662 3600 29,5
0,5 5,228 2178,982 3517 3600 0,0

5 CONCLUSÕES

Os resultados apresentados pela Fig. 4 referentes à análise térmica da seção


mista indicam que o modelo denominado de TERM 2D fornece respostas similares
aos resultados encontrados através do programa SAFIR, garantindo dessa maneira
o sucesso das implementações numéricas realizadas.
Com relação às análises dos pilares metálicos e mistos à temperatura ambiente,
cujos resultados são mostradas nas Figs. 5a, 5b e 5c, observa-se uma boa
concordância entre as curvas teóricas e as soluções numéricas encontradas. Porém
com relação aos pilares mistos, houve uma pequena diferença em algumas análises,
devido às diferentes discretizações em cada seção.
Nas avaliações dos pilares mistos em incêndio, foi possível verificar através das
modelagens numéricas que o pilar resistiu por um tempo de aproximadamente 14
minutos além do limite estabelecido pela norma, o que sugere que as considerações
normativas são mais conservadoras que as premissas definidas por um programa
computacional baseado no método dos elementos finitos.

Agradecimentos

Ao CNPq e à FAPERJ, que possibilitaram a elaboração deste trabalho.

5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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revisão, 2007), Rio de Janeiro, Associação brasileira de normas técnicas.
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