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Introdução

O setor agropecuário tem encarado muitos desafios atrelados às mudanças


climáticas, sustentabilidade, rastreabilidade, segurança do alimento e competitividade.
Entretanto os elos da cadeia devem avaliar e fazer dos desafios uma barreira ou uma
oportunidade para os negócios.
O processo de obtenção da carne orgânica se dá através de técnicas que
utilizam os recursos naturais de forma racional, promovendo um sistema
autossustentável, não causando maiores impactos ao ambiente.
A expectativa para a remuneração é de 25% superior para cada arroba de
animal criado neste sistema, além da possibilidade da exportação para o Mercado
Europeu, que despertou o interesse de alguns frigoríficos e pecuaristas.
O manejo dos animais no sistema é limitado à vacinações e cura de umbigo
com anti-séptico, e a suplementação mineral é realizada da mesma forma dos sistemas
tradicionais, respeitando-se a não inclusão de ureia e ionóforos.
Características gerais da produção bovina orgânica
O manejo orgânico visa o desenvolvimento econômico e produtivo que não
polua, não destrua o meio ambiente e que valorize o homem. A pecuária de corte
orgânica tem como objetivo uma produção que mantenha o equilíbrio ecológico
englobando os componentes produtivos, ambiental e social, a partir de normas
estabelecidas pelas instituições certificadoras.
Há falsa crença de que a criação orgânica representa retrocesso às práticas
antieconômicas de décadas passadas e à produção de subsistência de pequena escala,
usando métodos já superados. A realidade, porém, é outra. Nesse sistema, o gado
orgânico é rastreado desde seu nascimento até o abate, com registro de peso,
alimentação, vacinas, entre outras informações, em fichas individuais e a alimentação
dos animais é observada com especial atenção. Além da pastagem, outros ingredientes
compõem o cardápio do gado orgânico como casca de soja não transgênica e farelo de
algodão com total controle de origem sendo estes também oriundos de cultivo orgânico.

Principais entidades envolvidas na criação orgânica


a)Entidades reguladoras
A única entidade responsável em regulamentar a atividade é o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O controle e fiscalização são
realizados pelas Delegacias Federais de Agricultura (DFA`s), diretamente subordinadas
ao MAPA, e também por órgãos ligados às Secretarias Estaduais.
b)Entidades certificadoras
O processo de certificação orgânica na área da pecuária é muito recente e,
atualmente, somente algumas certificadoras desenvolvem projetos deste gênero. O
processo de Certificação tem sua base operacional suportada por uma eficiente estrutura
informatizada, onde os elos de troca de informações entre produtor e certificadora,
estarão garantidos por um processo seguro e ágil.
Perfil das principais certificadoras em atuação no Brasil:
Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD): Iniciou seus
trabalhos de certificação em 1990. É a empresa líder em projetos certificados de
pecuária no Brasil. Credenciada internacionalmente.
Ecocert – Brasil: Iniciou seus trabalhos de certificação no Brasil em 2001. É
ligada ao movimento orgânico da França. Avaliou propriedades que produzem vitelos
em Mato Grosso do Sul, é credenciada internacionalmente.
Organização Internacional Agropecuária (OIA – Brasil): Iniciou seus
trabalhos de certificação no Brasil em 2001. Tem forte atuação na área de pecuária na
Argentina. No Brasil certifica dois projetos de pecuária, um no interior de São Paulo e
outro em Tocantins. Encontra-se atualmente com um projeto em conversão no Mato
Grosso do Sul e demonstra intenção de aumentar sua atuação nesta área específica.
Credenciada internacionalmente.
c)Associações de produtores
Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO):A Associação Brasileira
de Pecuária Orgânica (ABPO) foi criada em outubro de 2001 com a missão de unir os
produtores e os elos da cadeia produtiva da carne orgânica. Em 2004, contava com 23
sócios, sendo 100% provenientes da BAP. Têm a pecuária como sua principal atividade.
Associação Brasileira de Produtores de Animais Orgânicos (ASPRANOR): A
associação foi criada em julho de 2004 e contempla, além de pecuária bovina de corte e
de leite, a suinocultura, ovinocultura e avicultura.
Instituições de pesquisa
Dentre as instituições de pesquisa nacionais, três se destacam no estudo da
pecuária orgânica certificada. São elas:
Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal
(EMBRAPA – CPAP)
Corumbá – MS
Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte
(EMBRAPA – CNPGC)
Campo Grande – MS
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queirós”
(ESALQ – USP)
Piracicaba – SP
e)Setor industrial (frigoríficos):
Com unidades localizadas nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso,
cinco grandes empresas possuem plantas frigoríficas certificadas para o processamento
e exportação de carne orgânica. São elas: Independência Alimentos Ltda, Grupo
Margem, Grupo Bertin, Grupo Marfrig. Grupo Friboi.
f)Revendedores
No Brasil, algumas empresas têm investido na comercialização de carne
orgânica, sendo que a maioria delas, com exceção do Grupo Carrefour, iniciaram a
revenda impulsionadas pelo lançamento da linha de produtos do Grupo Friboi/Boi D`
Terra.
g) Outros: Entidades governamentais e não–governamentais, em nível federal
e estadual, que estão relacionadas à cadeia da carne e a produtos orgânicos, exemplos:
MAPA, APEX-Brasil, Secretaria de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso, entre
outras.
Uma das prioridades das certificadoras é garantir a segurança alimentar. Por
isso, é exigida e monitorada a vacinação, inclusive contra febre aftosa. Em caso de
alguma enfermidade, o gado orgânico é tratado com produtos fitoterápicos e
homeopáticos.Com relação ao meio ambiente, também é proibido o uso de fogo para
manejar as pastagens. As instalações como piquetes, curral de manejo, Creeper e
confinamento, devem ser construídas de modo a permitir segurança e conforto aos
animais.
Para certificação orgânica é necessário que se comprove que, por dez anos não
foram utilizados produtos químicos na área em questão.Para o ingresso de animais
oriundos de áreas não orgânicas para o sistema já certificado, o período de conversão é
de 12 meses, inclusive para reprodutores, ressaltando que, para a renovação ou
complementação de um rebanho, estes animais não podem superar 10% do rebanho
total (Manella, M.Q. e Boin, C. 2001, p. 1).
Certificação de gado de corte para Orgânico Instituto Biodinâmico. O IBD
utiliza as seguintes conformidades com os critérios de certificação:
 Pastagens: plano de manejo de pastagens; biodiversidade; lotação.
 Nutrição: compra de forragem; composição da alimentação.
 Compra de animais: documentação de compra; certificados; sanitários;
procedimentos de quarentena; identificação dos animais.
De acordo com Luiz Antônio Josahkian, o rótulo "orgânico" vai além da forma
de criação do animal e abrange a preocupação com aspectos ambientais e sociais, como:
o tratamento dos resíduos produzidos no frigorífico, a utilização racional dos recursos
hídricos e do solo, a preservação dos mananciais e a exploração do trabalho humano.
O manejo com as pastagens não se permite a adição de nitrogênio, assim como
para os suplementos volumosos, que devem ser totalmente orgânico.

Exigência para produção de boi orgânico


Ambientais gerais: É exigido o cumprimento da Legislação Ambiental e do
Código Florestal Brasileiro, auditoria local para averiguar APPS e Reserva Legal,
exigidos procedimentos de proteção e conservação dos recursos hídricos e qualidade da
água (nascentes e acesso do gado ao rio).
Ambientais específicos: Proibido o uso de agrotóxicos e herbicidas, proibido
do uso de fertilizantes sintéticos a base de nitrogênio (uréia), proibido uso de fogo para
manejo de pastagens, uso restrito de medicamentos alopáticos.
Sociais gerais: Exigido o cumprimento das convenções e protocolos
internacionais e a CLT.
Sociais específicos: Proibido trabalho escravo e infantil, exigido que todos os
funcionários sejam registrados, exigido a facilitação e estímulo para criação de hortas
familiares, exigido a facilitação do acesso das crianças a escola, fazendas com mais de
10 funcionários deverão ter sua própria política de justiça social.

Boi orgânico x Boi verde


Muitas pessoas confundem o produto deste sistema, que é o “boi orgânico”,
com o chamado “boi verde” ou “boi natural”. O “boi verde”, no entanto, é o animal
advindo de um sistema de criação basicamente em pasto sem agrotóxicos, que pode ser
suplementado com alimentos de origem vegetal. É permitido o confinamento destes
animais até 90 dias antes do abate, o que também acontece com o “boi orgânico”, A
seguir, na tabela estão apresentadas as principais diferenças entre os dois sistemas de
produção.

Fonte: http://www.abccriadores.com.br/
O mercado para a carne orgânica
O mercado consumidor começa a despertar sobre a qualidade de vida, e com
isso busca consumir alimentos mais saudáveis, proporcionando um crescimento na
demanda por produtos orgânicos de 20% a 30% anualmente.
As vendas de carne ausentes de hormônios e produzida com rações isentas de
pesticidas chegarão a US$110 milhões nos EUA e US$ 311 milhões na União Européia,
os dois principais mercados consumidores desse tipo de alimento. Porém após muitos
anos de crescimento, houve uma desaceleração na demanda por produtos orgânicos,
devido á crise econômica de 2008. Ainda assim, em 2009 nos EUA o consumo de
produtos de origem orgânica alcançou um aumento de 5,3%. Assim, as expectativas
para o futuro são de crescimento, embora a taxas menores que em anos anteriores.
Em 2004 da produção orgânica brasileira 70% eram destinadas a exportação,
sendo o estado de São Paulo o estado com maior produção de hortaliças e frutas
orgânicas, seguido do Paraná, como segundo maior estado produtor de alimentos de
origem orgânica.
O Brasil tem tecnologia para o desenvolvimento dos sistemas de produção
orgânica e podem atender plenamente o crescimento do consumo. As tecnologias são
caracterizadas pelo menor impacto ao meio ambiente e por benefícios sócios
ambientais.
O grande fator limitante para o abastecimento dos mercados europeus e
americanos é devido ao alto nível de exigências para obtenção da certificação do
produto, além das exigências específica de qualidade, particularmente no mercado
americano.
Embora as grandes exigências do mercado externo o Brasil devem atentar-se as
oportunidades. O grande potencial produtivo que país apresenta no setor de carnes
promove buscas alternativas para novos mercados. Para a carne brasileira venha ocupar
local destaque no mercado exterior a garantia de qualidade de produto numa concepção
vasta torna-se um dos fatores críticos de sucesso.
A produção de carne orgânica ocupa posição de destaque no cenário
internacional como uma forma alternativa de garantia de um produto limpo ausente de
contaminação química de produção ecologicamente sustentável. A carne orgânica
brasileira pelas exigências inerentes ao processo de certificação de produtos orgânicos
deve ser apta a conquistar os mercados internacionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o crescente interesse dos consumidores por produtos de origem
sustentável, e livre de produtos químicos faz com que aumente cada vez mais a procura
por estes produtos, aquecendo o mercado e possibilitando o investimento nesse tipo de
produção. O Brasil tem grande espaço para crescimento na produção de carne orgânica,
porém, ainda esbarra nas exigências dos mercados exteriores, os EUA e UE impõe
varias condições de aceitação da carne orgânica, necessitando de maiores incentivos
governamentais, e disseminação de conhecimento sobre a produção de carne orgânica.
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