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2.1 - Introdução
Um corpo tem comportamento elástico se após a retirada das acções que sobre ele actuam
retomar a sua forma inicial (ver Figura 2.1).
l l l
∆l u
Forma inicial Forma final
F=F1
Força F
F1
u = ∆l Deslocamento u
Comp. Comp.
linear não-linear
Nesta publicação a matéria que constitui um corpo considera-se sempre homogénea, de tal
forma que o menor elemento retirado do corpo possui as propriedades físicas específicas
desse corpo. Um corpo será também considerado isotrópico, isto é, as suas propriedades
elásticas são consideradas iguais em todas as direcções.
Quando as propriedades elásticas do material são diferentes em direcções distintas, de que são
exemplo a maior parte dos materiais compósitos (Barros 1989), o material pode apresentar
comportamento ortotrópico ou anisotrópico. Os materiais têm comportamento ortotrópico
quando as propriedades num plano são iguais, mas distintas das que ocorrem numa direcção
ortogonal a esse plano. Terá comportamento anisotrópico quando as propriedades diferem
com a direcção considerada.
A noção intuitiva de tensão é a de força por unidade de área. A tensão pode variar de ponto
para ponto no interior de um corpo, e ainda com a orientação do plano que passa por esse
ponto. Trata-se de um conceito matemático que permite determinar se esse corpo satisfaz os
critérios de segurança exigidos, isto é, se a tensão máxima instalada é inferior à que o material
resiste.
Q1
x3
Q7 Q2
C2
σ
O
δA x2
C1
Q6
S1 Q3
x1
Q5 Q4
do corpo exercia sobre o material da parte C1 . Admite-se que as forças internas distribuem-se
continuamente na área S1 , pelo que se trata de um conceito de tensão, isto é,
Q
Tensão = t =
A
No caso geral da Figura 2.2, a tensão não se distribui uniformemente em S1 . Admita-se que o
objectivo é determinar o valor da tensão que actua numa pequena área δA , pertencente à
secção transversal S1 e contendo o ponto O. As forças que actuam nessa área elementar,
devidas à acção do material da parte C2 sobre o material da parte C1 , podem ser reduzidas a
uma resultante δQ . Se agora se contrair continuamente a área elementar δA , o valor limite da
relação δQ / δA dará o valor da tensão que actua na secção transversal S1 no ponto O, isto é,
t = limδQ
δA → 0 δA . (2.1)
S1
Figura 2.3 - Decomposição da tensão t numa componente normal, σ , e numa componente tangencial, τ , ao
plano S1 .
x3
E
G
σ3
τ31 τ32
F
dx3
H τ23
τ13 A
σ1 τ21 σ2
τ12
C
x1
B
dx1
x2 dx 2 D σ1 σ x
1
τ12 τx x
1 2
dv = dx1 × dx2 × dx3 σ2 σx τ13 τx x
2 1 3
σ3 σx 3
τ21 τx x
2 1
τ23 τx x
2 3
τ31 τx x
3 1
τ32 τx x
3 2
As tensões estão representadas por um conjunto de dois índices, em que o primeiro índice
indica a direcção da normal ao plano em que actua a tensão e o segundo índice indica o eixo
segundo o qual a tensão se exerce (notação de Von Karman). Assim, por exemplo, a tensão
que actua perpendicularmente às faces BDHF e ACGE será indicada por σ 11 (tensão
segundo o eixo dos x1 actuando num plano ortogonal a esse eixo). As componentes normais,
σ11 , σ 22 e σ 33 serão consideradas positivas quando produzem tracção e negativas quando
produzem compressão.
Em cada plano, além da tensão normal, também actuam duas componentes de tensão de corte.
Na notação adoptada, a tensão de corte, τ ij , é a tensão na direcção de x j actuando num plano
perpendicular ao eixo dos xi . Assim, a superfície BDHF está submetida às componentes de
tensão σ 11 , τ 12 e τ 13 , enquanto as superfícies DCGH e EFHG estão submetidas às
componentes σ 22 , τ 21 , τ 23 e σ 33 , τ 31 , τ 32 , respectivamente, pelo que o estado de tensão no
ponto A pode ser obtido a partir da entidade seguinte:
⎡σ 11 τ12 τ13 ⎤
⎢ ⎥
⎢τ 21 σ 22 τ 23 ⎥ (2.2)
⎢⎣τ 31 τ 32 σ 33 ⎥⎦
ΣQ 1 =0
ΣQ 2 =0, (2.3)
ΣQ 3 =0
dx1 ⎛ dτ ⎞ dx dx ⎛ dτ ⎞ dx
τ 12 dx2 dx3 + ⎜⎜τ 12 + 12 dx1 ⎟⎟dx2 dx3 1 − τ 21 dx1 dx3 2 − ⎜⎜ τ 21 + 21 dx2 ⎟⎟dx1 dx3 2 = 0
2 ⎝ dx1 ⎠ 2 2 ⎝ dx2 ⎠ 2 (2.4a)
τ 12 =τ 21
tendo-se desprezado as parcelas com infinitésimos de quarta ordem em face das parcelas com
infinitésimos de ordem inferior.
x3
σ3 + ∂σ3 dx3
∂x 3
∂τ
τ32 + 32 dx3
∂τ31 ∂x3
τ31 + dx3 σ1
∂x 3
τ12 dx3
σ2 τ21 τ 13
τ23 ∂τ23
τ23 + dx 2
∂x 2
τ 13+
∂τ31
dx3 σ2 + ∂σ2 dx 2
∂x 3 ∂x 2
∂τ ∂τ
τ12 + 12 dx1 τ21 + 21 dx 2
∂x1 ∂x 2
σ1 + ∂σ1 dx1 τ31 x2
∂x1 τ32
dx1
σ3
x1 dx 2
Figura 2.5 - Elemento de volume com dimensões infinitesimais dx1 , dx2 e dx 3 .
Procedendo-se de forma análoga em relação a eixos baricêntricos paralelos aos eixos dos x 2 e
dos x1 obtém-se:
τ 13 = τ 31 (2.4b)
τ 23 = τ 32 (2.4c)
respectivamente. Assim, das nove componentes do tensor das tensões, apenas seis
componentes são distintas.
As forças exteriores que actuam sobre um corpo podem ser agrupadas nas denominadas
forças de superfície, QS , e nas forças de massa ou de volume QV . As forças generalizadas
(forças e momentos) aplicadas em pontos do contorno corpo ou distribuídas na sua superfície
fazem parte das forças de superfície. As forças exercidas por outros corpos, a pressão
hidrostática e a pressão do vento são exemplos de forças de superfície actuando sobre
determinado corpo.
Considere-se então que o elemento de volume representado na Figura 2.5 está também sujeito
às forças de volume com componentes QV ,1 , QV , 2 e QV ,3 segundo os eixos x1 , x2 e x 3 ,
respectivamente. Assim, a equação de projecção das forças exteriores na direcção do eixo x1
conduz à seguinte expressão:
⎛ dσ ⎞ ⎛ dτ ⎞
⎜⎜ σ 11 + 11 dx1 ⎟⎟dx2 dx3 −σ 11 dx2 dx3 +⎜⎜τ 21 + 21 dx2 ⎟⎟dx1 dx3 −τ 21 dx1 dx3
⎝ dx1 ⎠ ⎝ dx2 ⎠
(2.5)
⎛ dτ ⎞
+⎜⎜τ 31 + 31 dx3 ⎟⎟dx1 dx2 −τ 31 dx1 dx2 +QV ,1 dx1 dx2 dx3 = 0
⎝ dx3 ⎠
resultando:
dσ 11 dτ 21 dτ 31
+ + + QV ,1 = 0. (2.6a)
dx1 dx 2 dx 3
dτ12 dσ 22 ∂τ 32
+ + + QV ,2 = 0 (2.6b)
dx1 dx 2 dx 3
e
dτ13 dτ 23 dσ 33
+ + + QV ,3 = 0 , (2.6c)
dx1 dx2 dx3
dσ ji
+ QV ,i = 0 (2.7)
dx j
x3
τ12 σ1
σ2 τ21 QS,3 τ13
τ23 QS,1
QS,2
τ31
τ32 x2
σ3
dA
x1 b)
(a)
3
^n
dA cosβ
γ dA cosα
dh
β
α
x2
dA
dA cosγ
x1
(b)
Figura 2.6 - Corpo sujeito a forças de superfície.
Efectuando a projecção na direcção do eixo dos x1 das forças exteriores que actuam no
tetraedro representado na Figura 2.6 obtém-se a seguinte equação:
1
QS ,1 dA − σ 11 dA cosα − τ 21 dA cos β − τ 31 dA cos γ + dh dA QV ,1 = 0. (2.8)
3
ou
As equações (2.9) são as de equilíbrio defenido do corpo, também conhecidas por equações
de contorno. Estas equações devem ser satisfeitas em cada um dos pontos do contorno do
corpo. Em notação indicial, as equações (2.8) reduzem-se à seguinte:
σ ji n j = Qs ,i . (2.10)
em que n j = [cos α cos β cos γ ] define a direcção (em relação ao referencial Ox1 x 2 x3 ) do
versor normal à faceta em que actuam as forças exteriores de superfície Q S .
As equações (2.7) e (2.10) definem completamente o estado de tensão do corpo. Significa isto
que, conhecidas as componentes da tensão num ponto, é possível, em função delas,
determinar a tensão em qualquer elemento de superfície considerado nesse ponto, seja qual
for a sua orientação.
Os deslocamentos que ocorrem na maior parte das estruturas sob condições de serviço são
pequenos quando comparados com as dimensões das estruturas. Neste trabalho
considerar-se-á que as estruturas sofrem deslocamentos pequenos, i.e., infinitesimais.
Qj
j
C uQj
uj
α
u Q2
u3
x3
Q4 u2
B
u1
A
x2
x1
Q1 Q3
O deslocamento num determinado ponto i, de coordenadas x1,i , x2,i , x3,i denotar-se-á por u i
e é constituído pelas seguintes componentes no sistema de eixos 0x1x2x3:
⎧ u1,i ⎫
⎪ ⎪
u i = ⎨u 2,i ⎬ = {u1,i u 2 ,i u3,i }T (2.11)
⎪u ⎪
⎩ 3, i ⎭
que é usualmente denominado de vector dos deslocamentos do ponto i. Note-se que o vector
deslocamento do ponto j , u j , não tem, em geral, a direcção de Q j (força aplicada no
ponto j ). A componente de u j na direcção de Q j ( u Qj ) obtém-se por intermédio da seguinte
equação:
u j =u j cos α ,
Q
(2.12)
θ = {θ1 θ2 θ3 } .
T
(2.13)
⎧u ⎫
U = ⎨ ⎬ = {u θ }
T
(2.15)
⎩θ ⎭
2.6 - Extensões
x1 Q1
A A' B B'
Secção
dx1 u1B = u1A + ( ) du1
dx1
dx1 Transversal
l
l'
Figura 2.8 - Barra sujeita a tracção uniaxial.
Esta barra tem um comprimento inicial l e está submetida a uma força Q na sua extremidade
direita e encontra-se fixa na sua extremidade esquerda. Como a força Q está dirigida segundo
o eixo da barra, denominado de eixo 0 x1 , atribui-se a designação de Q1 à força aplicada.
Devido à actuação da carga Q1 , a barra sofre um alongamento segundo o seu eixo. Por
exemplo, a secção A move-se para A’ ocorrendo um deslocamento u1 A = u1 e a secção B
move-se para B’ desenvolvendo um deslocamento u1B = u1 +(du1 / dx1 )dx1 . Desta forma, a
coordenada atribuída à secção A’ ( x1 A' ) será igual à coordenada atribuída à secção A ( x1 A )
mais o deslocamento u1 , isto é, x1 A' = x1 A + u1 , enquanto a coordenada atribuída à secção B’
( x1B ' ) será igual à coordenada atribuída à secção B ( x1B ) mais o deslocamento que B sofre ao
deslocar-se para B’, isto é, x1B ' = x1B +u1 +(du1 / dx1 )dx1 .
O comprimento do elemento de barra entre A' e B ' , A' B' , será obtido efectuando a
diferença entre x1B ' e x1 A' :
Assim, a extensão normal que a barra sofre segundo o seu eixo, ε11 , obtém-se por intermédio
da seguinte relação:
=
(l'−l )−0 = l'−l
l l
em que l' é o comprimento da barra após a sua deformação. Sendo ε11 a extensão segundo o
eixo x1 , que é o eixo da barra, atribui-se a esta extensão a designação de extensão axial,
longitudinal, ou normal.
du2
ε22 = (2.17b)
dx 2
e
du3
ε33 = . (2.17c)
dx 3
Considere-se três pontos OAB do corpo descarregado representado na Figura 2.9a. Admita-se
que esses três pontos definem dois segmentos de recta ortogonais, tal como se representa na
Figura 2.9a. Solicite-se agora esse corpo com um conjunto de forças exteriores. Sob estas
acções o corpo deforma-se, passando os pontos OAB para O’’A’’B’’. Da configuração
indeformada OAB para a configuração deformada final O’’A’’B’’ pode existir uma
configuração deformada intermédia O’A’B’ (ver Figura 2.9b). Nesta configuração deformada
intermédia podem ocorrer extensões dos segmentos OA e OB mas não haverão distorções,
dado que o segmento O ' A' mantém-se ortogonal ao segmento O ' B ' . Assim, o
Q1 B' B''
B B
A''
O A O A
Q2
a) Q3
b)
Figura 2.9 - Corpo descarregado (configuração indeformada), (a), e corpo carregado (configuração deformada)
(b).
Pode-se então definir como extensão de corte num ponto a variação do valor do coseno do
ângulo realizado por dois segmentos de recta que, no estado do corpo indeformado, formam
um ângulo recto entre si.
X2
du 1 dx
2
dx 2
B' B''
dx 2+ (du 2 / dx 2) dx 2
θ2 π _γ
__
2 12
A''
dx 2 du 2 dx
1
dx 1
θ 1
O A
dx 1
u1 dx +
1 (du 1/ dx 1 ) dx 1
X1
Assim,
⎛π ⎞
cos( A' 'O' 'B' ') = cos⎜ − γ 12 ⎟ = sinγ 12 . (2.18a)
⎝2 ⎠
cos( A' 'O' 'B' ') = cosθ 3' sin θ 3'' + sin θ 3' cosθ 3'' (2.19a)
cosθ 3' =
(1+∂u1 / ∂x1 )dx1 ; sinθ 3' =
(∂u2 / ∂x1 )dx1
O' 'A' ' O' 'A' '
(2.19b)
sinθ 3'' =
(∂u1 / ∂x2 )dx2 ; cosθ 3'' =
(1+∂u2 / ∂x2 )dx2
O' 'B' ' O ' 'B' '
pelo que:
2 2
⎛ ∂u ⎞ ⎛ ∂u ⎞
O' 'A' ' = ⎜⎜ dx1 + 1 dx1 ⎟⎟ +⎜⎜ 2 dx1 ⎟⎟
⎝ ∂x1 ⎠ ⎝ ∂x1 ⎠
2 2
∂u1 ⎛ ∂u1 ⎞ ⎛ ∂u ⎞
= dx1 1 + 2 +⎜ ⎟ +⎜⎜ 2 ⎟⎟ (2.21a)
∂x1 ⎜⎝ ∂x1 ⎟⎠ ⎝ ∂x1 ⎠
≅ dx1
X3
B B'
ds
dx 2 u2 ds'
u1A u3 dx' 3
dx 3 dx' 2
dx 1
u
A'
dx' 1
X3
X'3
X2
X1
X'1
X2
X'2
X1
Figura 2.11 - Deformação de um elemento definido por dois pontos (A e B) de um corpo.
Ao corpo é aplicado um conjunto de forças que lhe induzem um estado de deformação. Como
resultado, o ponto A move-se para A’ e o ponto B para B’. As coordenadas iniciais dos
pontos A e B são x1 , x 2 , x 3 e x1 + dx1 , x 2 + dx 2 , x 3 + dx 3 , respectivamente. Após a deformação
as coordenadas destes pontos (A’ e B’) passam a ser x '1 , x ' 2 , x ' 3 e
x '1 + dx '1 , x ' 2 + dx ' 2 , x 3 + dx ' 3 , respectivamente, conforme se representa na Figura 2.11. O
comprimento ds do segmento que une os pontos A e B, no corpo indeformado, é obtido por
intermédio da seguinte relação:
ds 2 = dx12 + dx 22 + dx 32 . (2.24)
u1 = x '1 − x1
u2 = x ' 2 − x 2 . (2.26)
u3 = x ' 3 − x 3
∂u1 ∂u ∂u
du1 = dx1 + 1 dx 2 + 1 dx 3
∂x1 ∂x 2 ∂x 3
∂u ∂u ∂u
du2 = 2 dx1 + 2 dx 2 + 2 dx 3 (2.27)
∂x1 ∂x 2 ∂x 3
∂u ∂u ∂u
du3 = 3 dx1 + 3 dx 2 + 3 dx 3
∂x1 ∂x 2 ∂x 3
ds' 2 = dx12 + dx 22 + dx 32 + 2du1 dx1 + 2du2 dx 2 + 2du3 dx 3 + du12 + du22 + du32 . (2.28)
⎧ ∂u 1 ⎡⎛ ∂u ⎞ 2 ⎛ ∂u ⎞2 ⎛ ∂u ⎞2 ⎤ ⎫
⎪ ⎪
ds '2 − ds 2 = 2⎨ 1 + ⎢⎜⎜ 1 ⎟⎟ + ⎜⎜ 2 ⎟⎟ + ⎜⎜ 3 ⎟⎟ ⎥ ⎬dx12
⎪⎩ ∂x1 2 ⎢⎣⎝ ∂x1 ⎠ ⎝ ∂x1 ⎠ ⎝ ∂x1 ⎠ ⎥⎦ ⎪⎭
⎧ ∂u 1 ⎡⎛ ∂u ⎞ 2 ⎛ ∂u ⎞ 2 ⎛ ∂u ⎞ 2 ⎤ ⎫
⎪ ⎪
+ 2⎨ 2 + ⎢⎜⎜ 1 ⎟⎟ + ⎜⎜ 2 ⎟⎟ + ⎜⎜ 3 ⎟⎟ ⎥ ⎬dx22
⎪⎩ ∂x2 2 ⎣⎢⎝ ∂x2 ⎠ ⎝ ∂x2 ⎠ ⎝ ∂x2 ⎠ ⎥⎦ ⎪⎭
⎧ ∂u 1 ⎡⎛ ∂u ⎞ 2 ⎛ ∂u ⎞ 2 ⎛ ∂u ⎞ 2 ⎤ ⎫
⎪ ⎪
+ 2⎨ 3 + ⎢⎜⎜ 1 ⎟⎟ + ⎜⎜ 2 ⎟⎟ + ⎜⎜ 3 ⎟⎟ ⎥ ⎬dx32
⎪⎩ ∂x3 2 ⎢⎣⎝ ∂x3 ⎠ ⎝ ∂x3 ⎠ ⎝ ∂x3 ⎠ ⎥⎦ ⎪⎭
⎛ ∂ u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ⎞
+ 2⎜⎜ 1 + 2 + 1 1 + 2 2 + 3 3 ⎟⎟dx1dx2
⎜ ∂x2 ∂x1 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2 ⎟
⎝ ⎠
⎛ ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ⎞
+ 2⎜⎜ 2 + 3 + 1 1 + 2 2 + 3 3 ⎟⎟dx2 dx3
⎜ ∂x3 ∂x2 ∂x2 ∂x3 ∂x2 ∂x3 ∂x2 ∂x3 ⎟
⎝ ⎠
⎛ ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ⎞
+ 2⎜⎜ 1 + 3 + 1 1 + 2 2 + 3 3 ⎟⎟dx1dx3
⎜ ∂x3 ∂x1 ∂x1 ∂x3 ∂x1 ∂x3 ∂x1 ∂x3 ⎟
⎝ ⎠
. (2.30a)
Note-se que ds , − ds2 é nulo se não ocorrer deslocamento relativo entre os pontos A e B
2
quando estes se movem para A’ e B’ durante a deformação imposta pelas forças exteriores que
actuam no corpo. Esta situação corresponderia a um movimento de corpo rígido. Para
ds , − ds2 diferente de valor nulo, o segmento AB mudou de comprimento, i.e., o sólido
2
deforma-se. Assim, ds , − ds2 pode ser escolhido como uma medida apropriada da
2
em que,
∂u 1 ⎡⎛ ∂u1 ⎞ ⎛ ∂u2 ⎞ ⎤
2 2 2
⎛ ∂u ⎞
ε11 = 1 + ⎢⎜ ⎟ + ⎜ ⎟ + ⎜ 3⎟ ⎥ (2.31a)
∂x1 2 ⎢⎣⎝ ∂x1 ⎠ ⎝ ∂x1 ⎠ ⎝ ∂x1 ⎠ ⎥⎦
ε22 = + ⎢⎜ ⎟ +⎜ ⎟ +⎜ ⎟ ⎥ (2.31b)
∂x2 2 ⎣⎢⎝ ∂x2 ⎠ ⎝ ∂x2 ⎠ ⎝ ∂x2 ⎠ ⎥⎦
ε33 = + ⎢⎜ ⎟ +⎜ ⎟ + ⎜ 3⎟ ⎥ (2.31c)
∂x3 2 ⎢⎣⎝ ∂x3 ⎠ ⎝ ∂x3 ⎠ ⎝ ∂x3 ⎠ ⎥⎦
εik =
1
(
u + u k ,i + ul ,i ul , k
2 i ,k
) (2.32)
∂ui
ui ,k = . (2.33)
∂x k
A entidade εik estabelecida em (2.32) denomina-se de tensor das extensões de Green, apesar
de ser usualmente considerada como tendo sido introduzida por Green e Saint-Venant. Em
engenharia utiliza-se, correntemente, em vez de εik ( c / i ≠ k ) o γ ik , em que
γ ik = 2εik p / i ≠ k (2.34)
∂u1
ε11 = =u1,1
∂x1
∂u
ε 22 = 2 =u2, 2
∂x 2
∂u
ε 33 = 3 =u3,3
∂x3
(2.35)
∂u ∂u
γ 12 = 1 + 2 =u1, 2 + u2,1
∂x2 ∂x1
∂u ∂ u
γ 23 = 2 + 3 = u2,3 + u3, 2
∂x3 ∂x2
∂ u ∂u
γ 31 = 3 + 1 =u3,1 + u1,3
∂x1 ∂x3
εik =
1
(
u + u k ,i .
2 i ,k
) (2.36)
sendo apenas seis as componentes independentes. Note-se que as equações (2.35) são agora
lineares.
Apesar de ser necessário conhecer o valor das seis componentes do tensor das extensões,
(2.37), as equações (2.35) ou (2.36) contêm apenas três componentes de
deslocamento: u1 , u2 , u3 . Assim, este sistema de equações não possui uma solução única, pelo
que as componentes independentes do tensor das extensões deverão satisfazer algumas
condições adicionais. Considere-se, por exemplo, a derivada de γ 12 em relação a x1 e x 2 :
∂ 2 γ 12 ∂ 2 ∂u1 ∂ 2 ∂u2
= + . (2.38)
∂x1∂x 2 ∂x1∂x 2 ∂x 2 ∂x1∂x 2 ∂x1
∂2 f ∂2 f
= (2.39)
∂x1∂x 2 ∂x 2 ∂x1
pelo que,
∂ 2γ 12 ∂ 2 ∂u1 ∂ 2 ∂u2
= + . (2.40)
∂x1∂x2 ∂x22 ∂x1 ∂x12 ∂x2
Como ε11 = ∂u1 / ∂x1 e ε22 = ∂u2 / ∂x2 então (2.40) reduz-se à seguinte relação:
∂ 2 γ 12 ∂ 2ε11 ∂ 2ε22
= + (2.41a)
∂x1∂x2 ∂x22 ∂x12
o que significa que para se obter uma solução única no campo dos deslocamentos as
extensões não podem ser independentes entre si. Por raciocínio semelhante obter-se-iam as
seguintes restantes equações de compatibilidade:
∂ 2γ 23 ∂ 2ε 22 ∂ 2ε 33
= + (2.41b)
∂x2∂x3 ∂x32 ∂x22
∂ 2γ 31 ∂ 2ε 33 ∂ 2ε11
= + (2.41c)
∂x3∂x1 ∂x12 ∂x32
∂ 2ε 33 ∂ ⎛ ∂ γ 12 ∂ γ 23 ∂ γ 31 ⎞
2 = ⎜− + − ⎟ (2.41d)
∂x1∂x2 ∂x3 ⎜⎝ ∂x3 ∂x1 ∂x2 ⎟⎠
∂ 2ε11 ∂ ⎛ ∂ γ 23 ∂ γ 31 ∂ γ 12 ⎞
2 = ⎜− + + ⎟ (2.41e)
∂x2∂x3 ∂x1 ⎜⎝ ∂x1 ∂x2 ∂x3 ⎟⎠
∂ 2ε 22 ∂ ⎛ ∂ γ 31 ∂ γ 12 ∂ γ 23 ⎞
2 = ⎜− + + ⎟ (2.41f)
∂x3∂x1 ∂x2 ⎜⎝ ∂x2 ∂x3 ∂x1 ⎟⎠
X3
11
X2
l1
l3
l2
11
X1
Figura 2.12 - Barra sob estado de tensão uniforme σ 11 .
Se nas faces x1 = l 1 e x1 = 0 for aplicado um estado de tensão uniforme σ11 , sabe-se, pelas
experiências realizadas por Robert Hooke, que a barra alongará de uma quantidade ∆l 1 ,
sofrendo assim uma extensão
∆l 1
ε11 = (2.42)
l1
que se relaciona com a tensão σ11 por intermédio da denominada lei de Hooke:
sendo E o módulo de elasticidade longitudinal do material. Sob o estado de tensão σ11 , além
da extensão ε11 , desenvolvem-se extensões nas direcções x 2 e x 3 ,
∆l 2 ∆l
ε 22 = , ε 33 = 3 (2.44)
l2 l3
x3
x2
l3
l1
l2
x1
Figura 2.13 - Deformações na barra impostas pelo estado de tensão σ 11 .
As extensões ε22 e ε33 relacionam-se com a extensão ε11 por intermédio das seguintes
relações:
σ 11 σ 11
ε 22 =−υε11 =− υ , ε 33 =−υε11 =− υ (2.45)
E E
Se a barra representada na Figura 2.12 estiver submetida nas suas faces à acção simultânea de
um campo de tensões uniforme σ 11 , σ 22 e σ 33 , desenvolvem-se as seguintes extensões:
ε11 = [σ 11 −υ (σ 22 +σ 33 )]
1
(2.46a)
E
ε 22 = [σ 22 −υ (σ 33 +σ 11 )]
1
(2.46b)
E
ε 33 = [σ 33 −υ (σ 11 +σ 22 )]
1
(2.46c)
E
em que se aplicou o princípio da sobreposição dos efeitos dado tratar-se de um material com
comportamento linear e elástico. Assim, as expressões (2.46) podem ser obtidas adicionando
os efeitos produzidos pela actuação separada de σ11 , σ 22 e σ 33 . Sob a actuação de σ 11
desenvolvem-se as seguintes componentes de extensão:
σ 11 σ 11 σ 11
ε11 = ; ε22 = − υ ; ε33 = − υ . (2.47a)
E E E
σ 22 σ 22 σ 22
ε11 = − υ ; ε22 = ; ε33 = − υ . (2.47b)
E E E
σ 33 σ 33 σ 33
ε11 = − υ ; ε22 = − υ ; ε33 = . (2.47c)
E E E
τ12 τ 23 τ 31
γ 12 = ; γ 23 = ; γ 31 = (2.48)
G G G
em que
E
G= (2.49)
2 (1 + υ )
Se o prisma representado na Figura 2.12, além de solicitado pela tensão σ11 , estiver submetido
a uma variação de temperatura ∆t desenvolvem-se as seguintes extensões:
σ 11
ε11 = + α ∆t (2.50a)
E
σ 11
ε22 = − υ + α ∆t (2.50b)
E
σ 11
ε33 = − υ + α ∆t (2.50c)
E
em que α é o coeficiente de dilatação térmica do material com valor da ordem de 10-5 para os
betões e para os aços. Se o corpo estiver submetido, simultaneamente, a tensões σ 11 , σ 22 e
σ 33 e à variação de temperatura ∆t desenvolver-se-ão as seguintes extensões:
⎡ ε11 ⎤ ⎡ 1 −ν −ν 0 0 0 ⎤ ⎡σ 11 ⎤
⎢ε ⎥ ⎢− ν 1 −ν 0 0 0 ⎥ ⎢σ ⎥
⎢ 22 ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ 22 ⎥
⎢ ε33 ⎥ 1 ⎢− ν −ν 1 0 0 0 ⎥ ⎢σ 33 ⎥
⎢ ⎥= ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ (2.52a)
⎢γ 12 ⎥ E ⎢ 0 0 0 2(1 + ν ) 0 0 ⎥ ⎢ τ12 ⎥
⎢γ 23 ⎥ ⎢ 0 0 0 0 2(1 + ν ) 0 ⎥ ⎢ τ 23 ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣γ 31 ⎦ ⎣ 0 0 0 0 0 2(1 + ν ) ⎦ ⎣ τ 31 ⎦
ou
ε =Cσ (2.52b)
em que
ε = {ε11 ε 22 ε 33 γ 12 γ 23 γ 31}T (2.53)
em que
C t = α ∆t{1 1 1 0 0 0}
T
(2.56)
σ = C −1 ε
(2.57)
= Dε
⎡1 − υ υ υ 0 0 0 ⎤
⎢ υ 1− υ υ 0 0 0 ⎥
⎢ ⎥
⎢ υ υ 1− υ 0 0 0 ⎥
E ⎢ 1 − 2υ ⎥
D= ⎢ 0 0 0 0 0 ⎥. (2.58)
(1 + υ ) (1 − 2υ ) ⎢ 2
⎥
1 − 2υ
⎢ 0 0 0 0 0 ⎥
⎢ 2 ⎥
⎢ 0 1 − 2υ ⎥
⎢⎣ 0 0 0 0
2 ⎥⎦
σ = D ε + Dt (2.59)
em que
Eα ∆t
D t =− {1 1 1 0 0 0}T (2.60)
1 − 2υ
Existem estruturas que, pelo seu modo de funcionamento, podem ser consideradas como
estando submetidas a estado plano de tensão ou a estado plano de deformação. As vigas altas
e as paredes são exemplos de estruturas submetidas a estado plano de tensão, dado que é nula
a tensão normal ao plano da estrutura, σ 33 = 0 . Por sua vez, os túneis, as barragens de
elevado comprimento longitudinal e os muros de suporte de terras são exemplos de estruturas
que podem ser consideradas sob estado plano de deformação, dado que é nula a extensão
normal ao plano da estrutura, ε 33 = 0 .
Uma estrutura é considerada em estado plano de tensão se for geometricamente plana e se for
nula a tensão normal ao plano da estrutura. Assim, se a estrutura estiver inscrita, por exemplo,
no plano definido pelos eixos 0 x1 e 0 x 2 , então σ 33 = τ 23 = τ 31 = 0 , dado que as acções que
solicitam essa estrutura actuam no plano da estrutura, isto é, no plano x1 x2 . Neste caso as
relações (2.55) e (2.59) passam a apresentar a seguinte configuração:
⎡ ε11 ⎤ ⎡ 1 −υ 0 ⎤ ⎡σ 11 ⎤ ⎡1⎤
⎢ ⎥ 1 ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ε22 ⎥ = E ⎢− υ 1 0 ⎥ ⎢σ 22 ⎥ + α ∆t ⎢1⎥ , (2.61)
⎢⎣γ 12 ⎥⎦ ⎢⎣ 0 0 2(1 + υ ) ⎥⎦ ⎢⎣ τ 12 ⎥⎦ ⎢⎣0⎥⎦
⎡ ⎤
⎡σ 11 ⎤ ⎢1 υ 0 ⎥ ⎡ ε11 ⎤ ⎡1⎤
⎢ ⎥ E ⎢υ 1 ⎢ ⎥ E α ∆t ⎢ ⎥
⎢σ 22 ⎥ = 1 − υ 2 0 ⎥ ⎢ε22 ⎥ − 1 − υ ⎢1⎥. (2.62)
⎢ 1− υ ⎥
⎢⎣ τ 12 ⎥⎦ ⎢0 0 ⎥ ⎢⎣γ 12 ⎥⎦ ⎢⎣0⎥⎦
⎣ 2 ⎦
Note-se que em estado plano de tensão a extensão ε33 pode ser diferente de zero, sendo o seu
valor obtido atribuindo o valor nulo a σ 33 na equação (2.46c) resultando:
υ (σ 11 + σ 22 )
ε33 = − . (2.63)
E
⎡ ε11 ⎤ ⎡1 − υ − υ 0⎤ ⎡σ 11 ⎤ ⎡1⎤
⎢ ⎥ 1+ υ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ε22 ⎥ = E ⎢ − υ 1 − υ 0⎥ ⎢σ 22 ⎥ + (1 + υ ) α∆ t ⎢1⎥ , (2.64)
⎢⎣γ 12 ⎥⎦ ⎢⎣ 0 0 2⎥⎦ ⎢⎣ τ 12 ⎥⎦ ⎢⎣0⎥⎦
⎡ ⎤
⎡σ 11 ⎤ ⎢1 − υ υ 0 ⎥ ⎡ ε11 ⎤ ⎡1⎤
⎢ ⎥ E
⎢ υ ⎢ ⎥ E α ∆t ⎢ ⎥
⎢σ 22 ⎥ = (1 + υ )(1 − 2υ ) 1− υ 0 ⎥ ⎢ε22 ⎥ − 1 − 2υ ⎢1⎥. (2.65)
⎢ 1 − 2υ ⎥
⎢⎣ τ12 ⎥⎦ ⎢ 0 0 ⎥ ⎢⎣γ 12 ⎥⎦ ⎢⎣0⎥⎦
⎣ 2 ⎦
Note-se que em estado plano de deformação σ 33 pode ser não nula. O seu valor é obtido a
partir da equação (2.46c) tendo em conta que agora ε33 = 0 , pelo que:
0=
1
[
σ − υ (σ 11 + σ 22 )
E 33
] (2.66a)
resultando
σ 33 = υ (σ11 + σ 22 ) . (2.66b)
As barras de estruturas articuladas, isto é, de estruturas constituídas por barras com rótulas
nas suas extremidades estão submetidas ao caso mais simples de estado de tensão e de
extensão, dado que só têm uma componente de tensão e correspondente componente de
1
ε11 = σ + α∆ t (2.67)
E 11
e
σ 11 = E ε11 − E α ∆t (2.68)