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Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA TEORIA DA ELASTICIDADE

2.1 - Introdução

No presente capítulo são apresentados de um modo sucinto os conceitos básicos da teoria da


elasticidade, nomeadamente, de elasticidade, homogeneidade, isotropia, tensão e extensão. É
definido o tensor das tensões e o correspondente tensor das extensões. Com base nas equações
de equilíbrio definido e indefinido são estabelecidas relações entre as componentes do tensor
das tensões . As equações de compatibilidade são definidas a partir das componentes do
tensor das extensões. Finalmente são estabelecidas as relações tensão-extensão (leis
constitutivas do material) para os materiais com elasticidade linear, homogéneos e
isotrópicos.

2.2 - Conceitos de elasticidade, homogeneidade e isotropia

Um corpo tem comportamento elástico se após a retirada das acções que sobre ele actuam
retomar a sua forma inicial (ver Figura 2.1).

l l l

∆l u
Forma inicial Forma final
F=F1

Força F

F1

u = ∆l Deslocamento u

Comp. Comp.
linear não-linear

Figura 2.1 - Relação força-deslocamento numa barra à tracção.

Joaquim Barros 2.1


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Nesta publicação a matéria que constitui um corpo considera-se sempre homogénea, de tal
forma que o menor elemento retirado do corpo possui as propriedades físicas específicas
desse corpo. Um corpo será também considerado isotrópico, isto é, as suas propriedades
elásticas são consideradas iguais em todas as direcções.

Quando as propriedades elásticas do material são diferentes em direcções distintas, de que são
exemplo a maior parte dos materiais compósitos (Barros 1989), o material pode apresentar
comportamento ortotrópico ou anisotrópico. Os materiais têm comportamento ortotrópico
quando as propriedades num plano são iguais, mas distintas das que ocorrem numa direcção
ortogonal a esse plano. Terá comportamento anisotrópico quando as propriedades diferem
com a direcção considerada.

2.3 - Conceito de tensão num ponto e de tensor das tensões

A noção intuitiva de tensão é a de força por unidade de área. A tensão pode variar de ponto
para ponto no interior de um corpo, e ainda com a orientação do plano que passa por esse
ponto. Trata-se de um conceito matemático que permite determinar se esse corpo satisfaz os
critérios de segurança exigidos, isto é, se a tensão máxima instalada é inferior à que o material
resiste.

Se ao corpo em equilíbrio representado na Figura 2.2 for aplicado um sistema de forças


exteriores Qi c/ i=1,…7 desenvolvem-se forças internas entre as possíveis partes em que o
corpo se pode dividir.

Q1
x3
Q7 Q2

C2
σ
O
δA x2
C1

Q6
S1 Q3

x1
Q5 Q4

Figura 2.2 - Corpo submetido a um conjunto de forças exteriores Qi .

Considere-se o corpo dividido em duas partes, C1 e C2 , por intermédio da secção S1 que


contém o ponto O. Tomando-se, por exemplo, a parte C1 do corpo, pode-se afirmar que ela
está em equilíbrio sob a acção das forças externas Q5 , Q6 e Q7 e das forças internas
distribuídas na secção transversal S1 , que representam as acções que o material da parte C2

Joaquim Barros 2.2


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do corpo exercia sobre o material da parte C1 . Admite-se que as forças internas distribuem-se
continuamente na área S1 , pelo que se trata de um conceito de tensão, isto é,

Q
Tensão = t =
A

em que A é a área da secção transversal S1 do corpo e Q é a resultante das forças internas


distribuídas em S1 .

No caso geral da Figura 2.2, a tensão não se distribui uniformemente em S1 . Admita-se que o
objectivo é determinar o valor da tensão que actua numa pequena área δA , pertencente à
secção transversal S1 e contendo o ponto O. As forças que actuam nessa área elementar,
devidas à acção do material da parte C2 sobre o material da parte C1 , podem ser reduzidas a
uma resultante δQ . Se agora se contrair continuamente a área elementar δA , o valor limite da
relação δQ / δA dará o valor da tensão que actua na secção transversal S1 no ponto O, isto é,

t = limδQ
δA → 0 δA . (2.1)

A direcção de t é a direcção de δQ . No caso geral, a direcção da tensão é inclinada em


relação ao plano sobre o qual actua, podendo, por isso, ser decomposta em duas componentes:
uma tensão normal, σ , ortogonal ao plano, e uma tensão de corte, τ , tangencial ao plano, tal
como se representa na Figura 2.3.

direcção perpendicular ao plano S1

S1

Figura 2.3 - Decomposição da tensão t numa componente normal, σ , e numa componente tangencial, τ , ao
plano S1 .

Considere-se o corpo de volume infinitesimal (muito pequeno) dV , com forma de um


paralelipípedo de lados dx1 , dx2 e dx3 e em equilíbrio, representado na Figura 2.4. A tensão
resultante, t , no ponto A pode ser decomposta nas tensões que actuam nas faces do referido
elemento de volume e que está orientado segundo o sistema ortogonal ox1 x 2 x 3 . A notação
para as componentes de tensão que actuam nas faces deste elemento e os sentidos tomados
como positivos são os indicados na Figura 2.4.
Joaquim Barros 2.3
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x3
E
G
σ3

τ31 τ32
F
dx3
H τ23
τ13 A
σ1 τ21 σ2
τ12
C
x1
B
dx1
x2 dx 2 D σ1 σ x
1
τ12 τx x
1 2
dv = dx1 × dx2 × dx3 σ2 σx τ13 τx x
2 1 3

σ3 σx 3
τ21 τx x
2 1

τ23 τx x
2 3

τ31 τx x
3 1

τ32 τx x
3 2

Figura 2.4 - Tensões que actuam num paralelepípedo de volume infinitesimal.

As tensões estão representadas por um conjunto de dois índices, em que o primeiro índice
indica a direcção da normal ao plano em que actua a tensão e o segundo índice indica o eixo
segundo o qual a tensão se exerce (notação de Von Karman). Assim, por exemplo, a tensão
que actua perpendicularmente às faces BDHF e ACGE será indicada por σ 11 (tensão
segundo o eixo dos x1 actuando num plano ortogonal a esse eixo). As componentes normais,
σ11 , σ 22 e σ 33 serão consideradas positivas quando produzem tracção e negativas quando
produzem compressão.

Em cada plano, além da tensão normal, também actuam duas componentes de tensão de corte.
Na notação adoptada, a tensão de corte, τ ij , é a tensão na direcção de x j actuando num plano
perpendicular ao eixo dos xi . Assim, a superfície BDHF está submetida às componentes de
tensão σ 11 , τ 12 e τ 13 , enquanto as superfícies DCGH e EFHG estão submetidas às
componentes σ 22 , τ 21 , τ 23 e σ 33 , τ 31 , τ 32 , respectivamente, pelo que o estado de tensão no
ponto A pode ser obtido a partir da entidade seguinte:

⎡σ 11 τ12 τ13 ⎤
⎢ ⎥
⎢τ 21 σ 22 τ 23 ⎥ (2.2)
⎢⎣τ 31 τ 32 σ 33 ⎥⎦

que se denomina de tensor das tensões.

2.4 - Equações de equilíbrio definido e indefinido

Joaquim Barros 2.4


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Considere-se o elemento de volume infinitesimal dV, de forma paralelepipédica representado


na Figura 2.5. As tensões que actuam nas faces deste corpo estão ilustradas na figura. O
operador genérico ∂σ ij ∂x j representa a variação da componente de tensão σ ij com o
incremento segundo o eixo x j . Para que o elemento de volume se mantenha em equilíbrio é
necessário que cumpra as condições de equilíbrio de forças segundo os eixos x1 , x 2 e x 3 :

ΣQ 1 =0
ΣQ 2 =0, (2.3)
ΣQ 3 =0

e as equações de equilíbrio de momentos segundo os eixos x1 , x 2 e x 3 . Assim, considerando,


por exemplo, a rotação do elemento de volume em relação ao eixo baricêntrico paralelo ao
eixo dos x3 e calculando o momento em relação a esse eixo obtém-se (ver Figura 2.5),

dx1 ⎛ dτ ⎞ dx dx ⎛ dτ ⎞ dx
τ 12 dx2 dx3 + ⎜⎜τ 12 + 12 dx1 ⎟⎟dx2 dx3 1 − τ 21 dx1 dx3 2 − ⎜⎜ τ 21 + 21 dx2 ⎟⎟dx1 dx3 2 = 0
2 ⎝ dx1 ⎠ 2 2 ⎝ dx2 ⎠ 2 (2.4a)
τ 12 =τ 21

tendo-se desprezado as parcelas com infinitésimos de quarta ordem em face das parcelas com
infinitésimos de ordem inferior.

x3

σ3 + ∂σ3 dx3
∂x 3
∂τ
τ32 + 32 dx3
∂τ31 ∂x3
τ31 + dx3 σ1
∂x 3
τ12 dx3
σ2 τ21 τ 13
τ23 ∂τ23
τ23 + dx 2
∂x 2
τ 13+
∂τ31
dx3 σ2 + ∂σ2 dx 2
∂x 3 ∂x 2
∂τ ∂τ
τ12 + 12 dx1 τ21 + 21 dx 2
∂x1 ∂x 2
σ1 + ∂σ1 dx1 τ31 x2
∂x1 τ32
dx1
σ3
x1 dx 2
Figura 2.5 - Elemento de volume com dimensões infinitesimais dx1 , dx2 e dx 3 .

Procedendo-se de forma análoga em relação a eixos baricêntricos paralelos aos eixos dos x 2 e
dos x1 obtém-se:

Joaquim Barros 2.5


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τ 13 = τ 31 (2.4b)
τ 23 = τ 32 (2.4c)

respectivamente. Assim, das nove componentes do tensor das tensões, apenas seis
componentes são distintas.

As forças exteriores que actuam sobre um corpo podem ser agrupadas nas denominadas
forças de superfície, QS , e nas forças de massa ou de volume QV . As forças generalizadas
(forças e momentos) aplicadas em pontos do contorno corpo ou distribuídas na sua superfície
fazem parte das forças de superfície. As forças exercidas por outros corpos, a pressão
hidrostática e a pressão do vento são exemplos de forças de superfície actuando sobre
determinado corpo.

Conforme o nome sugere, as forças de massa ou de volume, QV , são proporcionais à massa


ou ao volume do corpo. As forças que se exercem num determinado corpo devidas à
aceleração da gravidade, as forças magnéticas e as forças de inércia (no caso do corpo estar
em movimento) são exemplos de forças de massa ou de volume.

Considere-se então que o elemento de volume representado na Figura 2.5 está também sujeito
às forças de volume com componentes QV ,1 , QV , 2 e QV ,3 segundo os eixos x1 , x2 e x 3 ,
respectivamente. Assim, a equação de projecção das forças exteriores na direcção do eixo x1
conduz à seguinte expressão:

⎛ dσ ⎞ ⎛ dτ ⎞
⎜⎜ σ 11 + 11 dx1 ⎟⎟dx2 dx3 −σ 11 dx2 dx3 +⎜⎜τ 21 + 21 dx2 ⎟⎟dx1 dx3 −τ 21 dx1 dx3
⎝ dx1 ⎠ ⎝ dx2 ⎠
(2.5)
⎛ dτ ⎞
+⎜⎜τ 31 + 31 dx3 ⎟⎟dx1 dx2 −τ 31 dx1 dx2 +QV ,1 dx1 dx2 dx3 = 0
⎝ dx3 ⎠

resultando:

dσ 11 dτ 21 dτ 31
+ + + QV ,1 = 0. (2.6a)
dx1 dx 2 dx 3

Estabelecendo as equações de projecção das forças exteriores na direcção dos eixos x2 e x3


obtém-se,

dτ12 dσ 22 ∂τ 32
+ + + QV ,2 = 0 (2.6b)
dx1 dx 2 dx 3
e
dτ13 dτ 23 dσ 33
+ + + QV ,3 = 0 , (2.6c)
dx1 dx2 dx3

respectivamente. As relações (2.6) denominam-se de equações de equilíbrio indefinido do


corpo, também conhecidas por equações de Cauchy, que devem ser satisfeitas em cada ponto
do interior do corpo. Em notação indicial estas equações resumem-se na seguinte:

Joaquim Barros 2.6


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dσ ji
+ QV ,i = 0 (2.7)
dx j

em que QV ,i c/ i=1,…,3 representa as componentes das forças de volume por unidade de


volume. Segundo a notação indicial a repetição de um índice num termo significa um
somatório. Assim, em (2.7) dσ ji / dx j = dσ 1i / dx1 + dσ 2i / dx2 + dσ 3i / dx3 . Note-se que se
i = 1 então σ 21 e σ 31 representam tensões de corte, passando a representarem-se por τ 21 e
τ 31 , respectivamente.

Na superfície de um corpo actuam forças de superfície QS com componentes QS ,1 , QS ,2 e


QS ,3 segundo os eixos x1 , x2 e x 3 , conforme se representa na Figura 2.6a.

x3

τ12 σ1
σ2 τ21 QS,3 τ13

τ23 QS,1
QS,2
τ31
τ32 x2
σ3
dA
x1 b)
(a)
3

^n
dA cosβ
γ dA cosα
dh
β
α

x2
dA
dA cosγ
x1
(b)
Figura 2.6 - Corpo sujeito a forças de superfície.

Efectuando a projecção na direcção do eixo dos x1 das forças exteriores que actuam no
tetraedro representado na Figura 2.6 obtém-se a seguinte equação:

1
QS ,1 dA − σ 11 dA cosα − τ 21 dA cos β − τ 31 dA cos γ + dh dA QV ,1 = 0. (2.8)
3

Diminuindo continuamente a altura dh do tetraedo obtém-se no limite ( dh → 0) :

QS ,1 − σ 11 cosα − τ 2 1 cos β − τ 31 cos γ = 0

Joaquim Barros 2.7


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ou

σ 11 cosα + τ 21 cos β + τ 31 cos γ = QS ,1 . (2.9a)

As equações de projecção das forças exteriores (segundo os eixos x 2 e x 3 ) obtém-se de


maneira semelhante:

τ 12 cos α + σ 22 cos β + τ 32 cos γ = QS , 2 (2.9b)


τ 13 cos α + τ 23 cos β + σ 33 cos γ = QS ,3 . (2.9c)

As equações (2.9) são as de equilíbrio defenido do corpo, também conhecidas por equações
de contorno. Estas equações devem ser satisfeitas em cada um dos pontos do contorno do
corpo. Em notação indicial, as equações (2.8) reduzem-se à seguinte:

σ ji n j = Qs ,i . (2.10)

em que n j = [cos α cos β cos γ ] define a direcção (em relação ao referencial Ox1 x 2 x3 ) do
versor normal à faceta em que actuam as forças exteriores de superfície Q S .

As equações (2.7) e (2.10) definem completamente o estado de tensão do corpo. Significa isto
que, conhecidas as componentes da tensão num ponto, é possível, em função delas,
determinar a tensão em qualquer elemento de superfície considerado nesse ponto, seja qual
for a sua orientação.

2.5 - Deslocamento correspondente e deslocamentos generalizados

Os deslocamentos que ocorrem na maior parte das estruturas sob condições de serviço são
pequenos quando comparados com as dimensões das estruturas. Neste trabalho
considerar-se-á que as estruturas sofrem deslocamentos pequenos, i.e., infinitesimais.

Na Figura 2.7 representa-se um corpo submetido a um conjunto de forças Qm . Em geral estas


forças causam deslocamentos em todos os pontos do corpo, excepto nos que estão impedidos
de se deslocar, por se encontrarem ligados ao exterior, como é o caso dos pontos A, B e C.

Joaquim Barros 2.8


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Qj
j
C uQj
uj
α
u Q2
u3

x3
Q4 u2
B
u1
A
x2
x1

Q1 Q3

Figura 2.7 - Deslocamentos num corpo submetido a um conjunto de forças Qm .

O deslocamento num determinado ponto i, de coordenadas x1,i , x2,i , x3,i denotar-se-á por u i
e é constituído pelas seguintes componentes no sistema de eixos 0x1x2x3:

⎧ u1,i ⎫
⎪ ⎪
u i = ⎨u 2,i ⎬ = {u1,i u 2 ,i u3,i }T (2.11)
⎪u ⎪
⎩ 3, i ⎭

que é usualmente denominado de vector dos deslocamentos do ponto i. Note-se que o vector
deslocamento do ponto j , u j , não tem, em geral, a direcção de Q j (força aplicada no
ponto j ). A componente de u j na direcção de Q j ( u Qj ) obtém-se por intermédio da seguinte
equação:

u j =u j cos α ,
Q
(2.12)

sendo correntemente denominado de deslocamento correspondente. Em qualquer ponto do


corpo existe, em geral, além dos deslocamentos u , também rotações θ . No caso de um corpo
tridimensional o vector da rotação de determinado ponto tem três componentes de rotação,
uma segundo cada eixo do referencial 0 x1 x 2 x 3 :

θ = {θ1 θ2 θ3 } .
T
(2.13)

Assim, no caso geral, em determinado ponto de um corpo desenvolvem-se três deslocamentos


e três rotações:

Joaquim Barros 2.9


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T
⎧ ⎫
⎪ ⎪
U = ⎨u1 u2 u3 θ1 θ2 θ3 ⎬ (2.14)
1
424 31 424 3

⎩ u θ ⎪⎭

⎧u ⎫
U = ⎨ ⎬ = {u θ }
T
(2.15)
⎩θ ⎭

em que U é correntemente denominado de vector dos deslocamentos generalizados.

2.6 - Extensões

2.6.1 - Extensões normais

Considere-se um corpo com comportamento unidimensional, como é o caso da barra


representada na Figura 2.8.

x1 Q1
A A' B B'
Secção
dx1 u1B = u1A + ( ) du1
dx1
dx1 Transversal
l
l'
Figura 2.8 - Barra sujeita a tracção uniaxial.

Esta barra tem um comprimento inicial l e está submetida a uma força Q na sua extremidade
direita e encontra-se fixa na sua extremidade esquerda. Como a força Q está dirigida segundo
o eixo da barra, denominado de eixo 0 x1 , atribui-se a designação de Q1 à força aplicada.
Devido à actuação da carga Q1 , a barra sofre um alongamento segundo o seu eixo. Por
exemplo, a secção A move-se para A’ ocorrendo um deslocamento u1 A = u1 e a secção B
move-se para B’ desenvolvendo um deslocamento u1B = u1 +(du1 / dx1 )dx1 . Desta forma, a
coordenada atribuída à secção A’ ( x1 A' ) será igual à coordenada atribuída à secção A ( x1 A )
mais o deslocamento u1 , isto é, x1 A' = x1 A + u1 , enquanto a coordenada atribuída à secção B’
( x1B ' ) será igual à coordenada atribuída à secção B ( x1B ) mais o deslocamento que B sofre ao
deslocar-se para B’, isto é, x1B ' = x1B +u1 +(du1 / dx1 )dx1 .

O comprimento do elemento de barra entre A' e B ' , A' B' , será obtido efectuando a
diferença entre x1B ' e x1 A' :

Joaquim Barros 2.10


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A'B ' = x1B ' − x1 A'


= ( x1B + u1B ) − x1 A'
. (2.16)
= [( x1 A + dx1 ) + u1 + (du1 / dx1 )dx1 ]− (x1 A + u1 )
= dx1 + (du1 / dx1 )dx1

Assim, a extensão normal que a barra sofre segundo o seu eixo, ε11 , obtém-se por intermédio
da seguinte relação:

aumento de comprimento do segmento AB


ε11=
comprimento inicial do segmento AB
. (2.17a)
A' B'− AB [dx1+(du1 / dx1 )dx1 ]−dx1 du1
= = =
AB dx1 dx1

Se du1 dx1 for constante ao longo do comprimento da barra, então,

du1 u1 na extremidade livre − u1 na extremidade fixa


=
dx1 l

=
(l'−l )−0 = l'−l
l l

em que l' é o comprimento da barra após a sua deformação. Sendo ε11 a extensão segundo o
eixo x1 , que é o eixo da barra, atribui-se a esta extensão a designação de extensão axial,
longitudinal, ou normal.

As componentes de extensão segundo o eixo x 2 , ε 22 , e segundo o eixo x 3 , ε 33 ,


determinam-se efectuando procedimento semelhante ao descrito, obtendo-se,

du2
ε22 = (2.17b)
dx 2
e
du3
ε33 = . (2.17c)
dx 3

As extensões ε11 , ε22 e ε 33 designam-se correntemente por extensões normais.

2.6.2 - Extensões de corte

Considere-se três pontos OAB do corpo descarregado representado na Figura 2.9a. Admita-se
que esses três pontos definem dois segmentos de recta ortogonais, tal como se representa na
Figura 2.9a. Solicite-se agora esse corpo com um conjunto de forças exteriores. Sob estas
acções o corpo deforma-se, passando os pontos OAB para O’’A’’B’’. Da configuração
indeformada OAB para a configuração deformada final O’’A’’B’’ pode existir uma
configuração deformada intermédia O’A’B’ (ver Figura 2.9b). Nesta configuração deformada
intermédia podem ocorrer extensões dos segmentos OA e OB mas não haverão distorções,
dado que o segmento O ' A' mantém-se ortogonal ao segmento O ' B ' . Assim, o

Joaquim Barros 2.11


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desenvolvimento de distorções ou extensões de corte realiza-se durante a passagem da


configuração O’A’B’ para a configuração O’’A’’B’’.

Configuração indeformada Configuração deformada

Q1 B' B''

B B

A''

O' O'' A'

O A O A

Q2

a) Q3

b)
Figura 2.9 - Corpo descarregado (configuração indeformada), (a), e corpo carregado (configuração deformada)
(b).

Pode-se então definir como extensão de corte num ponto a variação do valor do coseno do
ângulo realizado por dois segmentos de recta que, no estado do corpo indeformado, formam
um ângulo recto entre si.

Se os pontos O, A e B estiverem inscritos no plano x1 x 2 (ver Figura 2.10), então γ 12


representa a extensão de corte no ponto O do plano x1 x 2 .

Joaquim Barros 2.12


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

X2

du 1 dx
2
dx 2

B' B''
dx 2+ (du 2 / dx 2) dx 2

θ2 π _γ
__
2 12

A''
dx 2 du 2 dx
1
dx 1
θ 1

O' O'' A'


u2

O A

dx 1

u1 dx +
1 (du 1/ dx 1 ) dx 1

X1

Figura 2.10 - Extensão de corte no plano x1 x 2 .

Assim,

⎛π ⎞
cos( A' 'O' 'B' ') = cos⎜ − γ 12 ⎟ = sinγ 12 . (2.18a)
⎝2 ⎠

Como se admite pequenos deslocamentos e pequenas deformações então sin γ 12 ≅ γ 12 , pelo


que:
cos( A'' O'' B'') ≅ γ 12 . (2.18b)

Além disto sabe-se que:

cos( A' 'O' 'B' ') = cosθ 3' sin θ 3'' + sin θ 3' cosθ 3'' (2.19a)

cosθ 3' =
(1+∂u1 / ∂x1 )dx1 ; sinθ 3' =
(∂u2 / ∂x1 )dx1
O' 'A' ' O' 'A' '
(2.19b)
sinθ 3'' =
(∂u1 / ∂x2 )dx2 ; cosθ 3'' =
(1+∂u2 / ∂x2 )dx2
O' 'B' ' O ' 'B' '

Joaquim Barros 2.13


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

pelo que:

⎡⎛ ∂u1 ⎞ ∂u1 ∂u2 ⎛ ∂u2 ⎞ ⎤ dx1dx2


γ 12 = ⎢⎜ 1 + ⎟ + ⎜1+ ⎟⎥
∂x1 ⎠ ∂x2 ∂x1 ⎝ ∂x2 ⎠ ⎦ (O'' A'')(O'' B'')
. (2.20)
⎣⎝

Sabe-se ainda que:

2 2
⎛ ∂u ⎞ ⎛ ∂u ⎞
O' 'A' ' = ⎜⎜ dx1 + 1 dx1 ⎟⎟ +⎜⎜ 2 dx1 ⎟⎟
⎝ ∂x1 ⎠ ⎝ ∂x1 ⎠
2 2
∂u1 ⎛ ∂u1 ⎞ ⎛ ∂u ⎞
= dx1 1 + 2 +⎜ ⎟ +⎜⎜ 2 ⎟⎟ (2.21a)
∂x1 ⎜⎝ ∂x1 ⎟⎠ ⎝ ∂x1 ⎠
≅ dx1

dado que ∂ui / ∂x j « 1 . Pelo mesmo raciocínio,

O'' B '' ≅ dx2 . (2.21b)

Substituindo (2.21) em (2.20) obtém-se:

∂u1 ∂u2 ∂u1 ∂u1 ∂u2 ∂u2


γ 12 = + + + . (2.22)
∂x2 ∂x1 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2

Se além dos deslocamentos u1 e u2 se se considerar também o deslocamento u3 obtém-se:


∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u
γ 12 = 1 + 2 + 1 1 + 2 2 + 3 3 . (2.23a)
∂x2 ∂x1 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2

Desenvolvendo para os planos x1 x 3 e x 2 x 3 procedimento análogo ao acabado de realizar


para o plano x1 x 2 obtém-se:

∂u1 ∂u3 ∂u1 ∂u1 ∂u2 ∂u2 ∂u3 ∂u3


γ 13 = + + + + (2.23b)
∂x3 ∂x1 ∂x1 ∂x3 ∂x1 ∂x3 ∂x1 ∂x3

para extensão de corte no ponto O no plano x1 x 3 e

∂u2 ∂u3 ∂u1 ∂u1 ∂u2 ∂u2 ∂u3 ∂u3


γ 23 = + + + + (2.23c)
∂x3 ∂x2 ∂x2 ∂x3 ∂x2 ∂x3 ∂x2 ∂x3

para extensão de corte no ponto O no plano x 2 x 3 .

2.6.3 - Tensor das extensões

Considere-se dois pontos A e B de um corpo sólido tridimensional, sendo ds a distância entre


estes dois pontos (ver Figura 2.11).

Joaquim Barros 2.14


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

X3

Sólido indeformado Sólido deformado

B B'
ds
dx 2 u2 ds'
u1A u3 dx' 3
dx 3 dx' 2
dx 1
u
A'
dx' 1

X3

X'3
X2

X1
X'1
X2

X'2
X1
Figura 2.11 - Deformação de um elemento definido por dois pontos (A e B) de um corpo.

Ao corpo é aplicado um conjunto de forças que lhe induzem um estado de deformação. Como
resultado, o ponto A move-se para A’ e o ponto B para B’. As coordenadas iniciais dos
pontos A e B são x1 , x 2 , x 3 e x1 + dx1 , x 2 + dx 2 , x 3 + dx 3 , respectivamente. Após a deformação
as coordenadas destes pontos (A’ e B’) passam a ser x '1 , x ' 2 , x ' 3 e
x '1 + dx '1 , x ' 2 + dx ' 2 , x 3 + dx ' 3 , respectivamente, conforme se representa na Figura 2.11. O
comprimento ds do segmento que une os pontos A e B, no corpo indeformado, é obtido por
intermédio da seguinte relação:

ds 2 = dx12 + dx 22 + dx 32 . (2.24)

Durante a deformação do corpo, este segmento varia de comprimento e de inclinação. O novo


segmento, que liga os pontos A’ e B’, no corpo deformado, tem comprimento ds' obtido por

ds' 2 = dx '12 + dx ' 22 + dx ' 23 . (2.25)

O deslocamento do ponto A para A’ é caracterizado pelo vector u , que tem as seguintes


componentes:

u1 = x '1 − x1
u2 = x ' 2 − x 2 . (2.26)
u3 = x ' 3 − x 3

De forma similar, o deslocamento do ponto B para B’ é dado por u + d u , em que

Joaquim Barros 2.15


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

∂u1 ∂u ∂u
du1 = dx1 + 1 dx 2 + 1 dx 3
∂x1 ∂x 2 ∂x 3
∂u ∂u ∂u
du2 = 2 dx1 + 2 dx 2 + 2 dx 3 (2.27)
∂x1 ∂x 2 ∂x 3
∂u ∂u ∂u
du3 = 3 dx1 + 3 dx 2 + 3 dx 3
∂x1 ∂x 2 ∂x 3

constituem as componente do vector d u . Substituindo (2.26) em (2.25) obtém-se:

ds' 2 = dx12 + dx 22 + dx 32 + 2du1 dx1 + 2du2 dx 2 + 2du3 dx 3 + du12 + du22 + du32 . (2.28)

Considerando a relação (2.24), a equação (2.28) reduz-se à seguinte:

ds' 2 − ds 2 = 2 (du1 dx1 + du2 dx 2 + du3 dx 3 ) + du12 + du22 + du32 . (2.29)

Substituindo (2.27) em (2.29) obtém-se:

⎧ ∂u 1 ⎡⎛ ∂u ⎞ 2 ⎛ ∂u ⎞2 ⎛ ∂u ⎞2 ⎤ ⎫
⎪ ⎪
ds '2 − ds 2 = 2⎨ 1 + ⎢⎜⎜ 1 ⎟⎟ + ⎜⎜ 2 ⎟⎟ + ⎜⎜ 3 ⎟⎟ ⎥ ⎬dx12
⎪⎩ ∂x1 2 ⎢⎣⎝ ∂x1 ⎠ ⎝ ∂x1 ⎠ ⎝ ∂x1 ⎠ ⎥⎦ ⎪⎭
⎧ ∂u 1 ⎡⎛ ∂u ⎞ 2 ⎛ ∂u ⎞ 2 ⎛ ∂u ⎞ 2 ⎤ ⎫
⎪ ⎪
+ 2⎨ 2 + ⎢⎜⎜ 1 ⎟⎟ + ⎜⎜ 2 ⎟⎟ + ⎜⎜ 3 ⎟⎟ ⎥ ⎬dx22
⎪⎩ ∂x2 2 ⎣⎢⎝ ∂x2 ⎠ ⎝ ∂x2 ⎠ ⎝ ∂x2 ⎠ ⎥⎦ ⎪⎭
⎧ ∂u 1 ⎡⎛ ∂u ⎞ 2 ⎛ ∂u ⎞ 2 ⎛ ∂u ⎞ 2 ⎤ ⎫
⎪ ⎪
+ 2⎨ 3 + ⎢⎜⎜ 1 ⎟⎟ + ⎜⎜ 2 ⎟⎟ + ⎜⎜ 3 ⎟⎟ ⎥ ⎬dx32
⎪⎩ ∂x3 2 ⎢⎣⎝ ∂x3 ⎠ ⎝ ∂x3 ⎠ ⎝ ∂x3 ⎠ ⎥⎦ ⎪⎭
⎛ ∂ u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ⎞
+ 2⎜⎜ 1 + 2 + 1 1 + 2 2 + 3 3 ⎟⎟dx1dx2
⎜ ∂x2 ∂x1 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2 ⎟
⎝ ⎠
⎛ ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ⎞
+ 2⎜⎜ 2 + 3 + 1 1 + 2 2 + 3 3 ⎟⎟dx2 dx3
⎜ ∂x3 ∂x2 ∂x2 ∂x3 ∂x2 ∂x3 ∂x2 ∂x3 ⎟
⎝ ⎠
⎛ ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ∂u ⎞
+ 2⎜⎜ 1 + 3 + 1 1 + 2 2 + 3 3 ⎟⎟dx1dx3
⎜ ∂x3 ∂x1 ∂x1 ∂x3 ∂x1 ∂x3 ∂x1 ∂x3 ⎟
⎝ ⎠
. (2.30a)

Note-se que ds , − ds2 é nulo se não ocorrer deslocamento relativo entre os pontos A e B
2

quando estes se movem para A’ e B’ durante a deformação imposta pelas forças exteriores que
actuam no corpo. Esta situação corresponderia a um movimento de corpo rígido. Para
ds , − ds2 diferente de valor nulo, o segmento AB mudou de comprimento, i.e., o sólido
2

deforma-se. Assim, ds , − ds2 pode ser escolhido como uma medida apropriada da
2

deformação do sólido. Para definir as componentes de extensão, transforma-se a equação


(2.30a) na seguinte:

Joaquim Barros 2.16


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

ds '2 − ds 2 = 2ε11dx12 + 2ε 22 dx22 + 2ε 33dx32 +


(2.30b)
4ε12 dx1dx2 + 4ε13dx1dx3 + 4ε 23dx2 dx3

em que,

∂u 1 ⎡⎛ ∂u1 ⎞ ⎛ ∂u2 ⎞ ⎤
2 2 2
⎛ ∂u ⎞
ε11 = 1 + ⎢⎜ ⎟ + ⎜ ⎟ + ⎜ 3⎟ ⎥ (2.31a)
∂x1 2 ⎢⎣⎝ ∂x1 ⎠ ⎝ ∂x1 ⎠ ⎝ ∂x1 ⎠ ⎥⎦

∂u2 1 ⎡⎛ ∂u1 ⎞ ⎛ ∂u2 ⎞ ⎛ ∂u3 ⎞ ⎤


2 2 2

ε22 = + ⎢⎜ ⎟ +⎜ ⎟ +⎜ ⎟ ⎥ (2.31b)
∂x2 2 ⎣⎢⎝ ∂x2 ⎠ ⎝ ∂x2 ⎠ ⎝ ∂x2 ⎠ ⎥⎦

∂u3 1 ⎡⎛ ∂u1 ⎞ ⎛ ∂u2 ⎞ ⎛ ∂u ⎞ ⎤


2 2 2

ε33 = + ⎢⎜ ⎟ +⎜ ⎟ + ⎜ 3⎟ ⎥ (2.31c)
∂x3 2 ⎢⎣⎝ ∂x3 ⎠ ⎝ ∂x3 ⎠ ⎝ ∂x3 ⎠ ⎥⎦

1 1 ⎛ ∂u1 ∂u2 ∂u1 ∂u1 ∂u2 ∂u2 ∂u3 ∂u3 ⎞


ε12 = γ 12 = ⎜⎜ + + + + ⎟ (2.31d)
2 2 ⎝ ∂x2 ∂x1 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2 ⎟⎠

1 1 ⎛ ∂u2 ∂u3 ∂u1 ∂u1 ∂u2 ∂u2 ∂u3 ∂u3 ⎞


ε 23 = γ 23 = ⎜⎜ + + + + ⎟ (2.31e)
2 2 ⎝ ∂x3 ∂x2 ∂x2 ∂x3 ∂x2 ∂x3 ∂x2 ∂x3 ⎟⎠
1 1 ⎛ ∂u3 ∂u1 ∂u1 ∂u1 ∂u2 ∂u2 ∂u3 ∂u3 ⎞
ε 31 = γ 31 = ⎜⎜ + + + + ⎟ (2.31f)
2 2 ⎝ ∂x1 ∂x3 ∂x1 ∂x3 ∂x1 ∂x3 ∂x1 ∂x3 ⎟⎠

que em notação indicial se converte para:

εik =
1
(
u + u k ,i + ul ,i ul , k
2 i ,k
) (2.32)

em que ui ,k representa a derivada de ui em relação a xk , i.e.,

∂ui
ui ,k = . (2.33)
∂x k

Se as componentes de extensão forem conhecidas, as relações extensão-deslocamento


estabelecidas em (2.31) ou (2.32) constituem um sistema de equações não lineares de
derivadas parciais nas incógnitas deslocamentos.

A entidade εik estabelecida em (2.32) denomina-se de tensor das extensões de Green, apesar
de ser usualmente considerada como tendo sido introduzida por Green e Saint-Venant. Em
engenharia utiliza-se, correntemente, em vez de εik ( c / i ≠ k ) o γ ik , em que

γ ik = 2εik p / i ≠ k (2.34)

são as extensões de corte.

Joaquim Barros 2.17


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

Em estruturas que desenvolvam deslocamentos grandes é necessário utilizar o tensor das


extensões estabelecido nas equações (2.31). No caso de estruturas que desenvolvam
deslocamentos pequenos, os termos infinitesimais de segunda ordem de (2.31) podem ser
desprezados face aos termos de primeira ordem, resultando

∂u1
ε11 = =u1,1
∂x1
∂u
ε 22 = 2 =u2, 2
∂x 2
∂u
ε 33 = 3 =u3,3
∂x3
(2.35)
∂u ∂u
γ 12 = 1 + 2 =u1, 2 + u2,1
∂x2 ∂x1
∂u ∂ u
γ 23 = 2 + 3 = u2,3 + u3, 2
∂x3 ∂x2
∂ u ∂u
γ 31 = 3 + 1 =u3,1 + u1,3
∂x1 ∂x3

ou, em notação indicial,

εik =
1
(
u + u k ,i .
2 i ,k
) (2.36)

As componentes de extensão (2.31) podem ser agrupadas no denominado tensor das


extensões de Cauchy que apresenta a constituição seguinte:

⎡ε11 ε12 ε13 ⎤


⎢ ⎥
ε = ⎢ε21 ε22 ε 23 ⎥ c / ε21 = ε12 , ε 31 = ε13 e ε32 = ε23 . (2.37)
⎢⎣ε31 ε32 ε 33 ⎥⎦

sendo apenas seis as componentes independentes. Note-se que as equações (2.35) são agora
lineares.

2.7 - Equações de compatibilidade

Apesar de ser necessário conhecer o valor das seis componentes do tensor das extensões,
(2.37), as equações (2.35) ou (2.36) contêm apenas três componentes de
deslocamento: u1 , u2 , u3 . Assim, este sistema de equações não possui uma solução única, pelo
que as componentes independentes do tensor das extensões deverão satisfazer algumas
condições adicionais. Considere-se, por exemplo, a derivada de γ 12 em relação a x1 e x 2 :

∂ 2 γ 12 ∂ 2 ∂u1 ∂ 2 ∂u2
= + . (2.38)
∂x1∂x 2 ∂x1∂x 2 ∂x 2 ∂x1∂x 2 ∂x1

Sabe-se que se f é uma função contínua então

Joaquim Barros 2.18


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

∂2 f ∂2 f
= (2.39)
∂x1∂x 2 ∂x 2 ∂x1

pelo que,

∂ 2γ 12 ∂ 2 ∂u1 ∂ 2 ∂u2
= + . (2.40)
∂x1∂x2 ∂x22 ∂x1 ∂x12 ∂x2

Como ε11 = ∂u1 / ∂x1 e ε22 = ∂u2 / ∂x2 então (2.40) reduz-se à seguinte relação:

∂ 2 γ 12 ∂ 2ε11 ∂ 2ε22
= + (2.41a)
∂x1∂x2 ∂x22 ∂x12

o que significa que para se obter uma solução única no campo dos deslocamentos as
extensões não podem ser independentes entre si. Por raciocínio semelhante obter-se-iam as
seguintes restantes equações de compatibilidade:

∂ 2γ 23 ∂ 2ε 22 ∂ 2ε 33
= + (2.41b)
∂x2∂x3 ∂x32 ∂x22

∂ 2γ 31 ∂ 2ε 33 ∂ 2ε11
= + (2.41c)
∂x3∂x1 ∂x12 ∂x32

∂ 2ε 33 ∂ ⎛ ∂ γ 12 ∂ γ 23 ∂ γ 31 ⎞
2 = ⎜− + − ⎟ (2.41d)
∂x1∂x2 ∂x3 ⎜⎝ ∂x3 ∂x1 ∂x2 ⎟⎠

∂ 2ε11 ∂ ⎛ ∂ γ 23 ∂ γ 31 ∂ γ 12 ⎞
2 = ⎜− + + ⎟ (2.41e)
∂x2∂x3 ∂x1 ⎜⎝ ∂x1 ∂x2 ∂x3 ⎟⎠

∂ 2ε 22 ∂ ⎛ ∂ γ 31 ∂ γ 12 ∂ γ 23 ⎞
2 = ⎜− + + ⎟ (2.41f)
∂x3∂x1 ∂x2 ⎜⎝ ∂x2 ∂x3 ∂x1 ⎟⎠

2.8 - Relações tensão-extensão para materiais com elasticidade linear, homogéneos e


isotrópicos

Considere-se que a barra representada na Figura 2.12 é constituída por um material


homogéneo, isotrópico, com comportamento elástico e linear.

Joaquim Barros 2.19


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

X3

11

X2

l1

l3

l2
11

X1
Figura 2.12 - Barra sob estado de tensão uniforme σ 11 .

Se nas faces x1 = l 1 e x1 = 0 for aplicado um estado de tensão uniforme σ11 , sabe-se, pelas
experiências realizadas por Robert Hooke, que a barra alongará de uma quantidade ∆l 1 ,
sofrendo assim uma extensão

∆l 1
ε11 = (2.42)
l1

que se relaciona com a tensão σ11 por intermédio da denominada lei de Hooke:

σ11 = E ε11 (2.43)

sendo E o módulo de elasticidade longitudinal do material. Sob o estado de tensão σ11 , além
da extensão ε11 , desenvolvem-se extensões nas direcções x 2 e x 3 ,

∆l 2 ∆l
ε 22 = , ε 33 = 3 (2.44)
l2 l3

devidas à variação das dimensões da barra nas direcções x 2 e x 3 , conforme se representa na


Figura 2.13.

Joaquim Barros 2.20


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

x3

x2

l3

l1
l2
x1
Figura 2.13 - Deformações na barra impostas pelo estado de tensão σ 11 .

As extensões ε22 e ε33 relacionam-se com a extensão ε11 por intermédio das seguintes
relações:

σ 11 σ 11
ε 22 =−υε11 =− υ , ε 33 =−υε11 =− υ (2.45)
E E

em que υ é o coeficiente de Poisson. Para os materiais mais utilizados nas estruturas de


Engenharia Civil o coeficiente de Poisson e o módulo de elasticidade longitudinal destes
materiais é sensivelmente igual em tracção e em compressão. Nos betões correntes o E varia
entre 25 a 40 GPa, enquanto o υ varia de 0.15 a 0.2. Por sua vez o aço apresenta um E
variando de 190 a 210 GPa e um υ de aproximadamente 0.3.

Se a barra representada na Figura 2.12 estiver submetida nas suas faces à acção simultânea de
um campo de tensões uniforme σ 11 , σ 22 e σ 33 , desenvolvem-se as seguintes extensões:

ε11 = [σ 11 −υ (σ 22 +σ 33 )]
1
(2.46a)
E

ε 22 = [σ 22 −υ (σ 33 +σ 11 )]
1
(2.46b)
E

ε 33 = [σ 33 −υ (σ 11 +σ 22 )]
1
(2.46c)
E
em que se aplicou o princípio da sobreposição dos efeitos dado tratar-se de um material com
comportamento linear e elástico. Assim, as expressões (2.46) podem ser obtidas adicionando
os efeitos produzidos pela actuação separada de σ11 , σ 22 e σ 33 . Sob a actuação de σ 11
desenvolvem-se as seguintes componentes de extensão:

σ 11 σ 11 σ 11
ε11 = ; ε22 = − υ ; ε33 = − υ . (2.47a)
E E E

Joaquim Barros 2.21


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

Sob a acção de σ 22 ocorrem as seguintes componentes de extensão:

σ 22 σ 22 σ 22
ε11 = − υ ; ε22 = ; ε33 = − υ . (2.47b)
E E E

Finalmente, sob a actuação de σ 33 desenvolvem-se as seguintes componentes de extensão:

σ 33 σ 33 σ 33
ε11 = − υ ; ε22 = − υ ; ε33 = . (2.47c)
E E E

Adicionando os correspondentes termos de (2.47) obtêm-se as expressões (2.46).

As equações (2.46) definem completamente o estado de deformação de um corpo sujeito às


tensões normais σ11 , σ 22 e σ 33 . Sob estas tensões o corpo sofre apenas extensões normais
ε11 , ε22 e ε33 . Assim, se o corpo indeformado for um paralelepípedo, ainda o será após a
deformação a que for submetido sob o estado de tensão constituído pelas componentes σ11 ,
σ 22 e σ 33 . Pode-se provar que em corpos constituídos por material isotrópico e com
comportamento linear e elástico, as componentes de tensão normal σ 11 , σ 22 e σ 33 apenas
produzem extensões normais ε11 , ε22 e ε33 . Nestes mesmos corpos as componentes de
tensão de corte τ12 , τ 23 e τ 31 apenas induzem extensões de corte γ 12 , γ 23 e γ 31 , que se
relacionam por intermédio das seguintes equações:

τ12 τ 23 τ 31
γ 12 = ; γ 23 = ; γ 31 = (2.48)
G G G

em que

E
G= (2.49)
2 (1 + υ )

é o módulo de elasticidade transversal do material.

Se o prisma representado na Figura 2.12, além de solicitado pela tensão σ11 , estiver submetido
a uma variação de temperatura ∆t desenvolvem-se as seguintes extensões:

σ 11
ε11 = + α ∆t (2.50a)
E

σ 11
ε22 = − υ + α ∆t (2.50b)
E

σ 11
ε33 = − υ + α ∆t (2.50c)
E

em que α é o coeficiente de dilatação térmica do material com valor da ordem de 10-5 para os
betões e para os aços. Se o corpo estiver submetido, simultaneamente, a tensões σ 11 , σ 22 e
σ 33 e à variação de temperatura ∆t desenvolver-se-ão as seguintes extensões:

Joaquim Barros 2.22


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

ε11 = [σ 11 −υ(σ 22 +σ 33 )]+α ∆t ,


1
(2.51a)
E
ε 22 = [σ 22 −υ(σ 33 +σ 11 )]+α ∆t ,
1
(2.51b)
E
ε 33 = [σ 33 −υ (σ 11 +σ 22 )]+α ∆t .
1
(2.51c)
E

Um corpo tridimensional submetido a tensões normais σ 11 , σ 22 e σ 33 e tensões de corte


τ12 , τ 23 e τ 31 desenvolve extensões normais ε11 , ε22 e ε33 e extensões de corte γ 12 , γ 23
e γ 31 que em notação matricial se relacionam por intermédio da seguinte expressão:

⎡ ε11 ⎤ ⎡ 1 −ν −ν 0 0 0 ⎤ ⎡σ 11 ⎤
⎢ε ⎥ ⎢− ν 1 −ν 0 0 0 ⎥ ⎢σ ⎥
⎢ 22 ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ 22 ⎥
⎢ ε33 ⎥ 1 ⎢− ν −ν 1 0 0 0 ⎥ ⎢σ 33 ⎥
⎢ ⎥= ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ (2.52a)
⎢γ 12 ⎥ E ⎢ 0 0 0 2(1 + ν ) 0 0 ⎥ ⎢ τ12 ⎥
⎢γ 23 ⎥ ⎢ 0 0 0 0 2(1 + ν ) 0 ⎥ ⎢ τ 23 ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣γ 31 ⎦ ⎣ 0 0 0 0 0 2(1 + ν ) ⎦ ⎣ τ 31 ⎦

ou
ε =Cσ (2.52b)

em que
ε = {ε11 ε 22 ε 33 γ 12 γ 23 γ 31}T (2.53)

é o vector das componentes de extensão,

σ ={σ 11 σ 22 σ 33 τ 12 τ 23 τ 31}T (2.54)

é o vector das componentes de tensão e C é a matriz de flexibilidade do elemento. Se além de


submetido ao estado de tensão caracterizado pelo vector σ , o corpo estiver também sujeito a
uma variação de temperatura de valor ∆t , a expressão (2.52b) passará a apresentar a seguinte
configuração:
ε = C σ + Ct (2.55)

em que
C t = α ∆t{1 1 1 0 0 0}
T
(2.56)

é o vector correspondente à extensão de origem térmica. Invertendo a relação (2.52)


obtém-se:

σ = C −1 ε
(2.57)
= Dε

em que D é a matriz de elasticidade do material, apresentando a seguinte constituição:

Joaquim Barros 2.23


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

⎡1 − υ υ υ 0 0 0 ⎤
⎢ υ 1− υ υ 0 0 0 ⎥
⎢ ⎥
⎢ υ υ 1− υ 0 0 0 ⎥
E ⎢ 1 − 2υ ⎥
D= ⎢ 0 0 0 0 0 ⎥. (2.58)
(1 + υ ) (1 − 2υ ) ⎢ 2

1 − 2υ
⎢ 0 0 0 0 0 ⎥
⎢ 2 ⎥
⎢ 0 1 − 2υ ⎥
⎢⎣ 0 0 0 0
2 ⎥⎦

À relação (2.57) também é corrente atribuir-se a designação de lei constitutiva do material,


dado que D inclui as propriedades do material, que no presente caso se admite ter
comportamento linear e elástico.

Se o corpo também estiver submetido a variação de temperatura ∆t , a sua lei constitutiva


obtém-se invertendo a equação (2.55), resultando:

σ = D ε + Dt (2.59)

em que

Eα ∆t
D t =− {1 1 1 0 0 0}T (2.60)
1 − 2υ

é o vector que fornece as componentes de tensão de origem térmica.

Existem estruturas que, pelo seu modo de funcionamento, podem ser consideradas como
estando submetidas a estado plano de tensão ou a estado plano de deformação. As vigas altas
e as paredes são exemplos de estruturas submetidas a estado plano de tensão, dado que é nula
a tensão normal ao plano da estrutura, σ 33 = 0 . Por sua vez, os túneis, as barragens de
elevado comprimento longitudinal e os muros de suporte de terras são exemplos de estruturas
que podem ser consideradas sob estado plano de deformação, dado que é nula a extensão
normal ao plano da estrutura, ε 33 = 0 .

Estado Plano de Tensão

Uma estrutura é considerada em estado plano de tensão se for geometricamente plana e se for
nula a tensão normal ao plano da estrutura. Assim, se a estrutura estiver inscrita, por exemplo,
no plano definido pelos eixos 0 x1 e 0 x 2 , então σ 33 = τ 23 = τ 31 = 0 , dado que as acções que
solicitam essa estrutura actuam no plano da estrutura, isto é, no plano x1 x2 . Neste caso as
relações (2.55) e (2.59) passam a apresentar a seguinte configuração:

⎡ ε11 ⎤ ⎡ 1 −υ 0 ⎤ ⎡σ 11 ⎤ ⎡1⎤
⎢ ⎥ 1 ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ε22 ⎥ = E ⎢− υ 1 0 ⎥ ⎢σ 22 ⎥ + α ∆t ⎢1⎥ , (2.61)
⎢⎣γ 12 ⎥⎦ ⎢⎣ 0 0 2(1 + υ ) ⎥⎦ ⎢⎣ τ 12 ⎥⎦ ⎢⎣0⎥⎦

Joaquim Barros 2.24


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

⎡ ⎤
⎡σ 11 ⎤ ⎢1 υ 0 ⎥ ⎡ ε11 ⎤ ⎡1⎤
⎢ ⎥ E ⎢υ 1 ⎢ ⎥ E α ∆t ⎢ ⎥
⎢σ 22 ⎥ = 1 − υ 2 0 ⎥ ⎢ε22 ⎥ − 1 − υ ⎢1⎥. (2.62)
⎢ 1− υ ⎥
⎢⎣ τ 12 ⎥⎦ ⎢0 0 ⎥ ⎢⎣γ 12 ⎥⎦ ⎢⎣0⎥⎦
⎣ 2 ⎦

Note-se que em estado plano de tensão a extensão ε33 pode ser diferente de zero, sendo o seu
valor obtido atribuindo o valor nulo a σ 33 na equação (2.46c) resultando:

υ (σ 11 + σ 22 )
ε33 = − . (2.63)
E

Se a estrutura estiver submetida a uma variação de temperatura ∆t , será adicionado o termo


α ∆t a (2.63).

Estado Plano de Deformação

Uma estrutura é considerada em estado plano de deformação se for geometricamente plana e


se for nula a extensão normal ao plano da estrutura. Assim, se a estrutura estiver inscrita, por
exemplo, no plano definido pelos eixos 0 x1 e 0 x 2 , então ε33 = γ 23 = γ 31 = 0 . Neste caso, as
relações (2.55) e (2.59) passam a apresentar a seguinte constituição:

⎡ ε11 ⎤ ⎡1 − υ − υ 0⎤ ⎡σ 11 ⎤ ⎡1⎤
⎢ ⎥ 1+ υ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ε22 ⎥ = E ⎢ − υ 1 − υ 0⎥ ⎢σ 22 ⎥ + (1 + υ ) α∆ t ⎢1⎥ , (2.64)
⎢⎣γ 12 ⎥⎦ ⎢⎣ 0 0 2⎥⎦ ⎢⎣ τ 12 ⎥⎦ ⎢⎣0⎥⎦

⎡ ⎤
⎡σ 11 ⎤ ⎢1 − υ υ 0 ⎥ ⎡ ε11 ⎤ ⎡1⎤
⎢ ⎥ E
⎢ υ ⎢ ⎥ E α ∆t ⎢ ⎥
⎢σ 22 ⎥ = (1 + υ )(1 − 2υ ) 1− υ 0 ⎥ ⎢ε22 ⎥ − 1 − 2υ ⎢1⎥. (2.65)
⎢ 1 − 2υ ⎥
⎢⎣ τ12 ⎥⎦ ⎢ 0 0 ⎥ ⎢⎣γ 12 ⎥⎦ ⎢⎣0⎥⎦
⎣ 2 ⎦

Note-se que em estado plano de deformação σ 33 pode ser não nula. O seu valor é obtido a
partir da equação (2.46c) tendo em conta que agora ε33 = 0 , pelo que:

0=
1
[
σ − υ (σ 11 + σ 22 )
E 33
] (2.66a)

resultando
σ 33 = υ (σ11 + σ 22 ) . (2.66b)

Estado de tensão e de deformação unidimensional

As barras de estruturas articuladas, isto é, de estruturas constituídas por barras com rótulas
nas suas extremidades estão submetidas ao caso mais simples de estado de tensão e de
extensão, dado que só têm uma componente de tensão e correspondente componente de

Joaquim Barros 2.25


Estruturas I Capítulo 2 - Conceitos básicos da teoria da elasticidade

extensão. Assim, se o eixo da barra se orientar segundo o eixo x1 e se a barra tiver um


comprimento muito superior às dimensões de qualquer uma das possíveis secções transversais
(de forma a desprezar as extensões ε22 e ε33 ), as barras de uma estrutura articulada estarão
submetidas a estado unidimensional de tensão e de extensão, dado que
σ 22 = σ 33 = τ12 = τ 23 = τ 31 = 0 e ε22 = ε33 = γ 12 = γ 23 = γ 31 = 0 . Neste caso as equações
(2.55) e (2.59) passam a apresentar a seguinte configuração:

1
ε11 = σ + α∆ t (2.67)
E 11
e
σ 11 = E ε11 − E α ∆t (2.68)

Joaquim Barros 2.26

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