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DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS
Pedro Mendes
Abril 2011
ÍNDICE
1 – INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1
2.1 – Introdução
Em relação ao peso próprio, são apresentadas regras para a determinação do seu valor
característico bem como uma lista de valores nominais para o peso volúmico de
materiais de construção e de materiais armazenados; quanto às sobrecargas, são
apresentados os valores característicos para diversas categorias de pavimentos e
coberturas, de acordo com o tipo de utilização a que se destinam.
Na maior parte dos casos, o peso próprio deverá ser representado por um único valor
característicoa, calculado com base nas dimensões nominais e nos valores
característicos dos pesos volúmicos correspondentes. As dimensões nominais deverão
ser as indicadas nas peças desenhadas; em relação aos pesos volúmicos dos materiais
de construção e de materiais armazenados, deverão geralmente utilizar-se os valores
médios como valores característicos (a Norma apresenta, em anexo, valores relativos a
diversos materiais de construção e a materiais armazenados).
O peso próprio das construções diz respeito à estrutura e aos elementos não
estruturais bem como, eventualmente, ao peso de terras (sobre terraços, por
exemplo). No caso de edifícios, o conjunto de elementos não estruturais inclui os
revestimentos (de pavimentos, paredes e coberturas), as divisórias fixas, os corrimãos
e guardas de segurança, os tectos falsos e os equipamentos fixos (como sejam os
equipamentos de climatização, os equipamentos eléctricos, os equipamentos para
elevadores e escadas rolantes, as condutas e as redes de cabos).
O peso próprio total dos elementos estruturais e não estruturais deverá ser
considerado nas combinações de acções como uma única acçãob.
a
Ou seja, geralmente não é necessário definir os 2 valores característicos Gk,sup e Gk,inf, conforme são
definidos na NP EN 1990.
b
Eventualmente, essa acção terá que ser desdobrada caso suceda que pequenas variações da sua
intensidade, de zona para zona da estrutura, possam ter consequências relevantes na verificação de
segurança. Se tal suceder, e se estiver em causa uma verificação EQU, aplica-se 1,10.Gk,sup à componente
instabilizante e 0,90.Gk,sup à componente estabilizante.
a) Considerações Gerais
c
As acções que possam provocar acelerações significativas em elementos estruturais devem ser
classificadas como acções dinâmicas e ser tratadas em conformidade.
Sendo A a área (expressa em m ) suportada pelo elemento em causa, tem-se que A = 0,5 + 10/A,
d 2
Conforme foi atrás referido, o peso das paredes divisórias amovíveis deve ser
considerado como uma sobrecarga e simulado através duma carga uniformemente
distribuída no pavimento, a qual é adicionada à sobrecarga de utilização. Para efeitos
de quantificação desta sobrecarga adicional (a seguir indicada por qk.div), a NP EN 1991-
1-1 indica a seguinte regra em função do peso próprio das divisórias amovíveis por
metro de comprimento de parede (ppdiv) e:
• qk.div = 0,5 kN/m2 caso ppdiv ≤ 1,0 kN/m;
• qk.div = 0,8 kN/m2 caso 1,0 kN/m < ppdiv ≤ 2,0 kN/m;
• qk.div = 1,2 kN/m2 caso 2,0 kN/m < ppdiv ≤ 3,0 kN/m;
• nos casos em que ppdiv >3,0 kN/m, o peso das divisórias amovíveis deverá ser
considerado tendo em conta as suas localizações e direcções e, também, o tipo
de estrutura do pavimento em causaf.
e
Ressalva-se que a regra é válida desde que o pavimento em causa possua uma constituição que
permita uma distribuição eficaz de cargas, o que é o caso, por exemplo, de lajes maciças ou de lajes
aligeiradas nervuradas em duas direcções ortogonais.
f
Face à omissão duma regra simplificada para os casos em que ppdiv >3,0 kN/m, é oportuno referir o
procedimento disposto no artigo 35, ponto 1.3, do RSAEEP (Decreto-Lei n.º235/83), de acordo com o
qual o peso das paredes divisórias pode assimilar-se a uma carga qk cujo valor, por metro quadrado,
corresponde a uma determinada percentagem (igual a 40% no caso de pavimentos com utilização do
tipo “habitação” e a 30% no caso de pavimentos com utilização do tipo “escritório”) do peso de uma
faixa de parede com o comprimento de 1 m e com altura igual à da parede.
Varandas Nota 1
Nota 3
Escadas Nota 2
Nota 1: Deve adoptar-se uma sobrecarga uniformemente distribuída idêntica à do pavimento adjacente,
2
com um mínimo de 5,0 kN/m numa faixa de 1 m de largura adjacente ao parapeito.
Nota 2: Deve adoptar-se uma sobrecarga uniformemente distribuída idêntica à do pavimento adjacente,
2
com um mínimo de 3,0 kN/m .
Nota 3: Deve adoptar-se uma sobrecarga concentrada idêntica à definida para o pavimento adjacente.
Note-se que esta redução corresponde a considerar que a sobrecarga actua com o seu
valor característico em 2 dos pisos e com o seu valor de combinação, 0.qk, nos
restantes (n-2) pisos (vd. Figura 2).
g
A fórmula não é aplicável se (n ≤ 2), casos em que não se considera a redução em causa.
1,00
coef. de redução
0,95
0,90
0,85
0,80
0,75
0,70
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
núm ero de pisos
Figura 3 - Coeficiente de redução n, aplicável às sobrecargas (em pavimentos da mesma categoria –
A, B, C ou D) para cálculo dos esforços em fundações ou em secções de pilares e paredes resistentes.
h
O projecto de zonas de circulação de veículos pesados (com um peso bruto superior a 160 kN) tem de
ser acordado com as autoridades competentes.
Para as coberturas devem ser efectuadas verificações separadas para qk e para Qk,
actuando de forma independente.
Categoria A 0,5
Categorias B ou C1 0,7
Categoria C5 3,0
Categoria E 2,0
3.1 – Introdução
De entre as situações para as quais esta Norma não fornece orientações, referem-se as
seguintes:
• cargas de impacto resultantes do deslizamento ou da queda de neve de uma
cobertura mais elevada;
• acções do vento adicionais em resultado de alterações na forma ou na dimensão
das construções devidas à presença de neve;
• cargas da neve em pontes.
A EN 1991-1-3 especifica que as cargas da neve devem ser classificadas como acções
estáticas e que, salvo especificação em contrário, devem ser consideradas como
acções variáveis fixasi; a sua determinação envolve sempre a consideração de SP
persistentesj e, eventualmente, de SP acidentais.
sk = Cz [1 + (H/500)2]
i
Como excepção a esta regra, referem-se os casos correspondentes a quedas excepcionais de neve ou a
deslocamentos excepcionais de neve, em que as cargas da neve são tratadas como acções de acidente.
j
Eventuais SP transitórias são tratadas da mesma forma que as SP persistentes.
k
Esta situação é designada no Anexo Nacional da EN NP 1991-1-3 por caso B2.
l
Esta situação é designada no Anexo Nacional da EN NP 1991-1-3 por caso B1.
s = i Ce Ct sk
No que diz respeito ao coeficiente térmico, Ct, assume geralmente um valor unitário. A
sua utilização destina-se a ter em conta a redução das cargas da neve em coberturas
com elevada transmissão térmica – certas coberturas envidraçadas, por exemplo –,
visto que tal característica favorece a fusão da neve.
s = i Ce Ct (2,5 sk)
s = i sk
ressalvando-se que este coeficiente de forma, i, é distinto do que é definido para SP
persistentes, dada a especificidade da acção. No Anexo B da NP EN 1991-1-3 são
fornecidos os i a considerar na determinação, em diversos tipos de coberturas, das
disposições de carga da neve associadas a deslocamentos excepcionais.
m
Refira-se que, tendo em conta apenas as acções permanentes (G) e a acção da neve – cujo valor, em
condições não excepcionais, é indicado por N –, a consideração desta SP acidental, adicionalmente à SP
persistente, corresponde, ao nível da verificação de EL Últimos, a confrontar os efeitos de (1,35G + 1,5N)
com os efeitos de (1,0G + 2,5N).
Tendo em conta a inclinação das vertentes (α1 = α2 = 8,5°), a consulta da Figura 5.1 da
NP EN 1991-1-3 conduz a μ1(α1) = μ1(α2) = 0,8.
As duas disposições de carga da neve a considerar - carga da neve não deslocada (i) e
carga da neve deslocada (ii) – são retiradas da Figura 5.3 da Norma, ilustrando-se na
Figura 7.
4.1 – Introdução
As forças exercidas pelo vento (Fw) podem ser determinadas por uma de duas vias:
• a partir das pressões nas superfícies;
• a partir de coeficientes de força apropriados.
em que ze e zi são as alturas de referência para a pressão em causa, cpe e cpi são
coeficientes de pressão apropriados e qp é a pressão dinâmica de pico, resultante da
velocidade média e das flutuações de curta duração da velocidade do vento.
n
A Norma cobre a resposta dinâmica das estruturas devida à turbulência longitudinal (isto é, na
direcção do vento médio) em ressonância com as vibrações, igualmente na direcção do vento, segundo
um modo fundamental de flexão cuja configuração não apresenta qualquer inversão de sinal.
o
Caso se admita, no projecto, que as janelas e as portas dum edifício estarão fechadas em situações de
tempestade, o efeito da sua abertura deverá ser tratado como uma SP acidental. Tais situações, em que
a acção do vento será uma acção de acidente, constituem excepções à regra geral de classificar a acção
do vento como uma acção variável.
p
Existem situações, tais como paredes isoladas ou coberturas isoladas, em que a Norma fornece
directamente os valores para os coeficientes de pressão resultante (cp,net), os quais traduzem o efeito
conjunto das pressões exercidas em ambas as faces dos elementos em causa.
A Norma fornece valores dos coeficientes de pressão para elementos diversos, tais
como paredes isoladas, paredes de edifícios com planta rectangular, cilindros de base
circular e inúmeros tipos de coberturas – em terraço, simples com uma, duas ou
quatro vertentes, múltiplas, isoladas, e, ainda, abóbadas e cúpulas.
No caso dos coeficientes cpe, é estabelecida uma distinção entre coeficientes aplicáveis
à determinação dos efeitos globais da acção do vento (indicados por cpe,10) e
coeficientes aplicáveis à determinação de efeitos locais (cpe,1), os quais são
apropriados para superfícies carregadas com área igual ou inferior a 1 m2; em relação
aos coeficientes cpi, é apresentado um conjunto de regras simplificadas que são
aplicáveis a algumas situações correntesq.
Figura 8 - Pressões exercidas em superfícies; convenção de sinais para os coeficientes cpe e cpi.
q
No caso de edifícios, é estabelecida uma distinção entre edifícios com ou sem face predominante,
definindo que uma face é considerada como predominante se a área total das aberturas nessa face for
igual ou superior a 2 vezes a área total das aberturas nas faces restantes do edifício em causa. Refira-se,
também, que se em pelo menos duas faces do edifício (fachadas ou cobertura) a área total das
aberturas existentes for superior a 30% da área dessa face, as acções do vento no edifício em causa
devem ser calculadas de acordo com as regras fornecidas na Norma para paredes/coberturas isoladas.
Os valores característicos das acções do vento são determinados a partir dos valores
de referência da velocidade média do vento, os quais são definidos como valores cuja
probabilidade anual de serem excedidos é igual a 0,02 (ou seja, valores com um
período médio de retorno igual a 50 anos).
em que:
Vb,0 - valor característico da velocidade média referida a períodos de 10 minutos,
independentemente da direcção do vento e da época do ano, a uma altura
de 10 m acima do solo em terreno do tipo campo abertor;
cdir - coeficiente de direcçãos (≥ 0,85; em geral, o valor a adoptar é 1,0);
cseason - coeficiente de sazãot (≥ 0,90; em geral, o valor a adoptar é 1,0).
Para a quantificação de Vb,0, considera-se o País dividido nas duas zonas seguintes:
• Zona A – a generalidade do território, excepto as regiões pertencentes à zona B;
• Zona B – os arquipélagos dos Açores e da Madeira e as regiões do continente
situadas na faixa costeira com 5 km de largura ou a altitudes superiores a 600 m.
Os valores de Vb,0 a considerar são 27 m/s para a zona A e 30 m/s para a zona B, em
correspondência com um período médio de retorno igual a 50 anos; o Anexo Nacional
da NP EN 1991-1-4 fornece indicações para avaliar os valores correspondentes a
períodos de retorno distintos.
r
Este tipo de terreno corresponde à categoria II, adiante referida.
s
Aplicável apenas em situações tais que o efeito em causa esteja associado a uma direcção particular
do vento e que a esta correspondam velocidades claramente inferiores às máximas no local.
t
Aplicável apenas nos casos em que a SP a ser considerada ocorra integralmente entre Maio e Agosto
do mesmo ano – por exemplo, uma estrutura provisória ou fases construtivas duma estrutura.
em que:
co(z) - coeficiente de orografia, o qual é considerado igual a 1,0 a não ser que,
devido à orografia local – colinas ou falésias, por exemplo –, as velocidades
do vento sejam majoradas significativamente (caso tal suceda, o Anexo A
da Norma fornece um procedimento de cálculo deste coeficiente);
cr(z) - coeficiente de rugosidade, determinado, para zmin ≤ z ≤ 200 m, através de:
Se bem que tal não seja referido na Norma, é possível fazer corresponder a qp(z) uma
velocidade do vento – que, naturalmente, poderá ser designada por velocidade de pico
e indicada por Vp(z) – tal quev:
u
Considere-se um escoamento com velocidade média Vm e com flutuações longitudinais de velocidade
v(t), ou seja, Vtot(t) = Vm + v(t). Nestas condições, a pressão dinâmica instantânea é dada por:
Geralmente, nas situações relevantes para o projecto de estruturas verifica-se que Vm >> v(t), sendo
válido desprezar o termo v2(t) na expressão anterior. Assim, indicando por qm a pressão dinâmica
correspondente à velocidade média, obtém-se a seguinte expressão para o desvio-padrão das
flutuações de pressão dinâmica, σq:
ou seja, a velocidade de pico pode ser expressa como a soma da velocidade média do
vento com uma parcela - designável por parcela de rajada - que tem em conta as
flutuações de velocidade associadas à turbulência do escoamentox. A título ilustrativo,
refere-se que η = 2,75 para Iv = 0,20.
Em edifícios, a área onde são consideradas as forças de atrito (Afr) corresponde à parte
das superfícies exteriores paralelas ao vento localizada para além duma certa distância
aos bordos ou cantos de barlavento; esta distância é igual ao menor valor de entre 2.b
e 4.h, sendo h a altura do edifício e b a sua dimensão, em planta, perpendicular à
direcção do vento (vd. Figura 11).
w
O coeficiente η relaciona-se com Iv(z) através de seguinte expressão: .
x
Refira-se que a definição dos valores característicos da pressão dinâmica do vento a partir dos valores
da velocidade média acrescidos, explicitamente, de uma parcela associada à turbulência é a
metodologia constante do RSAEEP (de acordo com o qual esta parcela de turbulência, para a zona A do
País, é igual a 14 m/s e a velocidade resultante é designada por velocidade de rajada do vento).
Figura 10 - Perfis da pressão dinâmica de pico, qp(z), para a zona A (Vb = 27 m/s, co(z) = 1,0).
Quadro 7 - Valores da velocidade do vento e da pressão dinâmica de pico (Vb = 27 m/s, co(z) = 1,0).
2
Zona A Velocidade média (m/s) Velocidade de pico (m/s) Pressão de pico (kN/m )
z (m) II III IV II III IV II III IV
2 21,0 19,1 17,1 34,6 33,8 32,4 0,75 0,71 0,66
5 23,6 19,1 17,1 37,5 33,8 32,4 0,88 0,71 0,66
10 27,2 20,4 17,1 41,4 35,3 32,4 1,07 0,78 0,66
15 29,3 22,8 17,1 43,7 38,0 32,4 1,19 0,90 0,66
20 30,7 24,4 19,0 45,3 39,9 34,6 1,28 0,99 0,75
25 31,9 25,7 20,4 46,5 41,3 36,3 1,35 1,07 0,82
30 32,8 26,8 21,5 47,5 42,5 37,6 1,41 1,13 0,89
35 33,6 27,7 22,5 48,3 43,5 38,8 1,46 1,18 0,94
40 34,3 28,5 23,3 49,1 44,4 39,7 1,50 1,23 0,99
50 35,4 29,8 24,8 50,3 45,8 41,3 1,58 1,31 1,07
60 36,4 30,8 25,9 51,3 46,9 42,6 1,64 1,38 1,14
70 37,2 31,7 26,9 52,1 47,9 43,7 1,70 1,44 1,20
80 37,8 32,5 27,7 52,8 48,8 44,7 1,74 1,49 1,25
100 39,0 33,8 29,1 54,0 50,2 46,3 1,83 1,57 1,34
A Norma indica um conjunto de situações em que é possível considerar que cscd = 1,0.
De entre tais situações, referem-se as seguintes:
• edifícios com altura inferior a 15 m;
• edifícios de estrutura porticada que contenham paredes resistentes e cuja altura
seja inferior a 100 m e a 4 vezes a dimensão do edifício na direcção do vento.
Para edifícios de vários pisos que não sejam abrangidos por estas condições mas que
apresentem uma planta rectangular, paredes exteriores verticais e uma distribuição
regular de rigidez e de massa, o coeficiente cscd pode ser obtido por consulta das
figuras, relativas a edifícios, que estão incluídas no Anexo D da Norma.
Considere-se um edifício com planta rectangular (16,00 x 30,00 m2) localizado na zona
de Leiria, em terreno classificado como de categoria II em termos de rugosidade
aerodinâmica, cuja estrutura principal apresenta uma sucessão de pórticos iguais ao
representado na Figura 12, afastados entre si de 6,00 m; nas travessas dos pórticos
assentam madres, as quais apoiam uma cobertura em chapa de aço. Admita-se que a
cobertura (de 2 vertentes) não apresenta beirados nem platibandas.
Figura 12 - Acções do vento: exemplo de aplicação (cálculo das pressões nas paredes das fachadas
e nas 2 vertentes da cobertura, com α = 10°; vento normal às fachadas).
• e = mínimo( b ; 2h ) = 12,00 m
• Forças de atrito
Verificando-se que mínimo(2b ; 4h) = 24,00 m > d (=16,00 m), os efeitos do atrito do
vento sobre a superfície, na situação θ = 0°, podem ser ignorados.
Figura 17 - Distribuição de pressões resultantes e cargas a aplicar num pórtico intermédio (caso 1.a).
Embora a quantificação “precisa” das acções térmicas em estruturas seja uma tarefa
complexa, face a esta diversidade de possíveis origens e de factores intervenientes,
revela-se possível adoptar procedimentos simplificados para diversas situações
correntes.
De acordo com esta Norma, as acções térmicas devem ser classificadas como acções
variáveis indirectas; em virtude de estas acções corresponderem a deformações
impostas, é disposto que “os elementos de estruturas resistentes devem ser
verificados de modo a assegurar que os movimentos de origem térmica não
provoquem solicitações excessivas na estrutura, ou pela adopção de disposições
construtivas, como juntas de dilatação, ou incluindo no cálculo os respectivos efeitos”.
Para efeitos de cálculo das extensões térmicas, no Anexo C são fornecidos valores do
coeficiente de dilatação linear (αT) para diversos materiais de uso corrente (por
exemplo, αT = 12x10-6 °C-1 para o aço de construção e αT = 10x10-6 °C-1 para o betão
com excepção do betão de inertes leves, a que corresponde αT = 7x10-6 °C-1).
O presente documento está focado nas acções térmicas climáticas em edifícios, com
destaque para o procedimento de cálculo da componente de variação uniforme.
T – temperatura média
T0 – temperatura inicial
Para além destas grandezas básicas (ΔTu, ΔTM e ΔTE), a especificação da acção térmica
numa estrutura pode ainda envolver a diferença entre as temperaturas médias de
partes distintas da estrutura, a qual é indicada na EN NP 1991-1-5 por ΔTp.
y
É oportuno transcrever o disposto na cláusula 5.1.2(3)P da NP EN 1990 – “Os efeitos dos
deslocamentos e das deformações devem ser tidos em conta no âmbito das verificações dos estados
limites últimos caso deles resulte um aumento significativo dos efeitos das acções” (ou seja, os efeitos
das deformações impostas, em particular os esforços instalados na estrutura, podem ser ignorados nas
verificações de EL Últimos caso os efeitos de 2ª ordem não sejam relevantes).
No que diz respeito à componente não linear, ΔTE, esta é responsável, ao nível da
secção transversal, por um campo de tensões auto-equilibradas (isto é, com esforços
resultantes nulos). Assim, a importância relativa desta componente é geralmente
inferior à das restantes, ressalvando-se situações particulares como as que ocorrem na
construção de grandes massas de betão (barragens, por exemplo), em que o calor de
hidratação desenvolvido pelo cimento, durante o endurecimento do betão, pode ser
responsável por níveis de tracção importantes associados a ΔTE.
A estes zonamentos climáticos do País, que são ilustrados na Figura 19, correspondem,
à cota zero, os valores de Tmax e de Tmin apresentados nos Quadros 8.a e 8.b; para cada
local, haverá ainda que ter em conta os efeitos da altitude na temperatura do ar, para
o que, relativamente às condições de Verão, subtrai-se 1,0°C por cada 100 m de
altitude ao valor Tmax e, relativamente às condições de Inverno, subtrai-se 0,5°C por
cada 100 m de altitude ao valor Tmin.
z
Conforme é definida na EN NP 1991-1-5, a temperatura do ar à sombra é a temperatura medida por
termómetros colocados numa caixa de madeira pintada de branco com persianas de ventilação,
conhecida por “abrigo de Stevenson”.
aa
O zonamento definido para condições de Verão não coincide com o relativo a condições de Inverno.
Zona A B C Zona A B C
Os valores assim obtidos para Tmax e Tmin estão associados a um período médio de
retorno igual a 50 anos; o Anexo Nacional da NP EN 1991-1-5 fornece indicações para
avaliar os valores correspondentes a períodos de retorno distintos.
Não sendo possível prever a temperatura média do elemento no instante em que lhe
são introduzidos constrangimentos, a temperatura T0 deve ser identificada com a
temperatura média durante o período de construção; caso não exista uma previsão
que se considere mais adequada, pode adoptar-se, na ausência de mais informações:
T0 = 15°C
Quanto à temperatura média do elemento (T), o seu valor pode ser identificado com a
média das temperaturas do ambiente interior (Tin) e exterior (Tout) caso as condições
ambientais nos 2 lados (interior e exterior) sejam semelhantes, ou seja:
Quanto a Tout, há que distinguir entre zonas acima do solo e zonas enterradas. No caso
de zonas acima do solo, pode considerar-se Tout = Tmin para condições de Inverno; em
condições de Verão, Tout pode ser obtido adicionando a Tmax uma parcela que depende
da cor da superfície exterior (assim traduzindo a absorvidade dos paramentos dos
edifícios) e multiplicando o valor resultante por um coeficiente η que tem conta a
orientação da superfície exterior (0,8 ≤ η ≤ 1,0, sendo que η = 1,0 para superfícies
horizontais ou viradas a Oeste).
Verão Inverno
Objectivo – Determinar ΔTu aplicável à estrutura em zonas acima do solo, sem ter em
conta qualquer redução associada à orientação de superfícies exteriores não
horizontais (ou seja, adoptando η = 1,0) e considerando T0 = 15°C.
çõ ã
Verão Inverno