You are on page 1of 46

FACULDADE NOVOS HORIZONTES

DISCIPLINA:
CRIMES EM ESPÉCIE (CESPE)

Professora Gabriela Dourado Nunes de Lima


Turma: 06D1M
PROGRAMA ANALÍTICO DA DISCIPLINA:
Unidade 1 Introdução ao estudo dos crimes em espécie.

Unidade 2 Crimes contra a Pessoa (Título I)


2.1 Dos crimes contra a vida a) Homicídio; b) Instigação,
induzimento ou auxílio ao suicídio; c) infanticídio; d)
Aborto (cap. I – art. 121 a 128)
2.2 Das lesões corporais (cap. II – art. 129);
2.3 Da periclitação da vida e da saúde (cap. III – art. 130
a 136);
2.4 Da Rixa (cap. IV – art. 137);
2.5 Dos crimes contra a honra (cap. V – art. 138 a 145);
2.6 Dos crimes contra a liberdade individual (cap. VI –
art. 146 a 154);
Unidade 3 Crimes contra o Patrimônio (título II).
3.1 Furto (cap. I – art. 155 a 156);
3.2 Roubo e Extorsão (cap. II – art. 157 a 160);
3.3 Usurpação;
3.4 Dano (cap. IV – art. 163);
3.5 Apropriação Indébita (cap. V – art. 168 a 170);
3.6 Estelionato e outras fraudes (cap. VI – art. 171);
3.7 Receptação (cap. VII – art. 180);
3.8 Disposições gerais sobre crimes contra o patrimônio
(cap. VIII - art. 181 a 183)

Unidade 4 Crimes contra a Propriedade Imaterial. (cap.


I – art. 184 a 186)
Unidade 5 Crimes contra a Organização do Trabalho.
Unidade 6 Crimes contra o Sentimento Religioso e
contra o Respeito aos Mortos.

Unidade 7 Crimes contra a Dignidade Sexual.


7.1 Crimes contra a liberdade sexual (cap. I – art. 213 a
216-A);
7.2 Dos crimes sexuais contra vulnerável (cap. II – art.
217 a 218);
7.3 Do Lenocínio e tráfico de pessoas para fim de
prostituição ou outra forma de exploração sexual (cap.
V – art. 227 a 231);
7.4 Ultraje público ao pudor e disposições gerais (cap.
VI e VII – art. 233 a 234-C).
Unidade 8 Crimes contra a Família. (cap. I – art. 335 a 339 e cap.
III – art. 244)

Unidade 9 Crimes contra a Incolumidade Pública, a Paz Pública e


a Fé Pública .
Título VIII – dos crimes contra a incolumidade pública
Cap. I – Dos crimes de perigo comum (art. 250 a 258)
Cap. III – Dos crimes contra a saúde pública (art. 267 a 270, 272,
273, 280 e 282 a 285)

Título IX – dos crimes contra a paz pública (art. 286 a 288-A)

Título X – Dos Crimes Contra A Fé Pública


Cap. I – Da moeda falsa (art. 289 a 291)
Cap. III – Da falsidade documental (art. 296 a 302, 304 e 305)
Capítulo IV – De outras falsidades (art. 307, 308 e 311)
Capítulo V – Das fraudes em certames de interesse público (art.
311-A)
Unidade 10 Crimes contra a Administração Pública.
10.1 Dos crimes praticados por funcionário público
contra a Administração em Geral (cap. I - art. 312, 313,
316 a 321, 323, 352, 327 a 334);
10.2 Dos crimes praticados por particular contra a
Administração em Geral ;
10.3 Dos crimes praticados por particular contra a
Administração Pública estrangeira;
10.4 Dos crimes praticados contra a Administração da
Justiça (cap. III - art. 339 a 349, 351 a 357);
10.5 Dos crimes contra as Finanças Públicas;

Unidade 11 Crimes de Racismo.


Unidade 1 Introdução ao estudo dos crimes em
espécie

 Princípios penais importantes:


• Legalidade e anterioridade; irretroatividade (art.
5º, XXXIX, XL,CR; art. 1º, 2º CP);
• Personalidade (art. 5º, XLV, CR);
• Culpabilidade (3 acepções!);
• Humanidade;
• Individualização da pena (art. 5º, caput e XLVI,
CR);
• Intervenção mínima / subsidiariedade;
• Fragmentaridade.
 Infração penal (gênero) x crime/delito e
contravenção (espécies) - divisão dicotômica; - Art.
1º da Lei de introdução do CP (DL 3.914/1941)

Regra geral:

• Parte Geral: normas penais não incriminadoras


(diretivas – princípios para a aplicação da lei penal;
permissivas e explicativas);

• Parte Especial: normais penais incriminadoras


(preceito + sanção). +ou- 230 artigos!)
 conflito aparente de normas (Francisco Assis Toledo):
• princípio da especialidade: ex speciallis derrogat lex
generallis. Ou seja, diante da dúvida na subsunção de
dois tipos penais, constata-se uma relação de
especialidade entre eles, de gênero e espécie, para que
esta (norma especial) afaste a aplicação da norma geral.
• princípio da subsidiariedade: posição de maior ou menor
grau de execução;
• princípio da consunção: tipos visam “a proteção de bens
jurídicos diferentes”; atento ao princípio do ne bis in
idem, para impedir a dupla punição pelo mesmo fato,
determina que a norma mais ampla absorva a menos
ampla, em uma relação de meio e fim, na qual o crime
menos grave é abrangido pelo crime mais grave.
 Tempo de Crime (art. 4º, CP): momento da
ação ou omissão, ainda que em outro ocorra o
resultado (teoria da atividade);

Lugar do crime (art. 6º, CP): local da ação e do


resultado (teoria da ubiquidade);

 Conceito Analítico de crime (tripartido):


• FATO
• TÍPICO
• ANTIJURÍDICO
• CULPÁVEL
0) FATO/CONDUTA: ação ou omissão (própria ou
imprópria);
- causas excludentes:
a) força física irresistível (coação física
irresistível);
b) estados de inconsciência;
c) Movimentos/atos reflexos ;

1) TIPICIDADE: análise da adequação do fato à


norma penal (tipo penal);
 Tipo Legal x Fato típico  a relação luva e
mão!
Roteiro para análise do tipo penal em abstrato (antes de enfrentar a
conduta concreta):

1. Tipo legal (artigo completo);


2. Conduta (descrita no tipo);
3. Objeto jurídico (protegido pela norma – ver rubrica legal e
posição do artigo no CP);
4. Objeto material (verificar se previsto no tipo);
5. Sujeito Ativo (verificar se prevista qualidade especial no tipo);
6. Sujeito passivo (verificar se prevista qualidade especial no tipo);
7. Meios e modos de execução (verificar se previstos no tipo);
8. Circunstâncias de tempo e lugar: (verificar se previstos no tipo);
9. Relação de Causalidade (art. 13, CP - analisar a existência no caso
concreto).
10. Resultado (verificar se previsto no tipo);
11. Elemento subjetivo (dolo, elemento subjetivos especiais do tipo,
culpa – identificar “o” ou “os” elementos subjetivos previstos no
tipo).
1 a 10 – tipo objetivo; 11 – tipo subjetivo.
 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES:

 Quanto à conduta:
a) Comissivo x Omissivo Próprio x Omissivo Impróprio;
b) Plurissubsistente x Unissubsistente (quantidade de atos para execução);
c) Tipo Penal Simples x Misto ou Composto (quantidade de verbos núcleos);
d) Tipo básico ou fundamental x Qualificado x Privilegiado;

 Em razão do objeto jurídico:


e) uniofensivo x pluriofensivo (quantidade de bens tutelados);

 Em razão do sujeito ativo:


f) Comum X Próprio X de Mão Própria (qualidade do sujeito ativo);
g) Unissubjetivo X Plurissubjetivo (quantidade de sujeitos ativos);

 Em razão do resultado:
h) Dano X Perigo (abstrato e concreto); (critério: lesão ou a probabilidade de
dano decorrente do resultado da conduta prevista no tipo penal);
i) Material X Formal (critério: configuração, ou não, de resultado externo à
conduta prevista no tipo - resultado naturalístico);
2) ILICITUDE: designa oposição, contradição, antagonismo
entre o fato típico e todo o ordenamento jurídico  relação
contraditória entre o fato e a norma;

- Para ser ilícito, o fato não pode ter sido praticado mediante
uma das causas de exclusão da ilicitude (art. 23 a 25, do CP):

* estado de necessidade  necessidade de afastar perigo;


* legítima defesa  necessidade de afastar perigo;
* estrito cumprimento de dever legal  atuação conforme
prerrogativa prevista em lei;
* exercício regular de direito atuação conforme prerrogativa
prevista em lei;
 Causa supralegal: consentimento do ofendido (construção
doutrinária)  ausência de interesse.
3) CULPABILIDADE: acepção como fundamento da
sanção penal (e não como princípio ou limite para a
pena);
- elementos estruturais:
3.1. Imputabilidade (capacidade de culpabilidade);
3.2. Potencial consciência da ilicitude;
3.3. Exigibilidade de conduta diversa.
- causas excludentes:
i. Inimputabilidade e culpabilidade reduzida (art. 26,
CP);
ii. Erro de proibição inevitável (art. 21, CP);
iii. Inexigibilidade de conduta diversa (art. 22, CP);
Coação moral irresistível;
Obediência hierárquica
 Tipo Consumado e Tentado (art. 14, CP);
 ITER CRIMINIS. Fases do “caminho do crime:
- Fase Interna: a.1. Cogitação;
- Fase Externa:
a.2. atos preparatórios.
a.3. atos de execução.
a.4. Consumação.

 Elementos da tentativa:
a) início dos atos executórios  “quando, iniciada a
execução”
b) ausência de consumação (resultado) por
circunstâncias alheias à vontade do agente – natureza
da interrupção é irrelevante!
C) dolo e eventuais elementos subjetivos.
* imagem extraída da Apostila do Curso de Formação de Sargentos
CBMPE - 2012.1 do Estado do Pernambuco.
* imagem extraída da Apostila do Curso de Formação de Sargentos CBMPE -
2012.1 do Estado do Pernambuco.
 Crimes que não admitem tentativa:
- Culposos;
- unissubsistentes (se aperfeiçoam em um único
ato);
- omissivos próprios;
- Contravenções (por determinação legal: art.
4º do DL nº 3.688/1941 – “Não é punível a
tentativa de contravenção”);
- habituais (consumação ocorre com a
reiteração – Exemplo: rufianismo Art. 230)
 Concurso de Pessoas (art. 29 a 31, CP)

REQUISITOS:
1. Pluralidade de agentes e de condutas;
2. Relevância causal de cada conduta;
3. Liame subjetivo entre os agentes;
4. Identidade de infração penal.
Unidade 2 Crimes contra a Pessoa (Título I)
2.1 Dos crimes contra a vida : a) Homicídio
- homicídio X assassinato;

a.1. Homicídio Simples:


TÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PESSOA  1º dos 11
títulos da parte especial que traduzem os bens jurídicos
tutelados!
CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A VIDA  crimes de
dano (cap. III: crimes de perigo)
Título VIII – crimes contra a incolumidade pública tb
seriam crimes de perigo contra a vida!
Homicídio simples  rubrica legal
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
1) Tipo legal: “matar alguém”  eliminar a vida de
alguém!
2) Conduta: verbo matar – crime comissivo e
omissivo impróprio (garantidor); crime
plurissubsistente; simples; básico;
3) Bem/Objeto jurídico: vida (crime uniofensivo);
- Quando inicia a vida? Com o início do parto, com o
rompimento do saco amniótico.
- Quando termina a vida? Morte encefálica (lei nº
9.434/1997 – transplante de órgãos)
4) Objeto material: pessoa sobre a qual recai a
conduta – “alguém”;
- Cadáver = crime impossível (art. 17, CP – absoluta
impropriedade do objeto)
5) Sujeito Ativo: qualquer pessoa (crime comum e
unissubjetivo);
- ver a posição de garantidor (art. 13, §2º, CP) – crime
omissivo impróprio;
6) Sujeito passivo: “alguém” - pessoa humana viva;
6.1. Sujeitos passivos especiais:
- Presidente da Republica, Senado, Câmara dos
Deputados ou STF: crime contra a segurança nacional
(art. 29 da lei nº 7.170/1983) Pena de 15 a 30 anos!
- menor de 14 ou maior de 60: causa de aumento
prevista no §4º do art. 121;
7) Meios e modos de execução: não previstos no
tipo;
8) Circunstâncias de tempo e lugar: não previstos
no tipo;
9) Relação De Causalidade:
10) Resultado (consumação): morte do sujeito
passivo (crime plurissubsistente, de dano e material);
- necessidade de exame de corpo de delito (art. 167
CPP);
- tentativa cabível (realização incompleta do tipo);
- causas de inadequação típica da tentativa: desistência
voluntária e arrependimento eficaz (art. 15, CP) –
responde pelos atos já praticados; arrependimento
posterior (art. 16, CP) – causa de diminuição de pena;
11) Elemento subjetivo: dolo (vontade livre e
consciente de realizar uma conduta dirigida à produção
da morte de outrem - animus necandi) – direto ou
eventual.
Sentença aplicando arrependimento eficaz no
caso de homicídio:
a.2. Homicídio Privilegiado (causa especial de
redução de pena):

Caso de diminuição de pena reconhecimento pelo


Júri!
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a
injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.
- tipo privilegiado em razão da motivação:
i. relevante valor social: interesses da coletividade e
não somente pessoais; ex. morte traidor da pátria ou
traficante que aterrorizava o bairro; político corrupto;

ii. relevante valor moral: importante para o agente; ex.


morte estuprador da filha; eutanásia;
- ≠ atenuante (art. 65, III, ‘a’, CP): a) cometido o crime
por motivo de relevante valor social ou moral;

iii. domínio violenta emoção: circunstância de tempo -


logo em seguida: sem tempo para refletir;
- injusta provocação ≠ injusta agressão (ai caberia LD);
- ≠ atenuante (art. 65, III, ‘c’, CP): sob influência – e não
domínio - e sem elemento temporal;
a.3. Homicídio Qualificado: motivos, meios modos e
qualidade do sujeito passivo causam maior reprovação
ao homicídio;
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
outro motivo torpe  motivo determinante –
pessoal/subjetiva;
- paga ou processa de recompensa: espécies de motivo
torpe – homicídio mercenário; predomina o
entendimento que deve ter cunho econômico; crime
plurissubjetivo (2 agentes);
- motivo torpe: que causa repugnância; vingança e
ciúmes não necessariamente;
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
II - por motivo fútil;
 motivo determinante – pessoal/subjetiva;
 insignificante, desproporcional;
- Ausência de motivo, ciúmes ou vingança não é motivo
fútil!

 Inc. I e II: em regra, por ser circunstância pessoal do


executor, é incomunicável (art. 30, CP);
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
possa resultar perigo comum;  meio de execução –
objetiva!
- meio insidioso: dissimulação da sua eficiência
maléfica (Exposição de motivos - item 38); exemplo:
veneno;
- meio cruel: forma brutal, bárbara, com sofrimento
desnecessário; exemplo: fogo e explosivo;
- resultando perigo comum: atinge nº indefinido de
pessoas; ≠ dos crimes de perigo comum (Título VIII,
Cap.1) pelo elemento subjetivo; exemplos: fogo e
explosivo, asfixia, tortura (não possui fim em si mesma,
senão aplica-se a lei nº 9.455/97);
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
JÚRI. MOTIVO TORPE. PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA.
CIRCUNSTÂNCIA SUBJETIVA. MANDANTE. COMUNICABILIDADE. ANÁLISE
CASUÍSTICA. RECURSO PROVIDO.
1. Não obstante a paga ou a promessa de recompensa seja circunstância
acidental do delito de homicídio, de caráter pessoal e, portanto,
incomunicável automaticamente a coautores do homicídio, não há óbice a
que tal circunstância se comunique entre o mandante e o executor do crime,
caso o motivo que levou o mandante a empreitar o óbito alheio seja torpe,
desprezível ou repugnante.
2. Na espécie, o recorrido teria prometido recompensa ao executor, a fim de,
com a morte da vítima, poder usufruir vantagens no cargo que exercia na
Prefeitura Municipal de Fênix.
3. Recurso especial provido, para reconhecer as apontadas violações dos arts.
30 e 121, § 2º, I, ambos do Código Penal, e restaurar a decisão de pronúncia,
restabelecendo a qualificadora do motivo torpe, a fim de que o réu seja
submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, pela prática do delito previsto
no art. 121, § 2º, I e IV, do Código Penal.
(STJ, REsp 1209852/PR, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
julgado em 15/12/2015, DJe 02/02/2016)
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
(...)
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação
ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
defesa do ofendido;  modo de execução – objetiva!

 Dificultar ou impossibilitar a defesa da vítima é


cláusula geral, enquanto as demais são espécies
casuísticas;
traição – atuar de forma desleal;
emboscada – tocaia;
dissimulação – esconder a real intenção;
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
(...)
V - para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime  fins
determinantes – subjetiva!
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

- na hipótese de assegurar a execução, o crime não


ocorreu; na ocultação e impunidade, o crime já
ocorreu;
- conexão com outro crime, mesmo se ele não chega a
ser praticado ou se está prescrito!
- se a conexão for com contravenção penal, não incide
a qualificadora!
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
(...)
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino: qualidade especial do sujeito passivo!
(...)
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo
feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela,
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
 qualidade especial do sujeito passivo!
- Forças Armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica);
- exercício de atividades de segurança pública: 1) polícia
federal; 2) polícia rodoviária federal; 3) polícia
ferroviária federal; 4) polícias civis; 5) polícias militares
e corpos de bombeiros militares.
- em decorrência da função: aposentados?
 Homicídio qualificado-privilegiado: possibilidade,
desde que as qualificadoras sejam de natureza objetiva
(incisos III e IV – meios e modos); Ex. emboscada e
valor moral; Fútil e valor moral não é possível!
- Não é crime hediondo!

 Pluralidade de qualificadoras: uma qualifica e as


demais são usadas como circunstância judicial
desfavorável;
 Crimes hediondos (art. 1º, I, lei 8072/90) –
homicídio:
a) simples (caput), quando praticado em atividade
típica de grupo de atividade de extermínio ;
b) qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e
VII);
a.4. Homicídio Culposo:

Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.

 Modalidades de culpa:
A) Negligência (passivo): displicência; cuidado que,
mesmo sendo possível, não é observado pelo agente;
deixa de fazer o que deveria!
B) imprudência (ativo): conduta arriscada ou perigosa;
C) Imperícia: despreparo para exercer arte, profissão ou
ofício.
- não há compensação de culpas no DP; apenas culpa
exclusiva da vítima exclui o crime!
 Elementos do crime culposo:
a) Conduta voluntária
b) Inobservância de dever de cuidado (ou dever de
cautela): persegue um fim lícito, mas em determinado
momento viola dever de cuidado  imprudência,
imperícia ou negligência;
c) Resultado: decorrente da violação de dever de
cuidado; involuntário, caso contrário será doloso; sem
ele não há crime culposo! Se desobedece dever de
cuidado e nada acontece!
d) Relação de causalidade: entre a inobservância de
dever de cuidado e o resultado involuntário.
e) Previsibilidade objetiva (do resultado lesivo): é a
possibilidade que existe de antever a superveniência de
resultado lesivo. Resultado deve ser previsível.
a.5. Disposições gerais:
 causas de aumento de pena:

Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3
(um terço), se o crime resulta de inobservância de regra
técnica* de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura
diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a
pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou
maior de 60 (sessenta) anos**. (Redação dada pela Lei
nº 10.741, de 2003)
 Crime culposo – aumento em 1/3:
a) não observar regra técnica: não seria bis in idem
frente a modalidade de imperícia? Divergência no STJ
(Greco); doutrina sustenta que o agente, neste caso, é
possui o conhecimento técnico e não o observa,
enquanto na imperícia há inaptidão;
b) ausência de prestação de socorro: afasta tipicidade
do art. 135, CP; não se aplica se ocorreu morte
imediata ou se outras pessoas prestaram socorro;
 se a vida do agente estiver em risco, pode não
prestar socorro sem incidir;
c) não procura diminuir as consequências ou foge para
evitar prisão: se confundem com a omissão de socorro;
- crime doloso – aumento de 1/3 em homicídios contra
criança e idoso;
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade
se o crime for praticado por milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de
2012)  modo de execução? Qualidade especial do
sujeito ativo;
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço)
até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei
nº 13.104, de 2015)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores
ao parto;  circunstância de tempo;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de
60 (sessenta) anos ou com deficiência; = §4º, mas em
quantidade maior;
III - na presença de descendente ou de ascendente da
vítima.  modo de execução;
 Perdão Judicial:
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído
pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

- normalmente identificado pela expressão “o juiz


poderá deixar de aplicar a pena”;
- fato típico, antijurídico e culpável, mas mesmo assim a
pena não é aplicada!
 Perdão Judicial:

- por razões de política criminal, deixa de aplicar a pena


em razão da configuração de circunstância
expressamente prevista  Hipótese de extinção da
punibilidade (art. 107, IX, CP) + não gera reincidência
(art. 120, CP);
- direito público subjetivo de liberdade do indivíduo
(desde que preenchidos os requisitos legais) que
independe de aceitação do agente;
- natureza jurídica da sentença que concede o perdão
judicial é declaratória de extinção de punibilidade,
afastando os efeitos penais; Não interrompe a
prescrição!
- Exposição de motivos da Nova Parte Geral do CP
(Lei nº 7.209/1984):

“98. Incluiu-se o perdão judicial entre as causas em


exame (art. 107, IX) e explicitou-se que a sentença que
o concede não será considerada para configuração
futura de reincidência (art. 120). Afastam-se, com isso,
as dúvidas que ora têm suscitado decisões
contraditórias em nossos tribunais. A opção se justifica
a fim de que o perdão, cabível quando expressamente
previsto na Parte Especial ou em lei, não continue,
como por vezes se tem entendido, a produzir os efeitos
de sentença condenatória.”
- Súmula nº 18 do STJ - A SENTENÇA CONCESSIVA DO
PERDÃO JUDICIAL E DECLARATÓRIA DA EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE, NÃO SUBSISTINDO QUALQUER EFEITO
CONDENATORIO. (DJ 28/11/1990 p. 13963 RSTJ vol. 16
p. 465 RT vol. 661 p. 324)

- possibilidade de aplicação ao CTB (homicídio e lesão


culposos na direção de veículo automotor - art. 302 e
303);
O dispositivo do CTB que tratava do tema foi vetado
(art. 300) – razões do veto: entendeu-se que o CP já
regulava o tema;
Observações: o perdão judicial é previsto na parte
especial e também na legislação esparsa;

Outras hipóteses:
- lesão corporal (art. 129, §8º);
- injúria (art. 140, §1º);
- outras fraudes (art. 176, pu);
- receptação (art. 180, §3º);
- parto suposto (art. 242, pus);
- subtração de incapazes (art. 249);
- código eleitoral (art. 326, §1º);
- crime ambiental (art. 29, §2º);
- lei de contravenções (art. 39, §2º);
- lei de lavagem de dinheiro (art. 1º, §5º);
- lei de proteção das testemunhas (art. 13).

You might also like