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A RELÍQUIA

SOBRE A NUDEZ DA FORTE VERDADE – MANTO


DIÁFANO DA FANTASIA
EÇA DE QUEIRÓS

“Quem não conhece o poder da oração, é porque não viveu as amarguras da vida!”
Biografia de Eça de Queirós
■ Eça de Queirós (1845-1900) foi um escritor português.
■ Foi o único romancista português que conquistou fama internacional
nessa época. Foi duramente criticado por suas críticas ao clero e à
própria pátria.
■ Eça de Queirós foi um inovador da prosa realista portuguesa ao criar
novas formas de linguagens, neologismos e mudanças na sintaxe.
■ De maneira geral, suas obras abordam temas simples e do cotidiano, as
quais estão permeadas de ironia, humor e, de vez em quando, de
pessimismo e crítica social.
■ Ao se afastar do idealismo romântico, Eça de Queirós faz uma dura
crítica aos valores da burguesia portuguesa e da corrupção da Igreja.
MAS QUAL É A HISTÓRIA
DE ‘A RELÍQUIA’?!
■ Percebe-se hoje com maior clareza a complexa elaboração do livro, seu
jogo de espelhos, a partir da dupla face do texto segundo definição do
próprio autor:
■ “(...) páginas (...) onde a realidade sempre vive, ora embaraçada e
tropeçando nas pesadas roupagens da História, ora ,mais livre e
saltando sob a caraça vistosa da Farsa!” (p.18)
■ O subtítulo de A relíquia repõe essa dualidade: “Sobre a nudez forte da
verdade – o manto diáfano da Fantasia”. Podemos considera-la uma
espécie de súmula estética [...].
■ A trama do livro distribui-se em cinco capítulos , que podem ser
armados em forma de tríptico: dois capítulos iniciais e dois finais
rodeando o miolo do texto, isto é, o polêmico capítulo 3, verdadeiro
painel que retrata um espécie de evangelho apócrifo e crítico, à
inspiração principalmente de E. Renan.
A HIPOCRISIA EM
‘TEODORICO RAPOSO’
A HIPOCRISIA
SYLVIO DO AMARAL SCHREINER é psicoterapeuta em Londrina

■ A palavra hipocrisia vem do grego ‘hupokrisis’ e tem o


significado de fingimento. Inicialmente tinha um significado
artístico, mas hoje é o ato de fingir ter determinados valores
que não se possui.
■ Na hipocrisia existe um falso moralismo. Se pretende ser o
que de fato não se é. Agora a hipocrisia é também um
mecanismo de controle. Deseja-se, através do discurso
hipócrita ditar o que é certo e o que é errado, mas isso é
perigoso, pois nos trata como crianças que não podem
pensar por si próprias.
Teodorico Raposo, alcunha RAPOSÃO
■ Filho de Rufino da Assunção Raposo e Dona Rosa, nasceu numa tarde de
sexta-feira de Paixão; sua mamã morreu, ao estalarem, na manhã alegre ,
os foguetes da Aleluia; e depois de uma noite de Entrudo, papá morreu de
repente, com uma apoplexia, ao descer a escadaria da nossa casa,
mascarado de urso, para ir ao baile das senhoras Macedo;
■ Sobrinho de Dona Patrocínio, irmã de sua mãe;
■ Rapaz hipócrita e interesseiro, já que se faz de beato para agradar a Titi
esperando ficar com sua herança;
■ Sai com mulheres escondido de Titi, tendo em vista que a mesma abomina
essas práticas;
■ Peregrina pela Terra Santa para agradar Titi, mas pensando sempre na
fortuna.
“[...]
— E necessário gostar muito da Titi... E necessário dizer sempre
que sim à Titi!”
1º Indício
(QUEIRÓS, 1999, p. 23)

“[...]
— O Teodorico não tem ninguém senão a Titi... E necessário dizer
sempre que sim à Titi...
Eu repeti, encolhido:
— Sim, Titi.”
(QUEIRÓS, 1999, p. 24)
“Por isso agora as minhas precauções eram tão apuradas
[...] Depois subia; e tinha a satisfação de ver logo a Titi
2º Indício

farejar, regalada:
— Jesus, que rico cheirinho a igreja!
Modesto, e com um suspiro, eu murmurava:
— Sou eu, Titi...”
(QUEIRÓS, 1999, p. 40)
“[...]
3º Indício
A camisa de dormir da Mary! Em todo o seu luxo, todo o
seu impudor, enxovalhada pelos meus abraços, com cada
prega fedendo a pecado!
[..]”
(QUEIRÓS, 1999, p. 40)
“[...]
4º Indício
Tu foste ilimitadamente o hipócrita!
[...]
E isto prova-te, Teodorico, a inutilidade da
hipocrisia!”
(QUEIRÓS, 1999, p. 217-8)
“[...]
5º Indício
Não é a coroa de espinhos. E melhor! E a camisa
de Santa Maria Madalena!... Deu-ma ela no
deserto...
[...]“
(QUEIRÓS, 1999, p. 223)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 QUEIRÓS, Eça. A Relíquia. São Paulo: Ática, 1999;
 SCHREINER, Sylvio do Amaral; MACARINI, Walmor . Espaço Aberto: Hipocrisia. Folha de
Londrina, Londrina/PR, 04 out. 2012. Folha Opinião, p. s/p. Disponível em:
<http://www.folhadelondrina.com.br/colunistas/espaco-aberto/espaco-aberto-hipocrisia-
819817.html> . Acesso em: 04 out. 2017.
 BUENO, Aparecida de Fátima. . O Evangelho segundo S. Teodorico: a releitura da Paixão em Eça
de Queiroz. In: Boëchat, Maria Cecília Bruzzi; Oliveira, Paulo Motta; Oliveira, Silvana Maria Pessôa
de. (Org.). Romance Histórico: recorrências e transformações. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2000,
v. , p. 59-75. Disponível em: <https://minhateca.com.br/suejc/Grupo+E*c3*a7a>. Acesso em: 05
out. 2017.
 FREITAS, Zilda de Oliveira. A Personagem (Neo)Realista: Construção, processo evolutivo e
identidades ficcionais – estudo comparativo entre teodorico, de a relíquia, e ti maria do rosário, de
gaibéus. Entrelinhas, São Leopoldo/RS, v. 6, n. 2, p. 236-249, jul. 2012. Disponível em:
<http://revistas.unisinos.br/index.php/entrelinhas/article/view/2474>. Acesso em: 04 out. 2017.
Tríptico
Um tríptico, é geralmente, um
conjunto de três pinturas unidas
por uma moldura tríplice (dando o
aspecto de serem uma obra), ou
somente três pinturas juntas
formando uma única imagem.
Considerada uma criação cristã, é
atualmente não somente utilizado
em quadros devocionais, pois,
muitos artistas usam
principalmente em pequenas
coleções.

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