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PURA
Kant (1724-1804) foi talvez o maior dos filósofos modernos.
Teve formação em matemáticas e física.
Sua maior obra foi a CRÍTICA DA RAZÃO PURA, um trabalho de
teoria do conhecimento no sentido amplo da palavra.
Com essa obra ele intentou uma grande síntese do empirismo
(Locke, Berkeley, Hume) com o racionalismo (Descartes, Leibniz),
embora tenha aprendido também com os medievais e os filósofos
antigos.
1) é AMPLIADOR DO CONHECIMENTO,
2) é NECESSÁRIO E UNIVERSAL
2)LÓGICA TRANSCENDENTAL:
2a) A ANALÍTICA TRANSCENDENTAL, que
estuda o JUÍZO
2b) A DIALÉTICA TRANSCENDENTAL, que
estuda a RAZÃO
2) TRANSCENDENTAL = AS CONDIÇÕES
SUPREMAS PARA QUALQUER TIPO DE
CONHECIMENTO
(espaço e tempo, categorias, as idéias da razão)
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A ESTÉTICA TRANSCENDENTAL (do grego ‘aesthesis’
= sensação) visa mostrar como são possíveis a
matemática e a geometria.
Para Kant a matemática e a geometria são conhecimento universal de
caráter intuitivo, a geometria requer espaço (e tempo) e a matemática
requer o tempo.
Elas são universais porque ESPAÇO e TEMPO não
pertencem ao mundo externo em si mesmo, mas à própria
mente.
Eles são FORMAS A PRIORI DA INTUIÇÃO
SENSÍVEL, dotadas de universalidade e intuitividade,
residindo na mente!
Por se encontrarem na mente, as matemáticas são a priori,
independentes da experiência, pois AS FORMAS A PRIORI DA
INTUIÇÃO SE LHES SOBREPÕEM...
Mas por que espaço e tempo são condições a priori de toda a
experiência e não são resultados da experiência? Argumentos:
1) Qualquer sensação de coisas externas PRESSUPÕE a intuição do
ESPAÇO, e o TEMPO está presente em todas as intuições. (Não
podem vir juntas?)
2) Se você pensa em RELAÇÕES, como acima, ao lado de, você já
as situa no espaço. Se X está ao lado de Y, você JÁ ASSUME A
IDÉIA de espaço. O mesmo com o antes e o depois no tempo.
(Mas não vem juntos?)
3) Você não pode imaginar objetos sem espaço, mas pode imaginar o
espaço sem objetos... (eu não posso).
2) Além disso ESPAÇO E TEMPO SÃO ÚNICOS E ILIMITADOS,
não podendo ser abrangidos por CONCEITOS. Sob um conceito
(ex: casa) caem objetos, o que não acontece aqui. (Mas há
conceitos sob os quais cai uma só entidade.)
Para Kant esses argumentos mostram que
Logo:
eles só podem ser FORMAS A PRIORI DE
NOSSA MENTE,
ESQUEMAS VAZIOS que se tornam
perceptíveis no ato de formação de conteúdos
empíricos.
A conclusão é a oposição:
FORA: OBJETO x DENTRO, onde encontramos:
1) O sentido externo recebe os estímulos sob a forma
ESPACIAL, de modo que toda sensação nos parece
EXTENSA.
2) O sentido interno (condição imediata das aparências
internas e mediata das aparências externas) recebe os
estímulos sob a forma de TEMPO, pois toda sensação
ocupa um lugar no tempo.
PARA KANT O ESPAÇO É A FORMA DE TUDO O QUE
É PERCEBIDO PELO SENTIDO EXTERNO
e O TEMPO É A FORMA DE TUDO O QUE É
PERCEBIDO PELO SENTIDO INTERNO e também
externo.
Da SÍNTESE da MATÉRIA
constituída pelos DADOS
SENSORIAIS sob a FORMA do
ESPAÇO E TEMPO resulta o
FENÔMENO.
(A intuição humana é só sensível, só
Deus tem intuição intelectual)
***
Estabelecidos esses princípios Kant conclui que a
matemática e a geometria são CIÊNCIAS porque
são formadas de proposições UNIVERSAIS E
EXTENSIVAS DE NOSSO CONHECIMENTO:
a
Considere agora o teorema de Euclides:
2 3 2 1
A C D
Também aritmética é sintética a priori. Considere o juízo:
“2 + 2 = 4”
Para Kant ele é sintético, o que se mostra quando
consideramos uma prova como a proposta por Leibniz:
2 + 2 = (1 + 1) + (1 + 1)
(1 + 1) + (1 + 1) = 1 + 1 + 1 + 1 (tirando os parêntesis)
= (1 + 1) + 1 + 1 (df. 2 = 1 + 1)
=2+1+1
= (2 + 1) + 1 (df. 3 = 2 + 1)
=3+1 (df. 4 = 3 + 1)
=4
Mas Kant não acha que essa prova seja analítica, pois ela se
dá no TEMPO! Mat. requer tempo... Como a geometria.
Começa a se delinear que o CONHECIMENTO
humano se encontra para Kant entre dois termos
opostos, os quais são incognoscíveis:
1) INERÊNCIA E SUBSISTÊNCIA
2) CAUSALIDADE E DEPENDÊNCIA
3) COMUNIDADE (reciprocidade entre agente e paciente)
Quanto à MODALIDADE:
1) PROBLEMÁTICO (ex: “O gato pode estar no tapete”)
2) ASSERTÓRICO (ex: “O gato está no tapete”)
3) APODÍTICO (ex: “O gato deve estar em algum lugar”)
***
A explicação das categorias dá lugar a princípios chamados por Kant
de ANALOGIAS DA EXPERIÊNCIA, que são LEIS fundamentais
da experiência.
2ª ANALOGIA DA EXPERIÊNCIA:
“Todas as mudanças acontecem segundo as leis do
nexo de causa e efeito”.
Note que a causa NECESSITA o efeito.
Para Hume essa necessidade era subjetiva, fruto do mero hábito.
Para Kant o princípio da causalidade é ao contrário condição A
PRIORI de toda a experiência, pois essa necessidade é imposta pelo
sujeito, pela categoria do intelecto que lhe dá objetividade,
i.e. validade universal, embora só no campo da experiência possível.
***
O ESQUEMATISMO: Para se por em contato, intuições e juízos precisam de um
INTERMEDIÁRIO, que é a IMAGINAÇÃO ou FANTASIA, a qual inicia a associação
entre as duas coisas segundo esquemas fundamentais...
O TEMPO tem a função de fazer uma INTERMEDIAÇÃO entre
CONCEITOS PUROS e DADOS DA SENSIBILIDADE, estando
sempre presente nas analogias da experiência.
Como as CATEGORIAS são COMPLETAMENTE
HETEROGÊNEAS em relação às INTUIÇÕES,
é necessário um MEIO INTERMEDIADOR entre as
CATEGORIAS e as INTUIÇÕES, que Kant chama de
ESQUEMA e que é produto da IMAGINAÇÃO.
O esquema forma uma IMAGEM que não é a imagem
sensível particular, mas a imagem VISTA COMO
EXEMPLO DE UM CONCEITO.
Ex: se exemplifico o número 3 com a imagem <***> isso é um
ESQUEMA, mas isso é NUMERÁVEL e o NUMERAR exige
Com base em tudo isso Kant pode concluir que a física
newtoniana é válida quando aplicada ao mundo
fenomênico, sendo necessária e universal!
Problema:
na premissa maior o termo ‘sujeito’ significa EU
NOUMÊNICO (TRANSCENDENTE), mas na segunda o
termo ‘sujeito’ significa EU FENOMÊNICO
(TRANSCENDENTAL).
3. Antinomia da RELAÇÃO:
tese: além da causalidade necessária das leis naturais, existe uma
causalidade livre.
Antítese: não existe liberdade, tudo ocorre sob as leis da natureza.
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4. Antinomia da MODALIDADE:
Tese: no mundo existe um ser absolutamente necessário, como parte
ou como causa.
Antítese: nem no mundo nem fora dele existe um ser absolutamente
necessária.
Todos esses argumentos são
INCONCLUDENTES e mesmo ERRÔNEOS,
posto que pressupõe que se possa dizer algo sobre o
MUNDO EM SI MESMO!
Quebra galhos:
- Giovanni Reale e D. Antiseri: História da filosofia, vol. 2,
(ed. Paulinas).*
- Sofia Vanni Rovigui: História da Filosofia Moderna, vol. 1
(ed. Loyola).
Introduções gerais a Kant:
- John Kemp: The Philosophy of Kant (OUP 1968)*
- W. Wood: Kant (trad. Artmed 2008(2005))
- Frederick Copleston: A History of Philosophy, vol. 6, parte II Kant
(New York: Image Books 1959).
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