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SILVA, Francisco Carlos Teixeira da.

Conquista
e colonização da América portuguesa(O Brasil
Colônia - 1500/1750). In LINHARES, Maria
Yedda (Organizadora).História geral do
Brasil(da colonização portuguesa à
modernização autoritária). Rio de Janeiro:
Campus: Campus, 1990.
Primeira Missa no Brasil, 1861
Victor Meirelles (Brasil 1832- 1903)
Óleo sobre tela, 268 x 358 cm
Museu Nacional de Belas Artes
Rio de Janeiro
DESCOBRIMENTO OU CONSTRUÇÃO DO BRASIL?
Cabral não descobriu o Brasil, pois a
terra não estava abandonada ou sem
dono, havia quase três milhões de índios
que já ocupavam a terra. Apenas haveria
descoberta do ponto de vista da
ignorância européia.A terra nova a que
chegou Cabral e seus homens era um
mundo desconhecido para eles,
portugueses, e só para eles (os
portugueses, e por extensão, os
europeus) descobriram algo novo.
Não se descobriu um país em 1500, mas
sim, deu-se um encontro entre povos,
culturas e civilizações. E deste encontro
de civilizações surgirá um país novo..
O original manuscrito da carta
A célebre "Carta do Achamento do Brasil" foi escrita por Pero Vaz de
Caminha em Porto Seguro, entre 26 de abril e 2 de maio de 1500. O
escrivão só interrompeu o trabalho no dia 29, quando ajudou o capitão-mor
a reorganizar os suprimentos da frota.
Enquanto o restante da armada seguiu para a Índia, o navio de Gaspar de
Lemos foi despachado por Cabral para Lisboa, ao fim da estadia no Brasil,
em 2 de maio. Por meio dele, a carta chegou ao seu destinatário. Das mãos
de dom Manuel, passou à secretaria de Estado como documento secreto,
pois se queria evitar que chegasse aos espanhóis a notícia do descobrimento.
Anos mais tarde, o documento foi enviado para o arquivo nacional,
localizado na Torre do Tombo do castelo de Lisboa ("tombo" tem aí o
sentido de conservação, como quando se fala, por exemplo, em tombamento
de uma cidade histórica). No arquivo, o manuscrito de Caminha - 27
páginas de papel, com formato de 29,6 cm X 29,9 cm - repousou esquecido
durante os séculos seguintes.
O documento volta ao Brasil

Somente em 1773, o diretor do arquivo, José Seabra da Silva,


mandou fazer uma nova cópia da Carta do Achamento. Seabra tinha
ligações familiares com o Brasil. Supõe-se que por meio dele o texto de
Caminha tenha chegado aqui, possivelmente com a sua transferência para
o Rio de Janeiro quando acompanhou a família real portuguesa.
Essa cópia da carta foi encontrada no Arquivo da Marinha Real do
Rio de Janeiro pelo padre Manuel Aires do Casal, que a imprimiu em
1817, tornando-a pública pela primeira vez. O documento ganhou
particular importância para o Brasil com a Independência, em 1822.
Para o novo país, tratava-se do manuscrito que encerrava o primeiro
registro de sua existência. Além disso, no século 19, com o
desenvolvimento dos estudos históricos, os estudiosos reconheceram o
valor dos documentos escritos como fontes privilegiadas para o
conhecimento da história.
Análise lingüística

Isso se deve ao fato de o português do início do século 16 estar bem


distante do português tal qual é falado hoje em dia. Alteraram-se os sons
ou os significados de algumas palavras, outras caíram em desuso, novos
termos apareceram.
É o caso de "achamento", usado no século 16, e substituído por
"descobrimento" nos dias de hoje.
Mas a simples transcrição de um trecho do original de Caminha pode
deixar mais clara a ação do tempo sobre a língua e revelar o abismo
histórico que se abriu entre o português do escrivão e o nosso:

"Posto que o capitam moor, desta vossa frota e asy os outros


capitaães screpuam a vossa alteza a noua do achamento desta vossa terra
noua que se ora neesta nauegaçam achou, nom leixarey tambem de dar
disso minha comta avossa alteza asy como eu milhar poder aimda que
pera o bem contar e falar o saiba pior que todos fazer."
CONQUISTA E EXPLORAÇÃO DO NOVO MUNDO

Dentro da própria cristandade dá-se um interesse crescente pela busca de


jazidas de minério. Porém as minas descobertas esgotavam-se
rapidamente.
Ao mesmo tempo, com a retomada do crescimento econômico após a
crise do século XIV, assiste-se a uma recuperação geral dos preços dos
metais preciosos e, no mesmo período tornam-se famosas algumas
cidades do Magreb pela afluência de ouro em pó que servia de elemento
de troca entre mercadores árabes e cristãos.
Alguns Estados da Europa mediterrânea habilitavam-se para empreender
a busca desse ouro africano. Porém, Portugal oferecia melhores
condições de se impor como um poder naval. Ele,foi um dos pioneiros
no processo de unificação nacional.
DESENVOLVIMENTO DO
CAPITALISMO

O desenvolvimento do capitalismo está associado à


expansão marítimo-comercial da Europa, cujos
resultados foram o descobrimento de novas rotas de
comércio para o Oriente e o descobrimento e a
conquista colonial da América.
Transformações do século XV

Quando se iniciaram as grandes navegações, no século XV, a


Europa atravessava um período de profundas
transformações nos setores econômico, social e político:
O início da Revolução Comercial, responsável pelo fato de
as atividades econômicas terem-se subordinado ao
comércio; o crescimento da burguesia mercantil e
financeira, que se tornou o grupo social mais rico da
Europa; o processo de centralização monárquica, com a
concentração dos poderes políticos nas mãos dos reis, e a
formação de Estados Nacionais.
O Pionerismo Lusitano
• Portugal foi o primeiro país da Europa a se lançar às grandes
navegações, no século XV. Fatores que colaboraram:

• Centralização administrativa – realizada durante a dinastia de Avis,


a centralização administrativa de Portugal permitiu que a monarquia
passasse a governar em sintonia com os projetos da burguesia.

• Mercantilismo – com a centralização monárquica em Portugal a


política dotada foi a mercantilista. O rei desejava fortalecer o Estado e
a burguesia seus lucros.

• Ausência de guerras – enquanto outros países estavam envolvidos


em guerras, Portugal era um país sem guerra.

• Posição geográfica – banhado em toda a sua costa pelo oceano


Atlântico, facilitou a expansão.
A REVOLUÇÃO DO MESTRE DE AVIS E A REORIENTAÇÃO
PARA ULTRAMAR

Entre 1383-1385, dá-se a crise mais profunda. A nobreza atravessava


uma ampla crise em decorrência da crise geral do feudalismo no século
XIV e via na união com Castela uma forma de ter acesso a mais terras.
Contra a grande nobreza colocavam-se os interesses da pequena nobreza
e os comerciantes e artesãos.

A nobreza via no ataque à África a possibilidade de acesso ao ouro e às


especiarias. E, surgia ao mesmo tempo, a possibilidade de acesso a terras
conquistadas e a criação de uma série de cargos civis, militares e
religiosos que, ao lado tenças, mercês e dotes, seriam distribuídos aos
fidalgos.
E a burguesia? O que ganharia com a expansão?

Batalha de Aljubarrota, na “Crônica de


Inglaterra” de Jean de Wavrin.
Jean de Wavrin [Jehan de Waurin]
(1400+1473), filho bastardo de Robert VII
de Wavrin, foi afamado cronista francês,
cavaleiro, militar e Senhor de Forestel,
autor da célebre “Anciennes Chroniques
d'Angleterre”.

Batalha de Aljubarrota
Em 14 de Agosto de 1385, os exércitos castelhano e português defrontaram-se em
Aljubarrota, acabando a batalha com a vitória dos portugueses e a confirmação da
independência de Portugal.
RESPOSTA:

A burguesia lusitana desejava assegurar um


fornecimento permanente de mercadorias e metais
preciosos e, ao mesmo tempo, contornar o
monopólio italiano - em particular genovês - sobre
as mercadorias orientais.
O processo de unificação do território
português deu-se paralelamente ao
fortalecimento do poder real – dinastia
de Borgonha – e, a Revolução de Avis
marcou o início de um período na
história portuguesa onde a burguesia
terá grande influência sobre este
Estado criando as condições
necessárias para a expansão
marítima.
Tomada de Ceuta, 1415

Partida da Armada do Infante D. Henrique para a Conquista de Ceuta (1415


Tomada de Ceuta, 1415.
Visando a conquista de riquezas,
Portugal lança uma expedição
contra Ceuta, contudo, a sua
conquista em 1415 não
representou a construção de uma
sólida rede comercial na África.
A manutenção de Ceuta e, mais
tarde, a decisão de ampliar a
conquista, representou um
compromisso da política
portuguesa com uma forma de
expansionismo novo, abrindo Painel de azulejos de Jorge Colaço (1864-1942)
na Estação de São Bento, no Porto: o Infante D.
caminho para uma ação de maior Henrique na conquista de Ceuta.
envergadura.
A tomada de Ceuta foi a primeira ação imperialista dos portugueses e, depois dela,
os súditos do rei dom João I sentiram-se seguros para iniciar seu avanço por
mares nunca dantes navegados. A decisão de invadir Ceuta foi audaciosa e astuta:
a cidade, localizada próxima ao Estreito de Gibraltar, não apenas era riquíssima e
relativamente desprotegida como se tratava de um autêntico ninho de piratas, cuja
ação impedia o fluxo do comércio mediterrâneo.
Causas

* Geoeconômicas: a situação geográfica de Ceuta permitia controlar a entrada e


saída do estreito de Gibraltar, dos navios que vinham do Atlântico para o Mediterrâneo
e vice-versa.
* Religiosas: expandir a fé cristã, aumentar os territórios onde existia o Cristianismo
* Sociais: as classes sociais mais abastadas tinham vários interesses nesta conquista -
a nobreza queria terras, honras e rendas; o clero queria expandir a fé cristã; e a
burguesia queria novos produtos e mercados.
* Econômicas: Portugal tinha falta de trigo, ouro, especiarias. Conquistando a Praça
de Ceuta iríamos conquistar uma cidade onde afluíam os produtos orientais vindos da
Índia pelas Rotas Caravaneiras do Saara e traziam ouro, especiarias, etc. Nos arredores
de Ceuta existia uma grande produção de trigo.
* Políticas: o aumento da importância do reino de Portugal no quadro das
monarquias da Península Ibérica, estabelecendo em Ceuta o ponto mais oriental da
reconquista cristã a realizar por Portugal no Norte de África.
Interessante, a tal respeito, são as palavras do cronista
Zurara, pondo em destaque o duplo aspecto religioso e
estratégico da operação, como se vê: “Em qual parte
assentarei melhor o começo deste capítulo, que
naquela mui honrada conquista que se fez sobre a
grande cidade de Ceuta, de cuja famosa vitória os céus
sentiram glória e a terra benefício?
Zurara (ou Azurara), Gomes Eanes
de
(c.1410/1420 - 1473/1474)

Cronista português, filho do cônego Joane Gomes


de Zurara. Foi educado sob a protecção de Afonso
V, tendo, posteriormente, substituído Fernão Lopes
nos cargos de cronista oficial da corte e guarda-mor
do arquivo da Torre do Tombo, em 1454. Foi, desde
1451, responsável pela livraria real.
São da sua autoria a Crónica da Tomada de Ceuta
ou Terceira parte da Crónica de D. João I (1450,
sendo as duas primeiras partes da autoria de Fernão
Lopes), a Crónica dos Feitos da Guiné (1453), a
Crónica de D. Pedro de Menezes (1463) e a Crónica
de D. Duarte de Menezes (1468).
UNESP 99) "A conquista de Ceuta foi o primeiro passo na execução dum
vasto plano, a um tempo religioso, político e econômico. A posição de
Ceuta facilitava a repressão da pirataria mourisca nos mares vizinhos; e
sua posse, seguida de outras áreas marroquinas, permitiria aos
portugueses desafiar os ataques muçulmanos à cristandade da Península
Ibérica." (João Lúcio de Azevedo. Época de Portugal econômico:
esboços históricos.)
De acordo com o texto, é correto interpretar que
a) a expansão marítima portuguesa teve como objetivo expulsar os muçulmanos da Península
Ibérica.
b) a influência do poder econômico marroquino foi decisiva para o desenvolvimento das
navegações portuguesas.
c) o domínio dos portugueses sobre Ceuta era pane de um vasto plano para expulsar os
muçulmanos do comércio africano e indiano.
d) a expansão marítima ibérica visava cristianizar o mundo muçulmano para dominar as rotas
comerciais africanas.
e) o domínio de territórios ao norte da África foi uma etapa fundamental para a expansão
comercial e religiosa de Portugal.
Resposta: E
Açores, descobrimento e navegação

Mapa do Arquipélago dos Açores de Luís Teixeira -1584 (P.M.C. vol. III est.. 362 A)
reproduzida da obra Os Descobrimentos Portugueses, de Luís de Albuquerque, pág. 27 .
A Oeste de Portugal continental, de sueste para noroeste, o arquipélago dos
Açores é formado por nove ilhas de origem vulcânica organizadas
em três grupos: um grupo oriental com as ilhas de S. Miguel e Sta. Maria; um
grupo central com as ilhas Terceira, S. Jorge, Pico, Graciosa e Faial; e um
grupo ocidental, composto pelas ilhas das Flores e Corvo.

A descoberta das ilhas dos Açores está envolta em muitas dúvidas e poucas
certezas pois são praticamente inexistentes documentos régios que o
comprovem ou assinalem as circunstâncias e as datas de cada descoberta.
Mesmo a cartografia existente, pela sua diversidade, apenas contribui para
aumentar a incerteza sobre este acontecimento.
Segundo Gaspar Frutuoso, cronista açoriano do século XVI, os Açores foram
descobertos por Gonçalo Velho Cabral que, a mando do Infante D. Henrique,
teria chegado à ilha de Sta. Maria em 1432 e a S. Miguel em 1444.
A ilha da Madeira
Em 1418, ainda no reinado de D. João I, e
sob comando do Infante D. Henrique dá-
se o redescobrimento da ilha de Porto
Santo por João Gonçalves Zarco e mais
tarde da ilha da Madeira por Tristão Vaz
Teixeira. Trata-se de um redescobrimento
pois já havia conhecimento da existência
das ilhas da Madeira no século XIV,
segundo revela a cartografia da mesma
época, principalmente em mapas italianos
e catalães. Tratava-se de ilhas desabitadas
que, pelo seu clima, ofereciam
possibilidades de povoamento aos
Portugueses e reuniam condições para a
exploração agrícola.
“Iniciada a passagem à África as
mesmas necessidades da conquista
impunham o alargamento dela”
A CONQUISTA DO MAR OCEANO

Decididamente, Portugal encontrava uma forte resistência no norte


da África, e uma derrota nas Canárias, obrigando-o, desta vez
decisivamente, a redirecionar sua expansão. Assim, sabendo que as
rotas comerciais vinham do sul e do centro da África, Portugal
organiza expedições visando a chegar a seus pontos de partida e,
além disso, conseguir posições para um ataque pelo sul contra os
infiéis.
Com as grandes descobertas feitas no litoral africano, e com a
consciência de que Ptolomeu, Plínio e os demais sábios estavam
errados, pois o mundo não acabava depois do cabo Não, Dom João
II(1481-1495) resolve prosseguir em direção às Índias e ao reino de
Preste João.
Movidas de início pela busca de privilégios de
fidalguia conquistados em batalha e, depois,
pela iniciativa privada que buscava riqueza fora
do território - conseguindo-a nas prósperas
capitanias dos arquipélagos da Madeira e dos
Açores- as viagens prosseguiram pela costa
africana, cada vez mais para sul.
A passagem do Cabo Bojador

A primeira passagem
pelo cabo deve-se ao
navegador português Gil
Eanes, em 1434. O
desaparecimento de
embarcações que
anteriormente o tinham
tentado contornar levou
ao mito da existência de
monstros marinhos e da
intransponibilidade do
Bojador.
O Bojador é referido na Mensagem de Fernando
Pessoa com os célebres versos:

Ó mar salgado, quanto do teu sal


São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena


Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
O obstáculo que se erguia perante os
navegadores era um cabo para lá do qual havia
fama de a navegação ser muito difícil, se não
impossível, pondo em risco a vida de quem a
tentava: “Isto é claro – diziam os mareantes -,
que, depois deste cabo, não há aí gente nem
povoação alguma; a terra não é menos
arenosa que os desertos da Líbia, onde não há
água, nem árvore, nem erva verde; e o mar é
tão baixo que, a uma légua de terra, não há de
fundo mais que uma braça. As correntes são
tamanhas que navio que lá passe jamais
poderá tornar” (ibidem, cap. VIII).
E em 1443 é criada a primeira feitoria comercial da ilha de Arguim, na
costa da Mauritânia, construída sob as instruções do próprio Infante:
visava atrair as rotas percorridas por mercadores muçulmanos no norte
de África, tentava-se implantar um mercado para monopolizar a
atividade comercial da zona.

O forte de Arguim em 1721.


DIOGO CÃO

Em 1482, no período em
que era construído o castelo
de São Jorge da Mina, D.
João II decidiu reiniciar a
exploração do litoral
africano para sul do
Equador, que ficara suspensa
no cabo Catarina. O rei
encarregou dessa missão o
seu escudeiro Diogo
Cão.
Em 1482 dá-se a construção da
Fortaleza de São Jorge da Mina e, no
ano seguinte, Diogo Cão chega ao A Fortaleza de São Jorge da
rio Zaire. Mina e a cidade foram
construídos em 1482 em
redor da indústria do ouro.
Com os lucros deste
comércio, Fernão Gomes
auxiliou o monarca na
conquista de Arzila, Alcácer
Ceguer e Tânger. Além da
aquisição do ouro e
malagueta, o comércio
escravagista oferecia boas
perspectivas de lucro.
Vista do Castelo da Mina pelo lado noroeste
a partir do rio (Atlas Blaeu van der Hem,
séc. XVII).
A ligação do Atlântico com o Índico

Em 1487, D. João II envia


Afonso de Paiva e Pêro da
Covilhã em busca do Preste João
e de informações sobre a
navegação e comércio no
Oceano Índico. Nesse mesmo
ano, Bartolomeu Dias,
comandando uma expedição com
três Caravelas, atinge o Cabo da
Boa Esperança. Estabelecia-se
assim a ligação náutica entre o
Atlântico e o Oceano Índico.

Viagem de Bartolomeu Dias (1487–88)


O caminho marítimo para a
Índia

Pintura de Vasco da Gama na chegada à


Índia, ostentando a bandeira usada nos
Descobrimentos: As armas de Portugal e
a cruz da Ordem de Cristo,
patrocinadores do movimento de
expansão iniciado pelo Infante D.
Henrique.
Calecute

Representação de Calecute no atlas "Civitates orbis terrarum" (Georg


Braun e Franz Hogenber, 1572).
2010 – Unicamp) Segundo o historiador indiano K. M. Panikkar, a
viagem pioneira dos portugueses à Índia inaugurou aquilo que ele
denominou como a época de Vasco da Gama da história asiática. Esse
período pode ser definido como uma era de poder marítimo, de
autoridade baseada no controle dos mares, poder detido apenas pelas
nações européias.
(Adaptado de C. R. Boxer, O Império Marítimo Português, 1415-1835.
Lisboa: Edições 70, 1972, p 55.)

a) Quais fatores levaram à expansão marítima européia dos séculos XV


e XVI?

b) Qual a diferença entre o domínio dos portugueses no Oriente e na


América?
RESPOSTAS
a) Podemos apontar inúmeros fatores que levaram os portugueses a estabelecer uma
rota alternativa para a Índia. Em primeiro lugar temos que levar em consideração a
própria crise que afetava de maneira grave o nascente capitalismo; o monopólio de
Genova e Veneza nas rotas mediterrânicas comprometia a saúde financeira da Europa.
Em segundo lugar as reservas de ouro estavam bastante escassas e isso ameaçava
paralisar as transações comerciais no comercio europeu. Não podemos deixar de
mencionar o fortalecimento do trono Avis a partir da participação ativa da nobreza
portuguesa, extremamente presente no contexto das tomadas militares nas Ilhas do
Atlântico.

b) Foram dois modelos diferentes de ocupação. Enquanto na Índia a estratégia foi de


montagem de uma estrutura de comércio com base em feitorias (algo similar ao que
ocorreu na África) e imposição da presença lusa com base na força militar, na América
tivemos a montagem inicial de uma espécie de continuidade da conquista contra os
muçulmanos, tendo um forte apelo religioso na conversão dos nativos. Aos poucos esse
modelo cederia lugar para a colonização com base na extração do pau-brasil e mais
tarde na organização da grande lavoura canavieira, característica da colônia de
exploração.
UERJ-2002) Ao chegar a Calicute, em 1498, o navegador português Vasco da Gama
aguardou que embarcações locais se aproximassem das naus e mandou um membro da
tripulação para terra, o degredado João Nunes. Este encontrou no porto dois comerciantes
tunisinos, que sabiam falar castelhano e genovês, travando o seguinte diálogo, registrado por
um português anônimo:

- Ao diabo que te dou; quem te trouxe cá?


E perguntaram-lhe o que vínhamos buscar tão longe.
E ele respondeu:
- Vimos buscar cristãos e especiaria.

(Adaptado de VILLIERS, John. Vasco da Gama, o Preste João das Índias e os cristãos de
São Tomé. In: Oceanos: Vasco da Gama. Lisboa, 1998.)

(A) Justifique por que "buscar especiaria" foi uma importante motivação econômica da
Expansão Marítima portuguesa.
(B) Identifique duas ações voltadas para a expansão da fé cristã, que tenham sido
empreendidas pelos portugueses nos seus domínios coloniais.
A) "Buscar especiaria" foi uma importante motivação econômica da
Expansão Marítima portuguesa porque havia grande interesse nesses
produtos, originários do Oriente, pela Europa, em função das suas
propriedades de conservação dos alimentos.

(B) Duas dentre as ações de cristianização:


ação dos jesuítas
construção de igrejas
catequese das populações indígenas
trabalho missionário de várias ordens religiosas
monopolização do ensino por clérigos católicos
O Tratado de Tordesilhas (Capitulación de la participación del Mar
Oceano – 7/6/1494)
Este tratado estabelecia a divisão do Mundo em
duas áreas de exploração: a portuguesa e a
castelhana, cabendo a Portugal as terras
"descobertas e por descobrir" situadas antes da
linha imaginária que demarcava 370 léguas
(1.770 km) a oeste das ilhas de Cabo Verde, e à
Espanha as terras que ficassem além dessa linha.
O Tratado de Tordesilhas (Capitulación de la participación del Mar
Oceano – 7/6/1494) redefiniu as áreas de influência das monarquias
ibéricas. Alterou o disposto na bula inter coetera, de 1493, que dava
posse das terras localizadas a 100 léguas a oeste de Cabo Verde à
Espanha. Após a descoberta da América e buscando assegurar a
navegação portuguesa para o Oriente, o rei D. João II fez valer o poderio
lusitano frente aos reis católicos. Conseguiu, então, a assinatura do
tratado com o reino vizinho, que demarcava uma linha de 370 léguas a
Ocidente dos arquipélagos de Açores e Cabo Verde. Embora tenha
garantido aos portugueses a posse da faixa atlântica da América do Sul, o
tratado nunca foi aplicado à risca, sobretudo por causa da dificuldade em
demarcar com exatidão os limites durante toda a época Moderna.
Chegada ao Brasil

Detalhe do mapa "Terra Brasilis" (Atlas Miller, 1519), actualmente na Biblioteca


Nacional de França.

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