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António Lobo Antunes (1942-hoje)

 Nasceu em Benfica, filho da alta burguesia


portuguesa, tem 5 irmãos
 Conheceu Maria José no 1966 na Praia das
Maças
 Apaixonado pela escritura
 1969 licencia-se em Medicina e é chamado
para a recruta, de onde viria a partir para a
Guerra Colonial (1961-1974)
 8 de agosto de 1970 casa-se com Maria José
que depois um mês ficou grávida
 6 de janeiro de 1971 parte para Angola

A Viagem
 É uma viagem forçada, a sua única
possibilidade de fugir da guerra era aquela do
exílio em Paris
 Ele sabia que partindo havia a possibilidade de
não voltar mais
A permanência em Angola
 6 Janeiro 1971 – Agosto 1971: primeiro periodo
 Setembro 1971: férias em Lisboa
 Outubro 1971 – Abril 1972: regresso de António a
Chiúme
 Abril – Julho 1972: chegada da família a Marimba
 Julho 1972 – Agosto 1972: hospitalização de Maria
José em Luanda
 Agosto 1972 – Janeiro de 1973: regresso da família a
Marimba
 Janeiro 1973: António vai com a família a Luanda
para fazer um exame e regressa a Marimba sozinho
 30 Janeiro 1973 – Março 1973: regresso da família a
Marimba até o final da comissão.
Na Vera Cruz:
(...) é horrivel ver a orquestra a tocar para uma sala
cheia de tipos fardados, afundados nas cadeiras numa
melancolia sem remédio (…)
Luanda

Marimba

Malanje
Gago Coutinho

Ninda

Chiúme
27/01/71 Gago Coutinho

Isto é o fim do mundo: pântanos e areia. A pior zona de


guerra de Angola: 126 baixas no batalhão eque rendemos,
embora apenas com dois mortos, mas com amputações
várias. Minas por todo o lado. A Zâmbia quase a vista. Um
clima com uma amplitude térmica de 30 e tal graus. E a
minha vida vai encher-se de aventuras arriscadas: em
princípio ficarei aqui 4 meses, e irei, semanalmente, de
avião, a Cessa e Mussuma, onde há 2 pelotões destacados.
Nos 4 meses seguintes partirei para Ninda, ou Chiúme, one
estão as companhias operacionais, e andarei de um lado
para o outro, na picada, de viatura. Virei de férias em
Outubro. (...)
Um ambiênte alienante
 António vive isolado da todo o mundo, é no
remoto interior da Angola, onde os transportes
são poucos e instáveis. Muitas vezes não
chegam as cartas e os refornimentos. O perigo
é diário e o contínuo atraso dos correios não
ajuda a sua sanidade mental
 Cá estou eu no inferno, a comer salsichas e
outros alimentos de conserva (…)
 (…) desde o teu telegrama nunca mais recebi
notícias tuas (…)
Ninda – 20/05/71
Isto é exactamente como viver numa prisão. 50
metros quadrados de arame farpado a confinar-
nos, e 100 prisoneiros dentro, a espera de 1973.
(…). Aqui a população é hostil, fechada.
Anteontem morreu um miúdo (…) uma hora
depois de ter recebido uma injecção. Nenhuma
relação. Pois acusam-me de feiticeiro e de ter
morto deliberadamente a criança.
Ninda 27/05/71
 Outro dia, um soldado que tudo isto tornou
meio louco meteu-se sozinho a caminho de
arma na mão. (…)
 Todas as noites, ao apagar a luz, me depeço
mentalmente de mim mesmo, perguntando-me
se será hoje o ataque
 Para o lado da Zâmbia somos os úlitimos, e os
que estão em piores e mais tristes condições
Chiúme: 30/05/71, a salvação da
escritura
 “O Chiúme é metade do Ninda, a população reduz-se a 70
pessoas, é o local mais isolado do batalhão (…)”
Todavia, com a chegada nesta remota aldeia, a situação
complessiva parece amelhorar, não há os assaltos de Ninda
e António busca o tempo para escrever
 “O meu quarto é melhor do que do Ninda (…) e eu estou

disposto a resistir”
 “Estou realmente agradado com o Voo, tenho a impressão

de que te vais rir imenso ao lê-lo. Engulo páginas e


páginas, à média de 7/8 por dia”
Um aerograma,
o mais
frequente meio
de comunicação
entre os
soldados e as
famílias
A sua única razão de vida é o seu
amor para Maria José e para a sua
futura filha
 Todas as cartas começãm e terminam no
sentido do seu amor: “Minha jóia querida, meu
amor, meu querido amor...” e ainda :”Milhões e
milhões de beijos do teu marido (...), meu sol.
 “Até o fim do mundo. Arranja uma grande cama
para nela morrermos juntos, colados um ao
outro, sem que saibamos qual dos nosso dois
corpos somos”
O fronte angolano
“Heart of Darkness” e “Cartas da guerra”, a figura do
colonialista
Cartas da guerra: uma viagem
através a separação amorosa e o
isolamento
 Fisica
 Psicologica
 Quotidiana
 Dois mundos totalmente diferentes: a selvagem e a
civildade
 Atraso da comunicação
 Follia
 Instabilidade, viagem sem informações precisas e com
numerosas mudanças de programa

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