PARADIGMA

SISTÊMICO
REVISÃO
CONCEITUAL
Teoria e Intervenção em Terapia de
Famílias

Profª: Caroline Santa Maria

 2

Porque tratar a família?

Um membro da família afeta a todos os demais

Sistema movendo-se através do tempo

Primeiro sistema a que pertencemos

Compreensão da dinâmica familiar – nova forma de

pensar o comportamento humano
 Fundamentos Teóricos da Terapia familiar

TERAPIA FAMILIAR
Mudança paradigmática: da linearidade para a
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
complexidade
 Profa. Débora de Oliveira 4

Diferença do
Pensamento Linear e do
Pensamento complexo
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA TERAPIA FAMILIAR

CIBERNÉTICA

TEORIA GERAL DOS SISTEMAS

CONSTRUCIONISMO SOCIAL

TEORIA DO APEGO
 Vertente dos Vertente das
seres vivos máquinas
(organicista) (mecanicista)

• Paradigma • Teoria Geral • Cibernética

Tradicional dos Sistemas (Wiener)
(ocorreram (Bertalanffy)
paralelamente)
 CIBERNÉTICA (significa piloto/condutor -
matemática – Weiner/1940)

 Primeiro modelo metafórico de como as famílias funcionam

 Mecanismos de feedback em sistemas que se auto-regulam.

 Estuda a comunicação e os sistemas de controle.

 Família (= sistema cibernético): tendência à manter a estabilidade

= HOMEOSTASE FAMILIAR
 Através do mecanismo de feedback/retroação/realimentação
atingiria o desempenho almejado.

Cibernética (Weiner - matemática) Teoria dos Sistemas/Escola das

comunicações - teoria do duplo vínculo (Bateson, Jackson – terapia de família)
 • Feedback negativo;
1ª cibernética • Sintoma (é o foco) - existe
Cibernética de para manter o sistema;
1ª ordem • Terapeuta – resolvia o
Estabilidade
problema da
família/+diretivo;
• Crise - perigo

• Sintoma não é o foco;

CIBERNÉTICA • Foco nas relações
1ª cibernética
(problema de todos) e no
Cibernética de
2ª ordem
sistema terapêutico;
• Feedback positivo;
Morfogênese
• Crise – oportunidade para
auto-mudança

 Intersubjetividade do terapeuta;
2ª cibernética/
 Auto-referência (observador
Construtivismo
inserido na observação)
Construcionismo
Social  Rede de conversações
 co-construções de realidades
 Realimentação/Retroação/Feedback

“O timoneiro, na condução de uma embarcação, utiliza-se

continuamente da realimentação, corrigindo os desvios de rota, para
manter o barco na direção da meta, sendo que a trajetória real oscila
em torno da direção prefixada” (Vasconcellos, 2003, p.214).

• É o que permite o controle da máquina para atingir seu desempenho

efetivo;

• Mecanismo de comunicação que corrige os desvios do sistema;

• Ora vantajoso, ora prejudicial ao sistema (que impede uma

atividade organizada);
 Realimentação/Retroação/Feedback

• Circuito de feedback = padrões de comunicação

• É uma interação entre o sistema e seu ambiente

• Respostas/saídas/outputs da família-ambiente às entradas/inputs vindas do

ambiente-família

• Equilíbrio entre feedbacks positivos e negativos

• Padrões de comunicação Inputs/entradas

• Uma das fontes da disfunção familiar

Família

Sociedade

Outputs/saídas
 Feedback negativo Feedback positivo
Busca diminuir ou reduzir o desvio A informação sobre o erro provoca
ampliação ou acentuação do desvio
do que acontecia até então.
É um mecanismo homeostático É um mecanismo morfogênese
Atua para manter a mesma forma de Conduz mudança no sistema, produz
funcionamento ruptura e novas formas de
funcionamento
Tenta corrigir/controlar sistema Realimentação de auto-reforço, se
transtornado intensificam os efeitos do processo
Função de regulação e de Função de transformação
adaptação
“Se um motorista, ao receber o “Se um motorista, ao receber o
feedback de que o carro está saindo feedback de que o carro está saindo
da pista para a direita, vira o volante da pista para a direita, vira o volante
para a esquerda e assim reduz o para a direita ampliando seu desvio do
desvio do carro em relação à pista” carro em relação à estrada, pode cair
em um despenhadeiro”
(Vasconcellos, 2003, p. 222)
Exemplo (Vasconcellos, 2003, p. 224)

• Um casal teve suas duas filhas depois de muitos anos de casados,

estando ambos já próximos de 50 anos e as filhas pequenas, sendo a
segunda ainda bebê. Muito preocupados em cuidar muito bem das
crianças, cercaram-se de uma equipe de auxiliares. Aconteceu que num
fim de semana, coincidentemente, todas as auxiliares ficaram impedidas,
o que fez com que os pais ficassem bastante desorientados e com
dificuldades para lidar com a situação.

Feedback negativo Feedback positivo

Se tivessem recorrido a uma baby-sister
ou a uma creche.
Diminuiriam os desafios
Manteriam a mesma forma de
funcionamento e controlariam o sistema
Se alterassem os cuidados com as
crianças e incorporassem as alterações
em suas rotinas não seria necessário
contar com outra equipe.
Acentuariam os desafios para os pais
Conduziriam nova forma de
funcionamento
 Exemplo
Feedback negativo
Uma criança assumirá o papel do
“doente” para restabelecer o
equilíbrio do grupo familiar,
fornecendo ao casal parental, a
possibilidade de certo nível de
comunicação.
Diminui os desafios da família
Mantém a mesma forma de
funcionamento e controla o sistema
Função de regulação do sistema
Se uma criança “doente” buscar
outra forma de reasseguramento, e
decidir ir morar com a avó, por
exemplo, exigirá do casal parental
novas formas de relacionamento,
sem agora esse filho “doente” na
familia.
Amplia o desvio
Exige novas formas de lidar com os
problemas
Função transformadora do sistema
 Exemplo
• Uma família queixa-se do mal comportamento de Julio, 9 anos, com sua irmã
recém nascida Marina, que é sua irmã apenas por parte do pai, Marcos, que
teve seu segundo casamento com Joana. Julio tem tido comportamentos
como gritar com o pai toda vez que esse não fala com ele e que está com
sua irmã. Júlio também não quer ficar próximo da mesma, dentre outros
comportamentos ditos, pelo pai, como “infantis”.
Feedback negativo Feedback positivo
Se Marcos castiga Julio. Esse irá se Se Marcos brincar e fazer programas só
sentir ainda menos amado e se com Júlio. Esse se sentirá mais
comporta ainda mais como bebê. pertencente à família.
Pai tenta corrigir o comportamento de Pai procura novas formas de agir frente
Júlio – Função de regulação ao comportamento do filho – Função de
transformação
Manter a mesma forma de Morfogênese familiar
funcionamento – Homeostase familiar
TEORIA GERAL DOS SISTEMAS
(biologia/sistema endócrino - Ludwig von Bertalanffy)

• Todo sistema é um subsistema de um sistema maior

• Um sistema é mais do que a soma de suas partes
• Sistemas aberto, ativos e criativos -

Princípios centrais da terapia familiar

- Em que condições
acontece o
fenômeno no qual
estou interessado?

- Como o vejo
relacionado com
outros elementos do
sistema?
 TEORIA GERAL DOS SISTEMAS NA TERAPIA DE
FAMILIA

 Sistema familiar – organizado por partes que formam um todo complexo.

 O Todo é sempre maior do que soma de suas partes – sistemas mais

amplos.

 Sistemas abertos, como organismos vivos, possuem propriedades

essenciais – pensamento complexo.

  Comportamento de uma pessoa padrões de relacionamentos

Crítica à TGS – não considerou o sistema cultural, político

Propriedades dos sistemas:
• Totalidade: organização dos sistemas não podem ser
decompostos em partes ou eventos locais
• Mudança em um dos elementos do sistema modifica o intercambio
comunicacional e as relações do todo familiar.
Ex.: droga do adolescente não pode ser visto como um sintoma apenas do
adolescente, mas como um sintoma da família

• Isomorfismo: leis do sistema familiar

Ex.: Casal que precisa comparecer aos almoços de domingo da família de
origem do marido. Essas “leis” não faziam parte da família de origem da
esposa, mas para pertencer àquele grupo familiar do marido “precisa”
seguir essa “lei”.
• Circularidade: relações não são lineares, mas circulares.
Ação conduz uma reação.

Ex.: É perguntado a uma mãe com filho portador de fibrose cística se

os cuidados da criança tornaram-se muito exigentes para ela. O pai,
que participa da interação, recebe a informação e reage a ela
minimizando o fardo que os cuidados com o filho podem representar
para ela. No seu entendimento, os cuidados estão bem compartilhados
entre ambos e não considera plausível que a esposa se queixe da
sobrecarga que isto lhe causa. A mãe reage exprimindo sua raiva,
afirmando que seu marido não contribui suficientemente nos cuidados
da criança.
• Equifinalidade: objetivo final atingido de diferentes maneiras.
• Adaptabilidade/proteger ou reestruturar sua integridade.

Ex.: uma família que precisa se reorganizar diante de uma mudança de

cidade e lida de maneira saudável com os desafios.
 CONSTRUTIVISMO (Speck; Von Foerster; Maturana e Varela) E
CONSTRUCIONISMO SOCIAL (Gergen)

 Surgiu na década de 80;

 Dimensão coletiva e
socioeconômicas dos
CONSTRU CONSTRU
problemas;
TIVISMO CIONISMO
SOCIAL  Influenciou escolas:
•Percebemos o mundo  Focadas na solução de
e nos relacionamos •Interpretações problemas;
com ele baseados em moldadas pelo
nossas interpretações contexto social que  Construção de
vivemos narrativas;
•Auto-referência  Reenquadramento -
(qualidades pessoais) criança “hiperativa” X
“criança mal-
comportada”.
 TEORIA DO APEGO (psicanálise – Bowlby)
 Primeiro teórico da psicanálise a trabalhar conjuntamente
com pais e crianças na sessão

 Figuras de apego internalizadas moldando relacionamentos

posteriores

 Muito utilizada na terapia de casal

CONCEITOS DE TRABALHO EM TERAPIA FAMILIAR

COMPLEMENTARIEDADE

CAUSALIDADE CIRCULAR

TRIÂNGULOS

PROCESSO / CONTEÚDO

ESTRUTURA FAMILIAR

FUNÇÃO DO SINTOMA

CICLO DE VIDA
Principais conceitos de trabalho da terapia familiar
• Ex.: “ela está sempre vigiando meu
celular, mexendo nele escondida, sem
minha autorização. Eu já disse que
Complementariedade celular é muito íntimo, que não gosto
que ela faça isso! Mas não adianta,
parece que quanto mais eu digo, mais
ela faz”!

• Ex: “quanto mais ela usa saia curta,

e quer trabalhar, mais eu digo pra
Causalidade circular ela que aqui quem manda sou eu.
Parece que ela quer me provocar.
Daí fica vestindo essas roupas!”
• Ex: “Quando uma criança
apresenta problemas de
comportamento, freqüentemente os
Triângulos pais estão em conflitos em relação
à parentalidade e ao exercício das
regras”.
Principais conceitos de trabalho da terapia familiar

Processo (como)/ • Ex: “uma mãe que diz a um filho que

conteúdo (o quê): está com paciência com ele, mas altera
sua voz e pega firme em seu braço”.
• Ex.: casal que ao ter seu filho, insere-o
em todos os programas, a fronteira que
Estrutura familiar separa as gerações torna-se tênue.
Paternidade prevalece à conjugalidade,
dificultando a autonomia do filho.

Função do Sintoma • Mantem a homeostase familiar

Ciclo de vida familiar

 Referências
NICHOLS, Michael P.; SCHWARTZ, Richard C. Os Conceitos Fundamentais da
Terapia Familiar. In _____. Terapia Familiar: Conceitos e Métodos (pp. 100-125).
Porto Alegre: A.rtmed, 2007.
COSTA, L. F. (2010). A perspectiva sistêmica para a Clínica da Família. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, 26(spe), 95-104. http://www.scielo.br/scielo.php?script=
sci_arttext&pid=S0102-37722010000500008&lng=en&tlng=pt.
FÉRES-CARNEIRO, T. Terapia Familiar: das divergências às possibilidades de
articulação dos diferentes enfoques. Psicologia: Ciência e Profissão, 1996, 16,
38-42. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98931996000100007&script=
sci_arttext