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Uma língua histórica é constituída de várias línguas mais ou

menos próximas entre si, mais ou menos diferenciadas, mas


que não chegam a perder a configuração de que se trata “do
Português”. (BECHARA)

A língua portuguesa é o
patrimônio cultural de
várias nações:
Brasil, Portugal,
Angola, Moçambique,
Açores, Madeira, Cabo
Verde, Guiné-Bissau,
São Tomé, Príncipe,
Timor, Macau.
Gramática Gramática
Normativa: descritiva:
finalidade disciplina


pedagógica científica que
língua exemplar
(recomenda línguae correta
registra
como se deve descreve um
falar e escrever sistema
segundo a lingüístico.
exemplaridade
idiomática).
Conformidade com a
Forma eleita entre as várias
estrutura de uma língua
formas de falar que funcional de qualquer
constituem a língua histórica. variedade regional,
(não é correta ou incorreta) sociocultural ou estilística.
É necessário estudar gramática
descritiva?

É necessário estudar a gramática


normativa?

Quais os benefícios do estudo sistemático


da gramática nas aulas de língua
portuguesa?
Educação lingüística às avessas (Bechara,
com adaptações)
Não sei se o prezado leitor acompanhou recente
noticiário televisivo pelo qual se anunciava que
autoridades de ensino de determinada região dos
Estados Unidos, tendo chegado à conclusão de que a
deficiência escolar patente dos alunos negros se devia à
influência de desconhecimento do inglês standard —
tanto na gramática quanto no léxico — , resolveram
ensinar e admitir nas escolas a modalidade de inglês
que acredito seja o que lá se conhece, entre
especialistas, por black english vernacular, cunhado
pelo sociolingüista W. Labov, em 1972.
O noticiário registrou
também o repúdio das
pessoas entrevistadas
sobre o que pensavam da
medida: e a reação
maior, com muita
justiça, partiu dos
negros, alegando que
eram pessoas normais,
que queriam aprender o
inglês padrão e que
tinham dotes culturais
para consegui-lo, como,
aliás, dão prova disso,
destacando-se nas
ciências e nas artes.
Está claro que compreendemos todo o alcance da intenção
da medida, à primeira vista extremamente correta. Mas a
verdade é que, longe de ser uma medida democrática por
procurar evitar prejuízos da deficiência escolar, nivelando
por baixo e permitindo que os alunos nessas circunstâncias
desfavoráveis não deixem de concluir seus estudos e,
diploma na mão, possam ingressar no mercado de
trabalho, está causando mais mal que bem.

Pura ilusão e medida altamente antidemocrática!

E esse rebaixamento é prática entre nós!


Ao facilitarmos o caminho e retirarmos os naturais
obstáculos que a maioria dos alunos, negros ou brancos,
enfrenta nos bancos escolares, criamos uma tênue
expectativa de poder competir na luta por um lugar no
mercado de trabalho.
Essa luta é quase sempre inglória, porque o cabedal de
preparo com que saiu o aluno da escola não lhe é
suficiente e necessário para corresponder às exigências
desse mercado.
É nesse momento que o aluno se conscientiza de que a
escola lhe deu muito pouco, porque muito pouco lhe
exigiu a ele, aluno, e ele a ela, escola.
A ponta do iceberg da crise fica
sempre à vista da deficiência da
língua materna; mas a verdade é
que, atrás do idioma, aparece a
deficiência em todos os
horizontes do currículo escolar.
Em matéria de LP, não se recomenda ainda o “black
portuguese vernacular”, mas algo muito parecido pela
ineficácia cultural: a língua viva do povo. Além da
ineficácia cultural, ela não precisa ser ensinada: o aluno já
é falante competente nela!
Sem desprezar esse patrimônio
lingüístico, a missão da escola é
acrescentar o patrimônio da
língua de cultura, o veículo
exclusivo de intercâmbio em
situações em que a pessoa
ultrapassa os limites dos iguais
para atingir os limites do mundo.
Educar é justamente guiar para fora dos angustos limites
da pessoa humana.
Hoje o que se pratica? Sob a alegação
de que o
professor “deve
Isto é, não se chegar ao
ensina, porque aluno” fala-se
o aluno já sabe, exclusivamente
e se deixa de e se permite
ensinar aquilo escrever
de que ele vai também
precisar exclusivamente
amanhã. na língua
espontânea do
povo.
Com a idéia de chegar até o aluno, essa prática pedagógica não se
esforça para que o aluno percorra o caminho inverso: chegar ao
professor e não só o professor a ele.
- se q u e t a l
Alega
pr o c e d im e n to
corretivo
cerceia a
“lib e r d a de d o
aluno”,
o n do -s e -l h e
imp
a língua da
classe
dominante.
Essa alegação ideológica e não idiomática
desconhece, ou finge desconhecer, que não se
trata nem de imposição, nem de classe
dominante.

É uma contingência da própria historicidade


do homem, da sua convivência com os outros. E
o modelo a seguir não é a língua da Corte, mas
a língua dos que falam melhor.
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“Semi-analfabetos concluem o segundo grau”
Josias de Souza
(Folha de S.Paulo/ 24/08/2003)

A educadora alemã Ina von Binzer viveu no Brasil entre 1881


e 1883. Era aia em casas ricas do Rio e de São Paulo. Zelava
pela educação doméstica de crianças bem-nascidas.
Eletrificado pelo debate em torno da iminente abolição da
escravatura, o país se contorcia à sua volta.

Em cartas enviadas para amiga na Alemanha, Ina lastimava que


as crianças negras, àquela altura já libertas ao nascer, não
recebessem nenhum tipo de instrução. Segundo o raciocínio das
“almas brancas”, seria um “desperdício de dinheiro”. Livres, os
filhos de escravos não dariam mais “lucros”.
Ina perguntava à amiga: “Não estarão percebendo que,
agindo assim, estão preparando a pior geração que se possa
imaginar para conviver mais tarde com seus próprios
filhos?”

A correspondência de Ina foi reunida em livro na década


de 50. Chama-se “Os meus romanos – alegrias e tristezas
de uma educadora alemã”. Lendo-o, percebe-se que o
Brasil das cartas da professora, embora velho de 120
anos, é atualíssimo.

Os brasileiros muito pobres agora vão à escola. Mas nem


sempre recebem instrução. A maioria freqüenta
estabelecimentos públicos.
Visto sob o ângulo das estatísticas, o quadro é chocante:
64,76% dos alunos de oitava série e 52,54% dos que estão no
último ano do ensino médio têm dificuldades para ler e
escrever. São dados do MEC.
Contemplado mais de perto, o cenário torna-se alarmante.
Experimente-se entrar na sala de aula do professor Nilton
Ismael Rosa. No final de 2002, ensinava História no
Centro de Ensino Médio Setor Leste, prestigiada escola
pública de Brasília.

Prestes a prestar vestibular, vários alunos de Ismael Rosa


revelaram-se semi-analfabetos. O professor pediu em
prova que os estudantes citassem, por exemplo, dois
acontecimentos que contribuíram para a queda da
monarquia no Brasil.
Reprovados pelo professor, os autores das respostas foram
aprovados pelo conselho de classe da escola. Como eles,
outra meia centena de estudantes com média final abaixo de
4 levou à parede o diploma de conclusão do Segundo Grau.

O professor Ismael Rosa pediu a anulação da decisão do


conselho, integrado por todos os professores da escola.
Desatendido, pôs a boca no mundo. Transferido de escola, foi à
Justiça. Em decisão liminar, foi devolvido ao colégio, sob
protesto de colegas de magistério.

Ouvida, a secretária de Educação de Brasília, Maristela de


Neves Melo Mendes, alega que a transferência de Ismael
Rosa nada tem a ver com a pendenga das notas. O professor,
diz ela, responde a sindicância. Corre “em sigilo
administrativo”.
Sobre os alunos, diz a secretária:

Deveriam ter sido reprovados


muito antes. Mas qual seria o
objetivo de retê-los no terceiro
grau se a gente não tem como dar
para eles toda a escolarização de
novo? Pode ser que o conselho de
classe tenha avaliado essas
condições.
Segundo a secretária, o desastre educacional de Brasília foi
agravado por fracassos registrados entre 1995 e 1999. Um deles se
chamava “escola por Ciclos”. Em 80 escolas públicas, as turmas
foram divididas por faixas etárias. Crianças de seis, sete e oito
anos, por exemplo, freqüentavam a mesma sala.

A aprovação era automática. Alunos fracos eram aglomerados


em “classes de reintegração”. Em 1999, havia 27 mil crianças
sob regime de “reintegração”. Diz a secretária:

Estavam analfabetos, com dois, três,


quatro anos de escola.
Interrompida em 2000, a experiência deixou seqüelas. Os
“analfabetos” foram mantidos no estágio em que se
encontravam, entre a terceira e a quinta séries.

Espécie de sala de visitas do país, Brasília ocupava, no último


grande senso do Mec, o topo do ranking de qualidade de ensino
no país. Imagine-se o resto!

Se estivesse viva, Ina von Binzer repetiria a pergunta:

Não percebem que estão preparando a pior geração


que se possa imaginar para conviver mais
tarde com seus próprios filhos?
A linguagem não se refere apenas a seus usos
sociais. Pensar e aprender sobre a linguagem e
sua estrutura é um objeto de estudo valioso e
necessário. Aprender a metalinguagem e
habilidades metalingüísticas é essencial para
refletir sobre a língua e os textos produzidos. A
importância desse conhecimento se reflete no fato
de que o estudo da língua e de sua estrutura
sempre se constitui um objeto prioritário e
universal do ensino da língua através da história
e dos vários sistemas escolares. (Especialistas
internacionais que compuseram o grupo de
trabalho da Comissão de Educação e Cultura)
“Ninguém pode ser contra a verdadeira gramática (...)
Muito ao contrário; este livrinho é uma defesa dela –
defesa apaixonada (...) O que me preocupa
profundamente é a maneira de ensinar a língua
materna, as noções falsas de língua e gramática...”
(Celso Pedro Luft)
Esse fragmento de texto, presente no prefácio da 2ª.ed.
do livro “Língua e Liberdade”, de Celso Pedro Luft, foi
mencionado por Bechara, ao explicar a falsa
interpretação de muitos professores, ao julgarem que
Luft estaria se posicionando contra o ensino de
gramática, ao comentar a crônica de Luís Fernando
Veríssimo intitulada “O Gigolô das Palavras”.
Bechara afirma:“Com a chegada de ondas
reformuladoras no âmbito da necessária reflexão
universitária, [Luft] soube não se deixar morder
pelo vírus da modernose, e arcar com dignidade o
peso da opção consciente e moderada, certo de que
non púdeat dícere quod non púdeat sentire. Tal
atitude num país como o nosso, que ama a novidade
de hoje, mesmo que amanhã seja desbaneada por
outra mais nova, ainda que inconsistente, é atitude
de coragem. E Luft, como outros gramáticos que
continuaram estudando, soube ser elegante nesse
particular.”
Segundo Richter, atualmente há duas
tendências no ensino contemporâneo de
línguas: o ensino centrado na forma e o
ensino centrado no sentido. Entre os
pesquisadores que defendem o ensino
centrado na forma (metacognitivo), alguns
acreditam que o conhecimento gramatical
explícito pode converter-se em
conhecimento implícito, isto é, as regras
aprendidas inicialmente de forma artificial
tornam-se, com o tempo, um conhecimento
interiorizado.
Outros sustentam que o ensino de
gramática contribui indiretamente
como um fator metalingüístico que
facilitará posteriores aprendizagens:
“Está demonstrado que alunos que
recebem instrução gramatical
ultrapassam os que não a recebem,
tanto em termos de velocidade de
aquisição quanto em termos de nível
de competência atingido.” (Richter)
“O estudo da análise sintática é utilíssimo, desde
que, feito com sobriedade, seja encarado como o
fio que nos conduzirá à análise da estrutura
oracional, às relações de dependência e
independência que as palavras, expressões e
orações mantêm entre si, e às conseqüências que
daí se tiram para a melhor e mais expressiva
tradução do pensamento.” (Bechara)
Travaglia acredita:
O ensino descritivo da língua atende aos seguintes
objetivos:
•Levar ao conhecimento da instituição social que a
língua representa: sua estrutura e funcionamento, sua
forma e função;
•Ensinar o aluno a pensar, a raciocinar, a desenvolver o
raciocínio científico, a capacidade de análise sistemática
dos fatos e fenômenos que encontra na natureza e na
sociedade.
A gramática normativa deve constar no ensino da língua
para que o aluno seja capaz de utilizar também a
variedade culta da língua. (Magda B.Soares/ Tavaglia)
Em relação ao ensino da gramática
normativa, Travaglia comenta:
Se se estiver concebendo gramática como um
conjunto de regras sociais para o uso da
língua (a gramática normativa), [...]; por
objetivos educacionais mais gerais, o
desejável é que a resposta seja sim, para que
o aluno possa adquirir o conhecimento e
habilidades necessários socialmente para agir
lingüisticamente de acordo com que a
sociedade estabeleceu e espera das pessoas.
Em relação à gramática normativa, Travaglia,
ao referir-se a Magda B. Soares, quando esta
afirma que “às vezes é preciso ensinar
gramática normativa”, completa esse parecer,
afirmando: “Para nós, isto deve ser feito sempre
porque representa desenvolver a competência
comunicativa do aluno de forma que ele seja
capaz de utilizar adequadamente também a
variedade padrão culta da língua...”
“O texto é fundamental. O que não podemos
entender é que o texto substitua a gramática.
A forma de estruturação e de organização de
um texto, sua produção, depende de fatores
que não são os mesmos se comparados aos
fatores da gramática de uma língua. A
língua tem uma estrutura, e essa estrutura
deve ser ensinada aos alunos, como objeto de
reflexão.” (Valdir Flores, professor da
UFRGS)
Já se chegou mesmo a dizer que o ensino
de gramática na escola poderia ser
abolido. Podemos replicar que a nossa
análise mostrou claramente que o estudo
de gramática é de grande importância
para o desenvolvimento mental da
criança. (...) Ela pode não adquirir novas
formas gramaticais ou sintáticas na
escola, mas, graças ao aprendizado da
gramática e da escrita, realmente torna-se
consciente do que está fazendo e aprende
a usar as habilidades conscientemente.”
(Vygotsky)
Paulo César B Pinheiro

A prova de 1ªfase do Para se dar bem na


vestibular da Fuvest referida fase, o
exige do vestibulando candidato deve
conhecimentos estar devidamente
teóricos de gramática em dia com o
e a aplicação prática estudo da
desses conhecimentos. gramática.
“Antes de mais nada é preciso dizer que, mesmo que o professor
decida não ensinar teoria a seus alunos, é necessário que ele tenha
um conhecimento teórico o mais amplo possível, pois sem esse
conhecimento dificilmente o professor saberá estruturar atividades
pertinentes de ensino e que realmente caminhem em direção a fins
determinados de forma específica e clara.” (Travaglia)
Qual dessas obras de
arte você escolheria?
Os critérios gramaticais são importantes
sobretudo para a produção de textos
escritos. São os critérios que nos
permitirão julgamentos de sintaxe, de
estilo e de adequação da linguagem.

É fundamental
compreender a estrutura
da língua.
Escrever não é o
mesmo que falar.
A criança aprende a
falar por volta dos
dois anos de idade.
A aprendizagem da
escrita ocorre mais
tarde.
Há autores que consideram que aprender a escrever é
como aprender outra língua.
A Humanidade demorou 20.000 anos
para inventar o alfabeto.
Aprender a escrever demanda a compreensão :
1-da correspondência entre letra e som;
2- dos aspectos formais da frase escrita. ( os arranjos
morfossintáticos e oracionais)
3- da adequação da linguagem.
4- do sentido, unidade e coerência do texto.
É preciso conhecer:
as flexões das palavras utilizando critérios
morfossintáticos;
a gramática da frase utilizando critérios morfossintáticos;
a gramática do texto (critérios referentes a aspectos
Qual forma está de acordo com o padrão culto da
língua?

Eu vi ele no jardim.

Eu o vi no jardim.
Por quê?

Critérios baseados em conhecimento espontâneo?

Critérios baseados em conhecimento científico?


O conhecimento espontâneo baseia-se na experiência
cotidiana, é assistemático, ametódico e acrítico porque
não dispõe de critérios de análise, tampouco envolve
questionamentos acerca da validade que apresenta. O
Conhecimento
sujeito conhece os procedimentos para realizar uma
dada tarefa, mas não sabe explicitar por que tais

espontâneo
procedimentos são, ou não, eficazes, isto é, o sujeito não
tem consciência das causas dos fenômenos, apenas segue
o que sua experiência cotidiana lhe determina. Trata-se
de um conhecimento fragmentário, uma vez que não são
estabelecidas conexões entre os fatores a ele
relacionados. Tende a generalizações, pois os dados
selecionados não são submetidos a critérios adequados,
apenas se pautam na aparência. (Chauí)
É sistemático, pautado em critérios
racionais e adequados, consciente das
causas e conseqüências, capaz de
estabelecer conexões com fatores a ele
Conhecimento
relacionados.O sujeito sabe explicar por
científico
que são empregados determinados
procedimentos para executar uma tarefa
são necessários.
Em relação ao ensino sistemático (científico)
da língua, pode-se dizer que a criança
“aprende a construir frases, a fazer
conscientemente o que já vinha fazendo
inconscientemente ao falar. A gramática e a
escrita ajudam a criança a passar para um
nível mais elevado do desenvolvimento da
fala.” (Vygotsky)
1- “Eu o vi” é a forma adequada, porque já ouvi
várias pessoas dizerem isso, inclusive professores.

1- “Eu o vi” é a forma adequada, porque o


pronome pessoal do caso reto não exerce a função
de OD.
Pronomes Pessoais
Caso Reto Caso Oblíquo
(suj./ pred. Átonos tônicos (com prep.)
do sujeito) (OD/OI/ CN/ (OI/CN/ Adj. Adv.)
Adj. Adn.)
Eu me mim, comigo
TU te ti, contigo
ELE o, a, lhe, se si, consigo (ele/ela)
NÓS nos conosco (nós)
VÓS vos convosco (vós)
ELES os, as, lhes, se si, consigo (eles/elas)
Qual é a forma adequada?

Para mim falar isso é fácil?


Para eu falar isso é fácil?

O pronome pessoal “mim” não exerce a função de


sujeito, mas de complemento nominal:
Falar isso é fácil para mim.
Suj. Oracional V.L P.do suj. CN
Ele me deu flores para eu ficar feliz.
Ou
Ele me deu flores para mim ficar feliz.
Neste caso, o pronome exerce a função de sujeito.

O pronome pessoal de primeira pessoa que exerce


a função de sujeito é EU.

Ele me deu flores para eu ficar feliz.


Será que existe
compromisso entre mim e
ele?

Será que existe


compromisso entre eu e
ele?
O pronome não exerce a função de sujeito
e é regido por preposição.
Será que existe
compromisso entre
mim e ele? ( ou entre
ele e mim?)
Preciso falar
consigo,
Ou
Preciso falar com
você?
Critério:
Consigo é um pronome reflexivo

A tartaruga carrega a casa


consigo.
(a ação recai no sujeito)
Os mergulhadores levam consigo cilindros de ar
comprimido. ( com eles mesmos)
Preciso falar com
você.
(não é reflexivo, a
ação não recai no
sujeito)
Quando o amor bate à porta,
Tudo é festa.
Quando o amor bate a porta,
Nada resta. (autor desconhecido)

Saiu à francesa das casa dos pais.


Saiu a francesa da casa dos pais.
A terra que pertence a todos os homens deve
alimentar todos.
A terra, que pertence a todos os homens, deve
alimentar todos.
Oração Adjetiva Explicativa (totalidade do conceito)
Oração Adjetiva Restritiva (parte do conceito)
A fome de poder tem levado os
homens à loucura.
Complemento nominal:
completa o sentido do
subst./adj./ adv.
A fome da criança incomodava os pais.
Adjunto adnominal: indica posse,
especificidade, delimitação.
CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO
(Carlos Drummond de Andrade) 
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos,
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Concordância gramatical – o verbo
concorda com o núcleo do sujeito

Concordância “enfática”- privilegia a


eufonia, a proximidade dos termos ou a
relevância que se deseja imprimir a um
deles

Concordância ideológica – o verbo


concorda com o sentido
A criança das favelas brasileiras também
precisa de uma educação qualificada.

Critério gramatical
Uma legião de anjos veio nos abençoar.
critério gramatical

Uma legião de anjos vieram nos abençoar.


critério enfático
A maioria dos leões mata
porque tem fome.
(critério gramatical)
A maioria dos leões
matam porque têm fome.
(critério enfático)
Mais de um lutador compareceu
ao evento. (critério gramatical)
Mais de vinte lutadores
compareceram ao evento.
(critério gramatical)
Qual de vós pode acrescentar um côvado à sua estatura?
critério gramatical
Quais de vós podem acrescentar um côvado às suas estaturas?
(critério gramatical)
Quais de vós podeis acrescentar um côvado à vossa estatura?
(critério enfático)
Grande parte dos jovens prefere
namorar a estudar. (gramatical)

Grande parte dos jovens preferem


namorar a estudar. (enfático)
Noventa por cento do povo brasileiro é
contra o porte de armas.

Noventa por cento dos brasileiros são


contra o porte de armas.
Segundo Bechara, essa é a tendência
moderna mais aceita. Outros gramáticos
afirmam que o verbo poderá também
concordar com o número.
Se houver um artigo ou outro
determinante, o verbo concordará com o
número.
Basicamente, existem apenas
dois critérios para o emprego do
sinal indicativo da crase quando
se trata da preposição mais o
artigo.

Crase = preposição A + artigo A


Vou à cidade.
1) O termo antecedente deve
reger a preposição A:
Vou A

2) O termo subseqüente deve


aceitar o artigo A:
A cidade
(palavra feminina e
determinada)
Nestas férias, fui a cidades
do Brasil.

Fui A +  cidades
(não é determinado)
Não há crase.
Será que se usa
crase nesta
frase:

Dei a ela muito


carinho?
1° critério: Dei A

2°critério: Diante de pronomes


pessoais não se usa artigo.

O eu cheguei. A ela chegou. O ele chegou.


Não se usa artigo
diante de
pronomes
pessoais, portanto
não há crase!
Dei a ela muito
carinho?
Vamos voltar a pé!

Eu queria Diante de palavras


andar a masculinas não há
cavalo!!! crase!
Qual é o nome desse prato?
Bife a cavalo ou bife à (moda de) Camões?
Quero oferecer bombons à minha mãe.
Ou
Quero oferecer bombons a minha mãe.
1°critério

O verbo oferecer rege


a preposição A.

2°critério
Os pronomes
possessivos
admitem artigo?
(A) Minha filha é
igual à sua.

Minha filha ou A minha filha


(pronome possessivo adjetivo) ,
uso facultativo do artigo, portanto
a crase também é facultativa.
Sua (pronome possessivo
substantivo / uso obrigatório do
artigo, portanto leva crase)
Ambas as formas estão corretas.
Quero oferecer bombons à minha mãe.
Quero oferecer bombons a minha mãe.
O que
você está
fazendo?

Estou a toa.

Tem CRASE ???


Todas as locuções adverbiais femininas são
craseadas, caso contrário seriam substantivos:

A palavra toa é um substantivo feminino e significa:


1- Corda com que uma embarcação reboca outra;
sirga, reboque.
A toa não foi resistente para essa embarcação.
À toa: é uma locução adverbial e significa: ao acaso;
a esmo.
É mesmo?
OEntão
que a
você está
procura
fazendo?
terminou.

Estou à toa.
Estou à
procura de
companhia.

Obs: à-toa (com hífen) é um adjetivo, é uma palavra, não é


uma locução.
a procura = substantivo à procura (procurando) locução
adverbial
O professor deve estimular
sempre o aluno a utilizar os
critérios gramaticais
aprendidos nas aulas.
Quando isso deve ser feito?
o é
x t
te
um
de
ã o
ç o
o du cr
i t
p r ia s e s
a i dé t o e
r a o : e ex d
Pa ecis d o t s o
r ã o d ( u
p a ç ã o t o
e r aç e x
• G o r o t
l a b d
• E ã o
v is s)
R e rio
• ité
cr
A gramática é
como um jogo de
xadrez. É preciso
conhecer cada
peça e seus
movimentos.
Aprender a gramática é como aprender um instrumento
musical. É preciso treino e paciência. Não é suficiente tocar
“de ouvido”. É preciso ser capaz de tocar todas as sinfonias
que foram escritas.
Elisabeth Ramos da Silva
E-mail: lis.ramos@uol.com.br

Muito obrigada pela


atenção!
atenção

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