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Política Pública do Atendimento à

Saúde da Mulher

Saúde Materno Infantil


Prof. Me. Paulo Henrique S. Corrêa
Política Pública do Atendimento à
Saúde da Mulher
 A Institucionalização do Atendimento a saúde da mulher no Brasil
iniciou-se na década de 20 com a reforma Sanitária de Carlos
Chagas

 Nos anos subsequentes o atendimento específico a saúde da mulher


passou a ter melhorias somente por força de dispositivos legais e
programáticos

 Apesar dos muitos programas pequenos, específicos e sem muita


expressão social, surgidos e direcionados a ações específicas do
atendimento à mulher, dois grandes programas tiveram
importância :
• Programa Materno-Infantil (PMI), 1975 – Regime Militar
• Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM),
1984 – Transição Democrática
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 Algumas outras propostas mais concretas somente passaram a ser
esboçadas após a promulgação da Contituição de 1988 que
descentralizou os programas federal do Mnistério da Saúde (MS)
para os Estados e Municípios proporcionando-os a ficarem mais
“customizados” para atender as necessidades particulares de cada
município, tornando-os mais efetivos ainda.

 O texto constitucional, aprovado em 1988, instituiu o Sistema


Único de Saúde (SUS) de acordo com as diretrizes:

• DESCENTRALIZAÇÃO, com direção única em cada esfera do governo;


• ATENDIMENTO INTEGRAL, com prioridades para as atividades preventivas,
sem prejuízos dos serviços assistenciais;
• PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE.
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 As chamadas Leis Orgânicas da Saúde, (as Leis nº 8.080, de
1990 e nº 8.142, de 1990), e as respectivas legislações
complementares definiram a participação da comunidade no
SUS por meio de suas representações para atuarem nos
conselhos de saúde e nas conferências de saúde permitindo
maior participação das mulheres (cidadãs, feministas,
associações e entidades representativas dos interesses das
mulheres) para atuarem mais diretamente na solução dos seus
interesses

 As Conferências de Saúde têm a finalidade de consultar a


sociedade sobre as necessidades em saúde da localidade
fomentando as diretrizes para o plano municipal, estadual ou
nacional de saúde.
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 O Programa Materno-Infantil (PMI) era constituído de 6
subprogramas:

1. assistência materna: gestação, parto e puerpério;


2. assistência à criança e ao adolescente: controle de crianças menores
de 05 anos e do grupo de 05 a 14 anos;
3. expansão da assistência materno-infantil: integração de grupos
comunitários, controle e orientação de curiosas;
4. suplementação alimentar: prevenção de desnutrição materna,
gestação e lactação (Programa coordenado pelo INAM);
5. atividades educativas;
6. capacitação de recursos humanos.
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 Inicia-se nesta época abertura dada ao enfermeiro para o
atendimento às gestantes nos centros de saúde,
atribuindo-se a estes profissionais a responsabilidade
pela maioria das consultas durante a gravidez, onde a
consulta de enfermagem aparece como instrumento de
atenção individual.

 Além disso, o enfermeiro era elemento central da


assistência à criança de 0 a 4 anos, como também
responsável pelo cadastramento, treinamento, supervisão
e controle dos programas.
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 Como continuidade do programa Materno Infantil foi criado
em 1983/84 o Programa de Assistência Integral à Saúde da
Mulher e da Criança (PAISMC), que possuia como objetivo
reduzir a morbi- mortalidade das mulheres e da crianças.

 Em 1991 se dividiu em PAISM (mulher) e PAISC (criança)


visando um maior direcionamento para atender a mulher em
sua integralidade, em todas as fases da vida, respeitando as
necessidades e características de cada uma delas.

 As áreas de atuação do PAISM foram divididas em grupos de


acordo com a fase da vida da mulher e foram subdivididos em
programas menores a partir dos anos 90, a saber:
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 Assistência ao ciclo gravídico puerperal: pré-natal (baixo e alto risco), parto e
puerpério;
 Assistência ao abortamento;
 Assistência à concepção e anticoncepção
 Prevenção do câncer de colo uterino e detecção do câncer de mama; (Portaria
3040 de 21 de junho de 1998 do Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional
de Combate ao Câncer do Colo Uterino)
 Assistência às doenças ginecológicas prevalentes
 Prevenção e tratamento das DST/AIDS
 Assistência à mulher vítima de violência.
 Assistência ao climatério
 E mais recentemente:
• Incentivo ao parto normal e diminuição da cesárea desnecessária
• Assistência às Mulheres com problemas de saúde relacionada ao trabalho
(saúde ocupacional)
• Assitência a Mulher adolescente (Concorrendo com a Hebiatria)
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 Esse programa trazia muitas inovações para as mulheres, pois
estava centrado no conceito da integralidade, ou seja, as mulheres
passaram a ser Contempladas em todas as faixas etárias, em todos
os ciclos de vida, em todos os seus papéis na sociedade e,
naturalmente, em todos os seus problemas e necessidades de saúde.

 Preocupado com a excessiva utilização da esterilização cirúrgica,


(principalmente entre as mulheres negras, que sugeria o controle e
redução da população negra), foi proposto um projeto de lei, a
partir de uma CPI para investigar este tema, que gerou um relatório
que foi aprovado em 1996.

 Apesar do progresso legal que a Saúde da Mulher conquistou ainda


há avanços e desafios a serem realizados no século XXI.
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 Em 2003, a 12ª Conferência Nacional de Saúde apontou ainda algumas conquistas
que deverão ser efetivadas como a recomendação pela oferta de atendimentos
integral à saúde da mulher que considerassem as necessidades específicas da mulher:

• negra,
• presidiária
• lésbica,
• portadora de deficiências,
• moradora do campo e da floresta
• das profissionais do sexo
• das indígenas.

 A 12ª CNS avançou, ainda, ao emitir recomendações para incentivar o parto vaginal
(normal) com acesso a analgesia (aplicação de medicamentos que inibem a dor), e
para que o SUS garantisse condições de parto cirúrgico (cesariana) quando
necessário.
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 Em 2003 foi criada a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
e no ano seguinte, 2004, aconteceu a I Conferência de Políticas para
as Mulheres, que teve por objetivos reafirmar o compromisso do
Governo com:

• a construção da igualdade entre homens e mulheres


• os direitos sexuais
• direitos reprodutivos das mulheres
• combate a violência sexual e doméstica
• e assegurar às mulheres o direito à concepção e à anticoncepção.
 
 Afirmou-se a necessidade de qualificar a vivência da maternidade,
garantindo a dignidade e promovendo o bem-estar da mulher que
está sendo mãe.
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 Foi também recomendado o acesso à prática legal e segura da
interrupção da gravidez, resguardando o respeito à decisão das
mulheres.
 
 O Seminário Nacional sobre Controle Social nas Políticas de Saúde
da Mulher, realizado em 2006, pelo Ministério da Saúde,
aprofundou o debate sobre :
• a necessidade de que os Conselhos de Saúde discutam a saúde
das mulheres e que atuem no sentido de melhorar nos estados e
municípios a situação da saúde da população feminina.
• Definiu estratégias que envolvem maior articulação entre
Conselhos de Saúde e instituições de defesa dos direitos das
mulheres e maior envolvimento destes conselhos no combate à
violência contra as mulheres.
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 Também foram apresentadas propostas importantes para a
saúde da mulher na 13ª Conferência Nacional de Saúde,
realizada em 2007.
Dentre estas recomendações, destacam-se:

• O acompanhamento do cumprimento dos direitos sexuais e


reprodutivos das mulheres e adolescentes envolvendo os
Conselhos de Saúde e de Educação, considerando as
diferenças étnico-raciais, religiosas, de gênero, orientação
sexual, sofrimento psíquico, físico, entre outros.
• Foi apresentada a proposta de tornar efetiva a Política
Nacional de Planejamento Familiar, enfatizando a atenção aos
adolescentes (DSTs) e a prevenção da mortalidade materna.
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 O II Plano Nacional de Políticas para Mulheres, lançado em 2008, pela
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres marcou,
definitivamente, a importância da política da saúde da mulher para o
Governo Federal, visto que está contido nesse plano um capítulo
destinado a essa questão, contendo objetivos, metas, prioridades, assim
como plano de ação.
 
 Todas essas ações marcaram de maneira contundente os formuladores
de políticas públicas que devem estar atentos e sensíveis às mudanças
que ocorrem na sociedade.

 De certa forma, a história da política de saúde da mulher traduz esse


desafio tanto para os movimentos sociais, que vão refinando suas
demandas, como para o SUS, que precisa se ajustar e acolher as novas
demandas da população.
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 Bibliografia Consultada
 CIANCIARULLO, T.I.; GUALDA, D.M.R.; MELLEIRO, M.M. C & Q Indicadores de Qualidade: uma abordagem
perinatal. São Paulo: Ícone, 1998.
  
 HARTZ, ZULMIRA MARIA DE ARAÚJO. Avaliação em Saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da
implantação de programas, Rio de Janeiro: Fiocruz, 1997.
  
 ORGANIZACION PANAMERICANA DE LA SALUD. Condiciones de Eficiencia: de los servicios de atencion
materno infantil, 1987.
  
 OSIS, MARIA JOSÉ DUARTE. Atenção integral à saúde da mulher, o conceito, e o programa: história de uma
intervenção. Dissertação de Mestrado. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de
Campinas, 1994.
  
 TYRRELL, MARIA ANTONIETA; CARVALHO, VILMA DE. Programas nacionais de saúde materno-infantil:
impacto político-social e inserção da enfermagem. Rio de Janeiro: Gráfica da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
EEAN/UFRJ, 1995.

 BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa - Departamento de Apoio à


Gestão Participativa - Brasília – DF, 2010
Homepage: http:// portal.saude.gov.br/portal/saude/área.cfm?id_area=384

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