Discover millions of ebooks, audiobooks, and so much more with a free trial

Only $11.99/month after trial. Cancel anytime.

O Dragão Pigmeu - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 1
O Dragão Pigmeu - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 1
O Dragão Pigmeu - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 1
Ebook483 pages6 hours

O Dragão Pigmeu - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 1

Rating: 0 out of 5 stars

()

Read preview

About this ebook

Roubada de sua casa na selva e vendida para o dono de um zoológico, Pip conhece apenas o mundo atrás das grades, um mundo em que uma guerreira Pigmeia e seus amigos macacos gigantes são atrações de um zoológico. Ela sonha em ser Humana. Ela sonha em escapar para o mundo fora de sua jaula.

Então, o Dragão Zardon a sequestra para uma nova vida. Pip voa nas costas do Dragão através da Ilha-Mundo para sua nova escola - uma escola dentro de um vulcão. Uma escola onde Humanos aprendem a ser Cavaleiros Dracônicos. Mas isso é apenas um aperitivo de seu destino mágico, pois os Assassinos Dragões estão vindo. Eles flutuaram uma Ilha através da Fenda e o objetivo deles é nada menos que o massacre de todos os Dragões.

Agora, a coragem da menor será testada ao máximo. Pois Pip é o Dragão Pigmeu, e este é o seu conto.

LanguagePortuguês
PublisherMarc Secchia
Release dateDec 27, 2017
ISBN9781547512829
O Dragão Pigmeu - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 1
Author

Marc Secchia

Marc Secchia is a dragon masquerading as an author who loves to write about dragons and Africa. The author of over twenty-five fantasy books, he is the recipient of the Gold Award for Fantasy from the IPPY Book Awards. He currently resides in South Africa.

Related to O Dragão Pigmeu - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 1

Related ebooks

Coming of Age Fiction For You

View More

Related articles

Related categories

Reviews for O Dragão Pigmeu - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 1

Rating: 0 out of 5 stars
0 ratings

0 ratings0 reviews

What did you think?

Tap to rate

Review must be at least 10 words

    Book preview

    O Dragão Pigmeu - Lendas dos Dragões Metamorfósicos Livro 1 - Marc Secchia

    Dedicatória

    Aos Pigmeus do mundo,

    Pequenas pessoas,

    Grandes em coragem.

    Tabela de Conteúdo

    O Dragão Pigmeu

    Dedicatória

    Tabela de Conteúdo

    Mapa da Ilha-Mundo

    Prólogo da Pip

    Capítulo 1: Ataque no Vilarejo

    Capítulo 2: Traficante de Escravos

    Capítulo 3: Zoológico

    Capítulo 4: Hunagu

    Capítulo 5: Trocando Jaulas

    Capitulo 6: Aulas com Balthion

    Capítulo 7: Cabelo Hoje

    Capítulo 8: Levada Amanhã

    Capítulo 9: Jornada para Jeradia

    Capítulo 10: Dragões Têm Cera de Ouvido

    Capítulo 11: Indo para Escola

    Capítulo 12: O Mestre

    Capítulo 13: Um Principesco Soco

    Capítulo 14: Dragões e Macacos

    Capítulo 15: Pigmeia Assada para um Banquete

    Capítulo 16: O Poder do Comando

    Capítulo 17: Os Dragões Antigos

    Capítulo 18: Desculpas Fedem

    Capítulo 19: Banhando Dragões

    Capítulo 20: Piratas Dragões

    Capítulo 21: Transformada em Escama

    Capítulo 22: Salada Flamejante

    Capítulo 23: Ilha de Fra’anior

    Capítulo 24: Dia da Graduação

    Capítulo 25: A Caverna Natal

    Capítulo 26: Chamas sobre Fra’anior

    Capítulo 27: Evacuação

    Capítulo 28: De Volta para a Escola

    Capítulo 29: Sangue nos Salões

    Capítulo 30: Coberta de Nuvens

    Capítulo 31: Oração de Ônix

    Capítulo 32: Duelo Dracônico

    Capítulo 33: Refém

    Capítulo 34: Viva para Voar

    Sobre o Autor

    Mapa da Ilha-Mundo

    Tamanho maior disponível em www.marcsecchia.com

    Prólogo da Pip

    ONTEM, UM DRAGÃO me sequestrou da minha jaula num zoológico.

    Saudações das Ilhas para você. Eu sou Pip. Meus amigos me chamam de Pipequena. Eu sou uma pessoa, como você. Bem, eu sou um pouco diferente, mas não se esqueça, meu lugar não é num zoológico.

    Você é uma pessoa grande. Eu sou uma Pigmeia. Eu tenho três pés de altura, com onze polegadas e meia. Essa meia polegada é muito importante para mim, porque se nós vamos ser amigos, então eu não quero ouvir nenhuma piada de pessoas baixinhas de você. Bem, eu posso te permitir algumas, se você prometer rir com algumas das minhas piadas de pessoas grandonas.

    Eu sempre achei que pessoas grandes eram muito estranhas, especialmente quando elas apertavam seus narizes de gente grande contra a janela de crisvidro da minha jaula para observar meu amigo Macaco Oraial, Hunagu, e eu.

    Eu vivi no zoológico por sete verões. Isso é um monte de olhares.

    Pessoas grandes são peludas e tão pálidas quanto as larvas que nós Pigmeus comemos, não de uma bela cor de mogno como eu. Mas principalmente, eles são estranhos porque eles jogariam uma pessoa numa jaula. ‘Selvagenzinha,’ eles diriam. Eles pensaram que eu não era uma pessoa.

    Isso doeu.

    Pessoas grandes não são todas más. Anteriormente, eu fiz amizade com um homem chamado Balthion, e foi ele que me pediu para te contar minha história.

    Nós Pigmeus geralmente começamos nossas histórias por recitar nossa descendência. Eu não sei minha descendência, porque eu fui capturada por um traficante de escravos quando era pequena. Para uma Pigmeia, isso não é maior que um girino. Viu? Eu fiz uma piada de baixinha. Você riu? Eu me lembro dos nomes dos meus pais. Eu me debato para lembrar de seus rostos. Não há nada que eu vá querer querer mais que encontrar minha tribo e meus pais, se eles estiverem vivos.

    Eu sei meu nome, porque eu tenho ele tatuado aqui na minha panturrilha esquerda.

    Certo. Você precisa respirar fundo. Meu nome de batalha – meu nome de Pigmeu completo – é Pip’úrth’l-iòlall-Yò’oótha. Eu não sei como escrever o gorjeio de ave, então eu deixei de fora. Eu sei que meu nome soa peculiar para suas imensas orelhas de gente grande, com seus diferentes cliques, tons e esse último gorjeio de ave. Você pode ver porque eu escolhi Pip. Por que você não me chama de Pip, também? É mais fácil. Vamos ser bons amigos.

    Pelas Ilhas, você deve estar se perguntando sobre o Dragão.

    Primeiro, me deixe te contar um segredo. Macacos Oraial falam. Eles falam que nem eu e você. Nós Pigmeus falamos Austral Ancião. Você provavelmente fala Padrão das Ilhas, como toda gente grande. Para mim soa como se vocês estivessem gargarejando uma boca cheia de banana-funil esmagada. Meu melhor amigo Hunagu fala Macaco. Você pode aprender Macaco igual qualquer outro idioma, assim que você ganhar a confiança de um Oraial. Botar um Macaco numa jaula não é um jeito de ganhar sua confiança.

    O lugar do Hunagu nunca foi no zoológico, também.

    Oraiais são grandes Macacos que vivem nas Ilhas Crescentes. Eles são quase do tamanho de sua cabana comum de gente grande. Por isso que nossa cerca no zoológico era tão grande, envolta por paredes de trinta pés de altura e janelas de crisvidro blindado para todos vocês grandões observarem. Eles cavaram uma vala bem dentro da parede e a encheram de espinhos para que Hunagu e eu não escapássemos.

    Nada disso importou quando o Dragão chegou. Isso fez vocês gente grande estremecer em suas fedorentas, peludas peles. Vocês devem ficar com tantas pulgas nas suas peles. Elas não coçam?

    Eu pensei que Oraiais eram grandes até que eu conheci um Dragão. Eu me medi contra o osso de seu tornozelo. Ele riu até que seus lados doessem.

    Essa é outra coisa engraçada sobre vocês gente grande. Vocês gostam de escrever as coisas. Vocês não se lembram, caso contrário. Nós Pigmeus lembramos de tudo. Talvez seja só eu, mas eu acho que temos músculos diferentes no nosso cérebro. De qualquer jeito, quando o Dragão tambem me pediu para escrever minha história, eu não queria. Só que, Dragões são difíceis de recusar. Se vocês encontrassem um, vocês saberiam do que estou falando.

    Então eu falei minha história e a escrevi em seguida. O resultado é o pergaminho que você tem em suas mãos.

    Espera. Por que estava um Dragão atacando um zoológico por uma garota Pigmeia?

    Eu me fiz a mesma pergunta. Meu amigo, a resposta é tão incrível, tão loucamente fora-das-Ilhas, que você não acreditaria se eu te contasse bem agora.

    Ao invés disso, me deixe te contar minha história, do meu jeito.

    Tudo começou quando os traficantes de escravos atacaram meu vilarejo.

    Capítulo 1: Ataque no Vilarejo

    FOGO CHOVIA do céu noturno. Labaredantes lagartas laranjas se rastejavam dentre as árvores. Tão úmida quanto era, a folhagem da selva pegou fogo. Duas cabanas estouraram em chamas. Crianças correram gritando nos densos arbustos envolvendo o pequeno vilarejo Pigmeu.

    No’otha, um dos guerreiros mais velhos, tomou o braço de Pip. Rápido! Para as árvores. Temos que lutar contra a fera celeste.

    Pip observou ao seu redor, atordoada. O que era esse fogo que queimava madeira úmida? Nada em seus oito verões de idade tinha lhe preparado para isso. Mesmo quando a áspera mão do No’otha acertou seu rosto, ela mal a sentiu. A cabana! Haviam três crianças dentro da cabana de infantário, seus rostos pequenos, escuros pontos sacudindo entre as chamas engolindo a porta.

    Erga-se, guerreira Pigmeia, No’otha gritou. Você foi Nomeada. Agora, lute.

    Eu sou, Pip atirou de volta sobre seu ombro.

    Ela correu entre as cabanas incandescidas.

    Guerreiros correram ao lado dela, se espalhando em todas as direções enquanto o terrível fogo chovia de novo, gritando ancestrais maldições mágicas contra a gente grande em algum lugar, sem serem vistas, sobre o vilarejo. Pip sabia das histórias. Ela tinha sido avisada sobre as pessoas grandes que vinham em suas feras celestes – suas Draconaves – para atacar os vilarejos Pigmeus. Pigmeus escondiam joias de suas minas secretas profundamente nas florestas, eles diziam. Pigmeus eram maus escravos. Guerreiros que se levantavam contra a gente grande eram sempre mortos. Eles não se importavam com crianças ou velhos, apenas com joias frias. Eles diziam que Pigmeus eram animais.

    Pip só tinha um pensamento em sua mente: resgatar as crianças. Gotas carmesins de fogo salpicavam sobre ela enquanto ela corria. A dor mordeu suas nuas costas e pernas como uma víbora enlouquecida. Óleo, ela notou, pelo cheiro rançoso. Óleo fervente. Ela correu por uma corrente de fogo e se jogou na próxima cabana de infantário, perto do lado esquerdo, onde ela sabia que os galhos estavam desintegrando. Pip esfaqueou sua adaga na madeira podre com toda sua força. Torcendo, cortando, serrando, ela abriu um pequeno buraco.

    Crianças. Venham.

    Elas estavam assustadas demais para se moverem. Pip forçou seus ombros a passarem, aumentando o tamanho do buraco com o custo de sua própria pele. Toda a frente da cabana estava incandescida. Fumaça acre preenchia seus pulmões. Tossindo, ela rastejou até as crianças, que tinham dois ou três verões no máximo. Ela falou suavemente com elas, acalmando.

    Os espíritos das chamas vão me morder, disse o menino mais velho.

    Não se escaparmos pelo buraco, disse Pip. Eu vou te mostrar como.

    Uma a uma, ela ajudou as crianças a rastejarem em segurança. Um pedaço da fervente grama do teto da cabana caiu em seus ombros. As crianças ganiram, mas ela desprezou a queimadura com uma risada forçada.

    Vamos. Encontraremos a caverna dos guerreiros. Vocês podem se esconderem lá.

    Pip fê-las darem as mãos. Enquanto elas se espreitavam entre as cabanas, ela ergueu seu curto, poderoso arco Pigmeu de seu lugar habitual, pendurado sobre seus ombros. Ela tocou sua aljava de flechas e fez uma rápida oração para os espíritos guardiões. Seus ouvidos aguçados captaram os sons de guerreiros Pigmeus se revirando nas árvores. Eles lutariam com as pessoas grandes das árvores e dos galhos de sua casa de selva. Mas Pip se retraiu assim que viu fogo líquido escorrendo pelos massivos troncos, acendendo os roxos cipós sha’ork que tornavam os gigantes da selva em escuros, folhados pilares. Escuros guerreiros Pigmeus caíram ao chão. Repentinamente, chamas rugiram no tronco da árvore. Ela teve que tapar os ouvidos. Ela não pôde aguentar os gritos e berros se levantando por todos os lados.

    Instintivamente, ela pegou a menor criança e saltou através de um pedaço de folhas ferventes. Seus pés correram pelos caminhos que ela conhecia tão bem, barranca escondida abaixo ao lado do vilarejo na direção da caverna dos guerreiros, onde os Pigmeus honravam seus mortos.

    A caverna ficaria cheia essa noite.

    Pip tinha sido Nomeada há apenas uma semana. Ela era orgulhosa de sua tatuagem de nome, dolorosamente marcada em escrita rúnica no exterior de sua batata da perna esquerda. Sua perna latejava enquanto ela apressava suas três companhias. Ela não tinha feito um som durante o doloroso processo de tatuagem. Isso teria sido vergonhoso. Pip’úrth’l-iòlall-Yò’oótha, sua tatuagem dizia, em belas letras azuis de seu joelho até seu talo. Seu nome de batalha. O Vidente Pigmeu tinha o escolhido de um dos contos anciões.

    Pigmeus acreditavam que um nome fixava o destino de uma pessoa. Quando ela tivesse dezesseis verões de idade – o número que significava quatro quatros sagrados – o Vidente revelaria o verdadeiro significado do seu nome na Cerimônia da Segunda Nomeação.

    Pip continuou relanceando sobre seu ombro. As pessoas grandes estavam chegando, ela sentia.

    Assim que ela mostrou as crianças seguramente na caverna, Pip correu de volta pela trilha até o vilarejo. Galhos estapearam seu rosto. Tão ágil quanto um macaco, ela se atirava sobre raízes de árvores que eram muito maiores que ela. Ela tinha que ajudar os outros guerreiros.

    Pip freou forçadamente bem na cerca perimetral do vilarejo. Chamas saltavam e dançavam em todo seu redor. Uma dúzia ou quase de labaredantes cabanas Pigmeias atiravam faíscas nos massivos galhos pendurados sobre o vilarejo. Vários desses estavam queimando, também. O óleo tinha garantido isso.

    Por buracos na folhagem criados pelas saltitantes chamas, Pip viu uma grande, oblonga forma pairando sobre o vilarejo. Isso tinha que ser uma Draconave. De algum jeito, as pessoas grandes tinham abaixado-a, bem dentre os imensos gigantes da selva. Um punhado de sombras escuras escalaram a saca da Draconave – guerreiros Pigmeus, atacando a fera com suas adagas curvadas.

    Ela encheu suas narinas com o cheiro de queimaduras.

    Ali. Pip viu um grupo de estranhas, metálicas criaturas se aproximando dela pelas árvores. Eles vestiam capacetes e armadura, e grandes fluídas robes da cor de sangue fresco. Ela nunca tinha visto criaturas assim. Ela imaginou que os passos deles faziam a Ilha inteira tremer. Eles eram homens? Pip engoliu seco. Uma guerreira tem que manter sua posição. Sobriamente, ela selecionou uma flecha de sua aljava. Que essas criaturas estranhas saibam que um guerreiro Pigmeu não foge.

    Pip ergueu seu arco e avistou seu primeiro tiro.

    Respira. Lentamente para dentro, ainda mais lentamente para fora. Foco. Seus ombros relaxaram. Os lábios de Pip sopraram uma palavra mágica anciã. Voe séria. Estreitando os olhos em seu alvo, a maior das criaturas na liderança daquele grupo, ela liberou seu tiro. Perfeito. Bem na barriga.

    Ele continuou a vir.

    O Vidente contava histórias sobre gente grande com pele de metal que não podia ser penetrada por flechas. As mãos de Pip tremiam enquanto ela avistava de novo. A garganta, ela pensou. Um tiro difícil, mas talvez a garganta ou o rosto sejam vulneráveis. Ela errou. Agora chiando em fúria, Pip atirou uma terceira vez. Seu alvo apertou sua garganta e caiu no chão, se contorcendo.

    Pip tinha matado animais várias vezes. Mas agora ela tinha atirado numa pessoa – uma pessoa grande, não uma criatura, porque ela podia ouvir seus estrangulados gritos sobre o rugido das chamas em todo seu redor. Ela caiu de joelhos, vomitando. Então ela limpou sua boca e puxou outra flecha.

    Espíritos tenham piedade, ela sussurrou.

    Ela deslizou adiante como se presa num pesadelo. Suas mãos se moveram, miraram e libertaram sem a necessidade de pensar. Pip viu dois, três outros homens caírem, dois acertados na garganta e um no olho. Os outros se espalharam em cobertura. Talvez eles pensassem que encaravam uma dúzia de guerreiros.

    Ao invés, apenas uma jovem guerreira Pigmeia os confrontava. As chamas crepitavam avidamente pelas bordas de sua visão. Sua resolução se fortaleceu. Esses homens eram assassinos. Eles tinham destruído seu vilarejo. Eles tinham massacrado seus amigos e vizinhos. Pip atirou numa pessoa grande que estava tentando se esconder atrás do corpo inerte de No’otha. Ele era mais atrapalhado que um porco selvagem amarrado para o espeto. Rodopiando em seus calcanhares, ela atirou outro na mão. Flechas sibilaram pelo ar na direção dela. Ela mergulhou adiante. Rolando suavemente em um joelho, Pip pôs uma flecha em outro rosto observando-a por trás da velha pedra de esculpir de Sith’jó, onde ele costumava amar se sentar e fazer flechas ou tigelas para comer. Estranhamente, ela não temia ser acertada. Ela não temia nada.

    Os acinzentados e castanhos olhos observando-a se arregalaram em descrença. As pessoas grandes fizeram o barulho que eles chamavam de fala. Ela entendeu algumas palavras, já que o Vidente esteve ensinando aos guerreiros algumas palavras de Padrão das Ilhas para usar quando trocando carne de píton ou flechas por necessidades para o vilarejo. Ela entendeu ‘pegá-la’, e ‘Pigmeia’, mas pouco além.

    Pip se esquivou da flecha de uma pessoa grande voando na sua direção com a velocidade de um pombo-torcaz gordo. Ela era um falcão. Ela mudou sua posição de novo, tão agilmente quanto um dançarino em uma das várias celebrações da tribo, e surpreendeu uma das pessoas grandes blindadas enquanto ele botava a cabeça para fora por trás de uma cabana. Ele estava tão perto, ela se engasgou com o pútrido bafo dele. Enquanto a boca rosnava com ela, Pip atirava uma flecha nela.

    O homem caiu com um terrível, gargarejado grito. Pip viu que ele tinha um amigo logo atrás dele. Metal reluzia na luz do fogo. Dor perfurou o flanco dela. A lâmina dele tinha cortado na carne de suas costelas inferiores direitas. Pip cambaleou. Os dedos dela apareceram com sangue brilhante. Uma bota chutou suas pernas embaixo de si. O ar esvaziou de seus pulmões enquanto ela caía pesadamente em seu lado, como se ela tivesse sido acertada por um tronco em queda.

    A próxima coisa que ela sabia, dois dos guerreiros blindados se erguiam sobre ela. Apertando uma das flechas envenenadas em seus dedos, Pip esfaqueou uma perna. Ela conseguiu um corte raso antes da bota de um guerreiro esmagá-la em seu braço e prendê-la assim. Ela distintivamente ouviu um osso estalar. Seu grito parou em sua garganta enquanto ela via uma clava borrar na direção de sua cabeça.

    Escuridão explodiu entre seus olhos. Ela não se lembrava de mais nada.

    Capítulo 2: Traficante de Escravos

    PIP DESPERTOU COM um grunhido. Tudo estava negro, mas ela sentia um gentil movimento no chão, como um galho balançando numa brisa. Ela estava no ar, numa daquelas Draconaves? Voando? Esticando suas mãos, ela explorou a negritude ao seu redor. Frias barras de metal encontraram a ponta de seus dedos em cada direção. A jaula era sequer larga o suficiente para acomodar um Pigmeu. Ela fungou o ar, cheirando outros animais ao redor dela. Um deles era um rajal macho, ela pensou, um felino que em pé era mais alto que qualquer guerreiro Pigmeu. Ele cheirava exatamente como a pele felina negra que No’otha tinha exposta do lado de fora de sua cabana. Ele tinha cantado a canção de louvor daquela caçada tão orgulhosamente, o golpe final realizado com uma lança reforçada enquanto o rajal saltava sobre ele, garras afiadas...

    Tudo isso tinha acabado, agora.

    Alguém tinha imobilizado seu braço direito usando duas seções ásperas de madeira e pedaços de pano. Ela checou seu lado. Bandagens. Boas bandagens.

    Eles não queriam que ela morresse? Eles estavam levando-a para algum outro lugar para morrer?

    Pip se arrumou sobre suas nádegas para pensar. Ela não tinha armas. Ela estava presa numa jaula de metal. Tinha alguma coisa por perto, qualquer coisa que ela pudesse usar? Ela buscou até que seus dedos descobrissem um cadeado. Cadeados eram uma invenção de gente grande. Nenhuma quantidade de chacoalhar ou brincar com o mecanismo o abriria. Ela só tinha ouvido falar de cadeados e chaves em histórias sobre gente grande. Quem precisaria de um cadeado? Dentre Pigmeus, tudo pertencia à tribo. Roubar era desconhecido. Que perversidade era essa?

    Ela não tinha nem comida nem água. Ela precisava guardar sua força para quando ela tivesse uma chance de escapar. Com um toque delicado, ela explorou as queimaduras em suas costas. Elas picavam como se o óleo ainda estivesse aceso. O que fazer, além de aguentar a dor? Ela se curvou em sua jaula. Em sua mente, ela andou pelas trilhas da selva por horas, até que a caverna do sono a puxou enfim.

    Pip acordou e dormiu várias vezes. Suas queimaduras cicatrizaram e coçavam como se ela estivesse coberta de formigas de fogo. Ninguém veio alimentar ela ou os animais. Sua barriga desistiu de roer seu fígado. Pip tentou imitar as histórias do Vidente sobre estranhos animais no frio Norte que podiam hibernar. Ela contou para si essas histórias de novo. Histórias de chuva que caía tão fria do céu que se prendia no chão. Como podia a chuva se prender no chão? As Ilhas Crescentes nunca ficaram tão frias. A selva era a mãe e o pai de um Pigmeu. Que pai deixaria seu filho congelar?

    Pensar em seus pais a fez chorar de novo. Ela sabia que ela podia nunca mais ver sua tribo de novo. Em sua dor, Pip cortou o rosto com suas unhas até que sangue gotejasse em seu peito.

    Ela perdeu toda a sensação de tempo. O rajal rugiu fortemente algumas vezes em cada dia, mas ninguém veio dá-lo carne. Pip estava grata que sua jaula estava fora do alcance do massivo felino. Em algum lugar, ela ouviu a vasta fungada de um Oraial e os miados de seu bebê. Até um bebê Oraial era maior que um Pigmeu adulto. Ela ouviu o sonolento canto de papagaios e uma vez, um vasto chiado que lembrou-a de uma píton esmeralda que ela antes tinha se emaranhado quando criança. Um guerreiro Pigmeu tinha resgatado-a, esfaqueando sua adaga selvagemente no cérebro da cobra. A tribo tinha se regalado na carne da píton por uma semana consequentemente. Mais tarde, uma tempestade assobiou Draconave afora e a chuva ergueu um firme rugido em algum lugar lá. Gratamente, a embarcação pareceu estar amarrada em algum lugar, pois mesmo que os ventos esbofeteassem a embarcação severamente, nada de mau acontecia. O rajal odiava. Ele rosnava e rugia e se jogava contra as barras de sua jaula, de novo e de novo. A batida do trovão e o firme rugido da chuva a lembrava agudamente de seu vilarejo. Pip mascava pensativamente suas mãos. Quando ela os veria novamente? Tinham eles ficado seguros na caverna dos guerreiros? Tinham eles pensado que ela foi queimada até a morte?

    Pip notou que ela estava ficando mais fraca com a fome. Ela não tinha bebido nada em dias.

    Ela tinha que escapar.

    Naquela tarde, barras de luz repentinamente inundaram a prisão. Gente grande se movia entre as jaulas, alimentando os animais e escorregando tigelas de água nas jaulas. Um coro de enlouquecidos ganidos, berros e rugidos se ergueram dos animais. Brevemente, uma madura banana-funil verde acertou Pip no rosto, seguida de um pedaço de pão tão duro que ele quicou para fora da jaula e quase fora de seu alcance. Ela chiou com os voadores macacos vervet do outro lado, arranhando desesperadamente para ganhar das patas deles. Ladrões!

    Pip piscou com a luz. Ela notou que estava numa larga sala. Ela tinha várias jaulas. Ela viu um rajal macho rosnando e arranhando contra um grande, barbudo homem, que jogava uma traseira de veado de chifre espiralado nele de uma distância segura. Ao lado dela, uma grande píton dourada dormia, serpenteada. Não, os olhos estavam levemente abertos. O réptil estava alerta, observando, provavelmente considerando seu valor como janta. Ela viu brilhantes papagaios e macacos empilhados em montes de jaulas. Através da sala uma jaula de resistente metal dominava o completo espaço do chão até o teto. Ela tinha uma Oraial fêmea, a julgar pelas labaredas turquesas de cores em seu rosto, mas mesmo naquele espaço ela só conseguia se agachar na melhor das hipóteses. Sua massiva, desgrenhada cabeça estava coberta de sangue. Ela deve ter sofrido uma terrível ferida, já que seus olhos pareciam opacos e seus movimentos eram lentos. Ela segurava um bebê Macaco em seu peito, em amamentamento. A Oraial alcançou as bananas-funil que um homem jogou em sua jaula, e abarrotou o cacho de dois pés de tamanho inteiros em sua boca.

    Uma cabaça aterrissou ao lado de seu pé. Ela a tomou antes que um macaco a roubasse. Um gorgolejo bem-vindo sugeriu que ela tinha água.

    Pip retirou a rolha da cabaça e bebeu gananciosamente antes de notar, tarde demais, que ela deveria guardar sua água. Não se saberia quando ela seria alimentada de novo. Ela mastigou um quarto da banana e mordiscou tristemente o pão, dividida entre sua necessidade de comida e o mofado, péssimo gosto enchendo sua boca.

    O grito da sua barriga venceu.

    Os ouvidos de uma guerreira Pigmeia receberam os sons da Draconave, naquele dia. Pip tentou imaginar para onde ela estava sendo levada. Ela se ensinou a reconhecer os diferentes sons de noite e dia. Cedo demais, a fome lhe roubou seus sentidos de sua acuidade. Ela desabou num torpor mais profundo que antes.

    Ela despertou com os profundos grunhidos de cordas forçadas. Gritos soaram debilmente pelo casco. O baixo latejar da Draconave entrou em silêncio. Novos barulhos. Uma mudança para a interminável inclinação das brisas. Suas narinas se abriram com o cheiro de temperos desconhecidos derrapando no abafado porão. Pip sentiu que eles tinham aterrissado. Assim como os animais. Eles se mexeram, e grunhiram ou piaram ou murmuraram fracamente.

    Nada cheirava ou soava o mesmo.

    Sem aviso, um time de trabalhadores enxamearam dentro do porão. Haviam tantos gritos e xingamentos, especialmente de uma pessoa grande com um braço que parecia mais barulhenta que o resto e agia irritada com tudo. Mãos balançaram sua jaula pelo ar. Pip aterrissou com um doloroso baque no fundo de uma carroça. Eles empilharam jaulas de macacos descuidadamente ao seu redor. Ela chutou vários pares de peludas mãos tentando afanar o quarto restante de sua banana-funil. Pip comeu o último pedaço, mas descobriu que tinha perdido sua cabaça de água. Estúpida!

    A carroça se moveu. Pip podia ver apenas pedaços de céu brilhante, muito maiores do que ela jamais viu por debaixo do dossel da selva, e três luas se uniam como se para consolar umas as outras – as luas Amarela, Azul e Jade. Estranhas cabanas de gente grande, as maiores cabanas que ela jamais viu, marchavam pelos lados da carroça. Eles construíam cabanas da pedra? Um burburinho de idiomas estranhos atacou seus ouvidos. A carroça se atirou em breque numa barulhenta, estridente, caótica feira.

    Impressões e barulhos martelaram contra sua mente. Gente grande veio observar o fundo da carroça, moedas tinindo gananciosamente nas patas do mercante, macacos guinchando para seus novos donos, papagaios cantando para contentes crianças e dedos atacando os lados de Pip. Ela rosnou e mordeu um deles.

    O mercador bateu o fundo de sua bengala em suas costelas. Nada disso.

    Pip não precisou saber Padrão das Ilhas para compreender a o que ele queria dizer. Ela afundou para trás, assassinando-o em sua mente.

    Brevemente, uma imensa pessoa grande que estava sem a maior parte de seus dentes destrancou sua jaula. Pip saltou para sua liberdade, mas claramente, o homem estava esperando isso. Açoitando uma clava, ele a deixou semi-nocauteada. O chão trocou de lugar com o céu. A próxima coisa que ela sabia, era que frio metal mordia seu pulso. Ela estava algemada a um poste.

    Uma névoa de loucura se ergueu em seus olhos enquanto ela lutava contra as correntes. Pip gritou como um animal. Ela se espasmou e espumou e contorceu. A pessoa grande começou a rir, mas xingou irritadamente assim que ela partiu o poste de suas amarras. Pip estava mais surpresa que ele. Ela congelou, observando o resistente poste em espanto. Ela tinha quebrado isso? Mas esse instante de hesitação foi longo demais. Uma rede caiu sobre sua cabeça e seus ombros. Seus pés foram varridos do chão.

    Fisguei uma Pigmeia, disse uma voz profunda. Cala tua matraca, vira-lata.

    Dedos ásperos destrancaram a corrente.

    A pessoa grande a socou algumas vezes, violentamente. Dor rugiu por seu braço quebrado. Pip cedeu. Deixa ele pensar que ela estava acuada. Apoiando seu braço em seu estômago, ela observou entre as cordas para seu apreensor. Ele vestia roupas de gente grande – incômodas cobertas de couro em seus pés e uma vasta capa através de seus largos ombros. Ele a ergueu no ar com uma mão. Em meio a uma mata de barba, pedaços de ouro piscavam entre seus dentes. Antes, ela só tinha visto tanto pelo assim num Macaco. Ela ponderou quantos ratos viviam nessa barba.

    Ele a golpeou de novo só por garantia. O que tu quer por uma Pigmeia?

    Para seu zoológico? disse uma voz atrás dela. Essa era a voz que esteve blandiciando o dia inteiro. Pip entendia apenas algumas das palavras, mas ela sabia o que o homem estava fazendo – ele estava comprando e vendendo animais, incluindo ela. O que era um zoológico? A cabana dessa gente grande?

    Os homens conversaram continuamente sobre a cabeça dela por vários momentos. Eles fingiram ficar irritados entre si, mas logo riram juntos. Eles apertaram seus braços. Ouro piscou na brilhante luz dos sóis.

    Pelo menos os sóis gêmeos não tinham mudado, Pip pensou, ao contrário do resto de seu mundo. Essa pessoa grande podia dar um salto voador nas Terranuvens. Só deixa ele comprar uma guerreira Pigmeia. Uma guerreira com todos oito verões de idade, uma vozinha em sua cabeça lhe disse. Ela sequer tinha trilhado os caminhos da selva, cruzando os grandes cipós entre as Ilhas.

    O que ela podia fazer? Esperar, com a presença de um rajal. Animais da selva sabiam como esperar.

    Essa pessoa grande a passou para outra. Vamos botá-la com os Oraiais.

    Maior e menor? ele disse.

    Eles vivem juntos na selva, não vivem?

    Balançando na rede como um cativo macaco vervet voador, Pip olhou ao seu redor com renovado interesse enquanto as duas pessoas grandes faziam seu caminho pela movimentada feira. Então este homem pensava que ele podia mantê-lo em sua cabana, não pensava? Ele era tão gordo quanto um porco selvagem e ainda mais estúpido que isso. Ela escaparia após o anoitecer.

    Capítulo 3: Zoológico

    O HOMEM TRANCOU o rajal numa jaula de barras do outro lado. O felino, que chegava até o ombro de uma pessoa grande, se mexia para frente e para trás, seus olhos amarelos estreitos e raivosos. Mas sua jaula não era nada como a de Pip. Ela observou as recentemente pintadas paredes com desânimo, delineadas contra o limpo céu vespertino como lábios com cor de creme erguidos num grito interminável. As paredes eram lisas, maior em muitas vezes que sua altura. Inescaláveis. Pip se desesperou. Tudo tinha cheiro de novo. Em três lugares, grandes, curvadas janelas de crisvidro lhe permitiam uma vista do mundo externo. Isso era trabalho de gente grande. Um time de mulheres varriam e limpavam do lado de fora de uma janela. O chefe do vilarejo certamente gostava de manter sua cabana limpa. Apenas um grande chefe teria tantos servos.

    Mas este lugar era diferente de qualquer cabana que ela já tenha visto.

    Sua nova casa tinha duas árvores de fruta prekki. Duas! Seu coração uivou para o vasto e aberto céu. Onde estava sua selva, a confortável vegetação rasteira, as folhas e os cipós envolvendo-a por cima e por todos os lados? Antes que ela soubesse, Pip se viu abraçando a árvore, ofegando forte. Ela viu uma densa corda balançando pendurada de um resistente galho, e por perto, vários troncos foram amarrados para formar o que era claramente uma armação de escalada. A densa corda volteava sobre a árvore até o topo da armação, assim como os cipós de sua casa se esticavam de Ilha para Ilha, dando voltas sobre as venenosas Terranuvens.

    Eles pensavam que ela era um macaco? Um macaco falante?

    Fúria queimou o vitimismo que tinha começado a roubar sua coragem. Então ela arfou. O chefe tinha mencionado Oraiais. Repentinamente, as imensas paredes fizeram sentido. Horripilante sentido. Ela estava prestes a ter um grande e selvagem Macaco como companhia. Todos os Pigmeus sabiam quão perigosos Oraiais podiam ser, especialmente mães com bebês. Um sábio Pigmeu dava para Macacos bastante espaço.

    Pip virou sua mente para a comida. Isso não era difícil. Seu estômago era um pequeno nó ao lado de sua coluna. A árvore tinha frutas, mas uma mordida a fez cuspir. Nada madura. Ela podia encher seu estômago, mas ela pagaria por isso com cãibras e dor. Pip pegou uma das frutas roxas com o tamanho de uma mão, e a roeu enquanto ela olhava seu redor impacientemente. Em um lugar, uma porta estava recuada na parede. Ela tinha barras de metal estreitas demais para ela deslizar entre elas. Ela trotou para observar pelas barras. Tudo que ela viu foi uma sala de pedra. Na ponta oposta estava outra porta, idêntica à primeira. Nenhum Oraial poderia caber por essas portas, Pip se garantiu.

    Ao invés disso, eles baixaram os Macacos por Draconave.

    Pip se agachou ao lado da árvore para observar a mãe e seu bebê sendo baixados da Draconave oval pairando acima. Ela era uma fera estranha, um grande balão com cordas suportando uma cabine pendurada abaixo dela. Alguma sinistra mágica de gente grande a fazia ficar no ar. Externamente, Pip não mostrou medo. Internamente, ela estava tremendo como um cipó pego numa tempestade de primavera.

    Os Macacos refestelaram-se. Dormindo? Os homens os desamarraram e fugiram, levando suas cordas com eles.

    Ela esperou até que a Draconave tivesse desaparecido por tempo o suficiente. Os Macacos não se mexeram.

    Pip caminhou inquietamente ao redor do perímetro de seu novo território, se atrevendo a tocar a grande muralha com a ponta de seus dedos. O crisvidro era incrível – tão transparente quanto uma fonte de água, e tão gentil quanto granito. Ela olhou pelo crisvidro para o rajal negro-carvão, se esgueirando exatamente como ela. O felino estreitou seus olhos. A cauda parou. Mesmo com vidro blindado, barras de metal e um vasto espaço pavimentado entre eles, Pip congelou. Aquele olhar pálido tinha um jeito de fazê-la se sentir como um pedaço de carne suculenta prestes a ser despedaçado pelas presas dele.

    Ela continuou, explorando um pequeno pedaço de bambu no lado oposto da jaula. Havia pouco além disso. Os olhos de Pip continuavam saltando para os Oraiais. A mãe começou a se mexer.

    Brevemente, ela coçou seu estômago e se sentou. Pip podia quase ler os pensamentos dela, da coceira para a lenta consciência de seus novos arredores. Ela tocou a emaranhada ferida no lado de sua cabeça, claramente com dor. Seu braço se curvou ao redor de seu bebê. Ele não era tão bebê assim, Pip notou, sendo pelo menos um pé maior que ela, e feito igual um pequeno pedregulho com longos braços e curtas, curvadas pernas. Seus olhos negros acenderam nela a partir da segurança dos braços de sua mãe.

    Então, algo estranho aconteceu. O bebê fez barulhos. A sobrancelha da mãe se ergueu. Ela falou com ele, e ambos olharam para Pip. Eles tinham falado entre si! Oraiais falavam? Pip ficou bem parada e tentou agir como se ela encaixasse ali. Numa voz baixa, ela disse, Eu não estou com medo de você, grandiosa.

    Os olhos negros da Macaca queimaram nela por um longo tempo. Finalmente, deliberadamente, Pip virou as costas e andou até a árvore. Ela se abaixou, e esperou.

    *  *  *  *

    Os sóis nasciam e se punham. Uma vez por dia, eles eram alimentados. Uma vez por dia, a mãe Oraial comia cada resto jogado pelas paredes pela gente grande, e Pip esfomeava. A fruta nada madura lhe dava insuportáveis cãibras estomacais. Ela tentou comer os jovens pedaços de bambu, mas a mãe Oraial rapidamente decidiu

    Enjoying the preview?
    Page 1 of 1