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Grutas

“Numa gruta nada se tira a não ser fotografias, nada se deixa a não ser
pegadas e nada se mata a não ser o tempo” (Centro de Divulgação
Científica e Cultural, 1999)

A ciência que se dedica a estudar as grutas é a espeleologia (entrada


“Caverna” na Wikipedia portuguesa, 2008).
O nome gruta deriva do latim grupta e é qualquer cavidade natural
rochosa, com o tamanho suficiente de tal modo a permitir o acesso aos
seres humanos (entrada “Caverna” na Wikipedia portuguesa, 2008). Estas
podem desenvolver-se na horizontal ou na vertical em forma de galerias,
sucedendo isto com maior frequência nos solos de rochas sedimentares,
mas também nas rochas ígneas e metamórficas (entrada “Caverna” na
Wikipedia portuguesa, 2008).
As condições ambientais das grutas condicionam o seu ecossistema,
apresentando assim uma fauna específica, ou seja, húmida e escura
(entrada “Caverna” na Wikipedia
portuguesa, 2008). O exemplo de um
animal que actualmente habita nestas
condições são os morcegos, já o ser
humano primitivo fez delas a sua casa há
muito tempo e uma prova de tal são as
pinturas rupestres (entrada “Caverna” na
Wikipedia portuguesa, 2008).
As grutas podem-se
classificar essencialmente em quatro
tipos havendo contudo muitos outros
relativamente menos importantes (USGS,
2004):
Grutas de solução ou cársticas – são formadas por rochas de carbonato e
enxofre
Ilustração 1 - Exemplo de gruta de solução em Demanova, Eslováquia.
como a dolomite, a mármore e o gesso pela acção lenta das águas
subterrâneas que dissolvem as rochas, formando túneis, passagens

• irregulares e até grutas de grandes dimensões, permitindo a


comunicação com outras, ligando-se entre si (USGS, 2004). Existem
muitas grutas deste tipo, dentre as quais, as maiores do mundo (USGS,
2004).

• Grutas de lava – são túneis de lava formados quando a superfície mais


externa da lava arrefece e solidifica enquanto a lava mais interna
continua a fluir e eventualmente é escoada para o exterior através de um
tubo recém-formado (USGS, 2004).

Ilustração 2 - Tubo de lava Thurston no Hawaii Volcanoes National Park.


• Grutas marinhas – são formadas pela acção constante da água que vai
erodindo as porções mais fracas de rocha das costas de oceanos e
lagos. Tais grutas são formadas pelas pressões exercidas pelas ondas e
o poder erosivo da areia transportada pelas mesmas (USGS, 2004).

Ilustração 3 - Gruta marinha (Espichel, Emanuel Gonçalves)


• Grutas glaciais – são formadas por água no estado líquido que escava
túneis de drenagem através do gelo (USGS, 2004). São de origem
totalmente diferente e não se incluem na categoria das “grutas de gelo”,
que, geralmente, são grutas de solução ou de lava nas quais gelo se
forma e permanece durante todo ou quase todo o ano (USGS, 2004).

Ilustração 4 - Gruta glacial no interior de uma geleira na Suíça.


As grutas calcárias
As grutas cársticas são formadas em calcário pela acção da água, que
podem ser vistas como parte de um gigantesco sistema subterrâneo de
cavidades (USGS, 2004).
Depois de chover, a água escoa em poros e fissuras da rocha e do solo
e escorre para baixo da superfície terrestre (USGS, 2004). A calcite,
(carbonato de cálcio), o principal mineral do calcário, não é completamente
solúvel em água pura, contudo, a chuva algumas vezes absorve dióxido de
carbono quando passa através da atmosfera (USGS, 2004). Desta forma, a
água, que se combina quimicamente com o dióxido de carbono, forma uma
solução ácida que dissolve lentamente calcite, e por sua vez, esta solução
calcítica escava passagens subterrâneas (grutas) (USGS, 2004).
Recentes estudos do movimento e da química das águas subterrâneas
têm mostrado que a primeira etapa do desenvolvimento das grutas – a
dissolução de rochas de carbonato e a formação de cavidades e passagens -
ocorre principalmente logo abaixo do lençol freático na zona de saturação onde
há um contínuo movimento de massas de água (USGS, 2004).
Uma segunda etapa neste desenvolvimento ocorre após um rebatimento
do lençol freático (o lençol freático normalmente tende a aprofundar à medida
que a profundidade do rio aumenta) (USGS, 2004). Durante esta fase, as
cavidades de solução estão repousadas na zona não saturada onde possa
entrar ar (USGS, 2004). Isto leva à deposição de calcite que forma
estalagmites e estalactites (USGS, 2004).
O processo químico que provoca deposição da calcite é o inverso do
processo de dissolução (USGS, 2004). A água na zona não saturada, que
dissolveu alguma calcite à medida que escorre e pinga através do calcário,
acima da gruta, está ainda enriquecida com dióxido de carbono quando ele
atinge a gruta ventilada (USGS, 2004). A acidez da água é assim reduzida e o
bicarbonato de cálcio não pode permanecer em solução de calcite, sendo
depositado como rocha deposta (USGS, 2004).
Ilustração 5 - Formação das grutas de solução

Ilustração 6 - Coluna existente na Gruta dos Bolhos.


Espeleotemas

Os diferentes tipos de “decoração” das grutas


denominam-se genericamente de formações da gruta
ou espeleotemas (NPS, 2006).
A maioria destes forma-se por processos
semelhantes (NPS, 2006). A água escoa no solo,
absorve dióxido de carbono e acidifica (NPS, 2006). Já
com propriedades de ácido fraco, consegue dissolver
uma pequena porção da rocha calcária durante a sua
passagem por fissuras e prossegue até entrar na gruta (NPS, 2006).
À medida que esta água goteja na gruta repleta de ar, o dióxido de
carbono é cedido ao ar; devido ao facto da água já não conter dióxido de
carbono, já não consegue conter tanto cálcio (que forma o calcário e rochas
calcárias) e o excesso deste precipita, maioritariamente na forma de carbonato
de cálcio (CaCO3), nas paredes e tecto da gruta, formando as diferentes
formações (NPS, 2006). Ao precipitar, no tecto, o carbonato de cálcio forma um
anel em torno da gota, próximo da rocha (entrada “Caverna” na Wikipedia
portuguesa, 2008). Quando esta cai, o anel sedimenta-se e cristaliza,
aglomerando-se à rocha (entrada “Caverna” na Wikipedia portuguesa, 2008).
Os anéis unem-se e formam tubos cilíndricos, com 2 a 9 mm de diâmetro
interno e paredes com aproximadamente 0,5 mm de espessura (entrada
“Caverna” na Wikipedia portuguesa, 2008).
Geralmente, estas tornam-se cónicas devido ao facto da água escorrer
pela parte externa das suas paredes (entrada “Caverna” na Wikipedia
portuguesa, 2008).
Quando a água que goteja no solo da gruta ainda contém carbonato de
cálcio, continua a precipitar-se neste (entrada “Caverna” na Wikipedia
portuguesa, 2008). O acumular do precipitado de CaCO3 cria estalagmites, que
podem ter diversificados formatos (entrada “Caverna” na Wikipedia portuguesa,
2008). Comummente, são aproximadamente cilíndricas e com a extremidade
arredondada, mas também poderão ser cónicas (entrada “Caverna” na
Wikipedia portuguesa, 2008). Na maior parte dos casos, há uma estalagmite
para cada estalactite, mas grandes estalagmites podem ser formadas por
vários gotejamentos diferentes (entrada “Caverna” na Wikipedia portuguesa,
2008). Elas também podem se juntar em maciços de estalagmites (entrada
“Caverna” na Wikipedia portuguesa, 2008).
Havendo a junção de uma estalactite com uma estalagmite, forma-se
uma coluna (Earth Science World, 2008).
Sítiografia:

Http://geomaps.wr.usgs.gov/parks/cave/index.html#types
Http://pt.wikipedia.org/wiki/Caverna
Http://www.cdcc.usp.br/quimica/ciencia/cavernas.html
Http://www.earthscienceworld.org/images/search/results.html?Keyword=Cave%
20column
Http://www.nps.gov/archive/wica/Speleothems.htm

Imagens:

Ilustração 1 –
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Demanova_Cave_of_Freedom_41.jpg
Ilustração 2 – http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Thurston_Lava_Tube.jpg
Ilustração 3 –
www.icn.pt/psrn2000/caracterizacao_valores_naturais/habitats/8330.pdf
Ilustração 4 – http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Eisgrotte_Feegletscher.jpg
Ilustração 5 – http://www.cdcc.usp.br/quimica/ciencia/esq1.gif
Ilustração 6 – http://cesaredas.no.sapo.pt/images/gruta_bolhos01.jpg

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