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Projeto: ECONOMIA SOLIDÁRIA NO CONTEXTO DE INCUBADORAS SOCIAIS

Professor orientador: Gleny Terezinha Duro Guimarães

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO SEMESTRAL

Programa PUCRS/CNPq/PIBIC
Nome do Bolsista: Ana Cláudia L. da Silva
Unidade/ Departamento: Faculdade de Serviço Social

A pesquisa aqui exposta visa apresentar um breve resgate histórico das raízes
da Economia solidária e compreendê-la numa perspectiva de alternativa econômica
de trabalho e renda, que valoriza o humano e respeita a dignidade de viver dos
indivíduos excluídos do mercado de trabalho, além deste aspecto, tem o objetivo de
ressaltar o importante papel que desenvolvem as incubadoras sociais como
fomentadoras deste tipo de economia social, nos empreendimentos solidários, através
de uma metodologia de intervenção junto à realidade social investigada no aspecto de
integração teórico - prática.
A investigação dos dados históricos, conforme nos aponta Aguiar (2002), revela
que a prática do associativismo e do cooperativismo surge antes da Revolução
Industrial, ou seja, na fase da mercantilização e das grandes navegações, que é o
nascedouro do liberalismo e que deu origem à economia capitalista, pois segundo a
autora:

A Proposta de uma organização econômica centrada no individuo surgiu em


meados do século XVI, com a prática do associativismo e com o aparecimento
do cooperativismo, embora o associativismo coletivista estivesse presente em
outras épocas, nas idéias de auxilio mutuo nas relações de trabalho e na
associação coletiva de pessoas, apresentado seus indícios nas construções de
armazéns, fábricas, empresas rurais e até mesmo na constituição das
repúblicas (Aguiar,2002 pág.18 ),

Entretanto, foi pouco depois do capitalismo industrial que os primeiros idealistas do


pensamento cooperativista e de uma economia social começaram a surgir. Primeiro na
Inglaterra, representados por: P.C. Plockboy, 1659; Jolm Bellers; Robert Owen, 1812;
Wilian King, 1827/28 ; Charles Howarth, 1844; Os Pioneiros de Rochdale, 1844 , e
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quase paralelamente na França, representados por: L’Ange, 1792; F.M. Charles Fourier,
1808; Victor Consilerant, 1831; P.J.B. Buchez, 1831; Louis Blanc, 1839/48; P.J.
Proudhon; Charles Gide, 1886; Escola de Nines, 1886; dentre os quais destacam-se
Owem, Fourier e Sant-Simon, que segundo Singer são:

(...) os clássicos do socialismo utópico (...) O Cooperativismo recebeu deles


inspiração fundamental, a partir da qual os praticantes da economia solidária
foram abrindo seus próprios caminhos, pelo único método disponível no
laboratório da historia: o da tentativa e erro (SINGER,2002 pág.38).

Os Pioneiros de Rochdale foram os que traçaram as linhas gerais para os princípios


básicos do cooperativismo, consagrados pela Aliança Cooperativa Internacional nos
congressos de 1937 e 1966, e poucas mudanças foram feitas desde sua origem sendo
universalizados e imortalizados como princípios do cooperativismo: 1º Direito a (1) voto
por associado para as decisões; 2º Principio da “Porta Aberta”, para quem desejasse
aderir à cooperativa. 3º Taxa sobre o capital emprestado à cooperativa (juros fixos); 4º
Sobras divididas, à proporção às compras; 5º Vendas sempre a vista; 6º Produtos
sempre Puros; 7º Educação cooperativa; 8º Posição neutra em questões religiosas e
políticas,
Esta é a origem histórica da economia solidária, segundo Singer (2002), assim
as diferentes formas econômicas que se propõem justapor-se ao capitalismo são
definidas como:
• Economia Social, que se subdivide em: Economia Popular e Economia Solidária,
que ao fundir-se dão origem a “Economia Popular Solidária”, sendo que segundo
Aguiar (2002), a Economia Solidária é constituída a partir do espírito solidário e
empresarial para sustentar seus empreendimentos nas condições econômicas atuais.
Em vista disto, a combinação das distinções da lógica racional empresarial (realismo,
pragmatismo) com a lógica dos valores e princípios (solidarismo e de transformação
social) resulta em uma “alternativa econômica, logrando ser uma economia alternativa
(pág.72 )”, que se configura na Economia Popular Solidária, a qual não é paralela à
economia capitalista, mas sim, encontra-se inserida nesta, trazendo uma nova proposta
econômica social, que vem a ser no contexto das transformações do trabalho um
caminho alternativo de enfrentamento e resistência da sociedade ao desemprego e ao
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empobrecimento causado pela exploração do trabalho pelo capitalismo (remetendo-nos


a “Questão Social”1 ).
Neste cenário, surgem as incubadoras sociais, que tem como objetivo auxiliar o
desenvolvimento dos empreendimentos na perspectiva da Economia Solidária. Desta
feita, conforme nos aponta Lechat(2006), as incubadoras surgiram no Brasil em
meados de 1995, com a criação da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares
(ITCP), “A partir daí, várias universidades vão implantar incubadoras tecnológicas de
cooperativas populares e a Rede Universitária das incubadoras vai ser formada”
(Leachet,2006 pág.20). Deste modo, as incubadoras sociais se tornaram importantes
aliadas e fomentadoras da Economia Solidária porque trabalham com grupos de
trabalhadores excluídos do mercado formal e, predominantemente, em situação social
vulnerável, buscando nesse viés, contribuir para a geração de renda e trabalho para
que os mesmos possam (re) ingressar no mercado de trabalho, porém, com uma lógica
solidária, democrática e igualitária das relações de trabalho.
Relativo à necessidade de geração de trabalho e renda, motivo do surgimento dos
empreendimentos incubados, essa preocupação é decorrente de grande parte da
população na realidade brasileira atual, resultado de uma realidade com excedente de
mão-de-obra de trabalhadores, qualificados ou não (GAIVIZZO, 2006). Diante deste
quadro, a Economia Solidária torna-se uma alternativa de geração de trabalho e renda
devido ao quase esgotamento das outras opções (GAIVIZZO, 2006).
Em vista destes aspectos, os estudos da presente pesquisa demonstram que este
movimento em busca de uma outra economia alternativa vem de longa data, sendo que
atualmente retoma a pauta em nossa sociedade civil e política, com mais ênfase, em
vista do acirramento das desigualdades geradas pelo desemprego que cresce a cada
dia em nossa realidade. Diante deste contexto, com relação à Economia Solidária
Nascimento e Lemes (2006) referem que: “... surge como uma intervenção ou solução
às deficiências desse sistema, possibilitando dessa forma a inclusão ou inserção dos
excluídos ao mercado de trabalho (pág.13)”. Deste modo, fica evidente o papel
importante de assosseramento que as incubadoras desenvolvem nestes

1
“Amplo espectro de problemas sociais que decorreram da instauração e da expansão da industrialização capitalista. É a “expressão concreta das contradições entre o
capital e o trabalho no interior do processo de industrialização capitalista”. MARTINELLI, Maria Lucia; “Serviço social : identidade e alienação” / Editora: Cortez -São
Paulo/2008 pág., 63.
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empreendimentos solidários ao trazer conhecimentos e novas tecnologias para que o


grupo possa sobreviver em um mercado capitalista. Portanto, conforme nos alerta
Cattani (2003) existe uma necessidade urgente de se superar o sistema capitalista, pois
este vem no decorrer da historia ampliando suas técnicas, seu poder de exploração e
criando formas cada vez mais eficazes de acumular lucros/riquezas, acerbando ainda
mais a desigualdade social, daí a necessidade de uma alternativa econômica que
supere este sistema atual, pois acreditasse que “um mundo melhor é possível e que ele
está sendo construído pelas realizações concretas da outra economia. (CATTANI,2003
pág. 14)”.

Palavras-chave: Economia Solidária, Incubadora Social, cooperativismo.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GAIVIZZO, Soledad Bech. Limites e possibilidades da Economia Solidária no


contexto das transformações do mundo do trabalho: a experiência da Incubadora
de Cooperativas Populares da Universidade Católica de Pelotas. Porto Alegre:
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, mestrado em Serviço Social,
2006.

SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Editora Fundação


Perseu Abramo, 2002.

AGUIAR, S. Cristina. Economia Popular Solidária: Alternatias às transformações


no mundo do trabalho. 2002 115p. Dissertação(Mestrado de Serviço Social).
Faculdade de Serviç Social da PUCRS, Porto Alegre/RS.

LEACHE, P. M. Noële. As Raízes históricas da economia solidária e seu


aparecimento no Brasil. Ijuí: Editora Unijuí - Série: Economia Solidária 01, 2006.

CATTANI, D, Antonio . A outra economia: os conceitos essenciais. Porto Alegre:


Veraz Editores, 2003.

NASCIMENTO, S. V. Alex & LEMES, M. R. Fabio. I CONAES: Do documento Base ao


documento Final. Ijuí: série economia solidária 02; 2º edição ampliada ; editora:
Unijuí,2006.

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