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Energia Hidroeléctrica
Desde tempos remotos que houve necessidade de armazenar as águas das chuvas de
modo a poder utilizá-las durante a época seca. As barragens não fazem mais do que fazer uma
transferência de água no tempo em oposição às adutoras que fazem transferência de água no
espaço. A primeira barragem, de que há memória, foi construída na Caldeia, no rio Tigre
(Costa & Lança, 2001).
Apesar de na Península Ibérica os romanos terem deixado numerosas barragens, a sua
“adaptação” na produção de electricidade só teve início em Portugal nos finais do século XIX
(Costa & Lança, 2001; PNBEPH, 2007). Os primeiros aproveitamentos foram instalados perto
de rios mais ou menos permanentes, utilizando as quedas criadas pela construção de pequenos
açudes em alvenaria, sendo pouco mais que azenhas adaptadas com a instalação de dínamos
(PNBEPH, 2007).
Com o tempo, estas pequenas centrais isoladas começaram a alimentar a iluminação
pública das povoações (Vila Real – 1894) (Fernando Faria, 2004) onde se encontravam as
instalações industriais, bem como algumas habitações (PNBEPH, 2007).
Num curto espaço de tempo surgiram as primeiras empresas de produção e
distribuição de energia eléctrica (refiram-se as Companhias Reunidas Gás e Electricidade -
C.R.G.E. (1891), a Central da Boavista (1903), a Central do Ouro (Porto, 1908/9), e a Central
Tejo (Lisboa, 1908 e 1914) (Rollo)
No entanto a construção dos grandes aproveitamentos de albufeira, capazes de
assegurar uma regularidade de produção conveniente, implicava investimentos avultados que
só poderiam ser realizados com intervenção estatal. Mas a crise económica dos anos 30, com
o fim da Monarquia, a implementação da Republica e a II Guerra mundial dificultaram a
implementação inicial, tendo o primeiro grande aproveitamento (Santa Luzia, no rio Unhais)
com 24 MW de potência entrado em serviço em 1942 (PNBEPH, 2007).
Mas foi só em 1947 que o Governo divulgou a política definida em termos de grandes
aproveitamentos hidroeléctricos e logo a seguir foram constituídas as sociedades Hidro-
Eléctrica do Zêzere e do Cávado, sendo-lhes outorgadas as concessões dos aproveitamentos
do Zêzere e do Cávado – Rabagão (Rollo), que após a sua instalação apresentavam uma
potência total instalada de aproximadamente 1 000 MW (PNBEPH, 2007).
Este foi claramente o período de ouro da hidroelectricidade em Portugal, garantindo
com abundância e segurança a satisfação da procura ligada a uma rede crescente. Em 1960,
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80% da potência instalada e 95% da energia eléctrica consumida em Portugal tinha origem
hidroeléctrica (PNBEPH, 2007).
Nas décadas de 70 e 80, respondendo à rápida evolução dos consumos, são instalados
mais 1500 MW de capacidade hidroeléctrica, incluindo nomeadamente a totalidade da cascata
do Douro Nacional (800 MW), levando o total da potência hidroeléctrica Nacional a cerca de
3000 MW em 1990 (PNBEPH, 2007).
Ao longo dos anos 90 entraram em serviço mais cerca de 700 MW hídricos,
concentrados essencialmente no aproveitamento do Alto Lindoso, no rio Lima (630 MW) e
nalguns pequenos aproveitamentos minihídricos, sendo que até a data se encontra instalada
uma potência hidroeléctrica da ordem de 5.000 Mw, incluindo 4 580 MW de centrais do
regime ordinário e 365 MW em centrais do regime especial (minihídricas) (PNBEPH, 2007).
Actualmente, com a problemática das alterações climáticas Portugal viu-se obrigado a
criar a Estratégia Nacional para a Energia aprovada em Outubro de 2005, com os objectivos
principais de criar mais concorrência e promover a sustentabilidade ambiental (Resolução do
Concelho de Ministros nº50/2007) visando assim a redução da dependência externa através do
aumento da produção endógena (Direcção Geral de Geologia e Energia, 2006) e da promoção
da concorrência nos mercados energéticos (Resolução do Conselho de Ministros nº50/2007).
Tendo em conta estes objectivos, o governo reviu metas anteriormente estabelecidas,
passando assim a produção de electricidade com base em energias renováveis de 39% para
45% do consumo até 2010 (Ministro da Economia e Inovação, 2008). Portugal é um dos
países da União Europeia com maior potencial hídrico por explorar e maior dependência
energética do exterior, mas também dos que menos cresceu em capacidade hídrica nos
últimos 30 anos (Ministro da Economia e Inovação, 2008). Devido a este défice no
crescimento o Governo aposta, no PNBEPH pretendendo que até 2020 se supere os 7.000
MW de potência hídrica instalada, permitindo a Portugal utilizar 70% do seu potencial contra
os pouco mais de 40% actuais (Ministro da Economia e Inovação, 2008).
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Barragens
As Barragens servem para armazenar água para posterior liberação para tais fins como
irrigação, uso doméstico e industrial, e de energia eléctrica. O reservatório age muito como
uma bateria, armazenando a água ser liberada conforme o necessário para gerar energia (U.S.
Department of the Interior, 2005). Existem então vários motivos para a construção de
barragens (Costa & Lança, 2001):
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Barragens rígidas
São feitas de betão ou de alvenaria de pedra e podem ser de gravidade (peso), arco ou
abóbada, contrafortes ou gravidade aligeirada (Costa & Lança, 2001).
Figura 1a: Desenho esquemático de um perfil tipo de uma barragem de arco – gravidade.
Figura 1c: Desenho esquemático de um perfil tipo de uma barragem de arco – abóboda.
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Barragens de gravidade
Pode ser de alvenaria de pedra, betão convencional ou betão compactado a rolo. Para
qualquer dos materiais o processo de dimensionamento é o mesmo. O projecto de uma
barragem gravidade obedece aos seguintes requisitos (Costa & Lança, 2001):
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Forças que actuam numa barragem gravidade
Uma pequena barragem por gravidade está sujeita aos seguintes esforços:
Uma barragem resiste a todas as forças através do seu peso, daí o nome gravidade. Em
consequência a barragem deve se maciço com o material construtivo apresentado densidade
elevada. Em pequenas obras a análise estrutural é bidimensional fazendo-se as considerações
sobre uma largura unitária (Costa & Lança, 2001).
Barragem em arco
Podem ser curvas só em planta ou planta e perfil (duplo arco). São inseridas em vales
estreitos ou gargantas (canyons) e as fundações e ombreiras terão que ser de rocha sólida e
muito compacta. Parte do impulso é transmitido para as ombreiras devido à acção do arco da
secção.
O consumo de betão é muito menor do que nas do tipo gravidade de igual altura e
consequentemente o custo é menor. Contudo exige pessoal altamente especializado, em razão
de rigor no projecto e no controlo da obra, o que lhe reduz a vantagem adquirida no volume
de betão. Este tipo de barragens não utiliza a soleira normal para descarregador em razão da
sua pouca espessura. Em seu lugar é utilizado a túlipa, de construção cara, funcionamento
hidráulico deficiente e limitada para vazões pequenas. Também são utilizadas, como
descarregadores, orifícios, abertos na barragem, normalmente comandados por comportas.
As forças que actuam numa barragem em arco são (Costa & Lança, 2001):
a) Impulso Horizontal;
b) Altura das ondas;
c) Forças sísmicas;
d) Pressão ascensional.
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Figura 3: Barragem de Venda Nova, Montalegre – Barragem do tipo Arco-gravidade.
Barragens de terra
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dos rios. Os vales chegam a ser muito abertos, com ombreiras suaves. A grande vantagem das
barragens de terra, sobre as outras, é que pode ser construída sobre qualquer tipo de fundação.
As barragens de terra são relativamente baratas e não exigem pessoal muito
especializado. A construção costuma absorver a mão-de-obra local, sendo um dos recursos à
que os governos recorrem quando uma região é afectada por secas e há necessidade de ocupar
milhares de pessoas que normalmente trabalham na agricultura (Costa & Lança, 2001).
É utilizado somente um único tipo de solo. As partes principais de uma barragem deste
tipo são (Costa & Lança, 2001):
a) Aterro propriamente dito, cujos taludes têm inclinações que constam dos quadros a
seguir, entendendo-se por esvaziamento brusco ou rápido o que apresenta velocidades
mínimas de descida de nível de 15cm por dia;
b) Filtro ou dreno vertical ou inclinado constituído por areia seleccionada de
granulometria adequada ao tipo de solo utilizado, ou por brita confinada em geotêxtil;
c) Filtro, dreno ou tapete horizontal constituído por areia seleccionada de
granulometria adequada ao tipo de fundação, ou por brita confinada em geotêxtil;
d) Cut-off - parte do aterro que se insere na fundação. Quando esta é de boa qualidade
não se utiliza cut-off embora a fundação seja preparada para receber o aterro;
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e) Protecção do talude de montante com enrocamento lançado (rip-rap) ou
arrumado, ou por lajes de betão ou ainda por tapete asfáltico. O enrocamento ou rip-
rap assenta sobre camadas de transição constituídas por brita e areia, ou sobre
geotêxtil;
f) Protecção do talude de jusante com vegetação adequada (relva ou capim), laje de
betão ou enrocamento arrumado (espessura mínima de 30cm);
g) Crista protegida com uma camada de brita (10cm) ou por asfalto se nela passar
uma estrada;
h) Descarga de fundo destinada a poder aproveitar a água armazenada. Normalmente
situa-se uns metros acima do talvegue a fim de se manter um certo volume morto (porão)
preservando-se os peixes no caso de esvaziamento total, quando se trata de uma pequena
barragem;
i) Tomada de água, situada a nível mais elevado, destinada ao abastecimento humano,
aproveitando-se a decantação natural da água;
j) Descarregador de cheias destinado a restituir ao rio as águas de grandes cheias e
após o NPA (Nível de Pleno Armazenamento) ter sido atingido;
k) Drenagem das águas de chuvas, que caem sobre o aterro, para evitar o alagamento
ou trasbordamento (over-topping). A barragem deve dispor de uma folga adequada,
cujos valores são dados pela tabela a seguir e de uma altura de laminação de cheia.
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Barragens zonadas
Quando não existem solos apropriados, em quantidade suficiente, o que sucede com
muita frequência, recorre-se ao tipo zonado que não é mais do que o aproveitamento dos solos
mais fracos para aterros estabilizadores e do melhor solo para o núcleo central (Costa &
Lança, 2001). São normalmente constituídas por um solo impermeável entre zonas de solo
permeável. Areia e pedregulhos são normalmente colocados na parte externa, não havendo
necessidade de revestimento dos taludes. As camadas funcionam como drenos e devido aos
seus ângulos de atrito internos serem maiores são mais estáveis.
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Barragem com núcleo ou mista
Barragens de enrocamento
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A deformabilidade limita as fissurações que ocorrem durante a construção e após o
enchimento da albufeira. Em suma, o núcleo deve ser constituído por materiais que
apresentem alta resistência ao cisalhamento (Costa & Lança, 2001).
As barragens com face de betão, ou outro material, têm sido motivo de acesas
controvérsias devido a más experiências anteriores, onde ocorreram grandes infiltrações
provocadas por fissurações. Mas estas barragens têm vindo a ser aperfeiçoadas por
apresentarem vantagens como sejam (Costa & Lança, 2001):
a) Menor custo;
b) Maior rapidez na construção;
c) Não há possibilidade de ruptura por erosão interna como sucede no núcleo argiloso,
quando há grandes deformações do maciço.
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Figura 8: Exemplo exemplificativo de uma barragem de enrocamento
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Selecção do sítio da barragem
Topografia e Geologia
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dados de escoamentos devem ser recolhidos dados relativos a evaporação ao nível de
albufeiras e caudais de cheia (PNBEPH, 2007).
Estes dados dão essenciais para determinar se a bacia hidrográfica tenha competência
para alimentar a bacia hidráulica. Caso contrário a barragem ficará super-dimensionada com
custos sem retorno, ou no caso inverso a barragem poderá ficar sub-dimensionada, i.e., a
barragem encher em uma fracção de ano hidrológico o que significa que a bacia não foi
suficientemente aproveitada. Neste caso haverá um funcionamento frequente do
descarregador de cheias com todos os inconvenientes de abrasão das estruturas (Costa &
Lança, 2001).
Figura 10: Esquema exemplificativo dos parâmetros para calculo da altura de uma barragem
Onde:
CC = cota do coroamento
FC = cota da fundação (talweg)
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Figura 11: Esquema da área de influência de uma barragem dependente da sua cota de construção.
Transporte de sedimentos
Uma bacia hidrográfica, de material muito friável, sujeita a grandes erosões, carrega
grande quantidade de sedimentos que podem comprometer a vida útil da barragem.
Existem casos, raros, de barragens completamente assoreadas antes de 20anos de uso (Costa
& Lança, 2001).
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Figura 12: Rede nacional de transportes de electricidade 2008.
Energia hidroeléctrica
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a) Uma parte evapora-se antes de atingir o chão;
b) Uma parte infiltra-se dando origem aos lençóis freáticos;
c) Uma parte escoa dando origem aos rios e córregos;
d) Uma parte pode transformar-se em gelo que posteriormente irá derreter;
e) Uma parte fica retida em depressões e nas copas das árvores e nos troncos.
P - (R + G + E + T) ) = s
sendo:
P - precipitação que atinge o solo
R - escoamento superficial
G - escoamento subterrâneo
E - evaporação
T - transpiração das plantas
Ds - variação no armazenamento nas várias formas de retenção (Costa & Lança, 2001).
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Figura 12: Ciclo da água
Em suma, a energia solar evapora a água dos oceanos e dos grandes lagos. Este vapor
de água condensa e é transformado em chuva ou neve, alimentando os rios que correm
devolvendo a água à sua proveniência (Viana et al., 2004). O movimento contínuo da linha de
água ao longo de um troço está dotado de energia cinética e potencial gravítica, proveniente
de desníveis naturais ou artificiais (Alentejo Litoral, 2008), i.e., para gerar electricidade, a
água tem de estar em movimento (U.S. Department of the Interior, 2005).
Como na natureza a energia não pode ser criada ou destruída, está energia tem de ser
convertida em electricidade em centrais (por exemplo central Venda Nova II) que são
construídas para aproveitar aqueles dois tipos possíveis de energia da água (Viana et al.,
2004).
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Centrais hidroeléctricas
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das águas para utilização conforme as variações de demanda e controle da intensidade das
vazões ideais para cada nível de produção.
É importante referir que à queda útil não corresponde a queda bruta ou total, pois
existem perdas no circuito hidráulico. O aumento das potências dos grupos das centrais
hidroeléctricas conduz a uma redução do custo específico de fabrico e melhoria do
rendimento (95 a 96% em certos casos). Nas instalações com circuitos hidráulicos muito
extensos, quer a montante em conduta forçada, quer a jusante em canal, adoptam-se
dispositivos especiais (chaminés de equilíbrio, válvulas de descarga, deflectores) com o fim
de melhorar as condições de estabilidade dos grupos e de reduzir as sub-pressões e as
depressões provenientes de fechos bruscos das turbinas. O uso de centrais de bombagem
torna-se bastante vantajoso nos períodos em que há falta de consumo (horas de vazio)
existindo por isso energia em excesso que pode ser usada na bombagem de água já turbinada
de volta para a albufeira. Para esta manobra ser efectuada a água turbinada é retida numa
bacia enquanto o grupo funciona como gerador (o grupo é constituído por uma turbina, um
alternador e uma bomba), estando a bomba fora de serviço. Nas horas de vazio do diagrama
de cargas das redes o grupo inverte o seu funcionamento e o alternador passa a funcionar
como motor síncrono entrando a bomba em serviço, accionada pelo motor (Viana et al.,
2004).
a) A fio de água;
b) Acumulação ou armazenamento;
c) Armazenamento por bombagem;
d) Com reversão.
Uma central a fio de água localiza-se num rio perene (com caudal constante durante o
ano). Localizam-se onde existem quedas, cascatas ou cachoeiras. É o tipo de aproveitamento
eléctrico mais barato, mas, actualmente, só é viável em algumas regiões de África, Ásia,
América do Sul e Canadá. Algumas centrais a fio de água dispõem de algum armazenamento
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destinado a compensar eventuais falhas no caudal. Quando existem grandes barragens a
montante, que garantem um caudal perene, é possível a construção das centrais por
acumulação, combinada com fio de água (Costa & Lança, 2001).
Uma central com armazenamento por bombagem gera energia para atender à carga
máxima mas durante as horas em que a demanda é reduzida, a água turbinada é bombada para
um reservatório a montante (geralmente a uma cota mais alta do que o primeiro reservatório.
Esta água bombada será posteriormente turbinada nas horas de ponta (Costa & Lança, 2001).
Numa central com reversão, durante as horas mortas, a água é bombada para o
reservatório através de um grupo de turbinas que se transformam em bombas (Costa & Lança,
2001).
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Componentes físicas de uma central
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a) Rugosidade superficial;
b) Pressão exercida;
c) Método de união;
d) Peso e facilidade de instalação;
e) Acessibilidade ao sítio;
f) Tipo de terreno;
g) Tipo de solo;
h) Tempo de vida;
i) Condições climáticas do local;
j) Custo relativo
k) Risco de danos estruturais.
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a) Rotor - roda móvel, elemento principal, consiste numa série de pás ou conchas unidas
a um eixo.
b) Distribuidor - parte fixa que serve de união entre o rotor e a tubagem forçada.
c) Tubagem forçada - conduz a água, sob pressão, até ao distribuidor.
d) Tubo de aspiração - Serve de união entre a turbina e a restituição para o rio.
Inicialmente a sua função principal era aproveitar o desnível existente entre o rotor e a
saída, em virtude de se produzir sob o rotor uma depressão equivalente à altura da coluna de
água da tubagem. Modernamente o tubo de aspiração tem a forma duma buzina
transformando a energia cinética da água à saída do rotor, em energia de pressões que se
recupera (Costa et al., 2001).
O tipo de turbina a ser utilizado, não é seleccionada até que todos os estudos e estimativas
de custo operacional estejam completos, visto a turbina depender em grande medida das
condições do local (U.S. Department of the Interior, 2005).
Uma turbina de reacção é uma turbina horizontal ou vertical que opera completamente
submersa, uma característica que reduz a turbulência (U.S. Department of the Interior, 2005).
A água circula entre as pás, variando a velocidade e a pressão. Esta, por não ser constante
obriga à variação da secção transversal aproveitando-se, assim, a energia da água, uma parte
na forma de energia cinética e o resto na forma de energia de pressão (Costa et al., 2001). As
turbinas de reacção são: FRANCIS, hélice e KAPLAN (Castaldi et al., 2003). As turbinas
FRANCIS são utilizadas em aproveitamentos com quedas acima de 10m, podendo dizer-se
que é, de todas as turbinas, a mais utilizada. A turbina HÉLICE é considerada uma turbina de
reacção sendo utilizada com maior frequência em aproveitamentos com quedas abaixo de 12
metros. Modernamente apareceram as turbinas BOLBO que são turbina KAPLAN instaladas
em invólucros fechadas e submersos, próprios para gerar energia utilizando pequenas quedas
em rios muito caudalosos (Costa et al., 2001).
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Figura 16: Turbina FRANCIS
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A água flui pela turbina, girando-a, originado energia mecânica que é transformada em
energia eléctrica pelos geradores e pelos transformadores (Castaldi et al., 2003). Um gerador
hidroeléctrico permite converter a energia cinética do fluxo líquido em energia eléctrica. A
água ao circular numa turbina provoca, como já vimos, um movimento rotativo do eixo ao
qual estão ligadas. Este movimento provoca uma rotação dos ímanes colocados no extremo
oposto do veio, dentro de uma bobina, este movimento gera, por indução, uma corrente
eléctrica (energia hidroeléctrica).
Antes de uma central hidroeléctrica ser implementada, calcula-se quanta energia pode
ser produzida quando a instalação estiver concluída. A própria produção de energia numa
barragem é determinada pelo volume de água liberada (descarga) e da distância vertical da
água quedas (cabeceira). Assim, uma determinada quantidade de água caindo uma
determinada distância vai produzir uma certa quantidade de energia.
A cabeceira irá produzir uma pressão (pressão de água), e quanto maior esta, maior
será a pressão para impulsionar as turbinas. Logo, maior cabeceira ou um escoamento mais
rápido da água reflecte uma maior potência (U.S. Department of the Interior, 2005). A
Potência instalada de uma central é a potência máxima que pode ser produzida pelos
geradores com carga normal e caudal máximo. A unidade de potência em energia eléctrica é o
quilowatt que equivale a 1.34HP.
A unidade de energia eléctrica é o quilowatt-hora definido com 1 kW de potência
fornecido durante uma hora. Também se usa expressar a energia eléctrica em kW-dia ou kW-
ano.
Potência firme é a potência que uma central tem probabilidade de fornecer durante
100% do tempo. Para uma central hídrica corresponde à potência produzida quando a
disponibilidade de água, incluindo acumulação, é mínima. Potência extra ou secundária é toda
a potência disponível além da firme. Costuma ser vendida a taxas mais baixas (Costa et al.,
2001).
A potência útil aumenta com o caudal mas aumentam também as perdas de carga
(Costa & Lança, 2001 (2)).
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Transmissão de Energia
Como a energia eléctrica não se pode armazenar (REN), uma vez produzida, a
electricidade tem de ser distribuída para onde é consumida. Como normalmente as barragens
estão localizadas em locais remotos, uma vasta rede de linhas de transmissão e instalações são
utilizadas para trazer a electricidade até nós. Toda a electricidade gerada por um motor passa
em primeiro lugar através de transformadores que aumentam a tensão de modo a que esta
possa viajar para longas distâncias através da rede eléctrica nacional (Tensão é a pressão que
força uma corrente eléctrica através de um fio).
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Figura 19: Rede de transporte de energia eléctrica.
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Figura 20: Rede ibérica de transporte de energia.
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b) Início da exploração no ano 4 após início da construção, considerando que nesse ano a
produção de energia será de metade do valor médio anual estimado, assim como os
custos de exploração;
c) Produção de energia e receitas constantes entre o ano 5 e o ano 43, assim como os
custos de exploração;
d) Necessidade de realização de uma grande intervenção de beneficiação de
equipamentos, a meio do período, ou seja no ano 23;
e) Valor residual de 50% do investimento inicial em obras de construção civil.
Impactos
Apesar de ser uma energia limpa, a energia hidroeléctrica não está isentam de
provocar efeitos adversos no ambiente. Nos últimos anos tem sido feitos consideráveis
esforços para reduzir os problemas ambientais e garantir a segurança das barragens (U.S.
Department of the Interior, 2005). No entanto a viabilidade económica das centrais, face ao
aumento das acções de conservação dos recursos e ecossistemas gera, frequentemente,
polémica.
Logo na primeira fase, a construção de uma barragem provoca um grande impacte
sobre a vida das populações e do meio ambiente da região, pois implica; a abertura de novos
acessos que originam desflorestação e erosão; a poluição dos rios, que pode ocorrer através de
vazamentos de óleos, aquecimento das águas, detritos de variada ordem, etc.; aumento do
risco de fogos; barulhos excessivos; fumos, poeiras e pós etc. (Costa & Lança, 2001).
A formação de uma albufeira, num vale muito povoado, obriga ao deslocamento de
populações inteiras, sendo que a mudança das populações apresenta um custo muito superior
ao da própria construção (Costa & Lança, 2001).
Assim que a barragem está construída, o livre fluxo de água pára e começa-se a
acumular-se água no novo reservatório. A velocidade a que o reservatório enche está
associada a um dos principais problemas das barragens, a sedimentação (Castaldi et al.,
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2003). A barreira física criada pela barragem impede o contínuo fluxo de sedimentos
existentes na água, sendo que estes terminam por se depositar no fundo do reservatório. Com
a acumulação de sedimentos no fundo, diminui a capacidade de armazenamento da água i.e.,
menor energia é gerada pois a capacidade do reservatório diminui (Castaldi et al., 2003). Por
outro lado a sedimentação nas barragens cria erosão na foz do rio, visto todos os sedimentos
estarem agora presos no reservatório.
Um impacto normalmente ignorado pelo homem é o seu efeito ao nível do microclima.
O microclima tende a ser muito mais moderado dependendo do tamanho da barragem
implementada, visto a água arrefecer e aquecer muito mais lentamente. Investigadores
determinaram que a temperatura da água no reservatório Danjiankau na China aumentava um
grau Celsius no Inverno e diminuía um grau Celsius no Verão (Biswat, 1981 cit in Castaldi et
al., 2003)
Um outro impacto atribuído à criação de barragens é a possibilidade de produzirem
pequenos sismos, a muitos quilómetros de distância e em regiões completamente estranhas à
bacia hidrográfica do rio onde se situa a barragem (Costa & Lança, 2001)
Embora estes impactos serem bastante graves muitas vezes não lhes é dada a devida atenção
visto as pessoas tenderem a associar mais os impactes de uma barragem com peixes e flora.
A vida animal e vegetal é a que mais impactes negativos sofrem com a construção de
uma barragem. A inundação destrói uma grande área do habitat das espécies presentes tal
como destrói inúmeras espécies vegetais. Quando um rio é barrado e a sua e sua água
desviada para irrigação, há trechos do rio que ficam praticamente secos causando problemas
sérios. Actualmente a construção de uma barragem obriga à manutenção constante de “caudal
ecológico” que varia consoante a importância do rio e suas condições anteriores de fluxo
(Costa & Lança, 2001). O caudal ecológico pode ser definido como o caudal mínimo
necessário a manter no curso de água a jusante de um aproveitamento hidráulico que permita
assegurar a conservação e protecção dos ecossistemas dulçiaquícolas (Alves & Henriques,
1994).
Apesar de a construção de uma barragem originar um novo habitat para algumas
espécies de peixes, outros vêem o seu ciclo reprodutivo interrompido por uma barreira física.
Peixes como o salmão reproduzem-se a montante em ambientes de águas doces, mas passam
a maioria da vida no mar. Por outro lado a enguia, reproduz-se no mar mas vive em águas
doces. Para reduzir o impacte nestas espécies são criadas estruturas como escadas de peixes e
elevadores que permitem as espécies completarem o seu ciclo de vida. No entanto estás
estruturas por vezes não se encontram adequadamente construídas podendo levar ao
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desaparecimento da espécie. Outra causa de mortalidade dos peixes é as turbinas. Cientistas e
Engenheiros trabalham juntos para alterar a estrutura das turbinas de moda a garantir a
passagem em segurança dos peixes (Castaldi et al., 2003). No que diz respeito aos mamíferos,
repteis e aves presentes na área o enchimento do vale causa stresses podendo levar os animais
a dispersar para zona muito afastadas da albufeira.
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Em termos arqueológicos e antropológicos a criação de uma barragem pode levar a
inundação de obras antigas de valor incalculáveis, tal como antigos povoados e cemitérios de
indiscutível valor histórico (Costa & Lança, 2001).
Minihídricas
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Glossário
Alvenaria - s. f., arte de alvener ou pedreiro; obra feita de pedras, tijolos e outros materiais de
construção ligados com argamassa, cimento.
Granulometria ou Análise Granulométrica dos solos é o processo que visa definir, para
determinadas faixas pré-estabelecidas de tamanho de grãos, a percentagem em peso que cada
fracção possui em relação à massa total da amostra em análise.
Brita - s. f., cascalho; pedra britada para ser aplicada nas estradas.
Zonado - adj., marcado, assinalado com zonas, com listras ou vergões coloridos e
concêntricos
Enrocamento - s. m., acto ou efeito de enrocar; conjunto de grandes pedras toscas que
servem de alicerces nas obras hidráulicas.
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Referências
Castaldi, D., Chastain, E., Windram, M., Ziatyk, L. (2003). A Study of Hydroelectric Power:
From a Global Perspective to a Local Application. Center for Advanced Undergraduate
Studies and Experience From Industrial Revolution to Industrial Ecology: Energy and
Society. The Pennsylvania State University
Costa, T., Santos, D., Lança, R. (2001). Capitulo V: Turbo Máquinas (Bombas).
Universidade do Algarve. Escola superior de Tecnologia, Núcleo de Hidráulica e Ambiente.
Algarve
*2 - Costa, T., Santos, D., Lança, R. (2001). Capitulo VI: Turbo Máquinas (Turbinas).
Universidade do Algarve. Escola superior de Tecnologia, Núcleo de Hidráulica e Ambiente.
Algarve
Costa, T., Lança, R. (2001). Capitulo VIII: Barragens. Universidade do Algarve. Escola
superior de Tecnologia, Núcleo de Hidráulica e Ambiente. Algarve
*2 - Costa, T., Lança, R. (2001). Capitulo IX: Condutos Livres. Universidade do Algarve.
Escola superior de Tecnologia, Núcleo de Hidráulica e Ambiente. Algarve
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